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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)

CENTRO DE HUMANIDADES (CH)


UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO
DIDÁTICA

DYEGO VINÍCIUS DOS SANTOS FEIJÓ


ISAIAS LEAL DA COSTA

UMA INTRODUÇÃO AO UNIVERSO DA FÍSICA

CAMPINA GRANDE/PB
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE (UFCG)
DYEGO VINÍCIUS DOS SANTOS FEIJÓ
ISAIAS LEAL DA COSTA

UMA INTRODUÇÃO AO UNIVERSO DA FÍSICA

Projeto de uma revista sobre o ensino da Física apresentada


como parte das atividades da disciplina Didática, do curso de
Licenciatura em Física da Universidade Federal de Campina
Grande.

Professora Maria das Graças

CAMPINA GRANDE/PB
2023
Sumário
Páginas

1 Sobre essa revista 4

2 Para início de conversa 5


2.1 O que é a Física? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Mas por que estudar a Física? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

3 Física do cotidiano: grandezas, fenômenos cotidianos e como compreendê-los 8

4 Conceitos iniciais de Cinemática e Movimento Retilíneo Uniforme (MRU) 10


4.1 Movimento e referencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.2 Trajetória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.3 Deslocamento escalar e distância percorrida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
4.4 Velocidade escalar média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4.5 Um princípio matemático básico para resolver equações . . . . . . . . . . . . . 16
4.6 A posição em função do tempo no Movimento Retilíneo Uniforme . . . . . . . 18

5 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV) 21


5.1 O conceito de aceleração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
5.2 Encontrando a velocidade do móvel em qualquer instante . . . . . . . . . . . . 22
5.3 Sugestão para aprofundamento no Movimento Retilíneo Uniformemente Variado 24

6 Estudo do movimento oblíquo utilizando modelagem computacional 25


6.1 Uma análise do movimento oblíquo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6.2 Comparando os resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6.3 Conclusões do experimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

7 Enfim... 29
1 Sobre essa revista
A Física é bastante conhecida por conter uma linguagem bastante técnica. E por ser um
ramo das ditas ciências exatas, muitas vezes é expressada por uma linguagem pouco humana,
que dificulta a compreensão dos alunos que não estão acostumados com esse conteúdo, especial-
mente os que estão fazendo a transição do ensino fundamental para o ensino médio. Dado um
levantamento por nós realizado com alunos do ensino médio que cursam Física ou já concluíram
seu curso, foi possível conhecer a experiência deles. Realizamos algumas perguntas sobre suas
experiências com a disciplina Física, e o que se reparou ao longo das respostas sobre os maiores
obstáculos enfrentados, foi a dificuldade relacionada à questão matemática na Física e como
os conceitos de Física se relacionariam com a realidade cotidiana. A não familiaridade com os
conceitos iniciais dessa ciência também foi outro problema apontado pelos alunos e ex-alunos
que nos responderam.
As soluções para esses problemas são várias. Entre tantas, nós propomos uma com essa
revista. Partindo dos conceitos estudados durante o curso da disciplina Didática, ministrada
pela professora Maria das Graças na Universidade Federal de Campina Grande, durante o
nosso terceiro período do curso de Licenciatura em Física, nós adotamos uma didática sob a
perspectiva fundamental. Assim, buscamos apresentar a Física em dimensões técnicas, mas
também humanas e políticas, buscando mostrar como seus conceitos são importantes para a
nossa vida em sociedade, e como seu método (o científico) pode desconstruir ideias estabelecidas
pelo senso comum e avançar para novas descobertas que tornam nossa vida muito melhor.
Nosso objetivo é tornar a Física mais acessível, principalmente para os ingressantes no
ensino médio. Não nos propomos substituir o material próprio dessa etapa, mas sugerimos o
nosso como um suporte, um complemento para o aluno. Na verdade, algo que pode ser lido
durante a primeira e talvez a segunda semana de aula. Esperamos alcançar nosso objetivo nessas
próximas páginas, proporcionando uma introdução à Física interessante e muito compreensiva.
Boa leitura!

Os autores

4
2 Para início de conversa

2.1 O que é a Física?


Quando falamos a palavra “Física”, geralmente o que vem no imaginário popular são
várias fórmulas e a imagem de um senhor todo descabelado escrevendo em um quadro (um
estereótipo provavelmente de Albert Einstein), ou então a lembrança de alguns dos grandes
nomes dessa ciência. Outras lembranças possíveis são de notas baixas durante o ensino médio
e de muita dificuldade com a disciplina. Isso tudo, porém, são equívocos motivados por uma
abordagem errada dessa disciplina.

Figura 1: Albert Einstein e um monte de equações. Um estereótipo da Física que as vezes assusta.
É preciso lembrar que a Física não é só para "gênios". Ela pode ser acessível a todos. Imagem
por Pixabay.

Mas afinal, o que é a Física? O que ela estuda? A Física é uma ciência que se preocupa
com o estudo dos fenômenos naturais em aspectos gerais. Seus campo de concentração com-
preende desde as pequenas partículas atômicas fundamentais até as grandes galáxias, buracos
negros e o universo como um todo. Suas áreas são diversas. Destacamos a Mecânica, que estuda
os movimentos e suas causas; a Termologia, que estuda o calor; a Acústica, que realiza estudos
sobre o som; a Óptica, que estuda a luz; a Eletricidade, que estuda a energia produzida pela
movimentação dos elétrons; e a Física Moderna, que estuda diversos fenômenos descobertos a
partir do início do século XX. Desses ramos derivam vários outros, ligados de alguma forma a
alguns desses estudos.

