Você está na página 1de 42

Secretaria de Política Estudantil – SPE

Coordenação de Política Estudantil – CPE

SAÚDE MENTAL NO
AMBIENTE ACADÊMICO
OFICINA DE CAPACITAÇÃO EM SAÚDE
MENTAL PARA DOCENTES

Campus Divinópolis, 25 de setembro de 2019.

Larissa Roncalli – estudante


Arthur de Souza Moreira – estudante
Ana Paula Gaspar Alvarenga
Pedro Eduardo C. A. Ribeiro
Larissa Edwiges Ananda da Silva
Ana Isabel Silva Lemos
Arnaldo Oliveira Rodrigues
Juliana de Alencar Viana
CONTEXTO

• Crescente surgimento dos relatos sobre ansiedade,


depressão e outros sofrimentos e transtornos
psicológicos experimentados por parte de
estudantes de cursos técnicos, das graduações e
das pós-graduações das diversas instituições de
ensino e no CEFET-MG.
OBJETIVO

• Sensibilizar e refletir com docentes do CEFET-MG


para a importância de considerar a necessidade
de promoção da boa saúde mental dos discentes
no cotidiano das relações acadêmicas e escolares,
com vistas a ofertar suporte necessário diante dos
efeitos imateriais/subjetivos que impactam na
permanência estudantil bem como em seu bem-
estar psicossocial.
PROPOSTA

• Tempo estimado desta Oficina: 4h


• Respeito ao(s) tempo(s)
• Foco: saúde mental dxs estudantes
• Participação docente precedida por
apresentação (nome, curso, disciplina)
• Três eixos: Juventude(s); o que é ser estudante no
CEFET-MG; saúde mental no contexto
acadêmico/escolar
EXPECTATIVAS

• Quais são as expectativas em relação à


participação?
BRAINSTORMING

O que é juventude?
BRAINSTORMING

• Tem mais de um tipo de juventude?


BRAINSTORMING

• Existe uma juventude ideal?


QUESTÃO-CHAVE

• O quanto nós, educadores, conhecemos nossxs


estudantes?
ATIVIDADE

• Quais são as especificidades/vulnerabilidades de


cada um destes grupos de jovens?

• Mulheres
• Negrxs
• LGBTs
• Deficientes
• Baixa renda
DISCURSOS E PERCEPÇÕES DXS
ESTUDANTES – MULHERES
• eles [estudantes e professores do sexo masculino]
acham que mulher não vai aprender X
[determinado curso técnico]. O machismo existe e
é bem claro quando a parte é prática. O nosso
professor mesmo abriu com a gente: ‘o mercado
de trabalho seleciona homens e mulheres’. Tanto é
que tem estágio pra homem e estágio misto, mas
não tem estágio pra mulher na área técnica.
(OLIVEIRA, 2013)
DISCURSOS E PERCEPÇÕES DXS
ESTUDANTES – MULHERES

• “Daqui a pouco as mulheres vão perder a


utilidade” 
• “O professor fica me chamando de linda o tempo
todo”
• “A pressão em ser boa em todas as matérias e tirar
notas boas para ser considerada uma boa aluna”
DISCURSOS E PERCEPÇÕES DXS
ESTUDANTES – NEGRXS
• “De acordo com a nossa pesquisa, os alunos do CEFET
vem sofrendo ações que afetam o psicológico desde
antes da inserção no CEFET. Muitos por questão de estar
acima do peso, cor/raça, sexualidade e gênero”.

• “Os professores precisam entender que a saúde mental


deve ser encarada e analisada de acordo com outros
recortes, como orientação sexual, raça e gênero”.

• “Alguns professores ainda fazem piadas racistas dentro


de sala de forma natural. Isso prejudica a saúde mental
porque tem hora que a gente cansa de ser o
‘politicamente correto’”. 
DISCURSOS E PERCEPÇÕES DXS
ESTUDANTES – LGBTS
• “simplesmente ignoram o fato de uma aluna estar
em processo de transição hormonal e nem sequer
tenta entender a situação emocional da aluna na
hora de negociar a entrega de atividades
avaliativas, por exemplo”.

