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so Internacional Uso Brasil

Logomarca Acre
Esta pesquisa é dedicada
a Chico Mendes que continua a iluminar
o nosso caminho.
Pesquisa sobre
a Identidade Acre

CRÉDITOS

GERÊNCIA CIENTÍFICA
Valentina Auricchio
Roberto Galisai e Giuliano Simonelli

Project manager
Valentina Auricchio, Roberto Galisai,
Elisângela Rocha e Marco Brandão

Pesquisadores
Zoy Anastassakis e Eugenia Chiara

Apoio À pesquisa
Rodrigo Hull e Carol Nemoto

Designer
Emmanuel Gallina e Bernardo Senna

Técnico de produção
Sergio Frison

Direção de arte
Eugenia Chiara

Diagramação
Carla Cesar Sergio

FOTOGRAFIA
Alessandro Brasile

Capa
Wennedy Figueiras

Tradução
Liliane Chaves e
Maria José Guidugli de Mendonça

REVISÃO TEXTUAL
Ducélia Lopes e Elisângela Rocha

Agradecimentos
Arturo Dell’Acqua Bellavitis, Sergio Frison,
Emmanuel Gallina, Bernardo Senna,
Marlúcia Cândida, Marco Brandão,
Elisângela Rocha

Junho 2012 - POLI.design


6|7
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Metodologia de projetação

MÉTODO
de projetaçÃo
Projeto Acre Made in Amazonia

— metodologia A pesquisa encontra-se dividida nacional. A pesquisa de tendências, visa a identificar


em duas áreas principais: a primeira, diz respeito ao as mudanças ocorridas em relação ao consumo dos
estudo e análise do cenário atual, tornando-se, assim, móveis, quer seja em termos formais (formas, cores e
um retrato do estado da arte; a segunda, concentra-se materiais), quer seja em termos funcionais (usos e
na explicação da metodologia de trabalho utilizada no costumes) em nível internacional. A quinta parte
projeto Acre design. O primeiro capítulo é um estudo analisa os projetos que no passado trabalharam de
sobre a identidade do Estado do Acre investigada “de acordo com a mesma direção do projeto Acre:
longe” e “de perto”. O Acre “de longe”, oferece uma cooperação, sustentabilidade social, identidade
visão externa do Estado e uma “identidade percebida” brasileira. Seu principal objetivo é aprender, a partir
de fora. A segunda parte, “de perto”, realizada através da análise de boas e más práticas dos estudos de caso,
de um workshop em Rio Branco, permite integrar a auxiliando-nos na compreensão de como é possível
investigação a uma visão interna, uma “identidade posicionar um produto no mercado, quais são os
subjetiva”. No final deste trabalho, as duas canais corretos para tal fim e os tempos de
identidades integram-se para definir a mais idônea e desenvolvimento do projeto. A seção relacionada ao
coerente com os objetivos do projeto: o cenário futuro inicia a projetação. Esta é uma
desenvolvimento de linhas de produtos com uma elaboração dos dados coletados na primeira parte,
forte identidade local, mas com uma sensibilidade que propiciará a definição dos dois cenários para o
para o mercado externo. O segundo capítulo visa a desenvolvimento das linhas de produtos. Nos
fornecer uma visão geral do Brasil, do mercado esquemas de posicionamento, no capitulo sétimo, os
brasileiro e do setor moveleiro por meio de esquemas cenários criados são visualizados de modo a
e números. Nele são individualizadas as empresas e esclarecer a sua destinação em termos de mercado e
os produtos que compõem o setor. Está também utilização. A última parte da pesquisa concentra-se
presente uma análise etnográfica a respeito do “novo nos canais de venda e nas feiras. Em projetos dessa
consumidor brasileiro”. Por fim, no terceiro capitulo, natureza, é fundamental identificar-se
estão reunidos diversos trabalhos de designers imediatamente os canais de venda reais, objetivando
brasileiros, cujos produtos foram agrupados de acordo oferecer um produto adequado para o contexto certo.
com alguns tópicos, os quais podem referir-se tanto Esse canal de venda poderá ser um parceiro
ao material utilizado, quanto às características comercial ou então uma feira específica de referência.
formais, produtivas ou mesmo conceituais. A partir A pesquisa é concluída com uma lista analítica dos
desse panorama, pretende-se proporcionar uma possíveis parceiros comerciais e feiras que servem
multifacetada imagem da identidade do design como referência.
IDEN
8|9
NTI-
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

— O PRESENTE PROJETO DE PESQUISA VISA A IDENTIFICAR AS CARACTERÍSTICAS PECULIA-


RES DO ESTADO DO ACRE PARA DETERMINAR DIRETRIZES PARA O DESENVOLVI MENTO DE
LINHAS DE PRODUTOS DO SETOR MOVELEIRO. DURANTE A PESQUISA IDENTIFICARAM-SE
DADOS E CONHECIMENTOS QUE PODERÃO SER ÚTEIS PARA DESIGNERS INTERNACIONAIS
E LOCAIS SERVINDO COMO GUIA PARA A PROJETAÇÃO. O PRIMEIRO OBJETIVO DESTA PES-
QUISA É CRIAR UM DOCUMENTO EM QUE HAJA UM COMPARTILHAMENTO COMUM DE PRO-
BLEMAS, UM CONHECIMENTO COLETIVO ENTRE DESIGNERS E DEMAIS ATORES, SOBRE OS
QUAIS SE POSSAM CONSTRUIR UMA ESTRATÉGIA PROJETUAL LOCAL. O DOCUMENTO, EN-
TÃO, DIALOGA TANTO COM DESIGNERS INTERNACIONAIS, PARA AJUDÁ-LOS A COMPREEN-
DER A REALIDADE LOCAL E NACIONAL, QUANTO COM ATORES LOCAIS, BUSCANDO APRO-
FUNDAR SEUS CONHECIMENTOS.
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IDENTIDADE
ACRE
A identidade acreana de longe

— Rios Voadores “O termo ‘rio voador’ descreve


com um toque poético um fenômeno real que tem
um impacto significante em nossas vidas.” Rios
voadores são cursos de água atmosféricos,
— A amazônia Assim denomina-se a maior invisíveis, que passam sobre nossas cabeças,
floresta úmida e o maior sistema fluvial do planeta. transportando umidade e vapor de água da bacia
A Amazônia é formada por mais de 600 diferentes Amazônica para outras regiões do Brasil.
tipos de habitats terrestres e aquáticos, cuja A floresta Amazônica funciona como uma bomba
diversidade abrange desde pântanos e pastagens d’água. Ela puxa a umidade evaporada do oceano
naturais até florestas de montanhas e de terras Atlântico para dentro do continente que, ao seguir
baixas também denominadas várzeas ou igapós. A terra adentro, cai como chuva sobre a floresta. Pela
região abriga 10% das espécies conhecidas em todo ação da evapotranspiração da floresta, esquentada
o mundo, inclusive espécies endêmicas ameaçadas pelo sol tropical, as árvores devolvem a água da
de extinção. Essas e outras características faz desse chuva para a atmosfera na forma de vapor de água,
lugar um lugar incrível. que volta a cair novamente como chuva mais
O rio Amazonas, seu principal rio, é o maior rio do adiante.
mundo quanto ao volume de descarga d’água no Propelidas em direção ao Oeste pelos ventos alísios,
oceano. Com apenas duas horas de fluxo desse rio, as massas de ar carregadas de umidade - boa parte
seria possível satisfazer as necessidades de dela proveniente da evapotranspiração da floresta
consumo de água dos aproximadamente 7,5 - encontram a barreira natural formada pela
milhões de habitantes da cidade de Nova Iorque Cordilheira dos Andes. Ali, precipitam-se
durante o período de um ano. parcialmente pela encosta Leste da cadeia de
Seus mais de 30 milhões de habitantes dependem montanhas, formando as cabeceiras dos rios
de seus recursos naturais e dos serviços que eles amazônicos.
propiciam. Outros tantos milhões de pessoas que Barradas pelo paredão de 4.000 m, as correntes
vivem distante dessa região, como os habitantes da aéreas (ou rios voadores), ainda carregadas de
América do Norte e da Europa, também recebem vapor d’água, fazem a curva e partem em direção
influência da zona climática da Amazônia, a qual é ao Sul, às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do
extremamente ampla. Brasil e países vizinhos. Assim, é possível perceber
www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ que o regime de chuvas e o clima do Brasil devem
ambiente_e_natureza muito a um acidente geográfico localizado fora do
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

país. Ao encontrar-se com certas condições


meteorológicas, como uma frente fria vinda do Sul,
por exemplo, a umidade trazida da Amazônia pelos
rios voadores [...] pode transformar-se em chuva;
chuva essa de suma importância para a vida e para
a economia do país, pois irriga as lavouras, enche
os rios e as represas que são fontes de energia.
O projeto Rios Voadores coloca uma lupa sobre esse
processo, voando junto com os ventos, coletando 10% de todas
amostras de vapor em busca de maiores as espécies
esclarecimentos sobre esse fenômeno natural. do planeta
Por incrível que pareça, a quantidade de vapor de
água transportada pelos rios voadores pode ter a 600 diferentes
mesma ordem de grandeza, ou mais, que a vazão tipos de habitats
do rio Amazonas (200.000 m3/s), tudo isso graças terrestres
aos serviços prestados pela floresta. Estudos e AQUÁTICOS
promovidos pelo INPA já demonstraram que uma
árvore com copa de 10 m de diâmetro é capaz de estima-se
bombear para a atmosfera mais de 300 litros de que haja
água, em forma de vapor, em um único dia. Ou 600 bilhÕes
seja, mais que o dobro da água que um brasileiro de árvores
utiliza diariamente. Estima-se que haja 600 na AMAZÔNIA
bilhões de árvores na Amazônia. Imagine, então,
quanta água a floresta, em sua totalidade, está
bombeando a cada 24 horas!
Pelo exposto, pode-se concluir que a preservação
da Floresta Amazônica é essencial para o Brasil.
Imagens das queimadas e de desmatamentos são importantes no clima da América do Sul em
tristes, mas a repercussão ambiental desses decorrência da substituição de florestas por
procedimentos, a longo prazo, poderá ser ainda agricultura ou pastos. Ao avançar cada vez mais
pior, não somente pelas perdas que acarretará à por dentro da floresta, o agronegócio pode dar um
biodiversidade, mas também porque a destruição tiro no próprio pé, pois arrisca-se a uma eventual
da Floresta Amazônica poderá trazer perda de água, substância essa tão imprescindível
consequências inimagináveis à vida do planeta para as plantações.
como um todo. A floresta não é apenas uma porção O Brasil possui uma posição privilegiada no que
de árvores situada à distância. Mesmo distante, ela tange aos recursos hídricos. Porém, com o
impacta significativamente nossas vidas, aquecimento global e as mudanças climáticas que
regulando o clima, absorvendo calor do Sol, ao ameaçam alterar regimes de chuva em escala
transformar a chuva em vapor d’água e fornecendo mundial, é hora de analisarmos melhor os serviços
umidade para outras regiões do Brasil. Seu ambientais prestados pela Floresta Amazônica
desaparecimento trará modificações climáticas antes que seja tarde demais.”
desfavoráveis a todos. (fonte: www.riosvoadores.com.br/o-projeto/rios-
Todas as previsões já existentes indicam alterações voadores)
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3000 a.c. Os primeiros grupos indígenas se instalam na região.


ÍNDIOS Tempos da malocas.
O Acre pertence ao Peru e a Bolívia.

1877-80 Chegam imigrantes nordestinos arregimentados


por seringalistas para trabalhar na extração do látex.
ÍNDIOS Tempo das correrias.

1882 Batalha da Gameleira, em Rio Branco, entre brasileiros


CAPITAL: e bolivianos.
Rio Branco
1903 Tratado de Petrópolis, o Brasil adquire
POPULAÇÃO: o território do Acre.

733.559 (IBGE/10) 1910 Crise da borracha, a Malásia começa produzir látex


a preços inferiores ao Brasil.
ÁREA: ÍNDIOS Tempo do cativeiro.

164.221,36 KM2 1920 Unificação dos territórios, a administração do Acre


passa a ser exercida por um governador nomeado pelo
LIMITES: Presidente da República Brasileira.
Amazonas (N), Rondônia (L),
Bolívia (Se), Peru (SEO) 1962 O Acre foi elevado a categoria de Estado Brasileiro,
foi eleito o primeiro governador do Estado do Acre.
CARACTERÍSTICAS:
Planalto (Maior Parte do Território); 1976 ÍNDIOS Tempo dos direitos. Criação do FUNAI,
Serra da Contamana (O) Fundação Nacional do Índio.

CLIMA: 1980 Fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).


Equatorial
1985 Primeiro CNS, Conselho Nacional dos Seringueiros.
DENSIDADE POPULACIONAL:
1987 Chico Mendes fala da situação da Amazônia,
4,4 Habitantes por quilometro frente à Câmara Americana.
quadrado
1988 Chico Mendes morre assassinado.
NÚMERO DE MUNICÍPIOS:
1985-90 Antonio Alves Leitão Neto cria o conceito de
22 florestania.

PRINCIPAIS RIOS: 2009 ÍNDIOS Tempo da história presente.


Juruá, Tarauacá, Muru, Envira, Xapuri,
Purus, Iaco, Acre
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

— o acre O Estado do Acre está situado no


Sudoeste da região Norte do país, fazendo limites
com os Estados do Amazonas ao Norte, Rondônia a
Leste, Bolívia a Sudeste e o Peru ao Sul e ao Oeste. É
o 15º Estado em extensão territorial, contando com
uma área de 164.221,36 km2, o que equivale a 1,92%
do total do território brasileiro. Nele está situado o
ponto extremo oeste do Brasil.
O Estado está localizado em um planalto com
altitude média de 200 m. Cerca de 63% da superfície
estadual fica entre 200 e 300m de altitude, 16% entre
300 e 609m e 21% entre 200 e 135m.
O clima é quente e bastante úmido, e as
temperaturas médias mensais variam entre 24 OC e
27 OC, o que caracteriza a menor média da Região
Norte. As chuvas atingem o total anual de 2.100mm, o acre conta
com uma estação seca nos meses de junho, julho e com uma área
agosto. de 164.221,36 km2
A Floresta Amazônica recobre todo o território do
Estado. Muito abundante em seringueiras e temperaturas
castanheiras, a floresta garante ao Acre o lugar de médias entre
maior produtor nacional de borracha e castanha. 24 oc e 27 oc
Os principais rios do Acre, navegáveis
principalmente nas cheias, atravessam o Estado a população
com cursos quase paralelos que só confluem, em sua indÍgena no estado
grande maioria, fora do seu território. conta
Rio Branco, a capital do Estado, é também a cidade 14.318 pessoas
mais populosa, totalizando 336.038 habitantes, ou
seja, quase metade da população do Acre. Outras
cidades populosas são: Cruzeiro do Sul, Feijó,
Tarauacá e Sena Madureira.
É um dos estados menos povoados do país e foi o
último a ser efetivamente povoado. Sua população é
composta de vários imigrantes, entre eles
nordestinos, sulistas e paulistas. A população
indígena no Estado conta 14.318 pessoas.
Apesar de pouco populoso, nota-se o aumento
bastante expressivo da população a partir da A denominação, Acre, passou do rio ao território,
segunda metade do século XX. Afinal, em 1940, o em 1904, e ao Estado, em 1962. Origina-se, talvez, do
Estado contava com uma população de 79.768 tupi a’kir ü, “rio verde” ou da forma a’kir, de ker,
habitantes. Em 2010, esse número aumentou em “dormir, sossegar”, mas cogita-se também que seja
quase dez vezes. uma deformação de Aquiri, modo pelo qual os
A maioria de sua população vive em áreas urbanas exploradores da região grafaram Umákürü, Uakiry,
(72,6%), enquanto os moradores de áreas rurais vocábulo do dialeto Ipurinã. Há também a hipótese
somam 27,4%. Em relação aos gêneros, a população de Aquiri derivar de Yasi’ri, Ysi’ri, “água corrente,
se divide em 50,2% de homens e 49,8% de mulheres. veloz”.
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— o hino do acre Adoremos na estrela altaneira


O mais belo e o melhor dos faróis
I
Que este sol a brilhar soberano IV
Sobre as matas que o vêem com amor Vamos ter como prêmio de guerra
Encha o peito de cada acreano Um consolo que as penas desfaz
De nobreza, constância e valor... Vendo as flores do amor sobre a terra
Invencíveis e grandes na guerra, E no céu o arco-íris da paz
Imitemos o exemplo sem par As esposas e mães carinhosas
Do amplo rio que briga com a terra A esperarem nos lares fiéis
Vence-a e entra brigando com o mar Atapetam a porta de rosas
E cantando entretecem lauréis
Estribrilho:
Fulge um astro na nossa bandeira Estribilho:
Que foi tinto no sangue de heróis Fulge um astro na nossa bandeira
Adoremos na estrela altaneira Que foi tinto no sangue de heróis
O mais belo e o melhor dos faróis Adoremos na estrela altaneira
O mais belo e o melhor dos faróis
II
Triunfantes da luta voltando V
Temos n’alma os encantos do céu Mas se audaz estrangeiro algum dia
E na fronte serena, radiante, Nossos brios de novo ofender
Imortal e sagrado troféu Lutaremos com a mesma energia
O Brasil a exultar acompanha Sem recuar, sem cair, sem temer
Nossos passos portanto é subir E ergueremos, então, destas zonas
Que da glória a divina montanha Um tal canto vibrante e viril
Tem no cimo o arrebol do porvir Que será como a voz do Amazonas
Ecoando por todo o Brasil
Estribilho:
Fulge um astro na nossa bandeira Estribilho:
Que foi tinto no sangue de heróis Fulge um astro na nossa bandeira
Adoremos na estrela altaneira Que foi tinto no sangue de heróis
O mais belo e o melhor dos faróis Adoremos na estrela altaneira
O mais belo e o melhor dos faróis
III
Possuímos um bem conquistado — A BANDEIRA DO acre A bandeira do Acre é um
Nobremente com armas na mão dos símbolos oficiais do Estado do Acre, Brasil. A
Se o afrontarem, de cada soldado bandeira atual foi instituída pela lei nº 1.170 de
Surgirá de repente um leão 1995, adotando o desenho da Bandeira do Estado
Liberdade é o querido tesouro Independente do Acre (Decreto nº 2, de 15 de julho
Que depois do lutar nos seduz de 1899), modificada pela Resolução n. 5, de 24 de
Tal o rio que rola o sol de ouro janeiro de 1921, do Governo do Território Federal
Lança um manto sublime de luz do Acre.
As principais cores da bandeira, verde e amarelo,
Estribilho: são as mesmas da bandeira do Brasil e
Fulge um astro na nossa bandeira representam a integração do Estado com o Brasil.
Que foi tinto no sangue de heróis Separadamente, cada cor tem um significado
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

específico, a saber: a cor amarela representa a paz; populações. Afinal, tais povos são habitantes
a cor verde, a esperança. naturais da região e têm conhecimentos
A estrela vermelha no canto superior esquerdo, importantes sobre a floresta.
chamada de “estrela solitária”, representa o sangue Florestania diz respeito, então, a observação e
dos bravos que lutaram pela a anexação da área do consideração de um conjunto de relações que se
atual Estado do Acre ao Brasil. A bandeira foi estabelecem dentro da floresta, e que forjam
adotada oficialmente pelo governador hábitos, comportamentos, valores, incluindo todos
Epaminondas Jacome. O atual governador, Tião os recursos naturais, para além do homem. Ao
Viana, a adotou como logomarca. tentar perceber como essas relações se
estabelecem, busca-se demonstrar as fragilidades
— SUSTENTABILIDADE O Acre vem se do antropocentrismo e do próprio conceito de
posicionando como exemplo na consolidação de cidadania.
práticas ambientais sustentáveis. Hoje, o território É importante ressaltar que o conceito de florestania
do Estado possui 88% de cobertura florestal, o que está associado ao projeto político do Partido dos
indica controle do desmatamento e consequente Trabalhadores (PT), quando de sua eleição para o
redução de emissão de gás carbônico. governo do Estado do Acre, em 1998. A ascensão do
O Acre vem buscando exercitar o manejo florestal: PT ao governo estadual marcou uma virada na
uma técnica de corte de árvores segundo condução política da região, historicamente
parâmetros ambientalmente sustentáveis. No implicada em processos de disputa pela posse e
manejo, a porção da floresta de onde são extraídas usos da terra, os quais eram regidos, no mais das
as árvores, em um determinado momento, é vezes, por princípios desenvolvimentistas que
dividida em várias partes, conforme a extensão da percebiam a região como local para a exploração de
área de manejo. Cada uma das partes é explorada recursos naturais, sem maiores preocupações com
por até um ano, segundo coordenação de a conservação da natureza, da sociedade e da
engenheiros florestais. Assim, apenas as árvores cultura pré-existentes na região.
que já completaram seu ciclo de vida são abatidas.
Nesse sistema, a floresta encontra condições de se — O ACRE FRENTE AO CONTEXTO AMAZÔNICO O
regenerar, sem perda da biodiversidade. Após a Acre é apontado, hoje, como o Estado que está mais
primeira retirada, a região permanece intacta por à frente em estudos e práticas sustentáveis,
25 anos, para que possa se reestabelecer. tornando-se, ao mesmo tempo, protagonista e
modelo de sustentabilidade para os demais Estados
— florestania Trata-se de um conceito criado do país. A busca pela criação de políticas para a
pelo pensador acreano Antonio Alves Leitão Neto, sustentabilidade se inicia, no Acre, em torno do
no final da década de 1980, a fim de propor um ano de 1999, com a elaboração do Zoneamento
novo modelo de cidadania adaptado à Floresta Econômico-Ecológico (ZEE), instrumento
Amazônica. Florestania seria, então, uma ordenador para o planejamento e a execução de
perspectiva que entende a preservação das políticas públicas que oferecessem oportunidades
riquezas naturais da floresta como condição para o de crescimento econômico que estivessem em
desenvolvimento humano, econômico e social na sintonia com o uso sustentável dos recursos
região. naturais.
Nessa perspectiva, busca-se superar o Desde então, o ZEE funciona como uma das
antropocentrismo e criar novos parâmetros para o principais ferramentas na orientação de políticas
respeito à natureza. Em uma primeira instância, o públicas na Amazônia, definindo as
conceito implica uma crítica ao antropocentrismo, potencialidades e fragilidades do território. Tal
na medida em que se entende que o homem é parte modelo de desenvolvimento sustentável, formulado
da natureza, e não seu dono. Em seguida, no Estado do Acre, abre caminhos para o
reconhece a primazia indígena e os direitos dessas estabelecimento de uma economia verde com
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inclusão social. Assim, os três pilares para o unidades, tais como a Estação Ecológica do Rio
desenvolvimento sustentável no Estado do Acre Acre, criada em 1981, que protege a região da
são: uso econômico das riquezas da floresta com a nascente do Rio Acre; e o Parque Estadual
valorização do patrimônio sociocultural e Chandless, criado em 2004. Juntas, as áreas
ambiental, com fins de crescimento, inclusão social protegidas formam mosaicos compostos por
e sustentabilidade. Unidades de Conservação da Proteção Integral e
do Uso Sustentável, como as Florestas Nacionais e
— Projetos de assentamento Ainda na Estaduais e Reservas Extrativistas intercaladas
década de 1970, com a pavimentação da BR364, por Terras Indígenas. Tais áreas ocupam mais de
foram criados, no Acre, muitos projetos de 45% do território do referido Estado.
assentamento de reforma agrária que foram O conceito de Reserva Extrativista (REx) foi criado
ocupados por camponeses, colonos e trabalhadores por Chico Mendes. Trata-se de uma área utilizada
rurais sem terra. Essa população buscava por populações tradicionais, cuja sobrevivência
oportunidades de acesso à terra na nova fronteira baseia-se no extrativismo e, complementarmente,
agropecuária. Na região do leste acreano, na agricultura de subsistência e na criação de
encontram-se, ainda hoje, muitos assentamentos animais de pequeno porte. Tem como objetivos
criados nesse período. básicos proteger os meios da vida e a cultura dessas
Percebendo a degradação ambiental provocada por populações e assegurar o uso sustentável dos
modelos de assentamento mal adaptados às recursos naturais da unidade. As áreas
características naturais da região amazônica, o particulares incluídas em seus limites devem ser
INCRA buscou criar alternativas, como os Projetos desapropriadas.
de Desenvolvimento Sustentável, de 2001, e os No Brasil, a Reserva Extrativista é gerida por um
Projetos de Assentamento Florestal, de 2003, além conselho deliberativo, presidido pelo órgão
dos Projetos de Assentamento Extrativistas, responsável por sua administração e constituído
criados anteriormente. Nesses assentamentos, por representantes de órgãos públicos, de
buscava-se conciliar desenvolvimento produtivo, organizações da sociedade civil e das populações
conservação dos recursos naturais e regularização tradicionais residentes na área.
fundiária. No âmbito estadual, existem os Polos
Agroflorestais, de 2005, criados com objetivo de — Ecoturismo O Estado do Acre investe no
assentar famílias carentes, ou originárias da zona incentivo ao ecoturismo e ao turismo de aventura,
rural, que viviam nas periferias das zonas urbanas, ou seja, busca promover, no Estado, um tipo de
em condições de extrema pobreza. Além disso, turismo que aproxime os visitantes da natureza e
buscava-se recuperar áreas alteradas através da incentive o desenvolvimento sustentável local.
implantação de Sistemas Agroflorestais, que A ligação rodoviária do Estado com o Peru via
tinham por objetivo manter a capacidade produtiva Estrada do Pacífico colocou-o como parte de um
do solo e contribuir para a diminuição dos dos corredores turísticos mais importantes da
desmatamentos. América Latina.

— unidades de conservação O Acre possui — ACRE CERTIFICADO FLORESTAS MANEJADAS O


diversas áreas destinadas à conservação dos Acre criou um selo de qualidade, que se aplica para
recursos naturais. Entre elas, o Parque Nacional da produtos que já possuem o selo FSC.
Serra do Divisor, criado em 1989, com a finalidade O Selo Verde, ou Forest Stewardship Council (FSC)
de proteger o ambiente formado pelas montanhas surgiu a partir da crescente preocupação ambiental
cobertas de florestas úmidas. Com 843.000 dos consumidores, notadamente no mercado
hectares, é na região do parque que se encontra a europeu. Assim, os governos e organizações não
maior biodiversidade da Amazônia. governamentais de vários países formularam uma
Visando ao mesmo objetivo, existem outras série de normas para regular o comércio de
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

produtos oriundos de florestas tropicais através de — cultura produtiva Historicamente, a


acordos internacionais. Nesse âmbito, se definiu economia acreana está baseada no extrativismo
que as madeireiras que possuem o Selo Verde vegetal, sobretudo na exploração da borracha,
deveriam comercializar apenas produtos retirados responsável por grande parte do povoamento da
das florestas, de forma ambientalmente correta e região. Atualmente, a madeira é o principal
enquadrados em planos de manejo certificado por produto de exportação do Estado, que também é
organismos internacionalmente reconhecidos, produtor de castanha-do-pará, açaí e óleo de
como o FSC. A certificação abrange todos os copaíba.
produtos provenientes de florestas e atualmente Sua agricultura baseia-se no cultivo de mandioca,
tornou-se um passaporte para comercialização de milho, arroz, feijão, frutas e cana-de-açúcar. A
madeira em diversos países. indústria organiza-se nos segmentos alimentício,
Atento às normas e à demanda por produtos madeireiro, cerâmica, mobiliário e têxtil.
sustentáveis, o Acre criou um selo de qualidade, O Estado conta com dois principais polos
que se aplica para produtos que já possuem o selo econômicos: o vale do Rio Juruá, com a cidade de
FSC.Com seu próprio selo, o Acre indica que o Cruzeiro do Sul, e o vale do Rio Acre. Este último é
produto foi extraído por manejo sustentável. Além mais industrializado por possuir maior grau de
disso, divulga que o Estado é o que possui a menor mecanização e modernização no campo, e
área de floresta desmatada na Amazônia. apresenta maior potencial nas atividades agrícolas,
sendo também grande produtor de borracha e
— CERTIFICAÇÃO FLORESTAL A certificação é um alimentos, além de abrigar a capital do Estado, Rio
processo voluntário em que se realiza a avaliação Branco.
dos empreendimentos florestais por organizações Em 2008, o Acre contribuiu com 0,2% do Produto
independentes, as certificadoras. Essas, por sua Interno Bruto (PIB) brasileiro. No âmbito regional,
vez, verificam o cumprimento de questões sua participação foi de 4,3%, sendo esta a segunda
ambientais, econômicas e sociais que conformam menor soma do Norte, superior apenas à Roraima,
os princípios e critérios do FSC. com 3,1%. A composição do PIB estadual é a
O processo de certificação florestal é feito para seguinte:
garantir a origem das madeireiras ambientalmente
corretas. Essa certificação garante para o
consumidor que a empresa segue boas práticas EXPORTAÇÕES:
socioambientais e economicamente viáveis. Total de 21,9 milhões de reais
No Brasil, há várias empresas credenciadas como Madeira compensada e perfilada: 49%
certificadoras. Os técnicos dessas instituições Madeira serrada ou em folha: 27%
visitam as áreas de manejo florestal das Frutas: 21%
madeireiras e fazem auditorias na documentação e Outros: 3%
nas instalações. Durante a análise, também
verificam se o plano de manejo está sendo
cumprido. A empresa, que segue um plano de IMPORTAÇÕES:
manejo, extrai apenas alguns indivíduos de Total de 1,1 milhão de reais
determinada área. Essa forma de extração permite Aviões: 35%
que cada parte da floresta descanse e se regenere Peças para motor: 23%
por 25 anos. A principal função da certificação é Manivelas: 14%
garantir ao consumidor que todo esse processo está Máquinas e equipamentos: 9%
sendo cumprido e a floresta conservada. Nesse Papel: 4%
sentido, as madeireiras que possuem o selo FSC Bronze: 4%
funcionam como ferramentas para a preservação Outros: 11%
da Amazônia.
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Os povos da família linguística Aruak (Apuriña,


Manchineri, Kulian, Canamari, Piros, Ashaninka)
instalaram-se entre a localidade de Pauini, no
Amazonas, o Rio Purus e a região andina, no
composição Peru.A região em torno do Rio Juruá e afluentes
do pib acreano foi ocupada pelos povos da família Pano
(Kaxinawá, Jaminawa, Arara, Xixinawa,
0,2% do PIB do país Amahuaca e Rununawa). Na região entre os rios
Purus e Juruá, viviam os Katukina, que ocupavam
indústria 14,7% as terras firmes.
agricultura 17,8%
serviços 68,1% × Os Manchineri
Pertencem à família linguística Aruak. No Brasil,
a maior parte dos Machineri vive na Terra
Indígena Mamoadate, havendo também muitas
famílias vivendo em seringais, sobretudo no
interior da Reserva Extrativista Chico Mendes.
Para os Manchineri, outros mundos estão
entremeados dentro deste, sem que se possam
distinguir barreiras nítidas entre eles. Tais mundos
manifestam-se de acordo com o estado de
— etnias A sociedade acreana constituiu-se a consciência dos indivíduos. Estado esse que não se
partir de diferentes identidades étnicas e sociais. atinge necessariamente pelo uso de substâncias
Tal processo resultou numa sociedade inebriantes, mas que pode, também, ser acessado
multifacetada que se desenvolveu em um contexto através do uso da ayahuasca, bastante comum
de disputa por territórios e recursos. entre esse grupo indígena.
Esse amálgama social começou a ser delineado há Um dos sinais de que um indivíduo pode ser
mais de cinco mil anos, quando os primeiros iniciado nas técnicas xamânicas é o encontro com
grupos indígenas instalaram-se na região. Muito seres sobrenaturais como o Caboclinho do Mato.
tempo depois, já no século XIX, imigrantes Esse ser é um homenzinho que vive na mata. É ele
chegaram ao Acre em busca de oportunidades de o responsável por determinar o quanto se pode ou
trabalho proporcionadas pelo extrativismo da não caçar. Também é ele um dos espíritos que
borracha. Eram, em sua maioria, nordestinos, além ensinam os aprendizados ao pajé. Esses
de sírios e libaneses. Mais recentemente, ensinamentos são comumente passados durante
notadamente a partir dos anos 1970, novas ondas sessões de ayahuasca e encontrar um desses seres
migratórias foram responsáveis pela diversificação em um estado ordinário de consciência pode ser
dos imigrantes, dessa vez vindos de diversas um evento perigoso. Segundo os Manchineri, o
regiões do país. Caboclinho do Mato era um índio que se tornou um
Encantado de tanto tomar cipó. Por isso, foi
× Sociedades Indígenas transportado para o mundo espiritual, mesmo sem
A região amazônica já era ocupada desde muito ter passado pela morte.
antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Há, pelo Assim como ocorre na mitologia de outros povos
menos, cinco mil anos, iniciou-se um processo ameríndios, muitos mitos manchineri são
migratório de grupos indígenas para a região. protagonizados por onças, que encarnam o outro,
Segundo registros arqueológicos recentes, o seja ele estrangeiro ou afim.
povoamento do Acre pode ter sido iniciado entre 20 Entre as festividades tradicionais do grupo, há a
e 10 mil anos atrás. cerimônia de passagem da menina à condição de
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mulher, celebrada quando de seu aniversário de


quinze anos. No ritual, a menina, denominada
lunaulu, é pintada pela avó com tinta de jenipapo
sobre uma base de urucum cozido. Depois, há uma
festa na aldeia, com muita comida e dança.