2.2 Mas por que estudar a Física?


Tendo em mente a dimensão dessa ciência e o que ela compreende, vemos que ela é
muito mais do que aquele estereótipo geralmente presente no nosso imaginário. Na verdade,
o avanço dos estudos da Física praticamente redefiniram a sociedade, principalmente a partir
do século XVIII com o desenvolvimento da Termodinâmica, que levou à criação das máquinas

5
térmicas e contribuiu significativamente para as Revoluções Industriais. Na sequência, tivemos o
desenvolvimento da eletricidade e dos estudos das ondas eletromagnéticas, que deram origem
a toda tecnologia que utilizamos no nosso cotidiano atualmente. Hoje, é inconcebível a ideia
de vivermos sem eletricidade, ou sem celulares, ou sem internet. Todos esses elementos fazem
parte da nossa vida e foram desenvolvidos através do estudo da Física.

Figura 2: A lampada é um objeto muito útil que funciona com princípios elétricos. Já pensou
como seria a sua vida sem a eletricidade? Imagem por Pixabay.

Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias e a realização de novas descobertas


importantes para a humanidade dependem da pesquisa em Física. Podemos destacar, por exemplo,
o desenvolvimento da computação quântica, que promete grandes avanços na informática, e
também a exploração espacial, que pode nos dar mais alternativas para a exploração de recursos
e ambientes importantes para a nossa sobrevivência.
Podemos nos perguntar ainda qual é a relação da Física com a educação básica. Por
que não remover a disciplina curricular Física para dar lugar a outras disciplinas? Qual é a
sua importância para a formação do indivíduo? Esses questionamentos muitas vezes partem de
uma visão errada do que deve ser o ensino médio. Ele não é apenas um lugar para se aprender
habilidades específicas para determinada profissão. Essa função cabe a outras esferas do ensino.
O ensino médio deve, além de transmitir conhecimentos importantes para a vivência dos alunos
no mundo atual, proporcionar diversas experiências aos estudantes, colocando-os em contato
com o conhecimento produzido atualmente, e com os novos desafios do nosso tempo. Isso deve
ajudá-los a compreender melhor o seu papel e também o seu lugar no mundo, de acordo com suas
aptidões e curiosidades. Nesse sentido, privar os alunos do estudo da Física e das outras ciências
naturais significaria um atraso no avanço da ciência e da tecnologia, uma vez que formaríamos
menos conhecedores e possíveis futuros profissionais desse ramo.
E aí, já está ciente da importância da Física e porque devemos estudá-la? Então vamos

6
lá!

7
3 Física do cotidiano: grandezas, fenômenos cotidianos e
como compreendê-los
Quando pensamos em coisas do cotidiano como por exemplo a massa de um carro, a
sua velocidade, seu comprimento, a força usada para movê-lo e a energia que ele gasta para se
locomover, estamos tratando de características das quais chamamos de grandezas, e a chamamos
assim pois podemos mensurar seus valores e seu comportamento na realidade. Cada grandeza
tem sua particularidade geral ou específica e é justamente essas características que as diferenciam
entre si e nos permitem analisar cada uma delas em suas manifestações.
Já compreendemos que uma grandeza é aquilo que pode ser medido e que cada uma delas
possui uma particularidade. Dada essa compreensão, o que seria o ato de medir? Medir seria
atribuir um valor numérico e uma unidade a uma determinada grandeza na realidade, quantificar
numericamente e relacionar a um padrão do qual adotamos como sendo a unidade padrão daquela
grandeza.
Vale ressaltar que nem tudo pode ser quantificado numericamente e que nem tudo é uma
grandeza. Não podemos dizer que temos 10 de coragem, que amamos alguém 1 milhão, que
sentimos 8 de saudade. Tais coisas são sentimentos subjetivos a cada indivíduo, não possuem
manifestação material na realidade objetiva e por tanto não podem ser medidas e não são
grandezas.
Como foi falado anteriormente, dentro da categoria de grandezas, há uma divisão entre
dois tipos, que são classificadas em grandezas escalares e grandezas vetoriais. Ambas possuem
suas particularidades, e sua divisão nos permite compreender em dois grandes grupos a gama de
grandezas que temos na natureza. Sabendo das duas classificações, o que seria uma grandeza
escalar e o que seria uma grandeza vetorial?
Grandezas escalares são grandezas que são bem definidas através apenas do valor numé-
rico e de sua unidade, não sendo necessária mais nenhuma informação adicional para caracterizá-
la. São grandezas escalares, por exemplo, temperatura, massa, volume, tempo e área.

8
Figura 3: A massa é um exemplo de grandeza escalar, porque não precisa de direção e sentido
para ser bem definida. Na imagem temos uma balança digital, que é utilizada para medir essa
grandeza. Você já viu alguém falar que um corpo tem dois quilogramas para a direita? Não né?
Imagem por Wikimedia Commons.

