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Alegre, ES
2022
Pietro Fernando Silveira Rodrigues
Alegre, ES
2022
Agradecimentos
Primeiramente a Deus por me dar forças para a realização deste trabalho, pois
em meio a tantos desafios e dificuldades Ele me guardou e esteve comigo em todos os
momentos.
Aos meus familiares, que me deram todo o suporte possível para completar este
trabalho e fechar mais um ciclo na minha jornada acadêmica. Assim, gostaria de registrar
os meus mais sinceros agradecimentos ao meu irmão Pablo e aos meus pais, Carlos e Edna.
Aos meus amigos, que também sempre me ajudaram e me motivaram a seguir
trabalhando nessa pesquisa. Em especial, gostaria de agradecer a Luana, Merlin, Paula e
Matheus por não perderem a paciência comigo e nunca deixarem de me apoiar, mesmo
diante da minha ausência em várias ocasiões.
Aos meus colegas de curso, com quem convivi intensamente durante os últimos
anos, pelo companheirismo e pela troca de experiências que me permitiram crescer não só
como pessoa, mas também como formando.
Por fim, aos meus professores por todos os conselhos, pela ajuda e pela paciência
com a qual guiaram o meu aprendizado. Em especial, agradeço a minha orientadora Profa.
Dra. Alana Nunes Pereira por toda a jornada que compartilhamos durante a produção
deste TCC, por me apoiar sempre e por não medir esforços para me dar todas as condições
possíveis para desenvolver este trabalho.
Resumo
Os teoremas de existência e unicidade de solução possuem extrema importância dentro do
âmbito da matemática, em particular, no campo das Equações Diferenciais, principalmente
pelo fato de serem capazes de criar condições para inferir se um determinado problema
de valor inicial possui solução e se esta é única. Assim, a busca por essa solução se torna
justificável, bem como todo o tempo e esforço que seriam gastos caso houvesse o interesse
e a possiblidade de exibir essa solução explicitamente. Todavia, apesar da relevância
dos teoremas de existência e unicidade de solução, nota-se que alguns questionamentos
surgem quando olhamos para a maneira como esses teoremas são tratados a nível de cursos
graduação, em especial, num curso de Equações Diferenciais Ordinárias. Dessa forma, dada
a importância da temática em questão e uma percepção no que diz respeito a adoção de
uma pedagogia tradicional, sob herança da perspectiva da racionalidade técnica e da teoria
da transposição didática no ensino de Matemática em cursos de graduação, o presente
trabalho buscou olhar especificamente para o Teorema de Existência e Unicidade de Picard,
realizando o estudo deste juntamente com sua demonstração. A investigação e a produção
dos dados deste trabalho direcionaram-se a partir de uma revisão bibliográfica sobre a
metodologia de resolução de problemas e de aspectos matemáticos gerais sobre o teorema,
realizando um estudo sobre os modos como os alunos de cursos de graduação de uma
universidade pública – os quais possuam a disciplina de Equações Diferenciais Ordinárias
em sua grade curricular – possivelmente se apropriam dos conhecimentos relativos ao
teorema, assim como dos outros conteúdos trabalhos na disciplina. Para isso, foi produzido
e aplicado um questionário a sujeitos desse público obtendo, através dos dados produzidos,
informações com relação a como esses alunos possivelmente internalizam os conhecimentos
relacionados ao Teorema de Existência e Unicidade de Picard, assim como mobilizam esses
conhecimentos durante o decorrer da disciplina.
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2 REVISÃO DE LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
A APÊNDICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
A.1 QUESTIONÁRIO DE ENSINO E APRENDIZAGEM . . . . . . . . . 39
A.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO . . . . . 42
A.3 RESPOSTAS OBTIDAS NO QUESTIONÁRIO . . . . . . . . . . . . 45
6
Introdução
Não obstante, essa relação pode ser evidenciada quando investigamos o entendi-
mento sobre o cosmos de filósofos pré-socráticos, que formularam diversas ideias a respeito
da ordenação da Physis, ou seja, de tudo o que nos cerca. Nesse contexto, destacaram-se
as ideias dos filósofos Heráclito de Éfeso (540 - 470 a.C.) e Parmênides de Eléia (530 - 460
a.C.), os quais pensavam de maneira diametralmente oposta: enquanto Parmênides defen-
dia a ideia de que nada muda e somente a essência permanece constante, impossibilitando
a existência de qualquer tipo de dinamismo na Physis, Heráclito por sua vez afirmava que
tudo está em permanente transformação e a que a única constante seria a eterna mudança
(AMORIM, 2011). A partir do pensamento de Heráclito, é possível traçar uma analogia
entre os fenômenos físicos observados na natureza, que estão em constante transformação,
com as as ED’s, pois, ao trazer seu pensamento para a “linguagem matemática”, podemos
dizer que se um dado um fenômeno f (t) é observado, e suas derivadas existem, então
através delas poderá ser possível obeservar as “mudanças” que ocorrem nesse fenômeno
(JAVARONI, 2007). Nesse sentido, podemos dizer que historicamente, desde a filosofia
grega do período pré-socrático, as EDs permeam a construção do conhecimento humano,
mesmo que durante um longo período de tempo não tenham sido expressas de maneira
“matemática”.
