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hi j i k l i m n o pQi k q – Célula a combustível. Célula a
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rhidrogênio.
q m s tu - Este Fonte alternativa. Geração distribuída.
documento relata a experiência da COPEL Será feita uma breve descrição da compra das células e da
Distribuição com a instalação e o primeiro ano de instalação da primeira.
operação de uma célula a combustível de 200 kW de
potência. São informados o custo de compra e instalação,
‹ Œ  ŒQŽu tJl i
as despesas de operação e manutenção, os principais A célula a combustível é uma tecnologia inovadora e
problemas surgidos e os benefícios obtidos. São feitos ainda pouco conhecida em nosso setor, embora seu
comentários sobre os objetivos pretendidos pela COPEL princípio de funcionamento seja simples e há muito
Distribuição com a utilização deste tipo de equipamento conhecido (descoberto por William Groves, em 1839).
de geração distribuída. Como o interesse da COPEL era conhecer de forma mais
v w x yz{|}~€| aprofundada essa tecnologia, inclusive eventuais
possibilidades de futura nacionalização de componentes,
bem como as alternativas de uso da energia térmica que é
A geração distribuída vem despertando crescente
co-gerada pela célula, foi decidido elaborar um projeto de
interesse nas empresas de distribuição e comercialização
pesquisa com o LACTEC – Instituto de Tecnologia para
de energia elétrica, em todo o mundo. Suas vantagens
o Desenvolvimento. Esse projeto incluiria a compra de
mais reconhecidas são: ausência de perdas de
três células, o acompanhamento de seu desempenho
transmissão; insensibilidade às intempéries e aos
operacional e as pesquisas de aproveitamento da energia
distúrbios conseqüentes; menor impacto ambiental;
térmica e desgaste de componentes.
facilidade e rapidez de instalação.
Pesquisas anteriores do LACTEC indicaram a existência
Para uma empresa de distribuição de energia elétrica, a
de apenas um fabricante, em todo o mundo à época, de
geração distribuída será muito mais atrativa se puder ser
célula a combustível estacionária para geração de energia
operada em paralelo com o sistema de distribuição, pela
em escala comercial (com produção em série). Assim, as
flexibilidade operacional resultante.
três células foram adquiridas da IFC – International Fuel
Dentre os equipamentos de geração distribuída que Cells, empresa do grupo UTC – United Technologies
permitem a operação em paralelo com a rede, destaca-se Company, com fábrica em South Windsor, pequena
a célula a combustível. Para melhor conhecer seu cidade nos arredores de Hartford, capital do estado norte-
desempenho e suas potencialidades, a COPEL americano de Connecticut. A encomenda total foi feita
Distribuição decidiu comprar e instalar três unidades em janeiro/2001, sendo as entregas das três unidades
comercialmente disponíveis. feitas em junho, setembro e novembro de 2001.
As células foram instaladas em três situações distintas, O modelo fabricado pela IFC é a PC 25C, que gera 200
dentro do sistema de distribuição urbano de Curitiba/PR. kW de eletricidade e mais 200 kW de calor aproveitável.
A primeira foi conectada em paralelo com a rede de O preço FOB em South Windsor foi de US$ 862.000,00
distribuição de 13,8 kV, no ramal que supre os edifícios cada célula. As despesas de importação (seguro, frete,
da sede da COPEL Distribuição. Esta célula pode despesas aduaneiras) totalizaram R$ 224.600,00 para as
alimentar também, em circuito exclusivo e independente três células. Devido à finalidade da compra ser um
da rede, o centro de processamento de dados (CPD) da projeto de pesquisa, foram obtidas dispensas de impostos
empresa, e encontra-se em operação desde o dia 20 de federais (II e IPI)e estadual (ICMS).
agosto de 2001. A segunda foi instalada junto aos
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c \ gJ[J a
laboratórios do LACTEC – Instituto de Pesquisa para o
Desenvolvimento, situado no da Universidade A primeira célula a combustível foi instalada na área da
Federal do Paraná, tendo entrado em operação no mês de sede da COPEL Distribuição, no bairro Mossunguê, em
março/2002. A terceira está em processo de instalação Curitiba/PR. Sua energia elétrica iria suprir o CPD,
num hospital de grande porte em Curitiba. podendo injetar na rede interna de 13,8 kV o excedente
Este relatório refere-se à primeira célula instalada, da de energia gerada, e sua energia térmica seria usada para
qual já se tem cerca de um ano de experiência de aquecer água para o restaurante da empresa, que utilizava
operação. para isso dois aquecedores a gás GLP.
A célula foi montada sobre bases de concreto construídas d) Construção de um circuito elétrico trifásico, desde a
numa área localizada entre os prédios do restaurante e do célula até o poste mais próximo da rede aérea interna de
CPD (ver Figuras 1 a 5). Além das bases de concreto, 13,8 kV, em cabos subterrâneos de 0,6/1,0 kV operando
uma para o módulo de energia (parte principal da célula) em 480 V, com extensão de 110 m, tendo sido aplicados
e outra para o módulo de resfriamento (parte acessória 2 cabos de cobre de seção 120 mm2 por fase, para
independente, que fica ao lado do módulo principal), as minimizar a queda de tensão.
seguintes obras tiveram que ser realizadas: e) Instalação de um transformador de distribuição em
a) Construção de um ramal interno de gás natural, em poste, tensão primária 13,8-13,5-13,2-12,9-12,6 kV em
tubulação enterrada de polietileno de 2” de diâmetro, delta, tensão secundária 480/277 V em estrela aterrada,
desde a estação de medição da COMPAGÁS até a para conectar a célula à rede.
entrada de gás na célula, com extensão de 275 m, e que f) Construção de um segundo circuito elétrico trifásico,
opera com pressão de 2 kgf/cm2. desde a célula até o painel de entrada da carga a ser
b) Instalação de redução de pressão do gás, para entrada alimentada de forma independente da rede, em cabos
em pressão quase nula na célula, incluindo os acessórios subterrâneos de 0,6/1,0 kV. Este circuito foi dividido em
para o acoplamento do ramal de gás à entrada de gás na dois trechos, um de 480 V (extensão de 60 m) e um de
célula. 220 V (extensão de 25 m). No trecho de 480 V, foram
aplicados 2 cabos de cobre de seção 120 mm2 por fase.
No trecho de 220 V, foram aplicados 2 cabos de cobre de
seção 240 mm2 por fase.
g) Instalação de um segundo transformador de
distribuição, em cabine semi-abrigada, tensão primária
500-480-460 V em delta, tensão secundária 220/127 V
em estrela aterrada, localizado o mais próximo possível
do painel de entrada da carga independente (CPD).
h) Instalação de um cubículo adicional no painel de
entrada de 220 V da alimentação do CPD, contendo um
disjuntor tripolar de 220 V/800 A, com relé de
sobrecorrente e comando elétrico de abertura e
fechamento. Seu comando foi integrado a um controlador
lógico programável (CLP) já existente, que controla as
três alternativas de fonte de alimentação ao CPD (rede,
FIGURA 1 geradores Diesel e agora também a célula).
MÓDULO DE FORÇA
c) Construção de linha de água quente, em tubulação
dupla (ida e volta) de cobre de 35 mm de diâmetro,
interligando os tanques dos aquecedores a GLP do
restaurante e a entrada do trocador de calor da célula,
com extensão de 70 m, mais caixas de passagem, juntas
de dilatação e bomba centrífuga de 0,75 CV e 7500 l/h
para circular a água entre os aquecedores (agora operando
como tanques de acumulação) e a célula.

