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ANTROPOLOGIA FORENSE:
UMA CIÊNCIA CALCIFICADA EM LAUDOS PERICIAIS
NITERÓI
2014
201
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Curso de Graduação em Ciências Sociais
ANTROPOLOGIA FORENSE:
UMA CIÊNCIA CALCIFICADA EM LAUDOS PERICIAIS
Niterói
2014
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá
P661 Pinto, Natacha.
ANTROPOLOGIA FORENSE:
UMA CIÊNCIA CALCIFICADA EM LAUDOS PERICIAIS
BANCA EXAMINADORA
............................................................
Prof. Dra. Joana Miller
Universidade Federal Fluminense
............................................................
Prof. Dra. Glaucia Silva
Universidade Federal Fluminense
............................................................
Prof. Dra. Alessandra Barreto
Universidade Federal Fluminense
Niterói
2014
A Claudia e Anderson.
AGRADECIMENTOS
A primeira aula que tive neste curso de graduação foi com o mesmo
professor com o qual tive a última. Sou eternamente grata ao professor Mauricio
Vieira Martins por todas as palavras sensatas, pelo carinho e cuidado com a
docência, por trazer cor e sentimento às ciências sociais. Obrigada.
Agradeço a professora Glaucia Silva por ter me acolhido e tomado meus
interesses como legítimos, por ter caminhado de mãos dadas comigo nesse
processo, por ter me acalmado nos surtos e por ser essa professora incrível.
Obrigada
Agradeço a professora Joana Miller por todo auxílio, por traz e a frente
dos panos. Obrigada.
Agradeço a todos os amigos e amigas cujas almas femininas e
‘sororitárias’ escutaram minhas lamúrias com tamanho carinho e amor,
proporcionando condições para realização desse trabalho. Obrigada.
Agradeço a minha família pelo financiamento durante todos esses anos
e pela paciência. Obrigada.
HOMEM DE COR
Tabela 1: Definições
Tabela 2: Código Processual Penal
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 14
5 FONTES ................................................................................................ 63
a. Referências Bibliográficas ...................................................................... 63
b. Outras Referências................................................................................. 67
6 APENDICES.......................................................................................... 68
6.1 Tabela 1: Definições ............................................................................... 68
6.2 Tabela 2: Código Processual Penal ....................................................... 74
6.3 Modelo de Croqui ................................................................................... 77
6.4 Esquemas de Marcadores de Lesões .................................................... 79
6.5 Modelo de Laudo Pericial Necroscópico ................................................ 94
14
1 INTRODUÇÃO
2 http://ebrafol.org/?p=100#more-100
3 Gostaria de ressaltar a dificuldade de encontrar na academia brasileira fontes de dados sobre
o assunto. Diante desta dificuldade restou a autora a obtenção de títulos internacionais e
disponíveis online sem custos inclusos. Como os recursos para pesquisa como graduanda
são escassos, assim como o tempo para compilação do trabalho final, utilizei o maior número
de fontes dentro no universo do possível e este revelou os títulos norte-americanos como
opções reais para o andamento da pesquisa, por isso a abordagem histórica pautada pela
experiência nortista complementada com pinceladas de experiências em demais partes do
continente e além mar.
18
Como consequência, o que aqui será exposto está restrito ao que foi observado,
lido e interpretado pela autora, sem compartilhamento de ideias com os
“connaisseur”4 do campo.
Como grande fã de séries televisivas e romances policiais que abordam
investigações criminais sob o aspecto da polícia técnica-científica, busquei, na
Universidade, informações sobre essa Antropologia Forense que tanto me
encantava na televisão e nos livros. Como aluna do curso de Ciências Sociais
tive como estrutura curricular disciplinas obrigatórias e optativas em Sociologia,
Antropologia e Ciência Política. Ao buscar informações sobre a Antropologia
Forense com os professores que lecionam as disciplinas de Antropologia na
Universidade, portas que antes estiveram abertas para minhas curiosidades,
dúvidas e interesses sobre Antropologia Social, foram “esmurradas” em minha
face quando mencionei essas duas palavras: Antropologia Forense.
Como portas e janelas e prédios inteiros foram se fechando conforme
procurava saber mais sobre essa área da Antropologia Biológica, que até então
eu não sabia existir - principalmente, não sabia que A Antropologia que conhecia
unicamente como Antropologia Social, na verdade, é ramificada em outras
áreas, sendo a Antropologia Social apenas uma delas - parei de menciona-los,
de procurá-los, até que adormeceram entre ondas de leituras filosóficas, políticas
e sociais.