× Ashaninka
Esse povo possui uma longa história de lutas contra
os invasores, a qual se estende desde a época do
Império Inca até o tempo da economia da extração (vômito, vomitar). A cerimônia é sempre realizada
da borracha, no século XIX, particularmente entre à noite e pode se prolongar pela madrugada.
os habitantes do lado brasileiro da fronteira. Luta
também no combate à exploração madeireira, × Kaxinawa
desde os anos 1980 até hoje. Pertence à família linguística Pano, que habita a
É um povo que tem orgulho de sua cultura, além de floresta tropical do Leste peruano, do pé dos Andes,
ter uma forte habilidade de conciliar costumes e até a fronteira com o Brasil, nos Estado do Acre e
valores tradicionais com ideias e práticas do Sul do Estado do Amazonas.
mundo dos brancos, tais como aquelas vinculadas O uso da ayahuasca, considerado privilégio do
ao conceito de sustentabilidade socioambiental. xamã em diversos grupos indígenas, é uma prática
Pertence à família linguística Aruak. Ashen Ka é a coletiva entre os Kaxinawa. Com o uso da
autodenominação do povo, e pode ser traduzida ayahuasca, acessa-se o ‘mundo do cipó’. Aqueles
como ‘meus parentes’, ‘minha gente’. O termo que conseguem acessar esse mundo sem o uso da
também designa a categoria dos espíritos bons que substância são chamados de mukaya.
habitam ‘no alto’. Grande parte dos mitos de origem entre os
Possuem uma concepção dualista do universo, Kaxinawa está ligados a um bem cultural (tais
definindo claramente as fronteiras entre o bem e o como o roubo do fogo, a tecelagem, o desenho, a
mal. Para eles, o plano onde vivem os homens não cerâmica e o plantio). Esses mitos narram como
é habitado exclusivamente por seres humanos, determinado bem, ou a arte de produzi-lo, foi
animais e plantas. É um plano que apresenta um ofertado aos humanos por um animal. Não se trata,
equilíbrio frágil, onde os homens vivem porém, de um animal qualquer, mas sim de um
constantemente assediados pelo confronto entre o animal encantado. Quando se trata de ‘traduzir’ aos
bem e o mal. homens determinado hábito animal em
Diferentemente da maioria dos grupos indígenas comportamento humano, esses animais
das terras baixas sul-americanas, os Ashaninka encantados transformam-se em gente para que os
sempre usam roupas. Sua veste tradicional, o homens o percebam assim. Desta forma, terminam
kushma, constitui um elemento importante na sua por viver durante algum tempo entre os homens
diferenciação étnica. A roupa masculina apresenta sob a forma humana.
listras verticais coloridas, obtidas através do Os Kaxinawa tem o costume de tingir os dentes de
tingimento do algodão. Na kushma feminina, as preto usando uma planta da mata, cujo talo
linhas são horizontais e os motivos realizados com quebrado solta uma substância de tal coloração.
corantes vegetais também são distintos. Utilizam o Usam os dentes enegrecidos nas festas e rituais,
txoshiki,éum colar confeccionado com várias quando também costumam desenhar no corpo
espécies de sementes nativas. Usado a tiracolo em com jenipapo e pintar o corpo com a pasta
diagonal, com muitas voltas, eles são enfeitados vermelha de urucum; com óleo de amendoim ou de
com adornos (thatane) que caem nas costas. pupunha, misturado com perfume. Devido ao uso
Entre os Ashaninka, tanto a bebida quanto ritual de roupas, esse hábito tornou-se cada vez mais raro
em torno da ayahuasca são chamados de kamarãpi nos dias de hoje.
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× Ribeirinhos
Grupos que se estabeleceram à margem dos rios,
constituindo comunidades organizadas a partir de
— Outras famílias indígenas unidades produtivas familiares, as quais utilizam os
presentes na região são: rios como principal meio de transporte, de produção
Apolima Arara, Shawãdawa, Jaminawa, Jaminawa e de relações sociais.
Arara, Katukina, Madijá, Kuntanawa, Nawa, Em sua maioria, esses grupos são formados por
Nukini, Puyanawa, Shanenawa, Yawanawa imigrantes ou descendentes de nordestinos. Muitos
deles instalaram-se na beira dos rios depois da crise
× Índios Isolados da borracha, quando se esgotou a possibilidade de
Na região existem também algumas populações trabalho nos seringais. Terminaram por constituir,
chamadas de “índios isolados”. São povos que se nas margens dos rios, um tipo de população
retiraram na época dos seringais e não tiveram mais tradicional com estilo de vida característico, que
contatos com “os brancos”. Constituem três povos envolve uma economia de subsistência bastante
distintos que possuem aldeias fixas e são diversificada e, ao mesmo tempo, extremamente
agricultores. adaptada e condicionada pelo meio-ambiente.Por
Eles não reconhecem as fronteiras entre Brasil e essas características, sempre estiveram junto aos
Peru e nesses últimos anos têm sido ameaçados pela seringueiros na organização e na defesa dos direitos
exploração ilegal da madeira nas áreas de fronteiras. de ocupação das áreas em que vivem.
São constantemente monitorados pela FUNAI que
cuida também de protegê-los. × Sulistas
Entre os anos 1970 e 1980, houve uma nova onda
× Seringueiros migratória para a região, que envolveu a vinda de
Depois da primeira ocupação pelos grupos empresários sulistas e migrantes rurais, todos eles
indígenas, o Acre sofreu nova onda de ocupação chamados, no Acre, de ‘paulistas’.
com o primeiro ciclo da borracha, ocorrido por volta O filme “Rosinha, a rainha do Sertão” retrata, com
de 1800. A rápida expansão da produção da drama e comédia, o choque cultural desse encontro.
borracha, incentivada pela revolução industrial e
pela invenção do automóvel, atraiu grande × Japoneses
quantidade de trabalhadores para a região. Eram, Em 1959, chegaram ao Acre as primeiras seis
em sua maioria,nordestinos que fugiam da seca em famílias de imigrantes japoneses convidadas a
busca de melhores condições de trabalho e de vida. participar de um programa de horticultura
A presença nordestina conforma até hoje uma das desenvolvido pelo governo do Estado. O objetivo da
principais matrizes da sociedade acreana. Com a iniciativa era criar condições para o abastecimento
peculiaridade de que, no Acre, essa cultura instalou- das cidades e reduzir, assim, a importação de
se no ambiente dos seringais, o que determinou a produtos alimentícios. Afinal, os produtos chegavam
criação de um novo modo de vida para a região ao Acre principalmente através do rio Amazonas, e,
amazônica e seu povo. em função do transporte, seu preço final resultava
muito alto. Ainda em 1959, chegaram ao Acre mais
× Sírios e Libaneses sete famílias de imigrantes japoneses, que, como as
Junto aos nordestinos, instalaram-se na região sírios primeiras, estabeleceram-se na colônia japonesa
e libaneses. Esses, primeiramente, atuavam como localizada próxima a Quinari.
vendedores de toda sorte de mercadorias,
percorrendo a região de barco a fim de atingir as × Os Kenes
diversas localidades. Os mascates ou regatões, como Os Kenes indígenas são a representação visual mais
eram ali denominados, conformam uma das forte da cultura indígena. O seu surgimento é
matrizes da sociedade acreana. contado através de várias histórias tradicionais cujas
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versões modificam-se de tribo para tribo. Os índios


utilizam esses motivos nas tatuagens, nos colares e
nos objetos tradicionais, como tecidos e cestarias. O
significado de cada motivo varia conforme a tribo. típicas que, ao longo do tempo, foram misturando-se
Em uma entrevista, Marcelo Piedrafita esclareceu a materiais e modelos construtivos trazidos de
que as tribos querem que se tenha muito cuidado no outros Estados da região Norte, bastante
uso desses Kenes, incluindo o uso comercial. Eles influenciados pelo ecletismo arquitetônico, como
têm consciência do poder visual desses símbolos e já Amazonas e Pará.
tiveram experiências com grandes empresas que Assim, o que se encontra hoje nas zonas urbanas do
queriam utilizar esses motivos em seus produtos Acre é um híbrido entre cultura indígena,
como, por exemplo, a Havaianas. nordestina, mais vernacular, com influências
Eles não pretendem patentear os Kenes, mas ecléticas e de tom mais universalista. O processo de
também sabem que a sua utilização pode criar um urbanização facilitou a entrada de novos materiais,
diferencial comercial e desejam, de alguma forma, processos e tipologias de construção, e, assim,
participar desse diferencial. Desejam também, que passou-se a usar também alvenaria e tijolos, telhas.
quem se aproxime da cultura indígena não o faça Na arquitetura acreana temos também traços de
superficialmente, mas considerem essas arquitetura colonial, como na calçada do rio em Rio
manifestações e sua cultura de forma mais ampla, Branco e em várias igrejas.No município de
incluindo lendas, tradições, rituais e tudo o que Cruzeiro do Sul ocorre a influência da arquitetura
compõe a cultura material e imaterial desses povos. alemã, por causa de padres alemães lá estiveram .
A arquitetura contemporânea acreana mistura
× A Origem Do Kene traços vernaculares com elementos minimais. É
(Tradução do texto Miyuri Mima Kene) exemplo disso a Biblioteca da Floresta, o Parque da
Conta-se, na história sobre a origem do Kene Maternidade, a Concha Acústica.
kaxinawá, que ele foi transmitido pelo encanto de Há uma forte vontade de resgate pela arquitetura
uma jiboia. Essa jiboia ensinou uma mulher vernacular e indígena. São exemplos a Casa dos
kaxinawá sua linda malha de yubesheni. Povos da Floresta, o Parque Chico Mendes e as
Caminhando ela encontrou um filhotinho de jiboia pontes do Parque da Maternidade que utilizam
no meio do caminho. Então a jiboia explicou a sua motivos dos kenes indígenas.
força de malha dizendo:
- Mãe kaxinawá, se você quer minha roupa de — ARte Um dos maiores artistas acreanos do
malha, vai pegar um talo de ouricuri... passado é Hélio Melo. Hélio Melo criou-se no
- Medindo cada malha e falando cada nome de kene seringal, em meio a floresta e ali viveu intensamente
e desenhando, ela cumpriu a fala do seu filho jiboia a floresta e a vida dos seringueiros. Essa foi a maior
que começou a ensinar sua pintura tradicional. O inspiração de sua pintura. Suas representações das
nome dessa jiboia era Tere Beru. A jiboia foi que estradas de seringa foram expostas no Brasil e
entregou seu lindo Kene para a mulher kaxinawá. também na Itália.
Mas não entregou tudo... No panorama das artes contemporâneas acreanas
destaca-se o coletivo etnia com o projeto “etno
— ARQUITETURA Na arquitetura típica do Acre, há graffiti”, que interpreta com o estilo da street art a
forte presença de construções vernáculas, com cultura tradicional acreana, o componente indígena,
materiais locais, tais como a madeira, a palha e o os ribeirinhos e também o seringueiro. Também
barro; elementos que terminam por conformar uma compõe o projeto o resgate das histórias de vida.
linguagem ‘cabocla’, que deriva da interação entre os Seu principal exponente é Tiago Tosh que, em suas
modos de construir e de morar dos nativos, pinturas, frequentemente, trata de temáticas como a
indígenas, com os dos imigrantes. proteção da floresta, do meio ambiente e do ritual do
Nos seringais encontra-se uma série de construções ayahuasca.
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— fauna e flora O Acre possui uma alta


biodiversidade de fauna e flora. Considera-se,
inclusive, que a região do Rio Juruá abrigue a maior
biodiversidade da Amazônia e, provavelmente, do
planeta. A seguir, alguns exemplos: × Tamanduá Bandeira
Animal que vive nos campos e cerrados da América
— Fauna Estima-se que 40% dos mamíferos do Central e do Sul, podendo também ser encontrado
Brasil e 4,5% dos mamíferos do mundo existam no em regiões de florestas e savanas. Vive no chão, mas
Acre. Em relação às aves, os números sobem para também é capaz de subir em árvores. Sabe nadar e
46% das espécies existentes no país e 8,5% das alimenta-se basicamente de insetos, podendo comer
existentes no mundo. em torno de 30 mil insetos por dia. Possui olfato
O Acre abriga pelo menos duas espécies que bastante desenvolvido. Pode chegar aos 25 anos de
constam da Lista de Espécies da Fauna Brasileira idade e medir até 120 cm, tendo mais de 90 cm de
Ameaçadas de Extinção, a saber, a ariranha e o tatu cauda.
canastra.
× Uirapuru
× Peixe-Boi Um pássaro pequeno e irrequieto. Mede em torno de
O peixe-boi da região amazônica é o menor dos 12,5 cm de comprimento. Alimenta-se basicamente
peixes-boi existentes no mundo e também o único de frutas e insetos e vive nas matas e florestas da
que ocorre apenas em água doce. Pode atingir em região amazônica. O seu canto é singelo e quando ele
torno de 2,8 a 3,0m de comprimento e pesar até 450 canta todas as outras aves calam-se para ouvi-lo. Os
kg. Em tempos passados, os peixes-boi foram muito índios chamam-no de Irapuru ou Guirapuru, que
caçados em razão de sua carne e couro. Atualmente, significa pássaro ornado, pássaro emprestado, ou
apesar de ilegal, essa espécie ainda é caçada pelas pássaro que não é pássaro. Segundo os índios, sua
populações ribeirinhas para fins de consumo missão é cuidar do destino dos outros pássaros. Para
alimentar. os índios Tupi, o Uirapuru representa um deus que
adquiriu a forma de pássaro.
× Arara-Vermelha No Norte do Brasil, existem diversas lendas sobre o
É uma ave de grande porte, cores exuberantes e Uirapuru. Segundo pesquisadores, ele nunca repete
cauda longa. Produz gritos estridentes que podem as mesmas frases musicais e, por essa razão, é
ser ouvidos a grandes distâncias. De fácil convívio, considerado pelos nativos como um ente
ela também consegue imitar a voz humana. sobrenatural. Quem ouve o seu canto deve fazer um
Além do vermelho, sua penugem é composta por pedido que, segundo a lenda, será prontamente
várias outras cores, o que faz com que a ave tenha atendido. Quando morto, partes de seu corpo são
uma aparência multi-colorida. Costuma medir de 73 usadas como talismãs, sendo muito procuradas nas
a 95 cm de comprimento, e pesar até 1,5 kg. É feiras e mercados. Acredita-se que partes de seu
monogâmica e chega a viver até 60 anos. corpo e de seu ninho servem como atrativos, e
proporcionam felicidade. Por isso, é também usado
× Bicho-Preguiça como amuleto em muitos estabelecimentos
Vive em pequenos bandos nas florestas tropicais da comerciais.
América do Sul. De movimentos lentos, costuma
viver no alto das árvores, quase nunca se deslocando × Acauã
no nível do chão para andar. Tem visão fraca, e, por Uma pequena ave da bacia amazônica que vive em
isso, orienta-se pelo olfato. No tempo frio, entra em ramadas baixas. Seu canto de tom triste é percebido
estado de letargia. Alimenta-se apenas de folhas, pelos soldados-da-borracha, ou seringueiros, como
frutos e brotos, especialmente os da árvore de prenúncio de tragédia, seja morte, doença ou muita
embaúba. chuva.
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— FLORA Quanto à flora, o Estado do Acre abriga


70% das espécies de palmeiras de toda a Amazônia
Ocidental.

× Seringueira
Árvore de grande porte e ciclo perene pertencente à
família Euphorbiaceae. Tem como seu centro de × Castanha-do-Brasil
origem a região amazônica, nas margens dos rios e Também conhecida como castanha-do-pará, é uma
lugares inundáveis de mata de terra firme, árvore nativa da Amazônia e uma das mais altas e
ocorrendo preferencialmente em solos argilosos e majestosas da região, visto que pode atingir entre
férteis. Dela extrai-se uma borracha natural de 30 m e 50 m, com 1 a 2 m de diâmetro. Com um ciclo
qualidade que combina leveza, elasticidade, termo de vida que pode chegar a 400 anos, é conhecida
plasticidade, resistência à abrasão e à corrosão, como a Rainha da Amazônia. Pode ser encontrada
impermeabilidade a líquidos e gases, isolamento em florestas às margens de grandes rios como o
elétrico, assim como capacidade de adesão ao tecido Amazonas, o Araguaia, o Negro e o Orinoco.
e ao aço. A borracha natural derivada da seringueira Entretanto, encontra-se ameaçada de extinção.
é empregada, principalmente, na confecção de luvas Hoje, é considerada vulnerável pela União Mundial
cirúrgicas, preservativos e pneumáticos para para a Natureza (UCN) e, no Brasil, consta da lista
automóveis. de espécies ameaçadas do Ministério do Meio
Ambiente. A principal causa para a ameaça de
× Urucum extinção é o desmatamento, pois essas árvores
Utilizado tradicionalmente pelos índios brasileiros e dependem de um ambiente intocado para sua
peruanos como fonte de matéria prima na reprodução. Suas flores só são polinizadas por
preparação de tinturas vermelhas. Essas tinturas alguns tipos de insetos, os quais, por sua vez, são
têm finalidades diversas, tais como a proteção da atraídos por orquídeas que vivem perto das árvores
pele contra picadas de insetos e exposição ao sol. de castanha. Se as orquídeas ou os insetos são
Através de pinturas feitas com essa tintura se mortos, as castanheiras deixam de frutificar.
expressa também a gratidão aos deuses. Em todo o Seus frutos levam mais de um ano para
país, a tintura de urucum em pó é também amadurecer, tendo o tamanho de um coco, com peso
conhecida como colorau, sendo usada na culinária, aproximado de 2 kg. A casca é muito dura e abriga
para realçar a cor dos alimentos. É ainda cultivado entre 8 e 24 sementes (as castanhas), que são muito
por suas flores e frutos. Levado para a Europa pelos apreciadas para uso culinário devido a suas ricas
primeiros colonizadores da América, é propriedades nutricionais e também medicinais.
mundialmente empregado como corante de diversos
tipos, principalmente na indústria alimentícia. × Buriti
É encontrado em grande parte do Brasil central e no
× Cupuaçu Sul da planície amazônica. É uma das mais
Uma fruta amazônica do mesmo gênero do cacau- singulares palmeiras do país e dela tudo se utiliza: o
verdadeiro. Nasce em uma árvore de porte médio, fruto, com o qual são feitos doces, sucos, licores e de
nativa da Amazônia. É bastante apreciado na região onde se extrai o óleo que tem valor medicinal como
amazônica, sendo comum encontrá-lo em sucos, vermífugo, cicatrizante e energético natural; as
sorvetes, cremes, balas, bolos e tortas. folhas, que geram fibras utilizadas no artesanato, na
As sementes da fruta contêm alto teor de gordura, confecção de bijuterias, bolsas, brinquedos; com os
prestando-se assim à fabricação de chocolate, no talos das folhas fabricam-se móveis. Quando a folha
lugar das sementes de cacau. Na região Norte, é jovem, produz uma fibra bem fina, chamada de
chama-se o chocolate derivado do cupuaçu de seda de buriti, utilizada, por sua vez, na confecção de
cupulate. peças feitas com o capim dourado.
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— festas e lendas

× Mapinguari
Talvez essa seja a mais comum das lendas do Acre.
O Mapinguari é um ser que deriva dos índios que
alcançam idades avançadas, o qual é caracterizado
como um monstro cabeludo com um único olho na
testa. Possui pés e mãos semelhantes aos de uma
mão de pilão, pele igual ao couro de jacaré que exala
um odor muito forte. Vive nas florestas soltando
— cultura musical gritos que confundem o seringueiro e o caçador, por
serem parecidos com gritos de algum ser humano,
× Baques De Marchas perdido. Quando tentam responder aos gritos do
Ritmo binário que pode ser originário da região Mapinguari, ele os aprisiona, atacando para matar.
Nordeste, mas que apresenta também acento Demonstra ser invulnerável às balas dos caçadores,
indígenas. só morrendo quando atingido no olho.

× Baques de Sambas × Gogó de Sola


Ritmo quaternário com forte acento indígena. Segundo a crença dos acreanos, é um macaco como
qualquer outro que vive nas matas distantes dos
× Xerém Tapiris. Teria esse nome em função de seu pescoço,
Dança alegre, de passo arrastado e miúdo, em que o castanho-vermelho, pelado e semelhante a uma
dançarino parece estar peneirando. Por isso, o nome sola. Destaca-se dos demais seres da sua espécie por
‘xerém’, que remete ao milho pilado para alimentar ser ágil, ligeiro, valente e ofensivo, apesar de
pintos. O refrão da música diz: “Eu piso milho, pequeno. Ataca qualquer animal, inclusive o
peneiro xerém, eu não vou criar galinha pra dar homem. Diz-se que, onde ele crava os dentes, nunca
pinto pra ninguém”. mais é possível retirá-los, somente cortando-lhe a
cabeça. Os caçadores temem o Gogó de sola, pois
× Choros não há bala que o acerte, por melhor que seja a
Música instrumental, presente em todo o país. pontaria. Ele salta com muita agilidade quando se
Muito usada para acompanhar danças. No Acre, percebe perseguido. Alguns acreditam que, na
ganha características próprias que o distinguem do verdade, o Gogó de sola é um cão do mato atacado de
choro praticado em outras regiões. Em sua forma hidrofobia.
acreana, assemelha-se ao maxixe e ao baião, ritmos
nordestinos. × Mãe da Seringueira
Descrevem-na como uma velhinha toda arranhada.
× Hinos do Santo Daime Dizem que os golpes dados na seringueira ficam
Manifestações musicais ligadas a doutrina do Santo gravados nela. Segundo a crença, ela faz mal aos
Daime, característica do Acre. No Santo Daime, os seringueiros malvados. Quando aparece para um
hinos ocupam lugar de destaque, ao lado da bebida seringueiro, é só para pedir a ele para ‘cortar bem
sacramental. É através dos hinos que os maneirinho’, para não fazer mal a ela.
participantes recebem as orientações necessárias Ao seringueiro que ‘combina’ com ela cortar bem
para proceder durante a sessão. Normalmente, esses maneirinho, ela dá muito leite e esse seringueiro
hinos expressam vivências e aprendizados extrai muito leite, ou látex. Porém, para aqueles que
espirituais do trabalho ou traduzem e ilustram não têm coragem e para os que não acreditam no
visões plenas de significado para a doutrina do que veem e cortam fundo, só extraem aquele
Santo Daime. ‘tantinho’ de leite”.
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× Caboclinho Da Mata
Segundo a lenda, o Caboclinho da Mata é um ente
× A Alma do Bom Sucesso fabuloso que habita e protege a selva acreana e está
Crença nos milagres da Santa do Bom Sucesso, sempre em busca de tabaco para mascar. Costuma
localizada na capelinha da Alma do Bom Sucesso, atacar o cachorro dos caçadores, batendo neles com
no seringal Cumaru, em Assis Brasil. Muitos pedaços de cipós que arranca das árvores. Por isso,
peregrinos para aí se deslocam, em busca de serem diz-se que quem vai caçar deve antes oferecer tabaco
atendidos por seus milagres. ao negrito. Se não, não terá sucesso na caçada.
A lenda conta que em torno de 1910, uma mulher,
em plena selva, sentiu as dores do parto e, sem × O Boto
ninguém que a assistisse, deu à luz duas crianças. A lenda do Boto é comum em toda a região
Não podendo resistir, entregou a alma a Deus. Mais amazônica. No Acre, costuma apresentar duas
tarde, foram encontrados os corpos da mãe e das variações. A tradicional fala sobre um rapaz bonito,
crianças sobre um grande formigueiro. trajado de branco e com um chapéu de palha na
cabeça, que sai dos rios e vai ao encontro das moças,
× Acoã fazendo promessas românticas. Seduzidas, elas
Acoã ou acauã é uma pequena ave da bacia adormecem e deixam-se levar, acordando tempos
amazônica que vive em baixas ramadas. Para os depois com o corpo dolorido. A segunda variação diz
moradores da região, seu canto triste é sinal de mau que os botos são pessoas encantadas, ou seja,
agouro, muita chuva ou até mesmo morte. espíritos de pessoas que foram habitar nesses
animais. Por isso, não se deve deixar crianças que
× Cipó Hoasca ainda não foram batizadas perto da beira dos rios
O cipó hoasca ou ayahuasca é encontrado sozinhas, pois elas se encantariam em botos.
normalmente às margens dos igarapés. Quando se
ergue na mata, desde pequeno, procura apoiar-se no × A Mula sem Cabeça
tronco da primeira árvore que encontra. A mula sem cabeça é uma forma de assombração.
Enroscando-se nela, cresce tornando-se uma planta Segundo a lenda, seria uma mulher que foi
adulta. Já maduro, de tempos em tempos, começa a amaldiçoada por Deus por seus pecados. Muitas
soltar sons que assustam até os bichos mais ferozes. vezes, é dito ser uma concubina que fez sexo dentro
Difere-se das demais espécies de cipós pelos seus de uma igreja com um padre católico e foi
cachos de flores, de tons brancos e róseos, os quais condenada a se transformar em uma criatura
ocupam toda a sua extensão. descrita como tendo a forma de um equino sem a
Desse cipó é feita a bebida conhecida como daime. cabeça e que vomita fogo. Galoparia pelo campo do
Entretanto, deve-se ressaltar que o uso do chá de entardecer de quinta-feira ao amanhecer de sexta-
hoasca é muito anterior à apropriação feita pelos feira.
movimentos religiosos hoje conhecidos como Santo O mito possui muitas variações a respeito do pecado
Daime e União do Vegetal. que teria amaldiçoado a mulher a se transformar no
monstro: necrofagia, infanticídio, um sacrilégio
× A Rasga-Mortalha contra a igreja, fornicação, incesto.
É a mais temida e respeitada dentre as aves do Acre.
Os acreanos consideram-na uma ave sobrenatural × O Boitatá
por acreditar que ela traz consigo estranhos avisos O Boitatá é o protetor dos campos iluminando a
do Céu. Por seu canto lembrar o rasgar de um grosso noite. Conhecido como a cobra de fogo, possui os
pano, a ele associa-se mau agouro. Dizem que, se ela olhos grandes e furados e sua figura assusta as
sobrevoa uma casa cantando, é que está preparando pessoas e os animais. É contra os que incendeiam as
a mortalha para alguém prestes a falecer. florestas.
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Essa serpente de fogo reside na água e é muito


temida. Muitas vezes aparece nos campos sob a
forma de um fantasma transparente e branco,
tornando-se mais assustador quando ilumina os
campos com sua própria luz, assustando as pessoas
e os animais. Acredita-se que o Boitatá, quando
morre, libere toda a luz de seu corpo que, levada pelo 24,18%
vento, espalha-se pela região onde ele habitava. evangÉlicos
pentecostais
× Marujada
Manifestação festiva e musical que expressa a vida 10.000 seguidores
dos marinheiros que passavam a maior parte de seu da doutrina
tempo nos navios, longe de casa e de suas famílias. do santo daime
Quando desembarcavam, comemoravam a chegada no brasil
em terra firme com música, dança e festa. Tradição
que surgiu na Europa e espalhou-se por diversas
regiões do mundo. No Acre, acontece desde os anos
1940, primeiramente em Cruzeiro do Sul, onde foi
incorporada às festividades do Carnaval. Hoje é
encontrada em diversas localidades do Estado.

