Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FORTALEZA – CEARÁ
2019
ANA BEATRIZ DE ALMEIDA LIMA
FORTALEZA – CEARÁ
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Sistema de Bibliotecas
Agradeço primeiramente a Deus que além de me permitir chegar até aqui, também me protege
diariamente e me faz mais forte.
Aos meus avós, que apesar de alguns não estarem mais comigo sempre me incentivaram e
apoiaram.
À minha mãe, Elisangela, por todo amor e apoio incondicional. A agradeço também por ser a
mulher mais incrível que já conheci e um exemplo gigantesco em minha vida.
À minha irmã, Ester, por todas as brincadeiras e por todo cuidado prestado.
Ao meu orientador Prof. Me. Emanoel Ferreira de Souza, por sua paciência, conhecimento
compartilhado, disponibilidade em me auxiliar na elaboração deste trabalho e também por muitas
vezes ter acreditado mais em mim do que eu mesma.
Ao Prof. Dr. Emerson Mariano da Silva, por todo aprendizado durante meu período como
bolsista no MPClimatologia e por aceitar participar da banca examinadora deste trabalho.
Agradeço também ao Prof. Me. André Luiz Araújo da Costa pela disponibilidade.
Ainda gostaria de agradecer a Profa. Ma. Antonia Naiara de Sousa Batista, por todas as
observações e contribuições para a elaboração deste trabalho.
No mais, gostaria de agradecer a todos os professores, desde o ensino básico até a universidade,
por me proporcionarem acesso ao conhecimento e terem me formado como ser humano, sem dú-
vida nenhuma tudo que sou hoje devo a vocês, então deixo aqui os meus eternos agradecimentos
por todos os conselhos e apoio prestado.
Aos meus amigos, em especial a Isabelly Castelo que durante a elaboração deste trabalho me
auxilou bastante lendo meus esboços e me ajudando a melhorar cada vez mais.
A esta universidade, por ter me proporcionado experiências incríveis como bolsista PIBID e
PBEPU. Pela oportunidade de aprender e conhecer pessoas incríveis. Agradeço aos meus colegas
de curso, Anderson, Rodrigo e Jeniffer, por todos os momentos vividos e por todo apoio prestado.
Agradeço especialmente ao meu amigo, Cleilson Alves, que foi responsável por boa parte das
imagens presentes neste trabalho.
“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa
qualquer entender. Entender é sempre limitado.
Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto
que sou muito mais completa quando não en-
tendo. Não entender, do modo como falo, é um
dom. Não entender, mas não como um simples
de espírito. O bom é ser inteligente e não enten-
der. É uma benção estranha, como ter loucura
sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma
doçura de burrice. Só que de vez em quando
vem a inquietação: quero entender um pouco.
Não demais: mas pelo menos entender que não
entendo.”
(Clarice Lispector)
RESUMO
Um dos maiores desafios do ensino de matemática nos dias atuais é aliar teoria à prática,
apresentando aos estudantes a aplicabilidade dos conceitos estudados em sala de aula, tornando
o aprendizado mais significativo para o estudante. Tendo isso em vista, o que buscamos com este
trabalho é apresentar aos alunos do Ensino Médio um estudo de uma sequência numérica rica
em propriedades, curiosidades e aplicações, conhecida como sequência de Fibonacci, visando
auxiliar o aluno no reconhecimento de padrões e na percepção da interdisciplinaridade presente
no estudo da matemática. Tivemos como base uma pesquisa bibliográfica, em que fazemos
um estudo sobre os tipos de sequências, dos aspectos históricos do surgimento da sequência
de Fibonacci, além de examinar suas propriedades, curiosidades e aplicações. No entanto,
nossa pesquisa também possui caráter de pesquisa em campo, pois, aplicamos os resultados
da referida pesquisa bibliográfica aos estudantes do Ensino Médio por meio de minicurso. A
aplicação visava verificar se os discentes seriam capazes de compreender os assuntos tratados
neste trabalho, desta forma, obtivemos resultados positivos com a aplicação do minicurso.
One of the biggest challenges of math education today is to combine theory with practice,
introducing students to the applicability of the concepts studied in the classroom, making
learning more meaningful for the student. With this in mind, what we seek with this work is to
present to high school students a study of a numerical sequence rich in properties, curiosities and
applications, known as the Fibonacci sequence, aiming to assist the student in pattern recognition
and perception of interdisciplinarity present in the study of mathematics. We were based on
a bibliographic research, where we study the types of sequences, the historical aspects of the
emergence of the Fibonacci sequence, and examine their properties, curiosities and applications.
However, our research also has the character of field research, because we apply the results of
this bibliographic research to high school students through a short course. The application aimed
to verify if the students would be able to understand the subjects treated in this work, thus, we
obtained positive results with the application of the short course.
≈ Aproximadamente
∀ Para todo
∃! Existe único
∈ Pertence
⇒ Implica
⇔ Se, e somente se
∑ Somatório
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2 A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 TIPOS DE SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.1 Sequências finitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.2 Sequências infinitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.3 Sequências recorrentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 FIBONACCI E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A MATEMÁTICA . . . . 22
2.2.1 Obras de Fibonacci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.2 O problema da reprodução de coelhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 PROPRIEDADES DA SEQUÊNCIA DE FIBONACCI . . . . . . . . . . . 26
2.3.1 Propriedades básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.3.2 Propriedades de divisibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3 CURIOSIDADES E APLICAÇÕES REFERENTES A SEQUÊNCIA DE
FIBONACCI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1 CURIOSIDADES DA SEQUÊNCIA DE FIBONACCI . . . . . . . . . . . . 39
3.1.1 Números naturais como soma de números de Fibonacci . . . . . . . . . 40
3.1.2 Relação com o número áureo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.1.3 Fórmula de Binet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.4 Triângulo de Pascal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2 APLICAÇÕES DA SEQUÊNCIA DE FIBONACCI . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.1 Conversão de unidades de medidas de comprimento - Milhas para Quilô-
metros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2.2 Mercado Financeiro - Ondas de Elliott . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.2.3 Otimização de captação de energia solar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4 UMA APLICAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM DA SEQUÊN-
CIA DE FIBONACCI PARA ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO . . 56
4.1 METODOLOGIA E CAMINHO METODOLÓGICO . . . . . . . . . . . . 56
4.1.1 Caracterização do local e amostra da pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2 ELABORAÇÃO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DA
SEQUÊNCIA DE FIBONACCI NO ENSINO MÉDIO . . . . . . . . . . . . 57
4.3 DISCUTINDO AS ATIVIDADES PROPOSTAS . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3.1 Atividade 1: Conceitos Básicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.3.2 Atividade 2: Propriedades da Sequência de Fibonacci . . . . . . . . . . 61
4.3.3 Atividade 3: Curiosidades e aplicações da Sequência de Fibonacci . . . . 64
4.4 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS INICIAIS E FINAIS . . . . . . . . . . 66
4.4.1 Questionário Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.4.2 Questionário Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
APÊNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
APÊNDICE A – Questionário Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
APÊNDICE B – Atividade 1: Conceitos Básicos . . . . . . . . . . . . . . 76
APÊNDICE C – Atividade 2: Propriedades da Sequência de Fibonacci . . 77
APÊNDICE D – Atividade 3: Curiosidades e aplicações da Sequência de
Fibonacci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
APÊNDICE E – Questionário Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
15
1 INTRODUÇÃO
Isto é, o estudante deve ser capaz de raciocinar logicamente e através de sua compre-
ensão desenvolver métodos para resolução de problemas e situações diversas, além da realização
de validações simples de resultados.
Em uma breve análise do currículo escolar do Ensino Médio, pode-se constatar
que o estudo de sequências numéricas está presente, porém, a grade é restrita ao estudo das
progressões (aritméticas e geométricas). Percebe-se então a ausência do estudo de sequências do
tipo recorrentes, em que uma das mais famosas é a sequência de Fibonacci.
A sequência de Fibonacci na maioria das vezes é apenas citada por curiosidade pelos
professores, ou seja, a grande maioria dos estudantes do ensino médio não tem conhecimento
sobre tal sequência, suas propriedades e aplicações.