FIGURA 3
BATERIAS DE NITROGÊNIO

i) Construção de uma pequena central de tratamento de


água, próximo da célula. Esta central recebe água da
concessionária local (ramal de ¾” da rede interna
existente) e fornece água desmineralizada à célula, para
encher seu tanque interno de água de refrigeração, bem
como repor eventual perdas durante a operação normal da
FIGURA 2 célula.
MÓDULO DE REFRIGERAÇÃO

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j) Construção de um abrigo com duas baterias de independente e da rede elétrica. Esta primeira célula não
cilindros de nitrogênio, com quatro cilindros cada uma, pôde ser localizada muito próxima dos pontos de conexão
localizado próximo à célula. O nitrogênio não é usado em elétrica, o que tornou relativamente cara sua instalação.
condições normais de operação, mas sim na partida da
célula e quando da ocorrência de desligamentos. Sua
finalidade é expulsar os resíduos de gás e ar, passivando
os elementos ativos internos da célula para evitar sua
deterioração por reações químicas secundárias
indesejáveis. Em cada desligamento (ou na partida
inicial) é usada uma das baterias, ficando a outra como
reserva até a reposição da carga da primeira. Deve haver
sempre suficiente pressão no tubo de entrada de
nitrogênio na célula, senão o sistema de controle não
permite que a célula funcione.
k) Construção de uma cerca de proteção em torno da
célula, para evitar que transeuntes visitantes
(principalmente crianças) inadvertidamente mexam em
alguma parte acessível da instalação (botões de comando
de emergência, válvulas de gás, etc.). FIGURA 4
A descrição geral do funcionamento da célula e suas ENTRADA DE GÁS NA CÉLULA
instalações auxiliares, bem como orientações para toda a Outra condição restritiva à localização da célula é o peso
instalação e construções necessárias, estão nos manuais do módulo de força, que é de 18 toneladas. Portanto, a
do fabricante [2] [3], que são razoavelmente claros e célula dificilmente poderá ser instalada mais do que uns 5
detalhados. Alguns contatos via correio eletrônico foram ou 6 metros de alguma via pavimentada, que permita o
suficientes para dirimir eventuais dúvidas.
‹ Œ ŒQŽs m – u” i‘ • m – i j i ’ “ u trânsito de um caminhão guincho de grande porte.
A central de tratamento de água acabou sendo utilizada
O custo das construções necessárias para instalar a célula apenas para o enchimento inicial do tanque interno de
está indicado na Tabela 1. refrigeração. A operação da célula revelou que ela é
capaz de recuperar grande parte do vapor de água, que é
TABELA I gerado pela reação química de funcionamento, sendo esse
CUSTO DE INSTALAÇÃO DA CÉLULA vapor condensado e redirecionado ao tanque. Essa
quantidade de água pura recuperada tem sido superior às
Descrição R$ perdas de vapor no processo, o que significa que a célula
não tem solicitado água adicional da central de
Ramal interno de gás 17.600,00 tratamento. Ao, contrário, ela tem até jogado fora o
Acoplamento de gás à célula 10.100,00 excesso de água recuperada.

