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Jardins, origem, evolução e sua interação com Jardins Botânicos

Article · July 2002

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Renato Ferraz de Arruda Veiga Ives Murata


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HISTÓRIA

Jardins: origem, evolução,


características e sua interação
com jardins botânicos

O Instituto Agronômico criou seu


Jardim Botânico em 1960, com o tra-
balho do pesquisador científico
Hermes Moreira de Souza, que nele prosse-
guiu até sua aposentadoria. Desde então, o
co. A última reforma data de 2001, integrou
as áreas da Mata Santa Eliza, o Cerrado, o
Arboreto, os jardins da Sede do IAC e os
BAGs, em um único Núcleo, motivou-nos a
elaborar este trabalho como subsídio ao pla-
trabalho paisagístico do IAC vem sendo exe- no diretor do Jardim Botânico.
cutado pelo pesqui-
sador científico Luís A palavra jardim provém do Hebreu
Antonio Ferraz “gan”, que significa proteger, defender e
Matthes. Trata-se de “éden” que significa prazer. Estes são nor-
um Jardim Botânico malmente descritos segundo seus estilos:
essencialmente agrí- clássico (anteriores ao século XV), barroco,
cola, registrado pelo paisagístico, exibicionista, pitoresco e mu-
CONAMA na catego- rado (a partir do século XV), romântico e
ria B, segundo o anglo-chines (a partir do século XVI), metó-
D.O.U., Portaria nº44, dico (entre os séculos XVI e XVIII), rococó
de 23 de agosto de (entre os séculos XVII e XIX), sentimental
2002, que classifica os (principalmente nos séculos XVIII e XX),
Renato jardins botânicos bra- estilos mistos (entre os séculos XV e XVIII
sileiros em categorias. e depois do século XIX), contemporâneo
Seus bancos ativos de germoplasma de plan- (início do século XX, em diante) ou ainda
tas econômicas (BAGs), são o seu principal segundo sua pátria: grega, romana, italia-
atrativo. Passou por diversas reformas ins- na, francesa, etc.
titucionais que alteraram seu nome, tais
como Complexo Botânico Monjolinho, Cen- Em tese, como área física, um Jardim
tro de Recursos Genéticos Vegetais e Jar- Botânico nada mais é que um conglomera-
dim Botânico e, atualmente, Núcleo de Pes- do de jardins, mas, suas atribuições vão mais Jardim Botânico do IAC: os “Caminhos de bam-
quisa e Desenvolvimento do Jardim Botâni- longe, sendo um espaço que mantém cole- bu” no Centro Experimental, em Campinas.
ções de plantas em forma de bancos ativos jardins que reporta à época anterior a Cris-
de germoplasma “in situ”, para a preserva- to. Enquanto nos jardins se cultivavam, em
ção da flora local, e “ex situ” para a conser- pequenas dimensões, basicamente plantas
vação de acessos oriundos de outras regi- alimentícias, medicinais, aromáticas e orna-
ões do país ou do exterior, representando, mentais, com fins alimentícios e lazer famili-
em ordem sistemática, determinados gêne- ar, nos Jardins Botânicos incorporaram-se
ros ou grupo de espécies afins, ou mesmo os conceitos de intercâmbio de
habitats específicos, tanto ao ar livre quan- germoplasma, de preservação de espécies
to em casas de vegetação, estufas ou nativas e exóticas, em amplos ambientes, e
telados. Objetivam também o intercâmbio de de abertura à visitação pública atrelada à
germoplasma, as pesquisas científicas, a Educação Ambiental.
educação ambiental, a agricultura sustentá-
vel e o lazer da comunidade. Sua forma de Hoje existem cerca de 1700 Jardins
apresentação pode ser temática, formada por Botânicos, espalhados pelo mundo, a maio-
O Instituto Agronômico
plantas alimentícias, aromáticas, industriais, ria deles está localizada em regiões tempe-
criou seu Jardim Botânico em
medicinais e ornamentais, ou até mesmo por radas, mesmo sabendo-se que há maior bio-
1960, com os trabalhos
uma miscelânea destas. diversidade nos trópicos. Isto significa que
do pesquisador científico
ainda existe um grande vazio a ser preenchi-
Hermes Moreira de Souza,
Mesmo os Jardins Botânicos exis- do na criação de novos jardins botânicos,
que nele prosseguiu até
tindo apenas a partir do século XVI, sua principalmente nas regiões de mega-biodi-
a sua aposentadoria.
história completa está atrelada à história dos versidade.

