Curso de Técnicos Autores de

Projetos e Planos de Segurança

Contra Incêndios em edifícios de
2ª, 3ª e 4ª categorias de risco

Janeiro 2022

Mod.DFRH.110/04
Vítor Primo

MÓDULO 2 – 3ª PARTE

DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

Mod.DFRH.110/04
 Síntese da 3ª Sessão do Módulo 2

1. Densidade de carga de incêndio

2. Fatores envolvidos no cálculo da densidade de carga

de incêndio modificada

3. Exemplos e exercícios de aplicação prática

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 Objetivos

No final da sessão, os formandos/as serão capazes de:

▪ Conhecer os conceitos gerais relacionados com a carga de

incêndio
▪ Conhecer os fatores envolvidos no cálculo da densidade de carga
de incêndio modificada
▪ Calcular a densidade de carga de incêndio modificada em
diversas situações

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 Definições – Conceitos de base
Poder calorífico
➢ Poder calorífico – quantidade de calor libertada na combustão completa de
uma unidade de massa de um combustível em determinadas condições.
✓ Poder calorífico superior - contabiliza o calor de vaporização da água
libertada no decurso da combustão
✓ Poder calorífico inferior - não contabiliza o calor de vaporização da água

➢ Potencial calorífico – produto da massa de um combustível pelo seu poder

calorífico.

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• Carga de incêndio
➢ É o somatório dos potenciais caloríficos de todos os combustíveis
existentes num compartimento.
➢ Quantidade de calor suscetível de ser libertada pela combustão completa
do conteúdo de um compartimento, incluindo revestimentos.
• Densidade de carga de incêndio
➢ Carga de incêndio por unidade de área ou volume.
• Densidade de carga de incêndio modificada
➢ Densidade de carga de incêndio afetada de coeficientes de perigosidade e
de ativação.

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 Cálculo da densidade de carga de incêndio modificada

Critérios Técnicos para a Determinação da

Densidade de Carga de Incêndio Modificada -
Despacho do Presidente da ANEPC nº 2074/2009,
de 15 de janeiro, alterado pelo Despacho n.º
8954/2020, 18 de setembro

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 Determinação da densidade de carga de incêndio modificada

Métodos:
I – Cálculo determinístico
Conhecimento da quantidade e do poder calorífico dos materiais
existentes no compartimento
II – Cálculo probabilístico
Baseado em resultados estatísticos do tipo de atividade exercida no
compartimento

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 Método Determinístico
A carga de incêndio modificada (Qs), em MJ, de cada compartimento corta-
fogo é calculada de acordo com a seguinte fórmula:

Mi = Massa do constituinte combustível [kg]

Hi = Poder calorífico inferior (Quadro I do Anexo)
Ci = Coeficiente de combustibilidade (Artº 6º)
Rai = Coeficiente de ativação (Artº 7º)
Nc = Nº de constituintes combustíveis existentes
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 Método Determinístico
A densidade de carga de incêndio modificada (qs), em MJ/m2, de cada
compartimento corta-fogo afeto às utilizações-tipo XI e XII, é calculada de
acordo com a seguinte fórmula:

Nc

M H i Ci Rai
(MJ / m )
i
qs = i =1 2

S = Área útil do compartimento [m2]

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 Método Probabilístico
A carga de incêndio modificada (Qs), em MJ, de cada compartimento corta-
fogo, pode ainda ser calculada de acordo com as fórmulas seguintes :

Para atividades exceto armazenamento:

qsi = Densidade de carga de incêndio da atividade (Quadro II)

Si = Área afeta à atividade [m2]
Na = Nº de zonas de atividades distintas

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 Método Probabilístico
A carga de incêndio modificada (Qs), em MJ, de cada compartimento corta-
fogo, pode ainda ser calculada de acordo com as fórmulas seguintes :

Para atividades de armazenamento:

qvi = Densidade de carga de incêndio por unidade de

volume da zona de armazenamento (Quadro II)
hi = Altura de armazenagem da zona [m]
Si = Área afeta à zona de armazenagem [m2]
Nar = Nº de zonas de armazenamento distintas
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 Método Probabilístico
A densidade de carga de incêndio modificada (qs), em MJ/m2, de cada
compartimento corta-fogo, pode ainda ser calculada de acordo com as
fórmulas seguintes :
Na

q S i Ci Rai
(MJ / m )
si
Para atividades exceto armazenamento: qs = i =1 2

S = Área útil do compartimento [m2]

