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Identidades de 2014
Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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Boletim
Informativo Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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-50.064
Djaikwaa Pa Nhandereko / Nosso lar nós conhecemos
O sentido dessa Cartografia é assegurar o direito do território indígena que foi modifi-
cado através dos tempos, ao se relacionar com o não índio. É preciso dessas ferramen-
tas para derrubar o preconceito do homem branco com relação ao índio” (Reginaldo
Alves Nimboadju, 38 – Liderança Guarani Nhandeva, TI Pinhalzinho).
MAPEAMENTO SOCIAL DO POVO GUARANI NHANDEVA DA TERRA INDÍGENA P
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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“Em outubro de 2012, na ocasião da reunião de avaliação da 2° Feira de Sementes Indígenas realizada na Terra
Indígena de Pinhalzinho, lideranças indígenas do Povo Guarani do Norte Pioneiro do Paraná, solicitaram por
carta dirigida ao IFPR a realização da Cartografia Social em suas Terras. Naquele momento o objetivo das li-
deranças indicava a necessidade de obter informações cartográficas para o planejamento da Gestão Territorial
daquelas Terras Indígenas.”
Catalogação na Fonte
Boletim Informativo Identidades Coletivas e Conflitos Sociais no Sul do Brasil - Djaikwaa pa nhandereko / Nosso lar nós conhecemos.
Projeto de Extensão Mapeamento Social das Terras Indígenas Guarani.
Coordenação: Prof. Roberto Martins de Souza - Paranaguá/IFPR, 2014. 16p. il
Anual
ISSN 2318-7506
1. Conflitos Sociais - Sul do Brasil - Periódicos. I. Projeto de Extensão Mapeamento Social das Terras Indígenas Guarani. II.
Souza, Roberto Martins de.
Expediente
Coordenação da Cartografia TIP: Comunidade Terra Indígena Pinhalzinho - Cacique Guarani Nhandewa Sebastião Alves Mimbydju.
Coordenação Técnica do Projeto na TIP: Prof. Roberto Martins de Souza – IFPR
Agentes de Pesquisa: Taniana Alves, Vicentina Alves, Samuel Alves de Carvalho, Oscarino Gabriel, Bento Albino Gabriel Filho, Marcito
de Paula, Talison Alves, Lourival Lourenço Junior, Marcelo Damasio, Euclides Ribeiro, Sandro Carvalho, Salatiel Alves, Reginaldo Alves
Nimboadju e Kauã Alves, Sergio Lourenço, Sebastião Alves, Miriane Alves, José da Silva, Claudenise Alves, Jeferson Gabriel e Rodrigo
Graça, Adilson Ribeiro da Silva.
Colaboração: Ceusnei Simão, Rodrigo Graça, Norberto Takumidoi, Dalva Aparecida de Souza Silva e Maria Célia da Silva, Paulo Góis.
Fotografia: Roberto Martins de Souza, Reginaldo Alves, Lourival Lourenço Junior, Rodrigo Graça, Norberto Takumidoi, Leticia Ayumi,
Luciana Maestro Borges e Acervo TIP.
Cartografia: Leticia Ayumi Duarte e Marcelo Varella
Diagramação: Murilo Canário
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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Rodrigo Graça
Em pé: Taniana Alves, Vicentina Sales, Samuel Alves de Carvalho, Roberto Martins de Souza, Oscalino Gabriel, Bento Albino Gabriel Filho, Marcito de Paula, Talison
Alves, Lourival Lourenço Junior, Marcelo Damasio, Euclides Ribeiro. Abaixados: Sandro Carvalho, Salatiel Alves, Reginaldo Alves Nimboadju e Kauã Alves.
