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RIO DE JANEIRO
2017
MATHEUS EMANUEL SOARES GAMA
Rio de Janeiro
2017
MATHEUS EMANUEL SOARES GAMA
______________________________________________________
Assinatura do Orientador
NOTA FINAL:____________
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Jackson e Rosana Gama, aos quais devo tudo em minha vida e à minha
namorada Roberta que sempre me apoiou em tudo.
À minha mãe, Luciana Mello, e ao meu irmão, Lucas Mello, que sempre me apoiaram
em todas as minhas escolhas e me incentivaram a chegar até aqui.
À senhora Euridice que nos auxiliou com muita calma e atenção na formatação deste
trabalho.
Essa monografia tem como propósito mostrar as vantagens do sistema de propulsão elétrica,
bem como detalhar alguns equipamentos necessários para essa operação. Este trabalho visa
mostrar o sistema de propulsão elétrica usado pelo setor mercante, que a cada ano que passa
ganha terreno neste setor, pois aparece como solução para a redução de custos e de emissão de
poluentes.
This monograph is intended to show the advantages of the electric propulsion system, as well
as, to detail some equipment necessary for this operation. This paper aims to show the system
of electric propulsion used by the merchant sector, which each passing year ground in the
marine world, because it appears as a solution for the reduction of costs and emission..
1 INTRODUÇÃO 10
2 A PROPULSÃO DOS NAVIOS MERCANTES 11
2.1 Histórico da evolução da propulsão 11
2.2 Principais tipos de propulsão 13
2.2.1 propulsão a vela 13
2.2.2 propulsão a vapor 13
2.2.3 propulsão mecânica 14
2.2.4 propulsão elétrica 14
3 TIPOS DE PROPULSORES 16
3.1 Hélice de passo fixo 16
3.2 Hélice de passo controlável 16
3.3 Hélice com duto 17
3.4 Propulsor gêmeo 17
3.5 Propulsor lateral 18
3.6 Propulsor cicloidal 18
3.7 Propulsor contra-rotativo 18
3.8 Propulsor tandem 19
3.9 Propulsor azimutal e AZIPOD ® 19
4 ARRANJO DA PROPULSÃO ELÉTRICA 21
4.1 Geração de energia elétrica 21
4.1.1 geradores a diesel 22
4.1.2 turbinas a vapor 23
4.1.3 turbinas a gás 24
4.2 Quadros elétricos 25
4.3 Transformadores 26
4.4 Máquina propulsora 27
4.4.1 motor homopolar em corrente alternada 27
4.4.2 motor de indução 27
4.4.3 motor síncrono a imãs permanentes 28
4.5 Conversores de frequência 28
4.6 Tipos de transmissão 29
4.6.1 mecânica 30
4.6.1.1 convencional 30
4.6.1.2 z drive 31
4.6.1.3 l drive 32
4.6.2 AZIPOD ® 33
5 VANTAGENS 34
5.1 Redução do consumo de combustível 34
5.2 Flexibilidade e redundância de sistemas 35
5.3 Redução dos custos com manutenção 36
5.4 Redução da emissão de poluentes 36
5.5 Redução do nível de ruídos e vibração 38
5.6 Manobrabilidade 38
5.7 Ganho de espaço a bordo 39
5.8 Redução da tripulação 40
5.9 Aumento da capacidade de sobrevivência do navio 40
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 41
REFERÊNCIAS 42
10
1 INTRODUÇÃO
Com todo esse avanço das tecnologias e opções para propulsão dos navios, na busca
de mais lucro com os navios, os armadores procuravam a melhor opção. Na comparação dos
motores a diesel e os motores a vapor, levou vantagem devido ao seu maior rendimento os
motores a diesel. Essa vantagem aumentou ainda mais com a utilização do bunker, também
conhecido como óleo pesado, que é bem mais barato que o diesel, porém por ser um
combustível de baixa qualidade, foi o surgimento de técnicas de aquecimento que propiciaram
a utilização deste óleo pesado, os motores a vapor ficaram ainda mais de lado no cenário da
construção naval.
Porém a busca de novos meios de propulsão não parou na propulsão mecânica,
visando sempre o maior rendimento e melhor custo. A propulsão elétrica entrou no cenário da
construção naval, porém antes de chegar ao estagio que vemos hoje, teve seu iniciou no
século XIX com uma lancha para transporte de passageiros na Rússia e após no navio
carvoeiro USS “Júpiter” que utilizava um turbo gerador em corrente alternada que estava
ligado a dois motores de indução, este navio teve sucesso e permaneceu muitos anos com
plena capacidade operativa. Este fator fez com que aumentasse os estudos e pesquisas que
visavam tornar esse meio propulsivo competitivo no mercado.