Circuito de água quente 6.100,00


Instalação elétrica (2 circuitos) 47.900,00
Central de tratamento de água 21.300,00
Instalação de nitrogênio 9.300,00
Construção civil (bases, valetas, 53.500,00
grades, abrigos, etc.)
Diversos (transporte da célula, 5.400,00
compra de ferramentas, etc.)
TOTAL 171.200,00

‹ Œ  ŒQŽu tq • –  l ‘ u mJm u  l q'uŽs m – u” q • m – i j i ’ “ u


Nota-se que o custo da instalação elétrica é muito
superior ao do ramal de gás e do circuito de água quente.
Nota-se também que boa parte do custo da instalação de
gás é o acoplamento com a célula, que exige acessórios
ainda pouco comuns no incipiente mercado de gás natural FIGURA 5
no Brasil. Conclui-se que é melhor que a célula seja SAÍDA DOS CIRCUITOS ELÉTRICOS
locada o mais próximo possível da carga elétrica
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Para as outras células a serem montadas, não será durante oscilações de freqüência da rede. Isso poderia
construída central de tratamento de água. O enchimento ocorrer porque a potência da célula é muito pequena em
inicial do tanque interno será feito com os equipamentos comparação com a potência disponibilizada por um
de tratamento dessa primeira célula (a serem alimentador de 13,8 kV, e os “trancos” oriundos de
transplantados provisoriamente ao local das demais). distúrbios no alimentador ou nas condições de
w |…J‡{'†€| }'†ˆƒŠ~Š† paralelismo poderiam ser muito danosos. Este é mais um
empecilho para que pequenos geradores a Diesel, por
exemplo, operem em paralelo com a rede.

] c ` ^ ^ d c d ]
A célula pode operar em dois modos distintos: conectada A terceira é a capacidade de seu sistema de controle
à rede (     ) ou independente da rede (  
^ d [*d ^ d ^
    ). ressincronizar automaticamente a célula à rede, em caso
de retorno de tensão nesta. Não há necessidade de
A Figura 6 apresenta um diagrama esquemático das intervenção manual de algum operador.
conexões elétricas da célula. No modo de operação Em caso de falta na rede, a célula se reconfigura para o
conectada à rede, a célula utiliza seus dois circuitos de modo independente da rede. Para essa reconfiguração,
saída, alimentando sua carga exclusiva (pelo disjuntor seu sistema de controle leva em torno de 3 segundos.
MCB2) e enviando o excedente de energia à rede (pelo Também, a carga exclusiva (CPD) deve ter demanda de
disjuntor MCB1). No modo de operação independente da pico não superior à máxima potência transitória que a
rede, o disjuntor MCB1 fica aberto, com a célula célula pode fornecer (225 kW e 260 kVA durante 5
alimentando apenas sua carga exclusiva. segundos), e demanda de longo prazo não superior à
Quando a célula está configurada para operação potência nominal da célula (200 kVA).
conectada à rede, em caso de falha na rede a célula A carga instalada no painel do CPD, composta
poderá tomar uma dentre duas atitudes: reconfigurar-se basicamente por computadores, periféricos e central de ar
ed
para operação independente da rede ou ficar em vazio condicionado, tem demanda de cerca de 140 kVA, com
(   ). Esta opção é feita em seu sistema de controle, picos de até 180 kVA. Portanto, há até alguma folga para
podendo ser alterada sempre que quisermos. aumentos de carga no CPD.
Nota-se na Figura 1 a presença de dois geradores a Também é importante haver um sistema ininterruptível de
Diesel, que já existiam, para garantir fornecimento de energia (UPS) aos equipamentos que não podem ficar
energia ao CPD durante emergências. Normalmente o nem mesmo 3 segundos desligados, como os
CPD era alimentado pela rede, a qual pode provir de computadores e periféricos. No CPD já havia dois desses
qualquer de dois alimentadores oriundos de diferentes sistemas, com 100 kVA cada um.
subestações.
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'rq ” q Œ ‹ Œ q l i ’ “ u  Q• ” q Jq •Q” q • – q'” i'rq ” q
Até o final de janeiro/2002 a célula operou conectada à
Após sua instalação, a célula foi configurada para operar rede. A partir daí, devido a alguns inconvenientes que
no modo conectada à rede. A razão desta escolha foi que, serão relatados no item 4, a célula passou a operar no
assim, a célula poderia operar com plena capacidade,
a ` \ ] d
modo independente da rede. Essa opção é feita no próprio
sempre enviando à rede a energia que excedesse a curva
de carga do CPD.
 de seu sistema de controle.
Neste modo de operação, a célula fica insensível a
Como a célula é um gerador de alto custo de instalação, qualquer distúrbio que ocorra com os alimentadores de
com custo operacional relativamente baixo, é desejável
13,8 kV. Ela fica alimentando apenas sua carga exclusiva
que ela opere em sua máxima capacidade, para amortizar (CPD), de forma isolada. Em caso de falta na célula, ou
mais rapidamente o capital investido em sua instalação. no circuito que a interliga ao painel de entrada do CPD, o
Já um gerador a Diesel, por exemplo, tem baixo custo CLP comuta a fonte de suprimento para a rede ou, na
inicial e alto custo operacional (combustível e
falta desta também, para os geradores a Diesel. Durante
manutenção caros). Também, sua vida útil seria baixa se os tempos de comutação, os computadores ficam
fosse operado continuamente. Por isso, geradores a Diesel
alimentados pelos UPS, que têm autonomia de cerca de
são geralmente instalados para operação eventual, durante 30 minutos cada um.
emergências apenas.
O problema com esse modo de operação é que a célula
A célula tem três características fundamentais para não gera o máximo de energia possível. Ela gera apenas a
permitir sua operação em paralelo com a rede. A primeira energia demandada pela curva de carga do CPD. As
é o fato de seu sistema de controle desconectá-la da rede
conseqüências são dois inconvenientes de ordem
imediatamente em caso de falta de tensão nesta. Com econômica:
isso, evita-se que a célula alimente trechos isolados da
rede, colocando em risco pessoal de manutenção que • Maior tempo de amortização do investimento; e
possam ter desligado o ramal onde a célula está • Possível não atingimento do consumo mínimo,
conectada. estipulado no contrato de fornecimento de gás.
A segunda é o fato de a energia ser gerada de forma
estática, isto é, não há máquina girante que corra o risco
de ter seu eixo quebrado durante o paralelismo, ou
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FIGURA 6
DIAGRAMA DE CONEXÕES ELÉTRICAS DA CÉLULA