O Agronômico, Campinas, 54(2), 2002 29


CUL Neste
TIV
CULTIVARES
TIVAREStrabalho
IA
IACCexpõe-se, de forma montanha artificial. Tais jardins se caracte-
sucinta, a origem, a evolução e as principais rizaram mais pelos novos elementos O geógrafo grego Strabo
características paisagísticas regionais dos arquitetônicos incorporados que pela sua descreveu os Jardins da
jardins no mundo e seus principais Jardins vegetação. Entretanto, continha principal- Babilônia como tendo
Botânicos. O trabalho está estruturado em mente álamos, jasmins, malvas-rosa, pínos, terraços superpostos,
duas épocas distintas, anterior e posterior rosas, tâmaras e tulipas. O geógrafo grego erguidos sobre pilares,
a Cristo, a primeira onde se dá o início dos Strabo os descreveu como tendo “terraços em forma de cubos ocos,
jardins e a segunda quando os jardins se superpostos, erguidos sobre pilares em for- os quais, preenchidos
atrelam à criação dos Jardins Botânicos. ma de cubos ocos, os quais, preenchidos com terra, abrigavam
com terra, abrigavam as árvores. Lateral- árvores.
O início dos jardins mente possuía escadas e motores d’água
que irrigavam os jardins com água do rio
Segundo a Bíblia, a história dos jar- Eufrates”.
dins começou no início da humanidade. Em interior das habitações e ficavam separados
Gênesis II, relata-se que “Deus plantou o No Egito, os jardins eram constituí- das mesmas por colunas. Suas característi-
Jardim do Éden, no Oriente” ... “Deus fez dos em grandes planos horizontais, acom- cas eram a grandiosidade e a decoração pom-
brotar do solo todas as espécies de árvores panhando a topografia do Rio Nilo, os jar- posa, com finalidades recreativas e sociais.
formosas e saborosas”... , “e aí colocou o dins representavam um símbolo da fertilida- Éram metódicos, ordenados e integrados às
homem para que o cultivasse e conservas- de e compunham, com seus monumentos, residências, como os das cidades de Hercu-
se”. Sobre sua localização cita: “um rio saía uma simetria de rigidez retilínea, seguindo lano e Pompéia. As sombras proporciona-
do Éden para regar o jardim, e de lá se divi- os quatro pontos cardeais. O jardim oficial das por galerias de arcos, reduziam a neces-
dia em quatro: Fison, Geon, Tigre e de Tebas, de 2.000 a.C, possuía canteiros de sidade de árvores que eram plantadas em
Eufrates”. flores, cercas vivas, caramanchões e uma grupos. Possuíam tanques d’água para a ir-
piscina, sendo contornado por muros altos, rigação planejada, monumentos, mesas e
Os assírios, usando técnicas de irri- modelo que persistiu até o ano 500 a.C. As estátuas de mármore, oriundas principal-
gação e drenagem, formaram jardins essen- principais plantas utilizadas foram: figuei- mente de saques na guerra com a Grécia.
cialmente agrícolas, com pomares e hortas, ras, palmeiras, plantas aquáticas, sicômoros Algumas plantas utilizadas foram amendo-
na região entre os rios Tigre e Eufrates. e videiras. eira, amoreira, buxos, ciprestes, figueiras,
coníferas, louro-anão, macieiras, pesseguei-
Na Pérsia, os jardins possuíam um ros, plátanos e videiras. As vilas romanas