Este Boletim, intitulado Djakwaa pa Nhandereko: Gua- índio’, ou seja o latifúndio é obra exclusiva dos brancos”.
rani Nhandeva na Terra Indígena de Pinhalzinho – TIP, Segundo dados da Comissão pró-Índio (CPI-SP, 2012),
apresenta o ponto de vista a partir de narrativas do Povo no Paraná o Povo Guarani vive em 25 terras indígenas,
Guarani na luta, defesa e fortalecimento de sua tradição localizadas em diversas regiões do estado, desde o lito-
na Terra Indígena Pinhalzinho, não obstante expressa ral até o extremo oeste, na fronteira com o Paraguai e
um cenário da situação do Povo Guarani no Sul do Brasil. Argentina. Algumas dessas terras são de ocupação ex-
Nele o foco da discussão é a resistência indígena à domi- clusiva dos Guarani, outras são habitadas também pelos
nação, provocados pela histórica expansão da pecuária Kaingang. Apenas dez terras com presença Guarani no
e da agricultura sobre suas terras, do intrusamento de Paraná encontram-se demarcadas e o fato de estarem
posseiros e fazendeiros e, recentemente o avanço de regularizadas não significa que estejam sejam situações
monocultivos de madeira e commodities agrícolas, livres de problemas. Muitas dessas terras são diminutas,
capítulos de uma história que omite e insiste em negar com poucas condições para a reprodução física e social
a versão dos próprios indígenas sobre suas lutas pelo dos grupos.
reconhecimento de sua cultura, território e identidade, Os Guarani no Paraná têm se organizado para reivindi-
num contexto de recorrente colonialismo. car a devida regularização de seus territórios. A luta pela
No embate de resistência contra a ideologia dominante reivindicação levou a criação, em 2009, da Comissão
sobressai a imagem estereotipada dos indígenas no Bra- Nacional de Terras Guarani Yvy Rupá. Em carta de 17 de
sil como uma produção cultural, aquela que pressupõe a julho de 2009, a Comissão faz reivindicações ao presi-
cultura indígena como única ou congelada. Que basica- dente da Funai sobre a situação de centenas de Guara-
mente é o sentido de tentar roubar aos índios sua própria ni ainda desterritorializados no Paraná: Terra Aldeia do
imagem para desautorizar-lhes a sua indianidade. Isso é Ocoy; Terra Indígena Rio Tapera; Terra Indígena Palmital
usado muito fortemente em nossa história para constru- e Terra Indígena Posto Velho.
ir uma falsa ideia de unidade nacional interessada em Outro contingente localiza-se em terras indígenas com
omitir as diferentes culturas, histórias e povos. alta densidade populacional, portanto com grande
Gradativamente as lutas promovidas pelas organizações pressão sobre os recursos naturais, ou terras degra-
indígenas foram superando a perspectiva da hegemoni- dadas pelos intrusos, sejam fazendeiros ou posseiros.
zação cultural, do integracionismo político e fortalecen- Ainda que esses povos interajam de modo específico
do, entre outros aspectos, a perspectiva da afirmação com o ambiente, mediante seus conhecimentos tradi-
identitária, da conquista de direitos e do reconhecimen- cionais de manejo sobre diversos produtos da biodiver-
to da necessidade do espaço territorial para a sobre- sidade, observa-se nas Tekoa, limites de uso dos recur-
vivência física e cultural enquanto povos. sos, decorrente principalmente da escassez de terras,
Segundo dados do Conselho Indigenista Missionário – da invasão de tecnologias inapropriadas e ausência de
CIMI (2013), “(...) 13% do território nacional estão de- processos de formação e qualificação profissional em
marcados e homologados como Terras Indígenas. Cerca gestão territorial, numa perspectiva que integre os
de 98% dessas terras estão localizadas na chamada conhecimentos tecnológicos à cultura dos povos
Amazônia Legal. Os que esbravejam contra a quanti- indígenas. Essa passa a ser a pretensão do Boletim ago-
dade de terras constitucionalmente assegurada aos ín- ra apresentado, ou seja, apoiar os processos de gestão
dios esquecem, ou propositalmente ignoram que 46% territorial, de reconhecimento de territórios tradiciona-
das terras agrícolas estão nas mãos de 1% dos grandes lmente ocupados, de qualificação da educação básica
proprietários rurais, cerca de 50 mil latifundiários. Nin- indígena e, todas as ações que visem o fortalecimento
guém diz, nesse caso, que ‘há muita terra para pouco das organizações sociais do Povo Guarani.