Œ Œ •Qq l Q‘ i  l t‘ o iq l i ” i compra de gás foi de R$ 90.424,00, com preço médio
de R$ 0,629/m3.
A única aplicação possível para a energia térmica, na
Durante o período de operação independente da rede,
sede da COPEL Distribuição, é o aquecimento de água
de 01/02/02 até 15/07/02, a célula gerou 499,8 MWh e
para uso do restaurante. Ali são consumidos cerca de
consumiu 123.485 m3 de gás. A despesa com essa
5000 l de água quente por dia.
compra de gás foi de R$ 81.212,00, com preço médio
A célula tem condições de fornecer 200 kW de calor, à de R$ 0,658/m3.
temperatura de 72 °C, o que é suficiente para aquecer
Nota-se que o consumo específico de gás é o mesmo,
uma vazão de água de aproximadamente 3.500 l/h
de 247 m3/MWh. O preço médio maior do gás
(desde temperatura ambiente, em torno de 22°C, até
consumido no modo independente da rede deve-se às
72°C). Conclui-se que o consumo de energia térmica
faixas escalonadas decrescentes de preço unitário em
não chega a 10% da capacidade da célula. O restante da
relação às faixas de consumo. Como o consumo neste
energia térmica gerada, e não aproveitada, é dissipada
modo de operação é menor, porque a geração de
no ambiente pelo módulo de refrigeração da célula.
energia é menor, o preço médio fica um pouco maior.
Segundo a Resolução ANEEL 21/00, de 20/01/2000, Não houve aumento nos preços do gás durante o
seria preciso um consumo mínimo de 73 kW de período analisado.
energia térmica, equivalente ao aquecimento de 30.000
l/dia de água, para poder qualificar a célula como
Œ Œ
Q‘ m – q ti” qŽu • – l u j q'” iŽ  j s j i
equipamento de co-geração incentivada. Isso permitiria O sistema de controle da célula é computadorizado, e a
a contratação de gás natural a preços subsidiados. célula dispõe de duas linhas telefônicas exclusivas:
Possivelmente, a célula a ser instalada no hospital uma para acesso ao sistema de controle e outra para
atenderá aos requisitos da Res. 21/00.
Œ  Œ •Qq l Q‘ i'j  – l ‘ o iq l i ” iqŽJu • m s tu” q  m
comunicação por voz (telefone comum). Um eletroduto
com um cabo telefônico com duas linhas foi passado
junto com os eletrodutos dos circuitos elétricos.
Durante o período de operação conectada à rede, de
^ d]^ d
Seu acesso é feito de forma semelhante a um provedor
de serviços de    , com um programa específico
21/08/01 até 31/01/02, a célula gerou 582,2 MWh e
consumiu 143.846 m3 de gás. A despesa com essa
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que é instalado em qualquer computador do usuário. Causa: Aquecimento do inversor. Finalmente, após três
Cada usuário tem uma senha de acesso, que lhe permite eventos devidos à mesma causa, a UTC mandou retirar
acessar as células com números de fabricação uma válvula na saída da bomba que resfria o inversor.
autorizados para esse usuário. A UTC mandou que o diâmetro da válvula de saída da
O fabricante tem acesso a todas as células instaladas no bomba 830 fosse aumentado de 3 mm para 14 mm.
mundo. Durante o período de garantia (1 ano), o Não foram observados mais eventos de aquecimento
fabricante supervisiona quase diariamente o do inversor.
desempenho da célula, acessando (geralmente a noite) 10/01/02 – 1 dia.
o arquivo de histórico de eventos, que faz parte do Causa: Falha nos ventiladores. Durante visita de rotina
sistema de controle. do pessoal de manutenção à célula, um ou dois dias
w }‡'‰ ‡„<…J‡y| |…J‡{'†ƒ'x |y'†Š<}'†ˆƒŠ~Š† antes, acreditamos que sem querer esbarraram numa
chave de controle manual dos ventiladores, que ficaram
 Œ  Œ  q l i ’ “ uŽu • q o – i ” i
'rq ” q permanentemente ligados, causando o desligamento no
dia 10//01/02.
Durante o período de operação conectada à rede, 22/01/02 – 1 dia.
ocorreram as seguintes interrupções no fornecimento Causa: Aquecimento do disjuntor dos transformadores
de energia da célula: 480/220 V, do circuito independente da rede na saída
• 21 interrupções de curta duração, inferiores a 60 da célula. O motivo do aquecimento foi a falta de
segundos, com retorno de fornecimento de energia aperto dos contatos (falha de montagem).
automaticamente, sem intervenção de operador. Quanto às interrupções de pequena duração, elas foram
• 8 interrupções de fornecimento graves, onde a provocadas por oscilações de tensão, distúrbios de

