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CAMPINA GRANDE/PB
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)
DYEGO VINÍCIUS DOS SANTOS FEIJÓ
ISAIAS LEAL DA COSTA
CAMPINA GRANDE/PB
2023
Sumário
Páginas
7 Enfim... 29
1 Sobre essa revista
A Física é bastante conhecida por conter uma linguagem bastante técnica. E por ser um
ramo das ditas ciências exatas, muitas vezes é expressada por uma linguagem pouco humana,
que dificulta a compreensão dos alunos que não estão acostumados com esse conteúdo, especial-
mente os que estão fazendo a transição do ensino fundamental para o ensino médio. Dado um
levantamento por nós realizado com alunos do ensino médio que cursam Física ou já concluíram
seu curso, foi possível conhecer a experiência deles. Realizamos algumas perguntas sobre suas
experiências com a disciplina Física, e o que se reparou ao longo das respostas sobre os maiores
obstáculos enfrentados, foi a dificuldade relacionada à questão matemática na Física e como
os conceitos de Física se relacionariam com a realidade cotidiana. A não familiaridade com os
conceitos iniciais dessa ciência também foi outro problema apontado pelos alunos e ex-alunos
que nos responderam.
As soluções para esses problemas são várias. Entre tantas, nós propomos uma com essa
revista. Partindo dos conceitos estudados durante o curso da disciplina Didática, ministrada
pela professora Maria das Graças na Universidade Federal de Campina Grande, durante o
nosso terceiro período do curso de Licenciatura em Física, nós adotamos uma didática sob a
perspectiva fundamental. Assim, buscamos apresentar a Física em dimensões técnicas, mas
também humanas e políticas, buscando mostrar como seus conceitos são importantes para a
nossa vida em sociedade, e como seu método (o científico) pode desconstruir ideias estabelecidas
pelo senso comum e avançar para novas descobertas que tornam nossa vida muito melhor.
Nosso objetivo é tornar a Física mais acessível, principalmente para os ingressantes no
ensino médio. Não nos propomos substituir o material próprio dessa etapa, mas sugerimos o
nosso como um suporte, um complemento para o aluno. Na verdade, algo que pode ser lido
durante a primeira e talvez a segunda semana de aula. Esperamos alcançar nosso objetivo nessas
próximas páginas, proporcionando uma introdução à Física interessante e muito compreensiva.
Boa leitura!
Os autores
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2 Para início de conversa
Figura 1: Albert Einstein e um monte de equações. Um estereótipo da Física que as vezes assusta.
É preciso lembrar que a Física não é só para "gênios". Ela pode ser acessível a todos. Imagem
por Pixabay.
Mas afinal, o que é a Física? O que ela estuda? A Física é uma ciência que se preocupa
com o estudo dos fenômenos naturais em aspectos gerais. Seus campo de concentração com-
preende desde as pequenas partículas atômicas fundamentais até as grandes galáxias, buracos
negros e o universo como um todo. Suas áreas são diversas. Destacamos a Mecânica, que estuda
os movimentos e suas causas; a Termologia, que estuda o calor; a Acústica, que realiza estudos
sobre o som; a Óptica, que estuda a luz; a Eletricidade, que estuda a energia produzida pela
movimentação dos elétrons; e a Física Moderna, que estuda diversos fenômenos descobertos a
partir do início do século XX. Desses ramos derivam vários outros, ligados de alguma forma a
alguns desses estudos.
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térmicas e contribuiu significativamente para as Revoluções Industriais. Na sequência, tivemos o
desenvolvimento da eletricidade e dos estudos das ondas eletromagnéticas, que deram origem
a toda tecnologia que utilizamos no nosso cotidiano atualmente. Hoje, é inconcebível a ideia
de vivermos sem eletricidade, ou sem celulares, ou sem internet. Todos esses elementos fazem
parte da nossa vida e foram desenvolvidos através do estudo da Física.
