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curso

HISTÓRIA DA ARTE
Módulo I – Idade Antiga ao Renascimento
As origens das tradições estéticas

13º Encontro
Renascimento
Renascimento
Movimento artístico que é comumente
aplicado a civilização europeia que se
desenvolveu entre 1300 e 1650.

Sugere que a partir do século XIV teria


ocorrido na Europa um súbito reviver dos
ideais da cultura greco-romana. Porém ao
examinarmos a Idade Média podemos notar
que o estudo dos autores clássicos nunca foi
abandonado, um exemplo disso, são os
chamados monges copistas, que viviam
enclausurados e dedicavam-se
exclusivamente às orações e a copiar
manualmente obras da literatura clássica.

Ocorreram nesse período inúmeros avanços


nos mais variados campos do conhecimento.

É nesse período que ocorre o surgimento do


ideal Humanista, sentimento que valoriza o
homem e a natureza.
Acontecimentos
relevantes

Revolução mercantil
Enfraquecimento do sistema feudal
Surgimento das cidades (Estado)
Surgimento da burguesia
Pensamento aristotélico e São Tomás
de Aquino – razão na fé
Descobertas científicas
Desenvolvimento da tecnologia
Expansão ultramarina (Portugal e
Espanha)
Invenção da pólvora e armas de fogo
 Invenção da Imprensa
(séc. XV)
 Deslocamento do eixo
econômico do Mar
Mediterrâneo para o
Oceano Atlântico
 Reforma e Contra-Reforma
 Guerras e Conflitos
Religiosos ocasionados
pela Reforma
A Bíblia de Gutenberg é o incunábulo
impresso da tradução em latim da
Bíblia, por Johann Gutenberg, em
Mogúncia (atual Mainz), Alemanha. A
produção da Bíblia começou em 1450,
tendo Gutenberg usado uma prensa de
tipos móveis. Calcula-se que tenha
terminado em 1455. Essa Bíblia é
considerada o incunábulo mais
importante, pois marca o início da
produção em massa de livros no
Ocidente.

Uma cópia completa desta Bíblia possui


1282 páginas, com texto em duas
colunas; a maioria era encadernada em
dois volumes. A Bíblia contém 73 livros,
dividida em Antigo e Novo Testamento.

Acredita-se que 180 cópias foram


produzidas, 45 em pergaminho e 135
em papel. Elas foram impressas,
rubricadas e iluminadas à mão em um
período de três anos.
Arte
 Cria-se a ideia de gênio
 Eleva-se a profissão de artista
(destaca-se do artesão)
 Subdivisão do sentido da
palavra “Arte” em artes
maiores (arquitetura, pintura,
escultura) e artes menores e
artes aplicadas.
 Distinção entre arquiteto e
engenheiro
 Definições de “belo” e “feio”
Períodos do Renascimento

 Duocento e Trecento (Séc. XIII


e XIV)
 Quattrocento (Séc. XV)
 Alta Renascença (entre o final
do Séc. XV e o início do Séc.
XVI)
 Quintocento (Séc. XVI)
Principais nomes do Renascimento
Renascimento Científico
Nicolau Copérnico - Teoria do
Heliocentrismo
Johannes Kepler e Galileu Galilei -
difundiram as teses de Copérnico
André Vesálio, William Harvey e Miguel
Servet – criadores da Anatomia Moderna,
graças a dissecação de cadáveres

Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um


astrônomo e matemático polaco que
desenvolveu a teoria heliocêntrica do
Sistema Solar. Foi também cónego da
Igreja Católica, governador e
administrador, jurista, astrólogo e
médico.
Literatura:
Dante Allighieri – A Divina Comédia
Camões – Os Lusíadas
William Shakespeare – Otelo
Miguel de Cervantes – Dom
Quixote
Pintura e
Escultura:
Giotto
Beato Angélico (Fra
Angélico)
Masaccio
Leonardo Da Vinci
Michelangelo Buonarroti
Donatello
Rafael Sanzio