Com o avanço das pesquisas dentro da área das EDs, logo verificou-se que muitas
equações não podiam ser resolvidas em termos de funções elementares, ou seja, a maior
Introdução 7
parte das modelagens matemáticas, que recaíam em EDs, não admitiam soluções na forma
de uma função analiticamente explícita (DIPRIMA; BOYCE, 2010), desencadeando, desse
modo, uma intensa procura por parte dos matemáticos em encontrar novos métodos de
resolução, que fossem capazes de exibir explicitamente essas soluções. Nesse contexto,
surgem os teoremas de existência e unicidade de solução, por volta do século XIX, que
passam a ganhar extrema importância dentro do âmbito da ciência ao longo do tempo,
principalmente pelo fato de serem capazes de criar condições para inferir se um determinado
problema possui solução e se esta é única.
Dessa forma, tornou-se possível poupar tempo e esforço que poderiam ser gastos
no estudo desses problemas, já que sabendo-se a priori da existência de alguma solução,
sua busca se torna justificável, assim como as motivações para determinar sua unicidade,
o que pode contribuir, por exemplo, na análise de problemas físicos, no sentido de fornecer
informações que auxiliem a determinar se a modelagem deste problema está correta
(JAVARONI, 2007). Um dos teoremas mais relevantes que surgem nesse contexto é o
famoso Teorema de Existência e Unicidade de Picard (TEUP), o qual consegue nos
assegurar, se forem satisfeitas algumas condições, que um dado problema de valor inicial
(PVI) possui solução, e que esta solução é unica.
Isto posto, as EDs logo se tornaram parte crucial no ensino de Cálculo, abrangendo
uma aréa muito extensa, podendo ser analisada e estudada a partir de diversas ópticas
diferentes, além de estarem aptas a conferir maior enfoque a qualquer área do saber
que permita a utilização de EDs para a interpretação e análise dos conhecimentos ali
produzidos (MINHÓS, 2009). Nesse contexto, apesar de possuírem tamanha importância
para a construção de conhecimento em diversas áreas, nota-se que nos cursos introdutórios
de EDs no ensino superior, em particular os que possuem um enfoque no ensino de
Equações Diferenciais Ordinárias (EDO), ocorre uma valorização das técnicas de obtenção
de soluções, atráves da maximização da manipulação algébrica na resolução dos exercícios
(NEVES; FIGUEIREDO, 2007). Este fato gera como consequência a instrumentalização
do ensino de EDO na graduação, através de uma visão que prioriza a eficiência com o
menor ônus possível, o que acentua a racionalidade técnica presente nas relações de ensino
e aprendizagem entre os sujeitos que compõem o ambiente educacional nos cursos que
preveem o ensino de EDO em suas grades curriculares.
1. Como sabemos que o PVI (1.2) tem de fato uma solução se não podemos mostrá-la?
Mais ainda, se a solução existe, ela é única?
Capítulo 1. Teorema de Existência e Unicidade 10
2. Devemos nos preocupar em determinar se (1.2) tem solução se não somos capazes
de mostrá-la explicitamente?
Com relação a pergunta 1, para respondê-la seria necessário utilizar algum resultado
que nos permita de algum modo estabelecer a existência de uma função diferenciável
ϕ : I → R que satisfaz a equação (1.1) e a condição ϕ(t0 ) = y0 , ou seja, uma solução do
PVI (1.2), sem que tenhamos que mostrar essa função explicitamente. O resultado que
buscamos é o importante Teorema de Existência e Unicidade de Picard.
∂f
onde f é uma função definida num aberto Ω de R2 , com (t0 , y0 ) ∈ Ω. Suponha que f e
∂y
sejam funções contínuas no retângulo R = {(t, y) | t0 ≤ t ≤ t0 + a e |y − y0 | ≤ b} ⊂ Ω,
onde a, b ∈ R+ . Sejam ainda M = max |f (t, y)| e α = min a, Mb . Então, o PVI (1.3)
(t,y)∈R
possui uma única solução y = y(t) no intervalo [t0 , t0 + α].
Vemos também que y(t) satisfaz a condição inicial do PVI (1.3). De fato,
Z t0
y(t0 ) = y0 + f (s, y(s))ds = y0 .
t0
Portanto, y(t) é solução do PVI (1.3). Reciprocamente, se y(t) é solução de (1.3), então y(t)
é diferenciável e y ′ (t) = f (t, y(t)). Como, por hipótese, f (t, y(t)) é contínua, novamente
pelo TFC conseguimos obter:
Z t Z t
y(t) − y(t0 ) = f (s, y(s))ds =⇒ y(t) = y0 + f (s, y(s))ds.
t0 t0
Para demonstrar a existência de solução para o PVI (1.3), iremos utilizar o método
de aproximações sucessivas introduzido por Charles Émile Picard (1856 - 1941). Este
método iterativo se baseia na construção de uma sequência de funções (yn (t))n da seguinte
Capítulo 1. Teorema de Existência e Unicidade 12
Se y1 (t) = y0 , com t ∈ [t0 , t0 + α], então y(t) = y0 é uma solução de (1.4). Caso contrário,
verificamos se y1 (t) é solução de (1.4) calculando
Z t
y2 (t) := y0 + f (s, y1 (s))ds.
t0
Se y2 (t) = y1 (t), com t ∈ [t0 , t0 + α], então y(t) = y1 (t) é uma solução de (1.4). Caso
contrário, verificamos se y2 (t) é solução de (1.4) calculando
Z t
y3 (t) := y0 + f (s, y2 (s))ds.
t0
Se y3 (t) = y2 (t), com t ∈ [t0 , t0 + α], então y(t) = y2 (t) é uma solução de (1.4). Caso
contrário, verificamos a próxima iteração e assim por diante. Desse modo, definimos uma
sequência de funções (yn (t))n , onde
Z t
yn (t) = y0 + f (s, yn−1 (s))ds, n ∈ N.
t0
r : y(t) = −M (t − t0 ) + y0 , t ∈ R,
s : y(t) = M (t − t0 ) + y0 , t ∈ R,
vemos que yn−1 (t) fica entre r e s quando t ∈ [t0 , t0 + α]. Aplicando essas retas no ponto
t0 + α obtemos
r : y(t0 + α) = −M (t0 + α − t0 ) + y0 = −M α + y0 ≥ y0 − b,
s : y(t0 + α) = M (t0 + α − t0 ) + y0 = M α + y0 ≤ y0 + b.