Grandezas vetoriais são aquelas na qual o valor numérico e a unidade não são suficientes
para caracterizá-las, sendo necessário definir juntamente a isso a direção e o sentido que essa
grandeza possui, ou seja, coordenadas espaciais relacionadas à unidade e o valor numérico.
São exemplos de grandezas vetoriais a velocidade, a aceleração e a força. Quando falamos em
velocidade por exemplo, podemos dizer que um carro está a 80 quilômetros por hora. Essa
informação é incompleta, pois não sabemos em que sentido e direção esse carro se locomove.
Para direita? Para a esquerda? Na vertical? Na horizontal? Notamos uma incerteza nas
informações sobre a velocidade, sendo necessário definir a direção e o sentido. Por isso, dizemos
que um carro possui uma velocidade de 80 quilômetros por hora, horizontalmente para a direita.
Com isso caracterizamos totalmente essa grandeza e não deixamos dúvida quanto a ela. O
mesmo vale para todas as outras grandezas vetoriais: sempre se faz necessário definir o valor, a
unidade, a direção e o sentido.

Figura 4: A força é uma grandeza vetorial, pois pode ser aplicada para cima, para baixo, ou
para a direita ou esquerda. Por isso apenas a sua quantificação em módulo não é suficiente.
Precisamos definir sua direção e sentido. Na imagem vemos um homem aplicando uma força
vertical para cima. Imagem por Pixabay.

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Já compreendemos o que são grandezas, o que elas representam e como podem ser
caracterizadas. Agora podemos iniciar o estudo de alguns conceitos de extrema importância
para a compreensão dos fenômenos físicos do cotidiano. Neste caso, os conceitos que nos farão
compreender fenômenos associados ao movimento, que na Física chamamos de Cinemática.

4 Conceitos iniciais de Cinemática e Movimento Retilíneo


Uniforme (MRU)
O Movimento Retilíneo Uniforme é aquele movimento que acontece em linha reta
com uma velocidade constante, ou seja, sem aceleração. Nesse tipo de movimento, o corpo
sempre se desloca a mesma distância dentro do mesmo intervalo de tempo. Podemos citar como
exemplos de MRU, o deslocamento da luz no vácuo e do som da atmosfera da terra. Adiante
veremos alguns conceitos importantes para compreendermos esse movimento, e também algumas
equações que nos permitem fazer algumas previsões.

4.1 Movimento e referencial


Talvez você já tenha ouvido uma pergunta clássica do tipo:

"Uma pessoa que está sentada dentro de um ônibus está parada ou em movimento?"

Você já tentou responder uma dessa? A resposta para essa pergunta é DEPENDE. Em
relação ao ônibus a pessoa está parada, mas em relação a alguém que caminha do lado de fora, a
pessoa está em movimento. Neste momento, você provavelmente está sentado em uma cadeira
lendo essa revista. Você acha que está parado? A resposta é depende, meu caro amigo. Em
relação à cadeira, você está parado mesmo. Mas saiba que nosso planeta dá voltas em torno do
Sol com uma velocidade de 100 mil km/h. E como você está junto com o planeta... advinha! E
ainda estamos omitindo vários outros movimentos que nosso planeta e nossa galáxia realizam,
senão você ficaria tonto. Mas já deve ter dado para entender que um corpo pode ser considerado
em movimento ou não dependendo do referencial adotado.

• Um corpo está em movimento se sua posição varia com o decorrer do tempo em relação
a um determinado referencial.
• Um corpo não está em movimento se sua posição não varia com o decorrer do tempo
em relação a um determinado referencial.

4.2 Trajetória
A trajetória de um corpo é como se observa o caminho descrito por ele. Esse conceito
também depende de um referencial. Por exemplo: qual é a trajetória descrita por você neste

10
momento? Você está sentado lendo? Então para um observador que está na mesma sala que
você, praticamente não há trajetória. Se o caminho descrito por você fosse marcado no chão,
seria um ponto, já que você está parado em relação ao chão. Mas e se um astronauta estivesse te
observando de uma região do nosso sistema solar? Ele poderia ver você descrevendo uma elipse
em torno do Sol, porque esse é o caminho descrito por você sob um possível ponto de vista dele.

Figura 5: Órbita da Terra em torno do Sol que pode ser vista do espaço. Imagem via Wikimedia
Commons.

Entendeu como a trajetória dos corpos é relativa?

4.3 Deslocamento escalar e distância percorrida


Esses dois conceitos são importantes no estudo da Cinemática para a definição de mais
algumas grandezas. Por eles serem muito parecidos, é comum confundi-los. Mas vamos
compreendê-los agora.
Observe o esquema abaixo, no qual um carro se deslocou da posição 0 km até a posição
26 km e depois retornou para a posição 18 km. Imagine que o carro estava seguindo ao longo da
pista e fez um retorno, voltando na trajetória.

O deslocamento escalar, representado pelo símbolo ∆S, representa a variação da posição


do móvel ao longo do percusso. Seu cálculo será realizado fazendo a posição final do móvel
menos a posição inicial:

• A posição inicial (S0 ), onde o móvel inicia seu percurso, é 0 km.

• A posição final (S),onde o móvel termina seu percurso, é 18 km.

11
Então o deslocamento escalar (∆S) será:

∆S = S − S0

∆S = 18 km − 0 km

∆S = 18 km

Já a distância percorrida compreende todo o percurso realizado pelo carro. É a soma do


que o carro percorreu na ida com o que o carro percorreu no retorno.
No nosso exemplo, temos:

• Caminho de ida (da posição 0 km até a posição 26 km): temos uma diferença de 26 km.

• Caminho de retorno: (da posição 26 km até a posição 18 km). Observe que temos uma
diferença de 8 km.