Um dia, ao entrar na rede social da qual maior parte de meus amigos
participam, deparo-me com um grupo novo, recheado de alunos da Universidade
Federal Fluminense (UFF) cujas portas, janelas e prédios compartilhavam
comigo. Ao adentrar um grupo de conversas cujo tema era “é possível estudar
Antropologia Forense no curso de graduação em Antropologia da UFF?”, de
imediato expus minhas experiências não muito fortuitas e, curiosamente, sou
respondida por um colega do curso de Antropologia da Universidade indicando-
me uma professora, do departamento de Antropologia, que orienta alunos de
acordo com os interesses destes, não restringindo-se a suas linhas de pesquisa
e interesses pessoais. Imagine o meu espanto ao escutar isso. Fiquei incrédula
4“Connaisseur”:
palavra francesa que implica grande conhecimento de indivíduos ou indivíduo
em uma área de conhecimento ou assunto; expert.
19
durante alguns dias até que pensei: “Vou lá ver essa mulher, o que tenho a
perder?”. Então lá fui eu.
Quando bato na porta de sua sala ela me recepciona muito bem, apesar
de estar de saída. Quando segundos depois exponho meus projetos e meus
interesses de pesquisa essa mulher vira pra mim e diz: “Tudo bem, mas saiba
que quanto a teoria não poderei te ajudar, já que não trabalho nessa área, mas
posso te ajudar com o trabalho monográfico”. Fiquei tão feliz que palavras me
faltaram durante muito tempo para agradecer ao universo.
A partir de então comecei a buscar informações, pesquisadores,
profissionais técnicos, acadêmicos que trabalhassem com a Antropologia
Forense. Queria saber o que de fato essas pessoas faziam e fazem na prática,
como acontece uma investigação antropológica forense, o que qualifica uma
pessoa para tornar-se Antropólogo Forense, por que, na minha Universidade e
nos demais cursos de graduação em Antropologia em nosso país a Antropologia
Forense é praticamente tabu?
Com muitas questões e poucas fontes esse trabalho teve início, início
esse esperançoso de um processo cansativo e desestimulador cujo final,
apressado devido aos prazos da burocracia educacional da educação brasileira,
foi transformador, não pelo conteúdo em si do trabalho, mas pelas descobertas
pessoais que percorrer esse percurso tamanho doloroso me proporcionou.
Sem visualizar o fim, convido o leitor a percorrer esse caminho comigo e,
talvez o universo revele uma parcela de seu ser durante o trajeto.
20
5 “Osso esterno: osso alongado e plano situado na parte mediana do tórax, e no qual se
inserem as extremidades finais das costelas.” (SOBOTTA, 2009: 425)
21
– e ainda o é no Brasil, por exemplo – mas só criou-se como tal e para tal devido
a curiosidade científica sobre o funcionamento do corpo humano, pós e ante
mortem, de determinados indivíduos no século XVI, o que é o mesmo que dizer,
para época, hobbie ilegal e moralmente condenável. Fortunato Fidelis e Paulo
Zacchia, por exemplo, praticavam aberturas de cadáveres clandestinamente.
Através desse método, Fidelis pesquisou a diferença entre as lesões orgânicas
provocadas por um afogamento acidental e um afogamento criminoso. Paré,
também cientista da época, descreveu o pulmão de uma criança estrangulada.
Dr. Schreyer demonstrou que os pulmões de um recém-nascido morto, quando
ocorre respiração ante mortem, ao serem colocados em um utensílio repleto de
água, por possuírem ar devido a respiração ante mortem, flutuam na superfície
da água, Darmon (1991).
