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Incompatibilidade Química: o que é e como evitar?

Realizar processos seguros para armazenar, transportar e manusear produtos químicos é essencial para
reduzir riscos ao trabalhador. Tendo em vista o fato de que muitos produtos químicos reagem
perigosamente quando misturados entre si, é muito importante seguir uma série de cuidados para garantir
a segurança e a saúde do colaborador e eliminar potenciais impactos ao meio ambiente.
O armazenamento e transporte seguro de produtos químicos perigosos é uma parte fundamental de um
programa ambiental, de saúde e de segurança, sendo assim, é necessário cumprir com normas e
legislações específicas.

A segregação adequada é necessária para evitar o que chamamos de incompatibilidade química e é


exatamente sobre isso que falaremos hoje. Portanto, se você tem curiosidade e quer aprofundar seus
conhecimentos a respeito do assunto, segue o fio.

O que é incompatibilidade química?

O nome fala por si, mas explicando de forma mais detalhada, a incompatibilidade de produtos químicos
se dá quando uma ou mais substâncias reagem entre si de forma indesejada, o que pode causar efeitos
nocivos e perigosos. Segundo a NBR 7501:21, define-se incompatibilidade química como sendo o risco
potencial entre dois ou mais produtos de ocorrer explosão, desprendimento de chamas ou calor,
formação de gases, vapores, misturas ou compostos ou misturas perigosas, assim como alterações de
características físicas ou químicas originais de qualquer um dos produtos.

Tais reações podem incluir:

Liberação de gases tóxicos;

Explosões;

Incêndios;

Corrosão de materiais;

Formação de substâncias perigosas;

Diminuição da eficácia dos produtos químicos envolvidos.

A incompatibilidade química pode acontecer de diversas maneiras e por isso é categorizada de várias
formas diferentes.
Incompatibilidade direta: Quando duas substâncias reagem entre si imediatamente após a mistura, o
que pode resultar em reações altamente violentas, liberação de calor ou geração de produtos químicos
tóxicos. Exemplo: mistura entre um ácido e uma base forte.

Incompatibilidade retardada: Quando duas substâncias reagem lentamente ao longo do tempo, o que
pode ocasionar danos e problemas a longo prazo. É o caso da combinação de certos produtos químicos
que podem formar compostos instáveis ou reagir com a umidade do ar.

Incompatibilidade física: Quando as propriedades físicas não são compatíveis (como é o caso da
inflamabilidade, volatilidade ou reatividade). Nesse caso, a reação indesejada pode levar à formação de
vapores inflamáveis ou explosivos.

Como a incompatibilidade química se trata de uma situação altamente perigosa em áreas como indústrias
químicas, laboratórios e também em situações de transporte e armazenamento, é essencial que as
organizações sigam as orientações adequadas. Sendo assim, a leitura da ficha de dados de segurança de
cada produto químico, a realização de testes de compatibilidade e a omissão de misturas entre
substâncias desconhecidas ou potencialmente perigosas são ações fundamentais para garantir a
segurança e o bem-estar de todos.

Incompatibilidade química e a NBR 14619:23

Partindo do princípio de que a NBR 14619 é uma norma técnica brasileira que aborda o transporte terrestre
de produtos perigosos, podemos destacar que:

Ela estabelece os requisitos para o transporte seguro deste tipo de produto, incluindo diretrizes para
identificação, embalagem, sinalização, manuseio e documentação necessária;

Trata da classificação dos produtos perigosos de acordo com suas características e propriedades
químicas;

Tais classificações são fundamentais para determinar quais produtos podem ser transportados próximos
e quais devem ser segregados (a fim de evitar reações indesejadas e perigosas);

A norma utiliza o Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos


(GHS) para classificar os produtos perigosos levando em consideração seus efeitos físicos, saúde e meio
ambiente;

Em resumo, a NBR 14619:23 fornece as diretrizes para garantir o transporte seguro de produtos perigosos.
Para tanto, necessitamos buscar informações das propriedades químicas dos materiais na Ficha de
Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) ou na Ficha de Dados de Segurança (FDS), avaliando sua
compatibilidade/incompatibilidade e estabelecendo medidas necessárias para evitar reações
prejudiciais durante o transporte.

Matriz de Incompatibilidade Química


Empresas que lidam com substâncias químicas perigosas ou que estão envolvidas no transporte,
armazenamento ou manuseio destes produtos precisam garantir que eles não irão reagir entre si,
evitando efeitos indesejáveis. Para tanto, utilizamos uma matriz de incompatibilidade química que é uma
ferramenta valiosa para orientar a tomada de decisão em relação ao método de armazenamento e
transporte de produtos químicos perigosos.