Desse modo, (t, yn−1 (t)) ∈ R, para todo t ∈ [t0 , t0 + α], assim como mostram as figuras (2)
e (3) a seguir. Assim,
Dessa forma, o Lema (1.2.3) acima nos garante que o gráfico de yn (t) está entre
as retas r e s e que, consequentemente, (t, yn−1 (t)) ∈ R, para todo t ∈ [t0 , t0 + α] e todo
n = 0, 1, 2, ..., conforme mostram as figuras abaixo:
Capítulo 1. Teorema de Existência e Unicidade 14
Figura 2 – Região (cinza) onde yn (t) está contida para α = a. Fonte: autor.
Lema 1.2.4. Seja w : [t0 , c) → R, c > t0 , uma função contínua e não negativa. Se
Z t
w(t) ≤ K w(s)ds, t0 ≤ t < c,
t0
= KU (t).
U ′ (t)
≤K
U (t)
e, portanto, que
d
(ln U (t)) ≤ K.
dt
Logo, integrando de t0 a t temos que
Ou seja,
U (t) U (t)
!
ln ≤ K(t − t0 ) =⇒ ≤ eK(t−t0 ) =⇒ e−K(t−t0 ) U (t) ≤ U (t0 ) = ϵ.
U (t0 ) U (t0 )
e−K(t−t0 ) U (t) ≤ 0,
Dessa forma, supondo que as hipóteses Teorema (1.2.1) sejam verificadas, a ideia
da demonstração que apresentaremos para o TEUP é justamente mostrar que a sequência
de funções (yn (t))n construída pelo método de Picard seja convergente para uma função
y(t), no intervalo [t0 , t0 + α], que também seja uma solução contínua de (1.4) e, portanto,
do PVI (1.3). Em seguida, tomando como base o Lema (1.2.4), mostraremos que a solução
encontrada é única.
Capítulo 1. Teorema de Existência e Unicidade 16
(i) Existência:
yn (t) = y0 (t) + [y1 (t) − y0 (t)] + [y2 (t) − y1 (t)] + . . . + [yn (t) − yn−1 (t)],
ou seja,
n
yn (t) = y0 + [yk (t) − yk−1 (t)].
X
k=1
Desse modo, a sequência (yn (t))n converge uniformemente em [t0 , t0 +α] se, e somente
n
se, a série infinita [yk (t) − yk−1 (t)] converge uniformemente em [t0 , t0 + α]. Para
P
k=1
tal, primeiramente observe que
Z t Z t
|yk (t) − yk−1 (t)| = y0 + f (s, yk−1 (s))ds − y0 − f (s, yk−2 (s))ds
t0 t0
Z t Z t
= f (s, yk−1 (s))ds − f (s, yk−2 (s))ds
t t0
Z 0t
= [f (s, yk−1 (s)) − f (s, yk−2 (s))]ds
t0
Z t
≤ |f (s, yk−1 (s)) − f (s, yk−2 (s))|ds
t0
Logo, definindo
∂f
L= max (t, y) ,
(t,y)∈R ∂y
e notando que todos os pontos (s, µ(s)) pertencem ao retângulo R para s ∈ [t0 , t0 +α],
temos que
Z t Z t
∂f
|yk (t) − yk−1 (t)| ≤ (s, µ(s)) |yk−1 (s) − yk−2 (s)| ds ≤L |yk−1 (s) − yk−2 (s)| ds,
t0 ∂y t0
Logo, aplicando a equação (1.8) para k=2, segue a partir do Lema (1.2.3) que
Z t Z t
LM (t − t0 )2
|y2 (t) − y1 (t)| ≤ L |y1 (s) − y0 (s)|ds ≤ L M (s − t0 )ds = ,
t0 t0 2
o que implica, para k = 3, que
Z t Z t
LM (t − t0 )2 L2 M (t − t0 )3
|y3 (t) − y2 (t)| ≤ L |y2 (s) − y1 (s)|ds ≤ L ds = .
t0 t0 2 3!
Supondo agora que essa desigualdade é válida para k, ou seja,
Lk−1 M (t − t0 )k
|yk (t) − yk−1 (t)| ≤ ,
k!
vamos mostrar que a mesma é válida para k + 1. De fato,
Z t
|yk+1 (t) − yk (t)| ≤ L |yk (s) − yk−1 (s)|ds
t0
Z t
Lk−1 M (t − t0 )k
≤L ds
t0 k!
Lk M (t − t0 )k+1
= ,
(k + 1)!
para todo t0 ≤ t ≤ t0 +α. Assim, podemos concluir, também para todo t0 ≤ t ≤ t0 +α,
que
M (αL)k
[yk (t) − yk−1 (t)] ≤ . (1.9)
L k!