a _  ` J^
célula entrou em estado de desligamento freqüência e quedas de energia nos alimentadores de
(   ), com necessidade de intervenção de 13,8 kV. A célula não tem potência para alterar a
operador para reiniciar a operação. tensão no ponto de sua conexão com a rede, que é um
As datas, durações e causas das interrupções graves “barramento infinito” para ela. Mas seu sistema de
estão descritas brevemente a seguir. controle mantém sua onda de tensão sempre um pouco
adiantada em relação à da rede, para poder injetar
16/11/01 – 1 hora.
potência na rede. Também, as quedas de tensão no
Causa: aquecimento do inversor. O motivo era a circuito entre a célula e a rede fazem com que a tensão
deficiência no fluxo do fluido de refrigeração pelo nos terminais da célula sejam superiores à do seu ponto
inversor, mas nesse momento o problema era de conexão com a rede. Essas quedas de tensão devem
desconhecido. O retorno a operação foi via operador da ser compensadas pelas derivações nos enrolamentos
fábrica (UTC, no EUA). primários dos transformadores, ou por limitação na
7/12/01 – 4 horas. potência máxima gerada pela célula.
Causa: Entupimento de filtro de água durante Os componentes da célula mais sensíveis às oscilações
manutenção (ver Item 5). O retorno a operação foi feito de tensão e freqüência na rede são os controladores de
pelo pessoal do LACTEC, encarregado da manutenção. velocidade dos motores das bombas de refrigeração,
10/12/01 – 3 horas. bem como seu sistema de proteções elétricas. O
manual da célula indica os limites toleráveis. Por
f
Causa: aquecimento do inversor. (o mesmo problema
exemplo, à potência nominal (200 kW) a tolerância
do dia 16/11/01) O retorno a operação foi via operador
para a tensão nominal (480 V) e freqüência nominal
da UTC.
(60 Hz) são:
11/12/01 – 2 horas.
• Tensão: +/- 5 % permanentemente
Causa: aquecimento do inversor. (o mesmo problema).
+/- 10 % durante 1 segundo
O retorno a operação também foi via operador da UTC.
27/12/01 – 8 dias. • Freqüência: +/- 5 % permanentemente
Causa: Falta de água. Durante a primeira manutenção Mais de 5 % desliga
trimestral, no dia 7/12/01, ao encerrar os trabalhos e A cada interrupção, mesmo que de curta duração, o
após problemas com entupimento de um filtro (ver CLP comuta a fonte para o CPD e ocorre atuação dos
UPS, com desgaste necessário desses componentes
` ]^
evento do dia 7/12/01), foi cometido um segundo erro.
A borracha de vedação do filtro (    ) foi colocada (chaveamento excessivo). Passado o distúrbio, como a
incorretamente, o que supomos deve ter causado uma célula é a fonte preferencial, o CLP novamente retorna
a alimentação do CPD pela célula.
a _  ` J^
perda constante de água, numa taxa maior que a de
reposição, causando o   da célula no dia Devido ao grande número de interrupções de curta
27/12/01 por falta de água. A demora para reiniciar a duração, foi decidido operar a célula no modo
célula (8 dias) foi devida a falhas na comunicação entre independente da rede.
a UTC e o LACTEC, durante análise do problema.
7/01/02 – 3 dias.

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 Œ ‹ Œ q l i ’ “ u  Q• ” q Jq •Q” q • – q'” i'rq ” q O custo de lubrificação da bomba de água refere-se
Durante o período de operação independente da rede, apenas à graxa aplicada.
ocorreram 3 interrupções de fornecimento, com A longa duração da limpeza/substituição do filtro de
desligamento da célula, tendo sido necessária a água foi por motivo de erro de inversão na conexão de
intervenção de operador para reiniciar a operação. uma mangueira de água, que causou entupimento da
As datas, durações e causas dessas interrupções estão mesma por resina de filtragem. A demora deveu-se à
descritas brevemente a seguir. localização e reparo do erro.
08/04/02– 1 dia. O custo de mão de obra está incluído no contrato de
pesquisa firmado entre COPEL e LACTEC. Está sendo
Causa: Falta de gás na entrada da célula. O motivo foi
analisada a disponibilidade, no mercado nacional, de
o não funcionamento da válvula de entrada de gás
componentes equivalentes.
(interna da célula), que por motivos não esclarecidos
fechou o fluxo de gás. A válvula não foi substituída, TABELA 2
simplesmente foi destravada manualmente e passou a PRIMEIRA MANUTENÇÃO TRIMESTRAL
operar corretamente.
8/06/02 – 6 horas Descrição Duração Custo
Causa: Desligamento por problemas na saída do Limpeza/substituição do filtro 15’ US$ 220,00
inversor. O motivo foi uma sobretensão na saída da da tomada de ar de ventilação
célula, causada por um erro de manobra com o gerador
Diesel, que foi ligado “em cima” da célula. Lubrificação da bomba de 10’ R$ 8,00
13/06/02 – 1 dia fluido de refrigeração
Causa: Desligamento por problemas na saída do Limpeza/substituição do filtro 7h US$ 35,00
inversor. O motivo foi novamente uma sobretensão na de água
saída da célula causada por um erro de manobra com o
Limpeza/substituição do filtro 25’ US$ 58,00
gerador Diesel. A demora no retorno a operação da
de ar do reformador de gás
célula foi que o LACTEC só foi avisado do problema
pela UTC no dia seguinte. Limpeza do tanque de água 1h ------------
 Œ Œ rq m s tu” u m*q m j ‘ Qi tq • – u m TOTAL 8h 50’ US$ 313,00
+ R$ 8,00
Œ ‹ Œ
Qq Qs •Q” ii •Qs – q •Q’ “ u l ‘ tq m – l i j
Dos 11 desligamentos, 6 foram por erros nossos
(LACTEC e/ou COPEL), totalizando 11 dias e 6 horas
de parada.
Foi realizada no dia 04/04/02 e os serviços feitos estão
Os demais 5 desligamentos foram por problemas da
resumidos na Tabela 2.
célula, totalizando 4 dias e 6 horas de parada.
Valem as mesmas observações da primeira manutenção
A questão da sensibilidade de componentes da célula a
trimestral.
distúrbios na rede externa está sendo analisada,
juntamente com a UTC. A expectativa de duração das resinas e do carvão