Figura 2: A lampada é um objeto muito útil que funciona com princípios elétricos. Já pensou
como seria a sua vida sem a eletricidade? Imagem por Pixabay.
6
lá!
7
3 Física do cotidiano: grandezas, fenômenos cotidianos e
como compreendê-los
Quando pensamos em coisas do cotidiano como por exemplo a massa de um carro, a
sua velocidade, seu comprimento, a força usada para movê-lo e a energia que ele gasta para se
locomover, estamos tratando de características das quais chamamos de grandezas, e a chamamos
assim pois podemos mensurar seus valores e seu comportamento na realidade. Cada grandeza
tem sua particularidade geral ou específica e é justamente essas características que as diferenciam
entre si e nos permitem analisar cada uma delas em suas manifestações.
Já compreendemos que uma grandeza é aquilo que pode ser medido e que cada uma delas
possui uma particularidade. Dada essa compreensão, o que seria o ato de medir? Medir seria
atribuir um valor numérico e uma unidade a uma determinada grandeza na realidade, quantificar
numericamente e relacionar a um padrão do qual adotamos como sendo a unidade padrão daquela
grandeza.
Vale ressaltar que nem tudo pode ser quantificado numericamente e que nem tudo é uma
grandeza. Não podemos dizer que temos 10 de coragem, que amamos alguém 1 milhão, que
sentimos 8 de saudade. Tais coisas são sentimentos subjetivos a cada indivíduo, não possuem
manifestação material na realidade objetiva e por tanto não podem ser medidas e não são
grandezas.
Como foi falado anteriormente, dentro da categoria de grandezas, há uma divisão entre
dois tipos, que são classificadas em grandezas escalares e grandezas vetoriais. Ambas possuem
suas particularidades, e sua divisão nos permite compreender em dois grandes grupos a gama de
grandezas que temos na natureza. Sabendo das duas classificações, o que seria uma grandeza
escalar e o que seria uma grandeza vetorial?
Grandezas escalares são grandezas que são bem definidas através apenas do valor numé-
rico e de sua unidade, não sendo necessária mais nenhuma informação adicional para caracterizá-
la. São grandezas escalares, por exemplo, temperatura, massa, volume, tempo e área.
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Figura 3: A massa é um exemplo de grandeza escalar, porque não precisa de direção e sentido
para ser bem definida. Na imagem temos uma balança digital, que é utilizada para medir essa
grandeza. Você já viu alguém falar que um corpo tem dois quilogramas para a direita? Não né?
Imagem por Wikimedia Commons.
Grandezas vetoriais são aquelas na qual o valor numérico e a unidade não são suficientes
para caracterizá-las, sendo necessário definir juntamente a isso a direção e o sentido que essa
grandeza possui, ou seja, coordenadas espaciais relacionadas à unidade e o valor numérico.
São exemplos de grandezas vetoriais a velocidade, a aceleração e a força. Quando falamos em
velocidade por exemplo, podemos dizer que um carro está a 80 quilômetros por hora. Essa
informação é incompleta, pois não sabemos em que sentido e direção esse carro se locomove.
Para direita? Para a esquerda? Na vertical? Na horizontal? Notamos uma incerteza nas
informações sobre a velocidade, sendo necessário definir a direção e o sentido. Por isso, dizemos
que um carro possui uma velocidade de 80 quilômetros por hora, horizontalmente para a direita.
Com isso caracterizamos totalmente essa grandeza e não deixamos dúvida quanto a ela. O
mesmo vale para todas as outras grandezas vetoriais: sempre se faz necessário definir o valor, a
unidade, a direção e o sentido.
Figura 4: A força é uma grandeza vetorial, pois pode ser aplicada para cima, para baixo, ou
para a direita ou esquerda. Por isso apenas a sua quantificação em módulo não é suficiente.
Precisamos definir sua direção e sentido. Na imagem vemos um homem aplicando uma força
vertical para cima. Imagem por Pixabay.