Leonardo Da Vinci.
Mona Lisa 1502
Museu do Louvre - França
Trecento

Giotto Di
Bondone
(1266-1337)
A Lamentação,
na Capella
degli Strovegni
(1303 -1310 )
A característica principal do seu trabalho é a
identificação da figura dos santos como seres humanos
de aparência comum. Esses santos com ar humanizado
eram os mais importantes das cenas que pintava,
ocupando sempre posição de destaque na pintura.
Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma
Giotto Di visão humanista do mundo, que foi cada vez mais se
Bondone firmando até o Renascimento.
(1266-1337)
A Lamentação,
na Capella
degli Strovegni
(1303 -1310 )
Fra Angélico (1395-1455), Anunciação, 1432
Do ponto de vista técnico, Fra Angélico parte do gosto preciosista e delicado do
gótico internacional, enriquecido com o interesse pela perspectiva característico da
época. Insiste mais na linha que na cor. Pelos seus temas, pelo seu tratamento da
natureza, pela sua incorporação da arquitetura, é inequivocamente renascentista.
Pinta frequentemente em colaboração com os seus discípulos.

Em suas pinturas também expressa o sentimento interior das pessoas, como na


Obra O Juízo Final, Fra Angélico tenta expressar o amargo e a alegria numa
sintonia de cores vivas saindo do padrão Medieval que era voltado somente a Deus
e entrando no Renascimento que era voltado ao homem.

Fra Angélico (1395-1455), O Juízo Final, 1431


Quattrocento

Masaccio (1401-1429) – Pagamento de Tributo, 1425-1428


Foi um dos primeiros a usar a perspectiva científica na pintura. Também se afastou
da pintura gótica e da elaborada ornamentação de Gentile da Fabriano, voltando-se
para um estilo mais naturalista e real.
Paolo Uccelo (1397-1475) – Caçada na Floresta – 1460
Seu apelido, Uccello, vem de seu gosto por desenhar pássaros e animais.
Com sua mente analítica e precisa, ele tentou aplicar o método científico para a
representação de objetos em um espaço tridimensional. A perspectiva em seus quadros
influenciou Piero della Francesca, Albrecht Dürer e Leonardo da Vinci.
Sua filha, Antonia Uccello, foi uma freira carmelita, que era chamada de pittoressa,
uma pintora, em seu atestado de óbito. Contudo, a extensão de sua habilidade
permanece desconhecida.
Alta Renascença e Quintocento
“O homem é a medida de
todas as coisas, da
existência das que existem
e da não existência das que
não existem” – Protágoras
(487-420 a.C)

A Renascença se caracteriza pela


tentativa de vivenciar este
conceito. Neste período houve
uma "virada antropológica".
Deus cedeu lugar ao homem,
deixando de ser o centro das
atenções; o "homem virtuoso"
passou a ocupar o trono da
história. "O homem pelo homem
para o homem";
este é, de certa forma, o lema
implícito do Humanismo
Renascentista.

 Leonardo Da Vinci, O Homem


Vitruviano (1490), Gallerie dell'Accademia,
Veneza, Itália.
Leonardo da Vinci. A Última Ceia 1495-1497,
Refeitório do mosteiro de Sta. Maria delle Grazie, Milão - Itália
Mona Lisa também
conhecida como A
Gioconda (em italiano, La
Gioconda, "a sorridente";
em francês, La Joconde)
ou ainda Mona Lisa del
Giocondo é a mais notável
e conhecida obra de
Leonardo da Vinci, Sua
pintura foi iniciada em
1503 e é nesta obra que o
artista melhor concebeu a
técnica do sfumato
Leonardo da Vinci (1452-1519)

Leonardo da Vinci. Anunciação 1475-78, Galeria degli Uffizi, Florença - Itália


Leonardo Da Vinci.
Santana com a Virgem e
o Menino,1500-7 Louvre -
França
Freud analisou as pregas do
manto de Maria que, para ele, se
assemelhavam às asas de um
abutre. Para o pai da psicanálise,
Leonardo da Vinci teria tido um
delírio com a ave, algo que
Leonardo explicita em seu
relato: “parece que estava em
meu destino me ocupar assim do
abutre, pois me vem uma
recordação muito antiga, de
quando eu ainda estava no
berço, em que um abutre desceu
até mim, abriu-me a boca com
sua cauda e bateu muitas vezes
a cauda contra meus
lábios” (FREUD, 2015, p. 103).

