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HISTÓRIA DO IFBA

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) é uma instituição


cuja história está vinculada à formação da Rede Federal de Educação Profissional Técnica e
Tecnológica. Foi fundada como Escola de Aprendizes e Artífices em 1909, pelo presidente
Nilo Peçanha, com o objetivo de formar pessoas para atender às demandas de mão de obra
do mercado. Com o passar do tempo, a Educação Profissional foi incorporada como
modalidade educacional e passou a ser um direito dos cidadãos brasileiros.

Faz-se interessante a análise de como a desigualdade social era estrutural: à elite,


acesso à formação integral; aos mais pobres, uma educação voltada à
instrumentalização de profissões, cujo prestígio social era menor.

Psicóloga: NADIJA e CAROLINE


1. Nome
2. Tempo de atuação no cargo na instituição: Nadija diz que começou um ano e
pouco depois de formada em 2009, depois fez mais especializações na área
educacional e passou muito tempo atuando com alunos com necessidades
específicas (tudo no IFBA). Carol tem pouco tempo e entrou em 2020
3. Funções principais do cargo de vocês? Nadija diz que as atribuições são muitas e
que em tese tinha que atuar de maneira mais incisiva no ambiente escolar, mas
ainda tem um raio de ação curto na intervenção do currículo e prática do campus.
Acompanha os estudantes com uma equipe multiprofissional e nessa mediação entre
os sujeitos e os aprendizados. Carol diz que fica em um departamento específico.
Tem psicólogos na DEPAE (diretoria adjunta pedagógica de atenção ao estudante)
tem um estagiário e mais dois graduados em psicologia. Tem um bom número de
pessoas, mas quem trabalha mais na área são três pessoas sendo que um tá
afastado. É um serviço multiprofissional. O trabalho tem sido de uma luta de
desvincular a psicologia da psicologia clínica. Tem pensado em serviços para não
atender somente o indivíduo. Tem a caixa do desabafo, o SOS psi para o estudante
entender que é algo pontual onde o estudante não precisa marcar e não precisa
retornar, sendo uma escuta e um programa de auto regulação semanal propondo
algumas mudanças de hábitos para se adequar melhor ao currículo. Tendo o nível
técnico, acaba sendo mais difícil que o ensino médio comum, precisando mudar o
comportamento

4. Qual o papel do psicólogo na instituição?


5. Quantos psicólogos possuem na instituição? Qual o papel deles? três
psicólogos educacionais, um estagiário e um psicólogo que trabalha na área da
saúde
6. Você acredita que necessitaria de outros psicólogos na instituição? Por quê?
Acreditam que sim, pois tem vezes que chegam casos que não necessariamente
está ligado à psicologia escolar, mas precisamos suprir isso. As condições sociais,
materiais dos últimos anos afetam as condições dos estudantes e suas famílias. Tem
casos que precisamos da intervenção e apoio a família, chamando a família para os
campus, fazemos intervenção com psicólogos dos CAPS. É um trabalho em rede,
não conseguimos dar conta de problemas múltiplos sozinhos. No começo do ano o
conhecemos os estudantes e algumas famílias e alguns estudantes que têm
problemas mais críticos estabelecemos contato, fazemos contato domiciliar com
serviços sociais

7. Qual o perfil do aluno que a instituição recebe? recebemos estudantes de várias


condições sociais, estudantes de outras cidades e municípios. são públicos diversos
com pessoas com mais condições materiais e financeiras, mas com problemas
mentais. mais de 50% do público são pessoas cotistas. tem estudantes com
acompanhamento médico e familiar e psicológico. esse ano tem percebido um
empobrecimento muito grande. alguns alunos têm mais problemas econômicos do
que de fatos psicológicos que chegam nos serviços

8. Quais as principais demandas que chegam até você? a ansiedade é a principal


demanda. estamos em momentos mais ansiogênicos desde a pandemia que afeta a
saúde mental de todos associado a perda dos hábitos de estudo que as aulas eram
remotas. voltar à escola com avaliação e uma mudança na carga horária de aula
elevaram bastante a ansiedade do estudante. outra coisa é o uso excessivo da
internet que impacta na concentração e aprendizagem.

9. O que você faz pra suprir essa demanda? Quais estratégias você utiliza para
lidar com elas? serviços oferecidos que foi falado anteriormente. e outros
instrumentos é a participação dos psicólogos no conselho onde elas sabem das
demandas e de como os alunos estão dentro da sala de aula como uma equipe
multidisciplinar tendo um maior acesso o corpo do estudante

10. Existe alguma teoria em que vocês se baseiam para a prática? ela percebe que
as psicologias têm cursos acadêmicos diferentes. Nadija fez um mestrado na área de
deficiência. Carol diz que vem do SUS tendo uma visão mais diferente. O outro
psicólogo tem uma política mais para a visão da psicologia social e de raça. Carol
logo que entrou fala da política de inclusão e uma coordenação que tratava mais dos
alunos com deficientes. Ela diz que nas duas faculdades que fez, ela fez estágio em
escolas de inclusão. No IFBA tem mais de 100 estudantes com deficiência sendo
estudantes mais específicos e com neurodivergencias e deficiências diversas.

