Você está na página 1de 22

RENASCIMENTO E BARROCO: HERMETISMO, OCULTISMO, VISÕES E SÍMBOLOS DA ARTE

Prof. Dr. Marcos Horácio Gomes Dias

AULA 01 – O HERMETISMO RENASCENTISTA E O ESOTERISMO OCIDENTAL

FILOSOFIA DA RENASCENÇA: (DO SÉCULO XIV AO SÉCULO XVI)

É marcada pela descoberta de obras de Platão desconhecidas na Idade Média, de novas obras de
Aristóteles, bem como pela recuperação das obras dos grandes autores e artistas gregos e romanos.

São três as grandes linhas de pensamento que predominavam na Renascença:

1. Aquela proveniente de Platão, do neoplatonismo e da descoberta dos livros do Hermetismo;

Nela se destacava a ideia da Natureza como um grande ser vivo; o homem faz parte da Natureza como
um microcosmo (como espelho do Universo inteiro) e pode agir sobre ela através da magia natural, da
alquimia e da astrologia pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas (a simpatia) entre as
coisas; o homem pode, também, conhecer esses vínculos e criar outros, como um deus.

2. Aquela originária dos pensadores florentinos, que valorizava a vida ativa, isto é, a política, e defendia
os ideais republicanos das cidades italianas contra o Império Romano-Germânico, isto é, contra o poderio
dos papas e dos imperadores.

Na defesa do ideal republicano, os escritores resgataram autores políticos da Antiguidade, historiadores


e juristas, e propuseram a “imitação dos antigos” ou o renascimento da liberdade política, anterior ao
surgimento do império eclesiástico.

3. Aquela que propunha o ideal do homem como artífice de seu próprio destino, tanto através dos
conhecimentos (astrologia, magia, alquimia),

Quanto através da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, arquitetura, engenharia,
navegação) e das artes (pintura, escultura, literatura, teatro).

1
A efervescência teórica e prática foi alimentada com as grandes descobertas marítimas, que garantiam ao
homem o conhecimento de novos mares, novos céus, novas terras e novas gentes, permitindo-lhe ter
uma visão crítica de sua própria sociedade.

Essa efervescência cultural e política levou a críticas profundas à Igreja Romana, culminando na Reforma
Protestante, baseada na ideia de liberdade de crença e de pensamento. À Reforma a Igreja respondeu
com a Contra-Reforma e com o recrudescimento do poder da Inquisição.

Robert Fludd 1574 – 1637 Robert Fludd 1574 – 1637

Robert Fludd 1574 – 1637 Robert Fludd 1574 – 1637

Robert Fludd 1574 – 1637

2
Robert Fludd 1574 – 1637

Michelangelo. Deus a separar a terra da água, onde há evidente arquitetura ilusória, com elementos pintados à
semelhança de itens arquitetônicos reais. O trecho também apresenta escudos e os ignudi anexos.

Michelangelo - Criação de estrelas e plantas

3
Jheronimus Bosch Jheronimus Bosch O jardim das delícias. (1500-1505)
O tríptico fechado: Três cenas estão incluídas no tríptico aberto. A mesa da esquerda é
A Criação do mundo dedicada ao Paraíso, com a criação de Eva e a Fonte da Vida, enquanto a
direita mostra o Inferno. A mesa central dá nome ao todo, pois as delícias
ou prazeres da vida são representados em um jardim.

Michelangelo: A Criação de Eva e seus ignudi e escudos de suporte.

Jheronimus Bosch. Tabela de pecados capitais, óleo sobre Hieronymus Bosch, Visões do Futuro
placa de álamo, 119,5 × 139,5 cm, Madri, Museu do Prado. (1505-1515)

4
Michelangelo - O pecado original e a expulsão do
paraíso, retratando a perdição de Adão e
Eva no Jardim do Éden.
Robert Fludd 1574 – 1637

Detalhe ( peregrino ) na asa externa do tríptico O mascate ( o andarilho ) (1490–1505)


de carrinho de feno em Madri

Sistema Solar de Copérnico, Cellarius ) Mapa Celestial de Andreas Cellarius

5
Robert Fludd 1574 – 1637

O monocórdio celeste (1617) Ilustração por Rubens para o "Opticorum libri sex philosophis juxta
Robert Fludd - 1574 – 1637 ac mathematicis utiles", de François d'Aiguillon.

6
Florença

Florença

7
Giovanni di Bicci de Médici, Lourenço de Médici, por Girolamo
O Brasão da Casa de Medici por Agnolo Bronzino. Macchietti

Cosme de Médici Cosme I de Médicis, por Agnolo Retrato de Francisco I de Médici,


Bronzino, na Galleria degli Uffizi pintado por Agnolo Bronzino.