• “Os professores ainda não respeitam o nome social


de alunxs em transição hormonal”.
DISCURSOS E PERCEPÇÕES DXS
ESTUDANTES – BAIXA RENDA

• “o professor exige material, às vezes caro, para os


alunos comprarem”.

• quem tem mais condição financeira não se


envolve com quem não tem (OLIVEIRA, 2013)
O QUE VOCÊS GOSTARIAM DE DIZER AOS PROFESSORES SOBRE
A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DO CEFET-MG?

• Os professores não devem fazer discursos pacificadores


enquanto poderiam ajudar. Por exemplo: alguns deles
ficam horas falando sobre saúde mental, mas deixam
todos os trabalhos finais para a última semana do
semestre.
• Alguns professores utilizam do assédio moral como
forma de "pressionar" os alunos a se empenharem mais
nas aulas. Isso não funciona e só prejudica a saúde
mental. 
• O que tenho a dizer sobre a saúde mental dos
estudantes do CEFET é que estão fragilizados
emocionalmente por todo seu contexto social fora do
CEFET, e quando entram aqui também sofrem por serem
diferentes do que é ''comum''.
O QUE VOCÊS GOSTARIAM DE DIZER AOS PROFESSORES SOBRE
A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DO CEFET-MG?

• Comparação entre alunos em sala de aula


(constrangimento)
• Exposição desnecessária (em relação à notas ou
execução de atividades)
• A importância do diálogo entre aluno e professor,
envolvendo flexibilidade deste em ser aberto a
opiniões/sugestões
• Relação entre ansiedade e métodos de avaliação
O QUE VOCÊS GOSTARIAM DE DIZER AOS PROFESSORES SOBRE
A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DO CEFET-MG?

• “As notas aqui estão piores que de X curso”


• “Os alunos da frente já acabaram, os do fundo
precisam ter terminado também, vocês têm a
mesma idade”
• “As notas de vocês estão péssimas, vão levar ferro”
• “Até o aluno X tirou mais que você e olha que ele
veio de escola pública e você não”
O QUE VOCÊS GOSTARIAM DE DIZER AOS PROFESSORES SOBRE
A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DO CEFET-MG?

• “Quem passou com 60 pontos no ano passado,


esse ano não passa”
• “Um milagre ninguém desistir depois das férias”
• “Repetir no primeiro tudo bem, mas repetir no
segundo é uma vergonha”
• “Esquece isso gente, vocês não vão conseguir
mesmo”
O QUE VOCÊS GOSTARIAM DE DIZER AOS PROFESSORES SOBRE
A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DO CEFET-MG?

• Didática - aparece unânime a necessidade de


melhorar a didática. Falta de planejamento.
• Grosseria e impaciência com as dúvidas dos
alunos, postura ranzinza, ‘pegar no pé’, o professor
‘marca os alunos’
• Os professores dão atenção especial a certos
alunos que eles decidem que são melhores e
negligenciam outros
• “Vocês são burros”
• Distribuição de pontos (muito concentrada em
provas), falta clareza na distribuição de pontos
O QUE VOCÊS GOSTARIAM DE DIZER AOS PROFESSORES SOBRE
A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES DO CEFET-MG?

• Excesso de exercícios e sem correção, resolver mais


no quadro, exercícios não condizentes com o que
é passado em sala
• Retenção das provas corrigidas, postar notas e
disponibilizar correção, melhorar a correção das
provas, agendar atividades avaliativas com
antecedência.
• Carga horária pesada e grande quantidade de
atividades extraclasse
• Pressão e medo de não conseguir obter notas
necessárias
PERCEPÇÕES DA INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL
(OLIVEIRA, 2013)

• os cursos técnicos tem muita rivalidade um com o outro

• eu sinto que eles [estudantes da graduação]


menosprezam quem é do técnico. Até na fila do
bandejão 'é o cefetinho'.