De fato, note que
Logo, para mostrar que y(t) satisfaz (1.4) basta mostrar que
Z t Z t
f (s, y(s))ds = n→∞
lim f (s, yn−1 (s))ds ,
t0 t0
tende a zero quando n tende ao infinito. Observe que o gráfico de y(t) está contido
no retângulo R para t0 ≤ t ≤ t0 + α, já que y(t) é o limite das funções yn (t) cujo os
gráficos estão contidos em R. Então, assim como em (1.7), usando o Teorema do
Valor Médio, segue que
Z t Z t Z t
f (s, y(s))ds − f (s, yk (s))ds |f (s, y(s)) − f (s, yk (s))|ds
≤
t0 t0 t0
Z t
≤L |y(s) − yk (s)|ds.
t0
j=1
k
yk (s) = y0 + |yj (s) − yj−1 (s)| (1.11)
X
j=1
j=k+1
M ∞
(Lα)j
(1.12)
X
≤ ,
L j=k+1 j!
Portanto,
Z t
y(t) = y0 + f (s, y(s))ds,
t0
para |h| < δ. Como não conhecemos y(t) explicitamente para comparar y(t + h) com
y(t), vamos tomar um n0 suficientemente grande de modo que
M X ∞
(Lα)j ϵ
< .
L j=k+1 j! 3
y(t + h) − y(t) = [y(t + h) − yn0 (t + h)] + [yn0 (t + h) − yn0 (t)] + [yn0 (t) − y(t)]
|y(t + h) − y(t)| ≤ |y(t + h) − yn0 (t + h)| + |yn0 (t + h) − yn0 (t)| + |yn0 (t) − y(t)| ⇒
ϵ ϵ ϵ
|y(t + h) − y(t)| < + + = ϵ,
3 3 3
o que mostra que y(t) é contínua para todo t ∈ [t0 , t0 + α]. Logo, y(t) é uma solução
contínua de (1.4) e, portanto, solução do PVI (1.3).
Capítulo 1. Teorema de Existência e Unicidade 20
(ii) Unicidade:
Demonstração. Suponha que z(t) seja outra solução contínua de (1.3). Então, temos
que
Z t Z t
y(t) = y0 + f (s, y(s))ds e z(t) = y0 + f (s, z(s))ds.
t0 t0
Logo,
Z t Z t
|y(t) − z(t)| = f (s, y(s))ds − f (s, z(s))ds
t0 t0
Z t
≤ |f (s, y(s))ds − f (s, z(s))|ds
t0
Z t
≤L |y(s) − z(s)|ds.
t0
Fazendo agora |y(t)−z(t)| = g(t) temos que g é contínua e não negativa em [t0 , t0 +α]
e g(t) ≤ L tt0 g(s)ds.
R
Logo, pelo Lema (1.2.4), segue que g(t) = 0 para todo t ∈ [t0 , t0 + α] e, assim,
y(t) − z(t) = 0 para todo t ∈ [t0 , t0 + α]. Ou seja, y(t) = z(t) para todo t ∈ [t0 , t0 + α].
Portanto, concluímos a unicidade da solução.
onde temos
y2 ∂f 2y
f (t, y) = e = 2,
t2 ∂y t
Capítulo 1. Teorema de Existência e Unicidade 21
n o
ambas sendo contínuas no retângulo R = (t, y) ∈ R2 | y ∈ R, t ∈ R∗ , nos permitindo
afirmar, pelo Teorema 1.2.1, que (1.13) possui uma única solução para todo (t0 , y0 ) ∈ R. Ao
olhar para a equação diferencial em (1.13), também podemos concluir que esta é separável,
isto é
dy y2
= 2,
dt t
a qual possui como solução a função
t
y(t) = , c ∈ R. (1.14)
1 − ct
Figura 4 – Representação da região R (hachurada) onde (1.13) possui uma única solução.
Fonte: autor.
Desse modo, buscou-se realizar uma análise da região do plano na qual o Teorema
1.2.1 não nos garante a existência e unicidade de solução, ou seja, sobre a reta t = 0 (reta
tracejada na figura 4). Pela figura 4 percebemos que, para cada ponto contido na região
hachurada, (1.13) possui uma única solução, o que corresponde a todo o plano com exceção
da reta t = 0. Nesse sentido, analisou-se primeiramente o ponto P1 = (0, 0), de modo que
ao considerá-lo como condição inicial de (1.13), foi possível concluir, a partir de (1.14),
que existem infinitas soluções para este PVI. Em contrapartida, ao considerarmos como
condição inicial o ponto P2 = (0, y0 ), com y0 ̸= 0, vemos que o PVI, também a partir de
(1.14), não irá possuir solução.
Portanto, tratando-se de um problema de natureza física, por exemplo, observa-se
que a não garantia da existência de uma única solução na região analisada poderia implicar,
de alguma maneira, em um impasse que talvez pudesse tornar este problema extremamente
complexo para ser solucionado.
22
2 Revisão de Literatura
aquilo que está sendo produzido, com o intuito de unir a Matemática mais intuitiva e
experimental com a Matemática formal.
Poffo (2011) destaca que, no início do século XX, tínhamos uma Matemática
extremamente mecanizada e que, mesmo através de esforços promovidos até meados do
século passado, notou-se que os objetivos traçados não estavam sendo atingidos, situação
que se altera somente na década de 1980, quando surgem movimentos que destacam a
resolução de problemas como o principal enfoque para o ensino da Matemática. A autora
destaca também que para alguns educadores matemáticos “a resolução de problemas
consiste em permitir que os alunos utilizem seus conhecimentos e desenvolvam a capacidade
de administrar as informações ao seu redor” (POFFO, 2011, p. 3), desenvolvendo assim a
capacidade de aprender a aprender, ou seja, permitir e dar as ferramentas necessárias ao
alunos para que eles desenvolvam seus próprios mecanismos que os permitam internalizar
conceitos, tornando-os capazes de enfrentar os mais diversos contextos e formas, afim de
que seja possível alcançar uma autonomia no que diz respeito a elaboração de estratégias
que os façam, por si próprios, desenvolver novos conhecimentos e habilidades (PINTO;
SOARES, 2001). Assim, para o aluno compreender conceitos matemáticos, de maneira
geral, é necessário fazer com que ele utilize seu próprio raciocínio na resolução de problemas,
sendo o professor fundamental para essa compreensão, mediando as formulações e ideias
propostas pelo aluno, para que se consiga chegar no conhecimento real pretendido.