Somando tudo que o carro percorreu:

26 + 8 = 32 km

Essa é a distância (d) percorrida pelo carro.


Caso o carro retornasse à sua posição inicial, teríamos:

• Deslocamento escalar: ∆S = S − S0 = 0 − 0 = 0 km

• Distância percorrida: d = 26 + 26 = 52 km

Tendeu?
OBS: Na Física, a letra grega delta (∆) geralmente é usada para indicar uma variação,
que sempre é calculada fazendo o valor final da grandeza em questão menos o valor inicial.
Alguns exemplos de variações que você vai ver nessa revista são:

• ∆S — Variação da posição (ou de espaço). É calculada fazendo a posição final menos a


inicial: S − S0

• ∆t — Variação de tempo. Calculado fazendo: t − t0

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• ∆v — Variação da velocidade. Calculada fazendo: v − v0
Observe que S,t e v indicam os valores finais. Já S0 ,t0 e v0 indicam os valores iniciais.

Curiosidade sobre a grandeza distância: O que significa ano-luz?


A grandeza ano-luz é comumente confundida como uma unidade de tempo, por causa
da palavra “ano”, mas na verdade se trata de uma unidade de comprimento, muito utilizada na
Astronomia. Na prática, ela representa a distância percorrida pela luz no vácuo durante um ano.
Sabendo que a velocidade da luz é de aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo, a
distância percorrida em um ano será de aproximadamente 9,46 trilhões de quilômetros. Esse é
o valor de um ano-luz em quilômetros. Essa unidade é muito utilizada para indicar as grandes
distâncias entre corpos celestes.

Figura 6: Galáxia de Andrômeda, localizada a cerca de 2,5 milhões de anos-luz da Terra. É tida
como um dos objetos mais distantes do planeta que é visível a olho nu. Imagem via Wikimedia
Commons.

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4.4 Velocidade escalar média
Com certeza você já ouviu falar alguma coisa do tipo: a velocidade do carro está 80
quilômetro por hora (km/h). Mas o que significa isso? Significa que o carro, mantendo essa
velocidade, consegue se deslocar 80 quilômetros em uma hora. A ideia da velocidade média
é exatamente essa: ela informa o quanto um móvel, mantendo sua velocidade, consegue se
deslocar em um determinado espaço de tempo.
Matematicamente, a velocidade média de um móvel é calculada fazendo:

∆S
vm =
∆t

Nessa equação, temos que:

• ∆S é o deslocamento escalar (ou variação de espaço), já visto anteriormente.

• ∆t é a variação de tempo que aconteceu durante o deslocamento. Ele é calculado fazendo:


∆t = t − t0 . Sendo t0 o instante quando o deslocamento analisado começou, e t o instante
quando o deslocamento analisado terminou.

Observe a seguinte situação:

Vemos que no instante t = 0 o carro sai da posição 0 km e em t = 2 h o carro alcança a


posição 200 km. A velocidade média desse percusso pode ser calculada fazendo:

∆S S − S0
vm = =
∆t t − t0

Sabendo que S = 200 km, S0 = 0 km, t = 2 h e t0 = 0 h, temos:

200 − 0 200
vm = = = 100
2−0 2
Portanto, vm = 100 km/h. Lembre-se que se trata de uma grandeza vetorial. Como o
deslocamento é horizontal da esquerda para a direita, dizemos que a velocidade também está
nessa direção e sentido. Demos o valor da velocidade média em km/h porque a variação da
posição foi dada em km e a variação de tempo foi dada em hora. Mas é muito comum que esses
valores sejam dados em metros e segundos, respectivamente. Se esse for o caso, a velocidade

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será dada em metros por segundo. Quando a velocidade de um móvel é constante, ela é igual à
velocidade média e pode ser calculada da mesma forma.
Curiosidade sobre a grandeza velocidade: Por que em uma tempestade primeiro
vemos o clarão e só depois ouvimos o barulho do raio?
Isso acontece por causa da diferença na velocidade de propagação entre a luz e o som.
A luz se propaga no ar com uma velocidade de aproximadamente 300 milhões de metros por
segundos. O som, por sua vez, se propaga no ar com cerca de 340 metros por segundo. Essa
exorbitante diferença faz com que o clarão chegue até nós praticamente instantaneamente,
enquanto o barulho chega um pouco retardado.

Figura 7: Raio durante tempestade. Imagem: Ron Rev Fenomeno por Pixabay.

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4.5 Um princípio matemático básico para resolver equações
Infelizmente não vai ter jeito de fugir 100% das equações, porque precisamos delas para
descrever melhor os fenômenos. Mas utilizaremos equações simples e tentaremos facilitar o
máximo a sua compreensão. Também recorra a um professor de Física ou de Matemática sempre
que for necessário, pois isso faz parte do processo. Dá uma olhada nessa equação aqui embaixo:

x=2

Estamos dizendo que a letra x vale 2. Agora se eu multiplicar os dois lados da equação por dois,
eu vou ter o seguinte:
2·x = 2·2

Resolvendo a multiplicação:
2x = 4

Veja que podemos omitir o pontinho (·) que indicia a multiplicação entre o 2 e o x. Também
observe que obtemos um resultado que faz todo sentido. Ora, se x vale 2, então dois x tem que
valer 4. Podemos agora dividir ambos os lados da nossa equação por dois. Teremos:

2x 4
=
2 2

No lado esquerdo dividimos um 2 pelo outro, sobrando somente o x. Já no lado direito, temos
4
= 2. então ficamos com:
2
x=2

Moral da história: multiplicando ou dividindo os dois lados da equação pelo mesmo número, a
igualdade se mantém! Utilizaremos essa propriedade para simplificarmos expressões.
Mas vamos voltar naquela equação que tínhamos:

2x = 4

Podemos somar ou subtrair números nos dois lados ao mesmo tempo. Isso também não alterará
a nossa igualdade. Vamos somar o número 4 nos dois lados:

2x + 4 = 4 + 4

2x + 4 = 8

Se eu pedisse para você encontrar o valor de x partindo da equação acima, como você faria? A
dica que te damos é a seguinte: use as propriedades que acabamos de te ensinar para tentar isolar

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a incógnita (letra) que você quer achar o valor. Nesse caso, temos:

2x + 4 = 8

Para isolar o x, primeiro adicionamos −4 nos dois lados da equação:

2x + 4 − 4 = 8 − 4

Resolvendo isso, ficamos com:


2x = 4

veja que no lado esquerdo da equação (primeiro membro), o 4 se anulou com −4. Agora é só
dividir todo mundo por 2:
2x 4
=
2 2
Resolvendo isso, como já fizemos anteriormente, finalmente achamos o valor da incógnita:

x=2

.
Agora tenta resolver essa aqui:

3x + 5 = 20

Eu vou te ajudar! Adiciona −5 aos dois membros:

3x + 5 − 5 = 20 − 5

Resolvendo, obtemos:
3x = 15

Agora divide todo mundo por 3:


3x 15
=
3 3
Ficaremos com:
x=5

Esses procedimentos irão ficando cada vez mais rápidos e automáticos com o tempo.
Você vai até conseguir resolver de cabeça e criar atalhos. Mas a lógica matemática por trás é
essa. E é isso que usaremos aqui!
Outra coisa que você precisa lembrar é que os números divididos por eles mesmos, salvo
algumas exceções que não trataremos aqui, resultam em 1. Por exemplo:

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5 100 π t − t0
a) = 1 b) =1 c) =1 d) =1
5 100 π t − t0

Muita atenção com o exemplo d. Usaremos bastante essa ideia aqui!


Também lembre que um número menos ele mesmo dá 0. Exemplos:

a)5 − 5 = 0 b)1000 − 1000 = 0 c)x − x = 0 d)S0 − S0 = 0

Isso é extremamente óbvio, mas se você não estiver atento, pode não entender as nossas
simplificações. Então sempre que você ver um S0 − S0 sumindo da equação, já sabe o que
aconteceu. O mesmo vale para −S0 + S0 . Em ambos os casos daria 0, por isso desaparecerá das
contas. Lembre sempre de consultar um professor se não entender alguma coisa. Agora podemos
seguir!

4.6 A posição em função do tempo no Movimento Retilíneo Uniforme


A partir dos conceitos já estudados será que é possível prever a posição em que um corpo
estará passado determinado tempo, sob velocidade constante? Será que é possível determinar
de que posição o corpo saiu, quanto tempo durou o deslocamento e também a velocidade
desenvolvida? É possível sim, tudo isso com apenas uma equação que nada mais é do que um
rearranjo na equação da velocidade média, que já vimos antes.
Vimos na seção anterior que a equação para o cálculo da velocidade de um móvel, sendo
ela constante, é a seguinte:
S − S0
v=
t − t0
multiplicando ambos os lados por (t − t0 ), obtemos:

(S − S0 ) · (t − t0 )
v(t − t0 ) =
t − t0

No lado direito da equação, temos t − t0 no denominador e também temos uma multiplicação por
ele no numerador, de modo que podemos dividir um pelo outro, resultando em 1. Ficamos com:

v(t − t0 ) = (S − S0 ) · 1

Esse 1 que multiplica o segundo membro pode ser omitido:

v(t − t0 ) = S − S0

Considerando t0 = 0, obtemos:
vt = S − S0

18
Agora somamos S0 nos dois lados da equação, ficando com:

vt + S0 = S − S0 + S0

vt + S0 = S

Essa equação pode ser organizada e escrita como:

S = S0 + vt (equação da posição do Movimento Retilíneo Uniforme)

Para entender bem esse conceito, é importante que você tente fazer a demonstração que
acabou de ser feita, partindo da definição da velocidade média.
Com essa equação que encontramos, podemos prever algumas coisas e obtermos infor-
mações sobre um movimento realizado com velocidade constante. Por exemplo: se um carro sai
da posição 10 km, com velocidade constante de 80 km/h em qual posição ele estará depois de
duas horas?
temos que:
A posição inicial (S0 ) é igual a 10 km
A velocidade (v) do móvel é constante e vale 80 km/h
O tempo de deslocamento (t) é de 2 horas.
A posição final (S) do móvel, é a informação que queremos descobrir.
Substituindo tudo na equação da posição que demonstramos, temos:

S = 10 + 80 · 2

S = 10 + 160

S = 170 km

Então o carro estará na posição 170 km depois de duas horas!


Observe que todas as unidades de tempo estavam em hora e todas as unidades de
comprimento estavam em quilômetros. Isso precisa acontecer para que você não tenha problemas
com as unidades. Se não estivessem, você deveria realizar as devidas conversões.
Você sabe como estimar a distância que um raio caiu de você? Dá para fazer isso
utilizando a equação que trabalhamos neste tópico. Veja um exemplo: Considere que o clarão de
um raio foi visto da janela de uma casa e 3 segundos depois o barulho dele foi ouvido.