× Jabuti-Bumbá
Festa de rua que se brinca em cortejo ou em antecedem o “Vinte”, como passou a ser chamada a
circular, com o Jabuti Marupiara e dois jabutis data da grande procissão, são marcados pela
menores, o Tinga e o Tinguinha. Os brincantes, no chegada de uma grande multidão de romeiros,
mínimo dez, vestem chitas e se enfeitam com fitas turistas e comerciantes à cidade que, por vezes,
coloridas, colares de sementes, cuias e coroas. triplicam o número de habitantes da zona urbana.
Entre crianças e adultos, seguem o cortejo dançando Xapuri transforma-se, nessa época, em um grande
e tocando maracas, zabumbas, sanfonas, pandeiros e centro comercial temporário, cujas ruas são
percussão. Os puxadores cantam as cantigas fechadas ao trânsito de veículos para dar lugar aos
exclusivas do folguedo, compostas por integrantes tradicionais “marreteiros”, mercadores ambulantes,
do grupo e outros compositores acreanos, com que para lá se deslocam vindos de vários locais do
ritmos variados, mas com uma forte influência Acre e de outros Estados.
nordestina advinda do Baião, da Ciranda e do Frevo,
além da Catira de Goiás, do Vira de Portugal e do × Festival de Quadrilhas
Cacuriá do Maranhão. O Festival de Quadrilhas é um dos maiores eventos
A fim de refletir sobre ações concretas para a do calendário artístico-cultural do Acre. Nele,
preservação da Amazônia, o Jabuti-Bumbá traz grupos apresentam-se e competem entre si pelo
como símbolo o jabuti, por ser um dos bichos mais título de Quadrilha Campeã que, além do prêmio
afetados nas queimadas e, também,o mais em dinheiro, recebe passagens para a competição
resistente. Dessa forma, também se contrapõe às nacional.
brincadeiras com bois. Há, também, durante o período do evento, as
tradicionais comidas típicas e brincadeiras
× Festa de São Sebastião tradicionais ao som de forró. A ocasião também é
É a festa em homenagem ao santo padroeiro de utilizada pelo governo para promover a valorização
Xapuri, cujas atividades já extrapolaram o caráter do folclore regional, através de apresentações de
meramente religioso. Os dias de janeiro que temas como o jabuti-bumbá, maracatu e cirandas.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

— culinÁRIA A gastronomia acreana guarda


inúmeras semelhanças com a dos outros estados da
região amazônica e mistura cozinha indígena,
— Cultura e Religiosidade O Acre é, em nordestina, paraense, boliviana e árabe. Entre as
proporção da população, o Estado com maior especificidades da região, merece destaque a
população de evangélicos pentecostais (24,18%), e o variedade de frutas típicas do Norte, que é utilizada
segundo maior Estado nas demais denominações abundantemente em sucos, cremes, sorvetes e
evangélicas (12,46%), perdendo apenas para o licores. Há também abundância de peixes típicos e
Espírito Santo, cujo valor é de 15,09%. Somando-se alguns outros alimentos encontrados apenas na
os dois índices, o Acre possui a maior concentração região amazônica.
proporcional do conjunto de denominações Entretanto, no Acre, assim como em grande parte
evangélicas entre Estados, totalizando 36,64% de sua do país, utiliza-se de forma generalizada a farinha
população. de mandioca.

× Santo Daime Mais típico da região Norte, o jambu, planta que


Criada na década de 1930, por um seringueiro, a tem a capacidade de adormecer os lábios quando se
doutrina baseia-se no uso religioso da ayahuasca, morde o seu talo.
bebida psicoativa feita a partir da fervura de um cipó
e de uma folha nativos da floresta. Seu fundador foi × Café da manhã
Raimundo Irineu Serra. Café, Leite, Pamonha, Macaxeira cozida, Tapioca,
De origem maranhense, negro, neto de escravos, Banana Frita e mingau, Cuscuz e Frutas,
Mestre Irineu, como ficou conhecido, tomou o chá Sobremesas Típicas, Pudins, cremes e sorvetes de
pela primeira vez na companhia de caboclos frutas (maracujá, cupuaçu, açaí, graviola, jaca,
descendentes de indígenas, em 1913, em Brasiléia, abacaxi, buriti, beribá, cajá, etc), Cocadas, Salames
cidade do extremo Oeste acreano. de Cupuaçu, Castanha-do-Brasil, Bananadas e
O consumo da ayahuasca entre os povos indígenas outras iguarias, Licores, Licor de Genipapo, Licor de
da região amazônica é uma tradição bastante antiga. Mutamba, Licor de Cupuaçu, Licor de Gengibre,
Há indícios de que os incas já utilizavam essa Licor de Canela, Licor de Cravo, Cajuína
mistura em seus rituais. Sob o efeito da ayahuasca,
Irineu vislumbrou a Virgem Maria e escreveu os × Lanches matinais
hinários que sintetizam os ensinamentos da Mingau de Banana e Tapioca, Cuscuz de Milho,
doutrina. Tapioquinha, Quibes de Macaxeira e Arroz, Tacacá,
Jovens ligados aos ideais hippies, de passagem pela Bananinha fritas doces e salgadas, Charutos
Amazônia, no final dos anos 1970, levaram a poção Mariolas, Salames de Cupuaçu, Esfirra, Saltenha
para o resto do país. Na década de 1980, o ritual do (origem boliviana) e outras delícias vendidas nas
Santo Daime tornou-se bastante conhecido em todo barracas e praças dos municípios acreanos
o país, na medida em que foi divulgado por
celebridades que aderiram à doutrina. × Almoço
No Brasil, ao contrário de outros países, o chá do Carne de Sol, Baião-de-dois, Panelada (buchada-de-
Santo Daime é considerado enteógeno, ou seja, seu boi), Feijão ao leite de castanha do Brasil, Pato no
uso é permitido como parte de rituais religiosos. Tucupi, Rabada no Tucupi, Cozidão, Pirarucu à
Considera-se que, em 2010, havia, no Brasil e no Casaca e ao leite de castanha do Brasil, Tambaqui
mundo 10.000 seguidores dessa doutrina. Grelhado, Quibe cru e assado, Tabule
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— PERSONALIDADES ACREANAS

× Armando Nogueira Religiões no Acre:


Nascido em 14 de janeiro de 1927, em Xapuri, no Católicos: 50,73%
Acre. É um dos mais renomados comentaristas Evangélicos pentecostais: 24,18%
esportivos do país, pioneiro do telejornalismo, Demais evangélicos: 12,46%
criador do Jornal Nacional e do Globo Repórter, na Sem religião: 10,82%
Rede Globo de televisão, onde permaneceu por 25 outras: 1,82%
anos. Responsável por uma coluna reproduzida em
62 jornais pelo país, é proprietário de uma empresa
que cria vídeos institucionais e motivacionais, a
Xapuri Produções. É também escritor de livros indígenas, com suas mulheres e filhos, dando-se as
sobre esportes. mãos no meio da selva ou na beira dos rios a fim de
impedir as derrubadas das árvores pelos peões dos
× Benky Piyãko fazendeiros e seringalistas. Esses, por sua vez,
Líder de uma comunidade indígena no Acre, tem surgiam armados de foices, machados e
ensinado aos povos indígenas como defender suas motosserras.
terras contra a exploração indevida. Nesse processo, Através dessas manifestações, buscavam
ensina as comunidades a beneficiarem-se dos neutralizar e conscientizar os predadores sobre as
recursos naturais, preservando sua riqueza e a consequências ambientais daquele tipo de
unidade do ecossistema. exploração dos recursos naturais da região.
Já atuou em projetos de reflorestamento e fundou Em 1977, Chico Mendes foi eleito vereador pelo
uma cooperativa que produziu diversos materiais Partido do Movimento Democrático (MDB). Em
sustentáveis para comercialização. Recebeu o 1980, juntamente com Luís Inácio Lula da Silva,
Prêmio Nacional de Direitos Humanos e o Prêmio fundou o Partido dos Trabalhadores. Em 1985, no I
E-Brigaders nacional. Encontro Nacional dos Seringueiros, Chico
Mendes apresentou a proposta União dos Povos da
× Chico Mendes Floresta: um documento reivindicatório cuja
Líder dos seringueiros e ecologista nato, procedente proposta era a união das forças dos índios,
de uma família humilde de nortistas, nasceu em 15 trabalhadores rurais e seringueiros em defesa da
de dezembro de 1944, no seringal Porto Rico Floresta Amazônica. As reivindicações e
localizado no município de Xapuri, no Acre. Essa denúncias contidas no relatório obtiveram grande
região, que já pertenceu à Bolívia e ao Peru, sediou repercussão nacional.
lutas históricas pela posse da terra. Em 1987, dois anos após o evento, representantes da
Chico Mendes atuou como seringueiro desde Organização das Nações Unidas (ONU) estiveram
criança. Como muitos brasileiros de origem pobre, no país para avaliar a veracidade das denúncias
aprendeu a ler já adulto, aos 24 anos de idade. Com formuladas no documento. No ano seguinte, Chico
o passar do tempo, engajou-se na luta por melhores Mendes passou a receber ameaças de morte. No dia
condições de trabalho e contra a destruição dos 22 de dezembro de 1988, foi assassinado.
recursos naturais da região, fruto do modelo
extrativista vigente. × Glória Perez
Tornou-se líder sindical em 1975 e passou a atuar Nascida em 25 de setembro de 1948, em Rio Branco,
na conscientização da população dos seringais da no Acre, é escritora de telenovelas. Em seus
região. Em 1976, engajou-se na luta contra o folhetins, costuma levar ao grande público temas
desmatamento através dos ‘empates’: polêmicos e questões sociais. Escreveu a série
manifestações pacíficas que envolviam “Amazônia, de Galvez a Chico Mendes”, que conta a
seringueiros, trabalhadores rurais, ribeirinhos e história do Acre e de sua população.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

× João Donato
Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e
compositor de origem acreana. Nascido em 17 de
agosto de 1934, foi um dos expoentes da Bossa Nova
junto com João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de
Moraes. Entretanto, sua música nunca se restringiu aproximou-se do Partido Revolucionário
aos domínios da Bossa Nova, manifestando Comunista (PRC), abrigado, na época, dentro do
inúmeras outras influências, tais como as da PT.
musicalidade afro-cubana e do jazz. Atuou como professora de Ensino médio no
Filho de um major da Aeronáutica, aos 11 anos de movimento sindical, tornando-se aliada de Chico
idade, mudou-se para o Rio de Janeiro. Entre os Mendes, com quem fundou a Central Única dos
anos 1950 e 1960, viveu nos Estados Unidos, onde Trabalhadores (CUT) do Acre, em 1984.
gravou o disco “A Bad Donato” e compôs músicas Em 1985, filiou-se ao PT. Nas eleições de1988, foi a
como “Amazonas” e “A Rã”. vereadora com maior número de votos para a
Câmara Municipal de Rio Branco. Dois anos
× Marcos Afonso depois, foi eleita deputada estadual, com a maior
Professor, jornalista e ex-deputado federal, foi votação do Acre. Logo depois, foi submetida a um
membro da Frente Parlamentar Ambientalista para longo tratamento médico devido à contaminação
o Desenvolvimento Sustentável, Vice-Presidente da por metais pesados aos quais foi exposta durante o
Comissão Amazônia. Foi também titular de tempo que viveu em seringais. Em 1994,
comissões importantes como de Meio Ambiente e candidatou-se ao Senado Federal, tornando-se, aos
de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados. 36 anos, a senadora mais jovem da história da
Em 2002, foi eleito Liderança para a América República. Em 2002, foi reeleita com votação quase
Latina da GLOBE (Organização dos Legislados para três vezes maior que a anterior.
um Mundo Balanceado). Até 2005, foi o Em 2003, assumiu o Ministério do Meio-Ambiente
representante diplomático do Brasil na OTCA do governo Lula. Segundo a Sophie Foundation,
(Organização do Tratado de Cooperação durante sua gestão entre 2004 e 2007, logrou
Amazônica), que sistematiza ações sustentáveis nos diminuir o desmatamento na Amazônia em 60%,
oito países da Amazônia Continental. razão pela qual a referida fundação a premiou em
Atualmente, é Diretor da Biblioteca da Floresta, US$ 100 mil por seus esforços em defesa da
onde coordena ação estratégica para uma floresta. Em 2007, foi agraciada com o prêmio
metodologia de diálogo entre os saberes tradicionais Champions of the Earth, da ONU, pela sua luta
e o moderno. Palestrante há quase três décadas, pela conservação da Amazônia. No mesmo ano, o
dedica-se hoje ao estudo da sustentabilidade ética. jornal britânico The Guardian apontou a senadora
como uma das “50 pessoas que podem ajudar a
× Marina Silva salvar o planeta”.
Maria Osmarina Marina Silva de Lima nasceu em Deixou o Ministério do Meio Ambiente em 2008,
08 de fevereiro de 1958 em uma casa sobre palafitas, após atritos com ministérios ligados às áreas de
no seringal Bagaço, Acre. Filha de seringueiros, aos infraestrutura e desenvolvimento. Em 2009,
11 anos mudou-se para Rio Branco, onde foi deixou o PT alegando falta de sustentação política
alfabetizada pelo MOBRAL (Movimento Brasileiro para seus projetos. Filiou-se ao Partido Verde (PV).
de Alfabetização). Em 2010, candidatou-se à Presidência da
Trabalhou como empregada doméstica e foi República, pelo PV. Em 2011, desfiliou-se do PV e
aspirante à freira. Participou das Comunidades em 2013, participa da fundação do partido Rede
Eclesiais de Base (CEBs) e, em 1981, ingressou no Sustentabilidade, mais conhecido como Rede, pelo
curso de História da Universidade Federal do Acre, qual planeja lançar-se novamente candidata à
onde teve contato com a filosofia marxista e Presidência nas próximas eleições.
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A identidade acreana
de perto
Identidade e design

— IDENTIDADE Esta pesquisa, sobre a identidade cultural contrária, definindo de maneira fiel a sua
acreana, quer fotografar a identidade coletiva de identidade e valorizando-a, também, na cultura
um povo, residente em um determinado território, material, na arquitetura e no design, para
em um determinado momento histórico. É uma aumentar o valor dos produtos regionais.
“foto Polaroid”, válida hoje, que provavelmente Um exemplo deste processo é a própria cidade de
daqui a cinquenta anos será diferente. É preciso Rio Branco, onde algumas construções
levar em conta que o estado do Acre tem contemporâneas, como a Biblioteca da Floresta, a
formalmente 50 anos. Antes disto, este lugar era Casa do Artesão, a sede da FUNAI e o Parque da
território brasileiro, sem um reconhecimento de Maternidade retomam traços distintos das
estado e, anterior a isto ainda, sua população teve construções vernaculares do povo indígena,
que combater para tornar-se independente da misturando-os com o minimalismo
Bolívia, tornando-se Brasil. contemporâneo.
Portanto, a identidade deste povo ainda está em Outro exemplo é a embalagem dos produtos da
construção, sendo uma mistura de grupos étnicos e marca Miragina, especialmente a embalagem dos
culturais diferentes (índios, nordestinos, sulistas, biscoitos de castanha, imediatamente reconhecível
libaneses, europeus, japoneses, etc.). como acreana, graças ao uso de cores e motivos
Estes grupos são unidos pelo fato de residirem no indígenas. Esta pesquisa tem, portanto, o objetivo
mesmo território e serem fortemente ligados à de fazer emergir alguns traços distintos desta
floresta, pela qual possuem atenção, cultura, também no âmbito visual, de modo a
comportamento de preservação e um sentimento influenciar significativamente o desenvolvimento
com relação à ecologia e sustentabilidade que os de novos produtos artesanais e industriais
tornam profundamente diversos dos outros estados acreanos.
da região amazônica. Segundo David Schneider, de fato “... a cultura é
Zygmunt Bauman afirma que a natureza um sistema de símbolos e significados”, que se
extraterritorial da comunidade de hoje tem feito as configura tanto na forma social quanto em formas
identidades mais voláteis, induzindo à insegurança materiais e componentes da paisagem. Falamos,
geral dos indivíduos, que não conseguem mais portanto, da cultura material, a disciplina que
reconhecer-se em uma identidade tradicional e estuda os objetos como ferramentas de
que, assim, procuram novos estímulos e compreensão da sociedade e materialização dos
alternativas de reconhecimento. processos sociais.
Hoje, o estado do Acre está fazendo uma operação Esta pesquisa quer cristalizar, através do estudo da
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Identidade Acre

cultura material, a identidade coletiva da região do


Acre, em um determinado momento histórico,
considerando-a como uma peça muito importante
para o desenvolvimento do lugar. Consideremos o
produto como base do conceito de “capital
territorial”, conjunto dos elementos dos quais
dispõe um território no âmbito material e
imaterial, que constituem sua verdadeira riqueza.
Produzir objetos e artefatos, com forte identidade
cultural, cria no mercado um diferencial que
contribui para o desenvolvimento econômico da
região. O design, neste sentido, possui duas funções
fundamentais: observa, descobre e cristaliza os
elementos da cultura material, através do
reconhecimento das técnicas, da iconografia, dos
materiais e das habilidades das pessoas; projeta,
exprime e divulga a identidade material e imaterial
de um lugar, integrando tais elementos nos
produtos.

— CAPTURAR A IDENTIDADE Esta pesquisa tem o Branco está presente um grupo de grafiteiros que
objetivo de fazer emergir alguns elementos da criaram um projeto etno-grafites, trabalho artístico
cultura (material e não material) acreana, para de resgate da identidade indígena. Através de uma
inspirar os produtos de design que serão resultados visita à Biblioteca da Floresta foi possível, também,
do projeto Acre Design. O estudo sobre a levantar várias referências bibliográficas e
identidade foi conduzido com diversos métodos. De fotográficas sobre diversas culturas presentes na
um lado, foi feita uma pesquisa tradicional, região: seringueiros e índios.
bibliográfica e nos sites da internet, antes da Em sala de aula, foram realizados diversos
primeira viagem ao local. Por outro lado, durante a exercícios para procurar “captar” o conceito de
primeira missão foram feitas entrevistas com identidade presente no imaginário dos estudantes.
personagens importantes da vida cultural acreana: O primeiro, chamado “mindmapping” ou mapas
Marcos Afonso (Diretor da Biblioteca da Floresta), mentais, é um exercício feito em grupo, onde cada
Gumercindo Rodrigues (amigo e advogado de grupo tem que construir painéis com palavras
Chico Mendes), Marcelo Piedrafita Iglesias chaves sobre fatos, emoções, riscos, oportunidades
(especialista da cultura indígena), Nilson e inovações na construção da identidade acreana.
Mendes (guia da floresta e primo de Chico Mendes) No final, cada grupo apresenta aos outros os
e Marlúcia Cândida (arquiteta e especialista em resultados e é, então, criado um painel síntese.
arquitetura vernacular, Primeira Dama do Acre). Os principais resultados dessa atividade são:
Paralelamente a isso, foi feita uma documentação focalizar os pensamentos dos participantes no tema
fotográfica da cultura material local, a partir das da identidade; captar traços fundamentais dessa
casas e dos monumentos, dos objetos, dos móveis, identidade; captar a atitude dos participantes com
da natureza e das pessoas. Atenção especial foi relação ao tema da identidade (orgulho, medo, etc.);
dada à área dos móveis, visitando diversas casas e passar para os participantes o conceito de que ter
negócios, para entender melhor as tendências e os uma identidade forte pode ser um diferencial nos
gostos do mercado local. Outra atenção foi dada negócios. Deste exercício foram levantados diversos
para a arte contemporânea e, especialmente, a conceitos, que são relacionados a seguir de forma
streetart, uma vez que em Rio resumida:
Fatos: Chico Mendes • Personalidade • Seringueiros • Grupos Sociais • índios •
• Açaí • Bandeira do Acre • Objetos Simbólicos • Poronga • Balde • Canoa • Faca •

Uirapuru • História • Quinquagésimo Aniversário • Independência Emoções


• Serenidade • Simplicidade • Orgulho • Respeito • Carisma • Satisfação • Conquista

Solidariedade • Respeito • Compaixão Emoções Negativas: Vergonha • Desigualdade

Preconceitos • Desmatamento Riscos: Desvalorização dos Materiais • Problemática •

Cultura e Utilidade • Falta de União • Originalidade • Identidade Não Original •

• Personalidade • Não Influenciar a Cultura Existente • Abandono da Cultura • Por

de-Obra Qualificada • Comportamentos Perigosos • Estrutura Autonomia • Medidas

Falta de Incentivo por parte do Governo • Não Valorização da Madeira • Discriminação dos

Sem a Ajuda de uma Pessoa que Saiba Projetar • Preconceitos • Fonte De Informações

• Cultura • Respeitar Respeito • Sair do Esquema • Falta de Fontes • Aceitação Passiva

Outros Estados • Natureza • Cooperativas • Aprendizado • Resultados • Expansão •

do Acre • Descoberta de Novas Tecnologias • Classe A, B, C • Inspiração • Novos

Perseverança • Orientação • Fonte De Inovação • Aceitação • Trabalho • Empenho •

• Colaborações Novas • Qualificação • Ações • Mundo • Matéria Prima • Vantagens

Aumento de Salário • Imaginação • Mostras • O Acre Reconhecido no Brasil • Inspiração

Colaborações • Interação • Sustentável • Agir em Grupo • Consórcio Incentivos

Comunicação Visual • Novos Modos • Acabamentos • Pequenos Objetos • Especialização

o Consumidor • Ousar • Inserir a Identidade Acreana nos Produtos • Conceito • Humor •

a Folha como Cartão Postal • Medos • Moderno X Antigo • Uso X Utilidade • Novos

Facebook • Regional • Criação de Projetos • Novos Materiais • Criação de Redes •

Sementes Jarina • Publicidade Imprensa • Ecologia • Comércio Eletrônico • Rádio •

Melhorar A Qualidade dos Produtos • Novos Produtos • Não Conseguir • Atitudes

Programas de Tv Documentários • Etnias • Lendas • Aplicar a Modernidade à Cultura

Criativas • Ações • Alternativas


Nordestinos • Ribeirinhos • Látex • Materiais • Paxiuba • Castanha • Farinha • Mandioca

Colar Indígena • Espingarda • Kenés • Floresta • Mapinguari • Lendas • Boto • Boitatá •

Positivas: A mizade • Acolhedor • Hospitalidade • Simpatia • Euforia • Entusiasmo


• Hino Acreano • Mudanças Políticas • Política Mais Séria • Seriedade Riqueza • Valores

Social • No Acre Só Tem Indios • Temos Que Crescer Muito Ainda • Racismo •

Consenso • Projeto Coletivo • Não Aceitar • Perder a Legitimidade • Violência • Unir

Valorizar a Realidade Generalização Já Existente • Ser Influenciado • Identidade Fraca

Outras Culturas • Insegurança • Aceitar • Necessidade • Organização • Falta de Mão-

Seriedade • Detalhes • Desperdício • Falta de Respeito por quem Constrói • Regras •

Resultados do Projeto • Equívocos • Imposições • Contrastes • Construção de Objetos

• Falta de Interesse • Falta de Informações • Mudança de Valores • Falta de Maturidade

• Lembranças • Compromissos • Conhecimento Oportunidades: Troca de Saberes •


Criação de um Polo de Qualidade • Visão • Mídia • Parcerias • Reconhecimento do Povo

Mercados • Avanço Tecnológico • Apoio Governamental • Comportamento •

Livros • Positividade • Otimismo • Tenacidade • Divultação • Desenvolvimento Econômico

• Reconhecimento • Organização • Crescimento • Tv • Capacitação • Mercado do Acre •

• Grifes • Confiança • Negócios • Planejamento • Rádio • Conhecimento Inovação:


Governamentais • Criatividade • Mercado • Cultura Indígena • Incentivos Financeiros •

• Biojóias • Produtos Exclusivos e Inovadores Paradas de Ônibus • Diferença • Desafiar

Reconhecimento do Produto do Estado • Usar Texturas Das Árvores Novas Marcas • Usar

Modelos De Negócios • Empreendedorismo Interação • Alargar O Alcance •

Identidade • Ajudar-Se Reciprocamente • Ações Concretas • Atitudes • Novas Fibras

Blog Youtube Web • Exposições • Reconhecimento • Expansão do Nome do Acre • Tv •

Pessimistas • Divertimento • Exportação • Pequenas Séries Embalagens • Jornais •

Tradicional • União • Junção • Verde • Reciclado Ecológico • Manejo Florestal • Ideias


VISU
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UA-
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— DO EXERCÍCIO DE MAPAS MENTAIS SURGIRAM TAMBÉM ALGUNS COMPONENTES QUE


MARCAM A IDENTIDADE VISUAL ACREANA: • OS PRINCIPAIS GRUPOS SOCIAIS (ÍNDIO, SE-
RINGUEIRO, RIBEIRINHO, • NORDESTINO) • ALGUNS OBJETOS SIMBÓLICOS (PORONGA,
BALDE, COLAR INDÍGENA) • AS LENDAS (MAPINGUARI, BOITATÁ, CABOCLINHO DA MATA...)
A PARTIR DESSAS ANÁLISES FORAM DEFINIDOS OS TRÊS CONCEITOS INSPIRADORES
PARA AS LINHAS DE MÓVEIS: • O CONCEITO DE FLORESTANIA • O COMPONENTE INDÍ-
GENA • O AMBIENTALISMO LIGADO AO MUNDO SERINGUEIRO. EM SEGUIDA ESSES CON-
CEITOS FORAM TRABALHADOS VISUALMENTE, CRIANDO MOODBOARDS RELACIONADOS
AS COMPONENTES VISUAIS DE CADA MUNDO ANALISADO PARA SE FORMULAR INSPIRA-
ÇÕES PARA OS DESIGNERS E E ALUNOS NA SEGUNDA FASE DO PROJETO.
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RAÍZES
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ÁRVORES
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CIPÓ
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CASCA
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FIBRAS
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TEXTURAS
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VISTAS AÉREAS
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GEOGLIFOS
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ABELHAS
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ARANHAS
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BORBOLETAS
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PÁSSAROS
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texturas animais
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FLORES
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FORMAS FOLHAS
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FRUTAS
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SEMENTES
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colares
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DESENHOS
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SÍMBOLOS
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TECIDOS
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MALOCAS
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OBJETOS
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DANçAS
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TATUAGEM
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PESSOAS
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TRADIçÕES
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FESTA DE SÃO JOÃO


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AGRICULTOR
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RIBEIRINHOS
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CHICO MENDES
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SERINGUEIRO
68 | 69

SINDICATO
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ESTRADA DA SERINGA
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CORTE
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade

BORRACHA
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TECIDOS
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade

CASA
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INTERIORES
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade

OBJETOS
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trançados
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Analisar e Visualizar a Identidade

LENDAS
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Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

— Esse capítulo visa a fornecer uma visão geral do Brasil, do mercado brasilei-
ro e do seu setor moveleiro por meio de esquemas e números. São individuali-
zadas as empresas e os produtos que o compõem, identificando-se a categoria
e o posicionamento de cada empresa.
Faz-se presente, também, uma análise etnográfica sobre o “novo consumidor
brasileiro”, através da qual é possível identificar locais e pessoas que possam
representar as diferentes classes sociais do país. Para cada classe foi elabo-
rado um resumo em uma ficha-padrão, onde são registrados detalhes de vida,
hábitos, índices socioeconômicos e características habitacionais.
80 | 81

O novo consumidor
brasileiro
Classes sociais no Brasil

— IDENTIDADE Segundo a Secretaria de Assuntos faixas de pontuação do critério e estratos de


Estratégicos do Governo Federal, os critérios classificação econômica, as quais são definidas
para definição das classes sociais, baseados em como A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. As rendas
dados da Pesquisa Nacional de Amostras por médias equivalentes a cada um deles são:
Domicílios (PNAD/IBGE) são: vulnerabilidade
socioeconômica e renda per capita. Considera-se CLASSE RENDA MÉDIA POR FAMÍLIA
como grau de vulnerabilidade socioeconômica a A1 R$ 12.926
possibilidade de retorno à condição de pobreza A2 R$ 8.418
nos próximos cinco anos. Assim, de acordo B1 R$ 4.418
com essa definição, as classes sociais existentes B2 R$ 2.565
e suas rendas limite per capita seriam: C1 R$ 1.541
× Extremamente pobre: até R$ 81 per capita C2 R$ 1.024
× Pobre: R$ 81 a R$ 162 per capita D R$ 714
× Vulnerável: R$ 162 a R$ 291 per capita E R$ 477
× Baixa classe média: R$ 291 a R$ 441 per capita
× Classe média: R$ 441 a R$ 641 per capita
× Classe média alta: R$ 641 a R$ 1.019 per capita — UMA NOVA CLASSE MÉDIA Através da
× Baixa classe alta: R$ 1.019 a R$ 2.489 per capita comparação dos dados recolhidos pelo IBGE entre
× Alta classe alta: acima de R$ 2.480 per capita 2001 e 2009, é possível perceber o crescimento
da classe média no Brasil, a qual, atualmente,
Entretanto, existe ainda outro tipo de segmentação corresponde a 64% da população. É importante
econômica, utilizado pelas empresas de ressaltar que esses dados não refletem o mero
pesquisa, chamado Critério de Classificação crescimento de uma classe média pré-existente,
Econômica Brasil. Segundo esse, os critérios mas comprovam a emergência de uma nova
considerados para definição das classes sociais classe média. Classe média esta que apresenta
são: presença e quantidade de alguns itens características socioculturais distintas do que
domiciliares de conforto e grau de escolaridade até então se convencionou denominar de classe
do chefe de família. Esse método atribui pontos média no país. Nesse sentido, trata-se de um
em função de cada característica domiciliar. deslocamento ou movimento demográfico, que, no
Através da soma dos pontos, estabelece- momento presente, consiste, principalmente, na
se uma série de correspondências entres passagem de elementos da classe D para a classe C.
2001

CLASSE ALTA

CLASSE MÉDIA

CLASSE BAIXA

CLASSE 2001 2009 RENDA PER CAPITA

Alta classe alta 4% 4% > R$ 2.489


Baixa classe alta 10% 13% R$ 1.019 – R$ 2.489
Alta classe média 11% 14% R$ 641 – R$ 1.019
Classe média 11% 17% R$ 441 – R$ 641
Baixa classe média 10% 17% R$ 291 – R$ 441
Vulnerável 21% 19% R$ 162 – R$ 291
Pobre 18% 10% R$ 81 – R$ 162
Extremamente pobre 11% 5% < R$ 81,00

2009

CLASSE ALTA

CLASSE MÉDIA

CLASSE BAIXA
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— INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DO CONSUMO O


acesso das classes menos abastadas, ao mundo
do consumo, pode ser entendida também como a
mercantilização dessa classe social, na medida em
que as pessoas que pertencem aos estratos mais
pobres da população constituíram-se em mercado,
ou seja, tornaram-se eles próprios negócio e
mercado, tão expansivo quanto disputado pelas
grandes redes do comércio varejista e também
dos empreendimentos imobiliários. Tudo isso
turbinado pelas redes do sistema financeiro, o
qual colocou as, assim chamadas, classes C e D
no foco das ofertas de mecanismos expansivos,
do crédito fácil, quer seja por via dos cartões
bancários e agências financeiras, quer seja
intermediando a compra de eletrodomésticos,
celulares e outros tantos artefatos eletrônicos,
automóveis, apartamentos, tudo isso em
parcelas a perder de vista (Telles, 2012: 16).
O notável crescimento do mercado de consumo
no país, nos últimos anos, é revelado com maior
pujança nos centros urbanos onde se concentram mapa do consumo no país. Afinal, a nova classe
também os mercados de consumo popular média almeja ter acesso a uma série de padrões
(2012: idem). Se entendemos por classe média de consumo dos quais até então estava excluída.
aquela que tem acesso aos bens de consumo, Esse fenômeno não mais se restringe às regiões
podemos, sim, afirmar que, independente da Sul e Sudeste, sendo cada vez mais expressivo
mercantilização das classes menos favorecidas, em regiões que até pouco tempo encontravam-
apontada no trecho supracitado, existe, sim, se mais distantes do mundo do consumo, tais
uma substantiva ascensão à classe média; se como o Norte e o Nordeste. Região que, segundo
o parâmetro for os mecanismos de acesso às previsões, deve ver o seu consumo crescer
maravilhas da sociedade de consumo, também é quatro vezes mais que o da região Sudeste.
possível afirmar que as classes menos favorecidas
transformaram-se em uma nova classe média. — ALGUNS DADOS SOBRE O NOVO CONSUMO
Todavia, deve-se ressaltar, como assinala a BRASILEIRO Em função desse novo quadro, as
socióloga da USP, Vera da Silva Telles (2012), vendas de produtos e serviços sofisticados vêm
que os novos padrões de consumo dessa nova sofrendo incrementos constantes. Hoje, o Brasil
classe média convivem com o trabalho instável é campeão de vendas em alguns setores, como
e precário (mesmo para os que entram no os de aparelhos de telefonia móvel e televisores
mercado formal de trabalho), com os problemas de tela fina. Em 2011, as vendas de smartphones
de moradia, transporte ruim, serviços sociais de cresceram 179% no país. Quanto às TVs de tela fina,
baixa qualidade (educação e saúde, sobretudo) já respondem a 92% dos 12 milhões de aparelhos
em um cenário urbano recortado por favelas, de TV comercializados por ano no Brasil.
ocupações de terra e extensas áreas de Para além dos eletrônicos, o país já é o quarto
extrema precariedade urbana (idem: 16-17). maior mercado global de automóveis, o terceiro de
O crescimento econômico que vem contribuindo cosméticos e de cerveja e lidera também negócios
para esse redesenho ou inversão da pirâmide como o da produção de gravatas e achocolatados.
social brasileira tem impacto substancial no Em fevereiro de 2012, os carros com motor 1.0
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— A CAMINHO DE MAIS UMA REVOLUÇÃO NO


