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Quantos de vocês já ouviram falar de mais vale prevenir do que remediar?

É uma
frase que ouço todos os dias, mas a qual nunca dei suficiente significado. Prevenir significa
ser prudente e, acho que prevenir é igualmente agradável, logo ser prudente é bom. Ou é
simplesmente algo que temos vindo a aceitar desde os nossos primeiros momentos?
A prudência é a virtude que ajuda o espírito a realizar em todas as circunstâncias o
nosso verdadeiro bem e a escolher os meios para o realizar. A prudência baseia-se na
memória do passado, no conhecimento do presente e, tanto quanto nos é possível, na
previsão das consequências das nossas decisões.
Esta existe desde sempre, não é de todo um conceito atual. Começou com
Aristóteles, passou belas brilhantes mentes do século 18 e resistiu a todas as suas
adversidades para chegar a nós. Essa tão longínqua virtude não é indiferença, esperteza ou
falta de sentido de oportunidade. Não é covardia, fraqueza ou simples estultícia. Pelo
contrário: é coragem, sabedoria e bondade, que grita para toda a gente ouvir: não é preciso
conhecer o bem, é preciso saber praticá-lo.
A prudência consiste na capacidade de saber discernir entre o bem e o mal, é
encontrar a zona cinzenta onde ficaremos satisfeitos com os resultados. Além disso, é
saber agir em conformidade com este discernimento, para uma condução coerente na vida,
sabendo, claro, que estamos sujeitos aos constrangimentos de viver, ventos favoráveis e
desfavoráveis, sorte e infortúnio. É a ciência das ações que devem ser feitas. Nela
convergem a memória, a inteligência e a providência, ou seja o passado, o presente e o
futuro.
É claro que a prudência está intimamente ligada às pessoas e às instituições.
Baseia-se, ironicamente, no individualismo, no egoísmo e nas réplicas narcisistas.
Depende,portanto, de cada um de nós.
Vivemos numa idade diferente que os primeiros filósofos da prudência, mas num
tempo de tantos 'pós', a prudência não tem substituto útil. Existe em cada um de nós a
necessidade de estar certo. Embora seja impossível e por poucos admitido, dentro de todos
os mortais existe a necessidade de ser perfeito, de agir sem falha, de ser dignos de ser
lembrados. O resultado é sempre apreciado e o caminho pouco louvado, mas isso não o
torna menos importante. A prudência oferece a rede necessária para agir e, mesmo quando
os arrependimentos inundam os nossos pensamentos, sabemos que agimos da melhor
maneira possível.
São muitas as luzes falsas que guiam o nosso pensamento para idéias de grandeza
por caminhos rápidos, todavia o rumo para tais resultados é recheado de buracos e
paradas, sendo a virtude da qual tanto falamos hoje, o único instrumento para segui-lo de
forma mais íntegra e natural.
A virtude é um bem essencial, mas não se iludem, não é uma decisão fácil e simples
de tomar. Por vezes implica dor, sacrifício e arrependimento, tudo para ter consciência
tranquila. A vida é feita de escolhas e como o velho ditado diz, mas vai prevenir do que
remediar

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