Diante dessa compreensão acerca do desenvolvimento do saber a partir da resolução
de problemas, vemos que no meio educacional matemático essa metodologia ainda não
é enxergada efetivamente como uma boa alternativa aos métodos tradicionais de ensino.
Consequentemente, segundo Habre (2003), o ensino de EDO’s na graduação carrega
consigo essa perspectiva, onde mesmo em situações onde seria possível escrever as soluções
de uma maneira elementar, observa-se que ocorre uma preferência em procurar por
fórmulas e resultados prontos que sejam capazes de exibir essa solução, fazendo com que
as interpretações geométrica e numérica sejam distanciadas da discussão do problema. O
autor também afirma que esse fato se dá, principalmente, por em boa parte do percurso
educacional traçado no ensino da Matemática, tanto no ensino básico quanto no ensino
superior, o seu tratamento ser majoritariamente simbólico, o que induz de maneira falsa
aos alunos que outras interpretações de não possuam a mesma “exatidão” comparada a
algébrica.
Nesse contexto, Javaroni (2007) discorre acerca da racionalidade técnica que perma-
nece presente na concepção formalista do ensino da Matemática, que faz com os professores
mantenham a ideia de que os alunos não sejam dotados das habilidades necessárias para
compreender outras formas de interpretação de um problema matemático, o que os“fazem
considerar impossível trabalhar com um enfoque que coloque os alunos em situações de
pensar e raciocinar além dos aspectos básicos, os quais os alunos acabam por memorizar
Capítulo 2. Revisão de Literatura 24
3 Metodologia
análise dos dados que foram obtidos ocorreu de maneira interpretativa, buscando explorar
e discorrer, à luz das referências bibliográficas adotadas neste trabalho, sobre as percepções
e entendimentos acerca da natureza geral das questões que foram levantadas.
Optamos por realizar a análise dos dados através de investigações que observaram
cada uma das perguntas, colocando em paralelo os questionamentos propostos com as
respostas obtidas e com as informações presentes na literatura. Por considerarmos que
haviam perguntas no questionário de mesma natureza, algumas delas foram analisadas
em grupos, para favorecer o entendimento das conclusões que foram geradas. Os dados
referentes as porcentagens de alunos que responderam as perguntas contidas no questionário,
de acordo com cada resposta obtida, encontram-se no apêndice (A.3).
A seguir, trazemos a análise empreendida e as discussões dos resultados do trabalho.
28
4 Resultados e Discussões
(i) Perguntas 1, 2 e 3
Nesse grupo de perguntas, os dados recolhidos nos mostraram que a maior parte
dos alunos que responderam o questionário teve contato, em algum momento, com
alguma relação de existência e unicidade de solução durante a graduação. Porém, no
que diz respeito a se lembrarem de ter estudado o TEUP durante o curso de EDO,
apenas a metade desses alunos, aproximadamente, respondeu que se recordavam e
quase dois terços não conseguiram responder, de maneira concreta, se a demonstração
do teorema foi trabalhada de alguma forma durante a disciplina.
Segundo Oliveira e Igliori (2013), de uma maneira geral, o enfoque dado aos conteú-
dos da disciplina de equações diferenciais não propicia a compreensão da mesma,
dificultando o entendimento dos alunos com relação aos temas estudados. As autoras
também discorrem a respeito da visão pessimista, por parte do corpo docente, em
trabalhar assuntos dentro das equações diferenciais que possam colocar os alunos em
uma posição de “desconforto”. Esse problema gera como consequência o surgimento
de uma resistência em trazer maiores dificuldades aos alunos no curso de EDO, pois
os professores julgam ser extremamente difícil trabalhar dessa forma devido ao baixo
nível de competência desses alunos e a existência de déficits em seus conhecimentos
matemáticos (JAVARONI, 2007, p. 21).
Dessa forma, nota-se que no curso de EDO as perspectivas e temas explorados
parecem se restringir àqueles que, de uma certa maneira, não apresentariam grandes
barreiras para os alunos, o que pode fazer com que os incentivos para se buscar
compreender os aspectos que caracterizam os fenômenos que levam às equações
diferenciais sejam deixados de lado.