Ainda segundo Sena (2013, p. 13), “dentre os tipos de sequências numéricas
existentes, a sequência de Fibonacci merece um destaque especial por conta de sua aplicabilidade,
propriedades e de suas curiosidades”. Tendo isso em vista, o presente trabalho trata-se de um
estudo mais rigoroso da sequência de Fibonacci.
O trabalho pretende esmiuçar os conceitos, propriedades e curiosidades relativos à
sequência de Fibonacci, buscando encontrar suas aplicações e propor uma maneira de utilizar
16
Fibonacci que podem ser aplicáveis a nível médio. No entanto, tem-se também uma pesquisa
de campo de cunho qualitativo, no qual realizou-se a aplicação de uma proposta de sequência
didática voltada para a abordagem da sequência de Fibonacci em turmas de 2◦ ano do Ensino
Médio.
O presente trabalho é composto por um total de cinco capítulos, a introdução, três
capítulos e as considerações finais. Dessa forma, dividimos os capítulos de forma a alcançar os
objetivos propostos.
No segundo capítulo apresentamos as noções iniciais sobre a sequência de Fibonacci,
fazemos uma breve introdução sobre alguns tipos de sequências numéricas estudadas a nível
médio, logo após desenvolvemos um breve resumo histórico sobre Leonardo Fibonacci e suas
contribuições para a matemática da Idade Média, além de mostrarmos o problema que deu
origem a sequência de Fibonacci. Partimos então para a definição recursiva da sequência de
Fibonacci e ao final do capítulo enunciamos e demonstramos um total de treze propriedades
sobre essa sequência, subdividimos tais propriedades em básicas e relacionadas a divisibilidade.
Em nosso terceiro capítulo, mostramos um total de quatro curiosidades da sequência
de Fibonacci, onde buscamos relacionar tais curiosidades com outros conteúdos da matemática
como, por exemplo, geometria e analise combinatória. Em seguida, apresentamos um total de
três aplicações dessa sequência, em que uma delas consiste em um experimento realizado por
um estudante do Ensino Fundamental.
E finalmente, no quarto capítulo, apresentamos nossa metodologia de forma mais
abrangente e o caminho metodológico percorrido. Elaboramos uma sequência didática para
abordagem dos conteúdos tratados nos capítulos anteriores a nível médio. Além disso, exibimos
também os resultados obtidos com a aplicação de tal proposta em uma turma de 2◦ ano do Ensino
Médio de uma escola pública de Fortaleza.
20
2 A SEQUÊNCIA DE FIBONACCI
Intuitivamente, uma sequência numérica é nada mais, nada menos, do que uma
sucessão de números. Porém, matematicamente, tais sequências possuem certas propriedades
que as definem. Uma sequência numérica pode ser finita ou infinita. Veremos adiante as
definições para ambos os casos.
Inicialmente define-se o que é chamado na matemática de aplicação ou função, pois
utilizaremos esse conceito adiante para definirmos o que são sequências na matemática. Segundo
Iezzi e Murakami (1993, p. 81), uma aplicação ou função pode ser definida da seguinte maneira:
“Dados dois conjuntos A e B, não vazios, uma relação f de A em B recebe o nome de aplicação
de A em B ou função definida em A com imagens em B se, e somente se, para todo x ∈ A
existe um só y ∈ B tal que (x, y) ∈ f ”. Em símbolos temos que, f é uma função de A em B
⇔ (∀x ∈ A, ∃!y ∈ B/(x, y) ∈ f ).
Da definição, pode-se dizer que existem condições necessárias para que uma relação
qualquer entre os conjuntos A e B seja uma aplicação ou função. A condição é que todo
elemento x ∈ A deve participar da relação, e além disso, um elemento qualquer x ∈ A só pode
estar relacionado com um único y ∈ B.
Ou seja, relações em que um elemento de A não está relacionado com nenhum
elemento de B ou um mesmo elemento de A está relacionado com mais de um elemento de B,
não são consideradas funções.
Agora, define-se de maneira mais rigorosa o que é uma sequência numérica, de
21
Uma sequência numérica é uma função em que cada número natural está associado
a um número real e ela será finita, se o conjunto constituído pelos elementos da sequência for
finito, ou seja, tiver fim.
Um exemplo pode ser dado pelo conjunto A = {2, 4, 6, ..., 100}, percebemos que tal
sequência é finita, pois, tal sequência possui uma quantidade finita de termos. Estamos na verdade
descrevendo o conjunto dos números pares de 1 a 100, ou ainda, A = {x ∈ N/x = 2k, 1 ≤ k ≤ 50}.
Podemos pensar que a definição dada não abrange este exemplo. Porém, perceba que
tal conjunto contém 50 elementos, ou seja, A = {x1 , x2 , x3 , ..., x50 }. Então podemos dizer que
todos os elementos xi , onde i > 50, são termos iguais aos anteriores, e, portanto, não escrevemos
estes elementos repetidamente.
Da mesma forma uma sequência numérica infinita, é uma aplicação em que cada
número natural está associado a um número real, porém, ao contrário de uma sequência finita,
é uma sequência em que seus elementos são distintos, ou seja, o conjunto constituído dos
elementos da sequência é infinito.
Um exemplo pode ser dado pelo conjunto P = {2, 4, 6, ..., 100, ...}, que é uma sequên-
cia infinita, pois, tal sequência continua infinitamente. Estamos na verdade, descrevendo o
conjunto de todos os números pares.
22
Analisando o exemplo de acordo com a definição adotada, podemos perceber que tal
conjunto, contém infinitos elementos, ou seja, P = {x1 , x2 , x3 , ..., x50 , ...}. Então podemos dizer
que xi = i-ésimo número par, ∀i ∈ N, e, portanto, não conseguimos descrever explicitamente
todos os elementos desta sequência, então simbolizamos isso por reticências.
De acordo com Lima (2006, p. 67) existem muitas sequências numéricas que “são
definidas recursivamente (isto é, por recorrência), ou seja, por intermédio de uma carga que
permite calcular qualquer termo em função do(s) antecessor(es) imediato(s)”.
Então podemos dizer que se chama sequência recorrente toda sequência numérica
em que podemos calcular um termo qualquer de tal sequência em função de seus termos
anteriores. São sequências, que podem ser finitas ou infinitas, em que seus termos são definidos
recursivamente, isto é, por recorrência.
Um exemplo pode ser o conjunto dado por b1 = 1 e bn = 3 · bn−1 ,∀n ∈ N e n ≥ 2.
Perceba que a sequência dada é uma sequência recorrente pois seus termos posteriores, são dados
em função dos termos anteriores através de uma fórmula de recorrência.
Vejamos alguns termos dessa sequência:
b1 = 1; b2 = 3 · b2−1 ⇒ b2 = 3 · b1 ⇒ b2 = 3; b3 = 3 · b3−1 ⇒ b3 = 3 · b2 ⇒ b3 = 9;
Ou seja, a sequência é {1, 3, 9, 27, 81, ...}, que é uma sequência recorrente e infinita.
Após essa breve introdução sobre os tipos de sequências numéricas, iremos agora
partir para o estudo de uma sequência específica, a famosa sequência de Fibonacci e algumas
contribuições de seu autor para o desenvolvimento da matemática do seu período.
temente, com as inovações de vários povos. Foi dessa forma que teve contato com os algarismos
indo-arábicos, conhecidos atualmente.
[...] Ele não apenas nos forneceu as ferramentas para fazer matemática eficiente
(por exemplo, os numerais até então conhecidos em grande parte no mundo
oriental), mas também introduziu no mundo europeu um processo de pensa-
mento que abriu o caminho para muitos futuros empreendimentos matemáticos
(POSAMENTIER E LEHMANN, 2007, p. 56, tradução nossa2 ).
Percebemos que de acordo com o autor, Fibonacci tornou a matemática mais prática
e aplicável para facilitar situações do cotidiano, porém, apesar de suas várias contribuições, ele
só ficou realmente conhecido através da sequência que leva seu nome.