CONSUMO Alguns, como o chefe de pesquisa
da consultoria norte-americana Trendwatching,
Henry Manson, afirmam que o país passa
hoje por uma revolução no consumo. Essa
mudança é resultado do amadurecimento
correspondiam a 42,6% do total de automóveis da economia brasileira, que decorre, por sua
emplacados; ao passo que, uma década atrás, os vez, da combinação de três fatores, a saber:
veículos populares eram responsáveis por 70% das o crescimento continuado, a redução da
vendas do setor. Ou seja, decresce o percentual desigualdade e a expressiva geração de empregos.
de carros populares no mercado, pois as pessoas Nos próximos anos, espera-se por uma nova
vêm trocando os carros populares por carros revolução no consumo, quando a classe C (que
mais caros. Nesse quadro, destaca-se também até pouco tempo formava a classe D) passará
o setor habitacional, seja para a geração de ao status de classe B. Tal processo deve levar a
empregos, seja para escoamento de boa parte da uma alteração bastante mais intensa do que a
renda da nova classe média. Afinal, os brasileiros primeira ascensão social, a mesma que provocou
destinam 35% de seu orçamento para habitação, o surgimento na nova classe média no país. Nesse
quase o dobro do valor gasto com alimentação. processo de mobilidade social, projeta-se, para
É importante salientar que os brasileiros não um futuro próximo, uma classe A/B composta
estão apenas comprando mais, eles estão, de aproximadamente 30 milhões de pessoas.
sobretudo, gastando com qualidade. A classe
média, responsável por quase 80% do consumo — QUEM GASTA, QUANTO GASTA Segundo os
das famílias, vem trocando carros de motor 1.0 mesmos dados, é possível constatar que, apesar
por veículos mais potentes, frango por carne de a classe B ter mais dinheiro, a classe C está
nobre, óleo de soja por azeite de oliva. Segundo mais disposta a gastar, uma vez que a classe A,
a Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada que detém 23,7% da renda nacional, utiliza para
pelo IBGE, entre 2003 e 2009, o consumo médio consumo apenas 16,2% dessa renda. No mapa do
mensal de carne de primeira aumentou 4,2% consumo brasileiro, a classe B empata com a classe
no país, ao mesmo tempo em que o consumo de C, respondendo por 38% das compras efetuadas
frango caiu 11,8%. A compra de azeite de oliva no país. Enquanto a classe B detém 46,6% da
subiu 13,8% e a de óleo de soja recuou 45,5%, massa salarial, a classe C responde por 26,9%.
mesmo com o preço do azeite equivalendo ao Ou seja, mesmo com salários menores, a
triplo do seu concorrente menos nobre. disposição para gastar é maior entre aqueles que
Em março de 2012, o IBOPE Inteligência divulgou pertencem hoje à classe C. Sendo esta a maior
um prognóstico para a economia brasileira, que parte da população, pode-se imaginar o impacto
indicava que o consumo das famílias iria crescer cada vez mais substantivo de sua participação
13,5% naquele ano, alta comparável à ocorrida na no mundo do consumo, no mercado nacional.
China. Segundo o IBOPE, até o final do ano, os Enquanto isso, na classe B, percebe-se um forte
gastos nacionais deveriam totalizar R$ 1,3 trilhão, investimento em educação, seja com ensino
valor equivalente aos PIBs de Argentina e Suécia. superior, intercâmbios ou cursos de especialização.
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TENDÊNCIAS
COMPORTAMENTAIS
Nova classe média

— perfis das classes sociais no brasil Foram investimento em marketing (em geral muito baixo
identificados padrões de ganhos e gastos para as nessa indústria), entre outros.
classes sociais, conforme definições do PNAD e Contudo, estima-se que os brasileiros passem a
do Critério de Classificação Econômica Brasil. destinar, cada vez mais, parte significativa de sua
Para simplificação do conteúdo, as classes sociais renda para a compra de mobiliário e de artigos para
foram agrupadas de duas em duas e, para cada o lar, com significativo destaque, nesse quadro,
um desses pares, buscou-se identificar os limites para os consumidores da classe C, onde hoje está
mínimos e máximos de renda, bem como algumas inserida mais da metade da população do país.
características de consumo. Além disso, a sessão A região do Noroeste paulista, onde se localiza o
conta com quadros de referências visuais para cada polo moveleiro de Mirassol, que concentra 54,42%
uma das duplas de classes sociais observadas. das indústrias da região, também concentra o
Deve-se ressaltar, entretanto, que tais imagens não maior mercado consumidor do setor. Ali, num raio
esgotam a diversidade sociocultural existente em de aproximadamente 500 km concentram-se 61%
cada uma dessas classes sociais, que estão, elas do consumo nacional de móveis e artigos para o lar.
mesmas, em constante processo de transformação Em 2011, as regiões Norte e Nordeste juntas
devido ao momento por que passa o país, de intenso apresentaram, na média, aumento de 14% no
dinamismo econômico, social e, também, cultural. potencial de compra de móveis, em relação ao ano
Assim, trata-se de uma tentativa de ilustrar anterior. Nos últimos dez anos, o comportamento
algumas da características de cada uma das classes do mercado moveleiro da região Nordeste vem
sociais existentes no país, no que tange aos seus apresentando aumento acima da média nacional,
ganhos e gastos, bem como ao ambiente em que e, há cinco anos, foi a vez de a região Norte figurar,
vivem. também, com números surpreendentes.
As duas regiões já absorvem quase 25% do
— Consumo Por família, o gasto médio com montante de vendas nacional, e há ainda bastante
móveis situa-se entre 1% a 2% da renda. Entretanto, espaço para crescimento, principalmente nos
a demanda por móveis varia de acordo com o nível setores de mobiliário institucional e para hotelaria.
de renda da população e comportamento de alguns Um estudo realizado pelo Intelligence Group
setores da economia, particularmente a construção mostra que, em 2014, as regiões Norte e Nordeste
civil. Outros fatores que impactam a demanda responderão por mais de 30% do potencial de
são as mudanças no estilo de vida da população, compra de móveis, superando as regiões Sul e
os aspectos culturais, o ciclo de reposição, o Centro-Oeste juntas.
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Inclusão via consumo: Essas classes consumidor, passara a ter mais acesso
estão descobrindo o consumo. As marcas a produtos e tratamentos de beleza,
que estiverem atentas a elas e seu novo criando uma tendência à qual as
universo de consumo obterão bom empresas terão que se adaptar.
resultados. Nesse contexto, as classes
menos abastadas passaram a ter o poder Novos papéis, novas famílias: Os papéis
da escolha, porque seu poder de compra sociais dos gêneros já não são mais os
se ampliou. mesmos. Com o crescimento de seus
rendimentos, status e consciência
Identidade e auto-estima: A base da quanto ao que isso lhes confere, as
pirâmide está mais consciente de sua mulheres das classes D e C mostram-
importância na sociedade e tenderá, cada se mais independentes e, por isso, vêm
vez mais, a valorizar suas conquistas, construindo outras relações familiares.
relacionando-as às suas origens, história Isso envolve a estruturação de uma nova
e características específicas. família, menor e com um rendimento
per capita maior.
Acesso e qualidade: Porque seu poder
de compra é maior, a nova classe média Redes de relacionamento, dicas: As
está cada vez mais exigente. Melhor classes mais baixas sempre foram
qualidade de serviço, de produto e mais dependentes de suas redes de
melhor qualidade de vida. Prestar relacionamento pessoais mais íntimas,
O que o brasileiro um bom serviço não é mais um como familiares e vizinhos, tendo
mais compra? diferencial, mas, sim, uma obrigação. As crescido e aprendido a viver juntos em
POF/IBGE;Elaboração: companhias que estiverem aptas a fazer ambientes de natureza colaborativa.
DECOMTEC/FIESP melhor uso da relação custo-benefício Com o apoio das novas tecnologias e da
encontrarão vantagens nesse mercado expansão das redes sociais na internet,
1. armário simples, consumidor. essas classes irão fortalecer e expandir
duplex ou embutido essas redes sociais pré-existentes.
2. conjunto estofado Educação e investimento: Essas classes
3. armário copa e cozinha tornam-se, paulatinamente, conscientes Capilaridade e segmentação: A
4. dormitório completo de que com educação podem elevar seus geografia dos bairros e a diversidade de
(armário, cama, mesinha, etc) padrões de vida. Assim, cada vez mais indivíduos dentro das classes baixas e
5. estante investem em educação, seja para si, seja médias requerem diferentes formatos
6. cama (adulto) para seus filhos. de produtos e distribuição das empresas.
7. mesa e cadeiras (sala) Os canais de venda precisam ter
8. sofá/sofá-cama Juventude e classe C: Jovens dessas grande capilaridade, a fim de atender
9. armário, mesas e cadeiras classes são mais educados, informados as diferentes demandas, em distintos
(copa/cozinha) e economicamente ativos que seus contextos.
10. mesa e cadeiras pais, eventualmente, formando uma
(copa/cozinha) nova geração de consumidores com Tecnologia como investimento: A
novos e distintos hábitos de consumo. O penetração da tecnologia da informação
Brasil de amanhã terá cada vez mais as expande-se vertiginosamente também
características dessa juventude. entre as camadas médias da população,
especialmente entre a juventude. A
Vaidade e beleza como fatores tecnologia é vista como um investimento
de inclusão: Agora, as classes no futuro profissional e como um canal
anteriormente excluídas do mercado de acesso à informação.
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A
ALTA CLASSE ALTA / BAIXA CLASSE ALTA

RENDA – PNAD/IBGE RENDA MÉDIA DETÉM:


Baixa classe alta: R$ 1.019 a R$ 2.489 per capita POR FAMÍLIA
Alta classe alta: acima de R$ 2.480 per capita R$ 8.418-12.926 27,7% dos domicílios
OBSERVAÇÕES SOBRE O CONSUMO %2009 23,7% da massa salarial
× Investimentos financeiros e imobiliários;
× Viagens ao exterior frequentes; 17% 16,2% do consumo
× Pagamentos à vista.
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B
classe média alta / classe média

RENDA – PNAD/IBGE RENDA MÉDIA DETÉM:


Classe média: R$ 441 a R$ 641 per capita POR FAMÍLIA
Classe média alta: R$ 641 a R$ 1.019 per capita R$ 2.565-4.418 24,4% dos domicílios
OBSERVAÇÕES SOBRE O CONSUMO %2009 46,6% da massa salarial
× Boa parte do orçamento para educação;
× Lazer: cinema, teatro, shows; Viagens ao exterior; 17% 38,1% do consumo
× Compra de “mimos”, como televisores
e computadores de última geração;
× Almoços/jantares fora de casa são frequentes.
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C
baxia classe média/vulnerável

RENDA – PNAD/IBGE RENDA MÉDIA DETÉM:


Vulnerável: R$ 162 a R$ 291 per capita POR FAMÍLIA
Baixa classe média: R$ 291 a R$ 441 per capita R$ 1.024 - 1.541 52,4% dos domicílios
OBSERVAÇÕES SOBRE O CONSUMO %2009 26,9% da massa salarial
× Eletrodomésticos modernos em casa;
× Investimento na casa própria; 19% 38,7% do consumo
× Viagens por transporte aéreo para outros Estados;
possibilidade de eventuais viagens para o exterior.
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D
POBRE/EXTREMAMENTE POBRE

RENDA – PNAD/IBGE RENDA MÉDIA DETÉM:


Extremamente pobre: até R$ 81 per capita POR FAMÍLIA
Pobre: R$ 81 a R$ 162 per capita R$ 714- 477 20,6% dos domicílios
OBSERVAÇÕES SOBRE O CONSUMO %2009 2,7% da massa salarial
× Despesas basicamente com alimentação e vestuário.
15% 7% do consumo
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PRINCIPAIS ESTADOS CONSUMIDORES DE MÓVEIS


FONTE: POF/IBGE, 2008

SP
RJ MG

PR RS
BA

SC GO PE CE
Consumo

CONSUMO DE MÓVEIS POR REGIÃO


FONTE: IPC MAPS 2011

R$ 3,2 bi

R$ 8,5 bi

R$ 2,3 bi

R$ 19,6 bi

R$ 7,8 bi
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O QUE O BRASILEIRO MAIS COMPRA?


ármario simples,
duplex ou embutido cama (adulto)

mesa e cadeiras (sala)


conjunto estofado

sofá/sofá-cama
ármario copa e cozinha

armário, mesas e
dormitório completo
cadeiras (copa/cozinha)

mesa e cadeiras
estante (copa/cozinha)

FATORES QUE ESTIMULAM A DEMANDA


POR CONSUMO DE MÓVEIS

construção civil ciclo de reposição dos produtos

aspectos culturais

mudanças no estilo de vida da população

nível de renda da população


investimento em marketing
Consumo
CONSUMO DE MÓVEIS
POR CLASSE SOCIAL
FONTE: IEMI, 2007
NÚMERO DE HABITANTES
CONSUMO DE MÓVEIS

CLASSE CLASSE CLASSE CLASSE CLASSE

A B C D E
CRESCIMENTO DO SETOR MOVELEIRO NACIONAL
15 Produção/
Faturamento*
Consumo*

12

6 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

* milhões de R$
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Análise do mercado
interno brasileiro
Análise da indústria moveleira

— tipologia dos móveis No Brasil, costuma- interno, mas que representa, também, um salto em
se classificar o mobiliário em três tipos, a saber: termos de grande produção e de exportação, setores
doméstico, escritório e institucional. Quanto aos esses onde o país ainda não havia conseguido se
materiais mais utilizados na produção de mobiliário, posicionar de forma competitiva.
em primeiro lugar encontra-se a madeira, em Em 2006, a produção brasileira de móveis foi de
segundo o metal e, em seguida, o plástico. Em torno 10,21 bilhões de reais, com faturamento de 9,22
da produção dos móveis de madeira concentram-se bilhões de reais, e produção de 354 milhões de
91% dos estabelecimentos, 83% do pessoal ocupado e unidades, números que garantem ao país um
72% do valor da produção. lugar no grupo dos maiores produtores mundiais
Os móveis de madeira são ainda segmentados em de mobiliário. Segundo a ABIMÓVEL, os móveis
dois tipos: retilíneos e torneados. Os primeiros residenciais são responsáveis por 60% da produção
apresentam superfícies lisas, formas mais simples, total no setor, enquanto os móveis de escritório
com linhas e ângulos retos, e neles utiliza-se respondem por 25% e os móveis institucionais,
com mais frequência aglomerados e painéis de para escolas, consultórios médicos, hospitais,
compensado. Já os segundos costumam reunir restaurantes, hotéis e similares abarcam 15% .
detalhes mais sofisticados de acabamento, Nos últimos anos, tem contribuído de forma
misturando formas retas e curvilíneas, com decisiva para o aumento do consumo de mobiliário
utilização de forma mais expressiva, em madeira o significativo desenvolvimento da indústria de
maciça, seja ela de lei ou de reflorestamento. construção civil, impulsionado pelo aumento do
poder de compra de classes sociais até pouco tempo
— Características da produção Nos ainda excluídas do mundo do consumo, e, também,
últimos anos, o setor moveleiro brasileiro tem as políticas de incentivo aos créditos financeiro e
experimentado um intenso desenvolvimento imobiliário.
devido, em grande parte, aos avanços tecnológicos A indústria de fabricação de móveis tem crescido
ocorridos de forma mais significativa desde meados não só em número de estabelecimentos industriais,
da década de 1990, mas, também, à redução de mas, também, em termos de trabalhadores
impostos inflacionários e ao expressivo incremento empregados pela atividade. Dentro do setor, cresceu
do consumo no país. de forma mais expressiva o número de empresas
Nos dias de hoje, a produtividade de alguns setores de micro e pequeno porte. Segundo dados da
já se aproxima dos níveis internacionais, o que tem Relação Anual de Informações Sociais – RAIS
favorecido não somente a produção para mercado do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, a
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indústria de fabricação de móveis é composta por


14.657 unidades industriais, que empregam em
torno de 225.610 trabalhadores. Desse número, 97,5%
são de micro e pequeno porte, ou seja, com até 99
funcionários; 2,3% são de médio porte, empregando
de 100 a 499 funcionários, e 0,2% de grande
porte (contando com mais de 500 funcionários).
Entretanto, as empresas de grande porte respondem
por 27% da produção, as médias por 39% e as micro e
pequenas empresas por 34% (PIA/IBGE, 2006).
A partir desses números pode-se perceber que o
setor é composto sobretudo de pequenas e médias
empresas, que, entretanto, não respondem pela
maior parte da produção. Dessa forma, nota-se
que a indústria de fabricação de móveis no Brasil é
bastante segmentada, o que ocorre principalmente
porque não existem muitas indústrias empresas de uma mesma localidade, que
especializadas na produção de partes, componentes concentra um número expressivo de empresas, as
e produtos semiacabados. Esse hiato contribui para transformações são amplificadas, transformando
o aumento da verticalização da produção doméstica essa concentração empresarial em um dinâmico
e a elevação dos custos industriais, o que, por sua arranjo produtivo local (APL). O governo, junto do
vez, tem impacto direto no preço final dos produtos. SEBRAE, possui um programa de apoio para o
Além disso, nota-se uma grande informalidade fortalecimento das APL’s.
no país e no setor, na medida em que são fracas
as barreiras de entrada produtiva de tecnologia e — Polos Produtivos Os principais polos
investimento, o que compromete a eficiência na produtivos da indústria moveleira encontram-se
cadeia industrial. Como o processo produtivo é espalhados pelo país, com maior concentração nas
bastante fragmentado, a modernização e a inovação regiões Sul e Sudeste, que, todavia, apresentam
não ocorrem de forma equilibrada entre o setor, características bastante heterogêneas. Situados
mas, sim, de forma descontínua, atingindo apenas nessas duas regiões, os estados de São Paulo, Rio
partes dele. Dessa forma, em algumas fábricas, Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná respondem
percebe-se a coexistência de maquinário de última por cerca de 82% da produção nacional, sendo 42% da
geração com equipamentos obsoletos. produção situada em São Paulo e 18% no Rio Grande
Mesmo com a verticalização produtiva, do Sul (Abrimóvel).
recentemente, muitas empresas têm adotado Dessa forma, o estado de São Paulo concentra o
estratégias que modificam a sua estrutura maior número de estabelecimentos da indústria
organizacional, visando flexibilizar a produção, moveleira (3.384), o que corresponde a 21% do total
reduzir custos e criar novas capacitações técnicas de estabelecimentos no país. Esse estado também
e comunicativas. Dentre as mais significativas reúne o maior número de trabalhadores ocupados
mudanças organizacionais destacam-se o na indústria (55.717), o corresponde a 24,7% do total
aprofundamento das relações de subcontratação, nacional.
o que permite às empresas concentrar-se em De acordo comr relatório da FIESP, no ano de 2007,
suas atividades centrais, e o desenvolvimento de o rendimento médio nos empregos ocupados na
ações coletivas de caráter cooperativo, seja com indústria moveleira brasileira foi de 778,6 reais. Em
fornecedores, ou com clientes, concorrentes e/ São Paulo, esse valor subia para 946,10 reais; no Rio
ou instituições de apoio. Quando estas inovações Grande do Sul, 878,4 reais; em Minas Gerais, 649,4
organizacionais são introduzidas por diversas reais; e em Santa Catarina, 732,6.
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— Tecnologia Em termos de materiais, percebe-


se a substituição das madeiras nativas, o que ocorre
muito em função de restrições de caráter ecológico.
Assim, as madeiras nativas vêm sendo substituídas
tanto pelas madeiras reflorestadas, como o pínus e
o eucalipto, como pelas chapas e painéis de madeira
reconstituída (MDF, aglomerados, OLP).
Vale ressaltar que, em grande parte dos móveis, é
utilizada uma combinação de chapas com madeiras
maciças, visando melhoria da qualidade e redução
dos custos. Além disso, percebe-se uma crescente
utilização de outros materiais combinados com a
madeira, tais como os metais, vidro, couros, plásticos
e pedras.
Em relação ao padrão tecnológico das máquinas
e equipamentos utilizados por essa indústria,
nos últimos anos, verifica-se uma significativa
substituição da base eletromecânica pela aumento das exportações totais, que passaram de
microeletrônica, o que vem permitindo maior um montante de 20 milhões de dólares, em 1991,
aproveitamento de materiais, maior flexibilidade para aproximadamente 910 milhões de dólares, em
na produção e, consequentemente, maior qualidade 2006, demonstrando o potencial de mercado que o
dos produtos. Apesar de essa indústria utilizar país pode explorar se adotar programas de fomento
mão-de-obra intensiva, as inovações tecnológicas e estímulos às exportações de móveis.
têm contribuído para a redução do seu uso, Em busca desse tipo de desenvolvimento, tem se
principalmente nos segmentos que podem ser estabelecido consórcios de exportação, tais como o
transformados em processos contínuos, como no Conex Furniture Brazil, de Arapongas, que reúne
caso da produção de móveis retilíneos seriados. cerca de 15 empresas; centrais de compras, como
a criada pela ABIMAD; centrais de serviços; de
— Exportação Cada vez mais, o Brasil vendas no mercado interno; entre outras.
tem se inserido no mercado global, através de Conforme a ABIMOVEL, a maior parte das
uma crescente exploração de suas vantagens exportações nacionais, no ano de 2005, foi para os
competitivas, como, por exemplo, a difusão de Estados Unidos da América, seguido por França,
matérias-primas reflorestáveis para a fabricação Reino Unido, Argentina e Alemanha. Somente os
de móveis. Nesse sentido, o principal segmento norte-americanos compraram mais de 390 milhões
exportador da indústria brasileira já se aproxima de dólares em móveis brasileiros.
do modelo dos móveis padronizados de pínus, com A Alemanha é o país que mais exporta móveis
indústrias que dominam todas as etapas do processo para o Brasil. De janeiro a agosto de 2006, esse país
de fabricação dos móveis. foi responsável por 24% do volume de importações
O uso de madeiras reflorestadas vem mostrando-se brasileiras no setor.
uma estratégia alternativa às restrições ambientais Santa Catarina é o estado brasileiro que mais
impostas à exploração da madeira nativa, que exporta móveis, com um total de 356,7 milhões de
tendem a aumentar cada vez mais. Essa estratégia dólares em 2006, o que correspondia, naquele ano,
de substituição das matérias-primas também a 39,1% do total exportado. Entretanto, mesmo que
impacta positivamente na qualidade do produto os planos e as condições favoráveis para exportação
final, no aumento da produtividade e na possível venham aumentando nos últimos anos, em 2006,
redução do preço final ao consumidor. mais de 80% dos móveis produzidos no país foram
Essa, entre outras medidas, vem refletindo no direcionados para o mercado interno.
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PRINCIPAIS ESTADOS BRASILEIROS


EM NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS
MOVELEIROS
FONTE: PIA/IBGE, 2007

SÃO PAULO RIO GRANDE


DO SUL

21, 10% 15, 20%

PARANÁ MINAS SANTA


GERAIS CATARINA

13, 60% 13, 50% 12, 50%

DEMAIS ESTADOS

24, 10%
Distribuição da produção
CONCENTRAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS
MOVELEIROS PELOS ESTADOS Empresa líder com capacitação média.
FONTE: MOVERGS / IEMI (BRASIL MÓVEIS 2011) PMEs intensivas em mão-de-obra.
Móveis residenciais de padrão médio: retilíneos
de painéis, torneados e estofados.

Empresas líderes com elevada capacitação produtiva.


PMEs em setores intensivos em mão-de-obra.
Móveis residenciais e de escritório populares:
metálicos, retilíneos e torneados.

Estrutura Heterogênea: (1) móveis seriados: grandes


empresas com alta tecnologia; (2) móveis sob
encomenda: PMEs estrutura artesanal; (3) móveis de
escritório: elevada complexidade produtiva.
(a) Móveis residenciais populares: retilíneos de
painéis e sob encomenda; (b) Móveis de alto
padrão: sob encomenda; Móveis de escritório.

Empresas líderes com capacitação média.


PMEs intensivas em mão-de-obra.
Dormitórios: retilíneos de painéis e torneados.
Ubá
NÚMERO DE PMEs buscam ações conjuntas.
Mirassol Grande Linhares
São Paulo Móveis residenciais de padrão médio: retilíneos
EMPRESAS:
e torneados de madeira maciça.
> 3000 Arapongas Votuporanga
Empresas líders com capacitação média.
São Bento do Sul
1001-3000 PMEs com tecnologia inferior
Bento Gonçalves Móveis populares: estofados e retilíneos de painéis
101-1000
Empresas líderes exportadoras com elevada
21-100 capacitação produtiva, mas ausência de design próprio.
PMEs, subcontratadas das grandes empresas.
< 21
Móveis residenciais para exportação: torneados
de madeira maciça (pinus)
PRINCIPAIS POLOS

Maior capacitação tecnológica e de design do país


Cozinhas e dormitórios de alto padrão: retilíneos
de painéis e metálicos

RENDIMENTO MÉDIO NOS EMPREGOS, 2007 PRODUÇÃO POR POLOS, 2010


FONTE: FIESP FONTE: MOVERGS / IEMI (BRASIL MÓVEIS 2011)

BENTO GONÇALVES 30%

SÃO PAULO INTERIOR 15%


MÉDIA BRASILEIRA R$ 779,60
ARAPONGAS 14%
SÃO PAULO R$ 946,10
GRANDE SÃO PAULO 12%
RIO GRANDE DO SUL R$ 878,40
UBÁ 10%
PARANÁ R$ 754,80
CURITIBA 7%
MINAS GERAIS R$ 649,40
SÃO BENTO DO SUL 4%
SANTA CATARINA R$ 732,60
LINHARES 4%

GRANDE BELO HORIZONTE 2%

LAGOA VERMELHA 1%
Estruturação da Indústria
COMPOSIÇÃO DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NO PAÍS

GRANDE

MÉDIA

MICRO E PEQUENA

DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO
NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS PESSOAL OCUPADO NACIONAL DE MÓVEIS POR PORTE
DA EMPRESA

ESTRUTURA DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL

PRODUÇÃO SEGMENTADA
barreiras de investimento
fracas

coexistência de equipamentos verticalização da produção


indústrias não-especializadas de última geração com obsoletos

barreira de tecnologia baixa eficiência comprometida aumento do custo

modernização desequilibrada modernização desequilibrada alta informalidade


Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

aumento das CRESCIMENTO


grande produção DESDE OS ANOS 1990
sub-contratações

exportação

maior especialização
da fabricação
aumento do consumo
de mobiliário
avanço tecnológico a
partir dos anos 1990

formação dos APL’s

redução dos impostos aquecimento da indústria


inflacionários de construção civil

fortalecimento das
chances de sobreviência
e crescimento
aumento do consumo
nacional
políticas de incentivo a créditos
financeiro e imobiliário

maior articulação entre as


empresas, sejam produtoras,
fornecedoras, prestadoras de
serviços ou comercializadoras

aumento do poder
desenvolvimento do
aquisitivo das classes C/D
setor moveleiro
Tendências 102 | 103

DISTRIBUIÇÃO DO FATURAMENTO NOS SETORES DA INDÚSTRIA MOVELEIRA


FONTE: ABIMÓVEL

RESIDENCIAL CORPORATIVO INSTITUCIONAL

EVOLUÇÃO DO VOLUME DE PRODUÇÃO NACIONAL DE MADEIRAS INDUSTRIALIZADAS


FONTE: ABIPA

milhões
de m3
2
Aglomerado

1,5

MDF
1

Chapas
0,5 de fibra

0
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

CLASSIFICAÇÃO DOS MÓVEIS DE MADEIRA


superfícies lisas, formas
mais simples, com retas
e ângulos retos

retilíneos

maior frequência de aglomerados


e painéis de compensado

PRODUÇÃO DE MÓVEIS
DE ACORDO COM SEU MATERIAL
FONTE: BNDES

OUTROS*
* INCLUI MÓVEIS DE
PLÁSTICO E ARTEFATOS DE
MOBILIÁRIO COMO
METAL COLCHOARIA E PERSIANAS

MADEIRA

detalhes mais sofisticados


acabamento, mistura de
formas retas e curvilíneas

torneados

maior frequência de
madeira maciça, seja ela de
lei ou de reflorestamento
Florestas plantadas no Brasil

Total: 4,982 *

EUCALIPTO 2,964 * PINUS 1,769 * OUTRAS 249 *

* EM MILHÕES DE HECTARES
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

substituição da base procura de alternativas


eletromecânica pela às madeiras ativas pelo
microeletrônica apelo sustentável

mistura de madeira com outros


materiais (metais, vidro, couros,
combinação de chapas com plásticos e pedras)
madeiras maciças, aproveitando
as vantagens de cada uma

madeiras reflorestadas,
elevação do padrão
em geral, pinus ou
de qualidade
eucalipto

valorização
do produto aproveitamento
de materiais

redução do uso da mão de obra


intensiva, em especial, na produção flexibilidade
de móveis retilíneos seriados na produção

TENDÊNCIAS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA,


REFERENTE AO USO DE TECNOLOGIA
Exportações
PRINCIPAIS PAÍSES IMPORTADORES DE MÓVEIS BRASILEIROS, 2007
FONTE: ALICEWEB/MDIC

> US$25.000.000,0
US$10.000.000,00 – US$25.000.000,00
US$5.000.000,00 – US$10.000.000,00
US$1.000.000,00 – US$5.000.000,00
US$500.000,00 – US$1.000.000,00