“Por volta do início do século XVIII, no entanto, os cirurgiões é que são
consultados sobre a gravidade dos ferimentos. São eles os chamados
em caso de morte litigiosa para descobrir se os ferimentos foram
produzidos em vida ou depois da morte, se alguém encontrado
pendurado numa corda morreu por enforcamento ou foi pendurado
depois de ter sido assassinado, se um cadáver foi atingido por um raio
ou sucumbiu a violências criminosas.” (DARMON, 1991:231)
O primeiro caso nos EUA onde a antropologia forense é aplicada data-se
1849, o assassinato Parkman. Em um laboratório de anatomia um corpo foi
encontrado esquartejado. Oliver Wendell Holmes I e Jeffries Wyman eram
professores de anatomia na Universidade de Harvard e foram requisitados para
investigar a morte misteriosa. Usando as técnicas para medidas corporais até
então desenvolvidas, os professores determinaram a altura, sexo e raça do corpo
desmembrado. Quando compararam as informações dentárias do cadáver com
as do professor Parkman, confirmaram a identidade do misterioso corpo
assassinado. Através das informações levantadas com a meticulosa
investigação dos restos mortais, os professores Holmes I e Wyman ajudaram a
condenar o assassino do professor Parkman, um professor de química também
da Universidade que devia uma soma de dinheiro a Parkman, o qual escolheu a
morte como forma de pagamento. Ressalto que as normas jurídicas norte
americanas diferenciam-se muito das brasileiras e ainda destaco que estes
22
7 “A antropometria judiciária abria, por outro lado, novos horizontes no campo da investigação
dos cadáveres. Naquela época os cadáveres ficavam muito pouco tempo no necrotério, pois
os processos de conservação pelo frio ainda não existiam, o que reduzia em muito o período
no decurso do qual era possível às testemunhas reconhecerem um despojo anônimo. Além
disso, muitos cadáveres eram levados para lá num estado de putrefação avançado e, nesse
caso, a dimensão dos ossos era então sua única marca distintiva. Enfim, a antropometria
permitiu evitar trágicos enganos quando o cadáver tinha um sósia.” (DARMON, 1991: 221)
8 Depois do caso Rollin, sósia de um cadáver, “[...]Bertillon chegou a conclusão que seria muito
útil fazer a ficha antropométrica de todos os militares.Assim, algumas medidad ósseas tiradas
de um cadáver irreconhecível seriam o suficiente para identificar o infeliz e não haveria mais
nem ‘soldados desconhecidos’ nem ‘desaparecidos’. Ficaria igualmente resolvido o problema
dos amnésicos que certas famílias pensavam reconhecer como um dos seus.” (DARMON,
1991: 221)
25
fora acusado de assassinar sua esposa e despojar de seu corpo em uma cuba
de potássio em sua fábrica de salsichas. O corpo dissolveu-se restando apenas
uma geleia gordurosa, quatro pedaços pequenos de ossos e um anel. O
antropólogo George A. Dorsey foi chamado para investigar os diminutos restos
ósseos. O antropólogo foi capaz de provar que os quatro fragmentos ósseos
pertenciam a uma mão, pé e costelas humanas. Como o anel foi identificado
como pertencente a Sra. Leutgert, a comprovação provida pelo antropólogo dos
restos ósseos como humanos ajudou a condenar Adolph Leutgert pelo
assassinato de sua esposa.
Apesar do cenário translúcido no qual a disciplina se formava, livros foram
publicados sobre identificação humana e aspectos médico-legais do esqueleto
humano. Algumas dessas publicações exprimem técnicas que são utilizadas até
os dias de hoje pela ciência moderna e do século XXI, como a papiloscopia e a
reprodução facial a partir da estrutura craniana. Algumas dessas publicações
são dos estudiosos Harris H Wilder, Paul Stevenson, T. Wingate Todd, Robert J.
Terry e Mildred Trotter. Todos esses cientistas, europeus e norte-americanos,
independentemente das razões que os motivavam, tinham em comum a busca
pela “verdade”,
“[..]perscrutar milimetricamente os corpos, ainda que animados ou sem
vida, de modo a extrair uma verdade última que estaria inscrita neles
e, por certo, seria revelável por meio de procedimentos orientados sob
uma perspectiva científica, objetiva e racional.” (GASPAR NETO, 2014:
1066)
Coleções ósseas começaram a ser montadas, com o intuito de formar o
perfil populacional (as faixas médias de idade, estatura e raça entre os
segmentos populacionais). Uma dessas coleções é a ‘Terry Collection’ que hoje
está situada no instituto Smithsonian e ainda é utilizada em pesquisas ósseas
humanas.
Em 1939, Wilton Marion Krogman publica “Guide to the Identification of
Human Skeletal Material” como um panfleto para o FBI (Federal Bureau of
Investigation) com as informações seminais e básicas sobre o esqueleto humano
conhecidas até então. O primeiro livro dedicado exclusivamente ao estudo de
ossadas humanas nas ciências forenses data 1962 de autoria de Wilton
26
9 Sigla em inglês
27
correta dos seres viventes para sua alocação social e familiar (VALERA, 2012).