Graças ao avanço das tecnologias das plantas elétricas e da automação dos navios,
com esse novo meio, a questão dos espaços que os motores a diesel ocupavam
obrigatoriamente foi resolvido. Na propulsão mecânica não se tem uma flexibilidade do
arranjo dos equipamentos devido ao eixo propulsor, com isso perdia-se muito espaço que
poderia ser colocado carga, devido às instalações de máquinas. Com a retirada de todos os
sistemas necessários na propulsão mecânica, como mancais, eixo propulsor, MCP, e outros,
reduziu-se o peso do navio e aumentou a mobilidade do projeto, possibilitaram-se novos
arranjos para melhor aproveitamento dos espaços para carga útil, e assim, aumentou-se o
lucro, além disso, esta mudança acarretou uma redução da emissão de poluentes, diminuição
dos custos com manutenção e redução dos níveis de ruídos no navio.
13
Neste tipo de propulsão não é utilizado máquina para fazer o navio locomover-se,
apenas a força dos ventos é responsável por dar movimento à embarcação, por isso é
importante o conhecimento de técnicas de navegação com a direção do vento, pois é isso que
irá permitir a melhor eficiência das velas, que propicia a velocidade e os rumos da
embarcação. A propulsão a vela consiste em velas latinas, que são as triangulares; e redondas,
que são as quadradas, estas velas que impulsionam o navio.
Hoje em dia, este tipo de propulsão esta presente apenas em embarcações recreativas,
esportivas e representativas, não são mais utilizada para fim comercial como antigamente era
utilizada, antes da Revolução Industrial.
A propulsão mecânica é a mais utilizada nos navios mercantes. Este tipo de propulsão
consiste em Motor de Combustão Principal (MCP), que é um motor de combustão interna que
trabalha no ciclo Diesel e pode ser de 2 ou 4 tempos, e que por meio de um eixo propulsor
movimenta um hélice. A sua larga utilização como meio de propulsão deve-se muito a
possibilidade de ser empregado o óleo pesado o que torna a relação custo-benefício deste
meio propulsivo muito boa. Este tipo de propulsão possui a questão da necessidade do navio
ser construído a partir dele, pois não tem a flexibilidade de projeto, devido a seus sistemas.
Em navios com propulsão mecânica tradicional, quem define a rotação do hélice é a
velocidade do motor e dependendo do perfil de operação do navio, o motor pode não operar
na faixa de rendimento ótimo, associado às altas velocidades. Isto proporciona excessivo
desgaste mecânico e um desperdício de combustível.
A propulsão elétrica ainda não esta tão presente nos navios mercantes com a propulsão
mecânica, porém ela possui inúmeras vantagens que com certeza ganhará espaço na
construção naval, como meio propulsivo. Dentre suas vantagens, pode-se citar a redução da
emissão de poluentes, a flexibilidade de projeto e redução da assinatura acústica.
Esta propulsão consiste em um motor elétrico que é alimentado por geradores e
movimenta um hélice, com isso permite uma variedade de arranjos para o projeto, já que seus
equipamentos são implantados em módulos, podem ser colocados à distância e em qualquer
local com o intuito de aumentar as áreas de cargas úteis.
Fonte: tfn.webnode.com.br
16
3 TIPOS DE PROPULSORES
Neste tipo de propulsor as pás estão fixas no cubo do hélice e tem-se a razão diâmetro
do cubo pelo diâmetro do hélice está dentro da faixa de 0,18 a 0,20. O ângulo das pás não
pode ser controlado. As fixações das pás no cubo do hélice podem ser parte de um único
bloco de fundição ou podem ser feitas separadamente na fundição. Existem dois tipos de
passo fixo: o constante, onde aas pás fixadas no hub não apresentam curvatura; e o passo
progressivo, que as pás apresentam curvatura progressiva, isto modifica as suas áreas de
contato com a água com a rotação do propulsor.
Este modelo não é tão difundido nas embarcações mercantes, porém possui bom
desempenho em situações de grande carga no hélice e baixa carga, ou seja, nas situações
extremas. Pois ele consiste em um hélice dentro de um duto, este pode ser separado em duto
acelerador e duto desacelarador, tendo como objetivo principal com o duto acelerador ter uma
maior eficiência em situações de forte carregamento do hélice e com o duto desacelerador
reduzir da cavitação.