Por conseguinte, quando direcionamos os olhares para a interpretação do compor-
tamento das soluções, vemos que diversos questionamentos surgem com relação
a existência de solução para as equações diferenciais. Tal existência é garantida,
Capítulo 4. Resultados e Discussões 29
sob determinadas condições, pelo TEUP, que também é capaz de nos assegurar a
unicidade dessa solução sob as mesmas condições; entretanto, apesar de toda sua
importância, as respostas obtidas nas perguntas 1,2 e 3 nos indicaram um parecer
contrário. O seguinte excerto, correspondente a uma das respostas obtidas a partir
do questionário (A.1), ilustra o parecer citado anteriormente:
Nesse sentido, observando-se que mais da metade dos alunos que responderam o
questionário não foram capazes de dizer com certeza que se recordavam do TEUP,
assim como se sua demonstração havia sido trabalhada de alguma maneira, entende-
se que, possivelmente, o TEUP tenha o tratamento, dentro de um curso de EDO,
de maneira a não buscar gerar maiores dificuldades aos alunos, haja em vista
também toda a complexidade envolvida em sua demonstração, como abordam Neves
e Figueiredo (2007):
(ii) Perguntas 4 e 5
Os dados recolhidos a partir dessas duas perguntas nos mostraram que mais da
metade dos alunos que responderam o questionário não conseguiram afirmar que
utilizaram os resultados do TEUP durante a disciplina de EDO, como também em
outras disciplinas de seus cursos. Cerca de um terço dos alunos respoderam que
utilizaram os resultados do TEUP durante o curso de EDO, mas somente durante o
momento em que foi estudado o TEUP. Esses resultados levam ao surgimento de
questionamentos com relação a importância do TEUP, no que diz respeito a sua
aplicabilidade em um curso de EDO. Como cita Javaroni (2007):
Capítulo 4. Resultados e Discussões 30
Nesse sentido, ao analisar as soluções de EDOs, vemos que são funções de uma
variável e as operações envolvidas nessas expressões são as algébricas e a operação
de derivação. Contudo, mesmo conhecendo tais operações, isso não nos garante a
certeza de obter soluções advindas de uma seqüência finita dessas operações sobre
os dados do problema, por meio das funções elementares usuais, ou seja, soluções
analiticamente explícitas (KLINE, 1972).
Portanto, ao notar que as respostas obtidas são oriundas de alunos dos cursos de
Licenciatura em Matemática e Engenharia Química, conjectura-se, na UFES - cam-
pus Alegre, a possibilidade de a interdisciplinaridade com relação aos conteúdos
trabalhados no curso de EDO não estar ocorrendo de maneira a apresentar novas
possibilidades de exploração desses conteúdos aos alunos, permitindo-os aplicar os
conhecimentos adquiridos em novas situações, já que as equações diferenciais repre-
sentam parte crucial do ensino de Cálculo e seu estudo possibilita um instrumental
matemático importante na resolução de problemas em diversas áreas do conhecimento
(OLIVEIRA; IGLIORI, 2013).
(iii) Perguntas 6, 7 e 8
(iv) Pergunta 9
Nessa pergunta, os dados recolhidos nos mostraram que apenas um terço dos alunos
que responderam o questionário puderam afirmar que trabalhavam com frequência
os conteúdos de EDO em sala de aula a partir dos conhecimentos prévios acerca do
assunto.
Desse modo, no contexto analisado, observa-se que uma das tendências metodológicas
dentro da educação matemática que busca fazer uso da potencialidade dos alunos,
ou seja, de seus conhecimentos prévios, afim de se chegar ao conhecimento real
pretendido, é justamente a metodologia de resolução de problemas (MRP). Por meio
da MRP “se pode envolver os alunos em situações da vida real, motivando-os para
o desenvolvimento do modo de pensar matemático” (PINTO; SOARES, 2001, p.
4). Nesse sentido, a MRP busca promover um processo de reflexão na resolução de
um problema, ou seja, fazer retroceder sobre aquilo que está sendo produzido, com
o intuito de unir a Matemática mais intuitiva e experimental com a Matemática
formal (ROMANATTO, 2012).
Segundo Poffo (2011), para que o aluno compreenda conceitos matemáticos, de
maneira geral, é necessário fazer com que ele utilize seu próprio raciocínio na
resolução de problemas, sendo o professor fundamental para essa compreensão,
mediando as formulações e ideias propostas pelo aluno ao que de fato se concretizará
na formulação do conceito matemático que está sendo trabalhado. A autora ainda
destaca que “a resolução de problemas consiste em permitir que os alunos utilizem
seus conhecimentos e desenvolvam a capacidade de administrar as informações ao
seu redor” (POFFO, 2011, p. 3).
Assim, é necessário fazer com que os alunos sejam capazes de enfrentar os mais
diversos contextos e formas afim de que seja possível alcançar uma autonomia no que
diz respeito a elaboração de estratégias que os façam, por si próprios, desenvolver
Capítulo 4. Resultados e Discussões 33
(v) Pergunta 10
Nessa pergunta, os dados recolhidos nos mostraram que mais de dois terços dos
alunos que responderam o questionário disseram que não foi utilizada nenhuma
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para conferir aos conteúdos de EDO
uma interpretação geométrica.
É sabido que as dificuldades relacionadas ao estudo e investigação de EDOs foram
reduzidas a partir do momento em que os computadores surgem, tornando possível
a implementação de recursos em softwares algébricos e geométricos que passam
a facilitar a visualização de EDOs e de suas soluções. Javaroni (2007) diz que,
antes das TIC surgirem, o estudo e observação de muitas EDOs não era atrativo
devido às dificuldades de exploração e visualização destas; nesse sentido, a autora
complementa afirmando que o surgimento de softwares matemáticos proporcionaram
novas possibilidades para a aplicação de abordagens qualitativas, o que gerou com
o tempo a necessidade de repensar as abordagens utilizadas para o estudo dos
conteúdos referentes a EDOs em cursos de graduação.
Por conseguinte, vemos que as TIC são capazes de fornecer ferramentas para os alunos
que os permitam trabalhar com os conteúdos de EDO através de outras perspectivas,
como a geométrica, além de contarem com uma faciclidade consideravelmente maior
na visualização das EDOs, de suas soluções e de como estas se comportam. Em
vista disso, observando os dados obtidos nesta pesquisa e destacando o fato de
Capítulo 4. Resultados e Discussões 34
que muitos trabalhos “expressam a dificuldade que os estudantes têm para pensar
simultaneamente de modo algébrico e gráfico”(OLIVEIRA; IGLIORI, 2013, p. 21),
nota-se um parecer favorável quanto a inserção das TIC na disciplina de EDO
e, inclusive, em outras disciplinas que possivelmente a precedem, como Cálculo,
no intuito de não provacarem maiores dificuldades aos alunos por conta da já
familiarização com a utilização de softwares matemáticos através de uma abordagem
pedagógica.
