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UM CASTELO COM VAMPIROS

Tinham se passado mais de cinquenta anos e o


castelo do marquês de Barradouro continuava
abandonado. Todo o povo de Vila Real sabia que era
mal-assombrado. Contavam-se muitas histórias
sobre fantasmas e almas penadas do castelo. Por isso,
quando o povo soube que algumas pessoas foram
morar lá, ninguém conseguia acreditar.

- Devem ser loucos!


- Como poderão viver rodeados de fantasmas?
- Não ficaria surpreso se alguém saísse de lá
machucado.

Assim o povo no mercado e nas tavernas comentava.


No parque, enquanto brincavam com seus ioiôs, as
crianças discutiam sobre as aparições do castelo.

- Quem se atreve a entrar lá? – gritou um menino


com a cara cheia de sardas. – Vocês, meninas, são
todas umas medrosas.
- Isso não é verdade; é que não acreditamos em
fantasmas – contestou Catarina, a mais velha das três
amigas, Isabel, Julieta e ela mesma.
- Pois então desafio vocês a entrarem no castelo... Ah!
E como prova, devem trazer de lá um candelabro.

Quem falava era Marcelo, um menino grandalhão,


mas muito bobo.

- Entraremos, mas só se você e seu amigo nos


acompanharem – insistiu Catarina.

E foi assim que as cinco crianças combinaram de se


encontrar mais tarde em frente à grade de ferro que
dava acesso ao velho casarão.

- Teremos de esperar que os novos proprietários


saiam da casa, porque, se nos flagrarem lá dentro,
chamarão os guardas – esclareceu Julieta, a mais
inteligente e sensata das três.

Para não levantarem suspeitas, as crianças se


esconderam atrás de umas cercas. Dali, poderiam
observar sem serem vistas.

Estava escuro e não parecia haver movimento nem


dentro nem fora do castelo. Porém, quando o sol se
escondeu totalmente, as crianças ouviram o trote de
uns cavalos. Era uma carruagem fúnebre coberta de
tecido negro. Os cavalos relincharam. Um homem
vestido com uma sobrecasaca de cavalariço desceu e
abriu a grade para sair da mansão. Quando a
carruagem desapareceu diante das crianças, elas
olharam umas para as outras muito assustadas.

- Talvez vão fazer um funeral e por isso estão usando


a carruagem – disse o amigo de Marcelo.
- Bem, seja lá o que for, temos que nos apressar se
quisermos entrar antes que eles voltem – respondeu
Julieta. – E temos que ter cuidado, pode ser que
alguém esteja em casa!

As crianças rodearam a cerca do jardim e


encontraram uma pequena porta de madeira que
ficava atrás da mansão. Por sorte, a fechadura estava
quebrada e, assim, conseguiram entrar.

- Acho que é melhor voltarmos – propôs Isabel, a


mais assustada das três meninas; os demais, porém,
nem sequer a ouviram.

Tinham descoberto uma janela entreaberta e por ali


entraram.

- Como está frio aqui!

Os móveis e os espelhos do cômodo estavam todos


cobertos com panos pretos.
- Que lugar assustador! Está me dando frio na
espinha – gemeu Beto.

Imediatamente sentiram um frio muito intenso que


percorreu seus corpos inteiros.
De repente, eles viram algo como uma silhueta
esfumaçada que se movia pelo quarto.

- Aaaaah!!! – gritaram todos.


- Vamos embora!

Tentaram sair pela janela, mas não conseguiam abrir


o vidro.

- Está trancada, a trava está totalmente enferrujada!

Correram apressados por um sombrio corredor.


Tentaram abrir várias portas, mas todas estavam
trancadas à chave. Desceram empurrando um ao
outro por uma escadaria de mármore branco e
chegaram a um enorme salão.
A porta de entrada, de madeira maciça, estava presa
por enormes tábuas atravessadas.

Por mais que tentassem, não conseguiam movê-las


nem um milímetro.
- Deve haver outra saída – gritou Julieta – Temos que
nos acalmar e pensar.
- Eu não quero pensar, quero voltar para a minha
casa e a minha mãe – choramingou Marcelo.
- Olhem, ali tem outro quarto!

Em um canto da sala, viram uma portinha de vidro


fosco. Não estava fechada, e eles entraram com
cuidado e amedrontados.
O quarto estava escuro, mas, pouco a pouco, foram
se acostumando à penumbra.
Em uma cama antiga com dossel, repousava uma
jovem de uns 16 anos. Era muito bonita, tinha a pele
branca como uma boneca de porcelana, longos
cachos de cabelo ruivo e usava uma roupa antiga
com rendas.

- Está morta? – sussurrou Isabel.


- Parece que respira...

Os garotos se aproximaram com cuidado e ficaram


em pé ao redor da cama. Viram que a menina tinha
dois furos pretos de um lado do pescoço.
De repente, a jovem abriu os olhos e sentou-se reta,
como se fosse movida por molas.
Todos deram um salto para trás. A garota olhou para
eles e estendeu a mão; parecia pedir socorro.

- Não se preocupe, senhorita, vamos te ajudar a sair


daqui – disse Catarina – Esta casa é mal-assombrada.

Marcelo se esqueceu por um momento de seu medo


e se aproximou da menina.
Ela suspirou e sorriu. Entre seus lábios surgiram dois
grandes dentes caninos brancos. Seu sorriso era cruel
e pelo canto da boca escorria um fio de sangue.

- É uma vampira, vamos fugir! – gritou Julieta.

Correram como o diabo foge da cruz, e subiram de


novo pela escadaria.

- Precisamos de umas cabeças de alho para nos


proteger – disse Tomás, que rangia os dentes.
- Se aqui é um covil de vampiros, provavelmente não
vai ter alho na despensa – disse Catarina.
- Mas poderíamos nos esconder na capela; os
vampiros não podem entrar num lugar sagrado.
Minha avó já foi a empregada do castelo e me contou
que as paredes da capela estão enfeitadas com
desenhos de anjos – explicou Julieta.
- E onde fica essa tal capela? – perguntaram todos de
uma só vez.
- Não sei, mas deve ser na cripta.

Nesse momento, apareceu de novo a silhueta


esfumaçada. Ficou flutuando a um canto.
Os meninos se abraçaram tremendo. Depois de uns
momentos arrepiantes, Julieta murmurou:

- Acho que ele não quer nos machucar. Você pode


nos ajudar – perguntou a silhueta.

Ela fez um gesto afirmativo.

- Queremos sair daqui!

O fantasma atravessou a porta, os meninos a abriram


e o seguiram. Ele os levou até o fundo do corredor e
ficou voando diante do retrato de uma formosa
dama.
Catarina logo percebeu que poderia se tratar de uma
passagem secreta. Então, moveram o quadro e, de
repente, se abriu um vão na parede.

- Meninos, venham! Não vou fazer nenhum mal a


vocês. Quero ser sua amiga.
Aquela voz era da vampira.
- Rápido, entrem todos! – gritou Julieta.

Atravessaram o túnel e chegaram a uma ruazinha


que dava na pequena igreja do povoado.

- Estamos salvos!

As crianças voltaram para suas respectivas casas, e


agora estavam muito mais calmas.
O que posso lhes assegurar é que nunca mais ficaram
com vontade de entrar em casas mal-assombradas!

Feito por:
Douglas Henrique, 9° ano

Redação, conto de terror


Prof. Ada Rebeca

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