Este propulsor também conhecido como Schottel Rudder Propeller (SRP) possibilita a
utilização da força total de propulsão para a manobra da embarcação através da rotação de
360º da parte subaquática e converte a potência do motor em impulso duplo com dois hélices
que giram no mesmo sentido. Isto trouxe a necessidade de um sistema bem alinhado com
sincronismo dos hélices e tubo de governo que proporcionaram aumento da eficiência em
relação a apenas um hélice. Esta tecnologia do duplo hélice distribui a potência nos dois
hélices reduzindo a carga em cada hélice e aumentando desta forma a eficiência do sistema
quando submetido a cargas elevadas. Propulsor gêmeo tem 20% a mais de eficiência
propulsiva comparado aos propulsores comuns.
Este tipo de hélice possui as pás posicionadas na vertical e não necessita de leme. O
propulsor cicloidal é encontrado em embarcações de apoio, rebocadores e ferries. Este sistema
é conhecido também como propulsor Voith Schneider. São utilizados dois conjuntos,
localizados na mesma linha transversal e, geralmente, avante da embarcação, porém é
necessário um estabilizador localizado a ré com o objetivo de aumentar a estabilidade de
governo.
Este sistema possui dois hélices em linha, sendo estes hélices conectados ao mesmo
eixo, consequentemente, por isso possuem o mesmo sentido de rotação. Este sistema é usado
quando um hélice só não é suficiente para o empuxo necessário.
Este tipo de propulsor se diferencia dos demais pela não necessidade de leme na
embarcação, pois este sistema consegue girar 360 graus, com isso proporciona uma ótima
manobrabilidade. Ele é uma combinação dos sistemas de direção e propulsão. Consiste em um
motor elétrico que fica fixo no casco, no caso dos azimutais; e fica fora do casco, ou seja,
dentro do POD, no caso dos Azipods. Devido a essas características esse tipo de propulsor
vem ganhando espaço no mercado.
As manutenções, principalmente dos POD, são mais simples, pois são padronizadas, o
que proporciona um menor tempo necessário de manutenção, notabilizando outra vantagem
em relação aos propulsores tradicionais. Inspeções podem ser realizadas dentro dos
propulsores, facilitando assim um diagnóstico mais elaborado de problemas. Nos períodos
de docagem, o fato de não ter uma linha de eixo faz com que o período de docagem seja
menor deixando tempo para outras manutenções.
20
Fonte: http://www.motorship.com/news101/industry-news/azipods-ordered-for-two-rclcruise-ships
21
Num sistema de propulsão elétrica, a geração elétrica de bordo, além de suprir todos
os sistemas essenciais, ainda tem que alimentar os motores elétricos de propulsão. Este fator
torna o grupo gerador de energia a bordo um sistema muito importante em qualquer tipo de
embarcação, mesmo que o a propulsão não seja elétrica. A geração de energia para o
funcionamento constante das bombas, iluminação, dentre outros equipamentos, é que o torna
essencial propiciando um bom funcionamento do navio.
22
Fonte: www.wartsila.com
23
Fonte: www.solidda.com.br/turbinasavapor
24
4.3 Transformadores
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br
27
O motor de indução tem como característica o baixo custo inicial e grande vida útil,
pois apresenta reduzida necessidade de manutenção. Além disso, uma outra vantagem é a
construção simples e robusta, o que possibilitou sua fabricação a um custo mais baixo que
outros tipos de motores, antigamente.
Este equipamento é também conhecido como motor assíncrono e se notabiliza como
uma opção bem competitiva nos processos industriais. Porém, essa maior utilização veio com
o avanço e aprimoramento das técnicas de modelagem, que melhoraram o desempenho desse
sistema.
Fonte: www.ilhp.co.in
28
Fonte: images.google.com
Fonte: images.google.com
4.6.1 mecânica
Nos sistemas de transmissão mecânica o motor fica dentro do navio numa praça de
máquinas, o que ocorre a necessidade de transmissão por eixos e engrenagens redutoras.
Esse sistema divide-se em convencional (com linha de eixo), L Drive e Z Drive, elas
se diferenciam pela configuração e arranjo entre o tipo de motor, a transmissão mecânica e o
propulsor, propriamente dito.
4.6.1.1 convencional
4.6.1.2 z drive
Fonte: blogs.odiario.com
32
4.6.1.3 l drive
Fonte: www.nauticexpo.com
33
4.6.2 AZIPOD ®
Com a busca da melhor eficiência e maior lucro, atualmente foram criados inúmeros
equipamentos e o que há de mais moderno e eficiente no campo da propulsão elétrica é a
transmissão POD. Esse sistema dispensa as caixas de engrenagens, linha de eixo e mancais,
proporciona-se uma redução das perdas mecânicas, ainda maior na transmissão. Pode girar em
torno de seu eixo vertical para dar a propulsão livremente para qualquer direção, nos 360
graus, elimina-se a necessidade de leme tradicional, ou seja, no arranjo AZIPOD ®, os
sistemas de propulsão e de manobra são combinados e fabricados em uma única peça, que
libera mais espaço para carga útil nos navios.
