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COMUNICAÇÃO DE PERIGO

O GHS – GLOBAL HARMONIZATION SYSTEM

Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de


Produtos Químicos, conforme estabelecido na Convenção 170 da
Organização Internacional do Trabalho, assinado em 25jun1990, em
Genebra/Suiça.
O Brasil, como signatário da Convenção, internalizou o texto deste Ato Multilateral
com o Decreto Legislativo 67/1995 e promulgou sua plena vigência em 03jul1998,
por meio do Decreto 2.627, naquilo que se refere à segurança na utilização de
produtos químicos no trabalho.
O Ministério do Trabalho e Emprego inseriu em 2011 a obrigatoriedade da adoção
do GHS, alterando a sua Norma Regulamentadora no 26 que trata de Sinalização
de Segurança, incluindo classificação, rotulagem e fichas de segurança, porém não
estipulou as regras para essas alterações nem datas limites para cumprimento.
O Ministério do Desenvolvimento de Industria e Comércio (MDIC) coordenou um
grupo de trabalho entre 2010 e 2011 com vários Ministérios, Indústrias e Sociedade
em geral para implantação do sistema GHS, chegando a minutar um Decreto para
isso. Essa proposta de Decreto, inclusive, elegia a ABNT para delinear todo o escopo
em Normas Brasileiras de Regulamentação. Todavia, esse Decreto, até o momento,
não foi transformado em Ato Governamental de fato.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elaborou a NBR 14.725. A
norma foi sub dividida em 4 partes (Terminologia, Classificação de perigo,
Rotulagem e Ficha de Informações de Segurança). A NBR colocou prazos para o
cumprimento, o que foi importante para que a indústria quebrasse a inércia. Hoje,
grande parte dos produtos químicos perigosos, dos mais diversos setores, tem seus
rótulos de acordo com a NBR.
É importante frisar, ainda, que a NBR deixa claro que os setores produtivos já
regulamentados em relação à rotulagem não devem deixar de atender à sua
legislação. Assim, a data limite de 01dez2015 dada pela ABNT para que os rótulos
de produtos formulados estejam na conformidade do GHS, não é auto-aplicável para
os pesticidas agrícolas, porquanto estes obrigatoriamente devem atender a Lei
7.802/89 e o Decreto 4.074/02 em sua rotulagem. Cabe citar que o setor de
pesticidas adaptou suas fichas de segurança à NBR 14.725, pois essas fichas não
estão reguladas pela lei ou decreto citados.
O sistema GHS gerencia a sinalização para o trabalhador e público em geral de
acordo com a categoria e sub categorias de periculosidade do produto, obtida com
testes toxicológicos e ambientais. Acertada sua sub-categoria em cada item de
periculosidade, é necessário apresentar a palavra perigo (risco grave) ou atenção
(risco menor), conforme o caso; frases de perigo definidas para aquela sub-
categoria; frases de prevenção gerais ou para emergências ou para
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armazenamento; e, pictogramas quando forem necessários. Por exemplo: para
corrosão/irritação à pele, um produto pode ser 1-A, 1-B, 1-C, 2 ou 3; e, para cada
uma dessas categorias foram definidas frases atinentes àquela categoria em
particular. O número de categorias varia em cada tipo de perigo analisado. Para
lesões/irritação ocular as categorias são apenas três: 1, 2-A e 2-B. O importante é
que, sendo um sistema mundial, as frases e as sinalizações são as mesmas em
qualquer do mundo.
No Brasil, a Lei 7.802/1989 já trazia norteamento para esses alertas ao trabalhador,
usuário e público; e, seus Decretos Regulamentadores detalharam como seria essa
sinalização do perigo, inclusive com modelo padrão para os rótulos dos produtos. O
rótulo deve conter três colunas, uma para frases atinentes à saúde humana, outra
com precauções ao meio ambiente e a do meio para identificação do produto. Além
disso, o rótulo deve apresentar uma faixa em toda a sua extensão na parte inferior
com a cor da classificação do produto. A cor deve ser de acordo com uma das 4
classificações adotadas: Vermelha, a de maior periculosidade; Amarela, com uma
periculosidade média; Azul, que exige atenção; e, Verde, de menor periculosidade.
Essa faixa colorida também serve de fundo para a colocação dos pictogramas
necessários.

VERDE AZUL AMARELO VERMELHO

A visualização brasileira é mais direta, clara e efetiva, porém o produto só pode


estar em uma das faixas. Explicando melhor: as regras elaboradas pela ANVISA
definem que a Classe do produto (ou cor da faixa) será determinada pelo pior
resultado que der em qualquer um dos critérios para classificação aguda
(toxicidades oral, dermal e inalatória; e irritabilidades dermal e ocular). Se um desses
resultados der Classe I (Vermelho), todo o produto será considerado Classe I; e, as
específicas periculosidades de um produto são desprezadas.
De maneira mais racional, o GHS respeita mais a individualidade de cada sub-
categoria de perigo do produto, e, por isso não adotou faixas coloridas. Também, os
critérios para delimitar cada categoria diferem significativamente entre os
estabelecidos no GHS e os definidos no Brasil. Ver mais detalhes no quadro mais
abaixo.
O governo brasileiro tem feito algumas adaptações para acatar a classificação, os
limites das categorias e as frases do GHS. Futuramente, poderá substituir a faixa do
rodapé do rótulo, colorindo os “boxes ou janelas” das frases com a cor
correspondente a cada sub categoria. Será uma rotulagem bem instrutiva e, ao
mesmo tempo, mais fiel às periculosidades específicas dos produtos. Afinal o país é
signatário da Convenção 170.
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FISPQ
FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE
PRODUTOS QUÍMICOS

O que é a FISPQ (Ficha de Segurança de Produtos Químicos)?