w „<†y~z‡y€|ˆ}'† ƒŠ~Š†
ativado era de pelo menos 1 ano, devido aos cuidados
com a utilização de um sistema externo de osmose
reversa para purificar a água que entrou na célula,
As despesas com manutenção da célula até o mês de durante a instalação e na 1ª manutenção trimestral. Este
julho/02 foram as referentes a reposição de gás fato está sendo analisado e serão levantados dados mais
nitrogênio durante os desligamentos ocorridos, bem detalhados sobre o processo de saturação das resinas.
como nas duas manutenções trimestrais. O filtro de ar do reformador de gás original era de 5
O manual de serviço da célula [4] recomenda dois micra, e foi substituído por um de 1 micron, por
procedimentos de manutenção: a cada 2000 horas orientação da UTC. Com a troca, foi adicionado um
aproximadamente (mais ou menos trimestral) e a cada comparador de pressão para informar quando o novo
8000 horas aproximadamente (mais ou menos anual). filtro ficará obstruído por partículas e necessitando
Œ  Œ hl ‘ tq ‘ l ii •Qs – q •Q’ “ u  l ‘ tq m – l i j limpeza, independentemente do tempo de operação.
O tempo de limpeza do tanque de água foi reduzido,
Foi realizada no dia 07/12/01 e os serviços feitos estão porque o seu enchimento foi realizado pelo próprio
resumidos na Tabela 2. funcionamento da célula, através da condensação da
água gerada no processo. O enchimento dessa forma
O custo dos componentes substituídos refere-se ao levou 24 horas, mas com a célula operando
preço de referência do fabricante. Não houve normalmente. Na primeira manutenção, o enchimento
desembolso, porque a célula está em período de foi por suprimento externo de água.
garantia.

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TABELA 3 capital será então amortizado em 10 anos (120 meses),
SEGUNDA MANUTENÇÃO TRIMESTRAL a uma taxa de juros de 12% a.a. (0,0094888% a.m.).
O fator de recuperação de capital correspondente é de
Descrição Duração Custo 0,014/mês. Multiplicando-se esse fator pelo capital
Limpeza/substituição do filtro 15’ US$ 220,00 total investido resulta num custo de R$ 33.615,00/mês.
da tomada de ar de ventilação A energia gerada no período de operação conectada à
rede foi de 582,2 MWh em 5,3 meses, ou seja, uma
Lubrificação da bomba de 10’ R$ 8,00 média de 109,8 MWh/mês. Assim, o custo de capital
fluido de refrigeração referente à energia gerada foi de R$ 306,15/MWh.
Limpeza/substituição do filtro 30’ US$ 35,00 A energia gerada no período de operação independente
de água da rede foi de 499,8 MWh em 5,4 meses, ou seja, uma
média de 92,6 MWh/mês. Assim, o custo de capital
Limpeza/substituição do filtro 25’ US$ 58,00
referente à energia gerada foi de R$ 363,01/MWh.
de ar do reformador de gás
Na situação teórica de geração contínua de 200 kW
Inspeção/substituição das US$ pela célula, com apenas dois dias de interrupção por
resinas e do carvão ativado de 55’ 2.107,00 ano para manutenção de rotina, seriam gerados em
purificação interna da água média 145,6 MWh/mês. Esta situação levaria ao custo
Limpeza do tanque de água 20’ ------------ mínimo de capital da energia elétrica gerada pela
célula, que seria de R$ 230,87/MWh.
TOTAL 2h 35’ US$2.420,00 O custo de capital mais alto reflete, portanto, um fator
+ R$ 8,00 de carga inferior a 1,0 da carga suprida pela célula, os
eventuais períodos com limitações na potência máxima
Œ Œ q m q m i mo u t‘ – l u  • ‘ u gerada, e também os desligamentos ocorridos.
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Os desligamentos havidos e as paradas de manutenção
implicaram em reposições de cargas de nitrogênio. O O consumo específico de gás é de 247 m3/MWh.
custo total, até julho/02, foi de R$ 17.600,00. Na operação conectada à rede o preço médio do gás foi
O alto custo do nitrogênio é porque está sendo usado o de R$ 0,629/m3. Assim, o custo de combustível da
de grau de pureza 0,99996, que custa R$ 480,00 a energia gerada foi de R$ 155,36/MWh.
garrafa de 10,44 kg de N2. Está sendo analisada a Na operação independente da rede, o custo médio de
possibilidade de usar nitrogênio com grau de pureza combustível ficou em R$ 0,658/m3, tornando o custo de
comercial, que custa R$ 90,00 a garrafa. Seriam combustível da energia gerada R$ 162,53/MWh.
instalados filtros para reter as impurezas contidas. Na situação teórica de geração contínua de 200 kW
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ƒ'x |‰‡'ƒ|y „x ƒ|‰ pela célula, o maior consumo de gás levaria a um preço
médio menor. Considerando um preço de R$ 0,60/m3, o
A seguir se apresenta o cálculo do custo da energia custo mínimo de combustível da energia gerada teria
gerada, bem como o dos benefícios econômicos sido de R$ 148,20/MWh.
obtidos. Foi considerado um valor médio, no período Note-se que o combustível gasto também gerou energia
desde a compra da célula até julho/02, de R$ 2,50/US$ térmica útil, além da energia elétrica. Esse benefício
será calculado adiante.
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para o câmbio.
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O cálculo do custo da energia gerada inclui os A 1ª manutenção trimestral teve custo de R$ 790,00 e a
seguintes componentes: custo de capital, custo de 2ª manutenção trimestral teve custo de R$ 6.058,00.
operação (gás) e custo de manutenção. Somando ao custo das reposições de gás, houve um
custo total de manutenção de R$ 24.448,00.
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 d \ [   \ e Considerando que essa despesa foi incorrida de forma
proporcional ao tempo de operação da célula, teremos
Somando-se o preço de compra da célula, equivalente a um custo médio mensal de R$ 2.284,86/mês.
R$ 2.155.000,00, a despesa de importação por célula, No período de operação conectada à rede, o custo de
de R$ 74.900,00, e o custo de instalação da célula no manutenção representou R$ 20,81/MWh gerado.
pátio da COPEL, de R$ 171.200,00, chega-se a um No período de operação independente da rede, o custo
custo total de R$ 2.401.100,00. de manutenção representou R$ 24,67/MWh gerado.
O tempo de vida útil do componente principal da célula Na situação teórica de operação contínua à máxima
é de cerca de 10 anos. Há cerca de 250 células potência, o custo de manutenção representaria um valor
instaladas no mundo nos últimos 10 anos que indicam de R$ 15,69/MWh gerado.
ser razoável essa expectativa de vida. O custo de

