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O que é pessoa?
Uma definição técnica de pessoa que encontramos no século XII é:
Em comparação, objetos não são assim. Eles não podem opor-se ao uso que lhes
damos. Uma cadeira nunca poderá reclamar de nos assentarmos sobre elas. Com
as pessoas é diferente, elas podem resistir aos eventos e ações do mundo ou dos
outros.
As pessoas podem buscar ser o que ainda não são, desde que isso seja
possível de acordo com sua realidade.
O que é personalidade?
O que é possível chamar de seu em você mesmo? Há algo que apenas você
possui e nenhuma outra pessoa tem. Isto é a personalidade, aquilo que está
presente em nossa pessoa de uma maneira única e mais forte. É o que temos de
próprio e não é compartilhado, algo exclusivamente nosso.
O que é camada?
A camada é a síntese da personalidade, seu resumo e momento. Ela é o que dá
a finalidade dos atos, ou seja, dita o objetivo das ações, a razão de se viver.
Camadas Integrativas
As camadas 1, 2, 5, 6, 8 e 11 fecham a personalidade em um quadro definido.
Camadas Divisivas
As camadas 3, 4, 7, 9, 10 e 12 abrem a personalidade para que ela receba
influências externas, que rompem o equilíbrio antecedente. Nelas, há a luta
por uma nova integração, que será superior.
Para Gaston Berger, todas as camadas até a 8 estão presentes em todo indivíduo
adulto normal. Nem todos, porém, alcançam as próximas.
As 12 camadas da personalidade
As 12 camadas da personalidade, segundo o professor Olavo de Carvalho,
são:
1. Astrocaracterologia;
2. Psicologia do destino;
3. Aprendizado;
4. Afeto interior;
5. Autodeterminação do Ego;
6. Conquista de habilidades;
7. Papel social;
8. Eu diante da Morte;
9. Vida intelectual;
10.Vida Moral;
11. Eu histórico;
12.Eu diante de Deus.
1ª camada da personalidade: Caráter, camada integrativa, astrocaracterologia
Esta camada da personalidade ainda não é consciente. Não temos acesso a esta
motivação, mas podemos conhecê-la. Notamos que algumas pessoas são de um
jeito, outras são de outro e que já existe, naturalmente em cada um,
uma tendência anterior à consciência.
Perceba seu formato, sua aparência e sua função. Ao observá-la como um poeta,
é como se a ouvíssemos chamar para ser jogada, como se quisesse ser usada. Em
outro exemplo, um drink quer ser bebido, embora não tenha vontade, consciência
ou algo parecido.
Resumindo
A motivação da primeira camada da personalidade é própria do sujeito e
anterior a tudo. O corpo é a pré-condição da existência da personalidade e
está dado no nascimento. Assim como a mesa de sinuca quer ser jogada, cada
pessoa aparece no mundo de uma forma, com um jeito de “funcionar” que não
muda até a morte.
Pense em si mesmo. Você nota o que lhe demanda esforço, que a outros não?
Nota no que tem facilidade, que para outros é uma dificuldade?
Temos que olhar para nós mesmos e perceber que “sou isto” e não aquilo.
Por exemplo, o homem perdeu a liberdade de dar à luz? Não, mas suas
características masculinas o definem como uma coisa e não como outra.
Sofrimento
Neste caso, que envolve apenas o corpo, são as doenças.
Objetivo principal
Dominar a natureza do próprio corpo, a própria constituição física.
Ele diz que é possível explicar o que motiva as pessoas, entendendo que seus
antepassados pedem a repetição de seus sucessos e fracassos. Para o Dr. Lipot
Szondi, há nas pessoas uma inclinação a repetir os processos de seus
familiares antepassados. Isto nos ajuda a compreender o que o Professor Olavo
propõe nesta etapa da teoria das doze camadas.
“Minha dor é perceber / Que apesar de termos / Feito tudo o que fizemos / Ainda
somos os mesmos / E vivemos / Ainda somos os mesmos / E vivemos / Como os
nossos pais”.
Resumindo
Esta camada também está fora de seu controle, como a primeira. Não há como
escolher não herdar os desejos e tensões dos antepassados. É possível escolher
como lidar com eles, o que é diferente e garante sua liberdade.
Estas duas camadas apresentam tensões que estarão sempre conosco: um corpo
que se manifesta de um certo modo e uma herança familiar. São um material
bruto e o que virá será construído sobre este substrato, sobre esta realidade que
nos forma e da qual não há como escapar.
Sofrimento
Envolve os próprios problemas hereditários e não está sob o controle do
indivíduo.
