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Entenda melhor: NR e Produtos Químicos

Nesse primeiro momento, para entender melhor a respeito das demandas que existem quando tratamos do uso de
produtos químicos no ambiente de trabalho, cabe explicar o que é exatamente uma Norma
Regulamentadora. Logo, para quem não está familiarizado, em resumo, as normas regulamentadoras são aquelas
que estipulam padrões de trabalho e fornecem informações a fim de garantir o bem-estar e a segurança dos
diversos profissionais.

Sendo assim, a sua implantação não é opcional, sendo prevista em Lei tanto para organizações públicas quanto
privadas. No que diz respeito à direitos trabalhistas, portanto, essas normas, reconhecidas também através da sigla
NR, podem ser consideradas um passo importantíssimo para os trabalhadores e trabalhadoras.

Em linhas gerais, elas buscam evitar o aparecimento de doenças físicas e mentais, lesões, machucados e diversos
outros tipos de acidentes que podem colocar em risco a sua integridade. Por sua vez, para dar conta da amplitude
de fatores aqui encontrados, houve a necessidade de criar de uma quantidade considerável delas, somando-se
hoje, ao todo, 36 NRs. Uma marca bem impressionante, não é mesmo?

Nesse contexto, iremos nos deter na que aborda de forma mais consistente as questões relacionadas ao uso de
produtos químicos, que é a NR–26, se responsabilizando especialmente pela sinalização de segurança.

Sobre a NR-26

A Norma Regulamentadora 26 foi originalmente editada pela Portaria MTb nº 3.214, de 08 de junho de 1978. A
redação original da NR-26 estabelecia as cores a serem utilizadas nos locais de trabalho para: identificação de
equipamentos de segurança; delimitação de áreas; identificação das canalizações empregadas para condução de
líquidos e gases; e advertência acerca dos riscos. O texto inicial trazia também disposições relativas à rotulagem
preventiva dos produtos perigosos e nocivos à saúde.

Desde a sua publicação, a NR-26 sofreu duas revisões (2011, 2015).

A primeira revisão, conferida pela Portaria SIT nº 229, de 24 de maio de 2011, alterou profundamente o texto da
norma, conferindo-lhe nova redação. Foi mantida a obrigatoriedade do uso de cores para segurança em
estabelecimentos ou locais de trabalho, a fim de indicar e advertir acerca dos riscos existentes, porém, sem o
detalhamento da redação anterior. Sobre este assunto, foi incluído item exigindo o atendimento ao disposto em
normas técnicas oficiais.
Outra importante alteração trazida por essa portaria foi a inclusão da obrigatoriedade de classificação dos produtos
químicos de acordo com o Sistema Globalmente Harmonizado (SGH), bem como da obrigatoriedade de elaboração
e disponibilização, pelo fabricante ou, no caso de importação, pelo fornecedor no mercado nacional, da Ficha com
Dados de Segurança do Produto Químico (FISPQ) para todo produto químico classificado como perigoso. Essas
alterações foram submetidas para avaliação pela CTPP, durante a 64ª Reunião Ordinária, realizada em 30 e 31 de
março de 2011, por meio da Nota Técnica DSST nº 16/2007, que propunha a alteração de diversas normas
regulamentadoras, dentre elas a NR-26. Na ocasião, as alterações foram aprovadas por consenso.

Por sua vez, a Portaria MTE nº 704, de 28 de maio de 2015, alterou pontualmente a norma, dispensando das
obrigações relativas à rotulagem preventiva os produtos notificados ou registrados como saneantes na Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os quais devem observar as regras de rotulagem estabelecidas pela
agência. Essa alteração foi submetida e aprovada por consenso durante a 80ª Reunião Ordinária da CTPP,
realizada em 07 e 08 de abril de 2015.

As cores devem seguir os padrões normativos, para que possua fácil compreensão para todas os trabalhadores,
garantindo a eficiência das sinalizações. Porém, a implementação da sinalização não é substitui outras medidas de
controle que devem ser implementadas no local.

