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Intervenção do farmacêutico na gestão de

transportes.
O farmacêutico é o único profissional habilitado, com conhecimento
técnico e específico sobre recebimento, armazenamento e conservação de
medicamentos, já que é uma atribuição exclusiva à sua atuação. Por isso,
garante que a segurança e eficácia sejam mantidas durante todas as etapas de
distribuição e transporte, além de gerenciar e validar os processos relacionados
à obtenção e renovação de licenças de funcionamento perante os órgãos
competentes, seguindo as legislações pertinentes.

Além disso, com a modernização dos portos brasileiros e,


consequentemente, com o seu crescimento e importância estratégica para a
economia nacional, a atuação do farmacêutico no recinto alfandegado (porto),
no tocante aos produtos sob Vigilância Sanitária, é de extrema importância
para assegurar a regularização das empresas, assim como a qualidade das
mercadorias, de acordo com as recomendações do fabricante/importador, no
momento da nacionalização, visando, assim, garantir a preservação da saúde
no final da cadeia de abastecimento.

A seguir serão apresentadas as principais atribuições do farmacêutico no


recinto alfandegado

Documentação Regulatória da Empresa


• Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE);
• Autorização Especial (AE), quando aplicável;
• Registro de Responsabilidade Técnica.

Capacitação de Colaboradores
• Recursos humanos qualificados;
• Treinamento em Boas Práticas de Armazenagem;
• Treinamento de Controle de Vetores;
• Treinamento do Núcleo de Prevenção ao Aedes Sp;
• Treinamento de doenças endêmicas ou epidêmicas, quando necessário;
• Treinamento de Procedimentos Operacionais Padrão, Planos e Programas;
• Treinamento para Segregação de Resíduos Sólidos.

Monitoramento/ Acompanhamento
• Temperatura e umidade;
• Qualidade / Potabilidade da água;
• Mercadorias sob normas Anvisa;
• Avarias e Interdições (reexportação/ destruição);
• Condições sanitárias do recinto;
• Inspeção do recinto.

Qualificação e Supervisão de Fornecedores e Serviços


• Análise de água potável para consumo humano;
• Gerenciamento de Resíduos Sólidos;
• Controle de vetores;
• Higienização dos reservatórios de água potável;
• Efluentes sanitários;
•Calibração e manutenção dos equipamentos críticos (termo higrômetro,
balança, entre outros);
• Manutenção, operação e controle de ar-condicionado;
• Limpeza e desinfecção de superfícies e áreas externas
• Manutenção das instalações do terminal.

Documentação de Qualidade e Atendimento ao Cliente


• Manual de Boas Práticas de Armazenagem;
• Procedimentos Operacionais Padrão;
• Planos e Programas de execução de atividades;
• Recebimento e acompanhamento de auditorias internas e externas;
• Ações corretivas e preventivas de produtos e processos;
• Qualificação de fornecedor;
• Atendimento de requisitos legais e subscritos; • Suporte técnico

Relação sobre cargas perigosas / classificação dos perigos.

A classificação de perigos, conforme os critérios do GHS, é normalizada


pela ABNT NBR 14725-2. Essa informação é utilizada para preenchimento da
seção 02 da FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos
Químicos) e dos rótulos dos produtos classificados como perigosos. Já a
classificação para transporte é normalizada pela Resolução 5.947/21 da ANTT.
Sua informação é utilizada na seção 14 da FISPQ, na Ficha de
Emergência para o transporte, nas embalagens externas de produtos
perigosos, entre outros.

Produto Perigoso X Produto não perigoso

Para entendermos às classificações de perigos dos produtos químicos é


necessário entender as diferenças entre um produto CLASSIFICADO e um
NÃO CLASSIFICADO como perigoso.
Quando um produto é perigoso?

Todas as substâncias químicas podem ser perigosas sob condições


excessivas de uso ou contato. Por exemplo, um medicamento tomado na
dosagem recomendada não causa problemas, no entanto, no caso de uma
superdosagem pode ser perigoso à saúde.

E um produto não perigoso?

Um produto é CLASSIFICADO como não perigoso de acordo com


critérios pré-estabelecidos em normas, regulamentos ou resoluções. Por
exemplo, um produto pode ser classificado como NÃO PERIGOSO para o
transporte e por isso não possuir número de ONU, no entanto, isso não
significa que ele não seja classificado como perigoso, segundo os critérios do
GHS.

Por que devemos realizar a classificação de perigos?

Os sistemas de classificação de perigos existentes levam em


consideração as propriedades intrínsecas da substância ou mistura, portanto,
faz-se necessária a classificação adequada para conhecermos os perigos
existentes e minimizarmos a probabilidade de riscos.

Perigo:
Os perigos de um produto químico estão relacionados com suas
características, ou seja, com as propriedades intrínsecas da substância ou
mistura. Trata-se da real possibilidade daquele produto provocar danos físicos
(incendiar, explodir), danos à saúde (irritações, lesões, morte) e danos ao meio
ambiente (mortandade, poluição). Sendo assim, o perigo de um produto
químico está relacionado ao seu potencial de causar efeitos adversos quando
um organismo, sistema ou população exposta a este agente.