2 [...] He not only provided us with the tools to do efficient mathematics (e.g., the numerals heretofore known
largely to the Eastern world), but he also introduced to the European world a thought process that opened the
way for many future mathematical endeavors.
24
O matemático Leonardo Fibonacci foi autor de pelo menos quatro livros que o
tornaram um dos grandes matemáticos de sua época, o qual ao longo do seu período vitalício,
deu diversas contribuições para a matemática.
A primeira de suas obras, intitulada Liber Abaci (Figura 2), é uma das mais famosas,
conhecida por ser o primeiro escrito que possui o sistema de numeração decimal ou indo-
arábico. Seguida de outros grandes trabalhos denominados, Practica Geometriae, Flos e Liber
Quadratorum (Figura 2). Fibonacci possui ainda alguns outros trabalhos menos conhecidos,
segundo Barros (2004, p. 34),
[...] Apesar de costumeiramente falar-se apenas sobre essas quatro obras, Pisano
escrevera suas ideias em outros trabalhos, como em Epistola ad Magistrum
Theodorus, Di Minor Guisa e um comentário no livro X, de Os Elementos de
Euclides.
Podemos ver que Fibonacci, colaborou com trabalhos além das quatro obras co-
25
F3 = F2 + F1 = 1 + 1 = 2
F4 = F3 + F2 = 2 + 1 = 3
F5 = F4 + F3 = 3 + 2 = 5
..
.
ii) Tomando a hipótese de indução como válida, isto é, admitindo P1 (n) válida,
então P1 (n + 1) também é válida.
Se tal propriedade P1 (n) atende os itens i e ii, então de acordo com o princípio de
indução finita, a propriedade P1 (n) é válida para todo n ∈ N.
Há formas distintas, porém equivalentes, de enunciar o Princípio de Indução Finita
citado anteriormente. As mais conhecidas são:
Segunda Forma - Se uma propriedade P2 é válida para 1 e se ao ser válida para
qualquer k < n for válida também para n, então será válida para qualquer número natural.
Terceira Forma - Se uma propriedade P3 é válida para algum k e se ao ser válida
para algum n também for válida para n + 1, então P3 é válida para todo n ∈ N tal que n > k,
onde n, k ∈ N.
Ou ainda de forma lúdica, imagine um conjunto infinito de dominós com as peças
enfileiradas, como na Figura 4.
Caso quiséssemos derrubar todas as peças desse dominó infinito, teríamos, teorica-
mente, duas formas: a primeira opção seria derrubar cada uma das peças individualmente; a
segunda seria derrubar apenas a primeira peça caso tivéssemos certeza de que ela derrubaria a
próxima e assim sucessivamente.
Perceba que a primeira opção seria insuficiente pois poderíamos jamais chegar ao
fim das peças, já que o dominó é infinito. Agora, se observarmos o comportamento da nossa
segunda opção, iremos perceber que ela é análoga ao princípio de indução finita, pois tal princípio
funciona como um “efeito dominó”. Se o que queremos provar é válido para 1 e para um certo n,
então se mostrarmos que é válida para n + 1, sempre conseguiremos derrubar a próxima peça do
28
dominó.
A seguir mostraremos um total de 13 propriedades dos números de Fibonacci,
divididas em duas subseções com propriedades básicas e propriedades de divisibilidade, buscando
justificar e esclarecer a validade dos resultados apresentados.
F1 = 1 ⇔ F1 = 2 − 1 ⇔ F1 = F3 − 1 ⇔ F1 = F1+2 − 1 ⇔ Fn = Fn+2 − 1.
F1 + F3 + F5 + · · · + F2n−1 = F2n .
E pela definição dos números de Fibonacci, temos, F2n + F2n+1 = F2n+2 = F2(n+1) . Como
queríamos mostrar.
5 The sum of the consecutive odd-positioned Fibonacci numbers is equal to the Fibonacci number that follows the
last odd number in the sum.
30
Propriedade 4: A soma dos quadrados dos n-ésimos primeiros termos da sequência de Fibonacci
é igual a Fn · Fn+1 (POSAMENTIER E LEHMANN, 2007, p. 54, tradução nossa6 ).
Demonstração: Utilizando indução sobre n, queremos mostrar que
n
∑ Fi2 = F12 + F22 + · · · + Fn2 = Fn · Fn+1.
i=1
2 =F
Agora, colocando Fn+1 , em evidência teremos, Fn · Fn+1 + Fn+1 n+1 · (Fn + Fn+1 ). E pela
definição dos números de Fibonacci, temos que a expressão contida nos parênteses pode ser
escrita como, Fn+1 · (Fn + Fn+1 ) = Fn+1 · Fn+2 = Fn+1 · F(n+1)+1 . Como queríamos mostrar.
Lema 1: Fm+n = Fm−1 · Fn + Fm · Fn+1 .
Demonstração: Fixando m e utilizando indução sobre n, temos
i) Base de Indução: Verificar o caso n = 1, ou seja,
Temos pela hipótese de indução que: Fm+n−1 = Fm−1 · Fn−1 + Fm · Fn−1+1 e Fm+n = Fm−1 · Fn +
Fm · Fn+1 , são verdadeiras. Daí, somando as duas expressões obteremos,
pela definição dos número de Fibonacci podemos escrever, Fn = Fn−1 + Fn−2 , daí temos que
Fn−1 = Fn − Fn−2 . Portanto, Fn2 − Fn−2
2 =F
n−1 · (Fn + Fn−2 ) = Fn−1 · Fn + Fn−1 · Fn−2 .
Agora pela definição dos números de Fibonacci, perceba que Fn+1 = Fn + Fn−1 , e daí Fn−1 =
Fn+1 − Fn . Então, podemos reescrever a expressão da seguinte maneira,
2
Fn+1 − Fn2 = (Fn+1 + Fn ) · (Fn+1 − Fn ) = Fn+2 · Fn−1 .
2 − F2 = F
E, portanto, Fn+1 n n−1 · Fn+2 . Como queríamos mostrar.
Perceba que se n é par, então (−1)n é positivo e se n for ímpar, (−1)n é negativo. Utilizando a
generalização do princípio de indução finita, sobre k ∈ N, temos,
i) Base de Indução: Caso n = 2, ou seja,
Para isso, somando Fn · Fn+1 , em ambos os lados da igualdade da nossa hipótese de indução
quando k = n, temos, Fn−1 · Fn+1 + Fn · Fn+1 = Fn2 + (−1)n + Fn · Fn+1 . Colocando os termos co-
muns em evidência obtemos, Fn+1 · (Fn−1 + Fn ) = Fn · (Fn + Fn+1 ) + (−1)n . Agora, reescrevendo
as expressões contidas nos parênteses pela definição de recorrência dos números de Fibonacci,
ficamos com,
2 2
Fn+1 · Fn+1 = Fn · Fn+2 + (−1)n ⇒ Fn+1 = Fn · Fn+2 + (−1)n ⇒ −Fn · Fn+2 = −Fn+1 + (−1)n
2
2
+ (−1)n ⇒ [−Fn · Fn+2 ] · (−1) = −Fn+1 + (−1)n · (−1).
−Fn · Fn+2 = −Fn+1
2 2
⇒ Fn · Fn+2 = Fn+1 + (−1)n+1 ⇒ F(n+1)−1 · F(n+1)+1 = Fn+1 + (−1)n+1 .
n+1
2
∑ Fi · Fi−1 = Fn+1 − 1, se n é par.
i=2
n+1
2
∑ Fi · Fi−1 = Fn+1 , se n é ímpar.
i=2
9 = 9 ⇔ 1 · 1 + 2 · 1 + 3 · 2 = 32 ⇔ F2 · F1 + F3 · F2 + F4 · F3 = F42
11 The product of consecutive Fibonacci numbers is either the square of a Fibonacci number or 1 greater that the
square of a Fibonacci number.
34
2
⇔ F2 · F2−1 + F3 · F3−1 + F4 · F4−1 = F3+1
2
F1 · F2 + · · · + Fn−1 · Fn + Fn · Fn+1 = Fn+1 .