Objetivo principal
Provar e gostar das experiências vividas.
Resumindo
Esta é uma camada da personalidade que o adulto já perdeu. É a motivação do
aprendizado pelo aprendizado por si mesmo, não o intelectual, mas o de
cálculo do funcionamento do mundo.
Apenas autistas graves e pessoas com retardo mental ou lesão em certas áreas
cerebrais retornam ou ficam presas à terceira camada da personalidade.
Sofrimento
Nesta camada, o sofrimento tem a ver com o sucesso ou o fracasso no
aprendizado. Não há traumas, a duração da dor é curta e a evolução natural do
indivíduo a supera. São dificuldades vencidas com o tempo, exercícios e
nutrição, principalmente.
Objetivo principal:
Exercer a liberdade no aprendizado.
Se alguém chega à vida adulta ainda na quarta camada, dela não sai sozinho. É
preciso psicoterapia, segundo o Professor Olavo de Carvalho.
Qual é este afeto que não pode faltar para que a quarta camada seja
superada?
Abnegado;
Constante;
Gratuito;
Benévolo.
Não é uma questão de ser o amigão da criança, do filho, etc. Ele também tem
seus amigos com quem brincar. Cabe aos responsáveis dar segurança para seu
desenvolvimento. A criança precisa olhar para seus pais e notar que eles estão
preocupados com ele, não com o filho do vizinho ou outros interesses
mesquinhos.
A criança espera ver ações de justiça nos pais, de confiança, de atenção ao que
estão vivendo. O que não pode acontecer da parte de quem deve garantir
amor, segurança presença e afeto é a indiferença, a despreocupação e a
desatenção.
Até que tal afeto seja sentido, um buraco permanece aberto no coração. As
pessoas na quarta camada buscam a validação de seus sentimentos, de seus
afetos. Permanecem presas buscando fazer o que toca seus sentimentos ou os
sentimentos dos outros.
Resumindo
A motivação aqui vista é a do sentimento pelo afeto ou carinho do outro. Por
isso notamos o vitimismo, no qual tudo o que acontece é levado para o lado
pessoal, sentimental, autorreferente. A pessoa se vê de uma forma especial, com
direito a praticamente tudo. Em sua concepção, as pessoas devem servi-la.
Quem está preso na quarta camada não percebe que existe um mundo
objetivo acontecendo independentemente de como ele se sente. Ele não
distingue o mundo real do imaginário. A psicanálise freudiana aborda a quarta
camada com o conceito de transferência. Klein e a psicanálise em geral também
desempenham um papel nela.
Uma vez que os vitimistas estão inseridos aqui, notamos a propensão à
falsidade, à fofoca, à mentira e a outros tipos de vínculos artificiais em busca
de legitimidade. Acrescente-se a isso a inclinação a sentir-se ofendido ou
injustiçado com facilidade.
Sofrimento
Surge quando a criança percebe se ela se sente feliz ou não, por causa de
repetidas frustrações. O maior problema é chegar à maturidade com necessidades
esquecidas, com o sentimento de rejeição.
Objetivo principal
Encontrar aceitação e segurança emocional.
Notamos aqui uma pessoa rebelde, que quer testar sua força no
mundo. Mesmo que nem todos os adolescentes estejam na quinta camada, ela é
própria deles, estando com os afetos interiores estáveis.
É normal distanciar-se um pouco dos pais nesta etapa, ser briguento e arrogante.
Ele precisa vencer, pensar que é forte, que consegue. É o processo de
amadurecimento que está acontecendo, é a saída do mundo da autorreferência
para o mundo real, externo. A referência é o Ego em relação ao mundo
exterior.
Quando ele percebe que já possui uma força, quando percebe do que é capaz e
onde pode vencer, ele está pronto para uma nova motivação, já que não precisa
mais testar a si mesmo.
Sofrimento
A fonte de sofrimento é o autojulgamento depreciativo (sentimento de perdedor),
que acontece por perceber uma falta de capacidade pessoal, o que gera
autodecepção.
Objetivo principal
Ganhar autoconfiança, vencer as disputas.
O elogio põe sobre a mesa o pão de cada dia? A vitória de ter a foto no quadro de
funcionário destaque trouxe algum conforto objetivo a mais ou apenas amaciou o
ego?
O que importa é se você tem as habilidades para executar o que você diz saber, se
objetivamente é capaz de executar bem seu trabalho, se dá conta da missão.
Na sexta camada, a pessoa busca as habilidades de que precisa para realizar sua
vocação. Ela olha para o que faz e quer fazer melhor para ter mais
resultados, não se ancora em títulos.