Assim, esta é uma disciplina holística
“que participa em la labor de la reconstrucción de um hecho, que marca
las vidas de otros, no sólo sus familiares sino la sociedade em sí, donde
convergen aspectos biológicos, culturales e inclusive históricos para
revelar la identidad de los sujetos implicados.” (VALERA, 2012:8).
Essa ciência estuda corpos humanos ante mortem e pós mortem.
“Se va considerar como identificación al processo que busca
correlacionar o cotejar características ante mortem de un individuo (las
cuales son proporcionadas por registros médicos y sociales) com
respecto a las características post mortem que se tienen del individuo
produto de la evaluación realizada dentro de la morgue por el
antropólogo forense.” (VALERA, 2012:19)
Sua aplicação em corpos vivos ocorre através da análise - com métodos
morfoscópicos, métricos radiológicos e genéticos – para identificação de
indivíduos. Em casos de indivíduos que cometeram delitos como furto e
homicídio, por exemplo, onde a prova de sua participação em tais atos seja
imagens, fotos ou vídeos, a identificação para comprovação da identidade
dessas pessoas ocorre através da comparação dessas imagens com as
informações produzidas pela ciência forense, como radiografias, digitais,
medidas osteológicas, etc. A sobreposição dessas informações, por vezes a
reunião de dados, por outras a comparação antropométrica, é capaz de
confirmar a identidade dos indivíduos em questão.
Entretanto, os casos mais comuns de análise antropológica forense em
vivos seria, de acordo com Valera (2012), a identificação de crianças de rua e
estabelecimento da faixa etária de adolescentes que encontram-se envolvidos
em crimes e têm sua real idade desconhecida para determinação judicial de
como realizar seu processamento. Mas essa ciência ainda pode ajudar em
processos de adoção e estudos de paternidade e maternidade, através da
identificação pelo código genético.
No caso dos corpos sem vida, a aplicação da antropologia física às
ciências forenses orienta o estudo de cadáveres frescos sem identificação,
cadáveres em alto grau de decomposição (esqueletizados, putrefeitos,
mumificados e em estado de saponificação), cadáveres afetados pela ação do
30
12
“Este sistema, criado por volta de 1880 por um modesto escrevente da prefeitura de polícia,
Alphonse Bertillon, permite identificar cientificamente os recidivistas. Os resultados de um
método como esse não dão margem nem à contestação nem à polêmica. Aqui, tudo faz parte
do domínio do real, do palpável, do imediato.” (DARMON, 1991:209)
32
13 Nome fictício, para não exposição e corrupção da imagem social, atribuído ao profissional
observado
35
14 http://ebrafol.org/?p=100#more-100
36
demais sociedades que não as nortistas, legitimidade cultural, como o Sr. Lèvi-
Strauss.
Desde então, pelo menos em nosso país, ficou bem claro a divisão entre
as ciências “rígidas” que fazem uso da “razão” e as ciências – hoje colocadas
como suas concorrentes – humanas, que fazem uso da “razão” humana para
enxergar os universos de além mar.
Nessa cisão perdeu-se muito, mas penso que já era o que o iluminismo
havia previsto. Seres Humanos, que possuem constituição biológica e agir
social, foram seccionados: ou são constituídos ou são agentes. Os homens e
mulheres não foram mais vistos em suas integridades, totalidades. As ciências
naturais nem sequer tiveram chance de cortejar as ciências sociais. A ciência
que estuda os seres humanos, porque sim, a partir do momento que o
conhecimento foi seccionado há de existir uma ciência para estudar os
indivíduos, a Antropologia, também não os enxerga em suas totalidades. A
Antropologia reside nas ciências sociais, habitando o lado oposto da rua das
ciências naturais. Assim, quando hoje procuro as diferentes divisões da
Antropologia e não encontro a vertente biológica em nenhum departamento de
graduação de Antropologia, entendo que até o desenvolvimento das ciências
corresponde ao tempo histórico das civilizações humanas.
Contudo, ainda não consigo visualizar o tempo em que vivemos. Seja
por estarmos imersos no processo histórico ou por simples cegueira minha, o
sentimento que fica é de desamparo, já que o que consegui enxergar de fato,
está sendo esquecido ou ignorado na história de quem escreve a estória: os
processos e estruturas biológicas estão presentes e vivos nos indivíduos sociais.