• o aluno aqui parece que se apaga / não tem elogios


pra bons trabalhos / [os professores] não conhecem os
alunos deles / na maioria das vezes os professores não
tão ligando muito pro que o aluno tá sentindo, por isso
faz tudo o que faz / isso envolve a conexão entre as
coordenações, acho que deveria ter um sistema pra
integração entre eles [professores].
CONTEÚDOS E AVALIAÇÕES
(OLIVEIRA, 2013)

• todo mundo tem problema no 1º ano, porque os


professores parecem gostar de fazer um terrorismo
básico, assim, em todo mundo. Aí fica todo mundo
assustado 'nossa, vou tomar bomba' 

• Eu acho que o prazer da vida deles [professores] é


por zero, principalmente quando eles escrevem
zero, como se a gente não soubesse.

• o professor, quando sai, ele volta e volta pior.


CONTEÚDOS E AVALIAÇÕES
(OLIVEIRA, 2013)

• (…) é isso! O modo como eles pregam pra gente como


tem que ser... eles forçam a gente a sofrer de um jeito.
(…) eles forçam a gente a sofrer pra ficar aqui. Pra ficar
aqui você tem que aguentar sofrer, entendeu? É isso...

• eu acho que tem que ter cobrança, não em relação à


pontuação, a trabalho, porque tem professor que acha
que só nota importa. (…) E acho que a cobrança tem
que ter pra você aprender e não pra você entregar
tudo no dia certo, fazer as provas daquele jeito. Você
aprende muito mais tendo cobrança com foco na
aprendizagem.
CONTEÚDOS E AVALIAÇÕES
(OLIVEIRA, 2013)

• (…) eu acho que, a partir do momento que você é


professor, você dá aula pra uma turma de 36
alunos, você vê todo mundo se matando de
estudar, chega uma prova, quatro tiram nota boa
e o resto todo mundo perde média, você vê todo
mundo desesperado, chorando... e você continua
do mesmo jeito? Você fechou os olhos pro que viu.
E é o que acontece aqui. (…) eles já tratam a
gente como se fosse... como se já tivesse
maturidade de alguém de uma faculdade, e um
conhecimento de alguém de uma faculdade.
CONTEÚDOS E AVALIAÇÕES
(OLIVEIRA, 2013)

• Em geral, assim... eu acho que o Cefet forma... um


profissional um pouco mecânico... um profissional
que foi treinado pra fazer aquilo e pronto. E é claro
que o Cefet ensina a gente a raciocinar sobre
aquilo que estamos fazendo, mas não sobre o
contexto. Deixa às vezes o social um pouco de
fora.
SONO
(OLIVEIRA, 2013)

• saúde eu acho que piorou a questão do sono,


porque antes eu dormia oito horas, mas agora...
porque o mínimo que a gente tem que dormir é
oito horas... se eu dormir cinco eu fico feliz, porque
é muito menos de cinco horas que a gente dorme
por noite
• Sono é artigo de luxo, dependendo do dia
SONO
(OLIVEIRA, 2013)

• [Sobre a saúde] gerou uns probleminhas, questão


de insônia mesmo (…) no ano passado (…) eu
ficava preocupado com as matérias... precisava
deixar de dormir pra poder estudar, mas não foi só
eu que passei, outros amigos meus me contaram
também que passaram por isso. (…) já melhorei...
Tomei medicamento pra insônia, o médico me
passou um remédio pra eu voltar a dormir
normalmente.
ALIMENTAÇÃO
(OLIVEIRA, 2013)

• Muito tempo sem comer, porque não dá tempo.