Principal objetivo
Obter lucro.
Muitos possuem papéis sociais por causa do cargo, mas não da habilidade. São
médicos e não sabem exercer a medicina, advogados e não sabem exercer o
direito, políticos e não sabem exercer a política. Não estamos falando deles.
Sofrimento
São relativos à percepção de estar no palco errado e ao não cumprimento de
expectativas mútuas, na falha do desempenho do papel social. Não cumprir o
papel que lhe cabe e que é esperado é a causa da dor. Isto também envolve os
outros, pois pensa-se na infelicidade deles pela falha na entrega.
Objetivo principal
Compreender quem se é no grupo e ficar bem com isso.
“Este sou eu e permanecerei fazendo isso até meu último dia. O que faço possui
valor mesmo sabendo que minha vida vai acabar, tem sentido mesmo diante da
morte”.
Ou
Se o indivíduo percebe que seu dever não tem valor diante da morte, mesmo
assim não pode mudar deixando de fazer o que faz, afinal ele cumpre um papel
social importante. Por esta razão, precisa encontrar a solução sem deixar de
continuar servindo.
Sempre que surgir o pensamento “vou largar tudo e mudar”, saiba que ele não
pertence a esta camada. Quem chegou aqui entendeu seu dever, sua
responsabilidade. Ao encontrar um problema, permanecerá até encontrar a
solução.
Nela, toca-se naquilo que é e não pode deixar de ser. A noção de verdade é
realmente aprendida, juntamente com a reflexão entre o bem e o mal. A
personalidade padrão está completa.
Sofrimento
O sujeito sofre consigo mesmo ao pensar “O que fiz da minha vida?”. Mesmo
aqueles que acertaram, podem refletir sobre todo o curso de sua existência. É
preciso julgar a vida inteira sem culpar ninguém.
Objetivo principal
Encontrar o sentido da vida diante da morte.
Sofrimento
Quem chegar a este ponto sofrerá com a ausência de uma solução para o
problema que se apresenta ao seu intelecto. O indivíduo não quer se sentir
inseguro quanto à sua capacidade de compreender a verdade e, portanto, seu
mérito em influenciar as pessoas.
Objetivo principal
Alcançar a criação intelectual, inserir a sua forma de ver o mundo na sociedade.
Antes disso, a questão tinha um peso relativo e menos profundo. Neste caso, você
percebe que pode ser mau e não caminhar na verdade. Você percebe que pode
não agir de forma moral.
Ele obedece às próprias regras, de forma que morrer por elas não seja mais um
absurdo.
Sofrimento
Na décima camada, quando a pessoa percebe que foi imoral, sente um profundo
rasgo em sua biografia. Ela sofre por perder poder.
Objetivo principal
Obter poder para exercer suas ideias na sociedade.
Ele percebe que as ações verdadeiras e morais não terminam com a morte, não
acabam neste mundo. Elas permanecem.
Neste caso, suas ações serão julgadas pela humanidade, afinal, elas mudam o
curso da história. Este tipo de ação não pode ser avaliada pelo conteúdo social ou
pelo proveito prático. Acontece em função de algo que ainda não existe.
Quando Getúlio Vargas se suicidou, ele sabia que sua ação entraria para a história
e mudaria seu curso. Ele o fez conscientemente, posicionando-se como peça
histórica em um momento específico, com a certeza de que o que ele que estava
fazendo mudaria o pensamento da coletividade humana.
Sofrimento
A dor desta própria camada é justamente falhar em atos históricos e não alcançar
impacto, não modificar o rumo das sociedades.
Objetivo principal
Mudar conscientemente o curso da história com suas ações.
Outros exemplos de pessoas que alcançaram a décima segunda camada são Jesus,
Gandhi, Sidarta Gautama, Moisés e Maomé.
Sofrimento
Decepcionar a Deus, não correspondê-lO. Sofre-se pela própria humanidade.
Principal objetivo
A redenção.
Por que acreditar nesta teoria?
Para o Professor Olavo de Carvalho, a primeira coisa a ser dita é que ela é
auto-evidente. À medida em que é apresentada, a teoria demonstra uma
geometria de encaixe dos argumentos e é reconhecida na vida.
Conclusão
As 12 camadas da personalidade fecham o ciclo de uma vida humana. Explicam
a vida daquele que possui um corpo, se manifesta, aprende, supera sua
necessidade afetiva, confronta o mundo em busca de vitória, conquista
habilidades úteis, descobre um dever social, vê-se diante da morte, busca a
verdade, busca a vida moral, constitui um “eu histórico” e alcança a
transcendência diante de Deus.