2
(F1 · F2 + · · · + Fn−1 · Fn + Fn · Fn+1 ) + Fn+1 · Fn+2 + Fn+2 · Fn+3 = F(n+2)+1 .
2 +F
Substituindo a expressão entre parênteses por nossa hipótese de indução, obteremos, Fn+1 n+1 ·
Fn+2 + Fn+2 · Fn+3 . Agora, colocando Fn+1 , em evidência teremos, Fn+1 · (Fn+1 + Fn+2 ) + Fn+2 ·
Fn+3 . E por definição, temos que a expressão contida nos parênteses é, Fn+1 · Fn+3 + Fn+2 · Fn+3 .
Agora, colocando Fn+3 , em evidência temos,
2 2
Fn+3 · (Fn+1 + Fn+2 ) = Fn+3 · Fn+3 = Fn+3 = F(n+2)+1 .
n+1
2
∑ Fi · Fi−1 = Fn+1 − 1, se n é par.
i=2
2 + 1 = 3 ⇔ 2 · 1 + 1 · 1 = 22 − 1 ⇔ F3 · F2 + F2 · F1 = F32 − 1
2
⇔ F3 · F3−1 + F3 · F2−1 = F2+1 −1
2
F1 · F2 + · · · + Fn−1 · Fn + Fn · Fn+1 = Fn+1 − 1.
2
(F1 · F2 + · · · + Fn−1 · Fn + Fn · Fn+1 ) + Fn+1 · Fn+2 + Fn+2 · Fn+3 = F(n+2)+1 − 1.
2 −
Substituindo a expressão entre parênteses por nossa hipótese de indução, obteremos, Fn+1
1 + Fn+1 · Fn+2 + Fn+2 · Fn+3 . Agora, colocando Fn+1 , em evidência teremos, Fn+1 · (Fn+1 +
35
Fn+2 ) − 1 + Fn+2 · Fn+3 . E por definição, temos que a expressão contida nos parênteses é,
Fn+1 · Fn+3 − 1 + Fn+2 · Fn+3 .
Agora, colocando Fn+3 , em evidência temos,
2 2
Fn+3 · (Fn+1 + Fn+2 ) − 1 = Fn+3 · Fn+3 − 1 = Fn+3 − 1 = F(n+2)+1 − 1.
Para mostrar a validade desse resultado, iremos escrever a soma dos dez números consecutivos
de Fibonacci como soma de parcelas iguais utilizando a definição de recorrência dessa sequência.
9
∑ Fn+r = Fn + Fn+1 + Fn+2 + Fn+3 + Fn+4 + Fn+5 + Fn+6 + Fn+7 + Fn+8 + Fn+9
r=0
Perceba que pela definição de recorrência dos números de Fibonacci podemos escrever os
seguintes termos, da forma:
9
⇒ ∑ Fn+r = 4 · (Fn+4 + Fn+5) + 7 · Fn+6 = 4 · Fn+6 + 7 · Fn+6 = 11 · Fn+6.
r=0
Como, 11 · Fn+6 , é a soma dos dez números consecutivos de Fibonacci e ainda é um múltiplo
de 11, podemos afirmar que 11 | (Fn + Fn+1 + Fn+2 + · · · + Fn+8 + Fn+9 ) = 11 · Fn+6 . Como
queríamos mostrar.
37
Definimos anteriormente o seguinte resultado “para a, b e x inteiros temos (a, b) = (a, b + ax)”,
então utlizando esta definição, com a = Fn+1 e b = Fn temos,
Daí, pela hipótese de indução, temos que (Fn+1 , Fn+2 ) = (Fn+1 , Fn ) = 1. Como queríamos
mostrar.
Veremos a seguir que, se p é divisível por q, então Fp é divisível por Fq , ou seja,
p | q ⇒ Fp | Fq , onde p e q são inteiros positivos.
Propriedade 12: Um número de Fibonacci Fmn é divisível por um número de Fibonacci Fm
(POSAMENTIER E LEHMANN, 2007, p. 55, tradução nossa14 ).
Demonstração: Podemos escrever isso como Fm | Fmn , e lê-se Fm divide Fmn , onde m, n são
inteiros positivos.
Utilizando indução sobre n, queremos mostrar que Fm | Fmn .
i) Base de Indução: Caso n = 1, teremos, Fm | Fm·1 ⇒ Fm | Fm . Para o caso base a relação é
válida.
ii) Suponhamos que a relação seja válida para algum n, onde n ∈ N, teremos, Fm | Fmn .
Verificando se tal relação é válida para n + 1, isto é, precisamos provar que Fm | Fm(n+1) .
Perceba que, Fm(n+1) = Fmn+m . Então, pelo Lema 1, podemos dizer que,
Daí, note que a primeira parcela é divisível por Fm , pois Fm | Fm (base de indução), e a segunda
parcela também é divisível por Fm , pois Fm | Fmn (hipótese de indução). Portanto, Fm | Fm(n+1) .
Como queríamos mostrar.
A última propriedade a ser apresentada nos diz que se n não é primo então Fn não é
primo, onde a única exceção é quando n = 4, pois 4 não é um número primo, mas, F4 = 3 que é
um número primo.
Propriedade 13: Números de Fibonacci em uma posição numérica composta (com a exceção do
quarto número de Fibonacci) são também números compostos (POSAMENTIER E LEHMANN,
2007, p. 53, tradução nossa15 ).
Demonstração: A demonstração dessa propriedade decorre diretamente da propriedade anterior.
Note que se n é composto, ou seja, possui algum divisor diferente de 1 e ele mesmo, então
podemos escrevê-lo da seguinte forma n = a · b, onde a e b são maiores que 1 e menores que n
(1 < a, b < n). Daí, perceba que da propriedade anterior temos que Fa | Fn e além disso Fb | Fn .
Precisamos nos certificar que Fa seja diferente de 1, e Fa só será igual a 1, se a = 1 ou a = 2,
porém, sabemos que a 6= 1 já que n é composto. Logo, nossa única exceção é quando a = 2 e
b = 2, pois aí teríamos n = 2 · 2 = 4 e F4 = 3, que não é um número composto.
Portanto, perceba que se Fa > 1, então Fn é composto, como queríamos mostrar.
Vimos neste capítulo, apenas algumas das propriedades dessa sequência numérica.
É importante dizer que os números de Fibonacci, possuem propriedades além das citadas anteri-
ormente, é de fato, uma sequência riquíssima de propriedades e possibilidades de abordagens. É
interessante notar,
Serão abordados nesta seção quatro fatos ou relações curiosas relacionadas a essa
sequência numérica. A primeira delas nos diz que podemos escrever qualquer número natural n
como soma de números de Fibonacci não consecutivos. Como bem sabemos a sequência é uma
função cujo domínio é o conjunto dos números naturais, porém, não quer dizer que todo natural
n é um número de Fibonacci, por exemplo, o número natural 4 não é um número de Fibonacci.
O resultado que queremos mostrar é que sempre podemos encontrar uma forma de escrever um
natural n qualquer como soma de um ou mais números de Fibonacci não consecutivos.
O segundo fato curioso nos remete ao número áureo, também conhecido como
número de ouro, razão áurea, entre outros. Pode-se perceber um comportamento muito peculiar
ao dividir os termos consecutivos, dois a dois, dessa sequência. O valor encontrado, à medida
que os termos crescem, se aproxima de uma constante da qual seu valor é exatamente o valor do
número áureo.
Apresenta-se então a terceira curiosidade, que nos fornece uma forma de encontrar
os termos da sequência de Fibonacci sem precisarmos utilizar a fórmula de recorrência, ou
seja, tal fórmula nos possibilita encontrar, por exemplo, o 1000◦ termo dessa sequência sem
necessariamente conhecermos os 999◦ , 998◦ termos. Esta fórmula nos auxilia na diminuição dos
cálculos, no caso em que queremos encontrar um termo especifico, pois, podemos calculá-lo
diretamente sem precisar obter os termos anteriores. E o último fato curioso que abordaremos
nesta seção, será a relação entre a sequência de Fibonacci e o triângulo de Pascal.