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Já compreendemos o que são grandezas, o que elas representam e como podem ser
caracterizadas. Agora podemos iniciar o estudo de alguns conceitos de extrema importância
para a compreensão dos fenômenos físicos do cotidiano. Neste caso, os conceitos que nos farão
compreender fenômenos associados ao movimento, que na Física chamamos de Cinemática.
"Uma pessoa que está sentada dentro de um ônibus está parada ou em movimento?"
Você já tentou responder uma dessa? A resposta para essa pergunta é DEPENDE. Em
relação ao ônibus a pessoa está parada, mas em relação a alguém que caminha do lado de fora, a
pessoa está em movimento. Neste momento, você provavelmente está sentado em uma cadeira
lendo essa revista. Você acha que está parado? A resposta é depende, meu caro amigo. Em
relação à cadeira, você está parado mesmo. Mas saiba que nosso planeta dá voltas em torno do
Sol com uma velocidade de 100 mil km/h. E como você está junto com o planeta... advinha! E
ainda estamos omitindo vários outros movimentos que nosso planeta e nossa galáxia realizam,
senão você ficaria tonto. Mas já deve ter dado para entender que um corpo pode ser considerado
em movimento ou não dependendo do referencial adotado.
• Um corpo está em movimento se sua posição varia com o decorrer do tempo em relação
a um determinado referencial.
• Um corpo não está em movimento se sua posição não varia com o decorrer do tempo
em relação a um determinado referencial.
4.2 Trajetória
A trajetória de um corpo é como se observa o caminho descrito por ele. Esse conceito
também depende de um referencial. Por exemplo: qual é a trajetória descrita por você neste
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momento? Você está sentado lendo? Então para um observador que está na mesma sala que
você, praticamente não há trajetória. Se o caminho descrito por você fosse marcado no chão,
seria um ponto, já que você está parado em relação ao chão. Mas e se um astronauta estivesse te
observando de uma região do nosso sistema solar? Ele poderia ver você descrevendo uma elipse
em torno do Sol, porque esse é o caminho descrito por você sob um possível ponto de vista dele.
Figura 5: Órbita da Terra em torno do Sol que pode ser vista do espaço. Imagem via Wikimedia
Commons.
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Então o deslocamento escalar (∆S) será:
∆S = S − S0
∆S = 18 km − 0 km
∆S = 18 km
• Caminho de ida (da posição 0 km até a posição 26 km): temos uma diferença de 26 km.
• Caminho de retorno: (da posição 26 km até a posição 18 km). Observe que temos uma
diferença de 8 km.
26 + 8 = 32 km
• Deslocamento escalar: ∆S = S − S0 = 0 − 0 = 0 km
• Distância percorrida: d = 26 + 26 = 52 km
Tendeu?
OBS: Na Física, a letra grega delta (∆) geralmente é usada para indicar uma variação,
que sempre é calculada fazendo o valor final da grandeza em questão menos o valor inicial.
Alguns exemplos de variações que você vai ver nessa revista são:
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• ∆v — Variação da velocidade. Calculada fazendo: v − v0
Observe que S,t e v indicam os valores finais. Já S0 ,t0 e v0 indicam os valores iniciais.
Figura 6: Galáxia de Andrômeda, localizada a cerca de 2,5 milhões de anos-luz da Terra. É tida
como um dos objetos mais distantes do planeta que é visível a olho nu. Imagem via Wikimedia
Commons.
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4.4 Velocidade escalar média
Com certeza você já ouviu falar alguma coisa do tipo: a velocidade do carro está 80
quilômetro por hora (km/h). Mas o que significa isso? Significa que o carro, mantendo essa
velocidade, consegue se deslocar 80 quilômetros em uma hora. A ideia da velocidade média
é exatamente essa: ela informa o quanto um móvel, mantendo sua velocidade, consegue se
deslocar em um determinado espaço de tempo.