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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A História da luta pela Terra Nhandewa Pinhalzinho
“Na nossa história de lutas foram duas coisas, a per-
Arquivo TIP
sistência e a resistência. Porque quando eles decidiram
retomar dos posseiros, eles persistiram naquilo. Mesmo
diante das ameaças de tiro, eles resistiram aquilo tudo
e não deixaram perder. Era indígena que não sabia ler,
não sabia escrever, mas tinha espírito de guerra. De
vir pro enfrentamento. Acampava aí, trouxeram trator,
e encararam os intrusos daqui com coragem. Subir no
trator e tombar a plantação dos intrusos daqui, que tava
grande. Acho que o que mais marcou o Pinhalzinho foi
essa persistência e resistência nessa luta de retomar
essa terra. Acho assim, uma luta inocente, uma coisa
que depois virou sério. Eles queriam plantar no Pinhal-
zinho porque no Laranjinha [Aldeia Guarani de origem]
era pequeno. Não comportava mais família lá. E o Pi- Grupo de resistência aos posseiros, 1994.
nhalzinho não tinha família, tinha pouquinho, só a tur-
ma do seu Bento lá embaixo. E daí eles tinham intenção perseguição dos cara que queria toma conta de quase
de plantar aqui. Foi aonde começaram a retomar aqui, da metade da Reserva, ele não abria a mão de nada. O
enfrentar os jagunços, enfrentar os posseiros, enfrenta cara era violento. E o pes-
tiro, toma o espaço mesmo. soal do governo pra da força
Começaram a toma aquelas
duas casas cor de rosa. E fi- “Na nossa história de lutas foram duas Não tava junto com a gente
pra gente não era todo dia.
cou nessa aqui. Foi resistên- coisas, a persistência e a resistência. direto, era sofrido. Foi bota-
cia muito grande. E o que Porque quando eles decidiram re- do fogo em alguma casa
fortalecia eles era a fé que de índio, pra não desfrutar
tinham na espiritualidade tomar dos posseiros, eles persistiram daquilo ali. Em vez de traz-
deles. Porque enquanto eles naquilo. Mesmo diante das ameaças er um parente dele ali, o
vinham pra cá pra brigar, pro caboclo pregô fogo. E outro
embate, os mais velhos nos- de tiro, eles resistiram aquilo tudo e sofrimento foi ele ter aca-
sos Txamõis ficavam dentro não deixaram perder” bado com o cemitério. Me-
da Casa de Reza, rezando teu o trator por cima do ce-
durante o tempo que eles mitério e acabou contudo.
estavam aqui, para que nada acontecesse com eles. Virou tudo lavoura, onde os índio antigo foi enterrado.
“(Reginaldo Alves, Nimboadju, 38) Eu não lembro do meu tempo, mas parente de minha
“[História] De sofrimento, de castigo, a gente teve con- mãe tem muitos que foi enterrado ali...” (Bento Alvino
fronto, com índio que morreu. Na época eu era mole- Gabriel Filho, 52)
que, que mataram amigo da gente (Osvaldinho). E as “O conflito com os posseiros foi difícil. Levô vinte anos
a nossa luta. E foi difícil por que o posseiro dava serviço
[trabalho] pros índio. Porque a Funai interveio e não aju-
Luciana Maestro Borges.
Arquivo TIP
Arquivo TIP
Indígenas: Inês, Oscalino, Laura, Bento e Isaura, 1986. Grupo de resistência aos posseiros, 1994.
era dos posseiros. O sítio deles se chamava Sítio São não acontecer nada pra nós. Ele foi pra lá, e eu fiquei
Paulo. Desde o começo [do Posto de Atração do SPI] sozinha. Se fosse pra acontecer alguma coisa pra meni-
era deles, e pra nós retomar aqui teve luta bastante, na, podia acontecer, porque eu tava só com as crianças.