Risco:
Já os riscos de um produto químico estão relacionados com a somatória
dos perigos que aquele agente possui mais a probabilidade de um dano ocorrer
devido a exposições àquela substância. O risco é o resultado ou a
consequência do perigo. Não existiriam riscos se não houvessem perigos. 
Para facilitar o entendimento destes conceitos vamos fazer uma analogia
com um iceberg. Os icebergs são blocos de gelo flutuantes que podem ter
diversas formas e tamanhos, que normalmente costumam indicar a sua origem
e idade. Apenas 10% do iceberg fica visível na superfície, sendo que 90% do
seu volume está imerso na água. Por este motivo, os icebergs são
considerados um grande PERIGO para a navegação marítima, ou seja, por
causa de sua característica física (maior parte submersa na água) ele
representa um PERIGO para quem navega perto dele.

Desde o grande acidente com o transatlântico Titanic, em 1912, que se


chocou com um iceberg e naufragou no Atlântico Norte, foi criada a Patrulha
Internacional do Gelo para monitorar os icebergs do oceano Atlântico, visando
assim, diminuir os RISCOS de um acidente.

Ainda que, aparentemente, o PERIGO de um produto não classificado


como perigoso, de acordo com algum critério específico, seja menor, o RISCO
pode existir e não deve ser desprezado.

O que é a classificação GHS?


O GHS, Sistema Globalmente Harmonizado, tem como objetivo
aumentar a proteção da saúde humana e do meio ambiente, fornecendo um
sistema de classificação harmonizado, unificado e internacionalmente
compreensível para comunicação de perigos dos produtos químicos. Inclui
elementos (pictogramas) para informar os perigos nos rótulos e FISPQs dos
produtos químicos.
A classificação de perigos, segundo o GHS, é válida para substâncias
puras, misturas ou soluções considerando os perigos existentes de acordo com
cada caso. Ela se aplica a todos os produtos químicos, exceto aqueles já
regulados pelas suas próprias leis ou regulamentos, como farmacêuticos,
cosméticos, aditivos alimentares, etc. 

Para efetuar uma classificação GHS adequada deve-se:

 Obter os dados (estudos) referentes à substância ou mistura para


identificar os perigos existentes;
 Analisar os perigos de uma substância ou mistura de acordo com os
critérios de classificação existentes no GHS;
 Efetuar a classificação de perigo adequada.

Em nosso país, o GHS é normalizado pela NR26 e ABNT NBR 14725-2.

Norma Regulamentadora NR 26 (MTE).

A Norma regulamentadora NR 26 do Ministério do Trabalho e Emprego,


estipula, entre outros, que:
 O produto químico utilizado no local de trabalho deve ser classificado
quanto aos perigos para a segurança e a saúde dos trabalhadores de
acordo com os critérios estabelecidos pelo GHS;
 No caso de mistura deve ser explicitado na FISPQ o nome e a
concentração, ou faixa de concentração, das substâncias que: representam
perigo para a saúde dos trabalhadores, se estiverem presentes em
concentração igual ou superior aos valores de corte/limites de concentração
estabelecidos pelo GHS (ABNT NBR 14725-2) para cada classe/categoria
de perigo; e possuam limite de exposição ocupacional estabelecidos.
 A rotulagem preventiva do produto químico classificado como perigoso a
segurança e saúde dos trabalhadores deve utilizar procedimentos definidos
pelo GHS, contendo os seguintes elementos: identificação e composição do
produto químico; pictograma (s) de perigo; palavra de advertência; frase(s)
de perigo; frase(s) de precaução; informações suplementares.
 O empregador deve assegurar o acesso dos trabalhadores às fichas
com dados de segurança dos produtos químicos que utilizam no local de
trabalho, bem como devem receber treinamento sobre as informações nela
presentes.
 Os produtos notificados ou registrados como Saneantes na
ANVISA estão dispensados do cumprimento das obrigações
de rotulagem preventiva conforme o GHS.

O GHS é realmente idêntico em todos os países?

O GHS foi construído levando em consideração seus elementos de


classificação e comunicação, como uma coleção de blocos de construção.
Trata-se de um sistema completo de harmonização de perigos, no entanto, um
país, em função do que se pretende obter com adoção do GHS, não é obrigado
a adotá-lo completamente.
Em função dos sistemas em que serão aplicados (consumo, local de
trabalho, transporte, etc), os países podem optar quais blocos de construção
serão utilizados, ou seja, podem não adotar uma determinada classe ou
categoria de perigo ou agrupar determinadas categorias. Por exemplo:
 Não adotar a categoria 5 de toxicidade aguda;
 Agrupar as categorias 1A, 1B e 1C de corrosão à pele, entre outros.

No Brasil não há menção de exclusão ou agrupamento de nenhuma das


classes, ou categorias de perigo.

NBR 14725-2 (ABNT).