11. Como vocês percebem o impacto da escola na saúde mental dos alunos? o
IFBA tem uma proposta diferente tendo uma carga maior já que tem ensino técnico.
É uma instituição diferente, sendo que os alunos entram na adolescência com a
mudança do ensino fundamental para o médio e o ensino técnico. Tem a formação
profissional e isso impacta muito na saúde mental dos estudantes, assim como sua
família. Impacta como se organiza nos estudos. No noturno há as exigências do
trabalho e da carga horária do mundo acadêmico (subsistência e trabalho). Por ser
uma instituição mais antiga há uma naturalização de ser um espaço violento onde os
alunos não são capazes. Há também alunos que não queriam estudar lá e foram
colocados pela família. É difícil para o aluno ter coragem de abandonar e de
conseguir concluir o ensino. Não é algo incomum
12. Como você observa que a escola impacta na vida pessoal e acadêmica dos
adolescentes?
13. O que você considera como um “sucesso escolar” na instituição? Avaliar o
sucesso é algo difícil. Os estudantes que estão vivenciando outras questões para
além da vida acadêmica, no final do ano, para ver o indice de eficacia e eficiencia do
serviço é difícil mensurar, já que o sucesso pode até ser o estudante sair da
instituição e procurar outros caminhos, enquanto para a instituição é a parte do êxito
e não abandono da escola. Há políticas para que o estudante tenha permanência e
êxito, mas para a psicologia não é tão interessante que ele termine aquilo ali.

14. Você considera que a escola fomenta/promove a autonomia do aluno para uma
vida posterior à escola? De que forma? tem um currículo um pouco transversal,
onde os estudantes se deparam com algumas coisas que só seriam vistos na
graduação, tendo autonomia dentro do campus. há 20 departamentos no campus.
eles desde o ensino médio precisam desarmar em algumas situações. há um índice
grande de entrada no ensino superior até no próprio IFBA. não há um currículo
voltado para o enem, mas muitos conseguem entrar no ensino superior.

15. Vocês trabalham de forma conjunta com o psicólogo que atua na área da
saúde? Se sim, como funciona? o diálogo existe de forma não sistematizada.
existe em situações pontuais onde há um envio de um setor para o outro. não há
uma rotina. antes quando só tinha um psicólogo educacional e um clínico tinha uma
supervisão mútua, mas com a equipe crescendo as coisas foram se perdendo.
quando ele foi para o serviço de saúde perdeu mais o contato, mas em intervenções
pontuais há o contato. para carol, o serviço médico incomoda, pois há uma grande
quantidade de profissionais que não dialoga com o setor da educação. não há troca
de forma sistematizada. com os médicos, principalmente que não saem dos
consultórios. elas não sabem exatamente o que eles fazem. eles só chamam os
psicólogos quando há um estudante que precisa de apoio psicológico. há
dificuldades na interação, não tem prontuário e não se sabe o que acontece
Já tiverem outros psicólogos, é um campo com certo tempo de atuação
Há uma luta para ampliar a quantidade de psicólogos, reforçando e brigando com os
representantes para ampliar o número de profissionais.

ENTREVISTAS COM PSICÓLOGAS DO DEPAE (Diretoria Adjunta Pedagógica


de Atenção ao Estudante)

Pouco raio de ação na intervenção do currículo e prática no campus.


Texto: Psicologia Escolar e políticas públicas em Educação: desafios contemporâneos.

Os psicólogos escolares não participam e fazem parte da formação de políticas públicas no


campo da educação. Não participam da formação da base nacional comum curricular
(BNCC) e pouco agem no cronograma das instituições. A estrutura escolar pode impedir que
o psicólogo tome a frente do problema, já que é visto como uma pessoa externa.
As psicólogas relatam que a participação dos psicólogos no conselho foi muito recente.
Antes elas eram convidadas para situações pontuais, o que as colocam num lugar que se
aproxima da psicologia clínica voltada somente aos problemas, que é um lugar que elas
tanto buscam se afastar. Agora, como membros oficiais do conselho, elas conseguem saber
das demandas e de como os alunos estão dentro da sala de aula e um diálogo maior com a
equipe multidisciplinar.

Equipe multiprofissional: diferencial do IFBA. Apesar de ter essa equipe, a comunicação


entre os profissionais é limitada. São muitas pessoas, é muito difícil de dar conta de
conhecer todo mundo.

Tentativa constante de desvincular a psicologia educacional e escolar da psicologia


clínica: Apesar dos desafios e da falta de apoio (poucos profissionais para muitos alunos),
as psicólogas se propõe a se afastar desse lugar de psicologia clínica, propondo atividades
que apesar de oferecerem um acolhimento e escuta (a caixa do desabafo, o SOS psi), são
feitas de forma que o estudante entenda que é um serviço pontual, em que não há
agendamento e retorno necessário.

Serviços psicológicos na área educacional: caixa do desabafo, o SOS PSI e programa


de auto regulação semanal (mudanças de hábitos para adequação ao currículo).

OBS: O fato de ter que criar cronogramas com os alunos para eles se adequem ao currículo
já demonstra que não há uma flexibilização do cronograma escolar, onde alguns alunos não
vão conseguir acompanhar a partir de múltiplos fatores. Isso gera exclusão na escola, ou
seja, pessoas que mesmo matriculadas não conseguem acompanhar o ritmo delas, gerando
defasagem escolar e repetência. Ainda existe a perspectiva que o psicólogo vai adaptar os
alunos ao sistema escolar capitalista reproduzindo e mantendo exclusões. Mesmo tendo a
visão de separação da psicologia educacional com a psicologia clínica, ainda em certos
pontos reproduz a lógica clínica individualista de avaliação psicológica ao âmbito
educacional, não trazendo a multiplicidade de responsabilidade pelo não adequamento dos
estudantes a um sistema falho.