19
Considerando que a luz se propaga tão rápido que foi vista instantaneamente quando foi
emitida, e que a velocidade do som é de aproximadamente 340 metros por segundo, teremos:
S = posição final onde o som estará quando for ouvido. É o valor que queremos encontrar.
S0 = posição de onde o som saiu (vamos considerar que é a origem do movimento,
portanto = 0)
v = velocidade do som = 340 m/s
t = tempo em que o som ficou se propagando até ter ser ouvido = 3 s

S = S0 + vt

S = 0 + 340 · 3

S = 1 020

Como trabalhamos com a distância em metros, o tempo em segundos e a velocidade em


metros por segundo, temos que a distância percorrida pelo som foi de 1 020 metros. Essa é a
distância aproximada até o local onde o raio caiu. Legal, não é?

20
5 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (MRUV)
No cotidiano presenciamos os mais variados tipos de movimentos ao nosso redor. Ante-
riormente falamos um pouco sobre o Movimento Retilíneo Uniforme, em que a velocidade em
cada instante do tempo percorrido é a mesma. Sabemos que quando há variação da velocidade,
ou seja, aceleração, esse movimento deixa de ter velocidade constante. Se essa variação da velo-
cidade acontecer de maneira uniforme, denominaremos Movimento Retilíneo Uniformemente
Variado.

5.1 O conceito de aceleração


Agora introduziremos uma nova grandeza: a aceleração. Ela representa a taxa de variação
da velocidade no decorrer do tempo. Já que um corpo pode acelerar para cima, ou para baixo, ou
para qualquer direção, se trata de uma grandeza vetorial também. Ela pode ser calculada através
da equação abaixo.
∆v v − v0
a= =
∆t t − t0
Pensemos em um carro que para o instante de tempo inicial está a 20 m/s de velocidade,
e a cada segundo sua velocidade aumenta 5 m/s.

Velocidade (m/s) Tempo (s)


20 0
25 1
30 2
35 3
40 4
45 5
50 6

A aceleração escalar média pode ser calculada com a equação da aceleração que já foi
apresentada:
∆v
a=
∆t

21
Temos que:
v = 40 m/s
v0 = 20 m/s
t =4s
t0 = 0 s
Então:
40 − 20 20
a= = =5
4−0 4
A unidade da aceleração, neste caso, será metro por segundo ao quadrado (m/s2 ), já que
a velocidade é dada em metro por segundo, o tempo em segundos e no cálculo na aceleração nós
fazemos a divisão entre essas duas grandezas. Assim, o que acontece é:
m
s m 1 m
= · =
s s s s2

Então podemos dizer que a aceleração que atuou sobre o carro no exemplo acima foi de
5 m/s2 ,e essa aceleração aconteceu no mesmo sentido da velocidade: da esquerda para a direita.
Por isso o carro aumentou a sua velocidade.

5.2 Encontrando a velocidade do móvel em qualquer instante


Já vimos que a aceleração pode ser escrita como:

v − v0
a=
t − t0

Se multiplicarmos ambos os lados por (t − t0 ), teremos:

(v − v0 ) · (t − t0 )
a(t − t0 ) =
t − t0

No lado direito, podemos dividir o (t − t0 ) do numerador pelo do denominador, o que dá igual a


1. Então ficamos com:
a(t − t0 ) = v − v0

Vamos considerar o instante inicial t0 = 0, ficando com:

at = v − v0

Agora adicionamos v0 em ambos os lados:

at + v0 = v

22
E ficamos com
v = v0 + at

Esta última equação nos diz que a velocidade final (v) do móvel é igual a sua velocidade
inicial (v0 ) somada com a aceleração (a) vezes o tempo (t). Podemos utilizar essa equação
para obtermos a velocidade de um móvel que sofre determinada aceleração durante um tempo
determinado. Adiante citamos um exemplo disso.
Um paraquedista que saltou de um avião no ar, se desconsiderarmos a resistência do ar
ao longo da queda, experimenta a ação de um MRUV tendo em vista que a aceleração a qual ele
é submetido é a da gravidade que possui módulo de 9,8 m/s². Isto é, ao longo de cada segundo
de queda, a velocidade vertical do paraquedista aumenta uniformemente 9,8 m/s.

Figura 8: O paraquedismo é praticado por desportistas (paraquedistas) que saltam de aeronaves,


ou lugares fixos, fazendo uso de um paraquedas (invólucro contendo uma vela dobrada desenhada
a desdobrar-se aumentando sua superfície de contato com o ar) para diminuir sua velocidade de
queda, sendo possível realizar saltos de grandes altitudes sem sofrer danos mortais. Texto por
Wikipédia e imagem por Wikimedia Commons.