40
O fato curioso que queremos apresentar aqui é conhecido como Teorema de Zecken-
dorf, segundo Oconnor, Robertson e Phillips (2012), tal teorema foi descoberto pelo matemático
amador belga Edouard Zeckendorf (1901-1983), o teorema diz que todo número natural pode
ser escrito como soma de um ou mais números de Fibonacci não consecutivos. No Quadro 2,
podemos observar o comportamento desse resultado.
⇒ n + 1 = F1 + Fa1 + · · · + Fan .
Que continua sendo a soma de números de Fibonacci, porém, perceba que o enunci-
ado do teorema diz que os índices são necessariamente não consecutivos, assim se a1 > 2, então os
termos serão não consecutivos e a prova do teorema estará terminada. Mas se a1 = 2, então tere-
mos, F1 + Fa1 = F1 + F2 = F3 , então substituindo na igualdade, temos n + 1 = F3 + Fa2 + · · · + Fan .
Novamente se 3 e a2 , não forem consecutivos, o teorema é válido, caso eles sejam
consecutivos podemos utilizar a definição recorrente dos números de Fibonacci e escrevê-los
como um novo número de Fibonacci, e assim sucessivamente. Isto finaliza a demonstração.
Poderíamos nos questionar se existe outra sequência numérica que possua essa
peculiaridade, isto é, em que podemos escrever os números naturais como soma dos termos
dessa sequência. De acordo com Cerioli (2004, p. 28), a sequência de Fibonacci “é a única
sequência de inteiros para a qual cada número inteiro positivo pode ser escrito de maneira única
como soma de termos distintos e não consecutivos dessa sequência”.
A sequência de Fibonacci possui ainda uma relação muito curiosa com a proporção
áurea, também conhecida como o número de ouro. A razão áurea é simbolizada pela letra grega
φ , lê-se fi.
A primeira definição para a razão áurea foi dada por Euclides, pai da geometria
dedutiva, por volta de 300 a.C. Segundo Livio (2006, p. 13) a proporção áurea definida por
Euclides é chamada de razão extrema e média, “nas palavras de Euclides: Diz-se que uma linha
reta é cortada na razão extrema e média quando, assim como a linha toda está para o maior
segmento, o maior segmento está para o menor”.
Ou seja, criando então um segmento de reta AB como representado na Figura 5,
podemos analisar o que está dito em palavras por meio da geometria.
O segmento AB é maior que AC (AB > AC) e observamos ainda que o segmento AC
42
é maior que CB (AC > CB). Então, se a razão entre AC para CB for igual à razão entre AB para
AC, ou seja,
AC AB
= =φ (1)
CB AC
Temos pela definição de Euclides, que o segmento AB foi cortado em razão extrema
e média, ou em uma proporção áurea.
Para a proporção áurea, temos ainda uma definição algébrica, onde podemos obter
o valor da constante φ , que é na verdade um número irracional, ou seja, possui infinitas casas
decimais, sem repetição, em sua representação decimal.
Iremos verificar tal definição adiante, de acordo com Livio (2006, p. 98), basta
definirmos o segmento maior AC = x e o segmento menor CB = 1, ao substituirmos esses valores
na expressão (1), teremos
x x+1
φ= = ⇒ x · x = 1 · (x + 1) ⇒ x2 = x + 1 ⇒ x2 − x − 1 = 0
1 x
Apesar de intuitivamente podermos afirmar que a sequência das razões dos números
consecutivos de Fibonacci converge para o número áureo, matematicamente isso ainda não está
claro, pois, isso requer um pouco mais de rigor. Adiante mostraremos uma demonstração mais
rigorosa para esse resultado.
[...] 1843 Jacques Philippe Marie Binet (1786-1856) desenvolveu uma definição
explícita para os números de Fibonacci. [...] Quando ele divulgou seu trabalho,
44
não houve desafios para Binet, mas no decorrer do tempo, tem havido alegações
de que Abraham de Moivre (1667-1754) estava ciente disso em 1718, Nicolaus
Bernoulli I (1687-1759) sabia disso em 1728 e seu primo Daniel Bernoulli
(1700-1782) também parece ter conhecido a fórmula antes de Binet. O prolífico
matemático Leonhard Euler (1707-1783) também é dito ter conhecido em 1765
(POSAMENTIER E LEHMANN, 2007, p. 296, tradução nossa18 ).
Apesar das discussões sobre a autoria desse resultado, o que apresentaremos agora é
conhecido como Fórmula de Binet, e nos fornece uma generalização para se encontrar os termos
da sequência de Fibonacci sem a necessidade da utilização da sua lei de recorrência, utilizando
apenas a posição do número de Fibonacci que se quer encontrar.
Imagine uma situação em que você gostaria de encontrar o 1000◦ termo dessa
sequência, para isso, pela lei de recorrência dos números de Fibonacci, você precisaria conhecer
os 999◦ e 998◦ termos, porém, isso demandaria bastante tempo e esforço, tendo em vista que
você precisaria calcular cada termo anterior ao milésimo, um a um. O que mostraremos é uma
forma de facilitar esse trabalho, pois com o uso da fórmula de Binet, poderíamos encontrar o
1000◦ termo diretamente, com auxílio de uma calculadora científica, apenas substituindo o valor
de sua posição na expressão.
Segundo Posamentier e Lehmann (2007), a fórmula de Binet é definida como
" √ !n √ !n #
1 1+ 5 1− 5
Fn = √ · − .
5 2 2
√ √
1+ 5 1− 5
Para facilitar a manipulação algébrica, denotaremos 2 como φ e 2
como ψ, então ficaremos com a seguinte expressão reduzida
1 φ n − ψn
Fn = √ · (φ n − ψ n ) ⇒ Fn = √ .
5 5
Tal expressão, de acordo com Posamentier e Lehmann (2007, p. 300), “nos dará
qualquer número de Fibonacci para qualquer número natural n”19 .
Pode parecer estranho que uma expressão aparentemente complicada nos forneça
como resultado números de Fibonacci, que em particular são números naturais, segundo Livio
(2006, p. 128),
Iremos mostrar agora a validade dessa expressão, no caso, a fórmula de Binet. Para
isso, utilizaremos o princípio de indução finita sobre n, devemos mostrar que,
φ n − ψn
Fn = √ , ∀n ∈ N.
5
i) Base de Indução: Verificando o caso quando n = 1, temos
√ 1 √ 1 √ √
1+ 5 1− 5
1
φ −ψ 1 2 − 2
1+ 5
− 1− 5
F1 = √ ⇒ F1 = √ ⇒ F1 = 2 √ 2
5 5 5
√ √ √ √
1+ 5−1+ 5 2· 5
5
⇒ F1 = √2 ⇒ F1 = √2 ⇒ F1 = √ = 1.
5 5 5
Fn+1
lim = φ (3)
n→∞ Fn
Agora mostraremos a validade da expressão (3). Veja que podemos escrever Fn+1 e
Fn , pela fórmula de Binet.
φ n+1√−ψ n+1 √
Fn+1 5 φ n+1 − ψ n+1 5 φ n+1 − ψ n+1
= φ n√
−ψ n
= √ · n = .
Fn 5 φ − ψn φ n − ψn
5
Portanto, n
Fn+1 φ − ψ · ψφ
= n .
Fn 1 − ψφ
√
1−√5
expressão (4) é menor 1. Para verificarmos essa afirmação precisamos mostrar que 1+ 5
< 1.
√
1−√5
Seja a = 1+ 5
, então |a| < 1 ⇔ −1 < a < 1. Portanto, vejamos que a < 1 e −1 < a:
√ √
√ √ √ √ 1− 5 1+ 5
− 5 < 5 ⇒ 1− 5 < 1+ 5 ⇒ √ < √ ⇒a<1 (i)
1+ 5 1+ 5
√ √ √ !
√ √ −1 − 5 1 − 5 1+ 5
−1 < 1 ⇒ −1− 5 < 1− 5 ⇒ √ < √ ⇒ (−1)· √ < a ⇒ −1 < a (ii)
1+ 5 1+ 5 1+ 5
√
Daí, de (i) e (ii), temos que −1 < a < 1, e, portanto, 1−
√5
1+ 5
< 1. E mais ao
elevarmos essa expressão a n, onde n tende ao infinito, esse valor tende a zero, pois conforme o
valor de n cresce indefinidamente o valor dessa expressão fica tão pequeno quanto queiramos,
em símbolos, temos | ψφ |n → 0.