Casos que não seriam tratados pelo psicólogo escolar: aluno ideal X aluno real. Os
professores não estão preparados para lidar com questões socioeconômica dos alunos e
como isso vai impactar na aprendizagem. Há um mito de que todos os alunos deveriam
acompanhar da mesma forma. Patto vai trazer que o fracasso escolar é visto como algo
individual a partir de processos psicodinâmicos (a avaliação psicológica vai contribuir com
esse pensamento) e as teorias da carência cultural (pessoas mais pobres vão fracassar
devido a carência/privação da cultura) e diferença cultural (a escola não está preparada para
dar conta do “diferente”). As experiências ditas “primordiais” estão carentes nesse tipo de
população.

Pontos a serem levantados: qual cultura é essa? Por qual motivo a escola se adequa a
essa cultura ao invés de pensar a realidade dos estudantes, o local onde ela está e a quem
ela atende?

Vinculação em rede: Em alguns casos específicos, as psicólogas precisam de uma


intervenção mais próxima à família, e até com uma rede de cuidados, como os psicólogos
dos CAPS. Isso acontece devido a uma alta demanda que muitas vezes vai além de
questões meramente educacionais.

Falta de relação com os familiares dos estudantes: O contato acontece apenas em


situações de estudantes com problemas mais críticos. Em diálogo com a vinculação em
rede, elas comentam a possibilidade de contato domiciliar com serviços sociais.
Muitas vezes há uma culpabilização da família pela defasagem de aprendizado do
estudante. Isso é visto a partir do mito da família desestruturada como causa da violência e
do desajustamento escolar do aluno.
As escolas públicas são estruturadas a partir dos moldes das classes médias, mesmo que
não seja possível uma participação dos alunos e da família do mesmo jeito.

Crítica à teoria da carência cultural: Que família seria a família ideal que poderia trazer
um ajustamento do aluno àquele ambiente? O texto Psicologia Escolar e políticas públicas em
Educação: desafios contemporâneos fala um pouco sobre como em muitos documentos oficiais
há a desvalorização das famílias de classes populares onde a escola só pode minimizar a
carência cultural, sendo o papel da escola apenas disciplinar.

Questões de políticas públicas: empobrecimento pós pandemia; questões psicológicas


atravessam as questões escolares. O que fazer dentro da escola para tentar minimizar essa
defasagem econômica? - Questão de política pública

Políticas de permanência e êxito do IFBA: cursinho para dar suporte aos alunos que
vieram de uma educação de base mais frágil

Pontos que faltaram a serem discutidos: elas trouxeram mais os pontos de classes
sociais, não especificando questões de gênero, raça e orientação sexual, por exemplo. Há
um pensamento de que pos estudantes coexistem em um ponto hegemonico hetero cis
branco, no qual o sujeito que é visto é o sujeito Homem. É importante pensar que as
questões raciais de gênero e classe atravessam o psique do estudante. Sendo os alunos
que coexistem em diversas minorias são atravessados pela desistência de atuar naquele
espaço. A escola atua como seletor social desses indivíduos, dificultando a permanência
deles nesses ambientes. As normas instituídas pelo poder simbólico (Bourdieu) geram
dispositivos duráveis, havendo um consenso que o poder hetero cis branco se mantenha, o
que gera violencias simbólicas que também vão se manter atraves dos habitus.

Culpabilização: Há nesses pontos uma certa culpabilização do aluno quanto ao uso da


internet. Como, depois de 3 anos vivendo uma vida remota, os adolescentes conseguem se
desvincular disso?

Falta de reconhecimento da importância do trabalho das psicólogas: só recentemente


elas passaram a participar do conselho dentro do IFBA, em um panorama geral, os
psicólogos não atuam nesse meio. Antes elas eram convocadas para lidar com situações
mais específicas, o que as aproximavam desse lugar de “psicologia clínica” que elas tanto
tentam se afastar.
Acessibilidade: O IFBA oferece intérpretes na sala de aula, a estrutura do local se propõe a
ter uma maior acessibilidade (espaço amplo e com rampas). Apesar disso, numa aula de
desenho técnico, vimos uma menina com estatura muito baixa com muita dificuldade de
desenhar (que é o principal objetivo da disciplina) na prancheta. Os bancos eram
extremamente altos e desconfortáveis para passar horas desenhando. Assim, percebe-se
que apesar de haver uma tentativa de promover uma maior acessibilidade, ainda existem
muitas “falhas” na sua estrutura que dificultam o aprendizado e desempenho de alguns
estudantes.

Naturalização da violência: Violência simbólica trazida por Bourdieu que naturaliza as


violências para que o poder se mantenha

Potencialidades x Vulnerabilidades: Uma coisa que a gente relacionou com o texto “A


Atuação do Psicólogo como Expressão do Pensamento Crítico em Psicologia e Educação”
de Tanamachi foi a ideia de que os professores prestam mais atenção nos comportamentos
inadequados dos alunos do que nos adequados. Muitas vezes a estrutura escolar visa mais
olhar para o que os alunos não conseguem fazer do que as suas potencialidades. O papel
do psicólogo escolar é ver justamente essas potencialidades e explorá-las. Isso não tem a
ver com o sucesso e fracasso escolar em relação às notas, mas sim como eles agem para
além do currículo escolar.