Matematicamente, a velocidade média de um móvel é calculada fazendo:
∆S
vm =
∆t
∆S S − S0
vm = =
∆t t − t0
200 − 0 200
vm = = = 100
2−0 2
Portanto, vm = 100 km/h. Lembre-se que se trata de uma grandeza vetorial. Como o
deslocamento é horizontal da esquerda para a direita, dizemos que a velocidade também está
nessa direção e sentido. Demos o valor da velocidade média em km/h porque a variação da
posição foi dada em km e a variação de tempo foi dada em hora. Mas é muito comum que esses
valores sejam dados em metros e segundos, respectivamente. Se esse for o caso, a velocidade
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será dada em metros por segundo. Quando a velocidade de um móvel é constante, ela é igual à
velocidade média e pode ser calculada da mesma forma.
Curiosidade sobre a grandeza velocidade: Por que em uma tempestade primeiro
vemos o clarão e só depois ouvimos o barulho do raio?
Isso acontece por causa da diferença na velocidade de propagação entre a luz e o som.
A luz se propaga no ar com uma velocidade de aproximadamente 300 milhões de metros por
segundos. O som, por sua vez, se propaga no ar com cerca de 340 metros por segundo. Essa
exorbitante diferença faz com que o clarão chegue até nós praticamente instantaneamente,
enquanto o barulho chega um pouco retardado.
Figura 7: Raio durante tempestade. Imagem: Ron Rev Fenomeno por Pixabay.
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4.5 Um princípio matemático básico para resolver equações
Infelizmente não vai ter jeito de fugir 100% das equações, porque precisamos delas para
descrever melhor os fenômenos. Mas utilizaremos equações simples e tentaremos facilitar o
máximo a sua compreensão. Também recorra a um professor de Física ou de Matemática sempre
que for necessário, pois isso faz parte do processo. Dá uma olhada nessa equação aqui embaixo:
x=2
Estamos dizendo que a letra x vale 2. Agora se eu multiplicar os dois lados da equação por dois,
eu vou ter o seguinte:
2·x = 2·2
Resolvendo a multiplicação:
2x = 4
Veja que podemos omitir o pontinho (·) que indicia a multiplicação entre o 2 e o x. Também
observe que obtemos um resultado que faz todo sentido. Ora, se x vale 2, então dois x tem que
valer 4. Podemos agora dividir ambos os lados da nossa equação por dois. Teremos:
2x 4
=
2 2
No lado esquerdo dividimos um 2 pelo outro, sobrando somente o x. Já no lado direito, temos
4
= 2. então ficamos com:
2
x=2
Moral da história: multiplicando ou dividindo os dois lados da equação pelo mesmo número, a
igualdade se mantém! Utilizaremos essa propriedade para simplificarmos expressões.
Mas vamos voltar naquela equação que tínhamos:
2x = 4
Podemos somar ou subtrair números nos dois lados ao mesmo tempo. Isso também não alterará
a nossa igualdade. Vamos somar o número 4 nos dois lados:
2x + 4 = 4 + 4
2x + 4 = 8
Se eu pedisse para você encontrar o valor de x partindo da equação acima, como você faria? A
dica que te damos é a seguinte: use as propriedades que acabamos de te ensinar para tentar isolar
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a incógnita (letra) que você quer achar o valor. Nesse caso, temos:
2x + 4 = 8
2x + 4 − 4 = 8 − 4
veja que no lado esquerdo da equação (primeiro membro), o 4 se anulou com −4. Agora é só
dividir todo mundo por 2:
2x 4
=
2 2
Resolvendo isso, como já fizemos anteriormente, finalmente achamos o valor da incógnita:
x=2
.
Agora tenta resolver essa aqui:
3x + 5 = 20
3x + 5 − 5 = 20 − 5
Resolvendo, obtemos:
3x = 15
Esses procedimentos irão ficando cada vez mais rápidos e automáticos com o tempo.
Você vai até conseguir resolver de cabeça e criar atalhos. Mas a lógica matemática por trás é
essa. E é isso que usaremos aqui!