estilo misto entre o grego e o egípcio e co- são exemplos do conceito “casa-jardim”,
briam grandes extensões de terra, sendo empregado na época, com sua horta e terra-
murados quando ligados às residências. A ço ornamentado com flores perfumadas. O
introdução de espécies floríferas no jardim uso da topiária, compondo formas de figu-
criou um novo conceito, passando a vege- ras e de nomes, caracterizou o período.
tação a ser estimada não apenas pelo seu
valor alimentício, mas também pelo seu va- A jardinagem da China teve sua ori-
lor ornamental e pelo perfume. Buscavam gem ao redor do ano 200 a.C.. Os imperado-
formar um local privado, recriando a nature- res criaram jardins cercados, propícios à
za, através de bosques com animais em li- contemplação, cujos elementos básicos fo-
berdade, canteiros, canais e elementos mo- ram as pedras, riachos e lagos, onde se limi-
Os babilônios publicaram os textos numentais. O jardim era dividido em forma- tava a ordenar as plantas nativas. Naquela
mais antigos sobre jardins, datando do ter- to de cruz, por canais d’água, em cuja época acreditava-se que ao norte da China
ceiro milênio a.C.. Descreveram seus jar- intersecção se elevava uma construção que havia um lugar para os imortais, uma espé-
dins como “locais sagrados”. Os Jardins podia ser um edifício ou simplesmente uma cie de lago-ilha. A imitação deste local ima-
Suspensos da Babilônia destacam-se como fonte. As principais plantas utilizadas fo- ginário efetivou o estilo chinês, com paláci-
sendo uma das sete maravilhas do mundo, ram os ciprestes, jacintos, jasmins, narcisos, os vermelhos em meio às rochas, lagos co-
principalmente por sua grande dimensão, palmeiras, pínos, plátanos, rosas e tulipas. bertos de lótus e rodeados de chorões.
com 100 m de altura em 15.000 m2. Relatos
indicam que tais jardins foram construídos Na Grécia, os jardins, que se esme-
pelo rei Nabucodonosor a partir do ano 605 ravam pela simplicidade, possuíam uma for-
a.C. Conta-se que os Jardins foram te influência egípcia, mas com característi-
construídos para alegrar a esposa do rei, a cas próprias devido à topografia mais aci-
Rainha Amyitis, a qual tinha saudades das dentada e pelo clima diferenciado. Os jar-
montanhas verdejantes de sua terra natal, dins, que imitavam a natureza, ficavam em
Medes. Como a Babilônia não possuía mon- recintos abertos para pórticos e colunas na
tanhas, seu esposo decidiu recriar a paisa- entrada, como uma extensão das constru-
gem de Medes com a construção de uma ções. Na decoração, utilizavam esculturas hu-
manas e animais, próximas do tamanho e for-
Existe um grande vazio ma naturais. Cultivavam-se hortaliças e vári-
a ser preenchido na criação as frutíferas como figueiras, macieiras, olivei-
de novos jardins botânicos, ras, pereiras, romãzeiras e videiras.
principalmente nas regiões
de megabiodiversidade Os jardins Romanos seguiram o esti- Vista do jardim da sede do NPDJ/CEC/IAC no
lo grego. Posicionavam-se voltados para o Centro Experimental de Campinas