E isso conversa muito com a perspectiva das psicólogas do IFBA sobre a ideia de sucesso
escolar. Ela dizem que avaliar o sucesso é algo difícil, porque os estudantes que estão
vivenciando outras questões para além da vida acadêmica. Então, no final do ano, é difícil
mensurar o índice de eficácia e eficiência do serviço, já que o sucesso pode até ser o
estudante sair da instituição e procurar outros caminhos; enquanto para a instituição é a
parte do êxito e não abandono da escola, pouco importando as várias coisas que
atravessam a vivência daquela pessoa.

Sucesso x Fracasso escolar: A autonomia vista por elas tem mais a ver com uma
autonomia vista no ensino superior. Não foi explorado o processo de autonomia com relação
ao senso crítico e ao saber fazer por si só que não tenha correlação com a educação formal.
A educação formal ainda segue a atenção ao desenvolvimento intelectual, não pensando na
parte física, emocional e social do estudante. Cumprindo o objetivo social capitalista. Mesmo
que o IFBA tenha uma maior permeabilidade de mudança social, há ainda uma alienação
por parte dos gestores sobre o que seria sucesso escolar, por exemplo. Além disso, é
possível notar que não há como proposta uma técnica de educação baseada em conflitos,
não havendo espaços de autonomia dos estudantes com espaço de diálogo e liderança por
parte dos discentes de construir valores e atitudes éticas. O conflito ainda parte da resolução
dos psicólogos e gestores, não de todos os membros envolvidos no problema

Poder: Não há um protagonismo estudantil, ainda é algo extremamente verticalizado


(havendo hierarquias - as hierarquias são mantidas por conta de um capital simbólico -
modelo tradicional da escola classe média. Falta de protagonismo estudantil através do
poder simbólico. Ainda reproduzimos os moldes escolares de 1930 - autoritários e centrados
na figura do professor. A escola como agente de domesticação de corpos por práticas
neoliberais - formação de mão de obra técnica)
A escola, mesmo depois da Constituição Cidadã continua a reproduzir um caráter
individualista devido, não pensando nas condições micro e macro estruturais envolvidas no
processo de aprendizagem.

As ideias das psicólogas conversam com o texto “A Atuação do Psicólogo como Expressão
do Pensamento Crítico em Psicologia e Educação” de Tanamachi, pois elas trazem essa
necessidade de pensar além do pensamento fragmentado, ou seja, elas defendem uma
aprendizagem do pensamento crítico onde o professor tem papel de mediador, e não
detentor do saber verticalizado. Apesar disso, vimos que na prática isso não ocorre. O
que demonstra um conflito entre os valores das psicólogas x os valores da instituição e
do corpo docente.

Dificuldades: O trabalho das psicólogas no IFBA é de muito empenho, mas também muito
cansaço e sobrecarga. É importante pensar também sobre como essas dificuldades
cotidianas impactam na motivação para exercer o trabalho como psicólogas educacionais. -
visão de que as políticas públicas podem ser faltosas, pois terão profissionais que vão se
desdobrar para fazer com que aquele ambiente funcione. Também é papel do psicólogo
escolar ser um ser político que cobre do Estado.

Serviço médico x DEPAE: A maior quantidade de profissionais na área de serviço médico


parece denunciar ainda uma hierarquia onde o serviço médico possui maior valorização. A
falta de diálogo entre o serviço médico e o DEPAE também evidencia falhas nessa
articulação entre os profissionais disponíveis.

O maior problema das escolas de modo geral é a reprovação e não a evasão.


Professora - Maria do Carmo (Carmita)

Nome e disciplina: Desenho técnico arquitetônico

Tempo de atuação no cargo na instituição: 24 anos como funcionária pública do Ifba,


arquiteta de formação, trabalhou na prefeitura e virou professora para trabalhar com
pesquisa.

Funções principais do cargo: Condução das aulas no curso de Edificação do primeiro,


segundo e terceiro ano. Responsável por conduzir algumas atividades de pesquisa e
extensão, voltadas para a comunidade externa e também dos diversos cursos presentes no
IFBA (é responsável desde a produção do Edital). Participa do projeto anual interdisciplinar
entre os componentes curriculares. Além da carga horária de aula, tem um horário que
precisa estar disponível na escola para o atendimento dos alunos. Esse atendimento se
resume a tirar dúvidas e auxiliar em alguma dificuldade.

Como você caracterizaria o sistema educacional da instituição onde trabalha? E por


que dessa maneira?
A professora comenta que o curso integrado do IFBA (ensino médio + técnico) não deveria
ser integrado, comenta que o técnico deveria ser depois do ensino médio. Nesse momento,
relata sobre um receio, principalmente com a redução da carga horária da instituição, que
deixou de garantir a formação em 4 anos, para 3, o que, segundo ela, fez com que diversas
disciplinas, principalmente as técnicas, que também abarcam uma demanda prática, tivesse
que diminuir seu conteúdo teórico para se encaixar no novo modelo. A professora ressalta
uma atenção para isso, demonstrando preocupação em se os técnicos que estariam sendo
formados nesse período teriam formação o suficiente e de qualidade para atuação.
A docente também relata que no curso de Edificações, os alunos também possuem a
responsabilidade de produzir um TCC para finalizar o curso, e muitas vezes ele acaba sendo
pensado e articulado somente nos últimos “segundos” do curso, e não ao longo da trajetória
do estudante. O que ocorre muitas vezes por conta da quantidade de atividades,
considerando que as disciplinas giram em torno de 17, totalizando as disciplinas técnicas e
as curriculares do ensino médio comum.