FREUD, Sigmund. Observações sobre um caso de


neurose obsessiva: (“O homem dos ratos”), uma
Texto de Freud “Uma lembrança de infância de recordação de infância de Leonardo da Vince e outros
textos. Tradução de Paulo César de Souza. Editora
Leonardo da Vinci”, escrito Companhia das Letras, v. 09, 2013.
em 1910, faz referência a um abutre ou milhafre
sobre esta obra
Estudos de anatomia de Leonardo da Vinci
Invenções de Leonardo Da Vinci
Michelangelo Buonarroti (1475-1564)

Madona de Bruges Pietá – Rodandini - 1564


1501-1504

Michelangelo Buonarroti.
Pietá 1498/99, Basílica de São Pedro, Vaticano -
Roma
Michelangelo Buonarroti - Davi 1501-4,
Galeria da Academia, Florença
A influência grega

David – 1501-04 Baco – 1496-1498

Moisés – 1513-15
Michelangelo Buonarroti, aos 37 anos, pinta o teto da Capela Sistina 1508-1512, Vaticano - Itália
Michelangelo Buonarroti. Criação de Adão. Teto da Capela Sistina (detalhe) 1508-1512,
Vaticano - Itália
Antes da última restauração

Michelangelo Buonarroti, aos 60, pinta


O Juízo Final 1535-41.
Capela Sistina Vaticano - Itália
Tímpano de Sainte-Marie-Madeleine
1130, França

Michelangelo escolheu um tema da Idade Média


• Entre 1555 e 1559
o Papa Paulo IV
manda ‘vestir’ as
imagens, sendo o
pintor Daniel de Volterra,
quem aceitou fazê-lo.

Michelangelo Buonarroti.
O Juízo Final 1536-41,
Capela Sistina Vaticano - Itália
Michelangelo Buonarrotti.
Cúpula da Basílica de
São Pedro séc. XV
Vaticano - Itália
Michelangelo Buonarrotti.
Interior da Cúpula da
Basílica de São Pedro
Michelangelo Buonarrotti. Biblioteca Laurentina, séc. XV Florença - Itália
Rafael Sanzio (1483-1520)

Rafael Sanzio. A Sagrada Família 1507 Rafael Sanzio. A madona do Pintassilgo


Pinacoteca de Munique - Alemanha 1506 Galeria degli Uffizi, Florença - Itália
Rafael Sanzio.
O Casamento da Virgem,
Pinacoteca de Brera,
Milão - Itália
Arquitetura:
Filippo Brunelleschi (1377-1446) – Igreja de Santa Maria del Fiore (1296-1436) - Florença
Donato Bramante (1444-1514) – Planta inicial da Basílica de São Pedro (1506-1625) -
Vaticano
Arquitetura
Características:
 Prevalência da estética
sobre a função
 Arco de volta perfeita
 Módulos
 Esquemas matemáticos e
geométricos
 Ordens gregas (dórica,
jônica e coríntia), toscana e
compósita
 Principais construções:
Igrejas, Palácios, “villas” e
fortalezas
Elementos decorativos inspirados na arquitetura clássica

Cúpula

Arco de volta perfeita


Balaustrada Frontão

Abóboda de berço
Ordens clássicas
Traçados geométricos
rigorosos

Volutas como forma de


disfarçar a verticalidade
gótica da fachada da
igreja primitiva

Alberti. Ig, Sta. Maria Novella, 1456-70 - Florença - Itália


 Planta de igreja-salão, com
capelas laterais

 Fachada com um frontão


inspirado nos arcos de triunfo

 Introdutor da ordem colossal


 (a altura das colunas ou
pilastras atinge um ou mais
andares)