30 O Agronômico, Campinas, 54(2), 2002


Os jardins da época influenciadas pelos artistas Micchelangelo e O estilo indiano baseou-se principal-
depois de Cristo Rafael, como pode ser visto nos jardins da mente nos estilos persa, grego e romano.
Villa d’Este em Tivoli. As plantas mais utiliza- Foram fortemente influenciados pelas reli-
O jardim japonês se baseia no mes- das foram o azinheiro, o buxo, a cipreste, o giões dominantes como o Budismo,
mo estilo empregado pelos chineses. A par- louro e o pinheiro. Segundo a UNESCO, o Hinduismo e Islamismo. Comumente seus
tir de 607 d.C. formou seu próprio estilo de Jardim Botânico de Pádua é o mais antigo do jardins são simétricos, irrigados por canais
jardim “lago-ilha”, no qual valorizou as for- mundo, fundado em 1545, seguido pelos de e associados à arquitetura dos edifícios. O
mas das plantas e a composição das cores Pisa, em 1546 e o de Bolonha, em 1568. louvor às mulheres proporcionou a criação
das folhagens e flores. Naquela época sur- de templos, integrados a jardins
giram os bonsais, criados pelos monges bu- O estilo francês foi inspirado nos jar- contemplativos, e o Taj-Mahal, construído
distas. Em 1894 construíram o seu mais fa- dins medievais, principalmente nos da Itá- no século XVII, é o seu exemplo mais famo-
moso jardim, o Santuário Heian, em Kioto. lia. Predominaram as construções de estilo so. O Jardim Botânico de Calcutá (1787) ser-
Utilizaram-se, em seus jardins, as azaléias, Barroco, com canteiros de flores viu como berçário para disseminação de
cerejeiras e lírios, entremeados de rochas multicoloridas, hortas com ervas medicinais, plantas econômicas para o mundo, especi-
cobertas por flores e pínos. espelhos d’água com chafarizes e pontes, almente flores e hortícolas. O Jardim Botâ-
plantas com topiárias. Suas formas geomé- nico de Ooty, de 1848, esmera pelos seus
Na Espanha, entre os séculos XV tricas podiam ser percebidas tanto nos ca- lagos com arbustos, lírios e eucaliptos.
(Antiguidade clássica) e XVI (Renasci- minhos e passeios quanto na vegetação, ad-
mento), ocorreu um retorno à economia ru- mitindo-se poucos desníveis. São respon- O estilo americano teve por base a
ral e a simplicidade de hábitos. O estilo gó- sáveis pelos maiores jardins formais do extrema organização e a praticidade na re-
tico de seus jardins é uma mistura dos que o mundo, utilizados para fins de lazer e caça. cepção aos visitantes. Mesmo não imitan-
precederam. As plantas eram utilizadas, Um dos seus mais famosos jardins é o do do a natureza, o gosto pelas flores
principalmente, para fins alimentícios e Palácio de Versalhes, e o mais antigo é o multicoloridas proporciona uma paisagem
medicamentosos. Cultivavam-se árvores Jardim Botânico de Montepellier, fundado muito bonita aos visitantes. No século
frutíferas, hortaliças e flores para uso religi- em 1597, seguido pelo de Paris, em 1626. XVIII utilizou-se do estilo paisagístico. O
oso. Criaram-se os chamados “jardins da Jardim Botânico de Filadélfia seria o mais
sensibilidade” que se caracterizavam pela O estilo inglês também se inspirou antigo, criado em 1730, se houvesse sobre-
água, cor e perfume das plantas e pela pe- nos jardins chineses, ficando conhecidos vivido à guerra da Independência, assim, o
quena dimensão. O emprego de canais, fon- como “jardins paisagísticos”. Eram irregu- Jardim Botânico do Missouri, St. Louis, de
tes e regatos objetivavam amenizar o calor, lares e assimétricos, sendo planejados com 1858, é o mais antigo em atividade. O Jardim
enriquecer a ornamentação e possibilitar a liberdade, buscavam refletir a natureza com Botânico de Nova York, além de ser um dos
irrigação das plantas. As espécies vegetais seus riachos e lagos. De linhas graciosas, mais antigos, ainda é um dos maiores do
mais cultivadas foram as alfazemas, as amplos gramados, com poucas ruas, porém, mundo.
anêmonas, os cravos, os jacintos, os jas- amplas e cômodas, belas perspectivas de-
mins e as rosas. Seguem o estilo dos jardins vido às inclinações dos terrenos e peque- O estilo português segue principal-
murados de influência medieval, dos sécu- nos bosques. Utilizavam agrupamentos de mente o estilo do jardim inglês, construído
los IX a XV, muito utilizado nos monastérios árvores pouco numerosas e plantas isola-
europeus. Principalmente no século XII, das. Os ingleses acabaram dando origem
seguem mais o estilo Barroco, com liberda- aos parques e jardins públicos. Este estilo
de de criação e ornamentação pesada. Nes- foi utilizado por quase dois séculos e de-
te caso, cultivavam-se principalmente o pois entrou em decadência, dando lugar ao
pínos, oliveira, uva (entre outras frutíferas), estilo misto. O Jardim Botânico mais antigo
hortaliças e medicinais. Podem-se citar dois da Inglaterra é o de Oxford, criado em 1640.
jardins típicos da Espanha, o Jardim do Con- O Jardim Botânico Real de Kew, criado em
de, em Cáceres, do final do século XIX e o 1759, é considerado o principal jardim botâ-
Jardin Del Malecón, em Múrcia, de 1845. nico do mundo. Além disso, a Inglaterra
Seus principais Jardins Botânicos estão em possui também o Jardim Botânico mais mo-
Barcelona, Córdoba, Málaga, Madri e Va- derno do mundo, o Jardim do Éden, em
lência. Cornwall, que foi criado em 2000.

