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net/publication/237483886
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A. M. Abrao
Federal University of Minas Gerais
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Resumo
Este trabalho tem por objetivo investigar a influência da composição de fluidos de
corte sobre a usinabilidade do aço inoxidável austenítico ABNT 304. Testes de
torneamento contínuo foram conduzidos utilizando ferramentas de corte de metal
duro revestido. Os testes foram realizados a seco e com fluidos de corte sintéticos
com uma concentração de 5%. Estes fluidos apresentaram variações em sua
composição quanto ao aditivo “extrema pressão” e à base lubrificante empregados
(aditivação de cloro com bases de cadeias curta e longa e de enxofre com base de
cadeia curta). Foram coletados os dados de forças de usinagem (força de corte e
força de avanço) e de rugosidade média aritmética (Ra) das superfícies usinadas. Os
resultados de força de usinagem indicaram que o desempenho dos fluidos de corte
variou de acordo com as condições de corte empregadas. Já para o acabamento da
peça usinada, os fluidos com aditivação de cloro e base lubrificante de cadeia longa
apresentaram os melhores resultados.
Palavras-chave: usinagem, aço inoxidável austenítico, fluido de corte, força de corte,
rugosidade
Abstract
This work is focused on the influence of the chemical composition of cutting fluids,
more specifically extreme pressure additives, on the machinability of AISI 304
austenitic stainless steel. Turning test were carried out on a CNC lathe, with a cutting
fluid concentration of 5%, using cemented carbide cutting tools. The fluids employed
the same lubricant base, with one exception. The fluids were applied over the top of
the cutting tool. The data collected were cutting forces and surface roughness. The
results obtained for cutting forces indicated that the choice of the most adequate
cutting fluid relies on the machining conditions used. As far as the surface finish
results are concerned, the cutting fluid using chlorine as additive gave best results.
Key-words: machining, austenitic stainless steel, cutting fluid, cutting forces,
roughness
∗
VII Seminário Brasileiro do Aço Inoxidável, de 23 a 25/novembro/2004, São Paulo - SP
O material utilizado como corpo de prova foi o aço inoxidável austenítico ABNT 304,
cuja corrida apresentou a composição química especificada na tabela 1.
C Si Mn Cr Ni Mo Al Cu P S N.
0,027 0,029 1,80 18,3 8,75 0,46 0,007 0,42 0,034 0,003 0,049
O metal duro revestido da classe ISO M05-M20 foi a ferramenta escolhida para este
estudo. Esta escolha foi baseada na ampla utilização, versatilidade e custos desta,
se comparada às demais. As especificações da geometria da ferramenta de corte e
do suporte foram ISO WNMG 080408 PP e PWLNR 2020 K08, respectivamente. Os
principais ângulos do conjunto ferramenta/suporte foram: ângulo de posição χr = 95°,
ângulo de ponta εr=80o, ângulo de folga αo=6o, ângulo de saída negativo γo = -6° e
ângulo de inclinação negativo λs = -6°.
Para cada teste realizado, foram coletados os valores de força de corte (Fc) e força
de avanço (Ff). No caso da rugosidade média aritmética (Ra), foram coletados dados
em dois pontos da peça usinada, distantes aproximadamente 180º um do outro, e
calculada a média destes valores. Os testes com fluido de corte foram realizados
aplicando-se o fluido na superfície de saída da ferramenta de corte. A figura 1
mostra a montagem experimental do dinamômetro e a direção de aplicação dos
fluidos de corte.