A sigla FISPQ significa Ficha de Informação de Segurança de


Produtos Químicos. É um documento normalizado pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) conforme
NBR 14725-4.

Para que serve?

A FISPQ é um documento para comunicação dos perigos


relacionados aos produtos químicos.
A FISPQ é o meio de o fabricante do produto divulgar
informações importantes sobre os perigos dos produtos
químicos que fabrica e comercializa.

Como temos acesso à FISPQ?

O fabricante/fornecedor deve disponibilizar as fichas junto


com o produto, pois trata-se de um documento obrigatório
para a comercialização destes produtos. Ela um direito de
quem adquire o produto. E deve ficar a disposição de todos os
que trabalham com o produto.
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Obrigatoriedade da FISPQ

O decreto 2657 de 03 de julho de 1998, responsável por


promulgar a Convenção 170 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), estabelece algumas
responsabilidades referente ao Direito do Saber do
Trabalhador. O que significa: “que o trabalhador tem o
direito de conhecer os perigos dos produtos químicos
manuseados na sua atividade de trabalho”. Para tal, foi
necessário a adoção de um sistema de classificação de
perigo dos produtos químicos.

No Brasil, o sistema adotado foi o GHS e sua


implementação está embasada pela Norma
Regulamentadora NR-26 do Ministério da Economia
(antigo Ministério do Trabalho) e a Norma da ABNT –
NBR 14725.
Neste contexto, a FISPQ (Ficha de Informações de
Segurança de Produtos Químicos) é um documento que
tem como objetivo descrever os perigos dos produtos
químicos.
A ficha também deverá fornecer diversas informações,
como:
1) Condições de manuseio;
2) Principais incompatibilidades químicas;
3) Condições adequadas para o armazenamento de
produtos;
4) Atendimentos em casos de primeiros socorros, entre
outros.
Por isso, a elaboração do documento e disponibilidade
para os trabalhadores que manuseiam produtos químicos
é uma obrigatoriedade legal.
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Quem pode elaborar a FISPQ?

Segundo a descrição da NR-26, a ficha fica sob a


responsabilidade da empresa fabricante ou importadora.
Mas também pode ser elaborada por consultoria
especializada em documentos de segurança química.
Veja o que diz a legislação sobre o autor do documento e
outros itens importantes:

“26.2.3 O fabricante ou, no caso de importação, o


fornecedor no mercado nacional deve elaborar e tornar
disponível ficha com dados de segurança do produto
químico para todo produto químico classificado como
perigoso.”
“26.2.3.1 O formato e conteúdo da ficha com dados de
segurança do produto químico devem seguir o
estabelecido pelo Sistema Globalmente Harmonizado de
Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS),
da Organização das Nações Unidas.”
“26.2.3.2 Os aspectos relativos à ficha com dados de
segurança devem atender ao disposto em norma técnica
oficial vigente.”

Quais os principais benefícios da FISPQ?

A FISPQ é um documento de extrema importância nas


medidas implementadas para a gestão do risco químico e
preservação da segurança e saúde dos trabalhadores.

Dessa forma, deve-se ser exigido aos responsáveis pelo


fornecimento da FISPQ por documentos completos e com
informações de qualidade, diante do impacto já mencionado.
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Como é formada?

O documento é dividido por seções e contemplam


informações sobre vários aspectos do produto. Para esses
aspectos, a FISPQ fornece informações detalhadas sobre os
produtos e também sobre ações de emergência a serem
adotadas em caso de acidente.

Como é a organização da FISPQ?

A FISPQ deverá estar de acordo com o preconizado na


Norma Técnica Oficial Vigente. Esta regra é estabelecida
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT,
por meio da NBR 14725. De acordo com essa norma
técnica, a FISPQ deverá apresentar as seguintes seções:
1) Identificação;
2) Identificação de perigos;
3) Composição e informação sobre os ingredientes;
4) Medidas e primeiros socorros;
5) Medidas de combate a incêndios;
6) Medidas de controle para derramento ou vazamento;
7) Manuseio e armazenamento;
8) Controle de exposição e proteção individual;
9) Propriedades físicas e químicas;
10) Estabilidade e reatividade;
11) informações toxicológicas;
12) informações ecológicas;
13) Considerações sobre destinação final;
14) Informações sobre transporte;
15) Informações sobre Regulamentações;
16) Outras informações.

Leia também: Assessoria de segurança química: o que é


Chemical Compliance e como se adaptar à legislação?

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