Vamos calcular a velocidade de queda (vertical) de um paraquedista 30 segundos após


ele ter pulado do avião:
v = v0 + at

Consideraremos que a velocidade vertical antes de pular do avião era 0. Ele se deslocava
apenas horizontalmente. Também desprezaremos a resistência do ar. Então temos:
v0 = 0
a = 9, 8 m/s² (aceleração gravitacional nas proximidades da superfície da Terra)
t = 30 s (tempo de queda considerado) Substituindo esses dados na nossa equação, teremos:

v = 0 + 9, 8 · 30

23
v = 294 m/s

A velocidade do impacto seria de 294 m/s. Já imaginou? Imagina um corpo que se


desloca 294 metros em um segundo se chocando no chão! Não iria sobrar nada para contar a
história!
Em uma situação real, com a resistência do ar, essa velocidade seria menor. Mas ainda
assim não se deve pular de um avião de todo jeito. Além do mais, essa queda livre provavelmente
iria durar mais de 30 segundos, o que aumenta ainda mais a velocidade da queda!
É justamente por isso que se usa paraquedas. Se levarmos em conta que a velocidade do
paraquedista aumenta uniformemente ao longo da queda, ele provavelmente acabaria em uma
situação de fatalidade ao se chocar com o solo. O paraquedas funciona usando a resistência do ar
para provocar uma aceleração contrária à aceleração da gravidade (lembre-se que a aceleração é
uma grandeza vetorial) e com isso diminuir o valor da velocidade da queda até uma velocidade
não nociva. Caso contrário, só se poderia ser paraquedista uma vez!

5.3 Sugestão para aprofundamento no Movimento Retilíneo Uniforme-


mente Variado
Existem duas outras equações importantes para o estudo desse tipo de movimento.
Estamos falando da Equação da Posição do MRUV e também da famosa Equação de Torricelli.
Como nossa proposta é apenas iniciar você na Física, não abordaremos elas aqui. Elas são um
pouquinho mais difíceis de demonstrar, então sugerimos como atividade de aprofundamento que
você pesquise por elas e por problemas onde elas são aplicadas. Você terá novas ferramentas
para entender problemas bem mais complexos. E se você estiver no primeiro ano do ensino
médio, com certeza você ainda vai estudar elas. Fica aí a dica!

24
6 Estudo do movimento oblíquo utilizando modelagem com-
putacional
Agora iremos aprimorar nossos conhecimentos sobre velocidade e lançamentos utili-
zando experimentos virtuais. Esse tipo de experimento é interessante porque nos permite simular
situações difíceis de reproduzir na realidade, como desprezar a resistência do ar, por exemplo.
Inicialmente, vamos refletir sobre algumas coisas e depois partir para a experimentação. Pense
sobre as questões que serão levantadas e anote em uma folha as suas respostas. Mais tarde pega-
remos o que você escreveu para analisar se coincide com a experimentação. Então, formularemos
novas hipóteses buscando sempre uma corroboração experimental, até podermos inferir algumas
conclusões. Vamos lá!

6.1 Uma análise do movimento oblíquo


Movimentos oblíquos são movimentos que possuem um deslocamento vertical e horizon-
tal, ao mesmo tempo, descrevendo uma trajetória parecida com uma parábola.

Figura 9: O projétil de um canhão é um exemplo de objeto que descreve um movimento oblíquo.


Na imagem, um canhão realiza um disparo no Instituto de Tecnologia da Califórnia. Imagem via
Wikimedia Commons.

Para familiarizá-lo um pouco mais com esse tipo de movimento, entre pelo seu navegador
(funciona tanto em computadores quanto em celulares Android/IOS) no link <https://phet.
colorado.edu/sims/html/projectile-motion/latest/projectile-motion_pt_BR.html>. Se trata de uma
das várias simulações disponibilizadas pelo projeto PhET Simulações Interativas da Universidade
do Colorado. Nessa simulação abordaremos um pouco sobre o lançamento oblíquo.
Após abrir o link espere carregar e na tela de seleção que aparecerá, escolha a opção
“Lab”. Você será direcionado para a tela interativa. A princípio, não modifique nenhuma
configuração. Apenas mude o ângulo do canhão deslizando o dedo ou o mouse em cima dele, e

25
realize alguns disparos apertando ou clicando no botão vermelho com o desenho de um disparo,
na região inferior da tela.

Observe o movimento oblíquo descrito pelo projétil. Faça alguns disparos com ângulos
diferentes e continue os próximos passos da nossa investigação.

Levante hipóteses para responder às seguintes perguntas e anote as respostas em uma


folha. Tente justificar suas respostas. Neste momento, apenas reflita e anote suas hipóteses. Não
recorra à experimentação por enquanto.

1. Se a massa do projétil for maior, isso influenciará na distância alcançada por ele?

2. Você acredita que se o objeto for um pouco maior ou menor, isso influenciará o seu
deslocamento? Por quê?

3. O valor da gravidade no planeta onde o experimento está sendo realizado pode fazer o
objeto cair mais rápido ou mais devagar?

4. Como deve ser o posicionamento do canhão (ângulo de lançamento) para que o projétil
alcance as maiores distâncias horizontais possíveis, sob as mesmas configurações?

Agora é a hora de partir para a experimentação e testar o que você respondeu. Você pode
seguir o passo a passo abaixo para buscar as respostas corretas para cada uma das perguntas.
Anote em uma folha suas conclusões de cada passo.

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1. Nas configurações do lado direito da tela, coloque a massa do projétil em 1 kg. Não modi-
fique as outras configurações, apenas deixe o canhão em um ângulo que dê para observar
o movimento oblíquo com clareza e realize alguns disparos. Depois vá modificando os
valores da massa como você quiser, mas mantenha as outras configurações. Vá disparando
e observe se houve alguma mudança no movimento.