teve morte. Inclusive ali perto do campo tem a cruz que A irmã do Jango [funcionário do SPI], dona Olímpia,
eles mataram o índio Osvaldinho. Da Funai, no começo, essa que judiava da indinha (Janete). Ela ia na porta de
era que a gente não podia falar a nossa língua Guarani. casa, surtava, falava que a escola era dela, não podia
Porque a Funai tinha medo da nossa arma, nossa língua ficar ali e eu sem reagir. Ela falava pra mim que ia to-
Guarani. Tudo aquilo que nos perdemo. Agarrô dá ces- car fogo na minha casa com as crianças. Eu nunca tive
ta básica, e impedi tudo aquilo que era nosso costume, medo. Eu falei eu vou em frente que daqui ninguém vai
não podia tê. Nossas dança, os passarinho, nossas caça, me tirar. Só pode tirar, se vocês for me matar.” (Claude-
eles não queriam, por isso que eles mesmo arrendava nise Alves, Taquamirim, 53 )
pasto pros branco, eles mesmo ajudavam a acabá com “A violência maior foi quando eles vieram pra demarcar
as nossas mata, nossos remédio, com nossas comida. essa terra. Teve muitas polícia, eles (posseiros) fica-
E o índio pra se índio, pra vam ameaçando de matar
Funai, não podia ter nada. os índios. Até inclusive eles
Tinha que ser muito pobre. “A gente passou mau temporada aqui. vie-rem até aqui com as polí-
Tinha que dormir no chão, A gente sofreu bastante porque causa cia estadual. “(Claudenise
em cima do sapé, não podia Alves, Taquamirim, 53)
ter casa boa. Se tivesse uma que eu tinha os meus filho pequeno e
“Desse tempo pra lá, até 40
casa boa pra eles não era as vezes a gente não tinha nada pra
anos, pra trás, daí é que veio
índio mais. Pro índio tá sem-
pre precisando deles. Essa é comer”.
a demarcação. Os posseiros
é que destruíram tudo [a na-
uma violência que sofremo
tureza]. Foi o branco. Então
também. Se o índio tivesse
nós pegô sem nada. Até os mata não tinha nada. Agora,
uns 3 porco, umas duas vaca de leite, eles procuravam
hoje pra nós construiu é difícil. Só que Só que quem fez
tocar índio contra índio, pra acabar com aquelas vacas,
isso pra nós foi o branco, não foi o índio. Só que desse
aquelas galinha, pra tá sempre pedindo pra Funai, aí pra
tempo pra cá, nós que brigamos com os posseiros pra
eles era índio também.” (Sebastião Alves, Mimbydju, 59)
eles irem embora. Eu briguei com os posseiros. Fui na
“O que foi mais sofrido foi quando que não tinha serviço, casa deles, eles ficou de matar eu. Desse tempo pra cá
nada pra gente. A gente passou mal temporada aqui. A eu fui embora para Bauru [São Paulo], aí voltei. Daí eles
gente sofreu bastante porque causa que eu tinha os foram embora. Três posseiros foram embora. Os que
meus filho pequeno e as vezes a gente não tinha nada moravam nessa casa também. Por que ali tinham uma
pra comer. Não tinha suco, não tinha nada pra dá pra porteira, que ninguém podia passar pra cá, que índio
eles. O que eu fazia: cozinhava batata, arrumava um não podia passar. Então hoje nós temo que construir
pouquinho de leite e dava pra eles comer. Eu mesmo [recursos naturais] tudo de novo.” (Euclides Ribeiro, 48)
quase não comia, mais eu dava tudo pros filho, era tudo
“Tinha até uma indinha que era meia escrava dos pos-
pequenininho.” (Claudenise Alves, Taquamirim, 53)
seiros: a Janete. Naquela casinha de tábua, era uma índia
“Quando nos chegamos aqui (1985) foi as ameaça dos escrava. Ela buscava água todo dia até ela morrer. De tão
posseiros, foi ameaçado, eles ameaçaram eu de morte, boazinha ela morreu quietinha.” (Euclides Ribeiro,48)
por causa da escola. A gente viveu ali, tipo um conflito
“A maioria que passou as dificuldade foi nós. Porque a