Agora, voltando para a expressão (3), temos que
n
ψ
Fn+1 φ − ψ · φ φ −ψ ·0 φ
lim = lim n = lim = lim = φ .
n→∞ Fn n→∞ ψ n→∞ 1 − 0 n→∞ 1
1− φ
n n!
p = p!(n−p)! , ∀n, p ∈ N e n ≥ p. Vejamos na Figura 7 a representação do triângulo de Pascal.
Porém, podemos facilitar a visualização deste triângulo aritmético, utilizando o valor
dos números binomiais. Uma observação sobre o triângulo de Pascal é que suas linhas são
exatamente os coeficientes do desenvolvimento binomial do tipo (a + b)n , conforme a Figura 8.
À primeira vista podemos nos deparar com a seguinte pergunta: qual relação entre os
números de Fibonacci e o triângulo de Pascal? Tendo em conta que não conseguimos visualizar
alguns dos termos da sequência, como por exemplo, os números 8, 13, entre outros. Porém, ao
analisarmos a soma das diagonais desse triângulo aritmético perceberemos um comportamento
bem peculiar.
Perceba que a soma dos números que estão dispostos nas diagonais marcadas na
Figura 9 do triângulo de Pascal, são exatamente os termos da sequência de Fibonacci.
48
um ou mais números de Fibonacci. Então, caso quiséssemos converter, por exemplo, 7 milhas
em quilômetros, poderíamos escrever 7 como soma de 5 e 2, que são números de Fibonacci,
e convertendo as parcelas uma a uma e depois somando, teríamos aproximadamente 8 mais 3
quilômetros, totalizando 11 quilômetros.
Realizando o cálculo com o uso da constante de conversão percebemos um valor
próximo do encontrado sem a utilização da mesma, 7 · 1, 6093 = 11, 2651 ≈ 11.
E assim, poderíamos converter qualquer número inteiro de milhas em quilômetros,
de forma aproximada pela sequência de Fibonacci. Porém, imagine o caso em que quiséssemos
converter 100 milhas em quilômetros, veremos agora o cálculo das duas formas, com a constante
de conversão, teríamos 100 · 1, 6093 = 160, 93. Já pela sequência de Fibonacci, teríamos que
escrever 100 como soma de números de Fibonacci, disporíamos 100 como, 100 = F11 +F6 +F4 =
89 + 8 + 3, e obteríamos 100 milhas = 144 + 13 + 5 = 162 quilômetros. Note que, neste caso,
a diferença entre as duas maneiras de conversão seria de 1,07 km, ou seja, à medida que
convertemos quantidades maiores de milhas a diferença entre os resultados obtidos cresce.
[...] Em termos leigos, Elliott sentiu que o mercado, como “outras coisas no
universo”, se move em ciclos previsíveis, uma vez que seus padrões de com-
portamento tenham sido estabelecidos e tornados visíveis aos olhos treinados.
Neste ponto, não é de surpreender que os números de Fibonacci devam ser
51
Seu trabalho apesar de árduo rendeu resultados positivos, Elliott, percebeu que
existiam certos altos e baixos nos gráficos analisados, resolveu chamá-los de ondas, e nomeou os
altos como ondas “impulsivas” e os baixos como ondas “corretivas”.
Veremos agora a relação entre os números de Fibonacci e o método das ondas de
Elliott. O método consiste em analisar as flutuações da bolsa de valores, de acordo com a
teoria elaborada por Elliott, qualquer ciclo de tendência do mercado é formado por 8 ondas,
onde o primeiro período identificado na Figura 10 como numerais de 1 a 5 é o período otimista
reconhecido pelo fato de que os momentos de altas superam as baixas, já o segundo período
identificado na Figura 10 por letras A, B e C, é o período de baixa nas ações, ou seja, as baixas
superam as altas.
De acordo Kilhian (2011), tais ondas são formadas por grupos menores de ondas
que reproduzem o mesmo comportamento, como podemos ver na Figura 11.
Mas você pode se perguntar, qual a relação desse comportamento com os números de
Fibonacci? Além do modelo gráfico identificado por Elliott, onde percebemos que a quantidade
de ondas são números de Fibonacci, ele percebeu ainda que o tamanho dessas ondas poderia
ser medido e utilizado para tentar prever o comportamento do mercado e segundo Kilhian
20 [...] In layman’s terms, Elliott felt the market, like “other things in the universe”, moves in predictable cycles
once its patterns of behavior have been established and made visible to the trained eye. At this point, it should
come as no surprise that the Fibonacci numbers should be visible within those patterns.
52
(2011) “como resultado, ele conseguiu encontrar relações entre o comportamento do mercado e
a sequência de número de Fibonacci”.
O método de Elliott explica que a razão entre um momento em que os preços estão
em alta (pico) e um momento de queda nos preços (vale), é aproximadamente o valor da razão
áurea, que como vimos anteriormente pode ser obtida com a divisão de números consecutivos
de Fibonacci. Ou seja, em um ciclo a razão entre o maior valor e o menor valor do ciclo é
aproximadamente φ , como podemos ver na figura 12. Assim,
De uma forma geral, a Teoria das Ondas de Elliott diz que a Razão entre um pico
53
(alta de preços) e um vale (queda dos preços) do gráfico tende a ter um valor
aproximadamente igual à razão entre dois números sucessivos da sequência de
Fibonacci: (1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, ...) (KILHIAN, 2011).
Para fazer as marcações dos galhos em sua árvore solar, Aidan utilizou um tubo
54
plástico para ser o tronco da árvore e uma bússola para o orientar quanto a posição dos galhos de
acordo com o que observava na natureza, conforme a Figura 14. Percebeu então, que os galhos
seguiam um padrão que possibilitava as plantas um melhor aproveitamento da luz solar para
realização de fotossíntese, e aí pensou em seguir o mesmo padrão para os galhos de sua arvore
colocando em seus galhos painéis solares.
Aidan criou dois protótipos de árvore solar, ambos com a mesma quantidade de
painéis fotovoltaicos, o primeiro com galhos aleatórios e o segundo com os galhos dispostos de
acordo com a sequência de Fibonacci.
Os resultados para o segundo protótipo, utilizando o padrão da sequência de Fibo-
nacci (Figura 15) foram surpreendentes, pois, produziu entre 20% − 50% mais energia que os
painéis fotovoltaicos padrões, que em sua maioria são utilizados na horizontal.
Ao final deste capítulo pudemos ter uma breve ideia das curiosidades e aplica-
ções dessa sequência numérica. No próximo capítulo, apresentaremos uma possibilidade de
abordagem dessa sequência numérica a nível médio.
55
O que pretende-se com o minicurso é aliar a teoria à prática, mostrando aos estudantes
os conceitos e propriedades da sequência de Fibonacci, além de suas curiosidades, fazendo com
que eles percebam a aplicabilidade de tais conceitos e onde estão presentes.
Para coletar os dados da pesquisa, elaboramos uma proposta e aplicamos tal proposta.
Como a sequência de Fibonacci não é um conteúdo presente na grade curricular do Ensino
Médio, precisamos então produzir uma sequência didática para a apresentação desse conteúdo
aos estudantes.
58
coelhos proposto por Leonardo Fibonacci. Da resolução, conseguimos então iniciar a aula sobre
os conceitos básicos, em que apresentamos os 12 primeiros termos da sequência, e o padrão de
recorrência presente no problema.
No segundo momento, nosso objetivo era mostrar aos estudantes algumas proprie-
dades dessa sequência numérica. Para isso, elaborou-se uma série de questões problemas, em
que para solucionar os problemas os estudantes deveriam utilizar as propriedades apresentadas.
Demonstramos por indução a validade de uma das propriedades, e as outras apenas explicamos
qual a importância e como utilizá-las.