Leão XI (Alessandro Ottaviano de'


Retrato de Maria de Médici, Medici). Alexandre de Médici, il Moro, por
pintado por Agnolo Bronzino. Cristofano dell'Altissimo.

8
Retrato de Isabel de Médici,
Galerias Uffizi, 1836, pintado Maria de Médici, rainha de França, Catarina de Médici, retrato atíbuído
por Alessandro Allori. por Frans Pourbus, o Jovem. a François Clouet.

Clemente VII (Giulio di Giuliano Ana Maria Luísa de Médici, Eleitora Rodolfo II do Sacro Império Romano-
de' Medici), por Sebastiano del Palatina, por Jan Frans Douven Germânico
Piombo.

Praga

9
O Homem vitruviano é uma representação do
antropocentrismo.
Ilustração: Robert Fludd

Homem vitruviano (ou homem de Vitrúvio) é um


conceito apresentado na obra Os dez livros da
Arquitetura, escrita pelo arquiteto romano Marco
Vitruvio Polião, do qual o conceito herda no nome. O
conceito é considerado um cânone das proporções do
corpo humano, segundo um determinado raciocínio
matemático e baseando-se, em parte, na proporção
áurea. Desta forma, o homem descrito por Vitrúvio
apresenta-se como um modelo ideal para o ser
humano, cujas proporções são perfeitas, segundo o
ideal clássico de beleza.

O Homem Vitruviano O Homem Vitruviano


Francesco di Giorgio O Homem Vitruviano
Albrecht Dürer Cesare Cesariano

10
O Homem Vitruviano Divisão em média e extrema razão. A partir de um segmento de 10
Walther Hermann Ryff unidades, determina-se a sua seção áurea multiplicando-o por 0,618
(média). Para encontrar-se um segmento maior, em extrema razão,
deve-se multiplicar as dez unidades iniciais por 1,618.

O Número FI

Existem diversas definições matemáticas para FI,


ao lado as mais conhecidas.

Segmentos do pentagrama estão na proporção


áurea, como mostra a figura. O pentagrama é
obtido traçando-se as diagonais de
um pentágono regular. O pentágono menor,
formado pelas interseções das diagonais, está em
proporção com o pentágono maior, de onde se
originou o pentagrama. A razão entre as medidas
dos lados dos dois pentágonos é igual ao quadrado
da razão áurea.

11
No pentagrama encontramos a razão áurea entre
diversos segmentos, um deles está exemplificado
ao lado.

O Homem Vitruviano
Leonardo da Vinci

Proporção áurea em retângulos


Na mão humana, os ossos assinalados estão na razão
1,618

12
No esqueleto humano , por exemplo,
-(da ponta do ombro ao pulso):(pulso ao cotovelo) 
1,618 ;
-(da ponta do ombro ao calcanhar):(extremidade superior
do fêmur ao calcanhar)  1,618 .

O retângulo de ouro pode ser encontrado na concha do Nautilus, veja o esquema abaixo, que mostra o
espiral da concha limitado pelo retângulo áureo. Também encontramos a espiral no rabo do camaleão.

O abacaxi também esconde a razão áurea no Em algumas espécies de flores, as espirais são
número de segmentos seguindo cada uma de múltiplas em números da razão aúrea.
espirais.

13
Em outras espécies de couve-flor , só há espirais em
um sentido.
34/21 = 1.690476

Brócolis com 13 espirais ...


Observe o número de folhas desta planta (13) e como elas se
dispõem (vista lateral e vista de cima ) .

Plantas com 5 e com 8 folhas. (vista lateral e de


cima)

14
Passiflora vista de cima: 10 folhas Lírio com duas séries de 3 pétalas Pinha com 13 espiras
alternadas

Luca Pacioli (1.445 – 1.514) , um


Leonardo de Pisa ou Fibonacci ... Publicou em 1.202 seu Liber frade franciscano que , em 1.494 ,
(filho de Bonaccio), que viveu de Abaci; publicou a Summa de
1.175 a 1.250 Arithmetica,obra na qual discorre
sobre proporções áureas .

FIBONACCI

No fim da Idade Média havia duas escolas matemáticas: uma, a escola da Igreja e Universidade, voltada
para um âmbito mais teórico e exaustivo; outra com uma finalidade mais prática e objectiva, a escola do
comércio e dos mercadores, à qual pertencia Fibonacci.

A contribuição de Fibonacci para o Número de Ouro está relacionada com a solução do seu problema dos
coelhos publicado no seu livro Liber Abaci, a sequência de números de Fibonacci.