2. Agora realize alguns disparos modificando o diâmetro do projétil e mantendo as outras


configurações. Houve mudanças? Agora ative a resistência do ar nas opções no lado
direito da tela e repita os mesmos disparos, realizando modificações apenas no diâmetro.
E agora, mudou alguma coisa?

3. Realize alguns disparos alterando os valores da gravidade e mantendo as demais configura-


ções. Houve mudanças?

4. Realize disparos com ângulos próximos de 45°, inclusive testando o ângulo de 45°. Lembre
de manter as demais configurações. Busque as maiores distâncias horizontais possíveis.
Em qual desses disparos o projétil foi mais longe (horizontalmente)?

5. Sinta-se livre para modificar as configurações como quiser e brincar com a simulação para
realizar qualquer teste. Você pode anotar alguma conclusão que tenha tirado.

6.2 Comparando os resultados


Agora pegue as suas respostas que foram escritas antes da experimentação e compare
com seus resultados durante o experimento. E aí, quais respostas estavam de acordo com aquilo
que foi observado? Continue a leitura depois que fizer isso. Adiante explicaremos melhor o que
foi que aconteceu durante a simulação.

6.3 Conclusões do experimento


Você deve ter percebido que quando você alterou exclusivamente a massa dos objetos,
não houve nenhuma mudança no movimento descrito por eles. Pois é, a trajetória de um corpo
no movimento oblíquo não leva em consideração a sua massa. Se pegássemos um elefante e uma
formiga e soltássemos em queda livre nas proximidades da superfície da Terra, desprezando a
resistência dor ar, eles também cairiam da mesma forma. Isso é bastante contra o censo comum,
mas é algo que se verifica nos experimentos!
Em relação ao diâmetro dos projéteis, eles podem influenciar o movimento dos objetos
caso haja resistência do ar no local. Se o experimento for realizado no vácuo, novamente não
haverá mudanças, independentemente de quais sejam as dimensões dos objetos lançados.
No terceiro teste que realizamos, modificamos o valor da aceleração gravitacional. Os
efeitos disso talvez você conseguiu prever corretamente, pois é algo mais intuitivo. Quanto maior
for essa aceleração, mais rápido o corpo cai!

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No teste para encontrar qual era o ângulo de lançamento melhor para atingir maiores
distâncias horizontais, você deve ter constatado que quanto mais próximo de 45° for o lançamento,
mais longe o projétil vai. Sendo o ângulo de 45° aquele que permite a maior distância possível.
Se algum dia você precisar disparar um canhão o mais longe possível, já sabe em qual ângulo
deve posicionar o canhão!
Esse experimento serviu para nos mostrar que nem sempre o nosso senso comum está
de acordo com as leis da natureza. Partir de hipóteses baseadas no nosso senso da realidade é
importante, e um dos primeiros passos para produzir conhecimento científico. Mas isso por si só
não basta. É preciso reproduzir os fenômenos, sempre que possível, e verificar se nossas ideias
estão corretas ou não.
Precisamos tomar cuidado com nossas ideias. Elas podem parecer muito óbvias para
nós, mas estarem equivocadas. Por isso é preciso buscar fundamentos sólidos para aquilo que
defendemos. Lembremos que ideias sem fundamentos já causaram muitas tragédias, mas essa
conversa a gente deixa para nossos amigos historiadores.

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7 Enfim...
Em virtude dos conteúdos apresentados e da motivação inicial que resultou na elaboração
e estruturação dessa revista, procurou-se como objetivo ambientar alunos prestes a iniciar o
ensino médio em seu contato inicial com a Física, haja vista que grande parte dos alunos nessa
fase enfrenta grandes dificuldades em compreender os conceitos que são expostos teórica e
matematicamente.
Ainda se tratando do ponto central que objetiva essa revista, aliando a didática fundamen-
tal e conceitos da Cinemática, tratou-se de facilitar a compreensão dos conceitos de velocidade,
aceleração, deslocamento e referencial, procurando aliar o entendimento da realidade com os
conceitos expressos para poder alcançar uma aprendizagem significativa e satisfatória que se
estenda para além da mera resposta às alternativas da avaliação disciplinar da grade curricular.
No mais, espera-se com este trabalho possa auxiliar alunos e até professores que tra-
balham os conceitos iniciais da Física. Buscando, dessa forma, propiciar um ambiente mais
favorável a aprendizagem significativa e a passagem desse período de transição e ambientação.
Assim, será alcançada uma mudança no status quo do ensino de Física e da visão da Física, que
passe a ser vista como uma disciplina interessante, instigante e inspiradora para quem com ela
tem contato.
Esperamos ter atingido nossos objetivos e lhe proporcionado uma boa experiência nessa
Introdução à Física. Agora é hora de aprofundar os conceitos vistos e seguir estudando outros,
que abrangem a Dinâmica, a Termologia, a Óptica, a Ondulatória, a Eletricidade, o Magnetismo
e a Física Contemporânea. É bastante coisa, mas garanto que sua experiência com a realidade
será totalmente diferente depois disso. A complexidade e os detalhes do nosso Universo com
certeza irão te deixar encantado, como nos deixaram. Acreditamos que você já esteja pronto para
isso. Tenha ótimos estudos!

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Bibliografia
CANDAU, V. Rumo a uma Nova didática 22ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

MARTINI WALTER SPINELLI, H. C. R. e. B. S. G. Conexões com a Física. São Paulo:


Moderna, 2016. v. 1.

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