com as pessoas que tavam aqui, os posseiros. Nós na
turma do Mato Grosso [Sul] ficou, demarcou a terra e
época, a gente chegou aqui e ele é rezador [marido], a
depois foi embora.” (José da Silva, Djemõwytu, 65)
gente chegou aqui e pedimo tanto pra Nhanderu pra
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Reorganização Social e Cultural do Povo Guarani Nhandewa na TIP
Roberto Martins de Souza
500m
0.005
0
0
500m
0.005 m
MAPEAM
COORDENAÇ
Prof. Roberto Martins
CARTOGRAF
-23.555
Marcelo Cunha V
Letícia Ayumi D
AGENTES DE PES
Reginaldo Alves, Silvana Mum
Daniele, Kauane, Verali Alisson A
Wallace, Raian, Camila, Samar
Sebastião Alves, Vitória, Irecrã,
Adriano, Jonatan, Taniana Alv
Samuel Alves de Carvalho, Osc
Albino Gabriel Filho, Marcito de
Lourival Lourenço Junior, Marce
Ribeiro, Sandro Carvalho, Sal
Lourenço, Miriane Alves, José d
Alves, Jeferson Gabriel e Adils
FONTE DOS DA
Povo Guarani Nhandeva da
-23.590
Pinhalzinho
SISTEMA DE PROJEÇÃ
DATUM: WGS
DATA: Setembro d
Desenvolvido no Software L
1km 0 1km
Chugiak
0.001 0 0.001 km
-50.085 -50.050
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
-50.064 -50.052
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LEGENDAS
ÇÃO Áreas de uso conserv
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Práticas de conservação
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Plantio orgânico Porto de areia Mina d'agua
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Criação de
Alves, Bruno, Gabriel, a
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contaminadas
ves, Vicentina Alves, Locais tradicionais destruídos Transgênicos
carino Gabriel, Bento
e Paula, Talison Alves, Cemitério
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Formas de organização
da Silva, Claudenise Espaços
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“A cultura, a reza principalmente, e o remédio, que tá
sumindo, tá acabando, ninguém liga, ninguém sabe,
não conhece. E precisava um menino novo, ensina as
Cartaz 2 Feira de Sementes Indígenas, 2012. Escola Indígena Yvy Porã, 11-06-2014. Marco Geodésico na TIP, 17-12-2013.
Reivindicações:
- Corrigir as divisas atuais da TIP;
- Reposição dos Marcos Geodésicos dos limites da TIP;
- Ampliação da TIP para o Território Tradicionalmente
Ocupado;
- Conservação das estradas pelo município;
- Cumprimento da Lei da Educação Indígena (SEED);
Posto de Saúde Indígena, 11-06-2014. - Ampliação da Saúde Indígena (SESAI);
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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As crianças Guarani na TIP
REginaldo Alves
Mitãngwe, 2013.
“Deus daria a terra e a mata pra nos faze um cantinho pra nós ensina as crianças que vem
vindo, conhece a árvore e a planta, sabê pelo nome, sabê por que é bom. Esse pé de árvore é
bom pra essa doença, pra aquilo. Que dizê que precisa, porque todos nós que sabemo sobre
remédio, um dia tenho certeza que vamo fechá os olho, não vamo ficar pra toda vida. E vamos
supor que ensinando elas já vai ficar por dentre essa menina e menino, pra conhce pé de plan-
ta, árvore. Porque a gente acredita em Deus e na natureza.”(José da Silva, Djemõwytu, 65)
Arapuca:
Tem o formato de gaiola feita de bambu lascado. Dentro
fica uma “ceva” ou alimento. Um dos lados fica suspenso
por um gatilho que o animal esbarra e desarma, ficando
preso. É utilizada para pegar passarinhos.
Xondaro:
É tipo uma dança. Mas serve para aprender a desviar, também, mas é pra dançar. É quando os meninos são
preparado para ser guerreiro. É que nem uma luta, um treinamento e as vezes até deixa marca no corpo,
quando não consegue desviar.