EXPORTAÇÕES DO SETOR MOVELEIRO POR ESTADOS, 2005


FONTE: ABIMÓVEL
SANTA CATARINA
US$ 433.338.634

RIO GRANDE DO SUL


US$ 270.442.545

US$ 87.427.269
US$ 91.731.990

US$ 68.256.572
SÃO PAULO
PARANÁ

MINAS GERAIS
US$ 11.190.400
BAHIA
ESPÍRITO SANTO
US$ 6.425.973

CEARÁ
US$ 4.429.587

400
600
800
1000
DE US$
MILHÕES

MARANHÃO
US$ 3.987.663

PARÁ
US$ 3.308.094

GOIÁS
US$ 2.988.023

RIO DE JANEIRO
US$ 2.527.747

MATO GROSSO DO SUL


Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

US$ 1.442.428
FONTE: ABIMÓVEL

PERNAMBUCO
US$ 1.044.608

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006


OUTROS
US$ 993.655

ACRE
US$ 2.588
EXPORTAÇÕES DO SETOR MOVELEIRO
Importações
PRINCIPAIS PAÍSES EXPORTADORES DE MÓVEIS PARA O BRASIL, 2007
FONTE: ALICEWEB/MDIC

> US$100.000.000,0
US$50.000.000,00 – US$100.000.000,00
US$25.000.000,00 – US$50.000.000,00
US$10.000.000,00 – US$25.000.000,00
US$1.000.000,00 – US$10.000.000,00

DESTINO DA PRODUÇÃO, 2006


FONTE: FIESP

MERCADO EXTERNO MERCADO INTERNO


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CRESCIMENTO DO SETOR MOVELEIRO NACIONAL

1000
Exportação*

800 Balança
comercial*

600

400

200
Importação*

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

*EM MILHÕES US$


FONTE: ABIMÓVEL
110 | 111

Análise do mercado
moveleiro
Análise do mercado de referência

— análise do mercado de referência


O mercado de referência para mobiliário e
decoração brasileiros diversifica-se através de
— MERCADO DE móveis Percebe-se no mercado revistas especializadas, encartes de lojas do
de móveis brasileiro uma diversidade de peças ramo, publicações em jornais e programas de TV.
- desde as muito conservadoras até algumas Percebe-se, de maneira genérica, que existem
mais contemporâneas e com maior grau de algumas fontes para os públicos que procuram
inovação. Dentre essas últimas, há propostas com informação sobre o assunto e outras que alcançam
uma grande amplitude de preço, atendendo a também o público que não a procura, porém é
diferentes classes sociais. influenciado indiretamente, assistindo a novelas
No gráfico, o mercado de móveis brasileiro foi ou lendo um encarte do jornal, por exemplo.
organizado de acordo com o quanto inovador/
conservador é considerado. Ao cruzar tal × Encartes
informação com os preços dos produtos, foram Aqui estão reunidos encartes promocionais
identificados alguns nichos de mercado. Em distribuídos nas próprias lojas. Portanto, trata-
verde, estão destacados os perfis de consumidores se de referências para o consumidor que já
e, em amarelo, o tipo de mobiliário que, está na loja, com possível intenção de compra.
respectivamente, consomem. Percebe-se ainda Assim, percebemos como uma variedade de lojas
que o público mais conservador, de modo geral, apresenta-se ao cliente.
busca por qualidade e utilidade nos móveis,
enquanto o público mais inovador prioriza a sua × Jornal
aparência e estilo. Nos jornais, encontram-se diferentes tipos de
Dessa forma, o gráfico identifica seis principais referência para o mobiliário, como encartes
grupos de mercado, que serão desenvolvidos nas específicos de Decoração e encartes de lojas
pranchas a seguir. Além de abordar a tipologia diversas, que, às vezes, chegam a constituir
dos móveis e as características dos usuários, reúne suplementos em forma de revistas. É importante
informações sobre a comercialização dessas peças ressaltar que, por integrarem o jornal, alcançam
e sobre as possíveis fontes de referência para os diferentes públicos, não apenas aquele interessado
perfis de consumidores. no assunto.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

× Revistas Especializadas
Percebe-se uma variedade de revistas
especializadas em decoração, sendo cada uma
delas direcionada a um público específico.
Identifica-se, portanto, três grupos de
consumidores:
Revistas classe A/B+, R$ 15,00 - 30,00
Revistas classe A-/B, R$ 10,00 - 15,00
Revistas classe B-/C, R$ 4,00 - 10,00

× Tv, Programas de Decoração


A maior parte dos programas brasileiros, voltados
para o tema decoração, são produzidos para a
TV a cabo, em sua maioria exibidos no Canal
GNT. Há ainda, em um canal de TV aberta, na
TV Globo, um quadro de um programa chamado
Lar Doce Lar, no qual o designer Marcelo
Rosembaum propõe novas soluções para as casas
visitadas.
Alguns exemplos:
A Casa Brasileira, com Alberto Renault, no Gnt
Lar Doce Lar, com Marcelo Rosenbaum, na Tv
Globo
Santa Ajuda, no Gnt
Decora Brasil, no Gnt

× Tv, Novelas e Seriados


Assistir a novelas faz parte da rotina de muitos
brasileiros e, desse modo, os cenários exibidos são
referência de decoração para esse público.
112 | 113

Mobiliário tradicional
Classe A+Conservador Média de preços percebida
Mesa de jantar: R$ 4.000,00 - 7.000,00
Cadeira: R$ 750,00 - 1.500,00
Sofá R$ 4.000,00 - 10.000,00

TIPOLOGIA DE MÓVEIS MERCADO DE REFERÊNCIAS


Percebe-se um mobiliário tradicional, sendo mais Tal público também absorve referências de filmes e
comuns móveis torneados de madeira maciça, com televisão e, eventualmente, das principais revistas
proporções largas e sofás robustos, por exemplo. de decoração do mercado. No entanto, não está
interessado em atualizar sua casa para estar na moda.
COMERCIALIZAÇÃO
Tais produtos podem ser encontrados em lojas, em PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS
geral, pequenas ou médias, porém, de alto luxo, como: Possui alto poder aquisitivo, porém, com gosto
Rosa Kochen, Velha Bahia, Secrets de Famille. tradicional, preferindo móveis com qualidade e
Pagamentos à vista funcionalidade. Dessa forma, procuram peças de
madeira maciça e, preferencialmente, uma boa
madeira. É também comum a utilização de vidro e
mármores em mesas.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

Design assinado
clASSE A + Tendência

TIPOLOGIA DE MÓVEIS chegam a preços bem mais elevados que a média dos
Produtos concebidos por designers renomados, que produtos A+.
costumam ter alto preço. Muitos possuem formas
orgânicas ou possuem alguma referência humorística. MERCADO DE REFERÊNCIAS
A assinatura parece elevar intensamente os preços. As principais fontes para consulta sobre esse tipo de
Além da madeira, é comum encontrarmos objetos de mobiliário reúnem revistas como Casa Cláudia e Casa
plástico ou acrílico. Vogue, além de referências de filmes e televisão. É
comum ainda a consulta a arquitetos ou designers de
COMERCIALIZAÇÃO interiores para decorar a casa.
Tais produtos podem ser encontrados em lojas como:
Way Design, Novo Ambiente, Artefacto, Dpot. PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS
É comum tais lojas estarem reunidas em shoppings, Esse público possui alto poder aquisitivo, podendo se
muitas vezes especificamente voltados para permitir gastar com móveis. São pessoas que estão
decoração. Também em lojas de museus que ligadas às tendências e se preocupam em ter uma
possuem alguns itens de mobiliário, como a Novo casa sempre como vitrine de si, de seu estilo de vida.
Desenho, do MAM-RJ; e os ateliers dos próprios
designers. É difícil perceber uma média de preços,
pois, devido à assinatura de Designers, alguns móveis
114 | 115

Mobiliário tradicional
Classe B/c+Conservador Média de preços percebida
Mesa de jantar + Cadeiras: R$ 1.500,00 - 3.000,00
Cadeira: R$ 100,00 - 500,00
Sofá R$ 1.500,00 - 3.000,00
Guarda-roupa: R$ 1.500,00 - 5.000,00

TIPOLOGIA DE MÓVEIS para ter como referência. Ainda assim, absorvem o que
A maior parte dos móveis é feita em madeira maciça, é exibido em novelas, filmes ou por encartes de jornal.
por ser entendida como sinônimo de qualidade
e durabilidade. As mais comuns são o pinus e o PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS
eucalipto reflorestados. Percebe-se, de modo geral, Os que compõem a classe média conservadora, ao
proporções largas e um pequeno desenvolvimento da comprar um móvel, procuram qualidade e utilidade.
forma. Dentre os estofados, são mais comuns formas Por isso, é comum o interesse sobre o material do
robustas. Nas mesas, é frequente o uso de vidros. produto, quanto vai durar, ou quantas gavetas possui,
por exemplo. Porém, essas pessoas não possuem
COMERCIALIZAÇÃO o capital que o grupo anteriormente exibido possui.
Lojas pequenas de bairro; Meu Móvel de Madeira; Assim, procuram soluções mais acessíveis, sendo
e grandes lojas como Etna e Tok & Stok, que, por comum encontrá-las em móveis de pinus ou eucalipto,
oferecerem uma ampla variedade de produtos, por exemplo. É importante observar que, para alguns
também alcançam o público mais conservador. itens de mobiliário, esses usuários tendem a ser mais
conservadores. Ao comprar um guarda-roupa, por
MERCADO DE REFERÊNCIAS exemplo, eles procuram algo que irá durar muito,
Por ser um público considerado mais conservador, enquanto, ao comprar um sofá, o aspecto mais
muitas vezes não costuma recorrer a fontes específicas importante seja o estético.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

Design acessível
classe média Média de preços percebida
Mesa de jantar: R$ 700,00 - 2.000,00
Cadeira: R$ 250,00 - 750,00
Sofá R$ 1.00,00 - 5.000,00

TIPOLOGIA DE MÓVEIS PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS


Utilizam principalmente matérias-primas como o MDF, Formado por pessoas de classe média, esse grupo busca
MDP, pinus e eucalipto, tendo, por isso, qualidade um também seguir tendências, o que está na moda, o que é
pouco duvidosa. O desenho dos móveis utiliza linhas moderno, porém, com orçamento limitado.
mais secas e cleans, originando formas que pensam Percebe-se, portanto, uma preocupação primária com a
melhor os tamanhos atuais de um apartamento urbano. aparência do móvel. No entanto, é importante ressaltar
que o mesmo público que procura um sofá moderno,
COMERCIALIZAÇÃO por exemplo, pode ser mais conservador ao querer um
Propostas como a Tok & Stok, Etna e Meu Móvel de armário, já que os valores mudam em função do item
Madeira, que conseguem oferecer também produtos buscado do mobiliário.
com um maior grau de diferenciação.

MERCADO DE REFERÊNCIAS
Revistas como Casa Cláudia e Casa & Jardim; Jornal;
Filmes e televisão.
116 | 117

Mobiliário Popular
Classe c Média de preços percebida
Mesa de jantar + Cadeiras: R$ 500,00 - 1.000,00
Guarda-roupa: R$ 300,00 - 1.500,00
Sofá R$ 300,00 - 1.500,00

TIPOLOGIA DE MÓVEIS MERCADO DE REFERÊNCIAS


A maioria dos móveis é fabricada em MDP com O público é fortemente influenciado pelo o que é
revestimentos plásticos, sendo comum a aplicação de exibido na televisão, especialmente em novelas. Existe,
verniz alto brilho. Nos estofados é interessante perceber ainda, um mercado crescente de publicações voltadas
a utilização de formas robustas e proporções largas, para esse público. Pode-se perceber a influência
baseadas provavelmente em móveis de referência para através das publicidades das próprias lojas que os
classe A, os quais, porém, não consideram as reais comercializam.
medidas das moradias desse grupo.
É importante ressaltar, também, o setor de mobiliário PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS
institucional e de escritório, que, além do MDP com Ainda que com orçamento limitado, o público
revestimentos plásticos, utiliza aço para fabricação de consumidor da classe C investe cada vez mais em
armários e arquivos; e plástico, metal, espuma e tecido decorar sua casa. Isso reflete o desejo por um novo
para fabricação de assentos. estilo de vida, estilo esse divulgado pelas novelas, por
programas de TV e revistas. Por esse motivo, apreciam
COMERCIALIZAÇÃO as proporções largas dos estofados e o verniz de
Grandes lojas/fabricantes como: Casas Bahia, mesas e cadeiras, por exemplo.
Magazine Luiza, Ponto Frio, Móveis Bartira, Móveis
Itatiaia; Casa & Vídeo.
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Gambiarras
Vendas de usados +
ECONÔMICOS CRIATIVOS

TIPOLOGIA DE MÓVEIS médio, já que ele vária de preços muitos altos até
Existe ainda uma prática paralela ao mercado valores muito baixos ou até mesmo de graça.
tradicional, que envolve a venda de móveis de
segunda mão. De modo geral, trata-se de móveis de MERCADO DE REFERÊNCIAS
boa qualidade e durabilidade. É importante observar, Percebe-se, nos últimos anos, uma forte tendência
também, outro aspecto cultural que, na verdade, de ítens vintage, originária de uma macro-tendência
substitui o comércio de móveis: a interferência do internacional sobre tudo o que envolve o romântico e
usuário. A gambiarra reflete a criatividade do brasileiro o nostálgico. Por isso, se observa a absorção desses
e a sua capacidade de com o material que lhe estiver móveis pela indústria de referência, sendo comum
disponível, conseguir realizar o que precisa. vermos, em capas de revista e cenários de televisão.

COMERCIALIZAÇÃO PÚBLICO-ALVO E USO DOS MÓVEIS


Formas de comércio como brechós, feiras de praça, Tal público aprecia a qualidade e o estilo dos móveis
antiquários e, mais recentemente, sites de venda online, antigos e, principalmente, valoriza o fato de conseguir
sendo notável, de modo geral, o caráter altamente isso por um baixo preço. Com a tendência vintage, é
informal desse setor. Percebe-se, inclusive, a prática possível perceber ainda a associação desse público com
de trocas e empréstimos de móveis dentro de círculos pessoas que estão ligadas à moda e ao bom gosto em
de família e amigos. Não é possível verificar o preço geral.
— Nesta parte, estão reunidos diversos trabalhos de designers brasileiros.
Os produtos foram agrupados de acordo com alguns tópicos, os quais po-
dem referir-se tanto ao material utilizado, quanto a características formais,
produtivas ou mesmo conceitual. A partir desse panorama, pretende-se pro-
porcionar uma multifacetada da identidade do design nacional.
120 | 121

madeira
A madeira constitui a principal matéria-prima para fabricação 1. Sergio Rodrigues, Poltrona Chifruda
de móveis no Brasil, quer seja madeira maciça ou painéis 2. Alfio Lisi, Banco Abaporu
reconstituídos. Em geral, associada à sofisticação, a madeira 3. Sergio Fahrer - Orro & Christensen,
possui um toque que considerado insubstituível. Mesa de Centro Tapajós
4. Jorge Zalzupin, Mesa Pétalas
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metal
Ainda que o metal seja o segundo material mais utilizado pela 1. Bernardo Senna, Cadeira Azteca
indústria moveleira, percebe-se ainda uma pequena exploração 2. Índio da Costa, Metais Sanitários para Fabrimar
desse por parte de designers brasileiros e do setor de referência de 3. Studio Zanini
mobiliário. 4. Índio da Costa, Puxadores para Papaiz
122 | 123

plÁSTICO
O plástico também é um material pouco explorado pelo Design 1. Bernardo Senna
brasileiro para a criação de mobiliário. De modo geral, o plástico 2. Nada se Leva, Banco Arab
é associado a objetos contemporâneos, agregando a esses certo 3. Studio Zanini, Cadeira Bambino
grau de jovialidade e humor. 4. Nada Se Leva, Mesa de Apoio da Linha Ligero
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couro bovino
O couro é um material tradicionalmente usado no desenvolvimento 1. Paulo Mendes da Rosa, Cadeira Paulistana
de móveis no Brasil. Seu uso é geralmente associado à sofisticação e 2. Carlos Motta
qualidade, sendo um item bem cobiçado, embora sua utilização seja
cada vez mais criticada por ambientalistas. É necessário destacar,
também, a importância do setor pecuário para a economia brasileira
e, especialmente, para a economia do Acre. Tal prática, no entanto, é
um dos principais agentes de desmatamento da região Amazônica.
124 | 125

alternativas ao

couro bovino
A borracha extraída da seringueira é uma matéria-prima típica 1. Pedro Santoro Franco, Poltrona Supernova de Látex
do Acre, podendo ser utilizada naturalmente como látex, ou com Lycra
processada como couro vegetal, processo esse no qual adquire 2. Acessório da Osklen, Couro de Peixe
características que o assemelham ao couro animal. Seu principal
problema , no entanto, é durabilidade limitada, uma vez que o
látex não é um material estável.
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fibras naturais
Impulsionada pelo consumo sustentável, criou-se, recentemente, 1. Jader Almeida
uma tendência de valorização do uso de fibras naturais no mercado
brasileiro. Antes restritos ao mobiliário de jardins e piscinas, as
fibras ganharam o design contemporâneo. Com isso, vivencia-se
um período de investigações e descobertas do potencial desses
materiais.
126 | 127

bambu
O bambu é um material que possui excelente resistência. Sua 1. Marko Brajovic, Banco Peque, feito com lâminas de
principal vantagem relacionada à sustentabilidade é o fato de bambu e resina de mamona
crescer muito rápido e que, sendo ratado, pode ter uma boa 2. Lucio Kanonenko Bambu
durabilidade. Além do bambu usado em sua forma natural,
pode-se ainda transformá-lo em lâmina, o que permite inúmeras
possibilidades construtivas e formais.
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MISTURA DE

MATERIAIS
Misturar diferentes materiais em um mesmo produto tem sido 1. Nó Design, Cadeira Simbiose
uma estratégia crescente do design brasileiro. O principal objetivo é 2. Flavia Pagotti Silva, Banco Bate Papo, utiliza uma
agregar-lhe valor, muitas vezes por um baixo custo, pois é comum borracha de câmara de pneu no assento, possibilitando
unirem-se materiais nobres e tradicionais a materiais alternativos. a sua flexibilidade
Além disso, tal abordagem permite explorar e potencializar as 3. No Design, Cadeira Cubo
vantagens de cada um dos materiais. 4. Pedro Useche, Banco Flexus
128 | 129

marchetaria
A marchetaria é a técnica de ornamentar a superfície da madeira 1. Muira Design , Aparador Muira
com pedaços ou folhas de madeiras de cores diferentes ou 2. Muira Design, Mesa Muira
mesmo com outros materiais. É interessante para o projeto
avaliar a possibilidade de serem utilizados resíduos das indústrias
madeireiras no desenvolvimento de novas peças.
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mistura de

madeiras
A simples mistura de madeiras em tons diferentes também é uma 1. Maurizio Azevedo, Mesa Menor
técnica com um excelente resultado visual. 2. Claudia Moreira Salles, Mesa de Centro Reverso
130 | 131

reaproveitamento
Aqui, são reunidos produtos que, de alguma forma, reaproveitam 1. Rona Silva, Banco Cabelo
materiais diversos. É possível perceber a criatividade do brasileiro 2. Studio Moobil
e a sua capacidade de transformação expressas através desses 3. Mauricio Arruda, utiliza engrados de plástico
móveis, nos quais é utilizado o que comumente é considerado lixo, como gavetas
transformando-o em matéria-prima para novos objetos. 4. Studio Zanini
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MISTURA COMO

conceito
A diversidade é uma das principais características da cultura 1. Irmãos Campana, Cadeira Favela
brasileira. A miscigenação étnica reflete-se na mistura de 2. Irmãos Campana, Sushi
materiais e cores e na criatividade de composições improvisadas
e imprevisíveis. A adoção da mistura como conceito participa do
repertório artístico brasileiro desde a Semana de Arte Moderna
de 1922, onde se formulou a ideia de cultura brasileira como
naturalmente antropofágica.
132 | 133

misturas de

cores tropicais
A mistura faz-se especialmente presente nas cores, tornando- 1. Pedro Useche, Mesa Carambola, baseada no
se impossível pensar em uma paleta saturada e diversa sem se reaproveitamento de embalagem circular de papelão
pensar em Brasil. Tal combinação origina-se na paisagem natural 2. Alfio Lisi, Poltrona Bonfim
nacional e é apropriada pela Arte, pela cultura popular e, por fim,
pelo Design.
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técnicas

artesanais
Atualmente, cada vez mais designers unem-se a grupos de artesãos 1. Domingos Totora, papelão reciclado
para desenvolver projetos. Em geral, esses designers utilizam- 2. Renato Imbroisi
se das técnicas já dominadas por determinado grupo para o
desenvolvimento de um produto que possa ser inserido no mercado
com novo posicionamento de valor.
134 | 135

madeira bruta
Alguns designers brasileiros exploraram a madeira em seu modo 1. Hugo França
mais bruto, conciliando a função do mobiliário a sua forma natural. 2. Carlos Motta, Asturias Chair
3. Hugo França
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

formas orgÂnicas
A busca por referências oriundas da natureza revela-se frequentemente 1. Sergio Rodrigues
em desenhos orgânicos. As curvas sinuosas podem tanto serem mais 2. Porfirio Valladares
fechadas, remetendo à tradição francesa, ou, como em peças mais
contemporâneas, serem bem abertas. Podem, ainda, não serem tão
sinuosas, conciliando curvas e retas, remetendo ao Design Nórdico.
Um traçado orgânico, que se expressa através das curvas, é marca
distintiva dos grandes nomes do Design Moderno Brasileiro.
136 | 137

confortável, convidativo

estofado
O brasileiro é também conhecido pela sua hospitalidade, a qual 1. Marcus Ferreira, Poltrona Carbono
remete ao conceito de acolher e abraçar, refletido em formas 2. Irmãos Campana, Sofá Boa
moles, flexíveis, confortáveis. 3. Lina Bo Bardi, Bardi’s Bowl
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

rede
A rede é um tradicional suporte de descanso para o brasileiro. De 1. Hélio Oiticica, Cosmococas
origem indígena, ela foi rapidamente absorvida pelos colonizadores. 2. Ernesto Neto
Hoje, é comumente utilizada por pescadores e caminhoneiros, para
dormir, e pode ser encontrada em casas de todas as classes sociais.
Sua simplicidade é o fator mais interessante desse produto, que se
estrutura ao ser pendurado em um suporte pré-existente. Percebem-
se adaptações populares e apropriações pela Arte e Design.
138 | 139

leveza
Outro aspecto relacionado ao design é pensar não apenas no 1. Michel Arnoult, Poltrona Policano
transporte, mas também na redução do gasto de materiais, 2. Móveis Z, Loja que produzia móveis de compensado
desenvolvendo objetos que sejam leves e flexíveis. Constituem laminado com lona,nos anos 50
produtos, portanto, com uma estrutura mínima e que utilizam
tecidos e cordas substituindo placas de madeira, metal ou plástico.
É interessante a conexão entre a rede de dormir e os móveis
elaborados sob esse paradigma.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

colapsável
Para que um projeto seja sustentável, é essencial pensar em como ele 1. Habto Design, Modulo Arco
será transportado. Quanto mais leve e menos espaço ocupar, menos 2. Carlos Motta, Cadeira São Paulo
combustível e menos viagens serão necessárias para o transporte da 3. Nó Design, Cadeira Tangran
mercadoria. Visando a esse propósito, surgem inúmeras iniciativas,
tais como os produtos colapsáveis, os quais são transportados
dobrados, ou ainda, desmontados. Nesse caso, podem até transferir
a função de montá-lo para o próprio usuário.
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retas
Ainda que simples, um móvel de ângulos retos, quando bem 1. Camila Fix, Estante Xis
desenhados, pode ser um grande sucesso. Além de possuir um
custo de produção baixo, é claro.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

fun design
O bom-humor é também uma característica intrínseca ao 1. No Design, Mesa Elos
brasileiro. Desse modo, brincadeira não poderia ficar de fora do 2. Cláudio Brandão, Cinzeiro Ploft, De Silicone
design. 3. Luminária Água-Viva
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Mobiliário
institucional
Hotéis, bares, restaurantes, lojas e lazer

— Segundo estatísticas do Portal Remade, — HOTELARIA Em função dos grandes eventos


embora cerca de 15% do faturamento do setor esportivos que o Brasil sediará nos próximos
moveleiro no Brasil seja oriundo da venda de anos, como a Copa do Mundo de Futebol (2014)
móveis institucionais, não é fácil quantificar e os Jogos Olímpicos (2016), de todos os eventos
esse mercado, uma vez que seus fabricantes intermediários que a eles estão associados, e do
fornecem produtos tanto para o mercado de consequente impulso dado ao turismo, o setor
móveis residenciais quanto para o de móveis de hoteleiro encontra-se em franco crescimento.
escritório. Dessa forma, existe a possibilidade dos Há, hoje em dia, tanto investimento na construção
dados estarem duplicados, pois, para atender a de novos hotéis, quanto na adequação da rede
uma determinada demanda, o fornecedor pode hoteleira existente às demandas e padronizações
produzir alguns itens e adquirir o restante de internacionais contemporâneas, bem como o
outros fornecedores, o que implicaria a duplicação surgimento de uma série de iniciativas de menor
dos valores. porte, tais como hotéis, albergues e turismo
É sabido que o setor de móveis escolares domiciliar, modalidade que consiste na oferta de
está sujeito às normatizações nacionais e hospedagem em residências particulares.
internacionais que regulam sua produção e seu Assim, há uma demanda crescente por
uso, sendo muito funcionais e sensíveis ao preço. mobiliário para hotelaria e um forte investimento
Assim também ocorre com o setor de saúde, o nesse setor, demanda essa que atinge todo o
qual impõe padrões rígidos para a sua confecção, território nacional, com prioridade para os locais
embora busque preços mais acessíveis. Quanto que sediarão os principais eventos. Só no Rio
aos setores de hotéis e restaurantes, buscam de Janeiro, cidade-sede dos Jogos Olímpicos,
grande variedade de móveis e frequentemente, está prevista a construção de 20 novos hotéis,
compram de acordo com seus próprios desenhos. apenas na Zona Oeste da cidade. Até 2016, serão
O mercado de móveis de lazer é bastante construídos cerca de oito mil novos leitos, o que
abrangente, incluindo-se bancos de estádios e não garante o suprimento da demanda estimada.
poltronas de teatro. As áreas públicas, por sua Nesse contexto, a indústria moveleira encontra
vez, exigem móveis que estejam rigorosamente imensas oportunidades, as quais já se refletiram,
de acordo com as normas e padrões de segurança inclusive, na última edição da Expo Rio Móbile
e funcionalidade. Nesse setor, os compradores (www.exporiomobile.com.br, de 14 a 18 de
exigem certificados de acordo com padrões agosto de 2012, no Rio Centro). Pela primeira
estabelecidos como parte dos contratos. vez, esse evento convidou as indústrias desse
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— LOJAS E LAZER Segundo relatório recente


da empresa de consultoria e auditoria
PriceWaterhouseCoopers, a indústria brasileira
de entretenimento cresceu 15,3% em 2010, fazendo
com que o país tivesse o maior crescimento
percentual desse mercado no mundo. De acordo
segmento a participar da exposição. Naquela com esse estudo, o país deve continuar a crescer
ocasião, os empresários do ramo hoteleiro a taxas acima de 10% nos próximos 5 anos, o que
tiveram oportunidade de negociar diretamente é uma excelente notícia para o setor, visto que o
com os fabricantes de móveis. A feira deve atrair produto interno bruto (PIB), dificilmente crescerá
um público de 15 mil visitantes, entre lojistas e no mesmo ritmo.
empresários do setor hoteleiro. Para isso, serão Esse crescimento encontra reflexos também no
convidadas cerca de 10 mil empresas do setor Acre, que, em novembro de 2011, ganhou o seu
moveleiro e alta decoração e 20 mil empresas do primeiro shopping Center, reflexo do contínuo
ramo hoteleiro. desenvolvimento econômico da capital do
Estado, Rio Branco, que reúne quase metade
— BARES E RESTAURANTES Assim como o setor da população acreana. O Via Verde Shopping
hoteleiro, o setor de bares e restaurantes vem recebeu investimentos da ordem de 150 milhões
crescendo de forma significativa, no Brasil. de reais e, ao gerar 2.200 empregos diretos,
Segundo o presidente da Associação Brasileira passou a ser o maior empregador privado do
de Bares e Restaurantes (ABRASEL), Joaquim Acre. O valor investido era o mesmo previsto
Saraiva, estima-se que o setor crescerá, em inicialmente em vendas para o primeiro ano
2012, 5% em relação ao ano anterior. As boas de operação do shopping Center. Entretanto, a
expectativas no setor, que hoje emprega seis estimativa foi elevada para 200 milhões de reais,
milhões de pessoas, vão além do bom momento após o desempenho no primeiro mês, quando
da economia do país, e se pautam no aumento o público foi de 400 mil pessoas, número bem
do gasto do brasileiro com alimentação fora do acima do esperado. No primeiro mês de atividade,
lar. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia o faturamento foi de 10 milhões de reais.
e Estatística (IBGE), hoje, em média, o brasileiro Com 138 lojas e um hipermercado, o Via Verde
gasta 25% da renda para comer fora, mas esse é um shopping térreo instalado em uma área de
valor deve chegar a 30% até o fim de 2012, de 120 mil metros quadrados, localizado em uma
acordo com estimativas da ABRASEL. Dessa área ainda pouco explorada da capital acreana,
forma, em breve o Brasil atingirá os padrões cercada de vegetação e terrenos inabitados.
norte-americanos, onde os habitantes chegam Para a instalação do shopping nessa localidade,
a comprometer 50% de sua renda mensal com o governo responsabilizou-se pela criação de
alimentação fora de casa. infraestrutura no entorno do estabelecimento, tal
como vias de acesso e rede de esgoto.
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Mobiliário
corporativo
Escritórios