35
Considerações Finais
A partir dos resultados obtidos com esta pesquisa, talvez fosse expectativa de
algum leitor que o presente trabalho indicasse novos caminhos para a disciplina de EDO
no ensino superior. Contudo, ao propor esta pesquisa, a intenção foi meramente observar
como os alunos dos cursos de graduação da Ufes, campus de Alegre, possivelmente haviam
internalizado os conhecimentos referentes a disciplina de EDO, em especial o TEUP, assim
como de que maneira mobilizariam esses conhecimentos ao longo da disciplina, afim de
conjecturar possíveis cenários capazes de elucidar, à luz das referências bibliográficas aqui
adotadas, os resultados obtidos em paralelo com as literaturas analisadas.
Nesse contexto, ao realizar o estudo do TEUP, foi possível observar toda a comple-
xidade envolvida em sua demonstração e todas as possíveis dificuldades que haveriam ao se
tentar trabalhar, algebricamente, esta demonstração dentro de sala de aula na disciplina de
EDO. Porém, observo que a abordagem geométrica das hipóteses e das possíveis aplicações
do TEUP, exploradas com o auxílio das TIC, pode trazer mais possibilidades para o
processo de aprendizagem dos alunos e, talvez assim, conseguir atribuir uma gama maior
de significados para essa disciplina, pois como cita Habre (2003), a disciplina de equações
diferenciais deve ser o elo entre a Matemática e a Ciência.
Infelizmente, por conta de situações externas e o tempo limitado para a produção
deste trabalho de conclusão de curso, muitos questionamentos e assuntos os quais se
havia o interesse em se aprofundar não foram investigados e, desta forma, foram deixados
como perspectivas futuras em uma possível continuidade da presente pesquisa. Tais
questionamentos envolvem estudar toda a problemática envolvida no tratamento do TEUP,
a qual é discutida neste trabalho, porém alterando os sujeitos envolvidos na pesquisa, na
tentativa de obter dados e informações dos docentes com relação à essa problemática,
buscando compreender, através do entendimento dos professores, as possíveis razões que,
segundo o parecer desse trabalho, levam os alunos que cursam a disciplina de EDO a
apresentar dificuldades com relação à internalização dos conceitos trabalhados na disciplina,
sobretudo com relação ao TEUP.
Outros questionamentos que surgiram e provocaram o interesse em um estudo futuro
estão relacionados à demonstração do TEUP feita nesta pesquisa, que toma como base
as iteradas de Picard. Seria interessante investigar, computacionalmente, a convergência
da sequência de funções definida por esse método se aproximando da solução de um PVI,
assim como de que maneira essa sequência se comportaria ao se analisar um PVI cuja as
hipóteses do TEUP não são satisfeitas.
Além disso, como visto na literatura proposta neste trabalho, a mera continuidade
Considerações Finais 36
Referências
KLINE, M. 3 vols. In: Mathematical thought from ancient to modern times. [S.l.]: Oxford
University Press New York, NY, 1972. Citado na página 30.
Instrumento de Coleta:
O presente questionário possui como objetivo principal coletar dados para o estudo
do meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado: “O teorema de existência
e unicidade de Picard em cursos de graduação de uma universidade pública: teorias e
modos de apropriação de conhecimento em foco”. A ideia de estudar e discutir os dados
que serão gerados a partir desse questionário surgiu em minha iniciação científica (IC),
onde pude ter um contato maior com as Equações Diferenciais Ordinárias (EDO), me
aprofudando e conhecendo temas que não foram tratados durante o curso de EDO que fiz
na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), campus de Alegre. Através de reuniões
semanais com a minha orientadora da IC, a Profa. Dra. Fabiana Maria Ferreira, pude
observar com maior profundidade algumas questões relacionadas ao Teorema de Existência
e Unicidade de Picard (TEUP), assim como começar a ter uma percepção sobre a possível
instrumentalização do ensino de EDO nos cursos de graduação. É importante ressaltar
que a identidade de todos os envolvidos que irão fornecer dados para esse questionário
será omitida e suas opiniões serão apenas utilizadas para o estudo deste TCC.
∂f n o
Se f (t, y) e são contínuas no retângulo R = (t, y) ∈ R2 | α < t < β, δ < y < γ con-
∂y
tendo o ponto (t0 , y0 ), então o PVI acima possui uma única solução em um intervalo
contendo t0 .
Perguntas
1. Você já entrou em contato com alguma relação sobre existência e/ou unicidade de
solução para um problema de aplicação matemática em algum momento durante a
graduação em seu curso na UFES - Alegre?
6. Durante o curso de EDO, você se recorda de ter tido a oportunidade para realizar
alguma interpretação geométrica dos conteúdos e problemas estudados? Se sim, essas
oportunidades eram frequentes?
7. Na resolução dos problemas durante o curso de EDO, você diria que na maioria das
vezes recorria a métodos de resolução quase que estritamente algébricos para resolver
esses problemas?
10. Foi utilizada alguma Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para conferir
aos conteúdos de EDO uma interpretação geométrica? Por exemplo: softwares de
geometria dinâmica, etc.
A.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O (A) Sr. (a) NOME COMPLETO DO PARTICIPANTE DE PESQUISA
foi convidado (a) a participar da pesquisa referente ao Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC), intitulado: “O teorema de existência e unicidade de Picard em cursos de graduação
de uma universidade pública: teorias e modos de apropriação de conhecimento em foco”,
sob a responsabilidade de PIETRO FERNANDO SILVEIRA RODRIGUES.