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É verdade que está quase na época da 3ª manutenção energia térmica, resultando em 145,6 MWh/mês de
trimestral, cujo custo deveria ser acrescido ao aqui energias elétrica e térmica geradas. Se essa energia
computado, pois a célula já está operando há 10,7 térmica for integralmente aproveitada, a economia com
meses. Mas como o custo foi excessivo nas duas GLP seria de 12.333 kg/mês, ou R$ 24.266/mês. Isso
primeiras, por inexperiência com essa atividade e representaria uma economia de R$ 166,66/MWh de
também pelo valor considerado para os materiais energia elétrica gerada. Nota-se que esse valor é
substituídos, mesmo esse valor de R$ 2.284,86/mês superior ao gasto com combustível (R$ 148,20/MWh).
deve ainda estar superestimado. Œ Œ rq m s tu” u mŽs m – u mqq •Qq   o ‘ u m
Um dos objetivos do projeto de pesquisa com o
LACTEC é, justamente, buscar alternativas para Os custos e benefícios econômicos obtidos com a
minimizar a necessidade e o custo de manutenção, bem célula estão resumidos na Tabela 4. Os valores
como as ocorrências de desligamentos. indicados são em R$/MWh.
Œ ‹ Œ q •Qq   o ‘ u m 'o u • t‘ o u m” i •Qq l Q‘ iq l i ” i Do ponto de vista de um consumidor de energia, a
viabilidade de uso de uma célula a combustível é
Os benefícios econômicos obtidos são as economias analisada pela comparação de seu custo total com seu
com as reduções nos consumos de energia elétrica da benefício total, como na Tabela 4. Neste relatório, este
rede e de GLP (gás liquefeito de petróleo), que era é o ponto de vista estudado.
usado no aquecimento da água para o restaurante.
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Do ponto de vista de uma distribuidora de energia, que
pretenda instalar células a combustível ao invés de
expandir seu sistema de distribuição, a viabilidade de
Os escritórios da COPEL são um consumidor horo- seu uso é analisada pela comparação de seu custo total
sazonal azul em 13,8 kV. A redução no consumo de com o custo marginal de expansão no local de
energia será computada distribuindo a energia total aplicação da célula. A metodologia desta análise foi
gerada proporcionalmente aos períodos de ponta e fora objeto de trabalho [1] apresentado no XIV SENDI, em
de ponta, tanto seco quanto úmido, resultando num novembro/2000, em Foz do Iguaçu/PR. Neste caso, do
preço médio anual equivalente para a energia da célula. custo total da célula deve ser abatida a valorização da
No período de operação da célula, estavam em vigor as energia térmica, que deve ser feita conforme suas
seguintes tarifas do Grupo A4 Azul (ICMS incluso): possibilidades de venda aos consumidores da área
• Ponta Seca : R$ 160,92/MWh vizinha à da célula: aquecimento de água, climatização
ambiental, aplicações industriais, etc.
• Ponta úmida: R$ 148,93/MWh
• Fora de ponta seca: R$ 76,51/MWh TABELA 4
RESUMO DE CUSTOS E BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
• Fora de ponta úmida: R$ 67,61/MWh
Com uma média mensal de 65 horas de ponta e 665 Custos Con. à rede Ind. da rede Contínua
horas fora de ponta, com 5 meses úmidos e 7 meses
secos, resulta uma tarifa média de R$ 80,20/MWh. Capital 306,15 363,01 230,87
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 Gás 155,36 162,53 148,20
O consumo de água quente no restaurante é de cerca de Manutenção 20,81 24,67 15,69
5.000 l/dia. Em 22 dias úteis por mês, resulta um
consumo de 110.000 l/mês. Para elevar a temperatura Total 482,32 550,21 394,76
dessa massa de água em 50 °C, gasta-se 5.500.000 kcal Benefícios Con. à rede Ind. da rede Contínua
de energia térmica a cada mês, o que é equivalente a
6.400 kWh/mês. En. elétrica 80,20 80,20 80,20
A queima de 1 kg de GLP fornece aproximadamente En. térmica 9,73 11,51 166,66
12 kWh de energia térmica. Portanto, a energia térmica
gerada pela célula permite uma redução de consumo de Total 89,93 91,71 246,86
533 kg/mês de GLP. Considerando um custo médio do