Mas afinal, como montar uma matriz de incompatibilidade química?

A ferramenta é elaborada a partir de informações como as propriedades físicas e químicas dos produtos
e os potenciais riscos de ocorrência de reações perigosas. Sendo assim, uma ótima fonte de
informações é a FISPQ/FDS e para a efetividade das ações, as informações precisam ser
disponibilizadas em formato visual, permitindo compreensão rápida e completa. Isto inclui croquis do
método de disposição das embalagens de produtos químicos e também diagramas que evidenciam os
produtos químicos incompatíveis.

Detalhe: Tais informações não devem ser utilizadas em situações de emergência, afinal, o cenário pode
envolver uma série de outras particularidades.

Riscos de armazenamento sem considerar a Matriz de Incompatibilidade Química

Negligenciar a consideração da Matriz durante o armazenamento de produtos químicos pode acarretar


uma série de riscos, como vazamentos, incêndios e a liberação de gases tóxicos.

Tal falta de compreensão sobre a interação química pode resultar em situações perigosas e que
comprometem a segurança dos trabalhadores, instalações e o meio ambiente. Com isso, há o aumento
da probabilidade de acidentes, com potenciais consequências para a saúde, segurança do trabalhador,
reputação da empresa e vizinhança.

É por isso que a incorporação desta ferramenta na gestão de produtos químicos é vital para eliminar riscos
e garantir operações mais seguras.

Como as normas de Sistemas de Gestão analisam a incompatibilidade química

A interação entre produtos químicos perigosos no armazenamento e transporte é abordada em diversas


normas de Sistemas de Gestão e também em diversas legislações.

A NR26 - Sinalização de Segurança - estabelece medidas quanto à sinalização e identificação de


segurança a serem adotadas nos locais de trabalho, incluindo atendimento ao GHS. Ela estabelece que
“O produto químico utilizado no local de trabalho deve ser classificado quanto aos perigos para a
segurança e a saúde dos trabalhadores, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Sistema
Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos - GHS, da
Organização das Nações Unidas”.

Ela também estabelece que os trabalhadores devem receber treinamento para compreender a rotulagem
preventiva e a ficha com dados de segurança do produto químico; e estar consciente dos perigos, os
riscos, as medidas preventivas para o uso seguro e os procedimentos para atuação em situações de
emergência com o produto químico.

As normas ISO 14001:15, ISO 45001:18 e o SASSMAQ abordam o controle das operações com risco
elevado, e isso inclui o transporte e armazenamento de produtos químicos, que deve ser realizado de
forma adequada.

Importância de se adequar à Matriz e às normas

Integrar a Matriz de Incompatibilidade Química na Gestão de Produtos Químicos e nos Inventários


Líquidos Inflamáveis e Combustíveis previstos na NR 20, garante à empresa o planejamento e a tomada
de decisões mais adequadas, conforme citamos anteriormente e isso eleva o nível da organização, previne
acidentes e promove um ambiente de trabalho seguro e saudável.
Segue um Plus a mais! Trata-se de Armazenagem e Manuseio de Produtos Químicos > Confira
acessando o link: http://lebbyac.com/manual2/Procedimientos_generales/quimicos.html

José Augusto da Silva Filho - Instrutor de Cursos e Treinamentos em Segurança e Saúde no Trabalho,
Especialista e Instrutor e implanta a NR-20 (Segurança e Saúde com Combustíveis e Inflamáveis), e
Segurança Química: Intersetorialidade e Regulamentação e em Prevenção de Explosões e Áreas
Classificadas, ambos capacitado como Agente Multiplicador pela Fundacentro - SP Paulo, Instrutor do
Curso GRO / PGR, ISO 45001:2018 (Sistema de Gestão em Saúde e Segurança no Trabalho), CIPA e de
Assédio, ISO 45003:2021 (Gestão Saúde Psicológica) e ISO 31000:2018 - Gestão de Riscos.

● Autor dos livros “Ciências Sociais e Políticas na Área de Segurança, Saúde e Meio Ambiente” (2003), e
“Segurança do Trabalho: Gerenciamento de Riscos Ocupacionais / Programa de Gerenciamento de Riscos
- GRO / PGR”, maio/2021 pela LTr Editora Ltda / SP.

Contato: augustomehana2@gmail.com whatsapp: 11 99320-8637

Referência:

- ABNT NBR 7501:21 de 09/2021.Transporte terrestre de produtos perigosos - Terminologia;


- LEBBYAC, Portal.
- NR 20 Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis;
- NR 26 Sinalização de Segurança. Portaria MTP nº 2.770, de 05 de setembro de 2022;
- Stance Gestão e Treinamento-Eng. Ricardo Hojda;

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