A NBR 14725-2 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas,


estabelece os critérios para classificação GHS, entre outros itens:
 A classificação das misturas deve ser feita sempre baseada nos dados
de ensaios da mesma, quando houver.  Em outros casos, poderão ser
utilizados dados de misturas substancialmente similares e/ou dados de
ingredientes da mistura. 
 Ao classificar uma mistura por meio dos perigos de seus ingredientes,
devem ser utilizados valores de corte/limites de concentração já
estabelecidos no GHS. Se forem disponíveis informações indicando que o
perigo de um ingrediente é evidente mesmo abaixo do valor de corte/limite
de concentração, a mistura que contiver esse ingrediente deve ser
classificada conforme a toxicidade mais restritiva.

No caso de misturas, quais ingredientes devem ser informados na FISPQ.

No caso de mistura deve ser explicitado na FISPQ: o nome (químico


comum ou técnico), o número CAS e a concentração, ou faixa de
concentração, das substâncias que representam perigo para a saúde ou meio
ambiente (segundo os critérios do GHS – ABNT NBR 14725-2), se estiverem
presentes em concentração igual ou superior aos valores de corte/limites de
concentração estabelecidos pela tabela existente na ABNT NBR 14725-4*, ou
que possuam limite de exposição ocupacional estabelecidos.
O que é Classificação para Transporte de produtos perigosos

O que é a classificação para transporte?

A legislação relacionada à classificação para o transporte de produtos


perigosos surgiu por iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas)
através da publicação do “Recommendations on the Transport of Dangerous
Goods (Recomendações no Transporte de Produtos Perigosos) ”, mais
conhecido como “Orange Book”.
Atualmente o Orange Book encontra-se em sua 22º edição publicada em
2021 e serve como base para criação do Regulamento de Transporte Terrestre
de Produtos Perigosos (RTPP) brasileiro conhecido
como RESOLUÇÃO ANTT  5947/21 que, por sua vez, está baseada na 18º,
com partes da 19º edição do Orange Book.
Na Resolução 5.947 encontram-se, além de outras orientações, os
critérios para classificação das substâncias e artigos perigosos para transporte.

O que são classes ou subclasses de risco?

As classes ou subclasses de risco estão descritas na Resolução


5.947/21 da ANTT (MT) e servem para classificar produtos perigosos para
transporte.  Uma classe de risco representa “O que uma substância ou o
artigo é”, ou seja, está relacionada à (s) propriedade (s) intrínsecas da
substância/artigo. Elas são representadas através de algarismos que vão de 1
a 9 e cada uma delas possui seu rótulo de risco (pictograma) específico.
As classes de risco são utilizadas em vários momentos como, por
exemplo, na sinalização da unidade de carga no momento do transporte do
produto perigoso, nos documentos obrigatórios, como é o caso da Ficha de
Emergência (documento utilizado para o transporte) ou da FISPQ, entre outros.
As classes de riscos estão sempre atreladas à algum número de ONU
conforme a planilha de produtos perigosos (constante da Resolução 5947/21
da ANTT).
A classificação de um produto considerado perigoso deve ser feita pelo
seu fabricante ou expedidor (orientado pelo fabricante), tomando como base as
características físico-químicas do produto e ensaios necessários, alocando-o
numa das classes ou subclasses de risco que mais se aproximam a substância
ou artigo envolvido.
Algumas classes de risco possuem também subclasses que servem
para separar os tipos de substâncias dentro de uma mesma classe de risco.
Exemplo: Classe de Risco Principal 6 (Substâncias tóxicas e Substâncias
infectantes) e suas Subclasses de Risco: 6.1 (Substâncias Tóxicas) e 6.2
(Substâncias Infectantes).
Quando se tratar de uma substância que representa mais de uma classe
de risco (Exemplo: Substância Tóxica e Corrosiva), além da CLASSE DE
RISCO PRINCIPAL, existirá também a CLASSE DE RISCO SUBSIDIÁRIO,
que tem o mesmo significado que a classe de risco, porém serve para informar
um risco adicional do mesmo material perigoso.
Quais são classes de risco?
Classe Produtos

1 Explosivos

2 Gases

3 Líquidos inflamáveis

Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas à combustão espontânea; e


                   4
Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis

                   5 Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos

          6 Substâncias tóxicas e substâncias infectantes

                 7 Material radioativo

                 8 Substâncias corrosivas

Substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias que


         9
Apresentem risco para o meio ambiente
Classificação de perigos para produtos perigosos. Como fazer?
Conforme dito anteriormente tanto a ABNT NBR 14725-2 quanto
à Resolução 5947/21 da ANTT apresentam em seus textos os critérios para
classificação de produtos perigosos.
Nos dois casos, eles levam em consideração às propriedades
intrínsecas das substâncias ou misturas, sendo que, a classificação GHS visa
prioritariamente a proteção da saúde e segurança dos trabalhadores e do meio
ambiente e a classificação para transporte está voltada basicamente para às
operações que envolvem o transporte de produtos perigosos.

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