— O segmento de móveis de escritório de novas ocupações. As soluções atualmente


participa com cerca de 20% do faturamento total disponíveis no mercado, no entanto, revelam-se
do setor moveleiro no Brasil. Tradicionalmente, pouco adequadas ao novo cenário, o que ocorre
a especialização da produção é grande, ou seja, tanto pelo conservadorismo da indústria, quanto
há poucas linhas de produtos numa mesma pela mentalidade de compra, baseada no menor
unidade industrial, como ocorre em empresas preço sem conhecimento de critérios de qualidade.
especializadas na produção de cadeiras giratórias Estudos revelam que o ambiente de trabalho é
por exemplo. Entretanto, para atender um um fator extremamente influente na qualidade
mercado corporativo muito exigente, a tendência de trabalho da equipe. Dentre os motivos estão
atual é a de que empresas desse setor forneçam o aumento da rotatividade, do absenteísmo, das
a seus clientes a “solução completa”, ou seja, a greves e das doenças ocupacionais. Por esses
linha completa de produtos para escritório, o que motivos, surgem novos esforços para desenvolver
vem implicando o aumento da terceirização da projetos que se adéquem às necessidades dos
produção, especialmente de estruturas metálicas e usuários, considerando aspectos ergonômicos de
peças plásticas. Destaca-se, ainda, a preocupação forma a contribuir para sua saúde e consequente
das empresas do setor com a qualidade e os produtividade no trabalho.
serviços pós-venda, devido ao mercado de grandes Outra grande e atual exigência do mobiliário
clientes em que atuam. de escritórios é a flexibilidade de composição,
A maior complexidade dos processos produtivos o qual deve estar preparado para uma eventual
desse segmento – marcenaria, metalurgia, expansão, redução ou remanejamento de equipes.
tapeçaria, injeção de poliuretano, acabamento – O mobiliário precisa, ainda, interagir com
exclui a presença de micro e pequenas empresas. instalações como cabeamento elétrico, de dados, de
Além disso, no segmento de móveis de escritório telefonia e de condicionamento de ar.
feitos sob encomenda, as empresas também Percebe-se também uma tendência de
executam a instalação dos móveis, o que dificulta substituição das tradicionais estações em “L”.
ainda mais a presença de pequenas empresas no Uma alternativa existente são as plataformas
setor. De modo geral, os fabricantes desse setor são tipo “mesões”, indicadas para permitir conforto
de grande porte e internacionalizados. em ambientes com alta densidade de ocupação.
Nas últimas décadas, as estruturas de trabalho e Esse tipo de mesa proporciona grande facilidade
das empresas sofreram grandes mudanças, como de trocas entre os funcionários, é adequado às
o desenvolvimento tecnológico e o surgimento novas tecnologias de informática, demonstrando
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Análise tipológica do Design brasileiro

Mobiliário
outdoor
Varandas, jardins e quintais

que a escolha do mobiliário deve considerar as


particularidades de cada espaço. Se pensarmos,
por outro lado, em um call center, no qual a função
básica é falar ao telefone, as estações de tamanho
reduzido com painéis laterais e frontais para — Entende-se por mobiliário para
absorver os ruídos são as mais indicadas. outdoor, os móveis desenvolvidos
Sob um ponto de vista mais inovador, surgem especialmente para serem utilizados em
possibilidades que desconstroem o escritório ambientes como: varandas de apartamento,
tradicional, propondo um ambiente mais varandas de casa, jardins e quintais, ao redor da
aconchegante e acolhedor, que traga afetividade piscina e churrasqueira. Devido às interferências
para o mundo dos negócios. Com esse objetivo, climáticas, percebe-se uma restrição do mercado
muitas empresas têm contratado arquitetos e ao emprego de materiais como madeiras, fibras
designers, seguindo uma tendência iniciada por (naturais e sintéticas), plástico e alumínio.
famosos escritórios como da Google ou da IDEO. Existe, ainda assim, uma tradição brasileira de
De um modo geral, essas empresas mostraram que móveis feitos em fibras naturais, tais como o
não é preciso estar preso a uma mesa e cadeira vime e o bambu, as quais, no entanto, vêm sendo
para o trabalho ser sério. Pelo contrário, e é isso substituídas por fibras sintéticas.
que interessou aos empresários, a produtividade A fibra sintética, juntamente com o alumínio,
aumenta ao oferecer-se bem-estar ao funcionário. são os materiais mais utilizados atualmente
Nesse sentido, vê-se a criação de espaços de devido à maior durabilidade e ao menor
trabalho colaborativos, onde as pessoas podem custo. Algumas madeiras, especialmente após
não só fazer uma reunião rápida ou mais formal, tratamento adequado, também são bastante
mas também trabalhar utilizando tecnologias resistentes às ações do tempo. Para os estofados,
de redes sem fio, saindo um pouco da estação de o mais adequado é utilizar tecidos produzidos
trabalho para sentar em uma poltrona ou sofá 100% em poliéster, que, além de receber
mais confortável, perto de um café. De modo geral, tratamento antimofo e serem impermeabilizados,
a criatividade e a diversidade são as principais não desbotam facilmente, ou perdem a sua
características desses novos modelos de escritório. uniformidade.
— A pesquisa de tendências utilizada no presente projeto inicia-se por definir
determinadas áreas de referência. O objetivo dessa definição é tentar identifi-
car as mudanças em relação ao consumo dos móveis em termos formais (for-
mas, cores e materiais) e funcionais (usos e costumes). Por esse motivo, esse capÍ-
tulo é dividido em diferentes áreas, buscando captar as tendências globais que
possam influenciar no futuro desenvolvimento de linhas de móveis.
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Tendências
globais
Tendências socioculturais

— A análise de tendências A análise de época em que os jeans não eram usados senão por
tendências é parte das estratégias de pesquisa cowboys e por trabalhadores braçais.
em design. É uma atividade que ocorre A capacidade de captar os “pequenos sinais” pode
geralmente antes do projeto e pode também ser ser adquirida a partir de anos de treinamento e de
desenvolvida sem um objetivo específico, senão um bom conhecimento do que já existe. Aquilo
aquele de manter-se atualizado sobre inovações que guia um bom designer e o torna capaz de
socioculturais, tecnológicas e formais. fazer pesquisa de tendências é a “curiosidade”;
Existem diversos escritórios de design que curiosidade por pessoas, pela sociedade e pelas
se ocupam exclusivamente da pesquisa de pequenas mudanças.
tendências. Entre os mais famosos encontram-se Os termos usados neste contexto são variados.A
o Trednwatching.com e o Future Concept Lab. seguir são apresentados alguns deles:
Esses escritórios trabalham com uma rede de × Hot Spot: lugar que concentra grande quantidade
pessoas de diversas partes do mundo, as quais de pequenos sinais de mudança;
captam pequenas mudanças nos estilos de vida e × Antennas: pessoas que pertencem à rede de
costumes da sociedade. Depois de recolherem uma pesquisadores internacionais;
série de estímulos e informações, essas agências × Zoomers: designers que ativamente estão
são capazes de criar hipóteses sobre para onde está pesquisando sinais;
caminhando o mundo e constroem estórias através × Trendwatching: pesquisa de novas tendências;
das quais narram essas mudanças para empresas × Viral Marketing: publicidade viral (trend
e para outros interessados no desenvolvimento de spamming);
novos produtos. × Early Adopters: pessoas que são os primeiros
As mudanças assim captadas podem variar de agentes de mudança;
simples modificações nos acessórios a variações × Horizon Scanning: pesquisa de cenários futuros;
mais complexas no âmbito sociológico. Os casos × Stimoli Scouting: pesquisa de sinais fracos
levantados nessa atividade são chamados “sinais (difusos);
fracos (difusos)”. Assim são chamados porque são × Impact Analysis: análise das consequências
pequenos sinais de mudança que acontecem antes relacionadas a uma tendência;
de ser uma criada uma tendência reconhecida × Fad: uma tendência temporária, que pertence
globalmente. Como exemplo disso, podemos citar somente a um pequeno grupo de pessoas ou a um
uma pequena comunidade de pessoas que decide período histórico preciso e limitado no tempo;
vestir jeans além do ambiente de trabalho, em uma × Craze: tendência temporária observada em uma
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais

única pessoa. de referência e para procurar ideias inovadoras.


As tendências são divididas em dois tipos: Portanto, o objetivo do designer não é o de prever o
× Macro Trend: mudanças em grande escala futuro, mas de recolher estímulos para o projeto.
(nacionais ou globais), que estão relacionadas a Para melhor diferenciação desses conceitos, serão
questões demográficas, políticas, econômicas, apresentadas algumas afirmações de estudiosos
sociais e culturais. que definem esta distinção:
× Micro Trend: mudanças ligadas às esferas Segundo Martyn Evans (2003)
socioculturais, tecnológicas e funcionais. “Future Studies and Strategic Planning are
No presente trabalho, nos concentraremos no disciplines finalized to orienteering and controlling the
segundo tipo, isto é, nas Micro tendências. future.
Muitos são os estudos desenvolvidos nessa área. Futurology – the buzzword used to describe activities
A seguir apresentam-se alguns pensamentos associated with predictions of the future – provides
de pesquisadores que teorizaram sobre esse notions of the way the future will (or could) be. Its use
fenômeno: does bring with it a level of skepticism and doubt. The
Definição de tendência segundo Martyn Evans notion of the forecasting of events yet to happen, and the
(2003, 2005): manner in which these supposed events are delivered,
“A general direction in which something is developing leads observers to display misgivings.” 2
or changing. Lindgren & Bandhold (2003) consider Segundo Woudhuysen (1992):
a trend to be something that represents a deeper ‘When you are in the futurology business there are
change than a fad. A trend by definition is has already three problems that you run into. First of all, you’re
begun – its existence implies that it already has an wrong. Second of all, you get the timing wrong even
inclination. A trend is spotted rather than created when you’re right. And third of all, when you’re right
(Cornish 2004). This can lead to the situation of ‘self- you’re never believed.’ 3
fulfilling prophesy’ where the act of identifying a trend A principal diferença entre estas duas atividades,
confirms its existence and thus reinforces its direction futurologia e pesquisa de tendências, é a de que,
or tendency.”1 no primeiro caso, o objetivo é prever o futuro, e
A pesquisa de tendências pode ser confundida com no segundo é o de prefigurar o futuro. Assim,
“Futurologia”. É importante diferenciar essas duas enquanto os primeiros procuram prever aquilo
áreas para não se perder no processo projetual. que acontecerá, os segundos buscam ler o presente
A pesquisa de tendências é uma atividade muito para propor um futuro diverso. Os designers fazem
concreta e, quando executada por um designer, essa atividade através da construção dos chamados
mantém sempre como objetivo final o projeto. O “cenários” e “visões”. Dos cenários será tratado no
designer desenvolve a pesquisa de tendências para próximo capítulo.
estimular intuições, para sair do próprio mundo

1 Uma direção geral na qual alguma coisa está desenvolvendo ou mudando. Lindgren & Bandhold (2003) considera que uma tendência é algo que
representa uma mudança mais profunda do que uma moda passageira. Por definição, uma tendência já teve início - a sua existência implica que
já tem uma inclinação. A tendência é avistada em vez de ser criada (Cornish, 2004). Isso pode levar à situação de “profecia autorrealizável”, onde o
ato de identificar uma tendência confirma sua existência e, portanto, reforça a sua direção ou tendência (tradução própria).
2 Estudos do futuro e Planejamento Estratégico são disciplinas que possuem a finalidade de orientar e controlar o futuro. Futurologia - a palavra-
chave usada para descrever as atividades associadas com previsões do futuro - oferece noções de como o futuro será (ou poderia ser). Seu uso traz
consigo um nível de ceticismo e dúvida. A noção de previsão de eventos ainda está para acontecer, e a maneira pela qual esses supostos eventos são
entregues, leva os observadores a exibir dúvidas.
3 Quando se está no negócio de futurologia, há três problemas que podem ser encontrados: antes de tudo, há a possibilidade de se estar errado;
segundo, de estar-se no tempo errado mesmo quando se está certo; terceiro, quando se está certo e ninguém acredita em você.
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ECO-Tech

BAMBU
A utilização do bambu ao natural apresenta, como principal problema, o fato de o mesmo 1. Flax 1500 - David Trubridge
ser imediatamente associado com um material “étnico” e não elegante. Para móveis de 2. Chair Jun Zi, Dragonfly
exterior tem-se preferido o “rattan” ao invés do bambu, porque esse é mais fino e de fácil Design Center - Jeff, Dayu
trabalhabilidade. Existem muitos e diferentes tipos de bambu, mas o mobiliário que alcança Shi
maior sucesso nas cidades é aquele fabricado com o laminado de bambu e não com a planta
inteira. O bambu não laminado pode funcionar em contextos exóticos quando utilizado para
decorar hotéis e restaurantes para turistas, ou pode ser proposto para casas muito grandes
com uma decoração eclética/étnica. Outra possibilidade de uso são os produtos de edição
limitada, que deixam o material ao natural e o transformam em uma obra de arte de design.
Quando assim utilizado, corre o perigo de cair no étnico, caso não se tenha a capacidade de
trabalhar e laminar muito bem o material. Por outro lado, aspecto positivo da utilização do
bambu é, seguramente, o valor ecológico do material e a sua leveza.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais

Memórias de madeira

MADEIRA RECUPERADA
Na área do mobiliário ecológico, existem diversos tipos de estratégias que se podem 1. Poltrona slide -
encontrar na subdivisão dos 3R: Reduzir, Reciclar e Reusar. Reduzir significa usar a menor Controprogetto
quantidade possível de material e, portanto, menor quantidade de componentes e,
quando possível, todos do mesmo material ou que sejam facilmente separáveis. Nesse
contexto, privilegiam-se encaixes mecânicos com colas ecológicas. Reciclar significa pegar
um produto velho, processar seu material para poder utilizá-lo de outras formas como,
por exemplo, transformar as garrafas de plástico em pulôver. Reusar significa reutilizar
material ou objetos velhos, sem processá-los, para criar novos produtos, que podem
ter uma segunda vida. Essas três estratégias podem também ser aplicadas no setor
moveleiro e, recentemente, a estética dos produtos oriundos desses processos tem sido
muito apreciada pelo público, precisamente por causa das imperfeições e das memórias
estéticas que neles permanecem.
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Simplicidade nórdica

MADEIRA CLARA
Jovens casais europeus não costumam investir muito dinheiro na decoração de suas 1. Frida - Edoardo Fioravanti
próprias casas. Casam-se muito tarde e, até esse momento, vivem como solteiros em 2. CLEN Tam 02 - Emmanuel
casas simples, nas quais reina um único móvel: IKEA. Por que esse varejista obteve Gallina
tanto sucesso junto a esse nicho de consumo? Primeiramente, por causa do preço.
Não resta dúvida de que seu preço é acessível a todos. (No Brasil, a empresa Tok&Stok
copiou o modelo IKEA na concepção e confecção de móveis, porém com custos e preços
muito mais elevados.) O outro ponto forte de IKEA é o ser design escandinavo: simples,
essencial e sem decorações. Linhas retas, formas básicas, modelos que não têm um
caráter forte, mas que tornam o ambiente um lugar asséptico, limpo. Esses produtos
são, por assim dizer, básicos, sendo adquiridos tal como quando se compram roupas
“básicas”. Esses móveis devem ser unidos a móveis “com caráter” para que se possa
transformar o ambiente em um lugar interessante para se viver.
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Essência e integridade

MADEIRA AO NATURAL
Os móveis para o grande consumo não são fabricados com madeira maciça. Para esses 1. Briccole Venezia -
são preferidas soluções com placas de derivados de madeira (aglomerado, compensado Hardwood table, Riva 1920
multilaminado, MDF), porque custam menos e possuem um peso menor para transporte. - Matteo Thun
A madeira maciça é utilizada para a fabricação de móveis mais importantes e de maior
preço, uma vez que esses móveis são criados a partir da melhor parte da árvore. Portanto,
no uso de madeira maciça há a necessidade de se focar no mercado de luxo e, às vezes,
também em edições limitadas, quando se tratar de móveis com detalhes especiais.
Geralmente, esses móveis são peças importantes e a família decide investir em um só destes
elementos para dar caráter a casa. As casas que possuem a presença desses móveis são,
geralmente, tradicionais ou ecléticas, ou seja, que optam por ambientes onde se misturam
estilos para mostrar que os moradores viajaram o mundo e apreciam o artesanato local. O
importante, no caso de fabricantes e comerciantes, é não restringir-se ao produto “étnico”.
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Leveza brasileira

CADEIRA ESPAGUETE
A cadeira espaguete é um móvel histórico do Design Italiano. No Brasil, esse tipo de móvel 1. Sedia Tropicalia, Moroso -
é muito difundido e talvez, pouco valorizado em seu poder estético.Alguns produtos, Patricia Urquiola
dos que se encontram habitualmente em todas as varandas brasileiras, poderiam ter
sucesso imediato no mercado internacional. A linguagem presente na cadeira espaguete
é lúdica, divertida, podendo ser adquirida a um preço razoável. Considerar-se a hipótese
de uma valorização deste produto como a de uma série de outros móveis e elementos de
decoração, poderia ser uma estratégia para o Brasil.
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Eclético com classe

FIBRAS, TECIDOS E CORES


O mundo do móvel “étnico” de qualidade vem crescendo com novas linguagens. Na Itália, 1. Tappeto Mangas, Gan -
em particular, algumas empresas estão investindo forte na procura de novos estímulos e Patricia Urquiola
fazem isso observando a estética de povos longínquos tais como os da Índia,da África e
da Ásia. Alguns designers têm sabido transformar técnicas, cores e materiais em produtos
que criam um diálogo entre duas culturas. Por um lado, absorvem a técnica, os materiais
e as cores dos países longínquos; por outro criam formas adaptadas ao mercado europeu.
Esses produtos vêm obtendo sucesso e estão mudando o cenário da casa típica italiana,
tornando-a um lugar elegante e multiétcnico (mas, jamais, étnico).
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Perfume de leite de coco

EXTERIOR
O móvel para exterior é, seguramente, um setor muito atual. Em muitas feiras 1. Titikaka, B&B Italia - Naoto
internacionais foram dedicados espaços inteiros para este tipo de móvel, diferenciando-o Fukasawa
dos demais e posicionando-o no setor de luxo. Nas empresas, o setor de móveis de
exterior é separado dos de outros produtos, possuindo catálogos exclusivos, à parte,
visando a contactá-lo diretamente com um mercado distinto e especializado.
Os móveis de exterior podem ser subdivididos em duas macro categorias: os móveis de
pequenas dimensões para uso doméstico e os sistemas de móveis para grandes espaços,
esses geralmente presentes em hotéis, restaurantes ou lugares de lazer e relaxamento.
Com o aumento dos lugares projetados para o bem estar, esses móveis adquirem uma
ampla possibilidade no mundo do mobiliário para hotéis ou negócios (contract), em
especial para o mercado de luxo.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Tendências globais

Experiência inesquecível

VAREJO E CANAIS DE VENDA


Atualmente, a terminologia utilizada em lugar de varejo é a de um Sistema Produto: 1. Vitra Showroom
combinação de diversos fatores somados a fim de criar uma oferta para o cliente, sendo 2. Established&Sons
eles o produto, comunicação, serviço e distribuição.
O varejo já não se mostra mais suficiente para atrair os próprios clientes, é necessário
oferecer mais experiência e serviço. Um exemplo interessante no mundo do mobiliário é
LAGO,uma empresa italiana que pensou em criar os Apartamentos LAGO que, mobiliados
inteiramente com seus produtos, permite que neles durmam jovens designers. Estratégia
similar foi aplicada também pela empresa espanhola Camper (sapatos), que abriu um
restaurante e um hotel em Barcelona para promover o estilo deles (“caminhar - não
correr”). Enfim, o espaço físico criado para tal fim é importante, porém torna-se mais
importante a experiência que se pode viver no interior deste espaço.
ESTU
DE CA
UDOS
ASOS
— Essa parte analisa projetos que, no passado, trabalharam segundo a pro-
posta adotada hoje pelo projeto Acre: cooperação, sustentabilidade social e
identidade brasileira. Os casos tomados em consideração são projetos inter-
nacionais no âmbito do setor moveleiro e dos acessórios.
O objetivo desta pesquisa é promover a aprendizagem a partir da análise de
boas e más práticas observadas nos estudos de caso. Esses casos auxiliam-nos
na compreensão de diversos fatores para o sucesso de um projeto, tais como:
maneiras possíveis de posicionar um produto no mercado, quais são os canais
corretos para que isso ocorra e o tempo necessário para o desenvolvimento
do mesmo.
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And - art nature design


And (E) - Arte, Natureza, Design

2005 Insight
ONDE Ainda não se podem medir os resultados sobre
Holanda e Uganda o território e sobre a rede internacional, mas
PROMOTOR consequências do projeto sobre a população local
René Malcorps (iniciou o projeto como estudante do foram sintetizadas em:
mestrado “Homem e Humanidade” da Academia de × aumento do emprego direto;
Design de Eindhoven, o qual terminou em 2006) × aumento da renda direta;
PMI × melhoria da qualidade de vida,
Tecido Bark Uganda (empresa com 16 funcionários -14 × transferência de conhecimento e capacidade;
mulheres e 2 homens) × sustentabilidade ambiental.
APOIO
Negócios em Desenvolvimento - BiD Desafio 2006
PARCEIROS LOCAIS
Mulheres na liderança (Women in
leadership)
OUTRAS PARCERIAS
Projeto Holandês de Desenvolvimento (DDiD),
designer Noor Wentholt + Gemeente Eindhoven +
Econcept
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Em 2005, René Malcorps, então Malcorps teve a iniciativa de estabelecer um


estudante da Academia de Design de Eindhoven, grupo multidisciplinar, do qual participava um
dirigiu-se à Uganda para desenvolver o projeto especialista em marketing da Universidade de
de dissertação do mestrado em “Homem e Rotterdam e a Design Holandês em
Humanidade”. Ali, René Malcorps ficou fascinado Desenvolvimento (Dutch Design in Development
por um material típico do local, muito interessante -DDID), visando poder produzir uma linha
por suas características ecológicas. de produtos de faixa mais baixa, mas com um
Esse material pertence a uma antiga tradição mercado alvo específico: brindes para empresas de
produtiva africana, que utiliza a casca das árvores alto valor ecológico e social.
sem desmatar o terreno. As árvores são tratadas e,a Hoje, René Malcorps coordena uma empresa com
cada ano, reconstituem uma nova casca usada para parceiros de projeto, de produção e de distribuição
a produção de um atraente tecido vegetal. René em Uganda e na Holanda, dando vida a uma rede
Malcorps percebeu que a população local quase internacional direcionada pelo design.
havia abandonado por completo esta tradição, por
não ter desenvolvido novos conceitos de produto
interessantes para o mercado.
Decidiu, portanto, desenvolver novas ideias de
produtos para um mercado internacional em
colaboração com outros 16 designers holandeses.
No entanto, embora estes produtos fossem
interessantes do ponto de vista da concepção, eram
muito difíceis de serem produzidos e necessitavam
de uma ampla e direcionada rede de distribuição, a
qual René Malcorps não tinha ainda constituído.
Desta forma, depois de algumas tentativas, René

tradição +
mulheres artesãs +
materiais renováveis sustentabilidade social

AND sustentabilidade
ART ambiental
NATURE
DESIGN
sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
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At Home
Em Casa

2005 Insight
ONDE × os produtos realizados não encontraram ainda um
Índia e Holanda mercado real, o que deu lugar a frustrações, seja da
PROMOTOR parte dos designers, quanto dos artesãos que não viram
Academia de Design de Eindhoven + Dastkar New um retorno econômico do projeto;
Delhi 11 estudantes do mestrado intitulado “Homem e × os estudantes ficaram emperrados às dificuldades
Humanidade” da Academia de Design de Eindhoven dos projetos, no qual estavam envolvidos atores de
PMI culturas diferentes. Durante o projeto discutiram sobre
Artesãos indianos da região de Kutch o significado,objetivos e modalidade de colaboração
APOIO dos mesmos;
ICCO (organização entre igrejas) + Embaixada do Reino × sem uma rede de distribuição planejada, os projetos
dos Países Baixos da Índia permanecem como experimentações interessantes,
PARCEIROS LOCAIS mas não levaram valor econômico ao território.
Dastkar + Khamir/CRC
OUTRAS PARCERIAS
Intercâmbio de Executivos Jovens (EYE) + Instituto
Nacional de Moda e Tecnologia de Nova Delhi (NIFT)
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O projeto aconteceu no um tipo de material e possuíam capacidades


segundo trimestre do mestrado em “Homem e produtivas diferentes. Depois, retornaram a Delhi
Humanidade”. Em dezembro de 2005, 11 estudantes para desenvolver os primeiros conceitos, o que
da Academia de Design de Eindhoven realizaram ocorreu sem a participação dos artesãos.
uma atividade preliminar de pesquisa sobre Os estudantes dividiram-se em grupos e ,através
a cultura indiana e, especificamente, sobre a de uma primeira atividade de brainstorming,
região de Kutch. A pesquisa preliminar foi feita, desenvolveram os primeiros conceitos. O processo
principalmente, através da internet e de livros de desenvolvimento dos conceitos durou um dia e
disponíveis na Holanda. Os estudantes também foi finalizado com a seleção dos melhores conceitos.
assistiram a aulas sobre a cultura indiana e Alguns estudantes continuaram a trabalhar em
visitaram uma empresa holandesa interessada em Delhi , no centro urbano, visitando os artesãos nos
produzir na Índia. Essa empresa, posteriormente, vilarejos para verificar o trabalho. Outros, como
retirou-se do projeto. Em janeiro, os estudantes Audrey Samson e Matthis Vogels decidiram viver
partiram para a Índia e, durante os três primeiros com os artesãos por cinco semanas para poderem
dias, permaneceram em Delhi, onde encontraram o melhor interagir e colaborar com eles. Os conceitos
parceiro local e assistiram a aulas sobre artesanato elaborados com a ausência dos artesãos sofreram
e cultura indiana. Destkar ajudou-os a conhecer numerosas mudanças e, em alguns casos, foram
o mercado local, o sistema de distribuição e os completamente perdidos. Cada grupo de estudantes
problemas sociais dos artesãos através de visitas e desenvolveu suas próprias técnicas e ferramentas
lições. Khamir ,parceiro responsável pela relação de colaboração com os artesãos.
com os artesãos indianos, apresentou-lhes os Ao fim das cinco semanas de projeto e da
artesãos e, através de visitas e lições, mostrou- realização dos protótipos, os produtos foram
lhes as condições sociais, o patrimônio material apresentados em uma mostra na cidade de Delhi,
e cultural da região. Os estudantes visitaram os onde participaram todos os atores envolvidos no
artesãos e constataram que cada artesão trabalhava projeto.

treinamento +
turismo +
interação sustentabilidade social

AT sustentabilidade
HOME ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
164 | 165

Crear Artesanía
Crear Artesanato - A Ideia Apropriada

2003 – 2008 Insight


ONDE × o projeto CREAR ARTESANIA (Criar Artesanato)
Itália – Espanha foi baseado no desenvolvimento de uma coleção “de
PROMOTOR Navarra”, no qual foram envolvidos designers, artesãos
Município de Pamplona Escritório Integral de Vinaccia, e micro empresas locais, dando vida a um projeto
Rebeca Arrarás (RBK Design e Comunicação), IRD / piloto que pode também ser replicado em outros
Iosu Rada Diseño, Fernando Muñoz, Alicia Otaegui territórios e setores produtivos;
PMI × a metodologia dos irmãos Vinaccia pode ser replicada
Artesãos espanhóis da região de Navarra, Espanha em outros contextos.

APOIO
Município de Pamplona cofinanciado pelo Programa
URBAN com fundos FEDER da União Européia
PARCEIROS LOCAIS
Centro Europeu de Empresas e Inovação de Navarra
(CEIN SA), Ajuntamento de Pamplona - Área de
Comércio e Turismo
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O projeto foi coordenado pelos a relação entre artesanato e design na região de
irmãos Giulio & Valerio Vinaccia, milaneses por Navarra. A partir dos elementos de referência da
adoção, especialistas neste método de pesquisa cultura religiosa local supracitada, elaboraram
muito praticada com algumas comunidades de uma coleção de imagens com mais de 12.500 fotos.
trabalhadores no Brasil, Colômbia, Argentina, Em seguida, através de uma análise e seleção dos
Chile e Equador. Trata-se do desenvolvimento materiais coletados, foi criado um manual gráfico
de um processo de formação e pesquisa para os de aplicações iconográficas para o desenvolvimento
artesãos de Navarra, através de elementos culturais de novos produtos. Esse manual foi publicado e
de sua terra. O Caminho de Santiago e as festas de intitula-se “Manual de Aplicação Iconográfica do
São Firmino foram os pontos de partida do projeto. Caminho de Santiago & São Firmino”. Organizado
Utilizando elementos iconográficos das duas pelos irmãos Vinaccia e editado pelo projeto
culturas e cruzando com os valores etnográficos europeu Urban, em colaboração com o município
e artísticos, projetaram-se novos produtos em de Pamplona, reúne em suas páginas o trabalho
que a qualidade, a criatividade e o design foram feito. Contando com essa ferramenta como
os principais elementos, atentando-se para as suporte, realizaram-se 10 workshops criativos, nos
características artesanais da produção. quais artesãos e designers da região espanhola
A etnografia constituiu-se elemento importante desenvolveram novos produtos. Em 2005, foram
para a determinação da iconografia do território. apresentadas as primeiras coleções.
O trabalho conjunto entre profissionais do Todos os novos produtos que foram desenvolvidos,
design e os artesãos permitiu, partindo dos bem como aqueles que o serão futuramente,
produtos tradicionais, a incorporação de novas possuem uma única marca, CREAR ARTESANIA
formas, materiais, funções e padrões de uso, que (Criar Artesanato), para que possam ser
possibilitaram melhorar a competitividade e a adequadamente comercializados e apresentados. O
inovação das lojas artesanais. escritório de design IRD Iosu Rada Diseño, criou o
O projeto teve também como objetivo melhorar design da imagem corporativa.

modernização +
competitividade +
etnografia sustentabilidade social

CREAR sustentabilidade
ARTESA- ambiental
NIA

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
166 | 167

Design Solidário
Design entre Holanda e Brasil

1999 - 2001 Stishting KICI (Den Haag, NL), Tok&Stok (São Paulo,
ONDE BR)
Brasil e Holanda PARCEIROS LOCAIS
PROMOTOR Associação dos Artesãos do Sertão Central, Associação
Academia de Design de Eindhoven + Urban Fabric + A Comunitária Monte Azul (ACOMA)
Casa, Museu Virtual de Artes e Artefatos Brasileiros OUTRAS PARCERIAS
15 estudantes do mestrado em “Homem e URBIS, Instituto Maurício de Nassau, BANDEPE,
Humanidade” da Academia de Design de Eindhoven Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM - São
(10 em São Paulo e 5 em Serrita) Paulo, BR), Fundação Padre João Câncio
PMI Insight
Artesãos de Serrita (Pernambuco) + artesãos de Monte × o projeto despertou inúmeras polêmicas por parte da
Azul (favela de São Paulo) comunidade brasileira de design, mas seus promotores
APOIO sustentam que foi um sucesso em relação à formação;
Bouwfonds Regio Zuid (Eindhoven, NL), Consulado × alguns produtos foram inseridos em museus virtuais
dos Países Baixos (São Paulo, BR), Cusenza Foundation e em coleções limitadas.
(Los Angeles, USA), Embaixada Brasileira (The
Hague,NL), Embaixada do Reino dos Países Baixos
(Brasília, BR), Empresa Haans (Tilburg, NL),
SEBRAE SP (São Paulo, BR), SEBRAE PE (Recife, BR),
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O projeto faz parte do currículo fazendo pesquisas, desenvolvendo conceitos e


da “Oficina” da Academia de Design de Eidhoven. protótipos. Depois disto, os alunos, acompanhados
Pode-se afirmar que esse tenha sido o primeiro de dois professores holandeses, foram transferidos
projeto do mestrado “Homem e Humanidade”, para o Brasil durante um mês, levando o resultado
nascido dentro da oficina para desenvolver de suas pesquisas, esboços e protótipos originados
projetos de design solidário e humanitário. Surgiu na Holanda. As duas comunidades, previamente
de exemplos anteriores de colaboração entre selecionadas, apresentavam realidades muito
entidades holandesas e brasileiras, desenvolvidos diferentes e tiveram que ser trabalhadas em
na área de arquitetura. “A casa” e URBIS são duas separado , porém o projeto foi concluído com uma
associações que procuraram o parceiro holandês única mostra realizada no MAM, em São Paulo.
para o desenvolvimento de um projeto de design que Observa-se que, enquanto em Serrita ocorreu
pudesse melhorar as condições de alguns contextos um verdadeiro polo produtor de objetos de
produtivos brasileiros. Por causa da espera na couro, em Monte Azul não existiam mestres
definição dos parceiros, dos contextos e, em artesãos e, portanto, os produtos desenvolvidos
particular, por causa da procura de financiamento, o foram realizados pelos próprios estudantes com
projeto levou dois anos até poder ser iniciado. maquinário local.
Nos primeiros dois anos, Paul Meurs, diretor da SERRITA: 5 estudantes + 1 professor + 1 parceiro
Urban Fabric, colaborou com as associações para local viveram em Serrita por um mês para
envolver a Academia de Design e para definir desenvolver novos produtos em colaboração com
o projeto: sensibilizar os territórios e preparar a comunidade de artesãos do couro e de 3 mestres
os artesãos. Em 2001, foram identificadas duas artesãos.
comunidades de artesãos no Brasil e foram SÃO PAULO: 10 estudantes + 1 professor + 1
selecionados quinze dos melhores estudantes dos parceiro local viveram em Monte Azul por um mês
nove departamentos da Academia de Design. Os para desenvolver novos produtos em colaboração
estudantes trabalharam por dois meses na Holanda com a população da favela.

