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Resumo
A expressão latina Imago Dei, significa “imagem de Deus”, é uma das doutrinas da
fé reformada e é objeto de análise de diversos teólogos da história da igreja. Esse
artigo, busca fazer uma reflexão sobre o quanto a imagem de Deus no homem foi
afetada através do pecado, além questionar respeitosamente as conclusões
principais dos teólogos reformados em relação às consequências de sermos imagem
e semelhança divina, no que diz respeito à dignidade humana.
“Deus fez” cada uma das coisas, aqui percebemos a frase no plural, “façamos”. É
interessante como o autor de Gênesis destaca a participação da trindade no
planejamento da criação do homem. 2) Deus define como seria o homem: “à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança”. O Senhor cria o homem baseado em si
mesmo, ou seja, em algum aspecto, o homem é parecido e conforme o próprio
Deus. 3) Deus define o propósito do homem: “Domine ele sobre os peixes do mar,
sobre as aves do céu, sobre os animais grandes de toda a terra e sobre todos os
pequenos animais que se movem rente ao chão". Havia coisas definidas para o
homem realizar, e Deus as designa aqui. Dada a dificuldade de entender
exatamente o que significa sermos a imagem e semelhança de Deus, podemos ficar
com o entendimento mais simplificado de que Deus planejou criar o homem baseado
em si mesmo, essa foi sua vontade e ela foi executada, ainda sem definir as
implicações de sermos feitos desse jeito tão singular.
A maioria dos teólogos reformados conclui que a Imago Dei deve nos levar ao
entendimento de que todas as pessoas, mesmo que caídas, tem alguma parte da
imagem de Deus, e por isso devem ser tratadas com toda dignidade e respeito.
Grudem fala sobre isso quando diz que “Todo ser humano, por mais que a imagem
de Deus esteja maculada pelo pecado, pela doença, pela fraqueza, pelo
envelhecimento ou por qualquer outra deficiência, traz em si ainda a condição de
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existir à imagem de Deus e portanto precisa ser tratado com a dignidade e o respeito
devidos ao portador da imagem divina.⁴
Eu percebo muita influência do humanismo nesse pensamento, são
conclusões que nenhum texto bíblico indica ou apresenta claramente. O próprio
texto de Gn 9:6, “tira o direito” à vida do assassino, porque ofendeu a Deus, não
apenas por um ataque à vida humana. Tiago 3:9, mostra outra ofensa a Deus
também, dessa vez com a boca, ao almadiçoarmos homens, ao mesmo tempo que
bendizemos a Deus. Tiago mostra que precisamos proferir palavras boas a Deus e
também aos homens, pois essa é a vontade de Deus, e não porque os homens são
dignos disso necessariamente. Veja que o homem só é tratado com algum valor
devido a sua origem divina, isso não implica em conclusões que foquem totalmente
no bem estar da humanidade, mas em conclusões que vão em direção a vontade do
próprio Deus. Desagrada e ofende ao próprio Senhor os crimes cometidos à honra e
dignidade dos homens, 6 dos 10 mandamentos evidenciam isso claramente, e esse
deve ser o motivo que nos leva a tratar o próximo com dignidade, respeito e amor, e
não uma perspectiva antropocêntrica. Não quero negar o privilégio e grande honra
que temos por sermos feitos à imagem e semelhança de Deus, mas temo que isso
tem nos levado a conclusões precipitadas sobre nossa vida em sociedade. Há outros
textos que vão mostrar com maior clareza como deve ser o tratamento e a
convivência com o próximo, todos eles se baseiam inicialmente no amor a Deus.
Ninguém pode amar ao próximo sem amar a Deus antes. Só amo ao meu próximo,
pois Deus mandou fazermos assim, e só faço desse jeito, pois amo a Deus. Não
acordamos dispostos a fazer coisas boas aos outros se não temos um coração
transformado e inclinado a obedecer a vontade de Deus.
Este artigo não pretende ser conclusivo sobre o assunto da Imago Dei, nem
deseja refutar todos os bons teólogos que pensam diferente dos argumentos
trazidos aqui, mas creio que as conclusões comuns ao tema, principalmente no
aspecto da dignidade humana, estão extrapolando o que o texto bíblico diz e indo
para suposições e desfechos que a bíblia não propõe. A dignidade humana é
considerada e citada na escritura, mas não de acordo com o pensamento majoritário
da igreja em relação a Imago Dei. Acredito que esse é um dos grandes erros da
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Referências
¹ Grudem, Wayne A. Teologia sistemática atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova,
1999, p. 364.
² Grudem, Wayne A. Teologia sistemática atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova,
1999, p. 365.
³ Strong, August H. Teologia sistemática Strong (ebook). Roquim Book Store, p.
1613.
⁴ Grudem, Wayne A. Teologia sistemática atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova,
1999, p. 371.