Não há como se emocionar, por exemplo, com uma história se não se possui
ouvidos e canal auditivo, se o cérebro e a cognição não foram educados para
ouvir, compreender e interpretar.
Reflexo dessa ruptura histórica, no Brasil, as três maiores Universidades
Federais, de acordo com pesquisa realizada pela Folha de São Paulo15 em 2014,
são Universidade Federal de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), nessa ordem.
15
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/09/1511133-usp-e-a-1-em-20-cursos-e-tem-a-
maior-nota-geral.shtml
39
16https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/listarGradeCurricular?codcg=8&codcur=8040&codhab=200
&tipo=N
17https://www2.ufmg.br/mostradasprofissoes/Mostra/Cursos/Ciencias-Humanas/Antropologia
18https://siga.ufrj.br/sira/temas/zire/frameConsultas.jsp?mainPage=/repositoriocurriculo/220D76
40-92A4-F799-136A-F14D368DEE35.html
19 Ao longo desse trabalho pude observar que há uma tendência nacional em enxergar a
Antropologia somente por sua vertente Cultural/Social, como se a área do conhecimento só
estudasse a cultura dos homens e suas sociedades, apagando da história escrita
(material/sensível) e ideológica (imaginário social – coletivo ou individual) a vertente
linguística, arqueológica (hoje já uma área do conhecimento distinta em muitas
Universidades) e, principalmente, biológica.
20 http://www.ppga-ufpa.com.br/areas/concentracao/
40
3.1 A Pericia
21
http://www.apcf.org.br/Per%C3%ADciaCriminal/Oque%C3%A9per%C3%ADcia.aspx
43
22 “Dá-se esse nome quando, atuando na esfera do direito cível, esse profissional é nomeado
diretamente para atender dúvidas do magistrado titular do processo. O perito do juízo é nomeado
pelo próprio magistrado que esteja analisando o processo. Ele o fará se julgar que precisa de
esclarecimentos técnicos e especializados sobre determinada situação colocada nos autos.
Independe, portanto, da vontade das partes a decisão do juiz em nomear um perito para lhe
auxiliar” (ESPINDULA, 2013: 82)
23 EDITAL Nº 10/2012 – DGP/DPF, DE 10 DE JUNHO DE 2012 : CONCURSO PÚBLICO PARA
3.2 O Perito
http://www.cespe.unb.br/concursos/DPF_12_PERITO/arquivos/ED_10_2012_DPF_PERITO_A
BERTURA.DOCX.PDF
24“Esses profissionais, de formação acadêmica, são, necessariamente, funcionários públicos
contratados mediante concursos públicos para o fim específico de realizar exames periciais.”
(ESPINDULA, 2013: 82)
25No último guia de “Procedimentos Operacionais Padrão – Perícia Criminal” ao qual a autora
teve acesso até o término deste trabalho, datando o ano de 2013 e divulgado pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública, para exames médico legais, realizados por peritos médico
legistas, relata apenas as perícias em sexologia forense, lesões corporais e necropsia. Esses
três exames, em escala nacional, são os únicos que possuem oficialmente o selo de qualidade
para sua realização e inscrição nos laudos periciais. Os demais exames não estão inscritos nos
POP.
45
29 Até a conclusão deste trabalho o POP para Antropologia Forense não foi disponibilizado
online.
53
Na discussão o perito expõe suas certezas, já que “Perito não acha, não
tem opinião! Tem certeza ainda que da dúvida.”31 Estabelece a relação de causa
entre os dados achados pelo exame e o delito em apuração. Relaciona histórico,
descrição e bibliografia, argumenta de forma lógica e consistente a fim de tornar
as razões descritas no laudo irrefutáveis ao mesmo tempo em que os
argumentos devem ser claros e simples para que o leigo (juiz, advogados,
promotores, defensores, ...) possam compreender. Na discussão também é o
lugar para indicar consultas médicas, cirurgias e quais quer procedimentos que
o indivíduo possa ter sofrido no período relevante anterior ao delito.
Na conclusão é estabelecida a cronologia dos eventos que, a partir de
uma causa básica, produziram alterações no organismo da vítima, culminando
com o seu óbito. A conclusão é um resumo objetivo dos eventos que
determinaram a causa da morte, deve ser iniciada pela causa imediata indo até
a causa básica, que é a última a ser relatada.