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 Método Probabilístico
A densidade de carga de incêndio modificada (qs), em MJ/m2, de cada
compartimento corta-fogo, pode ainda ser calculada de acordo com as
fórmulas seguintes :
Nar

q h Si Ci Rai
(MJ / m )
vi i
Para atividades de armazenamento: qs = i =1 2

S = Área útil do compartimento [m2]

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Para a totalidade dos compartimentos corta-fogo das UT XI e XII:

q Sk
(MJ / m )
sk
q= k =1
N
2

S
k =1
k

qsk = Densidade de carga de incêndio modificada de

cada compartimento corta-fogo
Sk = Área útil de cada compartimento corta-fogo [m2]
N = Nº de compartimentos corta-fogo
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 Poder calorífico inferior
Quadro I do Anexo ao Despacho 2074/2009:

Produto Hi (MJ/kg)
Cálcio 4,2
Carvão 31,4
Propano 48
Madeira 16,7
Papel 16,7
Polietileno 42
Borracha 42
Gasóleo 42
Metano 50,2
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 Coeficiente adimensional de combustibilidade - C
Risco Alto – 1,6:
• Produtos liquefeitos com tensão de vapor a 15 ºC > 28 kPa
• Líquidos com ponto de inflamação < 38 ºC
• Sólidos com ponto de inflamação < 100 ºC
• Produtos que formem misturas explosivas com o ar
• Produtos que entrem em combustão espontânea
Risco Médio – 1,3:
• Líquidos com ponto de inflamação entre 38 ºC e 100 ºC
• Sólidos com ponto de inflamação entre 100 ºC e 200 ºC
• Sólidos que podem emitir vapores inflamáveis
Risco Baixo – 1,0:
• Líquidos com ponto de inflamação > 100 ºC
• Sólidos com ponto de inflamação > 200 ºC
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Manual de Segurança Contra Incêndio em Edifícios, Escola Nacional de Bombeiros

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 Coeficiente adimensional de ativação - Ra
Risco Alto – 2,0:
• Risco da actividade Alto (Quadro II do Anexo)
Risco Médio – 1,5:
• Risco da actividade Médio (Quadro II do Anexo)
Risco Baixo – 1,0:
• Risco da actividade Baixo (Quadro II do Anexo)

Quando existam várias atividades, adota-se:

• O maior coeficiente sempre que a atividade ocupe mais de 10% da área
útil do compartimento;
• A média dos riscos de ativação ponderada pelas áreas, nos restantes
casos.

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Mod.DFRH.110/04 20
Quadro II do Anexo ao Despacho 2074/2009

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Exemplo 1
Método determinístico
➢ Dados:
• Armazenagem de madeira
• Área = 300 m2 (10x30m)
• Quantidade: 40 toneladas
Nc

➢ Consulta das tabelas: M H i Ci Rai

(MJ / m )
i
qs = i =1 2
• Hi = 16,7 MJ/kg S
• Rai = Alto (2,0)
• Ci = 1,0 (risco baixo)

Q = 40000 x 16,7 x 2,0 x 1,0 = 1 336 000 MJ

A = 300 m2
q = 4453 MJ/m2 → 1ª categoria de risco
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 Critérios referentes à UT XII
Integrada em edifício Ar livre
Categoria N.º Pisos
Densidade de carga de Densidade de carga de
abaixo
incêndio modificada incêndio modificada
Plano de
(MJ/m2) (MJ/m2)
Referência
1ª ≤ 500 0 ≤ 1 000
2ª ≤ 5 000 ≤1 ≤ 10 000
3ª ≤ 15 000 ≤1 ≤ 30 000
4ª > 15 000 >1 > 30 000

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Exemplo 2
➢ Método probabilístico

➢ Dados:
• Fabricação de móveis de madeira
• Área = 300 m2 (10x30m)
Na
➢ Consulta das tabelas: q S i Ci Rai
(MJ / m )
si
• qs1 = 500 MJ/m2 qs = i =1 2

S
• Rai = médio (1,5)
• Ci = 1,0 (risco baixo)

500 300 1,5  1,0

qs = = 750MJ / m 2
300
➢ Resultado: qs = 750 MJ/m2 2ª categoria de risco
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Exemplo 3
➢ Dados:
• Oficina de reparação de automóveis
• Área = 400 m2 (10x40m)
• Pintura em 60 m2
• Escritórios e instalações de apoio em 70 m2