É que as sucessivas razões entre um número e o que o antecede vão-se aproximando do Número de Ouro.
Outro matemático que contribuiu para o estudo e divulgação do Número de Ouro foi Pacioli. Uma
curiosidade deste matemático é que foi o primeiro a ter um retrato autêntico.

Publicou em 1509 uma edição que teve pouco sucesso de Euclides e um trabalho com o título De Divina
Proportione. Este trabalho dizia respeito a polígonos regulares e sólidos e a Razão de Ouro.

15
Representação da sequência de Fibonacci Os gregos já usavam o retângulo áureo em suas construções mais
na Mole Antonelliana em Turim, Itália. importantes, o Partenon é um exemplo claro disso.

Encontramos a razão áurea nas pirâmides do Egito

As linhas vermelhas representam os eixos vertical e


horizontal. As linhas brancas são divisões áureas. Os
Encontramos a razão áurea em diversas proporções da
olhos e a boca estão posicionados nessa estrutura
igreja de Notre-Dame, em Paris.
geométrica.

16
No famoso quadro Mona Lisa, de Leonardo da
Vinci, o retângulo áureo aparece diversas vezes.

Note que as proporções do próprio quadro


seguem a razão áurea nesse caso.

Última ceia
1495 1497

Afresco pintado na
Igreja de Sta. Maria das graças
Milão

Neste quadro, também de Da Vinci,


podemos usar o retângulo áureo para
enquadrar a mulher ou anjo,
colocando-o para a esquerda da
pintura ou para a direita. O que sobra é
um quadrado.

17
A belíssima Vênus, ou Afrodite, deusa da
beleza em um quadro que retrata o mito de
seu nascimento. Repare que suas proporções
seguem aquelas do retângulo áureo nessa
pintura.

Pintura de Minchelangelo, onde encontramos o


pentágono e suas razões áureas

Phidias (490–430 a.C.) projetou o Partenon que contém proporções áureas.

Platão (427–347 a.C.), no seu Timeu, descreveu os sólidos


platônicos: tetraedro, hexaedro (cubo), octaedro, dodecaedro e icosaedro. Podem ser encontradas
proporções áureas em partes dos sólidos.

Euclides (325–265 a.C.), em sua obra Os Elementos, registrou a construção geométrica, divisão em
média e extrema razão (em grego: ἄκρος καὶ μέσος λόγος).

Fibonacci (1170–1250) mencionou a sequência numérica conhecida como Sequência de Fibonacci; que
são aproximações do número de ouro.

Luca Pacioli (1445–1517) estudou a "divina proporção" em sua obra de mesmo nome. O termo foi
sugerido por Leonardo Da Vinci.

Michael Maestlin (1550–1631) publicou a fração decimal do número de ouro.

Johannes Kepler (1571–1630) provou que a proporção áurea é o limite da relação entre os números
consecutivos da série Fibonacci e descreveu a proporção áurea como uma "joia preciosa": "A geometria
tem dois grandes tesouros: um é o Teorema de Pitágoras, e o outro é a divisão áurea".

18
Charles Bonnet (1720–1793) apontou a presença da série Fibonacci nas espirais logarítmicas presentes
nas plantas, tanto no sentido horário, como no anti-horário.

Martin Ohm (1792–1872) acredita-se ter sido o primeiro a usar o termo "segmento áureo" para
descrever essa relação, em 1835.

Édouard Lucas (1842–1891) deu à sequência numérica o nome de Série de Fibonacci.

Mark Barr (século XX) sugeriu a letra grega phi ( 'φ' ), que era a letra inicial do nome do escultor
grego Fídias, para simbolizar a proporção áurea

• O espaço sagrado é a estrela de cinco pontas


dentro do círculo
• O círculo é o primeiro passo do ritual
• Aumenta a energia

19
O macrocosmo e o microcosmo José Teófilo de Jesus – Ásia (da série de alegorias sobre os
quatro continentes) - Museu de Arte da Bahia

Bangkok - Tailândia

China - Pequim

Japão - Índia

Índia

20
Johann Georg Gichtel
Diagrama com Chakras - c1703

Diagrama gnóstico com os números da Cabala

Athanasius Kircher
A.Kircher - Mundus-Subterraneus The Musurgia Universalis. 1650

21
Detalhe de Leonor de Toledo com seu filho Juan de
A Advinha - Caravaggio - Século XVII Médici - Bronzino, ca. 1545-1555.

DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO

Características:
• O homem sendo a medida de todas as coisas
• Interesse pela anatomia humana

Leonardo da Vinci
Realizou importantes
Estudos sobre a
anatomia humana
Imagem dir.- Estudo dos
Embriões (1510-1513)
Imagem esq.- Estudo
dos ossos do braço
(1510)

22

Você também pode gostar