Após o exame necroscópico e as considerações médicas analisadas, o
perito médico legista responde aos quesitos, padronizados para todo exame
pericial necroscópico. A resposta é padronizada, sempre que possível,
ocorrendo nos seguintes moldes:
SIM (quando o perito tem convicção de que ocorreu o que o quesito
pergunta).
Não (quando o perito tem convicção de que não ocorreu o que o
quesito pergunta).
SEM ELEMENTOS (quando o perito não tem convicção para
responder sim ou não ao que o quesito pergunta).
PREJUDICADO (quando a pergunta que o quesito faz não se
aplica a situação, ou quando a resposta anterior prejudica a
resposta do quesito seguinte).
AGUARDAR (quando depende do exame laboratorial para
determinar a causa da morte).
Quando o exame necroscópico tem fim e os laudos dos exames
laboratoriais são entregues ao médico legista responsável pela necropsia, é
31 http://www.malthus.com.br/mg_total.asp
55
33 http://www.malthus.com.br/mg_total.asp
57
lógico que a ciência que estuda os homens também o fosse. Os homens são
compreendidos de forma social/cultural e de forma biológica, como se um ser
social coabitasse o corpo do ser biológico. A nossa falha, enquanto cientistas
sociais, é não entendemos que o mesmo ser é biológico e social.
O século das luzes produziu o século dos holofotes. A Antropologia
Biológica é colocada como o oposto da Antropologia Social/Cultural. Contudo,
toda luz que irradia desses holofotes esquece que tanto a primeira quanto a
segunda possuem o mesmo objeto de estudo, os seres humanos, únicos e
individuais, detentores de corpo, mente, sentimentos e sensações em uma única
carapaça integrada, o corpo humano.
59
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
35 Ressalto aqui todo ser humano é homem e mulher de seu tempo, de sua época,
correspondendo a demandas, necessidades, curiosidades e intransigências historicamente
estabelecidos. Por isso não deve haver na leitura deste trabalho um olhar pejorativo ou
valorativo a determinadas regiões, épocas ou grupo de cientistas.
60
Por isso, termino este trabalho com uma frase que, para mim, mostrou-
se extremamente sensata. Essa frase, como pretendi colocar este trabalho, está
para além de metodologias, conteúdos e discursos. Ambos, frase e trabalho, têm
o intuito de serem lidos e experimentados, enquanto produção humana imaterial,
através da sensibilidade humana.
5 FONTES
a. Referências Bibliográficas
ESPINDULA, Alberi. 2013. Perícia Criminal e Cível: uma visão geral para
peritos e usuários da perícia. São Paulo: Millennium Editora
MANHEIN, Mary H. 2005. Trail of Bones: more cases from the files of a
forensic anthropologist. Louisiana: Louisiana State University Press.
b. Outras Referências
http://ebrafol.org/?p=100#more-100
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/09/1511133-usp-e-a-1-em-20-
cursos-e-tem-a-maior-nota-geral.shtml
https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/listarGradeCurricular?codcg=8&codcur=804
0&codhab=200&tipo=N
https://www2.ufmg.br/mostradasprofissoes/Mostra/Cursos/Ciencias-
Humanas/Antropologia
https://siga.ufrj.br/sira/temas/zire/frameConsultas.jsp?mainPage=/repositoriocur
riculo/220D7640-92A4-F799-136A-F14D368DEE35.html
http://www.ppga-ufpa.com.br/areas/concentracao/
http://www.apcf.org.br/Per%C3%ADciaCriminal/Oque%C3%A9per%C3%ADcia.
aspx
http://www.cespe.unb.br/concursos/DPF_12_PERITO/arquivos/ED_10_2012_D
PF_PERITO_ABERTURA.DOCX.PDF
http://www.malthus.com.br/mg_total.asp
http://www.ibemol.com.br/sodime/
68
6 APENDICES
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.
§ 1.º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente
na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões
externas e vestígios deixados no local do crime.
75
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas,
esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se
altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações
na dinâmica dos fatos.
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os
laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de
descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou
para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um
redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a
novo exame por outros peritos.
76
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for
necessária ao esclarecimento da verdade.
37 Todas as imagens da sessão 6.4 possuem a mesma fonte, indicada no término da dita
sessão.
80
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83
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Fonte: entrevistado39