É importante que todos os trabalhadores recebam orientações e treinamentos relativos as sinalizações aplicadas ao
local de trabalho, junto com os procedimentos e precauções que devem adotar ao identificarem um risco
devidamente sinalizado.
Nesse contexto, a NR-26 se responsabilizou igualmente por determinar os procedimentos relacionados à rotulagem
e controle dos produtos químicos, buscando evitar os acidentes relacionados aos mesmos. Para isso, ela se baseia
nas definições estabelecidas pela ONU, conhecidas mundialmente como Globally Harmonized System, ou GHS,
que em tradução livre significa algo como “Sistema Globalmente Harmonizado”.
SISTEMA GLOBALMENTE HARMONIZADO DE CLASSIFICAÇÃO E ROTULAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS - GHS

UMA FERRAMENTA NA GESTÃO DA SEGURANÇA QUÍMICA

O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS) é uma


abordagem que traz orientações para a comunicação de perigos dos produtos químicos, entre outras.

Na atualidade, o sistema GHS-Globally Harmonised System (Sistema Globalmente Harmonizado de classificação e


rotulagem de produtos químicos) é amplamente difundido, pois adota pictogramas (símbolos em forma de desenho
que transmite uma ideia ou mensagem autoexplicativa e direta), frases e palavras intuitivas e diretas aos riscos
contidos nas substâncias.

Para certificar o uso seguro de produtos químicos no ambiente de trabalho, seja nas atividades de armazenamento,
processamento, embalagem e distribuição, se pressupõe a classificação do perigo dos produtos químicos de forma
harmonizada. No Brasil adota-se o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos
Químicos (GHS), conforme NR 26-MTE e ABNT-NBR 14725. Já no mundo, a implementação do GHS tem sido feita
de forma singular, gerando a necessidade de conhecimento regulatório específico de cada país.
A classificação de perigo no GHS exige a avaliação criteriosa de fontes de informações primárias e secundárias
sobre as propriedades do produto e seus ingredientes, para se determinar os perigos físico-químicos, toxicológicos
e ecotoxicológicos, conforme critérios, que definem o grau do perigo. Sendo assim, perigo é a propriedade
intrínseca do produto de causar um ou mais efeitos adversos, independentemente do local ou forma de uso. Perigo
trata das propriedades intrínsecas.

AS CLASSES DE PERIGOS NO GHS

Perigos Físicos:
 Explosivos
 Gases inflamáveis
 Aerossóis inflamáveis
 Gases oxidantes
 Gases sob pressão
 Líquidos inflamáveis
 Sólidos inflamáveis
 Substâncias auto-reativas
 Líquidos pirofóricos
 Sólidos pirofóricos
 Substâncias auto-aquecíveis
 Substâncias e misturas que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis
 Líquidos oxidantes
 Sólidos oxidantes
 Peróxidos orgânicos
 Corrosivo aos metais

Perigos à Saúde:
 Toxicidade aguda
 Corrosão/Irritação da pele
 Danos/irritação séria nos olhos
 Sensibilização respiratória ou dérmica
 Mutagenicidade em células germinativas.
 Carcinogenicidade
 Toxicidade à reprodução
 Toxicidade sistêmica em órgão alvo – exposição única
 Toxicidade sistêmica em órgão alvo – exposição múltipla
 Perigoso por aspiração

Perigos ao Meio Ambiente:


 Perigoso para o ambiente aquático
 Potencial de bioacumulação
 Degradabilidade rápida

Dito isso, nesse momento, cabe abrirmos um parêntese para comentar que a NR–26, apesar de ser o regulamento
que melhor estabelece esse assunto, não é a única a discutir e determinar critérios sobre ele. Em consonância com
a mesma, podemos e devemos citar, por exemplo, a FISPQ que é a Ficha de Informação de Segurança para
Produtos Químicos, fundamental nesse enquadramento, sendo assegurada pela ABNT NBR 14725-4.

Num geral, a FISPQ, visa normatizar as informações que devem conter nas embalagens de todos os produtos que
contenham química, facilitando, através dessa padronização, a leitura dos mesmos pelos profissionais da
área. Desse modo, entre outras coisas, você garante uma melhor comunicação entre os pares, evitando que os
dados sobre um determinado material não sejam coerentes.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) é o órgão responsável por estabelecer a normalização técnica
no Brasil.

A ABNT é o órgão responsável por estabelecer a normalização técnica no Brasil, com o reconhecimento da
sociedade brasileira desde a sua fundação, em 28 de setembro de 1940, e confirmado pelo governo federal por
meio de diversos instrumentos legais.

Desde 1950 atua também na avaliação da conformidade e dispõe de programas para certificação de produtos,
sistemas e rotulagem ambiental.

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