design social +
favelas +
jovem sustentabilidade social

DESIGN sustentabilidade
SO- ambiental
LIDÁRIO

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
168 | 169

Global Market Iniciatives


Iniciativas de Marketing Global

2006 OUTRAS PARCERIAS


ONDE VEA, BNO, Premsela, Share people
Índia e Holanda Insight
PROMOTOR × os produtos desenvolvidos durante o projeto não
INBAR (Rede Internacional para Bambu e Rattan), estão ainda no comércio. Isto causou frustração,
Cibart, DDID 3 designers holandeses selecionados principalmente nos designers que desejavam ver seus
pelo Design Holandês para o Desenvolvimento (Dutch produtos no mercado;
Design in Development) - DDID - (Lara De Greef, Thies × atualmente os designers estão se movendo de forma
Timmermans e Eliza Noordhoek) independente, a fim de encontrarem uma alternativa de
PMI distribuição e produção dos seus protótipos;
artesãos do Centro de Facilidades Comuns de Bagthan × sem uma rede de distribuição planejada, os projetos
(Himachal Pradesh, Índia) e do Centro de Facilidades acabam se tornando experiências interessantes, mas
Comuns de Kudal (Maharashtra, Índia) não fomentam a economia do território
APOIO
Comitê Nacional para Cooperação Internacional e
Desenvolvimento Sustentável (NCDO)
PARCEIROS LOCAIS
INBAR, Cibart
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Esse projeto possui diversas dos parceiros locais no que tange ao mercado alvo e
almas e, portanto, é muito difícil definir os seus procuraram criar uma boa relação de colaboração
objetivos. Seus principais promotores são DDID, com os artesãos locais.
GMI e INBAR. Cada um desses atores possui A experiência de Lara de Greef: A pesquisa
uma “missão” diferente: DDID é uma organização realizada antes da partida resultou quase inútil,
que se ocupa do desenvolvimento local através pois não foi coerente com as possibilidades
da promoção do design holandês; o GMI é um produtivas dos parceiros artesãos. Ao chegar à
subprograma da INBAR que tem por objetivo Índia, Lara realizou duas semanas de pesquisas in
incentivar a ligação entre empresas Norte-Sul e Sul- loco para entender o mercado local e os produtos
Sul para a comercialização de produtos de bambu; vendidos para os turistas. Depois de um primeiro
a INBAR é uma organização internacional que momento de dificuldade devido, principalmente,
tem por objetivo conectar cinquenta países para a à falta de mão de obra qualificada no local, Lara
promoção dos territórios produtivos do bambu e do foi transferida para outra região, onde pode
rattan. A combinação desses atores internacionais desenvolver protótipos após análise das habilidades
deu vida a este projeto, que viu três jovens designers produtivas dos artesãos.
holandeses desenvolverem projetos para duas A experiência de Thies Timmermans: O briefing
distintas regiões da Índia. O projeto foi realizado de Thies era projetar móveis para uma escola na
em dois momentos e lugares distintos: a sua Índia. Depois da primeira semana de trabalho, este
primeira parte foi realizada por Lara De Greef briefing foi modificado para o projeto de móveis
e Eliza Noordhoek no Centro de Facilidades para um mercado turístico de Goa. Tornou-se, pois,
Comuns de Bagthan (Himachal Pradesh, Índia); inútil a pesquisa inicial feita na Holanda. Thies
a segunda parte foi desenvolvida por Thies planejou seu trabalho de forma autônoma. Após
Timmermans no Centro de Facilidades Comuns uma pesquisa rápida sobre o mercado de turismo
de Kudal (Maharashtra, Índia). Os designers de Goa, Thies desenvolveu três conceitos, dos quais
autogerenciaram-se para o desenvolvimento do apenas um foi considerado adequado para ser
projeto. Receberam algumas indicações por parte produzido e comercializado futuramente.

trabalho +
bambu +
pesquisa sustentabilidade social

GLOBAL sustentabilidade
MARKET ambiental
INICIATI-
VES
sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
170 | 171

Hafa Collection
Marrocos Style

1998 OUTRAS PARCERIAS


ONDE Região de Piemonte, Embaixada e Câmara de Comércio
Itália e Marrocos Italiano em Marrocos
PROMOTOR Insight
Bab Anmil di Milli Paglieri 9 designers (5 italianos + 4 × os produtos realizados durante o projeto foram
marroquinos) – entre artistas e designers - Manolo De vendidos em Turim, junto a Bab Anmil e Hafa Cafè;
Giorgi, Marco Ferreri, Lorenzo Prando e Riccardo × a produção é de pequena escala, mas não limitada;
Rosso, Italo Rota, Jeannot Cerutti, Karim El Achak, Farid × os designers gostaram muito do projeto como uma
Belkahaia, Elie Mouyal, Mohamed Nabili. ocasião para aprender novos processos projetuais e
PMI produtivos;
artesãos marroquinos ao redor de Marrakesh × este é um caso de sucesso, porque foi conduzido por
(zona artesanal do bairro de Sidi Youssef Ben Ali) e um empreendedor que teve uma visão e um lugar físico
coordenados por Babnet Sarl para vender os produtos.
APOIO
BabAnmil
PARCEIROS LOCAIS
Babnet Sarl
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Em 1998, foi criada a coleção em 2001. “Nestes projetos, o design se torna um
Hafa: alguns designers e artistas italianos e empreendedor no mercado de ideias” - Marco
marroquinos foram solicitados a repensar os Ferreri.
móveis e os objetos de decoração em função das A casa árabe é o alvo deste projeto árabe -
casas árabes. itálico, que envolveu nove designers dos dois
Em termos gerais, a palavra árabe Hafa tem por países. Cada um deles ficou responsável por
significado o ponto-limite. Indica, pois e por si só desenvolver projetos para áreas diferentes da
um limite não fechado, mas aberto. Desta forma, casa, por escolher um tema conectado a um
Tanger olha para o outro lado: Gibraltar. Os comportamento ou a um ritual doméstico. O
objetos são, assim, todos duplos, movendo-se na tema de base permanece a possível contaminação
temporalidade extrema da nossa vida cotidiana, entre o modelo árabe de habitar e os padrões de
mantendo a sabedoria de uma tradição antiga. produção europeia, visando à modificação do
A coleção Hafa, que se enriquece a cada ano com artesanato local e de um interesse de consumo de
novas peças, foi apresentada durante o Salão de nosso mercado.
Móveis de Milão, nos anos 1999-2000, e, também,
em mostras organizadas em Casablanca e Rabat,

integração cultural +
tradições antigas +
exportações sustentabilidade social

HALFA sustentabilidade
COLLEC- ambiental
TION

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
172 | 173

North South Project


Projeto Norte Sul

2004 Desenvolvimento de Exportação + USAID (Botsuana);


ONDE Banco Interamericano de Desenvolvimento + COFOCE
Canadá + América do Sul (Guiana); África (Botsuana); (México); Escritório de Facilitação do Comércio do
América Latina (México); Caribe (Haiti, Dominica, Canadá + Agência Canadense para o Desenvolvimento
Jamaica, Barbados) Internacional (Caribe)
PROMOTOR PARCEIROS LOCAIS
Patty Johnson para o Projeto Norte Sul Artesanato Botsuana (Botsuana); CIEX Centro de
PMI Pesquisa para Inovação (México)
Liana Cane + Comunidade Wai Wai (Guiana); Mabeo + OUTRAS PARCERIAS
Grupo Etsha Weavers (Botsuana); Grupo Cocomacan + Escola de Gestão Rotman, Universidade de Toronto,
Cerâmicas Javier Servin (Guanajuato, Mexico); Femmes Iniciativa Designworks + Fundação Skoll (México)
de Democratie (Haiti); Caribe Criativo + Comunidade Insight
Carib (Dominica); Nanny do Artesanato Tradicional × projeto de grande sucesso porque foi gerenciado por
quilombola (Jamaica); Luna Designs + Navozoe uma empreendedora que investiu no projeto;
(Barbados) × os produtos são exportados principalmente para
APOIO os Estados Unidos e Canadá (local de origem da
Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento empreendedora);
Internacional (USAID) + Liana Cane + Project
Norte Sul (Guiana); Mabeo + Agência Botsuana do
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO As pesquisas realizadas neste Norte Sul desenvolveu diversos métodos para
projeto são parte de um processo de contínua a pesquisa cultural e histórica das regiões em
exploração e desenvolvimento, refletindo a que atua. Através de processos tradicionais de
relação entre design e pesquisa, entre comércio design, incluindo oficinas para criar novos ícones
e cultura, enfatizando a importância de uma em colaboração com artesãos e Universidades
sustentabilidade social, material e ambiental. Internacionais, o projeto oferece a oportunidade
Patty Johnson, uma designer de Toronto de desenvolver novos modelos de negócios para
(Canadá), trabalha com micro empresas alcançar mercados internacionais.
em diversos países para desenvolver novos
produtos em que são evidenciadas suas próprias
capacidades técnicas. A ênfase sobre a qualidade
das coleções é acompanhada de uma particular
atenção quanto aos impactos sobre a comunidade
e a economia que os produz.
Os produtos desenvolvidos nascem não apenas
das capacidades de Patty Johnson como designer,
mas de uma rede de atores locais e internacionais,
que colaboraram durante o projeto. O projeto

gramática regional +
artesanato +
qualidade sustentabilidade social

NORTH sustentabilidade
SOUTH ambiental
PROJECT

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
174 | 175

Hispaniola
Design Para a Solidariedade

2011 Insight
ONDE × os resultados do projeto foram apresentados em uma
Itália - Haiti e República Dominicana mostra em Milão, em janeiro de 2012, por ocasião do
PROMOTOR segundo aniversário do terremoto que devastou o Haiti;
Modoloco design e ColorEsperanza 10 escritórios de × os produtos foram fabricados localmente;
design italianos × os designers não visitaram o lugar de produção e
PMI não conheceram o contexto local, senão através de
artesãos e marceneiros locais vídeo. Isto poderia ser um ponto negativo porque não
APOIO puderam perceber a cultura local.
Fundação Cariplo - Edital 2010 ”Criar parceiros
internacionais para o desenvolvimento”
PARCEIROS LOCAIS
ONG dominicana OnéRespé
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O projeto é desenvolvido por diversas formas a fim de servir a um público de


Claudio Larcher Modoloco, design workshop,com crianças entre 3 e 8 anos.
o objetivo de produzir localmente bancos de Entre os 10 protótipos de bancos apresentados, um
escola. júri de especialistas do setor, Mia Pizzi, diretora
Inicialmente foram identificados os parceiros chefe da revista Abitare; Lilia Laghi da Galeria
locais para a produção (marcenarias em Santo Plusdesign; Luisa Bocchietto, presidente da Adi;
Domingo) e foram analisadas a tecnologia e as Anty Pansera, crítica de Design; Helga Sirchia,
possibilidades produtivas: materiais, ferramentas vice-presidente da Associação Coloresperanza;
de trabalho e capacidades artesanais. Os designers Benedetta Belotti, coordenadora do Laboratório
receberam briefing com base nessas exigências: de Artesanato de Oné Respe, em Santo Domingo,
os bancos deveriam ser fáceis de produzir, com escolheram três projetos que poderiam ser
baixo custo e muito resistentes. posteriormente realizados e colocados em
O objetivo do projeto é duplo: de um lado chamar produção nas marcenarias locais dominicanas, a
a atenção sobre situações não resolvidas ainda partir de agosto de 2012.
no país, do outro contribuir concretamente A ideia era criar uma linha de produção que
para a economia local dando um impulso garantisse o fornecimento simultâneo de
produtivo, capaz de desencadear processo de produtos de qualidade para crianças dominicanas
desenvolvimento para o Haiti e para a vizinha e haitianas. Os produtos são Paco y Paco, de
República Dominicana, unindo design e Claudio Larcher Modoloco design workshop
artesanato local. (coordenadores de toda a iniciativa ); Brick, de
Os designers foram escolhidos para as diferentes Matteo Ragni com Maurizio Prina; Costa, de
abordagens e todos aderiram ao projeto e Simone Simonelli, com uma menção especial
deram vida a uma reflexão que poderia levar para ABC de Lorenz, Kaz.
a um produto: o banco de escola, possível de
ser produzido de forma simples e utilizados de

solidariedade +
marceneiros +
crianças sustentabilidade social

HISPANI- sustentabilidade
LA ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
176 | 177

Ñandeva
Artesanato Trinacional em Foz de Iguaçu

2004 Insight
ONDE × as oficinas oferecidas para os artesãos, tem por
Argentina, Brasil e Paraguai objetivo melhorar a qualidade das técnicas de
PROMOTOR acabamento, bem como da aplicação da iconografia
Parque Tecnológico Itaipu regional;
PMI × o trabalho de grupo favorece a troca de
Artesãos de Argentina, Brasil e Paraguai conhecimentos e experiências entre os artesãos dos
APOIO três países;
SEBRAE × a criação de uma identidade forte ajuda na
comercialização dos produtos.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Ñandeva é um programa de Os focos dados ao projeto são:


desenvolvimento do artesanato que busca o - ações para capacitação, transferência de
fortalecimento de uma identidade trinacional tecnologia e geração de emprego e renda.
na região de fronteira entre Argentina, Brasil - a busca de canais de comercialização dos
e Paraguai, através da inserção de elementos e produtos, gerando emprego e renda para os
ícones que remetem à cultura destes povos.Num artesãos;
diálogo constante entre designers e artesãos, os - transferência de tecnologias aplicadas ao
produtos são desenvolvidos com o intuito de gerar artesanato.
renda e oportunidade às comunidades produtoras. No Centro, funcionam laboratórios de madeira,
Graças ao idealismo de Malba Aguiar e Juan cerâmica, fios e tecidos, joalheria, fibras e couro,
Sotuyo, foi realizado, em 2004, o Workshop de além do escritório central do Programa Ñandeva;
Artesanato e Design, do qual resultaram peças um espaço de exposições e uma futura biblioteca.
com grande valor estético e cultural. Ali nascia Além dessas oficinas, o CCTA disponibiliza
a semente do que viria a ser o atual Programa suas instalações para atividades acadêmicas,
Ñandeva, que teve como núcleo gestor o SEBRAE presenciais, de extensão e até mesmo cursos
e o Parque Tecnológico Itaipu. Constituído após à distância nas áreas de gestão e design para
a execução de um Plano Diretor Trinacional artesanato, através da estrutura montada dentro
elaborado por 23 entidades da região, o Programa do Parque Tecnológico.
foi oficialmente instituído no dia 25 de Abril de
2006, data da aprovação do plano.

identidade cultural +
desenvolvimento +
laboratórios sustentabilidade social

ÑANDEVA sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
178 | 179

Design Possível
Jovens Designers nas Ongs

2005 × no âmbito social, o projeto leva formação, ocupação


ONDE e trabalho para uma zona de risco, reduzindo a pobreza
Brasil oriunda da falta de oportunidade;
PROMOTOR × no âmbito ambiental, a produção dos objetos foi
Universidade Mackenzie baseada no uso de materiais reciclados, o que reduz de
PMI forma drástica o consumo de recursos e resíduos;
Arrastão e o Grupo Design Possível × no âmbito econômico, a colaboração aumenta a
APOIO posição da ONG, seja em relação de posicionamento,
Universidade Mackenzie entendido como promoção e abertura de novas
Insight portas para a difusão dos produtos, seja para o
:: a possibilidade real de execução dos produtos e o desenvolvimento de novas parcerias e colaborações de
alcance no mercado; longo prazo.
:: a construção de uma metodologia de trabalho que
une Universidade, ONG e empresas, criando benefícios
reais para todos os atores;
:: a criação de oportunidade de trabalho para todos os
participantes do projeto;
:: a promoção da cultura do design sustentável em
todos os seus aspectos;
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O projeto nasce do curso de Mastercard, que encomendou ao projeto Arrastão


Design da Universidade Mackenzie e, em o projeto e produção de brindes para empresas.
particular, do trabalho de conclusão da graduação O projeto Arrastão-Design Possível faz parte de
de Daniela Alcântara. um projeto mais amplo do grupo Design Possível,
Daniela projetou uma poltrona denominada que é hoje uma das experiências mais avançadas
“Polt-Lona”, feita com o reaproveitamento dos no campo do design social, uma vez que opera
banners plastificados usados para publicidade. A paralelamente a nível teórico e prático, portando,
partir dessa ideia, nascem diversos protótipos de em ambos os níveis, bons resultados e vantagens
objetos realizados com o mesmo material: bolsas, reais para todos os participantes.
objetos para escritório, acessórios, etc., que foram O projeto tem como princípio beneficiar os
fabricados junto à ONG Arrastão, onde foi criado moradores do bairro de Campo Limpo. Esses
um núcleo de moda e design. moradores viram o desenvolvimento das
O núcleo de moda e design oferece cursos atividades da ONG do plano educativo recreativo
profissionalizantes para jovens do bairro, que, para, também, as funções produtivas e de geração
através de uma formação voltada à prática, de renda, mantendo, porém, uma lógica que
desenvolvem diversos produtos. Esses produtos coloca a vida das pessoas e das famílias em
são produzidos por um grupo de senhores e primeiro lugar. Os estudantes da Universidade,
vendidos em negócios e empresas sensibilizados através do projeto, também construíram uma
quanto ao artesanato ético. Ao mesmo tempo, o verdadeira e própria atividade de trabalho, fonte
grupo promove desfiles e eventos para difundir o de experiência e renda.
projeto e desenvolver parcerias com empresas de
maiores dimensões para a comercialização dos
produtos. Um exemplo de colaboração foi com a

promoção cultural +
identidade cultural +
oficina sustentabilidade social

DESIGN sustentabilidade
POSSÍVEL ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
180 | 181

Coopermandi
Design nas Incubadoras de Cooperativas Populares

2005 × a promoção cultural dos valores da economia


ONDE solidária;
Brasil × no âmbito social, o projeto está contribuindo
PROMOTOR com a melhoria das condições de trabalho e de vida
ITCP Curitiba das pessoas que participam da produção. A forma
PMI cooperativa estimula a instauração de relações mais
Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e equitativas entre as diversas partes da cadeia produtiva;
Cooperativa Coopermandi × no âmbito ambiental, o uso de materiais reciclados
APOIO reduz o consumo de recursos e prolonga a vida útil dos
Banco do Brasil materiais, os quais estavam para serem descartados;
Insight × no âmbito econômico, a interferência de designers
× centralizar a consultoria em design para a especialistas em sustentabilidade ambiental e social
sustentabilidade, seja ambiental ou econômica criou novos produtos com valor agregado, que ajudam
dos produtos, de forma que seus valores sejam a cooperativa a se posicionar no mercado.
incrementados;
× o aspecto da incubação, entendida como um
período limitado, que serve para estruturar um projeto,
preparando-o para ser posteriormente autônomo no
mercado;
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O projeto desenvolve-se na que as auxiliasse a sair do desemprego e


cidade de Curitiba, no Sul do Brasil. A sede dependência dos maridos. A ITCP fez um estudo
da cooperativa encontra-se na pequena cidade das oportunidades e encontrou, nas bolsas
de Mandirituba. A área é de difícil acesso por usadas pelos carteiros dos Correios, um material
causa das ligações precárias, sendo parcialmente com boas características de reciclabilidade. A
excluída do tráfego comercial e econômico. A Incubadora fechou um acordo com os Correios
população residente tem dificultado o acesso para obter as bolsas descartadas a um custo
a oportunidades de trabalho, de instrução e de praticamente nulo. Esse material foi, então,
crescimento pessoal. Algumas mulheres, que recolhido, lavado, tingido e recebeu, assim, uma
fazem parte da cooperativa, são praticamente segunda vida.
analfabetas e com quase nenhuma experiência Foram, então, desenvolvidos alguns protótipos
de trabalho, outras possuem experiência maior e de bolsas com a ajuda dos designers. Esses
espírito empreendedor. protótipos foram posteriormente colocados em
A experiência de colaboração ITCP-Coopermandi produção em um galpão utilizado como sede da
enquadra-se em um trabalho mais amplo das cooperativa, em Mandirituba. Posteriormente, foi
incubadoras de empresas solidárias, que através desenvolvida pelos designers Izamara Carniatto e
de colaboração constante com novas formas de Samuel, toda a identidade visual da cooperativa,
organização e promoção da economia solidária, desde o logotipo, até os catálogos e um blog. A
fazem esforços de promoção para ações práticas ITCP levantou, em algumas feiras de economia
nesse âmbito. solidária, as possibilidades de venda dos produtos
O projeto nasce do encontro entre a ITCP e o e iniciou a comercialização dos mesmos.
grupo de senhoras que fundaram a cooperativa O projeto tem como principal beneficiados as
Coopermandi. As senhoras contataram a ITCP mulheres de Mandirituba, que conseguiram
para pedir ajuda, a fim de estruturar uma construir para si uma atividade de trabalho,
atividade de trabalho legal para a reciclagem, melhorando a sua qualidade de vida.

cooperativas +
marca solidária +
incubadoras sustentabilidade social

COOPER- sustentabilidade
MANDI ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
182 | 183

Polo Moveleiro de Paragominas


Cooperação Industrial

2001 Insight
ONDE × os moveleiros têm, como benefícios, a facilidade
Brasil de realizar compras em conjunto, negociando preços
PROMOTOR mais acessíveis com os fornecedores, que, por sua vez,
Câmara de Comércio de Milão (Promos) refletir-se-ão em um preço menor de venda ao cliente.
Designer Carlos Alcantarino × a rede tem como base a associação dos moveleiros.
APOIO A implantação da rede, em Paragominas, está sendo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas feita pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento
Empresas (SEBRAE), Governo do Estado, Prefeitura Tecnológico e Associativo (ILBRAS), sob a orientação
Municipal, Banco Interamericano de Desenvolvimento do Centro de Resultados Madeira e Móveis.
(BID) × os primeiros resultados do projeto foram expostos
na Expomóveis: ”A Expomóveis será o primeiro contato
que faremos com os clientes, por isso queremos causar
uma boa impressão”, explica Gilnei Pereira, técnico do
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Tecnológico e
Associativo (Ibras).
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO O Arranjo Produtivo Local de Plano de Ação:


Madeira e Móveis – nome técnico da iniciativa – 1ª Etapa: Projeto de Móveis para espaços públicos/
apoia o desenvolvimento da indústria moveleira hotéis;
da região, a partir da utilização da madeira 2ª Etapa: Projeto de móveis para residência;
ecologicamente correta. A partir de 2003, as 3ª Etapa: Projeto de móveis complementares.
empresas do Polo Moveleiro de Paragominas Briefing:
ganharam competitividade e puderam alçar voos Uso em apart-hotéis e hotéis de até 4 estrelas;
maiores nos mercados fora do Estado. Móveis em madeira;
Oferecendo um design diferenciado, produtos Conforto e durabilidade;
como portas e móveis, além de chegar aos Estados Otimização da linha de produção - redução de
da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Distrito custo;
Federal, também estão sendo vendidos para o Montagem e desmontagem simples;
exterior. Exportação;
A finalidade da rede é unificar os moveleiros do Redução do custo de transporte;
Polo, por meio da marca Amazônia Móveis - Rede Redução do custo de embalagem;
do Pará, uma vez que esta marca funciona como Utilização de mão de obra não especializada para
um atestado de qualidade , o qual valoriza os montagem;
produtos e serviços das empresas associadas, com Produção com limitação tecnológica;
a vantagem de assegurar a individualidade das Estilo contemporâneo;
mesmas. Máximo aproveitamento da madeira.
Objetivos:
Desenvolvimento de linhas de móveis;
Produção;
Participação em feiras e exposições;
Material gráfico de apresentação e divulgação.

cooperação tecnológica +
arranjo produtivo local +
ecologia sustentabilidade social

POLO MO- sustentabilidade


VELEIRO ambiental
DE PARA-
GOMINAS
sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
184 | 185

Controprogetto
Móveis Sócio-Eco Sustentáveis

2012 Insight
ONDE × reaproveitamento de madeira em chave
Milano contemporânea;
PROMOTOR × metodologias de co-projetação e construção de
Valeria Cifarelli, Matteo Prudenziati, Davide Rampanelli, objetos;
Alessia Zema × parcerias com ONGs e associações.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Criado em 2003 na “Stecca


degli Artigiani”, um espaço de autogestão da
cidade de Milão, esse grupo trabalha com foco
na sustentabilidade, seja ambiental, seja social.
Utiliza principalmente materiais reaproveitados,
recuperados em qualquer lugar, os quais
transforma em motivos geométricos com estilo
contemporâneo.
Muitas vezes, trabalha junto com associações,
ONGs, grupos, utilizando metodologias de co-
projetação para criar espaços públicos ou de
trabalho.Ganhou o interesse da impressa de setor
e vem destacando-se no panorama do design
contemporâneo de qualidade.

reaproveitamento +
co-projetação +
modularidade sustentabilidade social

CONTRO sustentabilidade
PROGETTO ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
186 | 187

Fibra
A Alma Ecológica do Rio

2012 Insight
ONDE × novas empresas podem nascer da pesquisa de novos
Brasil materiais. A ideia de criar uma materioteca acreana,
PROMOTOR com os produtos da floresta, pode ser de grande
Coletivo Fibra ajuda para a criação de um polo moveleiro industrial
APOIO: sustentável.
ITCP, Incubadora da ESDI Escola Superior em Desenho × a presença da Incubadora de empresas dentro deste
Industrial projeto foi fundamental. Este tipo de estrutura dentro
do polo moveleiro do Acre poderia ser uma ferramenta
potente, para o fomento de pequenas novas empresas
sustentáveis.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Nasceu de um grupo de designers. Dessa forma, adequa-se, ainda, à


designersskeaters que frequentavam a ESDI, demanda dos seus fornecedores de materiais.
graças à ajuda da Incubadora da ESDI. FIBRA O escritório também fabrica móveis usando
é um jovem escritório do Rio de Janeiro que está madeiras autóctones, dando atenção ao uso de
se diferenciando pela pesquisa sobre materiais encaixes sustentáveis. Com Bernardo Amaral,
sustentáveis autóctones brasileiros. O escritório desenvolveu Terravixta, uma linha de souvenires
coleciona esses materiais em uma “materioteca”, de pontos turísticos do Rio, representando o
um arquivo de materiais utilizado para inspirar encontro do estrangeiro com a terra brasileira. O
projetos ou realizar exposições. “x” presente no nome brinca com o sotaque típico
Em 2005, o escritório venceu o Gold Material do carioca.
Award com um skateboard feito de pupunha, FIBRA produz os seus próprios objetos em um
uma palma altamente renovável, típica da flora pequeno laboratório de um bairro popular do Rio,
brasileira. Atualmente realiza pequenos produtos criando, assim, empregos para a comunidade.
em laminado de bambu, como óculos e capas para
celulares. Além disso, o escritório desenvolve
parcerias com novos designers para a fabricação
de alguns produtos, em geral, de pequenas
proporções e com tiragem limitada.
Tal estratégia é um modo de conseguir, com sua
capacidade produtiva, fabricar uma quantidade
considerável de objetos e com diferentes

materioteca +
incubadora +
pupunha sustentabilidade social

FIBRA sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
188 | 189

Bonfim
Design & Tradiçoes

anos 2000 Insight


ONDE × referência do trabalho de marcenaria;
Brasil × consegue claramente transpor elementos da cultura
PROMOTOR brasileira para uma peça de mobiliário;
Alfio Lisi × utilização de matéria-prima alternativa, as fitinhas do
Senhor do Bonfim, que também representam a cultura
brasileira.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO A A poltrona é formada por uma


estrutura simples em madeira maciça, à qual é
presa uma trama formada por fitas coloridas do
Nosso Senhor do Bonfim. As fitas, por sua vez,
caem por trás da poltrona, quase tocando o chão.
As fitas do Senhor do Bonfim fazem parte do
repertório cultural baiano, tendo sido exportadas
para todo o Brasil. Sua utilização, na tradição
popular, consiste em enrolá-las no pulso e fixá-las
com três nós. A cada nó precede um pedido, que
será realizado quando a fita arrebentar. Ainda
que de origem católica, as cores simbolizam os
Orixás. Dessa forma, a fita remete a diversas
manifestações populares, como o maracatu,
bumba meu boi e folia de reis.
O designer, apaixonado por marcenaria, acredita
que a madeira seja um material democrático, pois
pode ser trabalhada com grande tecnologia ou um
simples canivete, a partir de madeiras nobres ou
apenas de sobras.