➢ Consulta das tabelas:

• Automóveis - pintura:
• qs1 = 500 MJ/m2
• Ra1 = médio (1,5)
• C1 = 1,6 (risco alto)
• Automóveis - reparação:
• qs2 = 300 MJ/m2
• Ra2 = baixo (1,0)
• C2 = 1,0 (risco baixo)
Mod.DFRH.110/04 25
Exemplo 3

➢ Dados:
• Oficina de reparação de automóveis
• Área = 400 m2 (10x40m)
• Pintura em 60 m2
• Escritórios e instalações de apoio em 70 m2

➢ Consulta das tabelas (Regulamento espanhol ou Método

de Gretener):
• Escritórios:
• qs3 = 600 MJ/m2
• Ra2 = baixo (1,0)
• C3 = 1,3 (risco médio)

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Mod.DFRH.110/04 27
Mod.DFRH.110/04 28
Exemplo 3

Exemplo 3 - Oficina com duas actividades distintas e instalações de apoio

no mesmo compartimento de fogo:

qsi Si Ci Rai Rai Parcial

Automóveis - pintura 500 60 1,6 Médio 1,5 72000
Automóveis - reparação 300 270 1 Baixo 1 81000
Escritórios 600 70 1,3 Baixo 1 54600
400 Total= 207600

área total= 400 m2

qs= 519,00 MJ/m2 2ª categoria de risco
Na

q Si Ci Rai
(MJ / m )
si
qs = i =1 2

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 Ferramenta de cálculo da APSEI

https://ferramentascie.apsei.org.pt/

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Mod.DFRH.110/04 31
Mod.DFRH.110/04 32
 Exemplo

Pretende-se fazer a determinação

da densidade de carga de incêndio
de uma fábrica de portas de
madeira, num edifício coberto com
uma área de 16000 m2 e 1 piso
abaixo do plano de referência.

Mod.DFRH.110/04 33
 Critérios referentes à UT XII
Integrada em edifício Ar livre
Categoria N.º Pisos
Densidade de carga de Densidade de carga de
abaixo
incêndio modificada incêndio modificada
Plano de
(MJ/m2) (MJ/m2)
Referência
1ª ≤ 500 0 ≤ 1 000
2ª ≤ 5 000 ≤1 ≤ 10 000
3ª ≤ 15 000 ≤1 ≤ 30 000
4ª > 15 000 >1 > 30 000

Determinação

DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

Mod.DFRH.110/04 34
DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

UT-XII

Coberta ✓
CÁLCULO ▶︎ PROBABILISTICO
Área de 16000 m2 ▶︎ Si = S

1 piso negativo ✓

?
INCÓGNITAS

qsi Ci Rai

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DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

INCÓGNITAS DESPACHO 2074/2009

qsi = 800 MJ/m2 Rai = Médio = 1,5

Ci = ?

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DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

INCÓGNITAS DESPACHO 2074/2009

Ci = ?

Ci = 1,3

Mod.DFRH.110/04 37
DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

Dados

qsi = 800 MJ/m2 Ci = 1,3 Rai = Médio = 1,5

qs = 800 x 1,3 x 1.5 = 1560 MJ/m2

Mod.DFRH.110/04 38
DENSIDADE DE CARGA DE INCÊNDIO MODIFICADA

UT – XII | 2ª Categoria de Risco

Mod.DFRH.110/04 39
Cálculo da Densidade de Carga de Incêndio

Mod.DFRH.110/04 40
Cálculo da Densidade de Carga de Incêndio

Mod.DFRH.110/04 41
Cálculo da Densidade de Carga de Incêndio

Mod.DFRH.110/04 42
Cálculo da densidade de carga de incêndio modificada

Exercícios de aplicação prática

Mãos à obra!
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 Bibliografia

• Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RT-SCIE) -

Portaria nº 1532/2008, de 29 de dezembro, alterada pela Portaria nº 135/2020, de 2
de junho

• Critérios Técnicos para a Determinação da Densidade de Carga de Incêndio

Modificada - Despacho do Presidente da ANEPC nº 2074/2009, de 15 de janeiro,
alterado pelo Despacho n.º 8954/2020, 18 de setembro

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