Tabela 2 – Matriz de testes para os testes
DIREÇÃO DO FLUIDO
DINAMOMETRO
Para cada fluido testado utilizou-se uma nova aresta da pastilha, evitando-se assim
a interferência do desgaste das ferramentas sobre as forças de usinagem e a
rugosidade das peças. Os dados coletados foram analisados desconsiderando-se o
regime transiente (início) da operação, durante o qual os valores das forças de
usinagem oscilam muito. Cada teste durou cerca de dez segundos e programa
coletou informações com uma freqüência de 700Hz, resultando assim em 7000
pontos de aquisição por ensaio. Também através do programa obtiveram-se os
valores médios das componentes de forças de usinagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para efeito de análise e discussão dos resultados optou-se pela apresentação dos
mesmos em dois grupos, isto é, resultados de forças de usinagem e resultados de
acabamento superficial. Quanto aos resultados das componentes de força de
usinagem, através de uma análise preliminar observou-se nenhuma variação
significativa em todas as condições de lubrificação investigadas para a força
passiva, desta forma optou-se pela não apresentação dos resultados obtidos para
esta componente de força. Desta forma serão apresentados os valores médios
relativos às forças de corte e de avanço agrupadas por condição de lubrificação e
em função dos parâmetros de corte. As figuras 2 a 4 mostram, respectivamente, a
influência da velocidade de corte (vc), avanço (f) e profundidade de usinagem (ap)
sobre a força de corte (Fc) para o corte a seco e aplicando-se os fluidos de corte.
600
a seco F1 F2 F3
400
300
200
100
200 250 300
Velocidade de Corte (m/min)
De forma geral, observa-se uma ligeira redução nas forças de corte com a elevação
da velocidade de corte (figura 2). Nota-se também que o fluido F1 (aditivo cloro)
proporciona valores de força de corte mais baixos. A presença de cloro como aditivo
promove a formação de cloretos que atuam como aditivos extrema pressão sob
temperaturas de até 350ºC, enquanto os sulfetos formados a partir da adição de
enxofre atuam a temperaturas inferiores a 750ºC (15). Tendo em vista algumas
características dos aços austeníticos (baixa condutividade térmica e alta
encruabilidade), estima-se que durante a usinagem desta classe de materiais
temperaturas superiores a 800ºC sejam desenvolvidas na região da interface
cavaco-ferramenta, o que apontaria para um melhor desempenho do fluido de corte
com aditivo enxofre (F2), o que não ocorreu. Tal fato pode ser atribuído à
incapacidade do fluido de corte de atingir a zona de aderência, onde temperaturas
mais elevadas são atingidas. Desta forma, a atuação do fluido de corte estaria
restrita à zona de escorregamento, periférica à de aderência e onde temperaturas
mais baixas são registradas e onde o fluido a base de cloro apresenta melhor
desempenho.
400
300
200
100
0,15 0,21 0,3
Avanço (mm/rot)
600
a seco F1 F2 F3
Força de corte (N)
500
400
300
200
100
0,5 0,75 1
Profundidade de corte (mm)
200
a seco F1 F2 F3
180
Força de Avanço (N)
160
140
120
100
80
60
40
0,15 0,21 0,3
Avanço (mm/rot)
200
a seco F1 F2 F3
180
Força de Avanço (N)
160
140
120
100
80
60
40
0,5 0,75 1
profundidade de corte (mm/rot)
4
Rugosidade Ra (microns)
a seco F1 F2 F3
3
0
200 250 300
Velocidade de Corte (m/min)
Rugosidade Ra (microns)
a seco F1 F2 F3
3
0
0,15 0,21 0,3
Avanço (mm/rot)
4
Rugosidade Ra (microns)
a seco F1 F2 F3
3
0
0,5 0,75 1
Profundidade de corte (mm)
Ao contrário do que se esperava, o corte a seco não contribui para a redução das
forças de usinagem, sendo que, de maneira geral, a força de corte foi mais baixa
quando empregado o fluido de corte com aditivo cloro (F1). No que se refere à força
de avanço, o fluido F2 foi o que garantiu valores mais baixos, muito embora esta
componente da força de usinagem apresente valores bem inferiores à Fc.
Para o acabamento superficial da peça usinada, os fluidos com aditivo cloro (F1 e
F3) mostraram-se mais promissores, fato previsto para o fluido F1 em virtude das
forças de corte mais baixas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à Villares Metals S/A e à Shell Brasil S/A pelo fornecimento
do material de consumo. À FAPEMIG e ao CNPq pelo apoio financeiro
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