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GLP de R$ 2,00/kg, tem-se economia de R$ 1.066,00 a
cada mês. 
Na operação conectada à rede, a geração média de
energia elétrica foi de 109,8 MWh/mês. Portanto, a O futuro do negócio distribuição de energia elétrica
economia com GLP representou R$ 9,73/MWh. apresenta, dentre outras, as seguintes ameaças:
Na operação independente da rede, a geração média de • Aumento da competição com outros energéticos,
energia elétrica foi de 92,6 MWh/mês. A economia em especial o gás natural.
com GLP representou R$ 11,51/MWh. • Maior exigência do consumidor por qualidade e
Na situação teórica de geração contínua de 200 kW continuidade.
pela célula, há também uma geração de 200 kW de • Maior consciência sobre o meio ambiente.

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• Disponibilidade de gás natural. tanto no que se refere à sensibilidade às condições
• Provável redução de preço e dimensões das células de nossos sistemas de distribuição, quanto ao
a combustível em futuro próximo. mercado de componentes de reposição.
Por outro lado, a evolução da tecnologia das células a • Sob condições ótimas de instalação, operação e
combustível oferecerá, provavelmente, as seguintes manutenção, uma queda significativa no preço
oportunidades de negócio num futuro próximo: FOB das células poderá torná-las competitivas
com a energia fornecida pelas redes de distribuição
• Energia elétrica e térmica com qualidade e convencionais, cujo custo tem sido crescente nos
continuidade, a preços competitivos com a rede últimos anos no Brasil.
elétrica convencional.
• Neste projeto de pesquisa não houve incidência de
• Geração de energia com alta eficiência e pouca ou impostos na compra das células. Mas, por se tratar
nenhuma emissão de poluentes (“energia verde”). de fontes alternativas de energia, com baixo
• Venda de células a combustível a usuários finais. impacto ambiental e alta eficiência de
• Venda de serviços de instalação e manutenção de aproveitamento da energia primária (gás natural), a
células a combustível. incidência de impostos poderá ser definida em
níveis baixos. Como o preço de compra é o
As finalidades do projeto de pesquisa com células a determinante no custo da energia gerada, mesmo
combustível, firmado entre a COPEL e o LACTEC,
que células a combustível venham a ser fabricadas
são as seguintes: no Brasil, a incidência de impostos poderá ser (ou
• Domínio tecnológico na instalação, operação e não) um fator impeditivo na disseminação desse
manutenção de células a combustível. tipo de tecnologia.
• Apresentação prática dessa nova tecnologia, aos
consumidores e à comunidade científica.
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• Estudo das possíveis formas de aproveitamento da [1] Amêndola, A. G.; Rocha, M. C. “Usina a Célula
energia térmica gerada. de Combustível – Uma Proposta para Análise da
• Experiência com a quebra do paradigma de que o Viabilidade Econômica de sua Implantação”. XIV
sistema de distribuição é unidirecional, onde SENDI. Foz do Iguaçu. 2000.
fontes geradoras somente podem ser conectadas [2] International Fuel Cells. “PC25TMC Fuel Cell
aos barramentos das subestações fonte, e não ao Installation Manual”. ONSI Corporation. South
longo das redes de distribuição. Windsor. 1997.
• Avaliação prática das perspectivas de aplicação [3] International Fuel Cells. “PC25TMC Fuel Cell
das fontes de geração distribuída de energia, cuja Product Description”. ONSI Corporation. South
descrição básica está detalhada na referência [5]. Windsor. 1996.
• Transformar uma possível ameaça futura em novas [4] International Fuel Cells. “PC25TMC Fuel Cell
oportunidades de negócio. Service Manual – Vol. 1&2”. UTC – United
Quanto ao custo da energia gerada por essa primeira Technologies Corporation. South Windsor. 2001.
célula a combustível, podem ser feitos os seguintes [5] Pati, M. E.; Ristau, R.; Sheblé, G. B.; Wilhelm, M.
comentários: C. “Real Option Valuation of Distributed
• A parte mais pesada do custo é a referente ao Generation Interconnection”. Edison Electric
preço FOB da célula. Há expectativas de que esse Institute. 2001.
preço possa cair pela metade dentro de 5 anos.
• Se a célula for aplicada de forma a se aproveitar
integralmente a energia elétrica e térmica geradas,
seu custo operacional fica muito baixo em relação
a outras fontes de geração distribuída disponíveis.
• Se a célula for qualificada como equipamento de
co-geração incentivada, nos termos da Resolução
ANEEL 21/00, a compra de gás a preço subsidiado
reduzirá substancialmente seu custo operacional.
• A densidade de potência e as condições de
instalação da célula já são razoavelmente
interessantes, em relação a outras fontes de
geração distribuída, e sua evolução tecnológica
poderá torná-las ainda mais interessantes.
• As condições de operação e manutenção das
células devem ser adaptadas à realidade brasileira,

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