Sobre o processo avaliativo, Carmita diz que a Avaliação é processual - “tem quem faça e
quem seja contra”. Em geral, existe uma diversidade, ela diz na matéria dela os alunos
realizam um seminário sobre um tema que envolve projeto arquitetônico e acessibilidade, e
o restante da nota se dá através da produção de um projeto - em que os alunos desenham
no papel manteiga uma casa, eles já recebem o básico da planta-baixa pronta e os demais
detalhes são pensados por eles. Existe uma orientação para diversificar as formas de
avaliação - provas, seminários, etc.

Alguns pais são resistentes, "é melhor jogar no mundo".

Sobre a organização curricular, a grade é fechada, os alunos não podem escolher as


matérias da forma que quiserem.

O que para você representa a escola? O que significa educar para você?
A professora disserta bastante sobre o fato da sua aula preparar os alunos não apenas para
aquela aula em si, ou aquela formação, mas sim para o mundo do trabalho. Ela diz que em
sua aula os alunos ficam bastante autônomos, e que quando não tem aula expositiva, eles
utilizam as mesas de desenho para dar continuidade aos seus projetos. Ela relata que
nesses momentos, muitos conversam, escutam música, brincam, mas cabe a cada um se
organizar e utilizar aquele tempo ao seu favor, ou não. Ela fica disponível para dúvidas e
auxiliá-los o quanto precisarem no tempo de aula, e também nos horários de atendimento.
Os horários de atendimento ocorrem um pouco antes da aula. Uma problemática em relação
a eles, é que com a redução do tempo de curso para 3 anos, muitos horários de
atendimento acabam coincidindo com outras aulas obrigatórias dos alunos, o que não
deveria acontecer e dificulta que o horário seja utilizado.

Carmita comenta também, “que os alunos não buscam estágio, ou não querem mais se
inserir no mundo do trabalho, enquanto estão no curso técnico.” O que demonstra uma visão
bem técnica e ao mesmo tempo trabalhista, no sentido de uma ideia de articulação entre a
formação e o trabalho, como elementos que não deveriam ser dissociados. A professora
comenta sobre esses estágios terem sido utilizados por ela quando era estudantes, pois
fazia questão de ter seu próprio dinheiro e sua autonomia.
- A partir do artigo “Os Institutos Federais como referência para formação humana
integral” é possível compreender que a formação integral consoante à Lima; Silva &
Silva (2017), está associada a uma "concepção política em uma perspectiva
contra-hegemônica. Isso porque as concepções políticas não hegemônicas têm
como horizonte uma formação capaz de proporcionar aos indivíduos, qualificações
amplas de modo a garantir-lhes os saberes necessários a uma formação de cultura
geral na qual o trabalho seja entendido como um princípio educativo, e não como
uma utilidade imediata, inconsequente e alijado da vida com dignidade humana e
social (p.10).
- A professora ao longo da entrevista ressalta uma ideia que se vincula com o pleno
desenvolvimento da pessoa. Tal perspectiva se alinha muito com o conceito de
educação defendido em 1988, por meio da Assembleia Nacional Constituinte, em
seu Art. 205, “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988, grifo nosso).
- A docente comenta constantemente sobre o quanto sua aula e o espaço escolar
estaria formando os estudantes para a vida é para o mercado de trabalho. De acordo
com Ramos (2014), que articula essas ideias, uma formação humana integral seria
aquela capaz de superar o indivíduo que sofre a cisão histórica do sujeito que vê o
trabalho como posto na área de ação de execução ou ação de pensar, dirigir ou
planejar. Passando a adotar um instrumento educacional que possibilita que o
trabalho atravesse as duas áreas, em que a formação profissional caminha ao lado
do ensino médio, com uma integração de diferentes dimensões da vida (trabalho,
mercado de trabalho, formação educativa), com uma formação omnilateral dos
sujeitos.
- A partir da autora Ciavatta (2014), “O termo omnilateral é também carregado de um
sentido político, emancipatórios no sentido de superar, pela educação, a divisão
social do trabalho entre trabalho manual e o trabalho intelectual, e formar
trabalhadores que possam ser, também, dirigentes” (p.190)
- O que está posto para os Institutos Federais é a formação de cidadãos como
agentes políticos capazes de ultrapassar obstáculos, pensar e agir em favor de
transformações políticas, econômicas e sociais imprescindíveis para a
construção de outro mundo possível (PACHECO, 2011, p.29).
Segundo MEC (BRASIL, 2010, p.18), em documento de apresentação dos Institutos,
“O modelo dos Institutos Federais surge como uma autarquia de regime especial de base
educacional humanístico-técnico-científica”. No nosso entendimento essas instituições se
constituem em instrumentos de implementação da educação omnilateral, pois ao possibilitar
a aproximação da ciência e tecnologia mediada pela educação, articulando portanto a com
o trabalho, esse Instituto caminha no sentido de resgatar o ideário marxista de formar o
homem todo, superando o caráter assistencialista do ensino voltado para os desvalidos da
sorte nas Escolas de Aprendizes Artífices, onde o aluno aprendia diversas técnicas, pelas
quais era instrumentalizado para atender as demandas imediatas do mercado de trabalho
nos mesmos moldes do sitema “S”.
- Nos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, a técnica e a tecnologia
foram revestidas de um saber científico que permitem ao educando avançar das
práticas da formação que o limitava ao manuseio de instrumentos e a operação de
equipamentos, para compreender os seus fundamentos científicos.
Ramos (2014, p.117) ao defender que o objetivo principal do Ensino Médio Integrado à
Educação Profissional:
- não é a formação de técnicos, mas de pessoas que compreendam a realidade e
que possam também atuar como profissionais. A presença da profissionalização
no ensino médio deve ser compreendida, por um lado, como uma necessidade social
e, por outro lado, como meio pelo qual a categoria trabalho encontre espaço na
formação como princípio educativo.
Qual a estrutura do IFBA?
A rede federal passou a destinar 50% das suas vagas à educação técnica de nível médio e
minimamente 20% à formação de professores; oferta cursos superiores de tecnologia,
bacharelados, engenharias e pós-graduação a níveis de mestrado e doutorado. Tal
estratégia ensejou a abertura de suas portas a todas as classes sociais, oferecendo
gratuitamente, ensino, pesquisa e extensão de modo igualitário, em uma perspectiva de
formação científica, tecnológica, cultural e humana.