Outra coisa que você precisa lembrar é que os números divididos por eles mesmos, salvo
algumas exceções que não trataremos aqui, resultam em 1. Por exemplo:
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5 100 π t − t0
a) = 1 b) =1 c) =1 d) =1
5 100 π t − t0
Isso é extremamente óbvio, mas se você não estiver atento, pode não entender as nossas
simplificações. Então sempre que você ver um S0 − S0 sumindo da equação, já sabe o que
aconteceu. O mesmo vale para −S0 + S0 . Em ambos os casos daria 0, por isso desaparecerá das
contas. Lembre sempre de consultar um professor se não entender alguma coisa. Agora podemos
seguir!
(S − S0 ) · (t − t0 )
v(t − t0 ) =
t − t0
No lado direito da equação, temos t − t0 no denominador e também temos uma multiplicação por
ele no numerador, de modo que podemos dividir um pelo outro, resultando em 1. Ficamos com:
v(t − t0 ) = (S − S0 ) · 1
v(t − t0 ) = S − S0
Considerando t0 = 0, obtemos:
vt = S − S0
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Agora somamos S0 nos dois lados da equação, ficando com:
vt + S0 = S − S0 + S0
vt + S0 = S
Para entender bem esse conceito, é importante que você tente fazer a demonstração que
acabou de ser feita, partindo da definição da velocidade média.
Com essa equação que encontramos, podemos prever algumas coisas e obtermos infor-
mações sobre um movimento realizado com velocidade constante. Por exemplo: se um carro sai
da posição 10 km, com velocidade constante de 80 km/h em qual posição ele estará depois de
duas horas?
temos que:
A posição inicial (S0 ) é igual a 10 km
A velocidade (v) do móvel é constante e vale 80 km/h
O tempo de deslocamento (t) é de 2 horas.
A posição final (S) do móvel, é a informação que queremos descobrir.
Substituindo tudo na equação da posição que demonstramos, temos:
S = 10 + 80 · 2
S = 10 + 160
S = 170 km
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Considerando que a luz se propaga tão rápido que foi vista instantaneamente quando foi
emitida, e que a velocidade do som é de aproximadamente 340 metros por segundo, teremos:
S = posição final onde o som estará quando for ouvido. É o valor que queremos encontrar.
S0 = posição de onde o som saiu (vamos considerar que é a origem do movimento,
portanto = 0)
v = velocidade do som = 340 m/s
t = tempo em que o som ficou se propagando até ter ser ouvido = 3 s
S = S0 + vt
S = 0 + 340 · 3
S = 1 020
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5 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV)
No cotidiano presenciamos os mais variados tipos de movimentos ao nosso redor. Ante-
riormente falamos um pouco sobre o Movimento Retilíneo Uniforme, em que a velocidade em
cada instante do tempo percorrido é a mesma. Sabemos que quando há variação da velocidade,
ou seja, aceleração, esse movimento deixa de ter velocidade constante. Se essa variação da velo-
cidade acontecer de maneira uniforme, denominaremos Movimento Retilíneo Uniformemente
Variado.
A aceleração escalar média pode ser calculada com a equação da aceleração que já foi
apresentada:
∆v
a=
∆t
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Temos que:
v = 40 m/s
v0 = 20 m/s
t =4s
t0 = 0 s
Então:
40 − 20 20
a= = =5
4−0 4
A unidade da aceleração, neste caso, será metro por segundo ao quadrado (m/s2 ), já que
a velocidade é dada em metro por segundo, o tempo em segundos e no cálculo na aceleração nós
fazemos a divisão entre essas duas grandezas. Assim, o que acontece é:
m
s m 1 m
= · =
s s s s2
Então podemos dizer que a aceleração que atuou sobre o carro no exemplo acima foi de
5 m/s2 ,e essa aceleração aconteceu no mesmo sentido da velocidade: da esquerda para a direita.