(…) No bandejão você não come, você voa.
Chega lá, coloca tudo no prato e vamo embora,
vamo embora, porque tem aula 1hora.(...) Minha
irmã reparou isso, tipo assim, eu fui almoçar
semana passada com ela e “Cara, cê tá comendo
rápido demais! Olha o jeito que cê tá comendo, tá
parecendo esfomeado!”. “Não é! Eu estudo no
Cefet!”. A gente vai pegando os hábitos, assim, a
gente vai acostumando.
RELAÇÕES SOCIAIS, NAMORO, CONVÍVIO FAMILIAR
(OLIVEIRA, 2013)

• o que realmente eles falam, que sua vida social


acaba, acaba mesmo (…) porque as pessoas que
eu conversava, que eu tinha amizade do lado de
fora do Cefet, distanciaram, até por causa da
questão do tempo... seu círculo social se reduz ao
Cefet, só às pessoas que tem o mesmo horário que
você.
• Sua vida é Cefet, só fala de Cefet... Não tem outro
papo, não tem outro assunto.
RELAÇÕES SOCIAIS, NAMORO, CONVÍVIO FAMILIAR
(OLIVEIRA, 2013)

• Acabei com um namoro de dois anos. Não dá


pra namorar com pessoas fora daqui.

• eu não tenho mais tempo pra família


V PESQUISA NACIONAL PERFIL 2018
V PESQUISA NACIONAL PERFIL 2018
V PESQUISA NACIONAL PERFIL 2018
V PESQUISA NACIONAL PERFIL 2018
#NÃOÉNORMAL
“SAÚDE MENTAL NA
UNIVERSIDADE”
QUESTÕES

• De quem é a responsabilidade de cuidar da saúde


mental dxs estudantes?
QUESTÕES

• O que você tem feito para contribuir com a boa


saúde mental dxs estudantes?

• O que não fazer?


APRESENTAÇÃO DA CARTILHA

• O que pode ser feito de forma diferente no CEFET-


MG a partir de agora para melhorar a saúde
mental dxs discentes?
CARTILHA “SAÚDE MENTAL DOS
ESTUDANTES”
+
FOLDER “SAÚDE MENTAL NO
CONTEXTO ACADÊMICO”
REFERÊNCIAS
CEFET-MG. CARTILHA. Saúde mental para estudantes: cultivando mais bem-estar no
ambiente acadêmico. Secretaria de Política Estudantil (SPE). Elaboração Ludmila Eleonora
Gomes Ramalho, Belo Horizonte, 2019.

CORREA, Maria Licinia; ALVES, Maria Zenaide; MAIA, Carla Linhares (organizadoras). Os
jovens e a escola. In: CADERNOS TEMÁTICOS – juventude brasileira e ensino médio. Belo
Horizonte: Editora UFMG, 2014.

DAYRELL, Juarez. A escola "faz" as juventudes? Reflexões em torno da socialização


juvenil. Educ. Soc. [online]. 2007, vol.28, n.100, pp.1105-1128.

ESTANISLAU, Gustavo M.; BRESSAN, Rodrigo Affonseca (organizadores). SAÚDE MENTAL NA


ESCOLA: o que os educadores devem saber. São Paulo: Artmed, 2014.

FONAPRACE. V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as)


Graduandos (as) das IFES – 2018. Disponível em:
http://www.fonaprace.ufma.br/site/index.php/2019/06/21/pesquisa-traca-perfil-de-alunos-
das-universidades-federais/. Acesso em 11 de setembro de 2019.

GROPPO, Luís Antônio. Juventudes: sociologia, cultura e movimentos. Alfenas: UNIFAL, 2016.

OLIVEIRA, Cláudia Lommez de. Subjetividades Estudantis: uma análise do sofrimento


emocional na educação profissional e tecnológica. Dissertação (Mestrado em Psicologia).
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2013.
AVALIAÇÃO

• Que bom
• Que pena
• Que tal

• http://www.spe.cefetmg.br/

Você também pode gostar