A história dessas instituições mostra um processo evolutivo que vai desde as técnicas
artesanais das Escolas de Aprendizes Artífices, criadas por Nilo Peçanha em 1909; o
aperfeiçoamento dessas técnicas vindo em 1965, pelas Escolas Técnicas Federais; em
1978, a criação dos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’s), fez a inclusão
da tecnologia; por fim a em 2008, essa tecnologia passou a ser mediada pela ciência com a
chegada dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Essa “tecnologia não
é mais o simples saber como fazer da técnica. Ela exige por parte de seus agentes um
profundo conhecimento do porquê e como são alcançados seus objetivos”, assevera
Grinspun (2002, p.12). Nesse sentido, a tecnologia pode ser definida como o estudo das
técnicas de uma ciência e a respectiva aplicação desse conhecimento científico

Como funciona o ensino integrado (médio e técnico) na instituição?


O Ensino Integrado é a junção do Ensino médio + matérias do curso técnico, o que totaliza
em torno de 17 matérias e está relacionada a uma sobrecarga do alunado; pressão grande,
ensino puxado.
Atualmente, tem sido incorporado ao ensino a PPA - prática de profissão/produção
articulada -> tem gerado boas repercussões; articulação com outras disciplinas; cada ano
tem um coordenador, esse ano Carmita é coordenadora. Essa prática tem como intuito
realizar um projeto conjunto entre as disciplinas de ensino médio e as do curso técnico, de
modo a fazer com as disciplinas se intercruzem de alguma maneira. O que demonstra uma
preocupação do instituto em fazer com que os conhecimentos sejam produzidos de uma
maneira interdisciplinar, e os alunos possam ver sentido entre os diferentes ensinamentos
que adquirem.

Quantas turmas e quantos alunos tem em média numa sala de aula dessa instituição?
2 turmas de segundo ano - em geral são duas turmas desse curso até o terceiro ano, devido
a uma queda drástica no número de alunos, no quarto ano as duas turmas podem ser
unidas.
40 alunos por turma.

O que os alunos aprendem na sua disciplina?


A realizar projeto arquitetônico - planta baixa, corte, fachada, desenham planta de
localização, conhecem a NBR para realização dos projetos, leis de acessibilidade, alguns
materiais arquitetônicos. Observamos que na sala existiam algumas telhas para exibição
aos alunos, e outros materiais.

Quais são as maiores dificuldades enfrentadas por você em sala de aula?


Alunos subdiagnosticados, com questões de aprendizagem, tdah, depressão; ausência de
formação para lidar com essas demandas - o serviço de psicologia não dá conta de tudo;
infraestrutura; acessibilidade (alunos cadeirantes, com nanismo, etc); sequelas da pandemia
- perda de familiares, etc;

A professora relata que as condições psíquicas dos alunos ou qualquer relatório seja familiar
ou pessoal não lhes é passado, o que ocorre na prática é os professores acabam buscando
uns aos outros para discutir e comentar sobre alunos que apresentam algum
comportamento “diferenciado” ou tem alguma dificuldade que diverge do grupo. A professora
relata o quanto que se essa informação fosse passada com antecedência ela poderia se
organizar melhor para encaminhar a aula de diferentes maneiras, mas o que acontece, em
sua maioria, é que ela tem que lidar com as situações na medida em que elas vão se
tornando notórias. Ela relata sobre o caso de uma aluna em que ela tem suspeita de
nanismo, por conta de sua estatura, e que a aluna tem muita dificuldade na aula por conta
da altura da mesa que tem que desenhar.

A docente relata que já solicitou diversas vezes uma mesa menor, mas a burocracia da
instituição é tanta, que ainda não conseguiu a mudança do material. Ela também
compartilha que já teve alunos que não conseguiam sentar e se concentrar na construção
do desenho, somente quando ela sentava ao lado. Aluno com potencial, conseguia
desenhar rapidamente quando ela o fazia ficar sentado - mas ela comenta que por ser só
uma na turma inteira, isso não tem como acontecer com frequência.

A vulnerabilidade socioeconômica também é ressaltada pela professora, que relata ter


vários alunos que não têm dinheiro para adquirir uma folha de papel manteiga, ou mais de
uma, material essencial para realização das atividades da disciplina. A disciplina técnica
exige dos alunos um material específico, e muitas vezes a instituição não tem orçamento
para oferecer e os alunos precisam adquirir por conta própria. Além disso, é ressaltado por
ela o quanto a escola escola é casa para muita gente.
A professora relata que diversos alunos preferem estar no ambiente escolar, comer na
escola (através do recurso do PAAE - que possibilita o almoço e o jantar na escola de forma
gratuita) e descansar por lá, do que retornar para suas casas, onde às vezes essa refeição
não é garantida.