Por isso o carro aumentou a sua velocidade.
v − v0
a=
t − t0
(v − v0 ) · (t − t0 )
a(t − t0 ) =
t − t0
at = v − v0
at + v0 = v
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E ficamos com
v = v0 + at
Esta última equação nos diz que a velocidade final (v) do móvel é igual a sua velocidade
inicial (v0 ) somada com a aceleração (a) vezes o tempo (t). Podemos utilizar essa equação
para obtermos a velocidade de um móvel que sofre determinada aceleração durante um tempo
determinado. Adiante citamos um exemplo disso.
Um paraquedista que saltou de um avião no ar, se desconsiderarmos a resistência do ar
ao longo da queda, experimenta a ação de um MRUV tendo em vista que a aceleração a qual ele
é submetido é a da gravidade que possui módulo de 9,8 m/s². Isto é, ao longo de cada segundo
de queda, a velocidade vertical do paraquedista aumenta uniformemente 9,8 m/s.
Consideraremos que a velocidade vertical antes de pular do avião era 0. Ele se deslocava
apenas horizontalmente. Também desprezaremos a resistência do ar. Então temos:
v0 = 0
a = 9, 8 m/s² (aceleração gravitacional nas proximidades da superfície da Terra)
t = 30 s (tempo de queda considerado) Substituindo esses dados na nossa equação, teremos:
v = 0 + 9, 8 · 30
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v = 294 m/s
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6 Estudo do movimento oblíquo utilizando modelagem com-
putacional
Agora iremos aprimorar nossos conhecimentos sobre velocidade e lançamentos utili-
zando experimentos virtuais. Esse tipo de experimento é interessante porque nos permite simular
situações difíceis de reproduzir na realidade, como desprezar a resistência do ar, por exemplo.
Inicialmente, vamos refletir sobre algumas coisas e depois partir para a experimentação. Pense
sobre as questões que serão levantadas e anote em uma folha as suas respostas. Mais tarde pega-
remos o que você escreveu para analisar se coincide com a experimentação. Então, formularemos
novas hipóteses buscando sempre uma corroboração experimental, até podermos inferir algumas
conclusões. Vamos lá!
Para familiarizá-lo um pouco mais com esse tipo de movimento, entre pelo seu navegador
(funciona tanto em computadores quanto em celulares Android/IOS) no link <https://phet.
colorado.edu/sims/html/projectile-motion/latest/projectile-motion_pt_BR.html>. Se trata de uma
das várias simulações disponibilizadas pelo projeto PhET Simulações Interativas da Universidade
do Colorado. Nessa simulação abordaremos um pouco sobre o lançamento oblíquo.
Após abrir o link espere carregar e na tela de seleção que aparecerá, escolha a opção
“Lab”. Você será direcionado para a tela interativa. A princípio, não modifique nenhuma
configuração. Apenas mude o ângulo do canhão deslizando o dedo ou o mouse em cima dele, e
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realize alguns disparos apertando ou clicando no botão vermelho com o desenho de um disparo,
na região inferior da tela.
Observe o movimento oblíquo descrito pelo projétil. Faça alguns disparos com ângulos
diferentes e continue os próximos passos da nossa investigação.
1. Se a massa do projétil for maior, isso influenciará na distância alcançada por ele?
2. Você acredita que se o objeto for um pouco maior ou menor, isso influenciará o seu
deslocamento? Por quê?
3. O valor da gravidade no planeta onde o experimento está sendo realizado pode fazer o
objeto cair mais rápido ou mais devagar?
4. Como deve ser o posicionamento do canhão (ângulo de lançamento) para que o projétil
alcance as maiores distâncias horizontais possíveis, sob as mesmas configurações?
Agora é a hora de partir para a experimentação e testar o que você respondeu. Você pode
seguir o passo a passo abaixo para buscar as respostas corretas para cada uma das perguntas.
Anote em uma folha suas conclusões de cada passo.