E finalmente, no terceiro momento, tínhamos como objetivo expor algumas curiosi-
dades e relações entre a sequência de Fibonacci e outros assuntos, além é claro de algumas de
suas aplicações.
Dessa forma, dividimos a aplicação do minicurso em 4 dias, onde em cada dia
realizamos algumas breves explicações e apresentações dos conteúdos e em seguida realizávamos
as atividades planejadas para cada conteúdo.
No primeiro dia, antes de iniciarmos a parte teórica, realizamos um questionário,
presente no Apêndice A, com os estudantes-participantes. A partir daí fizemos um breve resumo
histórico, mostrando quem foi Leonardo Fibonacci e algumas de suas contribuições, realizamos
então uma introdução relembrando os conceitos e tipos de sequências numéricas, logo após
apresentamos o problema que deu origem a sequência de Fibonacci, nesse momento procedemos
então com a primeira atividade proposta, presente no Apêndice B. Após a realização da atividade
apresentamos a resolução do problema dos coelhos aos estudantes, como também o padrão
presente na sequência de números encontrada.
Já no segundo dia, de posse dos conceitos iniciais tratados anteriormente partimos
então para a apresentação de algumas propriedades da sequência de Fibonacci, onde demonstra-
mos pelo princípio de indução finita a validade dos resultados expostos, nesse momento tivemos
que fazer um breve parêntese para ensinar como tal princípio funciona. Apresentamos um total
de 5 propriedades para os estudantes-participantes, e após isso pedimos que eles realizassem
novamente a série de atividades propostas para a utilização dessas propriedades, presente no
Apêndice C.
Devido ao tempo escasso, tivemos que dar continuidade na resolução das atividades
propostas no terceiro dia. Dessa forma o terceiro dia foi composto pela finalização das questões
relacionadas as propriedades da sequência. Ao finalizarem, demos início então a exibição de
algumas curiosidades sobre a sequência estudada, onde mostramos um total de 4 curiosidades.
60
problema seria notar que a altura máxima do Tronquilho seria 21cm, já que tal valor corresponde
ao termo de ordem 8.
mente, milhas para quilômetros. E a segunda, apresentamos apenas o experimento realizado por
Aidan Dwyer, para otimização de captação de energia solar utilizando a sequência de Fibonacci.
As atividades propostas para o terceiro momento, foram sobre a conversão de
unidades de medidas e a utilização da fórmula de Binet com auxílio da calculadora cientifica.
No primeiro problema, pedíamos o perímetro de um quadrilátero em quilômetros, no
qual, solicitamos aos estudantes que realizassem a conversão utilizando a sequência de Fibonacci
e a constante de conversão e comparassem os resultados obtidos.
Através dessa resolução, presente na Figura 23, é possível observar que o estudante-
participante (G) realmente compreendeu os conteúdos que foram tratados e conseguiu cumprir
com o que era esperado diante do problema proposto.
Além de lembrar do conceito de perímetro o estudante-participante (G), realizou
exatamente o que o exercício solicitava, visto que ela converteu milhas para quilômetros utili-
zando a sequência de Fibonacci e após utilizou também a constante de conversão, comparando
os resultados obtidos.
No segundo problema, pedíamos aos estudantes que utilizassem a fórmula de Binet
para encontrar a quantidade de casais da questão inicial do minicurso, que tratava do problema
dos coelhos.
Como podemos ver na Figura 24, o estudante-participante (H) utilizou uma calcula-
66
dora cientifica para determinar o 12◦ termo da sequência de Fibonacci diretamente utilizando a
Fórmula de Binet, obtendo o mesmo resultado da questão inicial do minicurso sobre o problema
dos coelhos.
Escolhemos esse problema para a finalização do minicurso, pois, seria como finalizar
um ciclo, em que os estudantes no decorrer do minicurso obtiveram uma base concreta de
conceitos iniciais para só então conseguirem chegar ao abstrato e utilizar as relações apresentadas.
Realizamos aqui uma análise dos resultados obtidos com a aplicação dos questioná-
rios, inicial e final, visando apresentar a visão dos estudantes-participantes sobre o minicurso
ofertado.
aspecto para eles (Figura 27), todos os estudantes responderam que sim, e que o minicurso havia
trazido novos conteúdos os quais os mesmos não conheciam anteriormente.
Perguntou-se ainda, se os estudantes encontraram dificuldades na resolução das
atividades propostas (Figura 28), a maior parte dos participantes responderam que não, mas, três
estudantes disseram que sim, e como observação informaram que tal dificuldade advinha de as
questões serem contextualizadas.
serem contextualizadas utilizando os animais presentes nos filmes de Harry Potter também
facilitou a compreensão do conteúdo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sequência de Fibonacci como vimos no decorrer deste trabalho pode ser apresen-
tada aos estudantes do Ensino Médio, contanto que com o devido tratamento das informações,
procurando os conteúdos que são aplicáveis a este nível de ensino e buscando tornar o conheci-
mento significativo para os estudantes.
Buscamos trazer no decorrer deste trabalho, os conceitos relativos à sequência de
Fibonacci, visando aplicação em turmas do 2◦ ano do Ensino Médio. Vimos também que tal
conteúdo não está presente na grade curricular, fazendo assim com que pouquíssimos estudantes
do nível médio detenham conhecimentos quaisquer sobre essa sequência.
Tínhamos como hipótese inicial da pesquisa que os discentes do Ensino Médio
desconheciam esta sequência numérica, o que de fato se provou verídico com as respostas do
questionário inicial respondido pelos participantes do minicurso ofertado.
Por conseguinte, para que seja realizada uma abordagem aprofundada sobre o assunto
se faz necessário um estudo bibliográfico, visando selecionar os conteúdos aplicáveis a esse
nível de ensino. A partir daí, podemos realizar o tratamento das informações com o objetivo de
levar um conteúdo pouco abordado, mas com muitas possibilidades para os estudantes do Ensino
Médio.
Dessa forma, pode-se dizer que neste trabalho apresentamos os conceitos e proprie-
dades da sequência de Fibonacci em que para tornar isto possível, realizamos uma vasta pesquisa
bibliográfica, tendo em vista uma escrita concisa, onde tentamos deixar todos os resultados
claros com justificações e observações explícitas sobre todos os resultados apresentados.
Da mesma maneira, conseguimos mostrar as curiosidades e aplicações relacionadas
a sequência de Fibonacci, tentando mostrar aplicações práticas e experimentos reais, para chamar
a atenção dos estudantes e incitar o interesse dos mesmos aos assuntos tratados.
Finalmente, realizamos a elaboração de uma proposta didática que foi aplicada em
uma turma do 2◦ ano do Ensino Médio. Podemos dizer que a proposta elaborada e aplicada,
obteve resultados positivos no que diz respeito a apropriação dos conteúdos por parte dos
estudantes-participantes e também na realização pessoal por parte da facilitadora e autora deste
trabalho.
Também podemos destacar a satisfação dos estudantes-participantes como resultado
positivo, visto que os mesmos se voluntariaram a participar do minicurso oferecido, além
realizarem pesquisas sobre o assunto e trazerem discussões no decorrer do minicurso ministrado.
71
Portanto, pode-se concluir a partir da pesquisa realizada que de fato a grande maioria
dos estudantes do nível médio não conhecem essa sequência numérica. O que por si só não é
um problema grave, tendo em vista que não é um conteúdo presente na grade curricular, porém,
é um conteúdo que chama a atenção dos estudantes por conta de suas propriedades, além das
diversas aplicações.
Ou seja, ao conhecer a teoria sobre o assunto o estudante consegue visualizar uma
aplicação prática da matemática fora da sala de aula. Aliando assim a teoria à prática, tornando
o conhecimento significativo.
Com nossa pesquisa podemos concluir ainda que uma abordagem aprofundada
sobre a sequência de Fibonacci, suas propriedades, curiosidades e aplicações, em nível médio é
possível. Desde que realizado o devido planejamento, para que assim possa ser proveitoso tanto
para o professor quanto para os estudantes.