Nele o motor fica dentro do POD, que é uma estrutura selada dentro d’água, o termo
POD vem de Propulsion with Outboard Electric motor (Propulsão com motor elétrico
externo). O sistema AZIPOD ® é constituído de três componentes principais: transformador
de suprimento, conversor de frequência e motor de propulsão.
5 VANTAGENS
Nos navios com propulsão mecânica tradicional, a velocidade do motor é que define a
rotação do hélice; consequentemente, de acordo com o perfil de operação do navio, o motor
pode não operar na faixa de rendimento ótimo, associado às altas velocidades. Isto significa
desperdício de combustível e excessivo desgaste mecânico.
Com o uso da propulsão elétrica, este problema é eliminado, pois o motor primário
pode operar no ponto de melhor rendimento independente da velocidade de rotação do hélice.
Em virtude da extinção da conexão mecânica entre motor primário (que gera potência através
da queima de combustível) e o eixo propulsor, não existe mais relação direta entre a
velocidade do eixo do motor primário e a rotação do hélice. Segundo a Marinha Americana
estima-se que a eficiência energética aumenta de aproximadamente 17% em relação à
propulsão convencional mecânica.
Figura 24: Navio Queen Mary 2. (Observa-se o reduzido espaço ocupado pelas máquinas
e a segregação do sistema de geração de energia)
Fonte: Revista Engenharia Naval, Trad. João C. Neves, O PROPULSOR Set/Out 2004 Nº 202
36
No ano de 2011 foi realizada a MEPC 2039(62), para a inclusão de regras sobre a
eficiência energética para navios, no anexo VI da MARPOL. A inclusão do Capítulo 4, que
trata sobre as Regras sobre Eficiência Energética para Navios, a criação da Regra 6, que cria o
IECC (Certificado Internacional de Eficiência Energética), considerado a primeira
regulamentação para estabelecer os valores padrões de CO2 ao redor do mundo e da Regra
19, que define a aplicação em navios com Arqueação Bruta igual ou superior a 400. Têm-se
como exceções navios engajados exclusivamente na cabotagem ou que possuem propulsão
diesel-elétrica, turbinas de propulsão ou sistemas de propulsão híbrida.
As Regras 20 e 21 definem e tratam sobre o EEDI (em inglês, Energy Efficiency
Design Index ou Índice de Eficiência Energética de Projeto). O valor do EEDI pode ser obtido
através da fórmula:
EEDI( g/ t.nm) = Emissões CO2 (sist. de Propulsão + sist. Auxiliar) – inovações tecnológicas
DWT x velocidade do projeto x fator específico
Todos os novos navios construídos deverão possuir o índice EEDI quando tiverem: a
assinatura do contrato a partir de 1° de janeiro de 2013; a quilha batida a partir de 1° de julho
de 2013; ou forem entregues a partir de 1° de julho de 2015.
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5.6 Manobrabilidade
Figura 26: Comparação do espaço dos porões de carga nos diversos sistemas de
propulsão encontrados em navios atualmente.
Fonte: www.deno.oceanica.ufrj.br
Fonte: www.deno.oceanica.ufrj.br
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6 CONSIDERAÇÕES
Ao fim desse trabalho, vê-se que a propulsão elétrica apresenta diversas vantagens
sobre a propulsão mecânica convencional em diversos tipos de navios.
Dentre as diversas vantagens, destacam-se a redução da emissão de poluentes, a alta
eficiência do sistema, redução da tripulação, ganho de espaço a bordo, alto grau de
manobrabilidade e a modularidade desse tipo de propulsão, tornaram os motores elétricos uma
alternativa viável para as embarcações mercantes.
Os recentes avanços no aumento de potência dos motores elétricos, da eletrônica de
potência e da densidade energética dos imãs permanentes, e ainda, nos estudos de
hidrodinâmica e no desenvolvimento de geradores elétricos cada vez mais potentes e
econômicos, possibilitam a ampliação da propulsão elétrica em embarcações.
42
REFERÊNCIAS
ADNANES, Alf Kåre. Maritime Electrical Installations and Diesel Electric Propulsion.
ALVES, Renata Nunes. Propulsão elétrica de navios. Rio de Janeiro: Universidade Federal
de Engenharia do Rio de Janeiro; 2007.
BARCELLOS, Renato. O sistema híbrido de propulsão como uma alternativa viável aos
sistemas diesel-elétrico e diesel-mecânico. [S.l.]: 24º Congresso Nacional de Transporte
Aquaviário, Construção Naval e Offshore, 2012.
RADAN, Damir. Power Electronic Converters for Ship Propulsion Electric Motors.