Laço:
São utilizados dois tipos: o pequeno e o grande. Uma árvore fina é envergada,
e sua ponta é amarrada com um cipó ao chão no formato de um laço coloca-
do em um carreiro onde passam os animais. Ao pisar no laço o animal
desarma o gatilho e é laçado pelo pescoço ou perna. Nessa armadilha
geralmente caem o javali, quati, paca e pássaros.
Quebra-pescoço:
Também chamado de “Mundepi”, é utilizado para caçar
animal pequeno (coelho, quati, lebre e tatu). É construí-
do um cercado pequeno e colocado dentro um “ceva”
ou alimento para atrair esses animais. Ao se alimentar
o animal desarma o gatilho e cai sobre seu pescoço um
tronco.
RArquivo TIP
Reginaldo Alves
Cacique, Sebastião Mimbydju ensinando a preparar Mundepi, 2013 Dança Xondaro, TIP, 2014
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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A importância do Mapeamento Social na TIP
“É bom, por que as vezes alguns nem sabe as terras
que tá perdida por lá. Tem [terra] pra cá, tem pra lá, e
nós tamo nesse meinho aqui. (Oscarino Gabriel, 52)
É importante pras criança, pra eles aprendê bem os
pontos [GPS] certinho. Tipo assim, talvez a gente
“Por que o que eu vejo [cartografia] é mais pra proteção. depois, entre a conversa deles, um vai lembrando uma
O que a gente vê hoje é os grandes empreendimentos coisa outro vai lembrando outra, isso vai dando visibili-
entrando desenfreado dentro das terras indígenas. É dade daquilo que é escondido no território. A cartogra-
que nem o governo sempre diz, é uma reserva. É uma fia mexeu com eles, na verdade volta pra eles relembrar
reserva pra ele. A hora que ele precisa daquele espaço, a luta dos pais deles. Que lutô pra manter esse território
a terra é da União. Ele vai tentar fazer alguma coisa. e depois perdeu. Vou citar um exemplo: dos 3 galhos. A
Mas o mapeamento pra nós ele vai de encontro até com área de domínio dos 3 galhos é da turma do Bento. Do
a Constituição Federal. Que é provar que aquele espaço pai dele, do avô dele. Desde o avô dele, criou o pai dele
é de nosso de uso, costume e tradição. Mas mostra den- criança pescando nos 3 galhos. E o seu Bento velho,
tro do papel que a gente conhece e como que a gen- teve os filho, ensinou os filho, os filho dele ensinou os
te faz esses uso e costume, como que a gente explora netos, os neto ensinou os bisneto. Sempre foi uma área
ele conscientemente. O Mapeamento também vai dar de domínio deles. Eles conhecem aquilo ali mesmo. De
visibilidade pros nosso mais geração a geração. Tanto
velho, como que eles enten- é que seu Bento fala que
dem esse espaço aqui, o lo- “Mas o mapeamento pra nós ele vai quem ajudou a tirar os mar-
cal que eles têm que buscar de encontro até com a Constituição cos foi o pai dele. Porque o
remédio, o local que é im- Federal. Que é provar que aquele es- fazendeiro falou que não
portante. Isso dá força pros era mais do índio, era dele.