O estilo holandês seguiu, no início,


Os jardins italianos, em meados do os estilos francês e italiano, porém, devido
século XV, inspiraram-se no estilo romano, à sua topografia plana e pelo hábito de cul-
com suas estátuas e fontes monumentais, po- tivo das plantas bulbosas multicoloridas e
rém, com terraços de vistas panorâmicas, acabou criando um estilo próprio. Tornaram-
corredeiras d’água e construção através de se mais compactos e graciosos, de múlti-
técnicas de engenharia. Tais jardins uniam- plos recintos e com túneis formados por tre-
se às casas por meio de galerias externas e padeiras compondo com intrincados grupos
outras prolongações arquitetônicas. Desti- florais ao centro, especialmente Tulipas. As
navam-se ao retiro intelectual, onde se traba- pequenas fontes eram envoltas por cercas
lhava ao ar livre aproveitando-se das som- vivas e ciprestes com topiárias, colocadas
bras proporcionadas pelas árvores que co- em círculos sobrepostos. Os portões de fer-
mumente recebiam topiárias. O estilo metódi- ro fundido fechando os jardins, também são
co do final da Renascenca e começo do Bar- sua marca. Seu Jardim Botânico mais antigo Jardim Botânico do IAC: “Capela Santa Elisa”
roco, segue o exagero e técnicas refinadas é o de Eliden, criado em 1577. no Centro Experimental de Campinas