E quais as estratégias que você usa para lidar com essas dificuldades?
Carmita diz que está aprendendo a reduzir o conteúdo - proporcionando que as atividades
sejam feitas em sala, não em casa. "Isso não é uma sala de aula, eu estou preparando
vocês para a vida profissional".
Contudo, a extensão do projeto é grande, o que impossibilita que seja finalizado em sala. Ou
seja, o conteúdo programático não foi organizado para que isso aconteça de maneira
confortável pelos alunos, que nunca tiveram contato com o que está sendo transmitido em
sala.

A professora tem impulsionado a instituição a oferecer os materiais, a garantir mesas


suficientes e confortáveis para todos os alunos. Mas ela comenta o quanto também está
sobrecarregada para atuar em todas as dificuldades.

Você já deu aula em uma instituição privada? Caso sim, qual a diferença em relação à
sala de aula do IFBA? Não.
Qual o perfil dos alunos que compõem a escola?
Alunos que fazem da escola, sua casa.
Que possuem questões socioeconômicas, e vulnerabilidades, alunos com licença que
passam o dia na escola, porque preferem e depois voltam para casa.

A turma não teve condições de comprar papel manteiga, a escola também não fem
recursos, e o colegiado conseguiu consórcio com uma empresa para doar o papel, a
professora tem que manejar a situação para os alunos não se sentirem incomodados, pela
vulnerabilidade.

Alunos chegam com baixa maturidade, impactos da pandemia. Perfil de alunos onde
ninguém quer ser técnico. A maioria dos alunos não chegam para fazer curso técnico. Existe
uma raiva, um sentimento de atraso com relação aos professores técnicos. Alunos não
chegam esperando o curso técnico. Apenas um aluno, em meio a todas as outras turmas,
demonstrou interesse, porque o pai é da área civil.

Existe uma raiva dos alunos, por acharem que estão se atrasando.

Esse ano, tem mais gente interessada pela área de construção civil.

Mexem muito no celular. interferência forte da tecnologia no dia a dia, e é importante


ressaltar o quanto a disciplina não está passível a essa tecnologia, considerando que os
alunos desenham a mão, e não no computador, utilizando recursos como o Autocad. Logo,
esse atravessamento tecnológico, entre nova geração e o formato operacional que a
disciplina exigem, entram em certa crise.
Ao mesmo tempo, existe uma dificuldade para usar a imagem como ferramenta de
comunicação visual (em seminários, por exemplo).

Muitos não têm telhado - falta de entendimento prévio sobre o conceito técnico.

Por outro lado, tem gente que chega de paraquedas no curso técnico e se identifica muito.

Quais as maiores dificuldades e obstáculos que os alunos enfrentam quando chegam


na instituição?
Dificuldades financeiras - materiais para aulas; questões psicopedagógicas.

A professora comenta sobre um déficit no ensino fundamental I e II que impacta


absurdamente no desempenho e na evasão da instituição, visto que, muitos alunos não
tiveram uma boa base nas disciplinas enquanto estavam no ensino fundamental, e quando
chegam no IFBA, que exige uma demanda maior na matérias de exatas, não conseguem
alcançar e não apresentam um bom rendimento. Logo, a instituição passa a abarcar
dificuldades provenientes de outros momentos educacionais.
"Cair de paraquedas no ensino técnico"
-

Quais estratégias educacionais você utiliza para atender alunos que não se adaptam a
maneira dita tradicional de educação? O que você acha que favorece a aprendizagem
dos seus alunos?
Mesa para alunos com deficiência.
Tenta sentar do lado - alunos inquietos.
Busca as profissionais de psicologia para entender algumas questões ou troca e compartilha
com outros professores.

O que os alunos que chegam no ensino técnico esperam da instituição?


Professora ressalta que nos últimos anos apenas um aluno tinha uma predisposição para
área técnica, os demais chegam na instituição para garantir uma formação de qualidade,
mas sem interesse na parte técnica. Muitos não fazem as matérias técnicas e cursam as
curriculares do ensino médio para depois fazer encceja e adentrar a universidade.
Saem antes de finalizar o ensino médio
Não fazem matérias técnicas
Pedagogo participa do conselho - média as questões para a passagem para psicologia

Como você caracterizaria a relação aluno-professor?

Teve uma aluna que foi perguntar a professora qual faculdade deveria fazer, pois tinha
passado na facs e queria cursar ufba; passou na ufba depois.

Chama atenção para a relação que os ex-alunos têm com a escola (convites de formatura,
casamentos, apresentação dos filhos, etc)

Se emociona ao falar dessa relação.

Existe um profissional da psicologia nessa instituição? Se sim, você sabe qual o


papel dele/dela? Há uma relação mais próxima entre psicólogo e professores? Como
se dá?
Caso a resposta seja não, você acha que há necessidade dessa figura na instituição?
Em que sentido?

Como é a relação entre os professores da instituição? Há alguma mediação? As


estratégias de enfrentamento de obstáculos são discutidas?
Menos do que deveria. A gente fica apagando fogo.
Estão fazendo a revisão do plano de curso.
Percebe que muitas questões discutidas na primeira unidade se repetem na segunda e/ou
terceira, não

Como é a relação entre os professores e os familiares dos estudantes?