Uma das dificuldades encontradas no decorrer da elaboração deste trabalho, se deve
ao fato de não existirem questões contextualizadas referentes as propriedades da sequência de
Fibonacci. Desta forma, para que a aplicação do minicurso fosse realizada, tivemos que elaborar
tais questões, o que nos demandou tempo e criatividade.
Também podemos citar como dificuldade, o tempo escasso já que por se tratar de
uma escola de tempo integral tivemos que nos adequar ao tempo disponível dos estudantes,
sendo necessária a utilização do horário de almoço dos estudantes-participantes.
Nossa pesquisa pode ainda ser estendida ao serem estudadas propriedades além das
apresentadas neste trabalho, ou ainda uma nova abordagem com a utilização de jogos didáticos,
bem como o estudo aprofundado sobre sequências recorrentes, entre outros. Pretendemos ainda
dar continuidade a essa pesquisa em um possível mestrado.
Com relação as contribuições desta pesquisa, podemos destacar a escrita concisa e
clara em que buscamos facilitar o acesso as informações aqui contidas para diversos públicos
alvos. Além, é claro, da proposta de ensino que foi elaborada visando a apresentação da
sequência de Fibonacci, suas propriedades, curiosidades e aplicações para estudantes do nível
médio. Esperamos que através desta pesquisa, os professores do Ensino Médio tenham acesso a
uma proposta pronta para aplicação em sala de aula e questões contextualizadas sobre o assunto.
Dessa forma, também produzimos questões contextualizadas sobre a sequência
de Fibonacci elaboradas para facilitar a compreensão e visualização dos conceitos que foram
ministrados no decorrer do minicurso oferecido aos estudantes do 2◦ ano do Ensino Médio.
72
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Denise Lino de. O que é (e como faz) sequência didática? Entrepalavras, Fortaleza,
v. 3, n. 1, p.322-334, jul. 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base Nacional Comum Cur-
ricular. Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso
em: 22 abr. 2019.
CARVALHO, André. Grandes Nomes da Ciência: Aidan Dwyer. 2011. Disponível em:
<https://ceticismo.net/2011/08/29/grandes-nomes-da-ciencia-aidan-dwyer/>. Acesso em: 04
ago. 2019.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed., São Paulo: Atlas, 2008.
HAZZAN, Samuel. Fundamentos de Matemática Elementar. 7. ed. São Paulo: Atual, 2004.
5 v.
LIMA, Elon Lages et al. A Matemática do Ensino Médio. 6. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2006. 2
v.
LIMA, Elon Lages. Curso de Análise. 14. ed. Rio de Janeiro: Projeto Euclides, 2017. 1 v.
LIVIO, Mario. Razão áurea: A história de Fi, um número surpreendente. Rio de Janeiro:
Record, 2006.
POSAMENTIER, Alfred S.; LEHMANN, Ingmar. The Fabulous Fibonacci Numbers. New
York: Prometheus Books, 2007.
ROSA NETO, Ernesto. Didática da matemática. 12. ed. São Paulo: Ática, 2010. (Educação).
SANTOS, Arlem Atanazio dos. Engenharia Didática sobre o Estudo e Ensino da Fórmula
de Binet como Modelo de Generalização e Extensão da Sequência de Fibonacci. 2017. 162
f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) - Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE, Fortaleza, 2017.
SANTOS, José Plínio de Oliveira. Introdução à Teoria dos Números. 3. ed. Rio de Janeiro:
Impa, 2017.
SENA, Carlos Átila Rodrigues de. Sequência de Fibonacci: Propriedades, aplicações e curiosi-
dades. 2013. 56 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática) – Universidade Estadual
do Ceará, Fortaleza, 2013.
APÊNDICES
75
Quais os interesses que te levaram a participar deste minicurso sobre a “Sequência de Fibonacci:
Propriedades e Aplicações”?
( ) Curiosidade de conhecer o assunto;
( ) Ampliar os conhecimentos matemáticos;
( ) Visualizar uma aplicação da Matemática;
( ) Outros:
3) Em caso afirmativo, escreva quais as informações você já conhece a respeito dessa sequência:
4) Quais as contribuições que esse minicurso pode trazer na sua formação acadêmica?
76
1) “Quantos pares de coelhos serão produzidos num ano, a partir de um único casal, se cada casal
procria a cada mês um novo casal que se torna produtivo depois de dois meses?"(EVES, 2008, p.
315).
2) Você consegue visualizar algum padrão presente na sequência de números de coelhos encon-
trada na solução da questão anterior? Qual?
1) No mundo mágico de Harry Potter, o gnomo é uma praga comum em jardins, conhecido por
sua reprodução rápida, gnomos não possuem distinção de gênero, ou seja, não há gnomo macho
ou gnomo fêmea, e se reproduzem quando se tornam adultos. Um gnomo se torna adulto após
dois dias de vida, e todo gnomo adulto se reproduz diariamente apenas uma vez. Dessa forma,
quantos gnomos teríamos ao final de 10 dias?
2) Partindo da situação exposta na questão anterior, no livro Animais Fantásticos e Onde Habitam
informa que para expulsar gnomos do jardim é preciso girar o animal no alto até deixá-lo tonto e
arremessá-lo por cima do muro, porém, após serem expulsos retornam para o jardim a mesma
quantidade de gnomos. A família Weasley possui um belo jardim, e os pais sempre pedem
aos filhos que expulsem os gnomos em dias pares, isto é, como a semana possui 7 dias, os
gnomos são expulsos apenas nos dias pares. Então, quantos gnomos os filhos da família Weasley,
expulsarão de seu jardim ao final de 2, 4 e 6 dias? Quantos gnomos eles expulsaram no total
desses dias?
78
3) Imagine que a família Weasley escolha dias ímpares para expulsar os gnomos de seu jardim.
Então, quantos gnomos eles expulsariam ao final de 1, 3, 5 e 7 dias? Quantos gnomos eles
expulsaram no total desses dias?
4) No primeiro filme de Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016), existe um animal chamado
Pickett que é um tronquilho. Uma criatura que guarda árvores, dificílimo de localizar por ser
pequeno e aparentemente formado por tronco e gravetos com dois olhinhos castanhos. Supondo
que um tronquilho cresce até seus 8 anos de idade e que seu crescimento físico segue a sequência
de Fibonacci, com período anual, onde sua altura é determinada em centímetros, qual a altura
máxima de um tronquilho?
79
5) No filme Harry Potter e a Câmara Secreta (2002), vemos que o diabrete é um animal conhe-
cido por pregar peças e fazer brincadeiras de mau gosto de todo tipo, e outra característica de
diabretes é que eles geram seus próprios filhotes. Suponha que seu padrão de reprodução é o
mesmo do problema proposto por Leonardo Fibonacci, com período mensal. Então podemos
dizer que existe uma particularidade entre a quantidade de filhotes de diabretes de quatro meses
consecutivos, isto é, tomemos a seguinte sequência de quantidade de filhotes de diabretes de
quatro meses consecutivos: Dn−1 , Dn , Dn+1 , Dn+2 . Tal particularidade diz que a diferença dos
quadrados das quantidades de filhotes centrais é igual ao produto das quantidades de filhotes
extremas, ou seja, D2n+1 − D2n = Dn−1 · Dn+2 .
Mostre que essa propriedade é válida para qualquer grupo de quatro meses consecutivos de
reprodução de diabretes.
6) Em Harry Potter e a Câmara Secreta (2002), fomos apresentados a um elfo doméstico chamado
Dobby, a comunidade élfica é conhecida por sua lealdade e devoção aos seus senhores. Imagine
que o senhor de Dobby o tenha mandado realizar a pintura de paredes de sua casa, e que a
quantidade de metros quadrados pintados por dia siga exatamente o padrão da sequência de
Fibonacci, com período diário. Qual a quantidade de metros quadrados pintados por Dobby ao
final de 5 dias? E qual a soma dos quadrados dos 5 dias pintados pelo Dobby?
80
2) Utilizando uma calculadora determine pela fórmula de Binet, qual o 12◦ termo da sequência
de Fibonacci.
81
3) As atividades propostas no minicurso conseguiram dar suporte para que você compreendesse
os conteúdos que estavam sendo tratados?
( ) Sim ( ) Não