IV Colóquio Técnico e Científico da
Medicina Veterinária do UniBH
MASTOCITOMA CUTÂNEO CANINO: RELATO DE CASO
Dayse Araújo1*, Aldair Pinto³, Bruna Santos¹, Ana Luiza Miranda¹, Fernanda Machado¹, Rafael Cosenza¹,
Carina Veiga¹.
1
Graduando em Medicina Veterinária – UniBH – Belo Horizonte/ MG – Brasil
2
Professor do Departamento de Medicina Veterinária – UniBH – Belo Horizonte – MG – Brasil
INTRODUÇÃO
Os mastocitomas são neoplasias cutâneas, infiltrativas,
ocasionam-se especialmente em membros torácicos e
troncos. Algumas raças são propensas como raças
braquiocefálica como Boxer, Boston Terrier, Pug, Labrador,
Golden Retriver, Sharpei, Pastor Alemão e Collie¹.
As regiões mais comuns a apresentarem os mastocitoma
são membros pélvicos, abdômen, tórax, membros torácicos
e cabeça e podem também acometer fígado, baço e rins em
caso de distribuição sistêmica².
Em condições clínicas, o mastocitomas possui variadas
apresentações. Na forma cutânea apresenta-se como
nodulações avermelhadas na derme, não encapsulados e
com tamanho variando de 1 a 30 cm de diâmetro³.
Com intuito de padronizar as características das
classificações dos mastocitomas, estudos propuseram uma
definição como alto grau e baixo grau. Nestes, são avaliadas
presença de figuras mitóticas, células multinucleadas,
núcleos bizarros e cariomegalia, constituindo esses fatores
em indicativos de alto grau de malignidade e as neoplasias
que não dispõe dessas características são classificadas
como baixo grau de malignidade, implicando assim o
prognostico².
O tratamento consiste na classificação histopatológica do
mastocitoma, a característica clínica do tumor, localização,
presença de metástase e tempo de evolução clínica.
O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de
mastocitoma cutâneo torácico de baixo grau de malignidade
em uma cadela da raça Golden Retriver. Para fundamentos
teórica, foi realizada revisão literária na base de dados
científicos Pubvet.
RELATO DE CASO E DISCUSSÕES
Chegou para atendimento uma cadela da raça Golden
Retriver, 10 anos de idade, pesando 27 kg, apresentando
como queixa principal o surgimento de múltiplos nódulos. A
paciente encontrava-se alerta, ativa e clinicamente bem.
A princípio foi realizado exames de perfil pré-anestésicos,
sem alterações. Como um dos nódulos, localizado na região
cervical encontrava-se ulcerado, optou-se por uma
intervenção cirúrgica de retirada de nódulos nas regiões
cervicais, flanco direito e tórax esquerdo.
Logo após intervenção cirúrgica, os nódulos foram
encaminhados para biopsia, resultando em pilomatricoma
nos nódulos cervicais e flanco direito. Já o nódulo do tórax
esquerdo, concluiu-se mastocitoma de baixo grau (grau II),
no qual achado macroscópico dessa região foi observado
fragmento de pele pilosa, medindo 1,7x1,6x0,9 cm, marron-
brancacento, ulcerado e consistência macia.
Já o achado microscópico exibiu fragmentos de pele pilosa
apresentando formação neoplásica densa, infiltrativas,
pobremente delimitada e não encapsulada. As células
neoplásicas são tipo redondas, grandes, com citoplasma ora
escasso, ora abundante e contendo grânulos
metacromáticos, e núcleo grande com cromatina frouxa e
nucléolo evidente. Pleomorfismo moderado e índice mitótico
baixo (até 02 mitoses em 10 campo de 40x). As células
dispõem-se em padrão cordonal a solido, com eosinofilia e
colagenólise. Há presença de hiperemia e hemorragias,
moderadas e extensa área de ulceração.
Inicialmente como terapia foi prescrito o uso de prednisona
na dose de 20 mg, via oral, SID, durante 30 dias e desmame
gradual por mais 30 dias, objetivando promover regressão
tumoral. Foi instituído um protocolo quimioterápico após 10
dias do procedimento cirúrgico a base de Vincristina na dose
de 0,75 mg/m² semanal durante dois ciclos.
De acordo com Daleck e De Nardi, os mastocitoma são
classificados em lesões nodulares características, oriundas
no tecido epitelial, nódulos aderidos, ulceradas e infiltrativas
como foi possível observar no caso apresentado acima¹.
A predisposição para algumas raças, inclusive a Golden
Retriver e a idade da paciente também seguem de acordo
com os estudos, onde a idade aproximada para o
desenvolvimento neoplásico é em média nove anos. O
tratamento preconizado também foi de encontro a estudos
onde se evidência a importância da função dos
glicocorticoides em retardar o crescimento tumoral. Assim o
protocolo realizado obteve resultados esperados.
Figura 1: Frequência de mastocitomas cutâneos em
cães segundo a idade, Uberlândia-MG em 2013.
De acordo com estudos a frequência de mastocitoma
cutâneos em relação a idade em sua grande maioria são
cães acometidos variando a idade entre cinco e doze anos,
como pode ser observado no estudo apresentado na FIG.1.
A média de idade dos animais utilizados no estudo foi de
8,91 anos, sendo que Patnaik et al. (1984), Dobson e Scase
(2007) e Costa-Casagrande et al. (2008) verificaram que
cães adultos com idade entre 8 e 9 anos são mais
acometidos por mastocitoma cutâneo. Pesquisas também
descrevem o tempo de sobrevida relacionado ao grau
histopatológico da neoplasia e as características de
malignidade demostradas nas lesões, assim pacientes com
neoplasias de baixo grau de malignidade possuem
apresentam tempo de sobrevida superior a 24 meses, indo
de encontro com o caso relatado.
CONCLUSÕES
Conclui-se que o surgimento dos nódulos encontra-se dentro
esperado em literatura, com isso a gradação histopatológica
foi fundamental para o protocolo terapêutico da neoplasia,
sendo eficaz. Já levando em conta o tempo de sobrevida
também é satisfatório, uma vez que em caso de
mastocitoma de grau baixo é superior a 24 meses e até a
data do presente estudo não houve qualquer reincidência.
BIBLIOGRAFIAS
1. Daleck CR & De Nardi AB. Oncologia em cães e gatos. 2 ed. – Rio
de Janeiro: Roca. Cap. 50, p.649-660, 2016.
2. Machado MA, Rocha, COJ, Lopes NL, Caicó D, Fernandes JI,
Carvalho, FCG Mastocitoma Cutâneo Disseminado Canino: Relato de Caso,
Revista de Saúde. 2018 jan./jun.; 09 (1): 26-29
3. Palma HE et al. Mastocitoma Cutâneo Canino – Revisão. Medvep
– Revista Cientifica de Medicina Veterinária – Pequenos Animais e Animais de
Estimação. 2009; 7 (23): 523-528.