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1. Nas configurações do lado direito da tela, coloque a massa do projétil em 1 kg. Não modi-
fique as outras configurações, apenas deixe o canhão em um ângulo que dê para observar
o movimento oblíquo com clareza e realize alguns disparos. Depois vá modificando os
valores da massa como você quiser, mas mantenha as outras configurações. Vá disparando
e observe se houve alguma mudança no movimento.
4. Realize disparos com ângulos próximos de 45°, inclusive testando o ângulo de 45°. Lembre
de manter as demais configurações. Busque as maiores distâncias horizontais possíveis.
Em qual desses disparos o projétil foi mais longe (horizontalmente)?
5. Sinta-se livre para modificar as configurações como quiser e brincar com a simulação para
realizar qualquer teste. Você pode anotar alguma conclusão que tenha tirado.
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No teste para encontrar qual era o ângulo de lançamento melhor para atingir maiores
distâncias horizontais, você deve ter constatado que quanto mais próximo de 45° for o lançamento,
mais longe o projétil vai. Sendo o ângulo de 45° aquele que permite a maior distância possível.
Se algum dia você precisar disparar um canhão o mais longe possível, já sabe em qual ângulo
deve posicionar o canhão!
Esse experimento serviu para nos mostrar que nem sempre o nosso senso comum está
de acordo com as leis da natureza. Partir de hipóteses baseadas no nosso senso da realidade é
importante, e um dos primeiros passos para produzir conhecimento científico. Mas isso por si só
não basta. É preciso reproduzir os fenômenos, sempre que possível, e verificar se nossas ideias
estão corretas ou não.
Precisamos tomar cuidado com nossas ideias. Elas podem parecer muito óbvias para
nós, mas estarem equivocadas. Por isso é preciso buscar fundamentos sólidos para aquilo que
defendemos. Lembremos que ideias sem fundamentos já causaram muitas tragédias, mas essa
conversa a gente deixa para nossos amigos historiadores.
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7 Enfim...
Em virtude dos conteúdos apresentados e da motivação inicial que resultou na elaboração
e estruturação dessa revista, procurou-se como objetivo ambientar alunos prestes a iniciar o
ensino médio em seu contato inicial com a Física, haja vista que grande parte dos alunos nessa
fase enfrenta grandes dificuldades em compreender os conceitos que são expostos teórica e
matematicamente.
Ainda se tratando do ponto central que objetiva essa revista, aliando a didática fundamen-
tal e conceitos da Cinemática, tratou-se de facilitar a compreensão dos conceitos de velocidade,
aceleração, deslocamento e referencial, procurando aliar o entendimento da realidade com os
conceitos expressos para poder alcançar uma aprendizagem significativa e satisfatória que se
estenda para além da mera resposta às alternativas da avaliação disciplinar da grade curricular.
No mais, espera-se com este trabalho possa auxiliar alunos e até professores que tra-
balham os conceitos iniciais da Física. Buscando, dessa forma, propiciar um ambiente mais
favorável a aprendizagem significativa e a passagem desse período de transição e ambientação.
Assim, será alcançada uma mudança no status quo do ensino de Física e da visão da Física, que
passe a ser vista como uma disciplina interessante, instigante e inspiradora para quem com ela
tem contato.
Esperamos ter atingido nossos objetivos e lhe proporcionado uma boa experiência nessa
Introdução à Física. Agora é hora de aprofundar os conceitos vistos e seguir estudando outros,
que abrangem a Dinâmica, a Termologia, a Óptica, a Ondulatória, a Eletricidade, o Magnetismo
e a Física Contemporânea. É bastante coisa, mas garanto que sua experiência com a realidade
será totalmente diferente depois disso. A complexidade e os detalhes do nosso Universo com
certeza irão te deixar encantado, como nos deixaram. Acreditamos que você já esteja pronto para
isso. Tenha ótimos estudos!
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Bibliografia
CANDAU, V. Rumo a uma Nova didática 22ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
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