A ideia em estudar e discutir os dados que serão gerados nessa pesquisa originaram-
se a partir da iniciação científica (IC) feita pelo pesquisador Pietro Fernando Silveira
Rodrigues, orientado pela Profa. Dra. Fabiana Maria Ferreira, sendo possível observar com
maior profundidade algumas questões relacionadas ao Teorema de Existência e Unicidade
de Picard (TEUP), assim como começar a ter uma percepção sobre a possível instrumen-
talização do ensino de EDO nos cursos de graduação. Nesse sentido, o principal objetivo
desta pesquisa consiste em analisar os dados obtidos a partir do presente questionário, a
fim de procurar entender como os alunos de cursos de graduação de uma universidade
pública – os quais possuam a disciplina de EDO em sua grade curricular – se apropriam
dos conhecimentos relativos ao TEUP, de modo que seja possível obter informações com
relação a como esses alunos possivelmente internalizam os conhecimentos relacionados ao
TEUP, assim como mobilizam esses conhecimentos durante o decorrer da disciplina.
Para a realização deste estudo, adotaremos os seguintes procedimentos: Aplicação
de um questionário para alunos de cursos de graduação de uma universidade pública, os
quais possuam a disciplina de EDO em sua grade curricular; levantamento e descrição dos
dados oriundos do questionário, sendo estes analisados de maneira interpretativa, à luz
das referências bibliográficas adotadas no TCC, segundo categorias.
Nesse sentido, solicito a sua autorização para que sejam analisadas as suas respostas
ao questionário específico, sem que nessa análise ocorra a identificação da sua identidade.
Ainda no que diz respeito à sua participação nesta pesquisa, você não terá nenhum custo,
como também não obterá qualquer vantagem financeira. A qualquer momento no curso do
estudo, você poderá solicitar explicações de qualquer âmbito e também ficará livre para
não participar ou mesmo interromper sua participação. Portanto, enfatizamos que o seu
envolvimento é de livre vontade, de caráter voluntário e que, assim sendo, a sua recusa
na participação desta pesquisa não implicará de modo algum em qualquer tipo de dano
moral, penalidade ou distorção de sentido pelo pesquisador.
Também ressaltamos que os materiais que vierem a ser produzidos durante as
etapas do TCC - como arquivos de armazenamento digital e analógico, respostas dos
questionários, entre outros desta espécie – serão destinados ao uso exclusivo para fins de
divulgação científica e produção de conhecimentos. Esses produtos serão corretamente
armazenados, durante o período de cinco anos e após tal intervalo serão destruídos. O
Apêndice A. Apêndices 43
pesquisador também lidará com a questão de sua identidade e da dos demais sujeitos
participantes, segundo os padrões éticos e profissionais, levando em conta o sigilo respeitoso
e em hipótese alguma o(a) participante será identificado(a) em qualquer publicação que
possa resultar deste estudo, a não ser com sua livre vontade por meio de solicitação
explícita.
Destacamos ainda que os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando
ela for finalizada. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo
que uma via será arquivada pelo pesquisador responsável e a outra será fornecida a você.
Enfatizamos, por fim, o caráter ético e científico desta pesquisa, considerando
que o risco desta afetar negativamente qualquer sujeito participante é mínimo. Ainda
assim, o pesquisador reconhece a possibilidade de serem gerados constrangimentos para os
sujeitos envolvidos, por ocasião do momento em que se encontrarem, seja em sua disposição
emocional e/ou física para a participação ou ainda por algum outro motivo que venha a
surgir no momento das respostas ao questionário.
Assim sendo, reiteramos o compromisso desta proposta com a garantia da liber-
dade de participação e demais direitos que resguardem você e os outros seres humanos
envolvidos com esta pesquisa de qualquer risco de prejuízo moral, como constrangimentos
e outros desrespeitos de quaisquer ordens. Mas, caso haja danos decorrentes da pesquisa,
o pesquisador assumirá total responsabilidade por eles.
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa ou para relatar algum problema, o (a)
Sr.(a) pode contatar o pesquisador PIETRO FERNANDO SILVEIRA RODRIGUES no
telefone (28) 99903-6079, ou endereço Avenida Cristiano Dias Lopes Filho n° 220, CEP
29330-000, Vila Nova/Itapemirim - ES. O (A) Sr.(a) também pode contatar o Comitê
de Ética em Pesquisa do Campus de Alegre da Universidade Federal do Espírito Santo
(CEP/Alegre/UFES) através do telefone (28) 3552-8771, e-mail cep.alegre.ufes@gmail.com
ou correio: Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, Prédio Administrativo
do Campus de Alegre, Alto Universitário, s/n, caixa postal 16, Bairro Guararema, CEP
29.500-000, Alegre - ES, Brasil. O CEP/Alegre/UFES tem a função de analisar projetos
de pesquisa visando à proteção dos participantes dentro de padrões éticos nacionais e
internacionais. Seu horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h.
Declaro que fui verbalmente informado e esclarecido sobre o presente documento,
entendendo todos os termos acima expostos, e que voluntariamente aceito participar
deste estudo. Também declaro ter recebido uma via deste Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido, de igual teor, assinada pelo pesquisador principal ou seu representante,
rubricada em todas as páginas.
Itapemirim, 15/12/2021
————————————————–
Participante da pesquisa/Responsável legal
————————————————
Pietro Fernando Silveira Rodrigues
(Pesquisador)
A.3 RESPOSTAS OBTIDAS NO QUESTIONÁRIO