Leon Battista Alberti. Igreja de


Santo Andrea,1460, Mântua - Itália
Leon Battista Alberti. Palácio Rucellai -1446-51 Florença - Itália
Andréa Palladio. Villa Rotonda. 1550, Veneza - Itália
Ordens arquitetônicas
Ordens arquitetônicas

COMPÓSITA
TOSCANA
As duas ordens que os romanos acrescentaram às Ordens gregas foram:
- Toscana, forma mais simplificada da Dórica;
- Composta, forma enriquecida da Coríntia.
Lorenzo Ghiberti. Porta (e detalhe) do
Batistério da Catedral de Florença.
Relevo em bronze dourado 1425-52
Andréa del Verrochio. Galeria
Uffizi, Florença - Itália
Sandro Botticelli. Alegoria da Primavera, 1478 Galeria degli Uffizi, Florença - Itália
Sandro Botticelli. O Nascimento da Vênus, 1484 Galeria Uffizi, Florença - Itália
Sandro Botticelli, A Calúnia de Apeles, 1495
Atrás deles, a horrível figura do A Inveja vem perante ele, acusadora, e O rei e juiz está
Remorso olha sorrateiramente, por cima estende um braço muito comprido para acompanhado pela
do ombro, para a Verdade. o alcançar. Traz a Calúnia pela mão. A Ignorância e pela
A Verdade aponta para cima, remetendo Malícia e a Fraude são as suas Suspeita, suas
o inocente à justiça divina, e aparece companheiras e não param de a conselheiras
nua, sem nada para esconder, tal como adornar com flores, os atributos da
o Apeles. pureza, que entrançam nos cabelos da
Todos os outros ocultam a sua sua senhora, procurando disfarçá-la.
verdadeira natureza com muita roupa,
alguns até evocando a pureza.

Apeles vem, na figura de um homem


inocente, arrastado pela Calúnia que o
agarra pelos cabelos, acusadora. Ele está
despido e de mãos juntas, apelando a
uma justiça divina.

Sandro Botticelli, A Calúnia de Apeles, 1495


Nunca se acaba de aprender acerca da arte. Há sempre novas coisas a descobrir.
As grandes obras de arte parecem ter um aspecto diferente cada vez que nos
colocamos diante delas. Parecem ser tão inexauríveis e imprevisíveis quantos
seres humanos de carne e osso. É um mundo excitante, com suas próprias e
estranhas leis, e suas próprias aventuras. Ninguém deve pensar que sabe tudo a
respeito, pois ninguém sabe. Talvez nada exista de mais importante do que isto:
que para nos deleitarmos com essas obras devemos ter um espírito fresco, pronto
a captar todo e qualquer indício sugestivo e a reagir a todas as harmonias ocultas;
sobretudo, um espírito que não esteja atravancado de palavras bombásticas e
frases feitas. É infinitamente melhor nada saber sobre arte do que possuir uma
espécie de meio conhecimento propício ao esnobismo. O perigo é muito real.
Existem pessoas, por exemplo, que apreenderam os pontos simples que tentei
acentuar neste capítulo e que entendem haver grandes obras de arte destituídas
de qualquer das óbvias qualidades de beleza de expressão ou correção de traço,
mas ficam tão orgulhosas de seus conhecimentos que fingem gostar somente
daquelas obras que não são belas nem corretamente desenhadas. Estão sempre
assediadas pelo medo de que possam ser consideradas pouco educadas se
confessarem gostar de uma obra que parece ser flagrantemente aprazível ou
comovente demais. Acabam sendo esnobes que perdem sua verdadeira fruição
da arte e chamam "muito interessante" a tudo o que, na realidade, consideram
bastante repulsivo. Eu detestaria ser responsável por qualquer equivoco
semelhante. Preferia não ser acreditado a que acreditassem em mim de um modo
tão complacente. - E. H. Gombrich
Wladimir Wagner Rodrigues
wrodrigu@trf3.jus.br

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