Por fim, você sente que seu trabalho nessa instituição é valorizado?
Não acho que é valorizado. No ponto de vista da instituição, cumpro minha obrigação. Existe
pouco estímulo da instituição para fazer além disso. Tudo exige um esforço muito grande.
Espera que o estímulo aconteça por setores. É preciso fazer ensino, pesquisa e extensão.

Fez uma extensão no "bin" ano passado, mas não concluiu porque se sentiu sobrecarregada
- tinha que fazer as aulas, o edital da extensão, etc.
A ideia era oferecer o curso para mulheres de baixa renda. 30 horas.

Reconhecida pelos alunos e pelo corpo docente. "A disciplina mais importante do curso é a
minha (risos)".

Utilizar texto "A formação dos formadores para a docência nas licenciaturas dos
Institutos Federais" escrito por Rosenilde Nogueira PANIAGO - doutora em Ciências da
Educação pelo Instituto de Educação da Universidade do Minho, Portugal
- Para o ingresso nos IFs nem sempre é exigida dos professores uma formação
acadêmica vinculada à docência; por conseguinte, ingressam professores sem
conhecimento da especificidade da docência.
- Assim, apesar de muitos terem vasto conhecimento e pesquisas em áreas
específicas, não possuem experiência com a docência e a formação de professores
e mesmo assim, estão aptos a atuarem do Ensino Médio à Pós-graduação, incluindo
a licenciatura.
- Estola, Uitto e Syrjälä (2014, 107) evidenciam a importância do investimento em
qualificação dos professores para a melhoria do ensino. Para os autores, “A elevada
qualidade da formação de professores tem sido vista como um fator importante para
explicar o sucesso finlandês nos estudos do Programa para Avaliação Internacional
de Estudantes (PISA) da OCDE”
- Para Day (2001) o DPD (Desenvolvimento Profissional Docente) dos professores
é correlacionado com suas vidas pessoais, profissionais, dos contextos escolares e
das políticas educacionais.
- Então, para o autor, o DPD [...] inclui, por isso, quer a aprendizagem
iminentemente pessoal, sem qualquer tipo de orientação, a partir da
experiência (através da qual a maioria dos professores aprendem a
sobreviver, a desenvolver competências e a crescer profissionalmente nas
salas de aula e nas escolas), quer as oportunidades informais de
desenvolvimento profissional vividas na escola, quer ainda as mais formais
oportunidades de aprendizagem “acelerada”, disponíveis através de
actividade de treino e de formação contínua, interna e externamente
organizadas (DAY, 2001, p.18)
- Da mesma forma, Garcia (1999) destaca que o DPD dos professores é sujeito a
influências e pressões por parte de instâncias oficiais, extraoficiais, profissionais e
extraprofissionais - com destaque às políticas educativas que incluem salários,
incentivos, autonomia, controle, como também a cultura organizacional das
instituições
- Também Oliveira (2016) contribui ao destacar que no processo histórico da EPT, os
professores são selecionados em face de sua qualificação técnica e experiência
profissional em detrimento de sua formação pedagógica e experiência na docência,
principalmente os professores dos componentes curriculares da área técnica
- Muitos dos novos professores, com titulação mais elevada que os antigos docentes,
não desejam ministrar aulas para os cursos de nível médio, mas sim para os
superiores, e da mesma forma muitos dos docentes antigos vêem nas possibilidades
de capacitação a oportunidade de deixar a lecionação nos cursos técnicos, menos
prestigiosa na instituição e que demanda, segundo muitos professores, uma
dedicação maior, pelos alunos serem adolescentes. (ARRUDA; PAULA, 2012,
p.1546).
- Uma geração de jovens bem titulada (nem sempre bem qualificada) que estava
contida pelas políticas neoliberais avessas aos concursos públicos e à criação de
novas instituições públicas de ensino. Trata-se de uma geração conhecida como
“concurseira” em busca, primeiro, de emprego e, em seguida, de empregos
mais bem remunerados. (FRIGOTTO,2018, p.135).
- A entrevistada não deixa muito evidente sua preocupação com a formação
pedagógica - o que demonstra por si só, uma problemática.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO (a partir da entrevista de Maria do Carmo)

Alunos subdiagnosticados

TDAH

Práticas escolares e desempenho acadêmico de alunos com TDAH (Reis & Camargo)

Alunos com TDAH: um desafio na sala de aula

Desafios:

● Desconhecimento do problema pelas pessoas


● Falta de fornecimento de condições positivas de aprendizagem para os alunos com
TDAH, que envolvam maior movimentação e estimulação, por exemplo.
● ·Culpabilização da biologia ou da família.
Obstáculos

● Desconhecimento pelos professores


● Falta de aproveitamento das características positivas do transtorno (dinamicidade,
hiperfoco).
● Dificuldades acadêmicas
○ Leitura e escrita; hiperatividade; autoestima.
○ Comprometimento das funções executivas.
○ Monotonia das aulas.
○ Tempo para a resolução das provas.
○ Falta de vínculo com o professor.
● Dificuldades de relacionamento
○ Muitos tornavam-se mais tímidos (autoestima abalada, interferindo no
relacionamento e na aprendizagem)
● Formação dos professores
○ Desconhecimento dos professores sobre o transtorno.
○ Necessidade de uma formação crítica do professor e de uma valorização da
diversidade humana.
○ Verticalização do ensino.
● Cuidado para não hiper-responsabilizar os professores.
● Compreensão dos outros fatores que contribuem para um baixo rendimento:
superlotação das salas de aula; má remuneração dos professores; concentração da
da aprendizagem no âmbito cognitivo; ausência de diversidade no ensino;

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