tradições +
Nordeste +
cores sustentabilidade social

BONFIM sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
190 | 191

Coza
Design de Objetos Utilitários

1983 Insight
ONDE × mistura de plástico com uma fibra natural;
Caxias do Sul, RS × investimento no desenvolvimento do material;
PROMOTOR × identidade do produto associada à sustentabilidade;
Rudy Luiz Zatti e família × identidade brasileira;
× objetos para casa;
× parcerias com designers, agregando valor ao produto.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO A empresa foi criada em 1983, em de fibra de coco, misturado com polipropileno.
Caxias do Sul, por Rudy Luiz Zatti. Em 1987, com Na linha Bios, é usada a lignina, substância
seu falecimento, sua filha Cristina e sua esposa proveniente de madeiras certificadas e cultivadas
Vera assumiram o negócio. de forma sustentável. Enquanto isso, a Coza
A proposta da marca foi desde o início inovar para Organic utiliza biopolímeros obtidos da batata,
facilitar. Sob a nova direção feminina, os produtos sendo biodegradáveis e precisam de apenas
ganharam formas e cores mais modernas, dezoito semanas embaixo da terra para que se
assumindo, principalmente, o uso do plástico. decomponham completamente; além disso, o
O investimento em novas tecnologias e materiais produto possui textura e aroma naturais.
também faz parte da trajetória da marca,
conseguindo criar produtos especiais para micro-
ondas e lava-louças e desenvolver o polipropileno
para adquirir novas texturas e cores (como as
translúcidas). A Coza também é considerada
pioneira no uso de biopolímeros no Brasil. Com
isso, ela conquistou prêmios em Design e realizou
parcerias com artistas e designers renomados.
Atualmente, possui uma variedade de mais de
300 produtos. Dentre eles, merecem destaque
três linhas com materiais sustentáveis: a Native,
aBios e a Organic. A linha Native possui 35%

sustentabilidade +
identidade +
valor agregado sustentabilidade social

COZA sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
192 | 193

Natura
Produtos para o Bem-Estar com Identidade da Amazônia

1969 Insight
ONDE × identidade brasileira e amazônica;
São Paulo × cooperação entre a empresa e comunidades locais;
PROMOTOR × aprendizado com a tradição local, que unido ao
Natura conhecimento científico, se potencializa;
× utilização de matérias-primas naturais, extraídas de
“Nossos produtos são a maior expressão forma sustentável da floresta.
de nossa essência. Para desenvolvê-los, mobilizamos
redes sociais capazes de integrar conhecimento
científico e sabedoria das comunidades tradicionais,
promovendo, ao mesmo tempo, o uso sustentável da
rica biodiversidade botânica brasileira.”
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO A marca surgiu em São Paulo extrair tais matérias-primas da forma mais
em 1969. Desde 1974, no entanto, ela possui sustentável possível, envolvendo-se diretamente
um sistema de comercialização através de com as comunidades locais responsáveis pela
revendedoras, acreditando no potencial da venda extração. Dessa forma, ela também promove o
direta. desenvolvimento dessas regiões, conservando
Enxergando a capacidade de crescimento, a o meio ambiente. Os produtos dessa linha são,
Natura expandiu-se para fora do Brasil, vendendo portanto, biodegradáveis e, além disso, utilizam
principalmente para países da América Latina vidros e embalagens que contêm material
e, desde 2005, para a França, onde optou por reciclado e refis. Tal prática diminui o impacto
também abrir uma flagship store. ambiental e aumenta a competitividade da
Dentre as suas linhas de produto, destaque para empresa, oferecendo economia e aproveitamento
a Natura Ekos lançada em 1992, por sua proposta de embalagens.
sustentável. A linha Ekos utiliza matérias-primas
naturais, propondo aumentar a consciência
sobre o patrimônio ambiental brasileiro. Com
isso, ela constrói uma forte identidade nacional.
Em seu processo, a Natura aprende com os
usos tradicionais de ingredientes da Floresta
Amazônica, unindo-os ao conhecimento
científico. O resultado são produtos com alto grau
de diferenciação do mercado.
É interessante ressaltar que a empresa procura

Amazônia +
floresta +
cosméticos sustentabilidade social

NATURA sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
194 | 195

Melissa
Design de Calçados de Plástico

1979 Insight
ONDE × iniciativas de marketing, como eventos, que
Brasil promovem a sustentabilidade;
PROMOTOR × parcerias com designers, agregando valor aos
Grendene produtos;
× democratização do Design;
× intenso desenvolvimento do material, até atingir sua
composição atual.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Melissa é uma marca de calçados se”, em parceria com a + Luz e os Irmãos
de plástico produzida pela Grendene desde Campana, com ações em São Paulo e Rio de
1979. A empresa passou por um momento de Janeiro chamando a atenção das pessoas para a
estagnação, sendo relançada em 1994, com uma questão da sustentabilidade.O trabalho contou
estratégia que envolvia parceria com designers ainda com o lançamento da Melissa Campana
renomados, como Alexandre Herchcovitch, Corallo, feita com até 30% de PVC reciclado e
irmão Campana, Judy Blame, Marcelo Sommer, teve parte da venda revertida para a ONG Visão
Vivienne Westwood, e, recentemente, Zaha Mundial, que tem programas para enfrentamento
Hadid. de pobreza e exclusão social.
A criação de um modelo Melissa leva em conta
pouco gasto de energia na fabricação, uma vida
útil maior, a possibilidade de reutilização e a
facilidade de desmontagem e reciclagem. O seu
principal atributo sustentável é o processo de
fabricação por injeção, que não gera desperdício.
A empresa defende a conscientização como a
melhor forma de preservação do meio ambiente.
Em 2005, por exemplo, a marca patrocinou a
edição nacional do livro “Haverá a Idade das
Coisas Leves”, organizado pelo francês Thierry
Kazazian. Em 2008, foi a vez do projeto “Sustente-

designers contemporâneos +
design democrático +
marketing sustentabilidade social

MELISSA sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
196 | 197

Havaianas
Sandálias de Borracha com Identidade Brasileira

1962 Insight
ONDE × estratégia de marketing para reposicionamento do
São Paulo produto;
PROMOTOR × associação do produto com a identidade brasileira,
São Paulo Alpargatas ou melhor, com o modo de vida brasileiro;
× o chinelo remete à informalidade, à despretensão e
ao cenário praiano/carnavalesco;
× displays desenvolvidos pela empresa valorizaram o
produto;
× foi desenvolvido baseado em um produto tradicional.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Produzidas pela São Paulo de crescimento da imagem do produto que, aos
Alpargatas desde 1962, seu modelo foi baseado poucos, tornou-se mais sofisticado, aumentando
na Zori, sandália japonesa feita de palha de arroz também, as publicações em revistas e o índice
ou madeira lascada e que são usadas com os de exportação. Posteriormente, a empresa
quimonos. Por esse motivo, até hoje as Havaianas diversificou ainda mais seus modelos, criando
mantém uma textura que remete à palha de arroz. peças especiais para as Olimpíadas, por exemplo,
As Havaianas representam, atualmente, cerca e ainda lançou outras com diferentes cores, saltos,
de 80% do mercado brasileiro de chinelos de brilhos e aplicações.
borracha, comercializando cerca de 162 milhões A estratégia de marketing da empresa também
de pares por ano, dos quais 10% destinam-se para se revela excepcional quando investe no mercado
exportação. externo. Além de criar um departamento para
O investimento em marketing ao longo de sua essas questões, de reorganizar as redes de
história tem mantido o crescimento da empresa. distribuidores e de realizar eventos especiais para
Quando surgiu, a marca ganhou mercado por divulgação, como fez durante o Oscar de 2003, por
conseguir vender a baixíssimo custo, sendo exemplo; a marca distribuiu modelos especiais
basicamente consumida pela classe baixa e com rubis aos indicados ao prêmio.
comercializada em mercados de bairro. Por isso, Muitas campanhas publicitárias marcaram
passou a ser referida como “chinelo de pobre”. a história da empresa. Como o slogan “As
Nos anos 1990, no entanto, a empresa legítimas”, posicionando-se contra a concorrência;
reposicionou-se no mercado, lançando novos ou o “Todo mundo usa”, que explorava a
modelos (a Havaianas Sky, de uma só cor e com amplitude de público alcançada. A marca
salto um pouco maior), com uma estratégia contou com a imagem de personalidades como
de propaganda que envolvia celebridades e Chico Anysio, Didi, Tom Jobim, Vera Loyola e
desenvolvendo displays verticais que facilitavam Luiz Fernando Guimarães em suas primeiras
a escolha. A partir de então, teve início o processo propagandas.

ícone nacional +
reposicionamento +
marketing sustentabilidade social

HAVAIA- sustentabilidade
NAS ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
198 | 199

Vidigal
Poltrona Inspirada na Favela Carioca

2011 Insight
ONDE × exemplo de mobiliário outdoor;
Rio de Janeiro × utilização de fibra natural;
PROMOTOR × pensar no desdobramento do mesmo produto em
Lattoog Design, dos designers Leonardo Lattavo e uma versão mais conceitual e outra mais comercial,
Pedro Moog como é, respectivamente, a Vidigal Peluda e a Vidigal
Lisa.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Nesse projeto, os designers


buscaram explorar as inúmeras possibilidades de
texturas e contrastes que o manuseio da trama de
taboa pode oferecer.
A poltrona foi projetada para uso em varandas,
sendo fabricada em aço carbono, revestido com
trama de taboa natural. Apresenta-se em duas
versões: a lisa e a peluda.
Tramada na frente e rústica por trás, a poltrona
remete aos antagonismos sociais brasileiros e,
não por acaso, foi nomeada a partir de uma favela
carioca.

outdoor +
fibra natural +
conceitual/comercial sustentabilidade social

VIDIGAL sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
200 | 201

Mole
Poltrona Ícone do Design Brasileiro

1957 Insight
ONDE × considerada um dos grandes ícones do Design
Rio de Janeiro Brasileiro;
PROMOTOR × é um exemplo de trabalho de marcenaria de primeira
Sérgio Rodrigues qualidade;
× utiliza o couro animal, que poderia, entretanto, ser
substituído por outros materiais;
× a forma convida ao conforto;
× a poltrona é transportada desmontada.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Estudos de caso

— DESCRIçÃO Estruturada em madeira genuinamente nacional. Por isso, em 1955, criou


maciça, originalmente de jacarandá, à qual a Oca, loja na qual expunha tais peças, além
são presas percintas de couro sola por meio de de difundir a ideia do móvel como obra arte.
botões torneados. Sobre os cintos, são apoiados Paralelamente, ele criou a loja Meia-Pataca, com a
os almofadões do assento, encosto e braço, que qual pretendia popularizar o móvel moderno.
formam uma só peça, em couro. As obras do designer são consideradas
O arquiteto Sérgio Rodrigues, formado em 1951, atemporais. No início de sua carreira, o mobiliário
enxergou a necessidade de criar um mobiliário era fabricado em jacarandá, o qual, alguns anos
diferenciado que fosse a cara dos brasileiros e depois,teve de ser substituído por eucalipto
de suas casas. Por isso, propôs um desenho mais certificado.
orgânico e que utilizasse madeiras nativas. O
resultado foi uma obra que convida ao descanso e
conforto.
Ainda que não tenha sido bem recebida a
princípio, logo surgiram inúmeras encomendas
e, em 1961, a poltrona venceu o Concurso
Internazionale del Mobile, na Itália, o que deu
destaque para o Design brasileiro no exterior.
Durante toda a sua carreira, Sergio Rodrigues
incentivou o desenvolvimento de um mobiliário

ícone nacional +
couro natural +
conforto sustentabilidade social

MOLE sustentabilidade
ambiental

sustentabilidade
econômica
outros produtos

cooperação
produtos de
mobiliário
institucional

identidade brasileira
produtos de
mobiliário residencial identidade
amazônica
202 | 203

CENÁ
POSS
ÁRIOS
SÍVEIS
204 | 205

Cenários
possíveis
Possibilidades e incentivos para a projetação

— CENARIOS DE DESIGN A criação de cenários é conceitos. A visão é uma ferramenta que serve para
uma atividade utilizada pelos designers para obter dar um forte estímulo emocional ao projeto, trata-se
um quadro claro a fim de projetar objetos únicos. O de descrever como vemos o mundo no futuro e onde
cenário é uma ferramenta muito potente uma vez localizaremos nosso projeto dentro dessa visão. O
que pode auxiliar os demais a entenderem melhor cenário é uma ferramenta mais prática, na qual se
os objetivos do projeto e, também, a captar as descreve o mundo das visões dando detalhes
emoções ligadas ao mundo em que se deseja operar. relacionados a usos e costumes, pessoas, lugares,
etc. O conceito,por sua vez, é uma ideia de produto
Segundo Luisa Collina (2005) que desejamos inserir dentro de nosso cenário.
The aim of Scenario Building is the generation of Pode-se dizer que a visão contém o cenário, o qual,
POSSIBLE VISIONS for product service systems and por sua vez,contém o conceito. Contudo, esses
social, technological, entrepreneurial strategies for termos não estão claramente definidos e nem
decision making. Scenario Building intervenes in the sempre são entendidos globalmente por todos os
development of socio-technical platforms able to push a designers da mesma forma.
system of actors. Technologies and economies along
desired paths. Para se entender melhor para que serve a pesquisa
The VISUALIZATION of scenarios and future de tendências e o desenvolvimento de cenários,
visions is a way to activate a strategic conversation apresenta-se, a seguir, a um texto de Nicola Morelli
between different stakeholders, actors, enterprises and (2003), no qual ele narra, brevemente, como foi
institutions which operate with different competences, desenvolvido um famoso projeto da Philips Design,
roles, languages and therefore need a common em 1996:
informative and knowledge platform to be understood Scenario building is one of the methodologies that a
by everybody.1 socially-responsible design approach can borrow from
strategic design. Scenario building has been widely
Assim como para as tendências, também no used in strategic management, often with a specific
contexto da criação dos cenários, existem diversas design focus, as in the Vision of the Future project,
teorias e metodologias. Ao projetar, cada designer initiated by Philips Design in 1996, with the aim of
utiliza os termos de modo diverso e não existe uma exploring what people will perceive as useful, desirable
regra precisa para a definição de um processo and beneficial in the future and to create a technological
projetual. roadmap to realize this goal.
Os termos utilizados são: visões, cenários e The research involved multidisciplinary teams
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Cenários possíveis

consisting of cultural anthropologists, ergonomists, Utilizaram-se, para esse fim, várias polaridades:
sociologists, engineers, product designers, interaction × mercado local/brasileiro/estrangeiro;
designers, exhibition designers, graphic designers, and × público de baixa renda/de alta renda;
video and film experts. The project was based on a series × móvel residencial/institucional;
of creative workshops, which produced more than 300 × móvel indoor/outdoor;
scenarios (short stories describing a product concept × madeira/outros materiais.
and its use) based on the socio-cultural and Esse exercício foi fundamental para definir
technological research. The scenarios were developed algumas categorias de produtos. Posteriormente,
using five basic parameters: people, time, space, objects essas categorias foram cruzadas com os materiais e
and circumstances. os agrupamentos culturais individualizados no
Eventually the scenarios were distilled down into 60 exercício do mapa mental e, a partir deste processo,
concept descriptions, grouped in four domains: foi possível definir dez linhas de móveis.
personal, domestic, public and work, mobile. The Essas linhas foram projetadas para adotar
concepts were discussed again with experts and diferentes tipos de posicionamentos e mercados,
eventuated in a series of prototype products.2 desde o mercado externo de móveis de alta
qualidade, até móveis de preços acessíveis para a
— CO-PROJETAR CENÁRIOS Dentro do projeto Acre classe C acreana, a fim de oferecer-se a mais ampla
Design, os cenários foram desenvolvidos com gama de possibilidades comerciais.
dinâmicas de co-projetação no primeiro workshop Todas elas (linhas projetadas) possuem forte
em Rio Branco. identidade local advinda dos três conceitos que
Primeiramente, foi realizado um exercício em foram identificados como culturalmente mais
grupo, no qual foram trabalhados gráficos de relevantes no mapa mental: o componente
polaridade para definir que tipos de produtos indígena, o ambientalismo ligado ao mundo
seriam adequados ao mercado. seringueiro e o conceito de florestania.

1 O objetivo da construção de cenários é a geração de VISÕES POSSÍVEIS para os sistemas produto-serviços e estratégias empresariais para
a tomada de decisões sociais e tecnológicas. A construção de cenários intervém no desenvolvimento de plataformas sociotécnicas capazes de
empurrar um sistema de atores. Tecnologias e economias ao longo de caminhos desejados.
A VISUALIZAÇÃO de cenários e visões futuras é uma maneira de ativar uma conversa estratégica entre diferentes atores, empresas e
instituições que operam com diferentes competências, papéis, linguagens e, portanto, precisam de um informativo e uma plataforma comum de
conhecimento a ser compreendida por todos.
2. Construção de cenários é uma das metodologias que uma abordagem de design socialmente responsável pode emprestar do design
estratégico. A construção de cenários tem sido amplamente utilizada na gestão estratégica, muitas vezes com um foco específico de design, como
no projeto Vision of the Future, iniciado pela Philips Design em 1996, com o objetivo de explorar o que as pessoas irão perceber como útil,
desejável e benéfico no futuro e criar um roteiro tecnológico para alcançar esta meta.
A pesquisa envolveu equipes multidisciplinares constituídas por antropólogos culturais, ergonomistas, sociólogos, engenheiros, designers de
produto, designers de interação, designers de exposições, designers gráficos e especialistas em vídeo e cinema. O projeto foi baseado em uma
série de workshops criativos, que produziram mais de 300 cenários (estórias curtas descrevendo um conceito de produto e seu uso), com base na
pesquisa sociocultural e tecnológica. Os cenários foram desenvolvidos utilizando-se cinco parâmetros básicos: pessoas, tempo, espaço, objetos e
circunstâncias.
Eventualmente, os cenários foram destilados em 60 descrições de conceitos, agrupados em quatro domínios: pessoal, doméstico, público e
trabalho, móvel. Os conceitos foram novamente discutidos com especialistas e finalizados em uma série de protótipos de produtos.
206 | 207
1 2 3 4 5 6
Hotel Pequenos Móveis Outdoor Escritório Móveis
Restaurantes Objetos Classe C Classe B/A Público Classe A

Látex Sementes Fibras Resíduos Madeira Bambu


maciça
FSC

Seringueiro Nordestino Índio Florestania Misticismo


Ribeirinho
208 | 209

HOsPITALIDADE
Móveis leves para bares, restaurantes e hotéis.

CONTEXTO
É uma linha de móveis para hotéis, restaurantes e bares, voltada para o contexto local, tanto o acreano quanto o
brasileiro. Essa linha de móveis é destinada, principalmente, ao público de classe B; entretanto, deve ser capaz
de satisfazer também às necessidades de uma classe C que começa a ascender a uma qualidade de vida que lhe
permite frequentar lugares mais sofisticados e destinos turísticos internacionais, atraídos por grandes eventos que
acontecerão no Brasil nos próximos anos (Copa do Mundo em 2014, Olimpíadas em 2016).

PRODUTOS MATERIAIS
Trata-se de móveis leves e facilmente Os materiais devem atender às características de resistência, mas,
transportáveis. Como resultado do primeiro principalmente, às de leveza e durabilidade. A partir do trabalho
workhop, foi criada pelos estudantes uma de grupo, surgiram propostas como a utilização do bambu para
proposta que consistia em posicionar a estrutura dos móveis, o látex (disponível também em cores) e
rodas aos pés dos móveis, cujo objetivo era fibras para os assentos e eventuais detalhes.
criar layouts espaciais mais flexíveis, que
se adaptariam a diversas configurações de IDENTIDADE
variadas instalações. O projeto deve possuir uma forte identidade local e representar
tanto o Estado do Acre quanto o Brasil de uma forma geral, de
maneira imediatamente reconhecível. Essa identidade poderá
adotar símbolos simples e fortes como, por exemplo, a bandeira
acreana.
Em relação às características da identidade acreana, essa deve
transmitir a sensação de “calor”, acolhimento e hospitalidade.
O universo de referência, expresso também por meio dos
materiais, seria aquele pertencente aos seringueiros.

Mercado
local

Classe B/C
210 | 211

EMBAIXO DAS
ÁRVORES
Móveis de classe para espaços externos

CONTEXTO
Mercado interno brasileiro; produtos comercializados em shopping centers e em showrooms de nível médio.
Classe B brasileira, com alguns produtos disponíveis também para a classe A (chaise-longue, móveis para a piscina).

PRODUTOS MATERIAIS
Nessa categoria, estão presentes tanto Resíduos de madeira, madeira maciça, madeira fsc.
móveis para casas particulares, quanto
móveis para o espaço público e comercial. IDENTIDADE
As possíveis linhas individualizadas são: A temática à qual se refere esta linha é a da florestania.
Móveis para churrasco;
Decks de piscina;
Vasos para plantas;
Mobiliário urbano
(parada de ônibus, lixeira);
Painéis de loja.

Mercado
Brasileiro

Classe A/B
212 | 213

POSIC
NAME
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Posicionamento

CIO-
ENTO
Nos esquemas a seguir, os cenários criados são posicionados de modo a
esclarecer a sua destinação em termos de mercado e utilização. Os gráfi-
cos de posicionamento são ferramentas úteis para definir os principais
objetivos do projeto e para verificar a sua coerência ao final do processo
projetual, podendo, também, SEREM utilizados depois do projeto feito, a
fim de posicionar cada linha de produto, de forma individual, com rela-
ção a futuros concorrentes.
214 | 215

Cenário de referência
e tendências
Referências, tendências, destino de uso

HOSPITALIDADE

Móveis leves para bares, Experiência inesquecível


restaurantes e hotéis CANAIS DE VENDA

Perfume de leite de coco


EXTERIOR

Eclético com classe


FIBRAS, TECIDOS E CORES

Leveza brasileira
ECO-Tech CADEIRA ESPAGUETE
BAMBU

Essência e integridade
MADEIRA AO NATURAL
Memórias de madeira
MADEIRA RECUPERADA

Simplicidade nórdica
MADEIRA CLARA
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Posicionamento

— Cenário de referência e tendências Nos esquemas a seguir, cada cenário é analisado em


relação às tendências globais. Esses esquemas são pontos de referência para o projeto. Servem para
entender o contexto no qual irá se posicionar cada linha de produto e para identificar estímulos para a
pesquisa de tendência. Através da observação do esquema, é possível identificar que a ponta que mais se
aproxima da tendência mostra que aquele cenário pode se referir àquela tendência, a fim de desenvolver
novos produtos.

EMBAIXO DAS ÁRVORES

Móveis de classe para Experiência inesquecível


espaços externos CANAIS DE VENDA

Perfume de leite de coco


EXTERIOR

Eclético com classe


FIBRAS, TECIDOS E CORES

Leveza brasileira
ECO-Tech CADEIRA ESPAGUETE
BAMBU

Essência e integridade
MADEIRA AO NATURA L
Memórias de madeira
MADEIRA RECUPERADA

Simplicidade nórdica
MADEIRA CLARA
216 | 217

A B C D E

INDOOR

HOSPITALIDADE

Móveis leves para bares,


restaurantes e hotéis
.

EMBAIXO DAS ÁRVORES


OUTDOOR
Móveis de classe para
s
espaços externos

— Cenário de referência e classes sociais O esquema acima posiciona todos os cenários com
base em duas variáveis : a classe social de referência e o posicionamento em interior ou exterior (indoor
ou outdoor), dos produtos a serem fabricados. No esquema, é possivel observar que os cenários estão
concentrados nas classes A, B e C, enquanto as classes D e E não foram levadas em consideração, devido
a escolhas estratégicas, as quais foram baseadas em pesquisas sobre o poder de compra de cada grupo.
Dois cenários são posicionados na metade, entre linhas de interior ou exterior (indoor ou outdoor). Isto
indica a possibilidade de produzir uma linha mista, que visa a contemplar esses dois ambientes.
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Posicionamento

CASA
EMBAIXO
DAS ÁRVORES
Móveis de classe para E

espaços externos
Acre no Salão do

OUTDOOR INDOOR

HOSPITALIDADE

Móveis leves para bares,


restaurantes e hotéis

CONTRACT

— Cenário de referência e destino de uso No diagrama acima, os cenários são posicionados com
relação a duas polaridades: indoor-outdoor e casa-contract. Contract, no mercado internacional, é todo o
setor de BtoB (Business to Business – negócio para negócio) e, portanto, são todos os setores de móveis, nos
quais o consumidor final não está envolvido diretamente na compra, tendo em seu lugar uma empresa
(por exemplo: móveis para escolas, para escritórios, para hotéis, para restaurantes, etc.). No esquema há
três cenários posicionados em ambientes precisos: casa-indoor, contract-indoor e casa-outdoor, enquanto
os outros três posicionam-se na metade, entre outdoor e indoor, porque as coleções podem oferecer
produtos em ambos os ambientes.
218 | 219

CANA
DE VE
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Canais de venda

AIS
ENDA
220 | 221

Canais de venda
Brasil

— Classe A: CONSERVADOR — Classe A: TENDÊNCIA — Classe B: CONSERVADOR

Rosa Kochen Way Design Meu Móvel de Madeira


www.rosakochen.com www.waydesign.com.br www.meumoveldemadeira.com.br
Velha Bahia Novo Ambiente Etna
www.velhabahia.com.br www.novoambiente.com www.etna.com.br
Secrets de Famille Artefacto Tok & Stok
www.secretsdefamille.com.br www.artefacto.com.br www.tokstok.com.br
Shopping D&D SP Dpot.
http://ded.com.br/site www.dpot.com.br
Brentwood Novo Desenho — Classe C: POPULAR
www2.brentwood.com.br www.novodesenho.com.br
Clami Ornare Casas Bahia
www.clami.com.br www.ornare.com.br www.casasbahia.com.br
Etel Magazine Luiza
www.etelinteriores.com.br www.magazineluiza.com.br
Fernando Jaeger Ponto Frio
www.fernandojaeger.com.br www.pontofrio.com.br
Carlos Motta Móveis Bartira
www.carlosmotta.com.br http://moveisbartira.com.br
Paulo Alves e Marcenaria SP Móveis Itatiaia
http://marcenariasp.com.br www.cozinhasitatiaia.com.br
Casa & Vídeo
www.casaevideo.com.br
Gazin
www.gazin.com.br
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Canais de venda

Canais de venda
Internacionais

Shoppable Rossella Orlandi (Itália)


www.shoppable.it www.rossanaorlandi.com
Dalani Cargo-Hightech (Itália)
www.dalani.co.uk www.high-techmilano.com
Monoqi Ikea (internacional)
https://monoqi.com/en/ www.ikea.com
Lovli Design Supermarket – La Rinascente
https://lovli.it/customer/account/login/ (Itália)
www.designsupermarket.it
Conran (internacional on-line)
www.conran.com
Vincon (Espanha)
www.vincon.com
Create&Barrel
www.crateandbarrel.com
Blumingdales (EUA – internacional)
www.bloomingdales.com
Maison du Monde
www.maisonsdumonde.com
222 | 223
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Canais de venda
224 | 225

Feiras Nacionais
2012

— Fevereiro Femur 2012, Ubá - MG House & Gift Fair, São Paulo - SP
www.femur.com.br www.grafitefeiras.com.br/sitenovo/
ABUP Show house/house.html
www.abup.com.br/eventos — Junho www.grafitefeiras.com.br/sitenovo/
Paralela Móvel house/house.html
http://paralelamovel.com.br/ Top Móvel, Fortaleza - CE Mercomóveis, Chapecó - SC
Paralela Gift. São Paulo - SP www.feiratopmovel.com.br www.mercomoveis.com.br
www.paralelagift.com.br/paginas/ Expo Rio Móbile, Rio de Janeiro Espírito Santo Móvel Show - ES
default.aspx - RJ www.movelshow.com.br/noticias
www.exporiomobile.com.br Paralela Gift. São Paulo -SP
— Março www.paralelagift.com.br/paginas/
— Julho default.aspx
Móvel Sul Brasil. Bento Gonçalves ABUP Show
- RS Eletrolar Show, São Paulo - SP www.abup.com.br/eventos/
www.sindmoveis.com.br/movelsul/ www.eletrolarshow.com.br Craft Design São Paulo - SP
index.php Movinter, Mirassol - SP www.craftdesign.com.br/
D.A.D São Paulo - SP www.movinter.com.br
www.laco.com.br/site/dad/index_ Formóbile, São Paulo - SP — Setembro
home.html www.feiraformobile.com.br
Feira DecoreCom, Curitiba - PR
— Maio — Agosto www.decorecom.com.br
Equipotel, São Paulo - SP
Encontros empresariais sobre Textil House Fair, São Paulo - SP www.equipotel.com.br
comércio internacional. www.grafitefeiras.com.br/sitenovo/ Office Solution Arquishow, São
textil-house/textil-house.html Paulo - SP
Financiamento à exportação www.grafitefeiras.com.br/sitenovo/ www.flexeventos.com.br
www.br4cgn.com.br/ textil-house/textil-house.html
clientes/sebraesp/email/w03/ ES Móvel Show, Vitória - ES — Outubro
econtrosempresariais3/index.html www.esmovelshow.com.br
Femman. Gramado - RS Movelnorte, Imperatriz - MA Fesqua, São Paulo - SP
www.futurafeiras.com.br www.movelnorte.com.br www.cipanet.com.br
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Feiras

Feiras
Internacionais 2012

— Janeiro www.ciff-gz.com — Agosto


Interzum guangzhou Guangzhou
Imm Cologne (China) International Gift Fair
Colônia (Alemanha) www.interzum-guangzhou.com New York (EUA)
www.imm-cologne.com www.nyigf.com
Feira Del Mueble De Zaragoza — Abril
Zaragoça (Espanha) — Setembro
www.feriazaragoza.es Salone del Mobile
Maison&Objet Milão (Itália) Furniture China
Paris (França) www.cosmit.it Xangai (China)
www.maison-objet.com High Point Market www.furniture-china.cn
Interiors Uk High Point (EUA) Maison&Objet
Birmingham (Inglaterra) www.highpointmarket.org Paris (França)
www.interiorsuk.com www.maison-objet.com
Expo Mobiliario — Maio
Cidade do México (México) — Outubro
www.mobiliario.com.mx International Contemporary
Interior Design Show Furniture Fair Orgatec
Toronto (Canadá) New York (EUA) Colônia (Alemanha)
www.interiordesignshow.com www.icff.com www.orgatec.de

— Março — Junho

MIFF Expo Ampimm


Kuala Lumpur (Malásia) Cidade do México (México)
www.miff.com.my www.ampimm.com
IFFS/AFS International Contemporary
Cingapura (Cingapura) Furniture Fair
www.iffs.com.sg New York (EUA)
CIFF www.icff.com
Guangzhou (China)
226 | 227

Feiras Nacionais
2013

— Fevereiro

Paralela Móvel
http://paralelamovel.com.br/

— Maio

Móvel Brasil
Sao Bento do Sul - RS
www.movelbrasil.com.br
Movexpo, Pernambuco
www.movexpo.com.br

— Julho

Brasil Móveis
São Paulo, Brasil - SP
www.brasilmoveis.com.br

— Agosto

Casa Brasil
www.sindmoveis.com.br/casa-
brasil/index.php
Pesquisa sobre a Identidade do Acre | Feiras

Feiras
Internacionais 2013

— Janeiro — Agosto

Interior Design Show International Gift Fair


Toronto (Canadá) New York (EUA)
www.interiordesignshow.com www.nyigf.com
The International
Furnishing show — Setembro
Colônia (Alemanha)
www.imm-cologne.com/en/imm/ Maison&Objet
home/index.php Paris (França)
Maison&Objet www.maison-objet.com
Paris (França) London Design Festival
www.maison-objet.com Londres (Inglaterra)
www.londondesignfestival.com
— Abril

Salone del Mobile


Milão (Itália)
www.cosmit.it

— Maio

International Contemporary
Furniture Fair
New York (EUA)
www.icff.com
BIBL
GRA
LIO-
AFIA
230 | 231

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