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com terraços, possuindo arboretos e con- jardins privados, paisagísticos, guiados por
tornados por muros com portões e colunas Os jardins mais antigos em conceitos ecológicos e sociológicos. No sé-
em estilo barroco. As principais plantas cul- atividade no Brasil são os do culo XVIII foram construidos jardins em es-
tivadas, além das espécies arbóreas e IPJB do Rio de Janeiro, criado tilo rococó. Desde os anos 50, o estilo
arbustivas nativas, foram algumas espécies em 1808, considerado um dos exibicionista também tem sido empregado
introduzidas das colônias. Cultivaram-se as principais jardins botânicos do em jardins e parques. Entre seus jardins
acácias, araucárias, bambus, buxos, mundo, e o do Jardim Botânico mais antigos encontra-se o mais tradicio-
canforeiras, castanheiras, eucaliptos, figuei- de São Paulo, criado em 1931. nal Jardim dos Alpes, o Jardim Botânico de
ras, magnólias, nogueiras, palmeiras, pláta- Bonn, que data de 1578.
nos, podocarpos, sequóias e tílias. O Jar-
dim Botânico da Ajuda é o seu mais antigo, extinção, da própria flora local, compondo O estilo brasileiro seguiu de certa
de 1768, e o Jardim Botânico de Coimbra é o maravilhosos canteiros florais que podem forma os dos jardins holandeses e portu-
seu jardim mais famoso, tendo sido criado ser observados dos terraços superiores. gueses, no período do século XVII até o
em 1772. No caso dos jardins da Ilha da início do século XX. Os jardins brasileiros,
Madeira, o Jardim Botânico de Funchal pos- O estilo alemão segue o contempo- na segunda metade do século XIX, tiveram
sui conservadas as espécies em risco de râneo, entre os séculos XVIII e XIX, com forte influência do paisagista francês,
Auguste Marie François Glaziou, que intro-
P R I N C I PA I S J A R D I N S B O T Â N I C O S D O B R A S I L duziu o romantismo e o jardim pitoresco, im-
plantando vários jardins e parques públi-
C a t e g o ri a cos na cidade do Rio de janeiro. No segun-
I ns t i t ui ç ã o CON AM A* do quarto do século XX surge o paisagista
Atílio Correa Lima, com o chamado movi-
mento renovador e, mais recentemente, na
I n s t it u t o d e P e s q u is a s J a r d im B o t â n ic o d o R io d e J a n e ir o , R J . década de sessenta, surgiu o seu mais fa-
I n s t it u t o A g r o n ô mic o ( C E C / N P D J B ) , C a mp in a s , S P . moso paisagista Roberto Burle Marx, com
grande apego à natureza e o uso prioritário
F u n d a ç ã o Z o o b o t â n ic a d e B e lo H o r iz o n t e , M G . B de espécies nativas, principalmente as da
F u n d a ç ã o Z o o b o t â n ic a d o R io G r a n d e d o S u l. própria região do jardim.
J a r d im B o t â n ic o d e S ã o P a u lo , S P .
Apresentamos na tabela os princi-
pais jardins botânicos do Brasil, sendo que
para os cadastrados na Rede Brasileira de
J a r d im B o t â n ic o M u n ic ip a l F r a n c is c a M . G. R is c h ib ie t e r , C u r it ib a , P R .
Jardins Botânicos, é indicada a categoria
M u s e u d e B io lo g ia M e llo L e it ã o , S a n t a Te r e za , E S . em que estão registrados pelo CONAMA,
B o s q u e R o d r ig u e s A lv e s , B e lé m, P A . Portaria nº 44 de 2002. Também estão relaci-
onados outros jardins que não se inscreve-
J a r d im B o t â n ic o d e L a j e a d o , L a g e a d o , R S . ram no CONAMA.
C
J a r d im B o t â n ic o M u n ic ip a l A d e lmo P iv a J ú n io r, P a u lín ia , S P.
Nosso jardim botânico mais antigo
J a r d im B o t â n ic o M u n ic ip a l d e B a u r u , S P
data do século XVII, tendo sido criado em
J a r d im B o t â n ic o M u n ic ip a l C h ic o M e n d e s , S a n t o s , S P. Recife, PE, pelo holandês Maurício de
M u s e u P a r a e n s e E mílio G o e ld i, B e lé m, P A . Nassau. Esse jardim foi destruído quando
da saída dos holandeses do Brasil. Os jar-
dins botânicos mais antigos em atividade
são os do IPJB do Rio de Janeiro, criado em
J a r d im B o t â n ic o d a U N E S P, B o t u c a t u , S P. 1808, considerado um dos principais jardins
botânicos do mundo, e o do Jardim Botâni-
H o r t o B o t â n ic o d o M u s e u N a c io n a l, U F R J , R io d e J a n e ir o , R J
co de São Paulo, criado em 1931.
J a r d im B o t â n ic o A má lia H e r ma n o Te ix e ir a , G o iâ n ia , G O
J a r d im B o t â n ic o d e B r a s ília , B r a s ília , D F . Agradecimentos
J a r d im B o t â n ic o d e C a x ia s d o S u l, R S . Os autores agradecem ao pesquisa-
J a r d im B o t â n ic o d e J o ã o P e s s o a , P B . - dor científico Wilson Barbosa pela revisão
e sugestões apresentadas.
J a r d im B o t â n ic o de P ip a , P E .
J a r d im B o t â n ic o de R e c if e , P E .
J a r d im B o t â n ic o da U F M T, C u ia b á , M T.
J a r d im B o t â n ic o da U n iv e r s id a d e F e d e r a l d e S a n t a M a r ia , R S .
Museu d e Histó ria N atural e Jard im Bo tânico d a UF MG, Belo Ho rizo nte, MG. Renato Ferraz de Arruda Veiga, Antonio
Caetano Fernando Tombolato, Ives
P a r q u e B o t â n ic o d o C e a r á , F o r t a le z a , C E . Massanori Murata e Bruno Colaferri
IAC-Jardim Botânico
fone: (19) 3241-5188 ramal 330
* P o rtaria nº 4 4 , d e 2 3 d e ago sto d e 2 0 0 2 (D. O . U. ); (- ) N ão inscrito s no C O N AMA. endereço eletrônico: veiga@iac.sp.gov.br

32 O Agronômico, Campinas, 54(2), 2002

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