mais velho discutir de novo, paço é de nosso de uso, costume e Então tinha que tirar os
dá prá mostrar prá eles que tradição.” marcos. O pai dele ajudou a
o conhecimento deles não tirar os marcos, diminuindo
tá perdido, e que tá sendo o território. Isso mexe com a
importante ainda, e que é fundamental agora. Que as sensibilidade porque volta na história dos pais. Volta na
vezes eu como liderança talvez passe ter até menos im- história dos pais e a intenção é recuperar aquilo que o
portância, por que eu posso ser liderança, mas posso pai dele lutou pra segurar. Sabe o que eu tô percebendo
não conhecer o território que eu moro. E os mais velhos é que tá caindo na mente deles o que é cartografia ago-
conhecem de ponta a ponta o território. E o mapeamen- ra. Porque tá remexendo com a história deles.” (Reginal-
to vai fortalecer isso, vai fortalecer a fala deles. Porque do Alves, Nimboadju, 38)
Identidades Coletivas e Conflitos Territoriais no Sul do Brasil
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Reginaldo Alves, Franciele, Silvana Mumbi, Laíres, Daniele, Kauane, Verali Alisson Alves, Bruno, Gabriel, Wallace, Raian, Camila, Samara, Sergio Lourenço, Sebastião
Alves, Vitória, Irecrã, Claudiana, Tainakan, Adriano, Jonatan, Letícia Ayumi e Marcelo Varella. Escola Estadual Indígena Ywy Porã - Guarani - TIP. Participantes da 4a
Oficina de Mapas, 11/06/2014.
“A experiência de cartografia/mapeamento social conduzida pelos Guarani Nhandewa da TI Pinhalzinho e resumida neste
boletim, é mais um indicador dos processos de regeneração cultural e territorial pelos quais os povos indígenas no Brasil vêm
passando nas últimas três décadas. Em especial aqueles que, como o Povo Guarani do Norte Pioneiro do Paraná, percorreram
uma história de violência (“sofrimento”, “castigo”, “perseguição”) e de esbulho territorial, mas também de resistência, luta e
(re)conquista de seus tekoa – história que é contada aqui pelas vozes e memórias de seus protagonistas. Olhando para além
dos limites da Terra Indígena formalmente demarcada e “remexendo com [essa] história”, os Nhandewa do Pinhalzinho (re)
articulam o seu ñadereko (modo de ser guarani) por meio da cartografia do território conhecido e no qual eles se reconhecem,
diante de inúmeras pressões, limitações, invasões e carências. Ao fazer a ponte entre o seu mundo e os conhecimentos tec-
nológicos na gestão de seu território – com ênfase especial nas crianças e, portanto, na reprodução do seu modo de ser – os
Guarani Nhandewa do Pinhalzinho lançam uma luz, para si e para outros povos, sobre os caminhos possíveis para a vida plena
e o bem viver dos indígenas num país que ainda teima em não reconhecê-los em sua plenitude. “
Henyo T. Barretto Fº - Antropólogo, Diretor Acadêmico do IEB e consultor do Projeto GATI
“No caso da Terra Indígena Pinhalzinho, apoiamos a comunidade para fazer do processo de elaboração do mapeamento social
da TIP, que culminou neste Boletim Informativo, uma ferramenta para pensar o território. Tal processo fomentou a atualização
de uma memória que vai além do pensamento de cada pessoa que lutou para assegurar esta pequena porção do território
Nhandewa às margens do rio das Cinzas. Se trata de uma memória ampla e que é comum à muitas outras famílias Nhandewa
- vale destacar que neste momento as famílias de Ywy Porã permanecem mobilizadas para demarcar seu território nas mar-
gens do rio Laranjinha. Esta memória é vivida e é atual. Memória de luta contra as invasões de terra, memória das omissões e
mesmo da oposição dos órgãos de estado perante as famílias indígenas, dos conflitos e também das parcerias com pessoas da
sociedade envolvente, mas, sobretudo, dos grandes chamoy e chara’is que em sua sabedoria e sutileza sustentam os pilares
sobre os quais repousam os fundamentos do modo Nhandewa de estar no mundo.”
Paulo Roberto Homem de Góes | Programa de Pós Graduação em Antropologia Social – UFPR
“O mapeamento social da Terra Indígena Pinhalzinho serve muito pra ajudar para conhecer o território, e passar a entender
o porque perdeu o território, a caça, a pesca e traçar os objetivos de recuperação e preservação do território que garantirá a
manutenção do seu povo de geração pra geração. “
Adailtom Cavalcante Bezerra | Povo Xakriaba. | Mobilizador para as Politicas Indigenas do Povo Xakriaba | Estado de
Minas Gerais | Terra indígena Xakriaba
Realização: Apoio: