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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE

ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E
DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI,
PROVÍNCIA DE MANICA

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

VOLUME I

RELATÓRIO DO ESTUDO DE IMPACTO


AMBIENTAL

RASCUNHO PARA EFEITOS DE CONSULTA PÚBLICA

Novembro de 2022
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E


DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI,
PROVÍNCIA DE MANICA

DOCUMENTAÇÃO DA FASE DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


VOLUME I
Resumo Não Técnico
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
VOLUME II
Plano de Gestão Ambiental
VOLUME II
Relatório de Consulta Pública

CONTEÚDO DESTE DOCUMENTO


Preparado por: Preparado em nome de:
PARTE 1: Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito

PARTE 2: Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental

PROJECTOS E ESTUDOS DE COMPANHIA DO PIPELINE


IMPACTO AMBIENTAL, LIMITADA MOÇAMBIQUE-ZIMBABWE, LIMITADA
(CPMZ)

Av. Rua de Kassuende, 296


Maputo, Moçambique CONTEÚDO DESTE
Av. DOCUMENTO
Mártires da Revolução, 1452
Beira, Moçambique
PARTE 1: Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
Telefone: (+258) 21 488 804/6
Telefone: (+258) 21 499 636
PARTE 2: Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental
Fax: (+258) 21 493 019
E-mail: impacto@impacto.co.mz
Portal de Internet: www.impacto.co.mz

CONTEÚDO DESTE DOCUMENTO


Novembro de
PARTE 1: Estudo de Pré-viabilidade 2022
Ambiental e Definição de Âmbito

PARTE 2: Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental


PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

VOLUME I
____________________________

RESUMO NÃO TÉCNICO

RELATÓRIO DO ESTUDO

DE IMPACTO AMBIENTAL
____________________________
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
AID Área de Influência Directa
AII Área de Influência Indirecta
ANE Administração Nacional de Estradas
AOM Área Operacional de Manica
API American Petroleum Institute (Instituto Americano do Petróleo)
AQUA Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental
ARA Administração Regional de Águas
ARAFFF Alcohol Resistant Aqueous Film-Forming Foam (Espuma de película aquosa
resistente ao álcool)
ASME American Society of Mechanical Engineers (Associação Americana de Engenheiros
Mecânicos)
Av. Avenida
CBD Convenção da Biodiversidade
CP Consulta Pública
CPMZ Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada
DINAB Direcção Nacional de Ambiente
DNHC Direção Nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis
DNTF Direção Nacional de Terras e Florestas
DPDTA Direcção Provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente
DPIC Direcção Provincial da Indústria e Comércio
DPRME Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia
DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
E Este
EAS Estudo Ambiental Simplificado
EDM Electricidade de Moçambique
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EP1 Ensino Primário do Primeiro Grau
EP2 Ensino Primário do Segundo Grau
EPDA Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
EPI Equipamento de Protecção Individual
ESE Leste-Sudeste
ESG1 Ensino Secundário Geral do Primeiro Grau
ESG2 Ensino Secundário Geral do Segundo Grau
FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água
FUNAE Fundo de Energia
GBIF Global Biodiversity Information Facility (Sistema Global de Informação sobre
Biodiversidade)
GEE Gases com Efeito de Estufa
GPM Governo da Província de Manica
GPS Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global)
GRP Glass Reinforced Plastic (plástico reforçado com fibra de vidro)
hab Habitantes
HDPE High-density polyethylene (Polietileno de alta densidade)
IEC International Electrotechnical Commission (Comissão Electrotécnica Internacional)
IFC International Finance Corporation (Sociedade Financeira Internacional)
IFLOMA Indústrias Florestais de Manica
INE Instituto Nacional de Estatística
ISO Organização Internacional de Normalização
IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

KBA Key Biodiversity Area (Área-chave para a Biodiversidade)


LC Least Concern (Pouco Preocupante)
Lda Limitada
MCC Motor Control Center (Centro de Controlo de Motores)
MIC Ministério da Indústria e Comércio
MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia
MTA Ministério da Terra e Ambiente
NBR Norma Brasileira
NE Not Evaluated (Não avaliada)
NFPA National Fire Protection Association (Associação Nacional de Proteção contra
Incêndios)
OE Oeste
OMS Organização Mundial da Saúde
PA Posto Administrativo
PASP Programa de Acção Social Produtiva
PGA Plano de Gestão Ambiental
PGA-D Plano de Gestão Ambiental da Fase de Desactivação
PIAs Partes Interessadas e Afectadas
PLC Programmable Logic Controller (Controlador Lógico Programável);
PPP Processo de Participação Pública
PRS Plano de Responsabilidade Social
RS Responsabilidade Social
SCADA Supervisory Control and Data Acquisition (Sistemas de Supervisão e Aquisição de
Dados)
SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas
SDEJT Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia
SDMAS Serviços Distritais de Saúde, Mulher e Acção Social
SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas
SE Sudeste
SIG Sistema de Informação Geográfica
SPA Serviço Provincial de Ambiente
TdR Termos de Referência
TMDA Tráfego Médio Diário Anual
UK United Kingdom (Reino Unido)
UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
UPS Uninterruptible Power Supply (Fonte de Alimentação Ininterrupta)
USA United States of America (EUA - Estados Unidos da América)
VU Vulnerable (Vulnerável)
ZPP Zona de Protecção Parcial
ZPT Zona de Protecção Total
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

LISTA DE UNIDADES E SÍMBOLOS


% Percentagem
µm Micrómetro
CH4 Metano
CO Monóxido de carbono
CO2 dióxido de carbono
cP Viscosidade dinâmica
dBa Decibel
h Hora
h/ano Hora por ano
h/dia Hora por dia
ha Hectare
HC Hidrocarbonetos
km Quilómetro
km/h Quilómetro por hora
km² Quilómetro quadrado
kPa Quilopascal
kWh Quilowatt-hora
LAeq Nível de pressão sonora contínuo equivalente ponderada em A no espectro
global
m Metro
m/s Metro por segundo
m2 Metro quadrado
m³ Metro cúbico
m3/h Metro cúbico por hora
mm Milímetro
N2O Óxido nitroso
NO Óxido nítrico
nº Número
NO2 Dióxido de nitrogénio
NOx Óxidos de azoto
O3 Ozono
ºC Graus Centígrados
PM10 Partículas de diâmetro inferior ou igual a 10 µm
PM2.5 Partículas de diâmetro inferior ou igual a 2.5 µm
Q Caudal
S/m Siemens por metro
SO2 Dióxido de Enxofre
μg/m3 Micrómetro por metro cúbico
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

____________________________

RESUMO NÃO TÉCNICO


____________________________
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito – Resumo Não Técnico (preparado para efeitos de Consulta Pública)

1. INTRODUÇÃO
Este Resumo Não Técnico sumariza o conteúdo do “Relatório do Estudo de Impacto
Ambiental”, do “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento
e Distribuição de Combustíveis no Distrito de Vanduzi, Província de Manica”, (daqui em diante
designado “O Projecto”). O Proponente do Projecto é a Companhia do Pipeline Moçambique-
Zimbabwe, Limitada (abreviadamente designada CPMZ), uma empresa moçambicana
vocacionada para o transporte de produtos petrolíferos, sediada na Cidade da Beira,
Província de Sofala. O local proposto para a construção do Terminal de Combustíveis situa-
se no Distrito de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi-Sede, Localidade de Chigodole,
Povoado de Selva-Lenha.
O Terminal, destinado a diesel e gasolina, será abastecido por meio de um oleoduto,
conhecido como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”, operado pela CPMZ desde 1965. Este
oleoduto estende-se desde o Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique, até
Feruka, no Zimbabwe. O valor de investimento do Projecto é estimado em cerca de
US$19.649.323,66 milhões (dezanove milhões, seiscentos e quarenta e nove mil e trezentos
e vinte três Dólares Americanos e sessenta e seis cêntimos, a converter ao câmbio do Banco
de Moçambique).
Um dos objectivos da realização da AIA é a aquisição de uma Licença Ambiental pela CPMZ,
a ser emitida pela Direcção Nacional de Ambiente (DINAB), instituição sob tutela do Ministério
da Terra e Ambiente (MTA) de Moçambique. Na sequência da Instrução do Processo, que
marcou início da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Projecto, o MTA, por via do Serviço
Provincial do Ambiente (SPA) de Manica1, classificou o Projecto como de “Categoria A”, nos
Termos do Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto
nº54/2015, de 31 de Dezembro). Assim, foi necessário cumprir o seguinte: (i) uma fase
preliminar, que consistiu num Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
(EPDA), incluindo a preparação de Termos de Referência (TdR) do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e a realização de Consulta Pública; e (iii) a fase de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), a que o presente documento se refere; esta fase envolve a realização de
estudos ambientais detalhados (ambiente físico, biótico e socioeconómico), integrando
igualmente a Consulta Pública.
O processo de AIA é regido pelo Decreto acima referido, enquanto a Consulta Pública segue
a Directiva Geral para o Processo de Participação Pública no Processo de Avaliação de
Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de Julho). O processo de AIA foi
realizado pelo Consultor Ambiental: Projectos e Estudos de Impacto Ambiental, Limitada
(IMPACTO, Lda), de acordo com o prescrito nestes instrumentos legais, assim como em
outros instrumentos legais complementares, como reportado em detalhe no Relatório do EIA.

2. OBJECTIVOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


O EIA foi realizado com os seguintes objectivos:
• Descrever as condições do Meio Físico, do Meio Biótico e do Meio Socioeconómico
da área de implementação do Projecto e da sua área envolvente;
• Identificar e avaliar os impactos potenciais positivos e negativos do Projecto, com base
em critérios pré-estabelecidos e tendo em conta as características do Projecto e do
seu meio de inserção;

1 No decurso da AIA deste Projecto, as funções da antiga “Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural” (DPTADER)
relativas à AIA passaram a estar a cargo de uma nova instituição, designada “Serviço Provincial do Ambiente” (SPA), na sequência da
reestruturação dos órgãos do Governo, efectuada após as Eleições Presidenciais de Outubro de 2019 em Moçambique. Do mesmo modo,
a designação do respectivo ministério de tutela, nomeadamente o “ex-Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural” (MITADER),
passou a ser “Ministério da Terra e Ambiente” (MTA). Neste Relatório são usadas as designações actualizadas.

Preparado por: IMPACTO, Lda


Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

• Formular medidas de mitigação que permitam incrementar os impactos potenciais


positivos do Projecto e minimizar os seus impactos potenciais negativos, de modo a
garantir que o mesmo possa ser implementado de um modo ambientalmente
responsável;
• Obter uma Licença Ambiental, para que o Projecto possa ser implementado, em
cumprimento dos requisitos de licenciamento ambiental vigentes em Moçambique.
3. O PROPONENTE DO PROJECTO
O Proponente do Projecto é a Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada
(CPMZ), uma empresa moçambicana situada na Cidade da Beira, Província de Sofala, cuja
actividade principal é o transporte de produtos petrolíferos. Desde 1965, a CPMZ opera um
oleoduto, conhecido como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”, que se estende desde a Cidade
da Beira (Província de Sofala, em Moçambique), até Feruka (Zimbabwe), numa extensão de
294,3 km.
4. O CONSULTOR AMBIENTAL
A IMPACTO, Lda é o Consultor responsável pela Avaliação de Impacto Ambiental do Projecto
da CPMZ. A Impacto é uma empresa moçambicana estabelecida em 1996, financiada
inteiramente por capital moçambicano. A IMPACTO está certificada pelo Ministério da Terra
e Ambiente (MTA) como: “Consultor Ambiental”, “Auditor Ambiental”; e “Consultor para a
Elaboração de Instrumentos de Ordenamento Territorial em Moçambique”.
5. JUSTIFICATIVA DO PROJECTO
Actualmente, Tete, Malawi e Zâmbia recebem combustível transportado em camiões-
cisterna, que fazem o carregamento no Porto da Beira, localizado na Cidade da Beira, na
Província de Sofala. A existência de um Terminal de combustíveis para o carregamento
desses camiões-cisterna em Vanduzi coloca o ponto de carregamento mais próximo do
destino final desses combustíveis (indicados acima), encurtando em cerca de 400 km a
distância a ser percorrida pelos mesmos. Esta é a razão principal que justifica a proposta da
CPMZ de construção de um terminal em Vanduzi, destinado ao armazenamento,
manuseamento e distribuição de combustíveis (gasolina e diesel).
6. QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL APLICÁVEL AO PROJECTO
O Quadro Institucional e Legal aplicável ao Projecto é apresentado no Capítulo 6 do Relatório
do EIA e inclui o seguinte: (i) instituições-chave para assuntos relacionados ao Projecto,
incluindo os seus papéis e responsabilidades no domínio da protecção ambiental; (ii)
instrumentos legais aplicáveis ao Projecto, abarcando o seguinte: (a) Legislação sobre
licenciamento ambiental; (b) Legislação do sector de combustíveis; (c) Legislação sobre
ocupação e uso da terra; (d) Legislação sobre saúde e segurança; (e) Legislação
suplementar, abarcando uma série de instrumentos da legislação com possível relação
directa ou indirecta com as actividades do Projecto; e (f) Convenções e Protocolos
Internacionais relevantes ratificados por Moçambique, sobre assuntos socioambientais de
interesse para o Projecto.
7. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO PROJECTO
O Projecto consiste na construção de um Terminal de armazenamento, manuseamento e
distribuição de combustíveis em Vanduzi, Província de Manica, numa área total de 50 ha, dos
quais 11 ha estão reservados à construção dos tanques.
A principal via de acesso ao local é a Estrada Nacional Nº6 (N6; ver Figura A), integrada no
“Corredor da Beira”; esta estrada liga Machipanda, na Província de Manica, à cidade da Beira,
capital da Província de Sofala. Outros acessos (vias de ligação) são garantidos pelas estradas
N7 (Vanduzi - Zóbuè); R965 (Messica - Mutocoma); R966 (Nova Vanduzi - Beira); e R526
(Chimoio OE - Matsinho).

Preparado por: IMPACTO, Lda


Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Fonte: IMPACTO. Novembro, 2021


Figura A – Parte da área proposta para a construção do Terminal de Combustíveis (à
esquerda; imagem captada no sentido Sul-Norte, i.e. com a N6 a norte; e um troço da N6 em
Vanduzi (à direita)

Abaixo resumem-se algumas das características do Projecto.


• Localização administrativa: Província de Manica (Região Central de Moçambique),
Distrito de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi-Sede, Localidade de Chigodole,
Povoado de Selva-Lenha;

• Distância do local do Projecto em relação a alguns pontos de referência: Cidade de


Chimoio (Província de Manica): aproximadamente 25 km; Vila de Machipanda (Província
de Manica, fronteira com o Zimbabwe): aproximadamente 50 km; Cidade da Beira
(Província de Sofala): aproximadamente 210 km; Estrada Nacional Nº6 (distância mínima
em relação à estrada): aproximadamente 180 metros;

• Área do Projecto: área total: 37 ha; área destinada à construção de tanques: 11 h;

• Fonte de combustível: o Terminal será abastecido por um oleoduto pertencente à CPMZ


(pipeline Moçambique-Zimbabwe), que atravessa a secção norte do local do Projecto;

• Funcionamento do Terminal: as principais actividades: (1) Recepção de combustíveis


(gasolina e gasóleo): a partir do oleoduto, através de tubagens, com válvulas de controlo
automático; (2) Armazenamento de combustíveis: o combustível recebido será
posteriormente armazenado nos tanques de armazenamento superficiais; e (3) Expedição
de combustíveis: abastecimento de camiões-cisterna;

• Tanques a construir: 2 tanques de 9.000 m3 cada, para gasóleo; 2 tanques para gasolina
ou gasóleo, de 5.000 m3 cada;

• Infraestruturas auxiliares: Tanques: 1 tanque de água, para o sistema de combate de


incêndio (1.1.500 m3) e 1 tanque de separação água/óleo. Outras infraestruturas:
edifício da Administração, Sala de controlo, Guarita, Oficina; Armazém; Instalação para o
gerador de emergência; Instalação para o Sistema de combate a incêndios, Parque de
estacionamento; Tanque de água potável;

• Controlo de derrames de combustível: o controlo de possíveis derrames será


automatizado e efectuado a partir de uma Sala de Controlo. Armazenamento de
combustíveis: os tanques terão bacias de retenção, com paredes e piso de betão. As
bacias serão inclinadas em direção a um ponto central, de forma conter possíveis

Preparado por: IMPACTO, Lda


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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

derrames, encaminhando-os a um tanque de depósito. Expedição de combustíveis: na


área de abastecimento de camiões-cisterna, possíveis derrames de combustível que
possam ocorrer serão conduzidos para o sistema de drenagem, que irá conter um
separador de água/óleo (já mencionado anteriormente), de onde poderá, depois, ser
transferido novamente para o tanque;

• Capacidade de abastecimento de camiões-cisterna: 2 camiões-cisterna de 40 m3 a


cada 40 minutos. Não se dispõe ainda de uma estimativa do número de camiões a
abastecer por dia.

• Ligação a terra (segurança eléctrica): todos os equipamentos pertencentes ao Terminal


serão conectados à rede de terra, para garantir a protecção contra descargas eléctricas,
que possam causar incêndios;

• Sistema de prevenção e combate a incêndios: o sistema será projectado de acordo


com uma norma internacional (“Código de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis”, NFPA
30), que estabelece medidas para reduzir os riscos associados ao armazenamento,
manuseamento e uso de líquidos inflamáveis e combustíveis. O sistema será
dimensionado de modo a proteger os tanques, a bacia de contenção, as bombas e o
pórtico de abastecimento de camiões-cisterna e outros componentes do Projecto;

• Mão-de-obra: estimativa - Fase de Construção: 100 trabalhadores; Fase de


Operação: 30 trabalhadores;

• Tempo de vida útil do Projecto: estimado em 40 a 50 anos;

• Consumo de água e energia: o consumo médio mensal de água pelo Terminal é


estimado em aproximadamente 10 m3. Poderá ser construído um furo, para se evitar uma
sobrecarga do sistema de abastecimento de água a cargo do Fundo de Investimento e
Património do Abastecimento de Água (FIPAG), o provedor público local de água. Quanto
à energia eléctrica, para além de utilizar a rede, gerida pela Electricidade de
Moçambique (EDM), o Projecto irá dispor geradores, a serem usados em caso de falhas
de energia da rede. Estima-se que o consumo médio mensal de electricidade pelo
Terminal se situe na ordem dos 250.000 kWh.

• Gestão da segurança física de pessoas e das instalações: serão contratados serviços


especializados de segurança. As zonas de circulação estarão devidamente sinalizadas.
Existirão zonas de circulação restrita a pessoal autorizado, zonas de acesso geral dos
trabalhadores e a circulação de clientes e visitantes será limitada às áreas designadas. O
Terminal terá uma vedação mista, de muro de alvenaria e rede metálica, com uma altura
de 2 metros.

Na Figura B apresenta-se um mapa de localização geográfica do Projecto. Os 2 polígonos


representam o local de implantação do Projecto, ou seja, a área de DUAT atribuída à CPMZ
para o Projecto. Na imagem seguinte (Figura C) apresentam-se, para além da localização,
alguns pontos de referência existentes na área envolvente, identificados no trabalho de
campo.

Preparado por: IMPACTO, Lda


Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito – Resumo Não Técnico (preparado para efeitos de Consulta Pública)

Fonte da imagem de Google Earth


Figura B – Localização geográfica do Projecto no Distrito de Vanduzi, Província de Manica

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Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito – Resumo Não Técnico (preparado para efeitos de Consulta Pública)

Fonte da imagem de Google Earth


Figura C – Inserção espacial da área do Projecto, com relação a uma série de pontos de
referência existentes nas imediações do local

Preparado por: IMPACTO, Lda


Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
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CALENDÁRIO DO PROJECTO
O calendário do Projecto preliminarmente estabelecido resume-se no seguinte: (i) Fase de
pré-construção (“Fase Zero”): 6 meses ou mais, dependendo do tempo necessário para
finalizar os trâmites preparatórios do Projecto (administrativos, técnicos/de engenharia e
outros); (ii) Fase de Construção (Fase I): aproximada de 2 anos; (iii) Fase de Operação
(Fase II): terá duração estimada em 40 a 50 anos; e (iv) Fase de Desactivação (Fase III),
não existem bases suficientes para se estimar a duração.

8. SUMÁRIOS DAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DA ÁREA DO PROJECTO


I. MEIO FÍSICO
A área do Projecto, seguindo a tendência da Província de Manica em geral, possui um clima
modificado pela altitude e que varia entre Tropical Chuvoso de Savana, nas zonas mais
baixas, e Temperado Chuvoso de Montanha, nas zonas planálticas e montanhosas.
temperatura média mensal em Vanduzi varia no intervalo entre 18 e 25ºC. A precipitação
apresenta uma variação sazonal, com um período húmido no Verão, entre Outubro e Abril
(com precipitação entre 30 mm e 217 mm, sendo o mês de Dezembro o mês mais chuvoso);
e um período seco no Inverno, entre Maio e Setembro (com precipitação entre 11 e 21 mm,
sendo o mês de Agosto o de menor precipitação). Vanduzi situa-se no Centro do País. Há
registos de vários ciclones e tempestades tropicais que atingiram a Província de Manica,
incluindo o Distrito de Vanduzi.
No que se refere a mudanças climáticas, com base numa metodologia de análise em uso
na Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS, 2018), presume-se que
os efeitos das mudanças climáticas (na ausência do Projecto) se farão sentir sobretudo para
períodos mais curtos de duração da chuva, nos quais a precipitação passará a ser mais
intensa.2 Considerando as actividades previstas para o Projecto, não se prevê que estas
possam agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou actividades aos efeitos
das mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos naturais.
O local do Projecto encontra-se numa zona de transição entre solos dístricos vermelhos de
textura média e solos argilosos óxicos de cor vermelha, ambos caracterizados por
apresentarem uma boa drenagem e aptidão para a agricultura. Os solos do local do Projecto
e da área envolvente deverão ser protegidos de contaminação, que possa resultar de uma
eventual exposição a poluentes, especialmente se tais poluentes não forem manuseados,
transportados e armazenados de forma adequada. Uma revisão de informação sobre a
topografia da área do Projecto mostrou que o local do Projecto se situa numa zona do distrito
com altitudes variáveis entre 550 e 700 m. O relevo é suave, com inclinação maioritariamente
abaixo dos 30%.
Os cursos de água mais próximos do local do Projecto são o Rio Malissure, a nordeste, o
Rio Nhamachato, a sudeste e o Rio Naucadunguire, a sul. Na época das chuvas formam-se
pequenas linhas de água associadas a estes rios e pequenas baixas localizadas propiciam a
formação de charcos. Estes não atravessam o local do Projecto. Dados geohidrológicos
preliminares apontam para a possibilidade de abertura de um furo de água no local do
Projecto. A profundidade do lençol freático será determinada/confirmada por meios de
estudos geotécnicos detalhados, no processo de selecção do local para a construção do furo.
O Projecto poderá contribuir para alterações perceptíveis na qualidade do ar na área,
principalmente na Fase de construção, através da emissão de poeiras e de outros materiais
particulados. Os principais receptores sensíveis deste impacto são as pessoas residentes ou
utentes da área. Estes serão também os principais receptores do impacto do ruído que

2Ref.ª: AIAS. (2018). Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento. Consultancy Services for Capacity Development
Programme under the Climate Change Adaptation Component: Climate Modelling: Downscaling Techniques and Time Horizons /
Deliverable D-07.

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poderá derivar do Projecto, tanto na Fase de Construção (ruido associado às obras), como
na Fase de Operação (ruído associado à circulação de camiões-cisternas que irão fazer o
carregamento de combustível no Terminal).
II. MEIO BIÓTICO
No estudo do Meio Biótico foram identificadas e mapeadas as unidades de uso e cobertura
da terra na área do Projecto e imediações, nomeadamente: área agrícola, mata semi-
fechada, mata fechada, plantação (de Eucalipto), Curso de água / áreas alagáveis, graminal
arbustivo, mata secundária, área de extracção de pedra e areia e área residencial/de
infraestruturas. A implementação do Projecto irá incrementar a pegada da componente de
“infraestruturas”, convertendo uma área verde numa área de carácter urbanizado/industrial.
No trabalho de campo para este EIAS foi possível identificar algumas espécies de fauna por
via de sinais indirectos (vocalização) e por contactos com moradores locais. Uma listagem
das mesmas foi apresentada no Capítulo 13 do Relatório do EIA. Das espécies mencionadas
pelos habitantes locais, encontra-se o Pangolim, que segundo estes é pouco avistado pela
população. A área do Projecto não atravessa qualquer área de conservação ou
ecologicamente sensível.
III. MEIO SOCIOECONÓMICO
No EIAS foi realizado um Estudo de Especialidade de Socioeconomia, cujas constatações
foram integradas no Relatório do EIAS. Os objectivos específicos deste estudo foram os
seguintes: (i) Caracterizar as estruturas sociais, económicas, organizacionais, políticas e
culturais da área de influência do Projecto, definindo, assim, a situação de referência
socioeconómica; (ii) Identificar os potenciais impactos positivos e negativos associados à
implementação do Projecto; (iii) Identificar e propor medidas de mitigação ou potenciação dos
impactos identificados; (i) Formular medidas de gestão e monitoria dos impactos
socioeconómicos, para integração no Plano de Gestão Ambiental do Projecto.
A metodologia de recolha de informação envolveu uma revisão bibliográfica e duas visitas
de campo (em Novembro de 2020 e Maio de 2022). A recolha de dados documentados de
nível distrital foi feita nos serviços distritais do Governo do Distrito de Vanduzi. Neste exercício
foram igualmente utilizadas fontes e técnicas não-documentais, que se cingiram no seguinte:
(a) observação qualitativa, registo fotográfico e mapeamento georreferenciado; (b) entrevistas
informais; (c) entrevistas semi-estruturadas (individual e colectiva); e (d) Grupos Focais de
discussão.
Foram constituídos Grupos Focais de (i) Homens; (ii) Mulheres; (iii) Jovens; e (iv) residentes
no bairro Nhamassissa, de modo a registar, por diferentes perpectivas, o quotidiano
socioeconómico, as percepções, as preocupações e as expectativas em relação ao Projecto.
Em termos de inserção administrativa da área do Projecto, é de referir que o Distrito de
Vanduzi está localizado no Centro da Província de Manica, a cerca de 35 Km da Cidade de
Chimoio, capital da Província de Manica. O Distrito possui dois Postos Administrativos (PA),
nomeadamente, Vanduzi-Sede (onde se localiza o Projecto) e Matsinho. Ao todo, cinco
localidades, distribuídas pelos PAs e 95 povoados distribuídos pelas localidades.
Na área do Projecto, a disposição dos assentamentos populacionais tende a variar em
função da presença de infraestruturas e serviços na área, tais como escolas, centros de
saúde e outros. Nas zonas desprovidas de, ou mais pobres em infraestruturas e serviços, os
aglomerados populacionais são mais dispersos, alguns dos quais em pequenos
agrupamentos de dois a três agregados familiares. A população é maioritariamente jovem.
A área do Projecto é eminentemente rural e, a nível dos povoados (incluindo o Povoado de
Selva), existe uma autoridade tradicional, reconhecida como “Líder Comunitário”, cuja
liderança é exercida de uma forma colaborativa com as autoridades do Governo do Distrito.

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Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

O Decreto nº 15/2000 de 10 de Junho3 reconhece os líderes tradicionais e os líderes eleitos


localmente como representantes legítimos da comunidade, que desempenham um papel
social, cultural, religioso ou económico que é aceite pela comunidade à qual pertencem.
A área do Projecto é eminentemente rural, onde a agricultura (principal actividade das
famílias) e a pecuária desempenham um papel preponderante na economia local, tanto à
escala familiar, como à escala comercial. A pecuária envolve principalmente a produção de
galináceos, mas também de gado bovino, usado para auxiliar na actividade agrícola.
Participantes dos grupos focais de discussão indicaram que a actividade pesqueira é
realizada de uma forma pouco regular, o que atribuíram aos elevados custos associados à
actividade, nomeadamente o pagamento de licenças e a compra de material e equipamentos
adequados.
O comércio nas localidades e povoações do distrito é assegurado predominantemente por
uma rede de comércio informal, através da qual os agregados familiares vendem e adquirem
bens essenciais.
No que diz respeito à Educação, não existe no Povoado de Selva qualquer escola que
leccione Ensino Secundário Geral. Algumas crianças transferem-se para a Vila de Messica
(Distrito de Manica) para completar o Ensino Secundário, o que representa um encargo
monetário acrescido para os respectivos agregados familiar4 e faz com que muitos desistam
de estudar. Na Localidade de Chigodole existe o Instituto Médio Politécnico Armando
Guebuza (IMEPAG). Assume-se que as instituições de nível técnico e superior existentes no
distrito oferecem um potencial de recursos humanos que poderá, possivelmente, ser
integrado no Projecto, através do processo de contratação de força de trabalho local.
No domínio da Saúde, o Centro de Saúde de Chigodole, o mais usado pelas comunidades
do Povoado de Selva, é o mais próximo do Local do Projecto situando-se a 5 Km deste.
Malária, doenças diarreicas, tuberculose e HIV-SIDA foram citadas como algumas das
doenças que mais assolam a área. O conhecimento da composição e da capacidade local
(i.e. da sede do distrito) da rede sanitária é importante para este Projecto, especialmente no
quadro da gestão de situações de emergência, dado que, em caso de emergência, a
evacuação de sinistrados para unidades sanitárias deverá ser feita tão rapidamente quanto
possível, para que estes possam receber a necessária assistência médica.
O abastecimento de água na área do Projecto está a cargo do FIPAG e o fornecimento é
feito com algumas deficiências. Como reportado nas entrevistas colectivas e grupos focais,
as comunidades, principalmente as residentes nos povoados, recorrem, maioritariamente, a
poços familiares (alguns localizados nas zonas baixas) e a furos com bomba manual.
Entende-se que o uso da água pelo Projecto não deve, de alguma forma, afectar a
disponibilidade da água para outros utentes locais. Caso esta possibilidade se verifique, então
o Projecto deve considerar uma fonte alternativa de água, tal como a abertura de um furo.
A gestão de resíduos e o saneamento do meio em geral constituem um grande desafio a
nível nacional, principalmente para as comunidades rurais, incluindo as da área do Projecto.
É importante que na execução do Projecto se desenvolvam e implementem procedimentos
para a gestão de resíduos de acordo com a tipologia de resíduos produzidos, conforme
previsto na legislação moçambicana, em especial no Regulamento sobre a Gestão de
Resíduos Sólidos Urbanos (Decreto n.º 94/2014, de 31 de Dezembro) e no Regulamento
sobre a Gestão de Resíduos Perigosos (Decreto n.º 83/2014, de 31 de Dezembro).
O Distrito de Vanduzi é abastecido por duas linhas de transmissão de energia,
nomeadamente de 110 e 220 kV. Alguns agregados familiares e diversos estabelecimentos
comerciais utilizam painéis solares como fonte de energia (iluminação), sendo os painéis

3
O Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho define a articulação entre os órgãos locais do Estado e as autoridades comunitárias
4As despesas mais frequentes e reportadas nas entrevistas colectivas e grupos focais estão associadas: (i) aluguer de casa ou quarto em
casa de familiares/conhecidos para a estadia da criança, (ii) despesas quotidianas da criança – alimentação, deslocação, (iii) despesas
associadas à escola – pagamento de propinas, material escolar e vestuário.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

normalmente adquiridos na Cidade de Chimoio. A maior parte da população residente nos


povoados, conforme indicado nas entrevistas colectivas e em encontros com Grupos Focais,
recorre a fontes alternativas de energia para iluminação (a lanterna a pilhas foi a principal
fonte para a iluminação indicada).
No estudo dos aspectos socioculturais constatou-se, durante a pesquisa de campo, que os
agregados familiares residentes na área enterram os defuntos em cemitérios comunitários ou
familiares. Membros do Povoado de Selva recorrem, geralmente, ao Cemitério Comunitário
de Tcheque5 e a cemitérios familiares (privados). Poucos são os casos reportados de campas
isoladas. Existe, nas proximidades da área do Projecto um cemitério comunitário, usado pelas
comunidades do Povoado de Selva e alguns AFs de Chigodole-Sede (Figura 72).6
PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS SOBRE O PROJECTO: RESUMO DAS CONSTATAÇÕES DO ESTUDO
SOCIOECONÓMICO

➢ DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO: Constatou-se existir localmente uma grande expectativa


de que o Projecto irá transformar positivamente a economia do distrito e melhorar a vida
das comunidades. Durante o trabalho de campo, ficou claro que as expectativas de
desenvolvimento económico estão intrinsecamente ligadas ao “sonho” de ver a área do
Projecto transformada numa “cidade”, ou numa área “melhor que Maforga”, referido nas
entrevistas semiestruturas realizadas com representantes dos diferentes serviços sociais
distritais de Vanduzi. Refira-se que Maforga é uma zona rural da Província de Manica
(situada no Distrito de Gondola, PA de Amatongas, Localidade de Nhambonda), onde a
CPMZ possui uma das suas duas estações de bombagem do oleoduto da CPMZ e onde
o crescimento económico local é atribuído pela comunidade, em grande medida, à
presença da CPMZ.

➢ USO E APROVEITAMENTO DA TERRA: Embora se entenda localmente que o Projecto


comporta benefícios potenciais ao nível do desenvolvimento socioeconómico, foram
igualmente levantadas preocupações, relacionadas com o processo de perda do direito
de uso de terra e de meios de subsistência, e a compensação inerente. A respeito do
assunto acima, foi esclarecido que a ocupação pelo Projecto será feita na área para a
qual a CPMZ já dispõe de uma autorização provisória de DUAT e que as famílias que
possuíam machambas no local a ser ocupado pelo Projecto já foram indemnizadas.7

➢ EMPREGO: Uma potencial vantagem imediata da implementação do Projecto, na


percepção de habitantes da área do Projecto, registada em todos os encontros de Grupos
Focais e em entrevistas, é a do acesso ao emprego, considerando um importante factor
de mudança das condições de vida das comunidades do Distrito e do Povoado de Selva.
No processo de interacção com as comunidades e previamente à implementação do
Projecto será importante clarificar que ao processo de contratação de pessoal se aplica
um processo de selecção de candidatos, em resultado do qual são contratados apenas
aqueles que cumpram os requisitos pré-estabelecido para o efeito. O envolvimento de
mulheres na força de trabalho do Projecto, ainda que em regime temporário, poderá,
possivelmente, ajudar a influenciar as mulheres a engajarem-se em tarefas
tradicionalmente tidas como masculinas, obtendo assim rendimentos através do trabalho
remunerado.

5 Tcheque é uma das células do Povoado de Selva, onde se localiza o principal cemitério comunitário do povoado.
6 Não foi possível identificar com exactidão os limites da área ocupada por este cemitério.
7 Informação a este respeito consta no Capítulo 8 e no Anexo 6 do Relatório do Estudo de Impacto Ambiental.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

RESPONSABILIDADE SOCIAL DO PROPONENTE (SOLICITAÇÕES DE PARTES AFECTADAS PELO


PROJECTO)

No trabalho de campo o Consultor anotou diversos aspectos que algumas Partes


Interessadas e Afectadas locais referiram esperar que constem no pacote de
Responsabilidade Social do Proponente, nomeadamente: (i) Apoio na capacitação técnica
dos técnicos dos serviços distritais (levantado nas entrevistas semiestruturas realizadas com
os diferentes serviços sociais); (ii) Apoio às comunidades para a criação de pequenos
negócios, como de pequena indústria de moagem de cereais;; (iii) Colocação de uma unidade
sanitária no Povoado de Selva, de modo a facilitar o atendimento das comunidades; (iv)
Construção de uma Escola Secundária, para possibilitar que os jovens do Povoado de Selva
possam continuar a estudar e não tenham que desistir, ou aumentar as despesas familiares,
devido a deslocação para locais longínquos; (v) Apoio na canalização de rede de energia
eléctrica para o Povoado, de modo a melhorar a oferta de cursos nocturnos de Alfabetização
de Adultos; (vi) Apoio na melhoria e alargamento da abrangência da rede de abastecimento
de água potável para o Povoado de Selva e outros povoados da Localidade de Chigodole.

As propostas acima indicadas reflectem necessidades básicas da comunidade local. As mesmas


deverão ser analisadas pela CPMZ, no sentido de, conjuntamente com as autoridades (comunitárias
e do governo), se identificar as oportunidades e prioridades de implementação de acções
sustentáveis, com um impacto que se situe para além de meras acções empresariais filantrópicas.

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES DE ENTREVISTADOS E INTEGRANTES DOS GRUPOS FOCAIS


As principais recomendações de entrevistados e integrantes dos Grupos Focais a respeito do
Projecto resumem-se no seguinte:
• Deve garantir-se a concretização do Projecto, de modo que não se coloque em causa a
credibilidade das estruturas locais;
• Devem evitar-se esquemas de suborno no processo de contratação de mão-de-obra local;
• No emprego, deve dar-se prioridade aos residentes do Povoado de Selva;
• Na implementação do Projecto, a CPMZ deve trabalhar em coordenação com as
autoridades do Governo Distrital e as autoridades tradicionais.

9. IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO


Constitui um objectivo do Estudo de Impacto Ambiental (EIAS) identificar e avaliar os
impactos potenciais positivos e negativos do Projecto na sua área de implementação, e
formular medidas que permitam incrementar os impactos potenciais positivos do Projecto, e
mitigar os seus impactos potenciais negativos.
Para a avaliação dos impactos potenciais do Projecto, cuja metodologia está descrita em
detalhe nos Termos de Referência (TdR) do EIAS8, foram utilizados os seguintes critérios
listados na Tabela A, abaixo.

8 Os TdR do EIAS constam no Anexo 3 do Relatório do Estudo de Impacto Ambiental.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela A – Critérios de classificação e avaliação de impactos

N.º Critério de Definição Classificação do Impacto


Classificação
1. Natureza do Possibilidade de ocorrência do impacto Positivo / Negativo
impacto
2. Tipo A forma como o impacto se reflecte no Directo / Indirecto / Cumulativo
ambiente
3. Probabilidade Possibilidade de ocorrência do impacto Improvável / Pouco provável /
Provável / Altamente provável /
Certa
4. Intensidade Medida do grau da alteração causada Insignificante / Baixa / Moderada
pelo impacto / Alta / Muito Alta

5. Extensão Área geográfica afectada pelo impacto Local / Área envolvente /


Regional (regiões do País) /
Nacional / Internacional
6. Duração Período ao longo do qual se espera que Temporário / Curto-prazo /
o impacto ocorra Médio-prazo / Longo-prazo /
Permanente
7. Magnitude Nível de alteração provocado por uma Negligenciável / Baixa /
acção no meio afectado, combinada Moderada / Alta
com a Extensão e Duração do impacto
8. Significância Nível de importância do impacto Negligenciável / Baixa /
Moderada / Alta

MITIGAÇÃO DE IMPACTOS / POTENCIAÇÃO DE IMPACTOS


No contexto da AIAS, as medidas de mitigação de impactos negativos visam evitar danos
no meio físico, biótico ou social do Projecto, salvaguardar recursos valiosos ou limitados,
assim como salvaguardar a saúde e segurança do Homem. Para impactos positivos, são
formuladas medidas de potenciação, visando incrementar os benefícios decorrentes das
actividades do Projecto.

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO

As tabelas que se seguem apresentam os impactos identificados, relacionando-os com as


principais fases em que os mesmos ocorrem e indicando a classificação de Significância,
assumindo uma condição pós-implementação de medidas de mitigação (para impactos
negativos) ou potenciação (para impactos positivos).
Os impactos estão estruturados como se segue:
Tabela Impactos potenciais do Projecto - Fase de Construção e Fase de Operação
B: do Projecto (Meio Físico, Meio Biótico e Meio Socioeconómico)
Tabela C Impactos potenciais cumulativos do Projecto (Meio Físico, Meio Biótico e
Meio Socioeconómico)
Tabela D Impactos potenciais de Saúde e Segurança - Fase de Construção, Fase de
Operação e Fase de Desactivação

Preparado por: IMPACTO, Lda


Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito – Resumo Não Técnico (preparado para efeitos de Consulta Pública)

Tabela B – Impactos potenciais do Projecto – Fase de Construção e Fase de Operação (Meio Físico, Meio Biótico e Meio
Socioeconómico)
[(+) Impacto Positivo / (-) Impacto negativo; N/A: Não aplicável]
COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA
AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO FÍSICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO FÍSICO
Qualidade do ar Impacto 1 (-): Perturbação da Fase de Construção - obras (poeiras e, em menor escala, poluentes de N/A Baixa
qualidade do ar, derivada de poeiras e veículos/ equipamentos de trabalho)
outro material particulado Fase de Operação (circulação de camiões e emissões dos tanques de Baixa
combustível)
Impacto 2 (-): Fase de Construção: poluentes de emissões de veículos / N/A Baixa
Perturbação da qualidade do ar devido equipamentos de trabalho
à emissão de poluentes atmosféricos Fase de Operação: circulação de camiões e emissões dos tanques Moderada
Geomorfologia e N/A Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, Baixa
solos Impacto 3 (-): terraplenagem), associados à construção do Terminal N/A
Alteração de características
geomorfológicas locais, resultantes de
movimentos de terras
Impacto 4 (-): Alteração dos padrões Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, N/A Negligenciável
de escoamento e das características terraplenagem), durante à construção do Terminal
da drenagem
Impacto 5 (-): Alteração das Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, N/A Baixa
características físicas do solo (erosão terraplenagem), associados à construção do Terminal
Impacto 6 (-): Poluição do solo Fase de Construção: manuseamento e deposição de resíduos; N/A Baixa
pequenos derrames (de veículos e equipamentos afectos ao Projecto)
Fase de Operação: manuseamento e deposição de resíduos; pequenos N/A Baixa
derrames (de veículos e equipamentos afectos ao Projecto)

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA


AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
Hidrologia e Impacto 7 (-): Degradação da Fase de Construção: gestão inadequada de resíduos não perigosos ou N/A Baixa
Hidrogeologia qualidade de recursos de água perigosos; derrames (de veículos e equipamentos afectos ao Projecto)
subterrânea e/ou superficial Fase de Operação: gestão de resíduos não perigosos ou perigosos; N/A Baixa
derrames (de veículos e equipamentos afectos ao Projecto)
Ambiente sonoro Impacto 8 (-): Perturbação do ambiente Fase de Construção: operação de maquinaria e equipamentos afectos N/A Baixa
sonoro na envolvente do Projecto, à construção
resultante do tráfego rodoviário Fase de Operação: tráfego de camiões-cisterna N/A Baixa
associado ao Projecto
Poluição por Impacto 9(-): Perturbação da paisagem Fase de Construção: conversão de área verde em área urbanizada/ N/A Baixa
resíduos local industrial (i.e. com o Terminal construído).
Fase de Operação: presença de novos elementos incomuns ao N/A Baixa
ambiente local (i.e. edifício do Terminal)
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO BIÓTICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO BIÓTICO
Habitats de flora Impacto 10 (-): Desmatamento e perda Fase de Construção: Desmatamento, para dar lugar às obras de N/A Moderada
e fauna de habitats construção do Terminal
Impacto 11 (-): Aumento da pressão Fase de Construção: Colecta de recursos naturais (estacas, espécies Baixa
sobre os recursos naturais (flora e florestais); queimadas
fauna)
Espécies Impacto 12(-): Introdução e/ou Fase de Construção: movimentação de veículos e maquinaria ao longo N/A Baixa
invasoras disseminação de espécies invasoras das estradas de acesso e áreas de construção
Fauna Impacto 13 (-): Perturbação de fauna Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, N/A Baixa
terraplenagem), relacionados com a construção do Terminal
Impacto 14(-): Alterações Fase de Construção: práticas de gestão de resíduos N/A Baixa
populacionais faunísticas, relacionada
com a gestão de resíduos
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA


AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
Economia e Impacto 15 (+): Aumento das receitas Fase de Construção e Fase de Operação: Contratação de empresas e Alta N/A
emprego fiscais do Estado de pessoal para as obras de construção do Terminal
Impacto 16 (+): Criação de Fase de Construção: contratação de pessoal para as obras de Alta N/A
oportunidades de emprego construção do Terminal
Fase de Operação: contratação de pessoal para as obras de Alta N/A
construção do Terminal
Impacto 17 (+): Aumento da renda Fase de Construção: Contratação de pessoal pelo Projecto Moderada N/A
familiar e diversificação das estratégias Fase de Operação: Contratação de pessoal pelo Projecto Moderada N/A
de sobrevivência da população local,
induzidas pelo emprego
Impacto 18(+): Impacto: Aumento do Fase de Construção: Contratação de pessoal pelo Projecto; Moderada
contingente local de pessoal com capacitação no local de trabalho
qualificações profissionais Fase de Operação: Contratação de pessoal pelo Projecto; capacitação Moderada N/A
no local de trabalho
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
Expectativas Impacto 19(+): Frustração relacionada Fase de Construção: comunicação com as partes interessadas e/ou N/A Moderada
locais em com um não-aumento da oferta de afectadas pelo Projecto
relação ao combustíveis no Distrito de Vanduzi Fase de Operação: operação do Terminal; comunicação com as partes N/A Moderada
Projecto interessadas e/ou afectadas pelo Projecto
População e uso Impacto 20(+): Perda de acesso a Fase de Construção: preparação para o início das obras de construção N/A Moderada
da terra recursos naturais no local do Projecto do Terminal
Relações Impacto 21 (-): Conflitos sociais Fase de Construção: contratação de pessoal para o Projecto N/A Baixa
socioculturais resultantes da competição pelo acesso Fase de Operação: contratação de pessoal para o Projecto N/A Baixa
(projecto versus aos postos de trabalho
comunidade)
Impacto 22 (-): Perturbação e conflitos Fase de Construção: Contratação de pessoal pelo Projecto
relacionados com a presença do Fase de Operação: Contratação de pessoal pelo Projecto
contingente de mão-de-obra
assalariada do Projecto

Preparado por: IMPACTO, Lda


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COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA


AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
Impacto 23 (-): Perda de postos de Fase de Construção: conclusão das obras de Construção do Terminal N/A Moderada
trabalho resultante da finalização das
obras de construção
Impacto 24 (-): Aumento local da Fase de Construção: impacto indirecto, não derivado das actividades N/A Baixa
criminalidade e de outros do Projecto
comportamentos desviantes Fase de Operação: impacto indirecto, não derivado das actividades do N/A Baixa
Projecto
Impacto 25 (-): Interferência com o bem- Fase de Construção: escavações, movimentação de terras, circulação N/A
estar da comunidade (perturbação por de veículos e equipamentos da construção
poeiras, ruídos ou vibrações) Fase de Operação: circulação de camiões-cisterna N/A Baixa

Preparado por: IMPACTO, Lda


Para: Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada (CPMZ)
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela C – Impactos potenciais cumulativos do Projecto – Meio Físico, Meio Biótico e Meio Socioeconómico
[(+) Impacto Positivo / (-) Impacto negativo; N/A: Não aplicável]
Nota: A enumeração dos impactos da tabela anterior tem continuidade nesta tabela
COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA
AMBIENTAL E IMPACTO PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO FÍSICO E NO MEIO BIÓTICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO FÍSICO E NO MEIO BIÓTICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
Impacto 26 (-)(cumulativo): Aumento Fase de Operação: impacto cumulativo indirecto, não derivado das N/A Moderada
da pressão sobre o uso dos serviços actividades do Projecto
públicos, devido ao fluxo imigratório
para a Sede do Distrito de Vanduzi
Impacto 27 (-)(cumulativo): Aumento Fase de Operação: impacto não derivado das actividades do Projecto, N/A Moderada
dos riscos de emergência devido à mas sim da presença do Terminal de combustíveis, após a sua
proximidade entre o Terminal de construção
combustível e o oleoduto da CPMZ
Impacto 28 (-)(cumulativo): Aumento Fase de Construção e Fase de Desactivação: Circulação de veículos e N/A Baixa
local do risco de acidentes equipamentos móveis ligados às obras.
rodoviários nas proximidades do Fase de Operação: circulação de camiões-cisterna na envolvente do local N/A Moderada
local do Projecto do Projecto

Preparado por: IMPACTO, Lda


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela D – Impactos potenciais de Saúde e Segurança (Fase de Construção, Fase de Operação e Fase de Desactivação)
[(+) Impacto Positivo / (-) Impacto negativo; N/A: Não aplicável]
Nota: A enumeração dos impactos da tabela anterior tem continuidade nesta tabela
COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA
AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS
(IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
IMPACTOS POSITIVOS DE SAÚDE E SEGURANÇA (SSO E SSC)
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL (SSC)
N/A Impacto 29(–): Acidentes com Fase de Construção e Fase de Desactivação: manuseamento, N/A Baixa
(impactos de materiais ou equipamentos usados armazenamento e transporte de materiais e a operação de veículos e
SSO) nas obras maquinaria pesada
Fase de Operação: manuseamento, armazenamento e transporte de N/A Baixa
materiais e a operação de veículos e maquinaria pesada
Impacto 30(–): Queda de Fases de Construção, Operação e Desactivação: Trabalhos em altura N/A Baixa
trabalhadores na execução de
trabalho em altura
Impacto 31(–): Contaminação Fases de Construção, Operação e Desactivação: utilizados combustíveis, N/A Baixa
humana por agentes químicos óleos e lubrificantes para viaturas e maquinaria; Fase de Operação:
recepção, armazenamento em tanques e expedição de grandes volumes
de combustíveis
Impacto 32(–): Acidentes e/ou danos Fases de Construção, Operação e Desactivação: trabalhos de construção N/A Baixa
à saúde, resultantes de trabalhos de (soldadura e corte de material a quente)
soldadura e de corte de metal a
quente
Impacto 33(–): Perda de acuidade Fases de Construção, Operação e Desactivação: trabalho sob exposição N/A Baixa
auditiva derivada do trabalho em a níveis altos de ruído
ambiente com altos níveis de ruído
Impacto 34(–): Danos à saúde, Fases de Construção, Operação e Desactivação: trabalho utilizando N/A Baixa
derivados de condições ergonómicas materiais e sob condições incompatíveis com um conforto ergonómico
de trabalho
IMPACTOS NEGATIVOS DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL (SSC)

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA


AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
N/A Impacto 35: Aumento do risco de Fase de Construção e Fase de Desactivação: Circulação de veículos e N/A Baixa
(impactos de acidentes rodoviários nas equipamentos móveis ligados às obras
SSC) proximidades do local do Projecto Fase de Operação: circulação de camiões-cisterna na envolvente do local N/A Moderada
do Projecto
Impacto 36: Acidentes associados à Fase de Construção e Fase de Desactivação: circulação de máquinas e N/A Baixa
circulação e operação de máquinas e veículos afectos às obras
veículos afectos às obras Fase de Operação: circulação de máquinas e veículos afectos às obras N/A Baixa
Impacto 37: Aumento do número de Fase de Construção e Fase de Desactivação: não relacionado com N/A Baixa
infecções de transmissão sexual, actividades do Projecto, mas sim com comportamentos sexuais
incluindo HIV-SIDA inadequados, não caracterizado por prevenção

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Resumo Não Técnico

IMPACTOS DA FASE DE DESACTIVAÇÃO


O tempo de vida previsto para o Terminal de Combustíveis é estimado em 40 a 50 anos. Após
este período, poderá observar-se o seguinte:
- Caso se decida pela continuidade das operações, poderá ser necessário, nessa altura,
avaliar as condições do equipamento e das operações. Na sequência de tal avaliação,
poderá ou não ser necessário remodelar ou substituir equipamento, expandir ou reduzir
a área ocupada pelo empreendimento, ampliar ou reduzir o leque de actividades do
mesmo, entre outras actividades, conforme julgado adequado pelas partes envolvidas nas
decisões a respeito do assunto;

- Caso, pelo contrário, se opte pela desactivação efectiva do Projecto, isto implicará a
remoção dos combustíveis e da água de cada um dos respectivos tanques, a remoção de
outros produtos armazenados (óleos, lubrificantes, espumas) e a desmontagem de
equipamentos diversos.

OBRIGAÇÕES LEGAIS DO PROPONENTE NO CASO DE DESACTIVAÇÃO E DESMANTELAMENTO


DAS INFRAESTRUTURAS DO PROJECTO

A legislação nacional prevê que no caso de cessação da exploração das instalações,


devido à sua “inutilidade (…) confirmada pela entidade licenciadora” tais instalações devem
ser removidas, devendo as condições dos respectivos locais ser restauradas a um nível tal
que permita garantir a segurança das pessoas e do ambiente; os respectivos custos devem
ser suportados pelo titular do registo de exploração da instalação (número 1 do artigo 77
do Decreto n.º 45/2012 de 28 de Dezembro)9, neste caso pela CPMZ, na qualidade de
Proponente do Projecto de Terminal de Combustíveis de Vanduzi.

Indicam-se a seguir, resumidamente, os principais impactos associados à desactivação do


Projecto.
➢ IMPACTOS NO MEIO FÍSICO
• Impactos típicos da Fase de Construção (aspectos gerais): assumindo que após
o término do tempo de vida o terminal será desactivado e desmantelado, os impactos
esperados serão, tipicamente, os observados na Fase de Construção (p.ex.: emissão
de poeiras e gases de exaustão, possível contaminação do solo e de recursos de
água, produção de ruído, alterações na paisagem. Nesse caso, consideram-se válidas
as medidas de mitigação já formuladas no Capítulo 15 (Secções 15.5 a 15.9) para os
impactos na Fase de Construção aplicáveis, com os devidos ajustamentos à situação
de referência na altura da desactivação, assim como à legislação vigente.
• Impacto sobre o clima e mudanças climáticas: tal como para a Fase de Construção
(e para a Fase de Operação), não se prevê que as actividades do Projecto possam
agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou actividades aos efeitos
das mudanças climáticas, ou a quaisquer outros riscos naturais;
• Gestão de resíduos: o destino a dar aos resíduos gerados nas actividades da Fase
de Desactivação (p.e. materiais obsoletos, entulho) deverá ser devidamente
planeado, de acordo com os requisitos legais e as recomendações de um Plano de
Gestão Ambiental da Fase de Desactivação (PGA-D). Os resíduos deverão ser
geridos de acordo com a sua tipologia, de modo a evitar riscos para o ambiente e a

9
Decreto que define o regime a que estão sujeitas as actividades de produção, importação, recepção, armazenamento, manuseamento,
distribuição, comercialização, transporte, exportação e reexportação de produtos petrolíferos (citado na Secção 6.2.2 do Relatório do
EIA).
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saúde humana. O PGA-D deverá prever medidas de gestão de resíduos perigosos e


não perigosos, de acordo com a legislação vigente aplicável nessa altura. Os resíduos
para os quais a hierarquia de gestão não puder ser implementada deverão ser
tratados e/ou eliminados da forma ambientalmente mais adequada e como for
determinado no PGA-D;
• Reaproveitamento de edifícios/materiais/equipamentos: uma das medidas gerais
aplicáveis à gestão de resíduos é a aplicação do princípio dos três R’s (Reduzir,
Reutilizar e Reciclar). Assumindo a desactivação e desmantelamento do Terminal, é
possível que os edifícios sejam aproveitados para outros fins após a desactivação,
observando-se assim uma modificação do uso da terra no local do Projecto. Assim,
determinados materiais resultantes do desmantelamento das instalações do Terminal
poderão, possivelmente, ser reciclados/reaproveitados em outras infraestruturas ou
actividades, o que, em princípio, deve ser visto como um impacto positivo da Fase de
Desactivação, desde que tal medida seja implementada de forma adequada,
evitando efeitos nefastos sobre o ambiente e a saúde e segurança de pessoas e
animais.
➢ IMPACTOS NO MEIO BIÓTICO
• Recuperação da área: Caso se decida que a área deve passar a estar livre de
construções, deverão ser realizados trabalhos de recuperação das condições de solo
e vegetação do local. Isso poderá implicar actividades como a gradagem/escarificação
do solo e o plantio/reflorestamento; neste caso, estar-se-ia perante um impacto
positivo no Meio Biótico.
• Impactos sobre habitats e a fauna: serão dependentes do uso posterior a atribuir
ao local do Projecto (p.ex., restabelecimento de vegetação natural, uso agrícola,
construção ou outro tipo de uso), quando for atingido o fim do ciclo de vida do Projecto.
➢ IMPACTOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
• Contratação de mão-de-obra: poderá haver necessidade de contratar mão-de-obra
em regime temporário, para as actividades de desmantelamento das estruturas do
Terminal. Como referido anteriormente neste relatório, o Projecto não poderá
satisfazer todas as expectativas locais relacionadas com o emprego, dado que os
postos de trabalho serão em número limitado. Contudo, a oferta de postos de trabalho,
mesmo que limitada e por um período curto, poderá representar um contributo
importante para a renda dos admitidos aos postos de trabalho e seus agregados
familiares;
• Desmobilização de mão de obra: após a desactivação do Terminal, alguns postos
de trabalho poderão ser perdidos definitivamente. É recomendável que o empregador
(Empreteiro), por via de formação no local de trabalho, crie condições para que os
trabalhadores possam melhorar as suas competências profissionais, de modo que se
possa alargar o seu leque de possibilidades de aquisição de um novo posto de
trabalho, terminada a Fase de Desactivação;
• Desvinculação de empresas fornecedoras de bens e serviços: contratos com
empresas fornecedoras de bens e serviços relacionados com a manutenção da LT
poderão também ser cancelados, com possíveis efeitos negativos sobre as receitas
de tais empresas. Este impacto poderá reflectir-se com uma maior intensidade em
empresas locais, devido à sua eventual expectativa de encontrarem no Projecto um
negócio sustentável, de longa duração;

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• Gestão de conflitos: conflitos com a comunidade poderão ocorrer por razões


diversas, incluindo aquelas relacionadas com perturbações de que as comunidades
possam ser alvo (p.ex., ruído, acidentes); expectativas irrealistas de ocupação de
postos de trabalho (temporários); exclusão / marginalização de mulheres no acesso
ao emprego; um possível interesse de membros da comunidade em se beneficiarem
de algum do material resultante do desmantelamento do Terminal; entre outras
razões. Uma boa interacção com a comunidade, através dos canais e mecanismos de
comunicação que já deverão estar estabelecidos e fortalecidos na Fase de Operação,
poderá desempenhar um importante papel na minimização de conflitos.

No capítulo do Relatório do EIA dedicado aos impactos potenciais do Projecto estão formuladas
medidas de mitigação (para os impactos negativos) e as medidas de potenciação para
incrementar os impactos positivos (medidas de potenciação). As medidas de mitigação visam
prevenir / evitar danos desnecessários no meio biofísico e no meio socioeconómico que possam
resultar do Projecto, protegendo assim o ambiente no seu sentido mais amplo. Por seu lado, as
medidas de potenciação estão focadas essencialmente nas oportunidades de desenvolvimento
socioeconómico que possam ser trazidas pelo Projecto.

10. GESTÃO AMBIENTAL E DE SAÚDE E SEGURANÇA: PLANO DE GESTÃO


AMBIENTAL
Como parte do EIA e com base nos impactos potenciais do Projecto identificados, foi
produzido um Plano de Gestão Ambiental (PGA). O objectivo geral do PGA é o de estabelecer
uma base oriente a implementação das medidas de mitigação dos impactos negativos e as
medidas para incrementar os impactos positivos, permitindo assim que os impactos possam
ser geridos e monitorizados de um modo ambientalmente correcto e responsável.
O PGA produzido para o Projecto define as funções e as responsabilidades de gestão e
monitoria dos impactos potenciais identificados na AIA. Caso o Projecto seja aprovado pelo
MTA, o PGA passará a ser, legalmente, o principal instrumento de referência a ser utilizado
pela autoridade ambiental para verificar se os requisitos de protecção ambiental
estabelecidos na legislação estão sendo cumpridos pelo Proponente.
O PGAS apresenta requisitos de Auditoria Ambiental e Inspecção Ambiental para o
Projecto. Como consta no PGA, perante Auditorias Ambientais e Inspecções ambientais, são
deveres do Proponente e do Empreiteiro os seguintes: (i) colaborar com os auditores /
inspectores, permitindo o acesso aos locais das obras e a instalações ou outros espaços
ocupados pelo Projecto; (ii) fornecer aos auditores / inspectores a informação solicitada por
estes, para facilitar o progresso da auditoria / inspecção; e (iii) criar condições / alocar
recursos para a correcção de quaisquer não-conformidades / irregularidades detectadas, no
prazo estabelecido / acordado com as autoridades. No domínio da Saúde e Segurança,
destacam-se as questões relativas aos riscos potenciais do Projecto e as medidas para a sua
gestão, incluindo uma Resposta de Emergência. Estes aspectos são tratados no PGA.
A CPMZ possui instrumentos de Higiene e Segurança no Trabalho, aplicáveis às operações
da empresa, nomeadamente um “Manual de Procedimentos” e um “Regulamento de Higiene
e Segurança no Trabalho”, sendo que ambos podem ser de grande utilidade para a gestão
de Saúde e Segurança ambiental do Projecto do Terminal de Combustíveis. Estes
necessitarão, porém, de ser adaptados às condições específicas do Terminal. Assim,
recomenda-se que o Regulamento acima referido seja revisto pela CPMZ, de modo a incluir
aspectos de saúde e segurança especificamente relevantes para o Terminal de
Combustíveis.
11. CONSULTA PÚBLICA
Tal como se verificou na Fase do EPDA, o Processo de Consulta Pública (CP) da Fase do
EIA terá como evento principal uma reunião de Consulta Pública (CP), a ser realizada em

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Vanduzi. Esta constituirá uma oportunidade para a equipa de Consulta Pública esclarecer
não apenas as questões que ficaram em aberto na CP anterior (i.e. da Fase do EPDA), como
as questões que foram estudadas em detalhe no EIA.
Na presente fase do EIA, os objectivos da CP são os seguintes:
• Apresentar o “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento,
Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica”,
proposto pela CPMZ;
• Informar sobre as etapas e acções desenvolvidas ao longo da AIA e, em particular, ao
longo do EIA;
• Apresentar o conteúdo do Relatório do EIA, com destaque para as principais constatações
do mesmo;
• Fortalecer os canais de comunicação estabelecidos ao longo da AIA entre a equipa de
CP (i.e. Consultor e Proponente) e o público; Providenciar uma oportunidade para as
diversas partes interessadas e/ou afectados contribuírem activamente para o
desenvolvimento do Projecto;
• Registar e dar resposta a questões, sugestões e comentários sobre o Projecto, para
serem incorporados no Relatório do EIA e considerados na gestão ambiental e social do
Projecto, conforme aplicável.

REVISÃO DO RELATÓRIO DO EIA APÓS A CONSULTA PÚBLICA


Após a Consulta Pública, o Relatório do EIA (incluindo o respectivo RNT), assim como o PGA, será
revisto pelo Consultor, de modo a incorporar, conforme apropriado, as questões discutidas com as
partes interessadas e/ou afectadas pelo Projecto, antes da entrega ao MTA para análise / aprovação.

12. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DO EIA


Este Resumo Não Técnico apresenta, de uma forma sumária, o conteúdo do Relatório do
Estudo de Impacto Ambiental do “Projecto de Construção de um Terminal de
Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de
Manica”. O Projecto é proposto pela empresa moçambicana Companhia do Pipeline
Moçambique-Zimbabwe, Limitada, sediada na cidade da Beira.
Vocacionada para o transporte de produtos petrolíferos, a CPMZ é a operadora de um
oleoduto que se estende desde o Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique,
até Feruka, no Zimbabwe, conhecido como “Companhia do Pipeline Moçambique-
Zimbabwe”. Este oleoduto, com uma extensão de 294,3 km, será a fonte de combustíveis do
Terminal, que se pretende localizar no Distrito de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi-
Sede, Localidade de Chigodole, Povoado de Selva-Lenha.
Actualmente, Tete, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia recebem combustível transportado em
camiões-cisterna, que fazem o carregamento no Porto da Beira. A existência de um Terminal
de combustíveis para o carregamento desses camiões-cisterna em Vanduzi coloca o ponto
de carregamento mais próximo do destino final desses combustíveis, encurtando em cerca
de 400 km a distância a ser percorrida pelos mesmos. A localização do Projecto está, deste
modo, de acordo com o principal objectivo do Projecto, justificando-se assim o interesse da
CPMZ na construção do Terminal de Combustíveis.
Para se aceder ao local do Projecto existirá um desvio a partir da Estrada Nacional N.º 6 (N6,
estrada classificada entre Beira e Machipanda). A CPMZ deverá partilhar com a ANE (e/ou
com a sua Concessionária autorizada) as especificações técnicas do Projecto da via de
acesso directo ao Terminal que sejam de interesse para a ANE (e/ou para a sua

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Concessionária autorizada) enquanto entidade de gestão da N6, como aliás foi solicitado pela
própria ANE, quando instada a apresentar um Parecer sobre o Projecto, ainda na fase de
Instrução do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Ao longo da AIA, a CPMZ solicitou e obteve pareceres institucionais sobre o Projecto da parte
do FIPAG – Área Operacional de Manica (AOM), assim como da Direcção Nacional de
Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC), para além da ANE, citada anteriormente. O
Parecer do FIPAG é favorável ao Projecto, e indica não existir qualquer objecção técnica à
construção do Terminal. Da parte da DNHC, a CPMZ obteve um “parecer preliminar favorável,
para permitir que sejam preenchidos todos os requisitos exigidos”, com a indicação que “o
parecer definitivo para o início das obras será dado após a junção de todos os pareceres e
licenças de outras entidades intervenientes na matéria e a definição final do âmbito do
Projecto”. No entendimento do Consultor e na perspectiva da AIA, a obtenção da Licença
Ambiental constitui uma das várias condicionantes do parecer definitivo da DNHC.
Como parte do processo da aquisição do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)
para a área do Projecto, a CPMZ procedeu à indemnização das famílias que possuíam
machambas no local do Projecto, num total de 9 (i.e. 7 numa fase inicial, e 2 numa fase
posterior). Cópias da documentação que comprova as compensações são apresentadas em
anexo a este Relatório (Anexo 6), juntamente com a Autorização Provisória de DUAT.
No EIA do Projecto identificou-se uma série de impactos potenciais positivos e negativos do
Projecto. Começando pela análise dos impactos no Meio Físico e no Meio Biótico realça-se,
respectivamente, o seguinte: (i) considerando as actividades previstas, tanto para a Fase de
Construção, como para a Fase de Operação do Projecto, não se prevê que estas possam
agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou actividades aos efeitos das
mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos naturais (ii) A área do Projecto não
atravessa qualquer área de conservação ou ecologicamente sensível.
Com relação aos impactos socioeconómicos, um dos destaques é o emprego: estima-se que
para a Fase de Construção possam ser contratados aproximadamente 100 trabalhadores
(dos quais pelo menos 90% deverão ser nacionais) e para a fase de Operação cerca de 30
(previsivelmente sem expatriados). Para o recrutamento da mão-de-obra local deve garantir-
se o envolvimento dos líderes comunitários, sendo que uma coordenação com as autoridades
do Governo será igualmente necessária e especialmente útil na prevenção/minimização e
mediação de possíveis conflitos.
É de esperar que o Empreiteiro disponha de um quadro de pessoal já afecto à sua empresa,
principalmente para tarefas de carácter especializado (p.ex. Engenheiros, pessoal
administrativo, entre outros). Isso limita, à partida, a possibilidade de contratação de pessoal
para tais tarefas. Recomenda-se assim que, por via de mecanismos de comunicação, seja
esclarecido às partes interessadas que a contratação de pessoal e que esta será feita em
função das necessidades de pessoal, do número de vagas disponível e da satisfação dos
critérios de elegibilidade pelos candidatos.
Após a conclusão das obras e com o início da Fase de Operação do Terminal, a maior parte
dos trabalhadores contratados para a Fase de Construção poderá ficar sem o seu posto de
trabalho. Para os visados (possivelmente para a maioria), isso implicará o retorno à sua
condição de desempregado, com efeitos na renda familiar. Recomenda-se, deste modo, que
por via do Projecto, se busquem formas de estabelecimento de meios de subsistência
alternativos e esquemas de poupança, que permitam ajudar pelo menos parte do pessoal
recrutado e as suas famílias. O objectivo seria o de minimizar a dependência económica
destes (i.e., dos ex-contratados e das respectivas famílias) em relação ao emprego
proporcionado pelas actividades de construção do Projecto.
Na discussão dos impactos socioeconómicos e de Saúde e Segurança com as Partes
Interessadas e/ou Afectadas pelo Projecto, ainda na Fase do Estudo de Pré-viabilidade e
Definição do Âmbito (EPDA), o SPA de Manica colocou a sua preocupação com relação a

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acidentes de viação, considerando o tráfego de camiões, que se poderá intensificar nas


imediações do local do Projecto, especialmente na Fase de Operação. Neste EIA destacou-
se a importância de uma sinalização adequada de tráfego nas imediações do Terminal, assim
como da promoção de campanhas de sensibilização, em colaboração com a Polícia de
Trânsito, orientadas para peões (incluindo crianças) e motoristas.
O Projecto inclui a construção de um tanque de água de 1 500 m3, prevendo-se um consumo
médio mensal na ordem dos 10 m3. Na área do Projecto, o sistema público de abastecimento
de água é operacionalizado pelo Fundo de Investimento do Património de Abastecimento de
Água (FIPAG). O Proponente deve garantir que o consumo de água pelo Projecto não reduz
a disponibilidade de água para os utentes da área.
Em relação à Saúde e Segurança, os principais riscos potenciais associados ao Projecto
estão directa ou indirectamente relacionados com a alta inflamabilidade, toxicidade e
potencial de poluição dos combustíveis (gasolina e gasóleo) a serem armazenados,
manuseados e expedidos no Terminal. As questões de Emergência foram abordadas no EIA
por via de mecanismos de Resposta de Emergência, apresentando no PGA. A este respeito,
realça-se a necessidade de uso de tecnologia de ponta no Projecto, cumprindo os mais altos
padrões da indústria de combustíveis, e ainda de pessoas devidamente capacitadas a
trabalhar no Terminal, de modo a prevenir quaisquer riscos de segurança que possam
redundar em situações de emergência.

No domínio da Saúde da comunidade, as questões relativas ao HIV/SIDA devem ser


destacadas em todas as vertentes do Projecto, incluindo, a contratação de pessoal, as
relações interpessoais, o acesso à formação, a designação de funções no Projecto, entre
outras. Ao lidar com questões de Saúde e Segurança relacionadas com o Projecto é
importante que as autoridades de saúde sejam envolvidas como parceiros de longo-prazo,
uma vez que estas possuem um melhor entendimento da situação de saúde comunitária e
estão melhor preparadas para identificar eventuais mudanças que possam ser atribuídas ao
Projecto, assim como recomendar e implementar acções de controlo de alcance comunitário.

O tempo de vida previsto para o Terminal de Combustíveis é estimado em 40 a 50 anos,


findos os quais o Terminal poderá ser desactivado, ou poderá optar-se pela continuidade das
operações do mesmo. Os impactos das actividades da Fase de Desactivação deverão ser
geridas com base num PGA específico para a Fase de Desativação (PGA-D). Recomenda-
se que nas decisões relativas à Fase de Desactivação sejam tomados em consideração os
planos de desenvolvimento e ordenamento territorial vigentes na altura da desactivação.
Do ponto de vista das relações sociais entre o Projecto, o engajamento da comunidade e dos
seus líderes deste os estágios primordiais do Projecto e uma postura de cordialidade e
respeito pela cultura e pelas tradições locais, são algumas das várias acções que o
Proponente deve desencadear, para promover um clima de relações pacíficas e de
colaboração mútua com a comunidade no local do Projecto. Uma coordenação com as
autoridades governamentais locais neste sentido é também absolutamente recomendada.
Terminada a Participação Pública da Fase do EIA, irá rever a documentação discutida com
as Partes Interessadas e/ou Afectadas (PIAs), nomeadamente o Relatório do EIA (incluindo
respectivo Resumo Não Técnico) e o PGA. Será ainda produzido um Relatório de
Participação Pública, contendo uma descrição detalhada do Projecto, os principais aspectos
discutidos com as PIAs e uma série de documentos de suporte, relacionados com o processo
(lista de potenciais partes interessadas e afectadas, agenda e acta da reunião de Consulta
Pública, lista de presenças, entre outros). Por fim, os documentos acima referidos serão
submetidos à revisão pelo MTA e, caso estes sejam aprovados, a CPMZ estará então
qualificada para receber do MTA uma Licença Ambiental. Recebida a licença poderá iniciar-
se a implementação do Projecto, sem prejuízo de quaisquer outras licenças e autorizações
que possam ser necessárias para o efeito.

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RELATÓRIO DO ESTUDO DE
IMPACTO AMBIENTAL
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
2. OBJECTIVOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ............................. 1
3. O PROPONENTE DO PROJECTO .............................................................. 2
4. O CONSULTOR AMBIENTAL....................................................................... 2
5. JUSTIFICATIVA DO PROJECTO ................................................................. 2
6. QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL APLICÁVEL AO PROJECTO ........... 2
7. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO PROJECTO ..................................................... 2
8. SUMÁRIOS DAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DA ÁREA DO
PROJECTO ............................................................................................................ 7
9. IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO ................................................ 11
10. GESTÃO AMBIENTAL E DE SAÚDE E SEGURANÇA: PLANO DE GESTÃO
AMBIENTAL.......................................................................................................... 22
11. CONSULTA PÚBLICA ................................................................................ 22
12. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DO EIA ........................................ 23
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2 OBJECTIVOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL .......................... 2
3 JUSTIFICATIVA DO PROJECTO ............................................................... 2
4 PROPONENTE E CONSULTOR AMBIENTAL ........................................... 2
4.1 PROPONENTE ............................................................................................. 2
4.2 CONSULTOR AMBIENTAL .......................................................................... 3
5 RESUMO DAS PRINCIPAIS FASES E ACTIVIDADES DA AVALIAÇÃO
DE IMPACTO AMBIENTAL DO PROJECTO.................................................... 4
5.1 FASES E ACTIVIDADES DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ...... 4
5.2 O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ............................................ 5
6 QUADRO INSTITUCIONAL E LEGAL ........................................................ 6
6.1 QUADRO INSTITUCIONAL NACIONAL ....................................................... 6
6.2 QUADRO LEGAL NACIONAL..................................................................... 10
6.2.1 LEGISLAÇÃO SOBRE AIA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................... 10
6.2.2 LEGISLAÇÃO DO SECTOR PETROLÍFERO (COM DESTAQUE PARA O
SECTOR DE COMBUSTÍVEIS) ................................................................................... 16
6.2.3 LEGISLAÇÃO SOBRE USO E OCUPAÇÃO DE TERRA ............................... 20
6.2.4 LEGISLAÇÃO SOBRE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL E DA
COMUNIDADE ............................................................................................................ 21
6.2.5 OUTROS INSTRUMENTOS LEGAIS DE INTERESSE PARA O PROJECTO 23
6.3 CONVENÇÕES E PROTOCOLOS INTERNACIONAIS .............................. 26
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

7 DESCRIÇÃO DO PROJECTO .................................................................. 27


7.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E INSERÇÃO ESPACIAL DO PROJECTO
27
7.2 PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS E LAYOUT DO PROJECTO .............. 33
7.3 PRINCIPAIS FASES E ACTIVIDADES DO PROJECTO, E RESPECTIVA
DURAÇÃO ............................................................................................................ 35
7.3.1 Fase Preparatória (“Fase Zero”) .................................................................... 35
7.3.2 Fase de Construção (Fase I) ......................................................................... 35
7.3.3 Fase de Operação (Fase II) ........................................................................... 36
7.3.4 Fase de Desactivação (Fase III) .................................................................... 38
7.4 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS E DE ENGENHARIA DO PROJECTO ..... 38
7.4.1 Tanques de armazenamento de combustível................................................. 38
7.4.2 Caudal do Projecto ........................................................................................ 40
7.4.3 Especificações dos combustíveis................................................................... 40
7.4.4 Bombas ......................................................................................................... 41
7.4.5 Gestão de derrames ...................................................................................... 41
7.4.6 Sistema eléctrico ........................................................................................... 43
7.4.7 Sistema de ar comprimido ............................................................................. 44
7.4.8 Sistema de controlo operacional .................................................................... 44
7.4.9 Sistema de combate a incêndios ................................................................... 45
7.4.10 Edifícios ......................................................................................................... 46
7.5 NORMAS TÉCNICAS E DE ENGENHARIA ............................................... 46
7.6 FORNECIMENTO DE ÁGUA E ENERGIA ELÉCTRICA ............................ 47
7.7 FONTE DE INERTES ................................................................................. 47
7.8 FONTE DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS E DE PESADOS ................. 48
7.9 GESTÃO DE RESÍDUOS............................................................................ 48
7.10 MÃO-DE-OBRA (FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DE OPERAÇÃO) .... 49
7.11 CALENDÁRIO DO PROJECTO .................................................................. 49
8 SITUAÇÃO DE DIREITO E USO DE APROVEITAMENTO DA TERRA NA
AREA DO PROJECTO .................................................................................... 50
9 PARECERES INSTITUCIONAIS SOBRE O PROJECTO ........................ 51
9.1 PARECER DA ANE .................................................................................... 51
9.2 PARECER DO FIPAG ................................................................................. 51
9.3 PARECER DA DNHC ................................................................................. 52
10 ALTERNATIVAS DO PROJECTO ............................................................ 53
10.1 ALTERNATIVA À IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO ............................. 53

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10.2 ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO .............................. 53


10.3 ALTERNATIVA DE FONTE DE ÁGUA PARA O PROJECTO..................... 54
11 AREA DE INFLUÊNCIA DO PROJECTO ................................................. 55
12 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: MEIO FÍSICO ............. 57
12.1 CLIMA ......................................................................................................... 58
12.1.1 Precipitação e temperatura ............................................................................ 58
12.1.2 Sistema de ventos ......................................................................................... 58
12.1.3 Eventos climáticos extremos e mudanças climáticas ..................................... 60
12.2 GEOLOGIA, SOLOS E TOPOGRAFIA ....................................................... 68
12.2.1 Geologia ........................................................................................................ 68
12.2.2 Solos ............................................................................................................. 71
12.2.3 Topografia ..................................................................................................... 73
12.3 HIDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA ........................................................... 75
12.4 QUALIDADE DO AR ................................................................................... 76
12.4.1 Principais fontes emissoras de poluentes ...................................................... 77
12.4.2 Receptores sensíveis à alteração da qualidade do ar .................................... 79
12.4.3 Valores-padrão e directrizes para a qualidade do ar ...................................... 83
12.5 AMBIENTE SONORO ................................................................................. 84
12.5.1 Receptores sensíveis à alteração dos níveis de ruído ................................... 85
12.5.2 Directrizes para níveis de ruido ...................................................................... 85
12.6 PAISAGEM ................................................................................................. 85
13 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: MEIO BIÓTICO .......... 87
13.1 CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO À ESCALA REGIONAL ................ 89
13.2 HABITATS TERRESTRES, FLORA E FAUNA ........................................... 92
13.2.1 Habitats ......................................................................................................... 92
13.2.2 Flora .............................................................................................................. 99
13.2.3 Fauna .......................................................................................................... 101
13.3 ÁREAS PROTEGIDAS ............................................................................. 103
14 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: MEIO
SOCIOECONÓMICO .................................................................................... 105
14.1 METODOLOGIA DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO ................................ 106
14.2 PERFIL ADMINISTRATIVO E POLÍTICO DA ÁREA DO PROJECTO...... 108
14.2.1 Inserção administrativa ................................................................................ 109
14.2.2 Organização do Estado ............................................................................... 112
14.3 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DA ÁREA DO PROJECTO................... 113

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14.4 SERVIÇOS E INFRAESTRUTURAS SOCIAIS DO DISTRITO DE VANDUZI


121
14.4.1 Educação..................................................................................................... 121
14.4.2 Saúde .......................................................................................................... 123
14.4.3 Abastecimento de água ............................................................................... 128
14.4.4 Saneamento do meio e gestão de resíduos ................................................. 129
14.4.5 Abastecimento de energia ........................................................................... 131
14.5 REDE DE ACESSIBILIDADES ................................................................. 131
14.5.1 Transporte de passageiros e carga.............................................................. 133
14.6 MEIOS DE COMUNICAÇÃO .................................................................... 134
14.7 OCUPAÇÃO E USO DA TERRA .............................................................. 135
14.7.1 Direitos sobre a terra ................................................................................... 135
14.7.2 Uso da terra e dos recursos naturais ........................................................... 136
14.8 ACTIVIDADES ECONÓMICAS E MEIOS DE SUBSISTÊNCIA ................ 139
14.8.1 Agricultura ................................................................................................... 139
14.8.2 Pecuária ...................................................................................................... 141
14.8.3 Pesca .......................................................................................................... 142
14.8.4 Exploração de inertes .................................................................................. 142
14.8.5 Indústria e comércio..................................................................................... 143
14.9 PATRIMÓNIO CULTURAL E HISTÓRICO ............................................... 145
14.10 PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS SOBRE O PROJECTO: RESUMO DAS
CONSTATAÇÕES DO ESTUDO SOCIOECONÓMICO ..................................... 148
14.10.1 Principais recomendações de entrevistados e integrantes dos Grupos Focais
150
15 IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO ............................................ 151
15.1 IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS ............................................................. 151
15.2 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS .................................................................... 151
15.2.1 Critérios de classificação dos impactos........................................................ 151
15.3 MITIGAÇÃO DE IMPACTOS / POTENCIAÇÃO DE IMPACTOS .............. 154
15.4 IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO FÍSICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E
FASE DE OPERAÇÃO) ...................................................................................... 155
15.5 IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO FÍSICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E
FASE DE OPERAÇÃO) ...................................................................................... 155
15.5.1 Clima e mudanças climáticas....................................................................... 155
15.5.2 Qualidade do ar ........................................................................................... 157
15.5.3 Geologia ...................................................................................................... 160
15.5.4 Geomorfologia e solos ................................................................................. 160

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15.5.5 Hidrologia e hidrogeologia ........................................................................... 166


15.5.6 Ambiente sonoro.......................................................................................... 169
15.5.7 Paisagem..................................................................................................... 172
15.6 IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO BIÓTICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E
FASE DE OPERAÇÃO) ...................................................................................... 173
15.7 IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO BIÓTICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E
FASE DE OPERAÇÃO) ...................................................................................... 173
15.7.1 Habitats de fauna e flora .............................................................................. 173
15.7.2 Uso dos recursos naturais ........................................................................... 174
15.7.3 Espécies invasoras ...................................................................................... 175
15.7.4 Fauna .......................................................................................................... 176
15.8 IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO (FASE DE
CONSTRUÇÃO E FASE DE OPERAÇÃO) ........................................................ 178
15.8.1 Economia e emprego ................................................................................... 178
15.9 IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO (FASE DE
CONSTRUÇÃO E FASE DE OPERAÇÃO) ........................................................ 183
15.9.1 Expectativas locais em relação ao Projecto ................................................. 183
15.9.2 População e uso da terra ............................................................................. 185
15.9.3 Relações socioculturais (Projecto versus Comunidade) ............................... 186
15.10 IMPACTOS DA FASE DE DESACTIVAÇÃO ............................................ 192
15.11 IMPACTOS CUMULATIVOS..................................................................... 194
15.12 IMPACTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA ................................................. 199
15.12.1 Impactos de Saúde e Segurança Ocupacional (SSO).................................. 200
15.12.2 Impactos de Saúde e Segurança da comunidade (SSC) ............................. 207
16 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................. 212
17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 216

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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Equipa de consultores responsável pela AIA ....................................................................... 3
Tabela 2 – Instituições e respectivas funções e responsabilidades no que se relaciona com o Projecto
........................................................................................................................................................ 7
Tabela 3 – Algumas características dos tanques de armazenamento de combustível a construir no
Terminal ........................................................................................................................................ 38
Tabela 4 – Algumas especificações dos combustíveis a serem recebidos do oleoduto da CPMZ ..... 41
Tabela 5 – Edifícios a construir – área e principais tipos de materiais de construção ......................... 46
Tabela 6 – Normas e Códigos de referência para a construção do Terminal, a serem considerados no
Projecto ......................................................................................................................................... 46
Tabela 7 – Características dos ciclones e tempestades tropicais no período entre 1986 e 2021 ....... 61
Tabela 8 – Cálculo das intensidades de precipitação futura para a área em estudo ........................... 68
Tabela 9 – Algumas características dos tipos de solo que ocorrem no local do Projecto ................... 73
Tabela 10 – Estimativas de tráfego médio diário anual para a N6 (2013) ........................................... 78
Tabela 11 – Valores padrão para a qualidade do ar de poluentes atmosféricos ................................. 83
Tabela 12 – Directrizes da OMS/IFC relativamente a PM10 e PM2.5 .................................................... 83
Tabela 13 – Limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos por fontes móveis ................... 84
Tabela 14 – Directrizes da OMS para os níveis de ruído ..................................................................... 85
Tabela 15 – Principais unidades de uso e cobertura da terra identificadas na área do Projecto (área e
percentagem ocupada) ................................................................................................................. 92
Tabela 16 – Espécies de plantas identificadas na área do Projecto (AID e/ou AII) ............................. 99
Tabela 17 – Espécies madeireiras de importância económica (de acordo com o Regulamento da Lei
de Florestas e Fauna Bravia) identificadas na área de estudo .................................................. 101
Tabela 18 – Espécies de fauna registadas na área do Projecto ........................................................ 102
Tabela 19 – Divisão Administrativa e Inserção do Local do Projecto ................................................. 109
Tabela 20 – Tamanho e distribuição da população no Distrito de Vanduzi e da Província de Manica
.................................................................................................................................................... 114
Tabela 21 – Densidade Populacional no Distrito de Vanduzi e da Província de Manica ................... 115
Tabela 22 – Rede de ensino no Distrito de Vanduzi .......................................................................... 121
Tabela 23 – Efectivo Escolar e Taxa de Desistência por ensino........................................................ 123
Tabela 24 – Unidades sanitárias do Distrito de Vanduzi .................................................................... 124
Tabela 25 – Principais doenças no Distrito de Vanduzi em 2019 e 1º Semestre de 2020, segundo
dados do Governo Distrital .......................................................................................................... 127
Tabela 26 – Infraestruturas de saneamento (latrinas e fossas sépticas) no Distrito de Vanduzi ....... 130
Tabela 27 – Principais usos dos recursos naturais registados no trabalho de campo no Distrito de
Vanduzi ....................................................................................................................................... 138
Tabela 28 – Sítios históricos e sagrados no Distrito de Vanduzi ........................................................ 146
Tabela 29 – Classificação do impacto quanto à sua natureza / tipo .................................................. 152
Tabela 30 – Critérios de avaliação dos potenciais impactos .............................................................. 152
Tabela 31 – Classificação da magnitude do impacto ......................................................................... 153
Tabela 32 – Classificação da significância do impacto ...................................................................... 154
Tabela 33 – Escala de cores utilizada na representação da significância dos impactos identificados
.................................................................................................................................................... 154
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização geográfica da área do Projecto no Distrito de Vanduzi, Província de Manica 28
Figura 2 – Localização do Projecto, apresentada sobre uma imagem de Google Earth ..................... 29
Figura 3 – Inserção espacial da área do Projecto, com relação a uma série de pontos de referência
existentes nas imediações do local .............................................................................................. 30
Figura 4 – Parte da área proposta para a construção do Terminal de Combustíveis (imagem captada
no sentido Sul-Norte, i.e. com a N6 a norte) ................................................................................. 31
Figura 5 – Um troço da N6 em Vanduzi ................................................................................................ 31
Figura 6 – Localização geográfica proposta para o Projecto da CPMZ e principais vias de acesso ... 32
Figura 7 – Representação esquematizada das principais infraestruturas do Terminal de Combustíveis
proposto ........................................................................................................................................ 34
Figura 8 – Área de Influência do Projecto: AID e AII definidas para o Meio Fisico .............................. 57
Figura 9 – Sistema de Ventos para o Distrito de Vanduzi .................................................................... 59
Figura 10 – Desastres naturais por região de Moçambique entre 1956 e 2008 .................................. 60
Figura 11 – Frequência de ciclones em Manica ................................................................................... 62
Figura 12 – Precipitação anual (à esquerda) e topografia (à direita) em Moçambique ....................... 64
Figura 13 – Regiões climáticas de Moçambique definidas pela AIAS ................................................. 65
Figura 14 – Variação da intensidade da precipitação, T = 5 anos ....................................................... 66
Figura 15 – Variação da intensidade da precipitação, T = 25 anos ..................................................... 67
Figura 16 – Variação da intensidade da precipitação, T = 50 anos ..................................................... 67
Figura 17 – Principais formações geológicas no Distrito de Vanduzi ................................................... 70
Figura 18 – Mapa de solos do Distrito de Vanduzi ............................................................................... 72
Figura 19 – Altimetria no Distrito de Vanduzi........................................................................................ 74
Figura 20 – Bacias Hidrográficas no Distrito de Vanduzi ..................................................................... 75
Figura 21 – Uma zona baixa identificada na área do Projecto ............................................................. 76
Figura 22 – Local de extracção de areia identificado no local do Projecto .......................................... 78
Figura 23 – Localização dos possíveis receptores humanos sensíveis à alteração da qualidade do ar
na área do Projecto (AID e AII) ..................................................................................................... 80
Figura 24 – Exemplos de receptores ecológicos - plantação florestal na AII do Projecto (à esquerda)
e Machambas dentro da AID do Projecto (à direita) ..................................................................... 81
Figura 25– Principiais receptores ecológicos sensíveis à perturbação da qualidade do ar na AID e AII
do Projecto .................................................................................................................................... 82
Figura 26 – Um troço da N6, em Vanduzi ............................................................................................. 84
Figura 27 – Enquadramento paisagístico da área do Projecto (vista parcial da área) ......................... 86
Figura 28 – Área de Influência do Projecto: AID e AII definidas para o Meio Biótico........................... 89
Figura 29 – Ecossistemas terrestres presentes na área do Projecto (AID, AII e envolvente) ............. 91
Figura 30 – Principais unidades de uso e cobertura da terra mapeadas na AID do Projecto .............. 93
Figura 31 – Área agrícola (machamba de subsistência) ...................................................................... 94
Figura 32 – Um exemplo de área de assentamentos humanos com fruteiras e machambas na
envolvente ..................................................................................................................................... 94
Figura 33– Mata fechada na AII do Projecto (Floresta sagrada) .......................................................... 95
Figura 34 – Mata fechada na AII do Projecto, numa área onde se localiza um cemitério da
comunidade ................................................................................................................................... 95
Figura 35 – Mata semi-fechada na AII do Projecto .............................................................................. 96
Figura 36 – Um plantação de Eucalipto na AII do Projecto .................................................................. 96
Figura 37 – Um curso de água na AII do Projecto ................................................................................ 97
Figura 38 – Áreas alagáveis na AII do Projecto.................................................................................... 97
Figura 39 – Graminal arbustivo com palmeiras (Borassus aethiopum) e sem palmeiras na AID do
Projecto ......................................................................................................................................... 98

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Figura 40 – Mata secundária na AID do Projecto ................................................................................. 98


Figura 41 – Áreas de extração de areia com vegetação em recuperação na AID do Projecto ........... 99
Figura 42– Áreas de Conservação próximas da área do Projecto ..................................................... 104
Figura 43 – Alguns dos participantes de entrevistas colectivas realizadas – representantes do PA de
Vanduzi-Sede (à esquerda) e líderes tradicionais locais (a direita) ........................................... 107
Figura 44 – Um encontro com um Grupo Focal de homens realizado na Localidade de Chigodole . 108
Figura 45 – Encontro com um Grupo Focal de homens (à esquerda) e mulheres residentes e/ou
utentes na AID do Projecto (à direita) ......................................................................................... 108
Figura 46 – Divisão Administrativa do Distrito de Vanduzi (Postos Administrativos) e Localização do
Projecto ....................................................................................................................................... 111
Figura 47 – Estrutura de Governação Distrital.................................................................................... 112
Figura 48 – Pirâmide de distribuição populacional por faixa etária e sexo ........................................ 116
Figura 49 – Exemplos de áreas com assentamentos populacionais (ampliadas no topo da imagem)
.................................................................................................................................................... 118
Figura 50 – Exemplos de áreas com assentamentos populacionais (ampliadas na parte inferior da
imagem) ...................................................................................................................................... 119
Figura 51 – Exemplos de habitações de construção convencional (A, B e C) e mista (D) ................ 120
Figura 52 – Exemplos de estruturas habitacionais no povoado de Selva-Lenha............................... 120
Figura 53 – EP1 Vila Maninga ............................................................................................................ 122
Figura 54 – EPC de Chigodole (à direita) e salas anexas da ESG1 Vanduzi – Sede (à esquerda) .. 122
Figura 55 – Rede sanitária do Distrito de Vanduzi ............................................................................. 125
Figura 56 – CS Chigodole (direita) e CS de Cruzamento de Tete (esquerda) ................................... 126
Figura 57 – Exemplos de fontes de abastecimento de água mais usadas pela população – (A) Poço
(B) Furo com bomba manual ...................................................................................................... 129
Figura 58 – Uma linha de transmissão de energia eléctrica da rede local (à esquerda) e um painel
solar usado para iluminação de um estabelecimento comercial local (à direita) ....................... 131
Figura 59 – Entroncamento entre N6 e a N7 (em baixo) .................................................................... 132
Figura 60 – Troços de estradas não classificadas do Distrito de Vanduzi ......................................... 132
Figura 61 – Uso e cobertura da terra na área do Projecto ................................................................. 137
Figura 62 – Machambas de subsistência (agricultura de sequeiro) no Distrito de Vanduzi ............... 140
Figura 63 – Venda de galináceos ao longo da N6 .............................................................................. 141
Figura 64 – Actividade piscícola no Distrito de Vanduzi – pescado (à esquerda) e tanque piscícola (à
direita) ......................................................................................................................................... 142
Figura 65 – Extracção de areia na Localidade de Chigodole-Sede ................................................... 143
Figura 66 – Moageiras na Localidade Chigodole-Sede ...................................................................... 143
Figura 67 – Actividade comercial exercida ao ar livre (à esquerda) e em um pequeno estabelecimento
comercial (à direita) ..................................................................................................................... 144
Figura 68 – Acesso ao local sagrado mais próximo do local do Projecto (Montanha de Chindorone)
.................................................................................................................................................... 146
Figura 69 – Localização de um cemitério comunitário, usado pelas comunidades do Povoado de
Selva e alguns agregados familiares de Chigodole-Sede .......................................................... 147
Figura 70 – Localização dos possíveis receptores humanos sensíveis ao impacto do ruido na área do
Projecto (AID e AII) ..................................................................................................................... 170

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1 Carta de categorização do Projecto pelo Ministério da Terra e


Ambiente (MTA)
Anexo 2 Carta de aprovação do EPDA e Termos de Referência para o
EIA, emitida pelo MTA.
Anexo 3 Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental

Anexo 4 Certificados da Impacto emitidos pelo Ministério da Terra e


Ambiente
Anexo 5 Normas Técnicas e de Engenharia aplicáveis ao Projecto

Anexo 6 Documentação referente ao Direito de Uso e Aproveitamento


da Terra (DUAT)
Anexo 7 Pareceres Institucionais sobre a implementação do Projecto.

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1 INTRODUÇÃO
A Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada pretende construir e operar um
Terminal de armazenamento, manuseamento e distribuição de combustíveis (gasóleo e
gasolina) no Distrito de Vanduzi, Província de Manica, em Moçambique. O local proposto para
o efeito situa-se no Posto Administrativo de Vanduzi, Localidade de Chigodole, Povoado de
Selva-Lenha. O Terminal será abastecido por meio de um oleoduto, que se estende desde o
Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique, até Feruka, no Zimbabwe.
A CPMZ é uma empresa moçambicana sediada na Cidade da Beira, Província de Sofala,
vocacionada para o transporte de produtos petrolíferos. O oleoduto acima referido, conhecido
como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”, é operado pela CPMZ desde 1965 e possui uma
extensão de 294,3 km. Este oleoduto possui duas estações de bombagem, sendo uma na
cidade da Beira (Província de Sofala) e outra em Maforga (Província de Manica), a partir das
quais se faz a bombagem do produto em altas pressões para o Zimbabwe.
O combustível do Terminal será fornecido a vários distribuidores vindos de Tete, Malawi e
Zâmbia, cujos camiões-cisterna serão abastecidos no Terminal. O tempo de vida útil do
Terminal de combustíveis é estimado em 40 a 50 anos e o valor estimado de investimento é
de US$19,649,323.66 milhões (dezanove milhões, seiscentos e quarenta e nove mil e
trezentos e vinte três Dólares Americanos e sessenta e seis cêntimos; a converter ao câmbio
do Banco de Moçambique).
Em resposta à submissão da Instrução do Processo e em conformidade com o Regulamento
sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental10 (Decreto n.º 54/2015, de 31 de
Dezembro), o “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento
e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica” (doravante designado “o
Projecto” ou “o Terminal”), foi classificado pelo Serviço Provincial do Ambiente (SPA) de
Manica11 como de “Categoria A”. (ver cópia da carta de Categorização no Anexo 1). Como
estabelecido no Decreto acima referido, na Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) de
projectos de Categoria A é necessário realizar as seguintes etapas principais: (i) um Estudo
de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e Termos de Referência (TdR)
do Estudo de Impacto Ambiental (EIA); e, subsequentemente (ii) um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) detalhado. A Consulta Pública deve ser integrada em cada uma destas duas
fases.
O Relatório do EPDA e os TdR do EIA foram aprovados pelo MTA em Março de 2022, como
reflectido na cópia da respectiva carta de aprovação emitida pelo MTA, apresentada no
Anexo 2. Nos TdR (Anexo 3) estão descritas as diversas actividades procedimentos
metodológicos que serviram de base para a realização do EIA reportado neste Relatório de
EIA.
O presente Relatório de EIA abarca o conteúdo definido para Relatórios de EIA no artigo 11
do Regulamento de AIA. A documentação referente à fase do EIA abarca o seguinte: (i) o
Relatório do EIA, incluindo o respectivo Resumo Não Técnico; (ii) um Plano de Gestão
Ambiental (PGA), que providencia as bases para a mitigação, gestão e monitorização dos
impactos do Projecto; e (iii) um Relatório de Consulta Publica (que será produzido após a
realização dos encontros de Consulta Pública da Fase do EIA).

10
Abreviadamente designado “Regulamento de AIA” neste documento.
11No decurso da AIA deste Projecto, os assuntos referentes à Avaliação de Impacto Ambiental, antigamente sob tutela da antiga Direcção
Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER), passaram a estar a cargo de uma nova autoridade, o “Serviço
Provincial do Ambiente” (SPA), criado na sequência da reestruturação do Aparelho do Estado, ocorrida após as Eleições Presidenciais de
Outubro de 2019 em Moçambique. Do mesmo modo, a designação do ministério de tutela da área de Ambiente, nomeadamente o
“Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural” (MITADER), passou a ser “Ministério da Terra e Ambiente” (MTA). No presente
Relatório são usadas as designações actualizadas, respectivamente SPA e MTA.
Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Os documentos acima citados serão submetidos ao MTA, para revisão/aprovação, sendo que
da aprovação deverá resultar a atribuição de uma Licença Ambiental ao Proponente do
Projecto. A empresa Projectos e Estudos de Impacto Ambiental, Limitada (IMPACTO, Lda) é
o Consultor Ambiental contratado pela CPMZ para realizar a AIA do Projecto.

2 OBJECTIVOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL


O EIA foi realizado com os seguintes objectivos:
• Caracterizar as condições do Meio Físico, do Meio Biótico e do Meio Socioeconómico
da área de implementação do Projecto e da sua área envolvente;
• Identificar e avaliar os impactos potenciais positivos e negativos do Projecto, com base
em critérios pré-estabelecidos e tendo em conta as características do Projecto e do
seu meio de inserção;
• Formular medidas de mitigação, que permitam incrementar os impactos potenciais
positivos do Projecto e minimizar os seus impactos potenciais negativos, garantindo
que o mesmo possa ser implementado de um modo ambientalmente responsável;
• Obter uma Licença Ambiental, para que o Projecto possa ser implementado, em
cumprimento dos requisitos de licenciamento ambiental vigentes em Moçambique.

3 JUSTIFICATIVA DO PROJECTO
Actualmente, Tete, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia recebem combustível transportado em
camiões-cisterna, que fazem o carregamento no Porto da Beira, localizado na Cidade da
Beira, na Província de Sofala. A existência de um Terminal de combustíveis para o
carregamento desses camiões-cisterna em Vanduzi coloca o ponto de carregamento mais
próximo do destino final desses combustíveis (indicado acima), encurtando em cerca de
400 km a distância a ser percorrida pelos mesmos. Esta é a principal razão que justifica a
construção de um terminal em Vanduzi, destinado ao armazenamento, manuseamento e
distribuição de combustíveis, proposta da CPMZ.

4 PROPONENTE E CONSULTOR AMBIENTAL


4.1 PROPONENTE
O Proponente do Projecto é a Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe (CPMZ), Lda,
(daqui em diante referida como CPMZ, ou Proponente do Projecto). A CPMZ é uma empresa
moçambicana sediada na Cidade da Beira, Província de Sofala, vocacionada para o
transporte de produtos petrolíferos A morada é a indicada abaixo:
Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Lda
Av. Mártires da Revolução, n°1452
Beira, Moçambique
Telefone: (+258) 21 488 804/6
Desde 1965, a CPMZ opera um oleoduto que vai do Porto da Beira (Província de Sofala) até
Feruka (Zimbabwe), numa extensão de 294,3 km. A empresa possui outras instalações no
Centro de Moçambique, nomeadamente duas estações de bombagem, sendo uma na Beira
(Província de Sofala) e outra em Maforga (Província de Manica), a partir das quais se faz a
bombagem do combustível em altas pressões para o Zimbabwe.

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

4.2 CONSULTOR AMBIENTAL


A empresa “Projectos e Estudos de Impacto Ambiental, Limitada” (daqui em diante referida
como IMPACTO ou Consultor), foi contratada pela CPMZ como Consultor para a AIA do
presente Projecto. A Impacto é uma empresa moçambicana estabelecida em 1996,
financiada inteiramente por capital moçambicano. A Impacto está devidamente registada no
MTA como: (a) “Consultor Ambiental”; (b) “Auditor Ambiental”; e (c) “Consultor para a
Elaboração de Instrumentos de Ordenamento Territorial em Moçambique” (ver cópias dos
respectivos certificados no Anexo 4). A morada e os detalhes de contacto são apresentados
a seguir:
Impacto, Lda
Av. Rua de Kassuende, 296
Maputo, Moçambique
Telefone: (+258) 21 499 636; Fax: (+258) 21 493 019
E-mail: impacto@impacto.co.mz
Portal de Internet: www.impacto.co.mz

Apresenta-se a seguir, na Tabela 5, a Equipa Técnica que responsável pela AIA.


Tabela 5 – Equipa de consultores responsável pela AIA
Nome Função na AIA Funções na EIA
John Hatton Director do Projecto / Coordenação dos estudos do Meio Físico e do Meio
Ecologista Sénior Biótico; controlo de qualidade dos relatórios.
Carlota Quilambo Gestora do Projecto / Coordenação do trabalho da equipa do EIA; ligação
Especialista de AIA com o Proponente; compilação do Relatório do EIA
(aspectos gerais e integração dos contributos dos
diversos especialistas); apresentação do conteúdo do
relatório do EIA na Consulta Pública (CP).
Luciana Miranda Engenheira Levantamento e compilação de dados do Meio Físico;
Ambiental assistência na compilação do Relatório do EIA; apoio
na elaboração do PGA (Meio Físico).
Yarina Pereira Socioeconomista Coordenação dos estudos do meio socioeconómico;
recolha de dados socioeconómicos no escritório e no
campo; análise das questões relativas ao uso e
aproveitamento da terra aplicáveis à área do Projecto;
responsável pelo Estudo de Especialidade de
Socioeconomia; apoio na elaboração do PGA (Meio
Socioeconómico).
Yolanda Simango Socioeconomista Assistência no processo de recolha de dados
socioeconómicos no campo e no tratamento de dados
para o Estudo de Especialidade de Socioeconomia;
Simoni Pires Assistente de Ecologista, responsável pelos Estudos do Meio Biótico,
Ecologia sob a coordenação do Ecologista Sénior; recolha de
dados no escritório e no campo e compilação de
informação do Meio Biótico; apoio na elaboração do
PGA (Meio Biótico).
Felicidade Especialista de Elaboração da Estratégica de Participação Pública;
Salgado Consulta Pública coordenação geral da Participação Pública; ligação
interinstitucional; facilitação da Consulta Pública (CP);
Revisão do Relatório de Participação Pública (RPP).

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Nome Função na AIA Funções na EIA


Sandra Assistente de Revisão/actualização da lista de Partes Interessadas e
Fernandes Consulta Pública Afectadas (PIAs) pelo Projecto, compilada na Fase do
EPDA; Assistência na elaboração da Estratégia de CP;
Coordenação da logística da CP; Compilação do RPP.
Naíca Costa Especialista em Recolha de dados de Sistemas de Informação
Sistema de Geográfica (SIG), no escritório e no campo; análises
Informação espaciais e produção de mapas.
Geográfica (SIG)

5 RESUMO DAS PRINCIPAIS FASES E ACTIVIDADES DA


AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL DO PROJECTO
Tratando-se de uma actividade de “Categoria A” e em conformidade com o disposto no
Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro, a AIA como um todo compreendeu 3 fases
principais, indicadas a seguir e descritas no Subcapítulo 5.1:
(a) Instrução do Processo (IP);
(b) Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito (EPDA) e Termos de Referência
(TdR) para o EIA; e
(c) Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
5.1 FASES E ACTIVIDADES DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
Esta secção apresenta informação sumária sobre as principais fases da AIA executadas pelo
Consultor e as respectivas actividades.
a) Fase I: Instrução do Processo
A documentação de Instrução do processo foi submetida à Direcção Provincial da Terra e
Ambiente (DPTA) de Manica a 25 de Novembro de 2019. A actividade foi classificada como
de “Categoria A”, como atesta o “Relatório de Pré-avaliação Ambiental” do DPTA datado de
19 de Dezembro de 2019, já mencionado no Capítulo 1 e apresentado no Anexo 1.
b) Fase II: EPDA e TdR
Os objectivos desta fase (referenciados no Relatório do EPDA), foram os seguintes:
• Descrever o Projecto, e caracterizar preliminarmente as condições físicas, bióticas e
socioeconómicas da área de implantação e envolvente;
• Determinar a possível existência de “questões fatais” do ponto de vista ambiental e/ou
socioeconómico, ou seja, possíveis impactos ambientais e/ou sociais potenciais que,
pela sua irreversibilidade e significância alta, possam retirar o interesse público na
implementação do Projecto;
• Identificar de um modo preliminar os potenciais impactos ambientais do Projecto;
• Determinar as questões ambientais físicas, bióticas e socioeconómicas relacionadas
com o Projecto que deveriam ser abordadas em maior detalhe no EIA e incorporadas
nos respectivos TdR12.
Foram produzidos um Relatório do EPDA e uma proposta de TdR para o EIA, tendo estes
documentos sido submetidos a Consulta Pública em Agosto de 2020, e posteriormente
revistos em função dos contributos das partes Interessadas e Afectadas (PIAs), antes da
entrega ao MTA para análise/aprovação. A aprovação do EPDA e TdR do EIA ocorreu em

12 Este objectivo é aplicável na ausência de “questões fatais”. Considera-se que na ausência de questões fatais, pode prosseguir-se com
a realização do EIA.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Março de 2022, como atesta a carta emitida pelo MTA (Anexo 2), que é acompanhada de
uma série de comentários e recomendações a cumprir nos estudos da fase do EIA.
c) Fase III: EIA detalhado
A fase de EIA (i.e. a presente fase) tem em vista o cumprimento dos objectivos descritos no
Capítulo 2 do presente relatório. Esta fase envolveu uma pesquisa bibliográfica e estudos de
campo (estes últimos em Vanduzi).
A documentação da Fase do EIA a submeter à DINAB compreende o seguinte:
• Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (EIA): corresponde ao presente
Relatório, que engloba informação sobre os estudos do ambiente Físico, Biótico e
Socioeconómico realizados. Os estudos do Meio Socioeconómico, pela sua ampla
abrangência e nível de detalhe, foram realizados na forma de um “Estudo de
Especialidade de Socioeconomia”, cujo conteúdo se encontra integrado neste
Relatório;
• Plano de Gestão Ambiental (PGA): é um documento que define papéis e
responsabilidades de gestão da implementação de medidas de mitigação e de
monitoria ambiental, com o intuito de garantir que o projecto seja implementado e
gerido de uma forma ambientalmente correcta. O PGA inclui uma abordagem à gestão
de situações de emergência relacionadas com o Projecto;
• Relatório de Consulta Pública (CP): o Relatório de CP, que será produzido após a
realização da CP da Fase do EIA, apresentará os procedimentos de planificação,
execução e registo das acções desencadeadas durante o processo de CP, entre
outros aspectos, como explicado no subcapítulo seguinte.

REVISÃO DO REIA E DO PGA


O REIA e o PGA serão revistos pelo Consultor, com base numa análise dos contributos das partes
Interessadas e Afectadas (PIAs), tendo em vista a integração de tais contributos nos documentos
em referência, antes da sua submissão ao MTA para análise/aprovação.

5.2 O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA


A Participação Pública é considerada parte integrante da AIA de projectos de “Categoria A” e
tem como objectivo geral o de auscultar a sensibilidade das Partes Interessadas e Afectadas
(PIAs) em relação ao Projecto, e sobre os assuntos-chave que possam constituir uma
preocupação, ou que possam ser melhorados, visando a sua devida integração na AIA e,
mais tarde, na fase de implementação do Projecto, conforme aplicável. No decurso do EIA o
processo serve, deste modo, como um fórum de discussão entre o público, o Proponente e o
Consultor, para aspectos relativos ao EIA e ao Projecto em si.
O Processo de Participação Pública (PPP) é baseado no previsto no Regulamentos de AIA
(Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro) e na Directiva Geral para o Processo de
Participação Pública no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial
n.º 130/2006 de 19 de Julho), para projectos de Categoria A. O processo, no seu todo,
compreende duas etapas principais, como indicado a seguir.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

CP da Fase do EPDA e Termos de Referência do EIA


Na etapa do EPDA foi realizada uma reunião de CP na Sede de Distrito de Vanduzi, com os
seguintes objectivos:
• Dar a conhecer os diferentes intervenientes do processo de AIA;
• Apresentar o Projecto de construção e operação do Terminal de Armazenamento,
Manuseamento e Distribuição de Combustíveis no Distrito de Vanduzi;
• Apresentar as principais questões a serem estudadas no EIA;
• Recolher contributos, comentários e sugestões a serem incluídas nos Termos de
Referência para o EIA.
O respectivo Relatório de CP, produzido na Fase do EPDA (IMPACTO, 2020), foi submetido
à aprovação do MTA juntamente com o Relatório de EPDA e TdR do EIA e aprovado pelo
MTA.

CP da Fase do EIA
Na fase de EIA (i.e. a presente fase), a reunião de Consulta Pública está igualmente
programada para ser realizada na Sede de Distrito de Vanduzi, com os seguintes objetivos
específicos:
• Fornecer informação sobre as actividades desenvolvidas ao longo do EIA;
• Apresentar o Relatório do EIA, incluindo os aspectos que ficaram por abordar e/ou
detalhar na anterior Fase do EPDA;
• Fortalecer os canais de comunicação entre a equipa de CP (i.e. Consultor e
Proponente) e o público;
• Recolher e dar resposta a questões, comentários e sugestões sobre o Projecto, para
consideração, conforme aplicável, no Relatório do EIA.

SUBMISSÃO DE DOCUMENTAÇÃO DA FASE DO EIA AO MTA


Um Relatório de CP da fase do EIA detalhado será submetido ao MTA em conjunto com o presente
Relatório de EIA e o PGA.

6 QUADRO INSTITUCIONAL E LEGAL


6.1 QUADRO INSTITUCIONAL NACIONAL
Esta secção faz referência a instituições-chave de Moçambique com
atribuições no processo de AIA em geral, mas também a outras instituições
com relevância para projectos do sector de combustíveis, em particular, com
uma breve menção aos seus principais papéis e responsabilidades no que se
relaciona com a protecção ambiental (Meio Físico, Meio Biótico e Meio
Socioeconómico) e de saúde e segurança, e/ou com o tipo de Projecto em
estudo (

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela 6).

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela 6 – Instituições e respectivas funções e responsabilidades no que se relaciona com


o Projecto
Instituição Funções e Responsabilidades
MINISTÉRIO O MTA é o órgão central do Aparelho de Estado com a função de dirigir, planificar,
DA TERRA E coordenar, controlar e assegurar a execução das políticas nos domínios de
AMBIENTE administração/gestão da terra e Geomática, Florestas e Fauna Bravia, Ambiente e
(MTA) Áreas de Conservação.

DIRECÇÃO NACIONAL DO AMBIENTE (DINAB)


As principais decisões relativas à AIAS em geral e ao licenciamento ambiental, em
particular, estão a cargo da Direcção Nacional de Avaliação de Impacto Ambiental
(DINAB). A DINAB é responsável por garantir a implementação adequada dos
procedimentos de AIA, coordenar a revisão e rever a documentação dos processos
de AIA, aprovar os relatórios e ainda proceder ao Licenciamento Ambiental de
proponentes de projectos de desenvolvimento. Esta autoridade orienta as acções
de gestão ambiental e promove ainda a monitoria dos impactos ambientais de
projectos em fase de implementação, actuando ainda ma penalizações por
incumprimento do Plano de Gestão Ambiental e Social, entre várias outras funções.
AGÊNCIA NACIONAL PARA O CONTROLO DA QUALIDADE AMBIENTAL (AQUA)
A AQUA é uma instituição pública sob a tutela do MTA, porém dotada de autonomia
técnica e administrativa, com as seguintes competências:
• Investigação para o Controlo da Qualidade Ambiental;
• Auditoria e Controlo da Qualidade Ambiental;
• Fiscalização Ambiental.

As acções de Auditoria Ambiental e Inspecção Ambiental a Projectos de


desenvolvimento estão a cargo da AQUA.

DIRECÇÃO NACIONAL DE TERRA E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL


É a entidade cujas funções abarcam, entre outras, a coordenação, assessoria,
controlo de processos de reassentamento/compensação e restauração dos modos
de vida das comunidades, incluindo a emissão de pareceres técnicos relativos a
tais processos.

Em cada província, o MTA é representado pelas seguintes instituições:


i. Direcção Provincial de Desenvolvimento Territorial e Ambiente (DPDTA):
subordinada ao Governador da Província, esta Direcção Provincial trata
das questões ligadas a terra, ordenamento territorial e mudanças
climáticas. A mesma tem ainda a seu cargo as questões relativas ao
reassentamento e compensação de partes afectadas por projectos de
desenvolvimento;

ii. Serviço Provincial do Ambiente (SPA): subordinada ao Secretário de


Estado da Província, o SPA trata das questões de licenciamento ambiental.
Para projectos que se pretendam implementar na província, a
documentação para efeitos de licenciamento ambiental deve ser submetida
ao SPA. Esta autoridade faz a respectiva tramitação, categorizando os
projectos para efeitos de AIA, informando os proponentes sobre os
procedimentos de licenciamento ambiental, avaliando e atribuindo licenças
ambientais para projectos que sejam da sua competência; quando
necessário, o SPA encaminha os processos à decisão da Direcção
Nacional do Ambiente.
Ao nível distrital, este ministério é representado pelo Serviço Distrital de Actividades
Económicas (SDAE).

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Instituição Funções e Responsabilidades


MINISTÉRIO O MIC é o órgão central do Aparelho do Estado que tutela e supervisiona diversos
DA INDÚSTRIA ramos dos sectores da indústria e comércio. O MIC foi criado com a missão de
E COMÉRCIO orientar o comércio externo e interno, reprimindo as práticas especulativas em
(MIC) detrimento do produtor e do consumidor e ainda para estabelecer uma rede
comercial para servir a população do País, particularmente das zonas rurais.

O MIC é representado a nível provincial pela Direcção Provincial da Indústria e


Comércio (DPIC) e a nível distrital pelo Serviço Distrital de Actividades Económicas
(SDAE).

MINISTÉRIO O MIREME é o órgão central do Aparelho do Estado que dirige e assegura a


DOS execução da política do Governo na investigação geológica, na exploração dos
RECURSOS recursos minerais e energéticos, e no desenvolvimento e expansão das
MINERAIS E infraestruturas de fornecimento de energia eléctrica, gás natural e produtos
ENERGIA petrolíferos.
(MIREME)
Cabe ao MIREME, através da Direcção Nacional de Hidrocarbonetos e
Combustíveis (DNHC), garantir o desenvolvimento sustentável, equilibrado e
seguro de infraestruturas de armazenamento, distribuição, fornecimento e
comercialização de gás natural e produtos petrolíferos. As atribuições deste
Ministério incluem ainda a inspecção e a fiscalização das actividades do sector de
recursos minerais e energia, assim como o controlo da implementação das
respectivas normas de segurança técnica, higiene e de protecção do ambiente.

No MIREME, a Direcção Nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC) é o


organismo que, no domínio dos combustíveis tem, entre outras, as seguintes
atribuições: promover a expansão de infraestruturas de armazenagem, distribuição,
fornecimento e comercialização de combustíveis, em particular para as zonas
rurais; (…); propor normas regulamentares de segurança técnica e de protecção do
ambiente específico e assegurar a sua implementação, no âmbito da sua
competência; aprovar projectos de desenvolvimento e aproveitamento da rede de
fornecimento de combustíveis elaborados por outros organismos; assegurar o
licenciamento das actividades de distribuição e comercialização de combustíveis;
(…).

O MIREME é representado a nível provincial pela Direcção Provincial dos Recursos


Minerais e Energia (DPRME) e a nível distrital pelo Serviço Distrital de Planeamento
e Infraestruturas (SDPI).

Nota: nas províncias, o sector de combustíveis está sob tutela do Serviço Provincial
de Infraestruturas (SPI) e nos distritos, o mesmo está a cargo do SDPI.

FUNDO DE O FUNAE é uma instituição pública dotada de personalidade jurídica, autonomia


ENERGIA administrativa e financeira, estabelecida com os seguintes objectivos:
(FUNAE) • Desenvolver, produzir e garantir o aproveitamento das diversas formas de
energia de baixo custo;
• Promover a conservação e gestão racional e sustentável de recursos
energéticos.

O FUNAE desenvolve as suas actividades à escala nacional. Tais actividades


incluem, entre outras, a promoção da instalação (ou a própria instalação) de
sistemas de distribuição de produtos petrolíferos em zonas rurais. Esta instituição
financia e atribui garantias financeiras a projectos considerados economicamente
viáveis, desde que os mesmos estejam em conformidade com os objectivos da
instituição.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Instituição Funções e Responsabilidades


ELECTRICIDAD A EDM é a empresa pública responsável pela produção, transporte, distribuição e
E DE comercialização de energia eléctrica no País, visando iluminar e iluminar e
MOÇAMBIQUE, potenciar o desenvolvimento industrial no País. Tutelada pelo MIREME, a EDM é
e.p. (edm) membro do SAPP (Southern African Power Pool), instituição regional do sector
eléctrico, constituída pelas empresas nacionais de electricidade dos países da
SADC.

MINISTÉRIO O MISAU é o órgão central do Aparelho do Estado responsável pela aplicação da


DA SAÚDE política de saúde nos domínios público, privado e comunitário. A saúde da
(misau) comunidade é uma das prioridades do MISAU. Este ministério desenvolve diversos
programas ao nível comunitário, incluindo a criação de condições para um melhor
acesso aos serviços de saúde, fornecimento de recursos humanos e financeiros e
educação/capacitação em cuidados preventivos e curativos.

O MISAU é representado a nível provincial pela Direcção Provincial de Saúde (DPS)


e ao nível distrital pelo Serviço Distrital de Saúde (SDS).

FUNDO DE O FIPAG é uma instituição pública de âmbito nacional tutelada pelo Ministério das
INVESTIMENT Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, dotada de personalidade jurídica
O DO e autonomia administrativa, financeira e patrimonial. As atribuições desta instituição
PATRIMÓNIO incluem, entre outras, as seguintes:
DE
ABASTECIMEN • Agir em nome do estado, como interlocutor principal com o operador privado;
TO DE ÁGUA • Gerir, de forma, eficiente e financeiramente viável, o programa de investimento
(FIPAG) público e privado nos sistemas de abastecimento de água que lhe forem
confiadas;
• Gerir os bens operacionais e de exploração afectos aos sistemas de
abastecimento de água que lhe forem confiados a título transitório, entre outras.

A nível provincial, o FIPAG é representado por Delegações Provinciais.

MINISTÉRIO O MTC é o órgão Central do Aparelho do Estado com competência para a execução
DOS da política dos Transportes e Comunicações, nos domínios público e privado,
TRANSPORTE visando o desenvolvimento integrado e equilibrado do País. Entre as diversas
SE atribuições deste ministério inclui-se a formulação de políticas de actuação do
COMUNICAÇÕ Governo no domínio dos transportes rodoviários (…) e a sua implementação,
ES (MTC) garantindo a coordenação interna com subsistemas de circulação e segurança
rodoviária (…); a aprovação, homologação e certificação de veículos e
equipamentos afectos aos sistemas de transporte rodoviários, incluindo as
infraestruturas rodoviárias, garantindo os padrões técnicos e de segurança
exigidos; e ainda inspeccionar e fiscalizar os operadores do ramo dos transportes
rodoviários (…), o que inclui a aplicação de penalidades aos infractores.
O MTC está representado em cada província pela Direcção Provincial de
Transportes e Comunicações (DPTC) e ao nível distrital pelo Serviço Distrital de
Planeamento e Infraestruturas (SDPI).
Nota: O transporte de combustível do Projecto será feito por camiões-cisterna que,
em território moçambicano, deverão cumprir os parâmetros e exigências do MTC
para o efeito.

ADMINISTRAÇ A ANE é uma instituição pública dotada de personalidade jurídica e autonomia


ÃO NACIONAL administrativa e financeira, tutelada pelo Ministro das Obras Públicas e Habitação
DE ESTRADAS e Recursos Hídricos. A ANE é responsável pela gestão da rede de estradas
(ANE) classificadas do País, tendo como Missão garantir a ligação e circulação rodoviária
de pessoas, bens e serviços de forma segura, económica e sustentável
contribuindo para o desenvolvimento económico, social e cultural.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Instituição Funções e Responsabilidades


Desde 1997 a ANE tem-se engajado na implementação dos contratos de gestão de
estradas com envolvimento do sector privado. A natureza das Concessões é
variável, podendo incluir componentes de Construção, Financiamento, Operação e
Expansão e Manutenção.

A nível provincial, o ANE é representada por Delegações Provinciais.

Nota: A Estrada Nacional N.º6 (N6), principal via de circulação existente na área do
Projecto, está concessionada a um operador privado. A Concessão inclui as
respectivas estradas de ligação e infraestruturas conexas.

6.2 QUADRO LEGAL NACIONAL


Este subcapítulo faz uma referência resumida a diversos instrumentos legais aplicáveis ao
Projecto e inclui o seguinte:
• Legislação sobre AIA e licenciamento ambiental (secção 6.2.1);
• Legislação do sector de combustíveis (secção 6.2.2);
• Legislação sobre uso e ocupação da terra (secção 6.2.3);
• Legislação sobre Saúde e Segurança Ocupacional e da Comunidade (secção 6.2.4);
• Outros instrumentos legais de interesse para o Projecto (secção 6.2.5).
LEGISLAÇÃO SOBRE AIA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL
➢ LEI-QUADRO DO AMBIENTE (LEI N.º 20/97, DE 1 DE OUTUBRO)
A Lei do Ambiente tem como objectivo definir as bases legais para a gestão e utilização
correctas do ambiente e dos seus componentes, tendo em vista um desenvolvimento
sustentável do País. A Lei aplica-se a todas as actividades públicas ou privadas que, directa
ou indirectamente, possam afectar o ambiente. A Lei requer que todas as actividades que,
pela sua natureza, localização ou dimensão, sejam susceptíveis de causar impactos
ambientais significativos sejam licenciadas pelo MTA, com base nos resultados de um
processo de AIA.
Na Lei destaca-se a proibição de poluição, patente no número 1 do artigo 9 da Lei, nos
seguintes termos: “não é permitida a produção, o depósito no solo e no subsolo e o
lançamento para a água, ou para a atmosfera, de quaisquer substâncias tóxicas e poluidoras,
assim como a prática de actividades que aceleram a erosão, a desertificação, o
desflorestamento ou qualquer outra forma de degradação ambiental, fora dos limites
legalmente estabelecidos”.
A Lei remete para legislação específica a definição dos procedimentos técnicos e
institucionais que devem ser seguidos na realização da AIA. A regulamentação da AIA é feita
através do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, como
indicado a seguir.
➢ REGULAMENTO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL
(DECRETO N.º 54/2015, DE 31 DE DEZEMBRO)
Este regulamento, aqui designado de forma abreviada como “Regulamento de AIA”,
estabelece que todos os projectos susceptíveis de causar impactos ambientais significativos
no ambiente devem, previamente à sua implementação, estar sujeitos a um processo de AIA,
que culmina com a aquisição de uma Licença Ambiental. Esta licença é emitida pela
autoridade de Avaliação de Impacto Ambiental, nomeadamente o MTA.
De acordo com o estabelecido neste Decreto, o processo de Avaliação do Impacto Ambiental
(AIA) inicia-se com a Instrução do Processo, em que o MTA procede à categorização do

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Projecto, com base em informação geral sobre o Projecto recebida por escrito e também com
base em informação recolhida pelo MTA no local do Projecto, numa visita de pré-avaliação
do Projecto.
A categoria atribuída ao Projecto depende do tipo de projecto versus complexidade do mesmo
e do seu potencial para causar impactos significativos no seu meio de inserção. Deste modo,
em resultado da Instrução do Processo, o Projecto pode ser classificado como de Categoria
A+, A, B ou C, como especificado abaixo:
• Projectos de Categoria A+: projectos desta categoria requerem a realização de um
Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) e Termos de
Referência (TdR) para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e, subsequentemente,
um EIA detalhado. Estes estudos são sujeitos à revisão e supervisão de especialistas
independentes com comprovada experiência relevante;
• Projectos de Categoria A: requerem um EPDA e TdR para o EIA e,
subsequentemente, um EIA detalhado;
• Projectos de Categoria B: requerem TdR para um Estudo Ambiental Simplificado
(EAS) e, subsequentemente, um EAS;
• Projectos de Categoria C: estão isentos de uma AIA, embora a sua implementação
esteja sujeita a “Procedimentos de Boas Práticas de Gestão Ambiental” que devem
ser compiladas para o Projecto em questão.
Qualquer um dos documentos acima indicados requer a aprovação da autoridade ambiental
(i.e. do MTA). O Regulamento de AIA especifica o âmbito e os procedimentos para cada uma
das fases da AIA e para cada uma das categorias, nomeadamente nos artigos 7, 10, 11 e 12.
Os tipos de Projectos correspondentes a cada uma das Categorias estão listados nos Anexo
I, II, III e IV do Regulamento, como indicado a seguir:
• Anexo I: Projectos de Categoria A+;
• Anexo II: Categoria A;
• Anexo III: Categoria B;
• Anexo IV: Categoria C.
Para Projectos de Categoria A (e A+) o Decreto exige, na alínea a) do número 1 do artigo 10,
que seja determinada na fase do EPDA a possível existência de “questões fatais” para o
Projecto, ou seja, potenciais obstáculos que, pela sua gravidade, possam determinar a
necessidade de anulação do Projecto, ou então de mudanças significativas no desenho do
Projecto, de modo a torná-lo viável. O Anexo V do Regulamento lista as condições que podem
levar a concluir que existem questões fatais relacionadas com o Projecto, incluindo o
seguinte: existência de áreas de protecção ou conservação total de recursos naturais e/ou
áreas contendo espécies endémicas e de distribuição restrita; existência de áreas de
importância reconhecida para espécies migratórias/congregatórias, e/ou áreas de
importância reconhecida para a provisão de serviços de ecossistemas.

A CONSULTA PÚBLICA COMO UMA PARTE INTEGRANTE DA AIA

No Regulamento de AIA, estabelece-se que a Consulta Pública é obrigatória para projectos de


Categoria A (assim como para os das Categorias A+ e B). Como estabelecido no número 2 do
artigo 15 do Regulamento de AIA, questões relativas à Consulta Pública são objecto da respectiva
Directiva (Diploma Ministerial n.º 130/2006, de 19 de Julho), à qual se faz menção mais adiante
neste Capítulo.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

ESTÁGIOS DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Segundo o definido no número 1 do Artigo 20 do Regulamento de AIA, o processo de emissão
de uma Licença Ambiental pelo MTA envolve três estágios principais, como indicado a seguir:
• Emissão da “Licença Ambiental Provisória” – após a aprovação do EPDA e dos
Termos de Referência do EIA (licença não obrigatória);
• Emissão da “Licença Ambiental de Instalação” – após a aprovação do EIA (e
apresentação do Plano de Reassentamento aprovado, caso haja necessidade de
reassentamento) – nesta fase efectua-se o pagamento da taxa de Licenciamento
Ambiental;
• Emissão da “Licença Ambiental de Operação” – após a verificação / vistoria do
cumprimento integral do processo de EIA e com o empreendimento construído (e
implementação do Plano de Reassentamento, caso tenha havido necessidade de
reassentamento);
É proibido o início da operação de qualquer actividade sem que tenha sido emitida a Licença
Ambiental de Operação, sob pena de multa13. A referida licença é válida por 5 (cinco) anos,
renováveis por igual período. O pedido de renovação da mesma deve ser submetido pelo
Proponente ao MTA antes do fim do período de validade14, sendo tal pedido renovação sujeita
ao pagamento da respectiva taxa15.
TAXA DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Para projectos de Categoria A, a taxa a pagar pela aquisição da Licença Ambiental
correspondente a 0.2% do valor de investimento, como disposto na alínea b) do número 2 do
artigo 27 do Regulamento. Sendo o valor de investimento do Projecto do Terminal de
Combustíveis de Vanduzi estimado em US$19,649,323.66 milhões (dezanove milhões,
seiscentos e quarenta e nove mil e trezentos e vinte três Dólares Americanos e sessenta e
seis cêntimos; a converter ao câmbio do Banco de Moçambique), então o valor a pagar pelo
Proponente para a aquisição da Licença Ambiental deverá ser de US$39,298,65 (trinta e nove
mil e duzentos e noventa e oito Dólares Americanos e sessenta e cinco cêntimos; a converter
ao câmbio do Banco de Moçambique).
➢ DIRECTIVA GERAL PARA A PARTICIPAÇÃO PÚBLICA NO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE
IMPACTO AMBIENTAL (DIPLOMA MINISTERIAL N.º 130/2006, DE 19 DE JULHO)
Esta directiva define os princípios básicos os procedimentos a serem adoptados no Processo
de Participação Pública (PPP). A Directiva estabelece que a Consulta Pública (CP) deve
contribuir para subsidiar a identificação dos impactos potenciais da actividade no ambiente,
“incluindo as repercussões na vida económica e social da área de inserção geográfica das
acções de desenvolvimento”. Como princípios que devem nortear a divulgação de informação
sobre a actividade, a Directiva refere: (i) a necessidade de disponibilização de documentos
em locais públicos; (ii) a redacção da informação a divulgar de uma forma facilmente
compreensível; e (iii) a facilitação do acesso a tal informação.

13 Número 4 do Artigo 20 do Regulamento de AIA.


14 Número 2 do artigo 22 do Regulamento de AIA.
15 Número 6 do Artigo 22 do Regulamento de AIA.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Os procedimentos de Participação Pública definidos na Directiva acima referida estão


orientados para um modelo baseado em reuniões de Consulta Pública, a serem realizadas
durante o processo de AIA. Este instrumento legal não determina o número de reuniões a
realizar, nem a altura em que tais reuniões devem ser realizadas. É de realçar, no entanto, a
obrigatoriedade de se realizar pelo menos duas reuniões de Consulta Pública ao longo da
AIA de Projectos de Categoria A, nomeadamente na fase preliminar e na fase de estudos
detalhados, antes da submissão dos respectivos relatórios ao MTA, como previsto no número
artigo 5 do artigo 15 do Regulamento de AIA.

Para o Projecto foram programadas reuniões de Consulta Pública nas fases de EPDA e EIA. Na
AIA considerou-se que “têm direito a tomar parte no processo de Participação Pública, ou de se
fazerem representar, todas as partes interessadas ou afectadas, directa ou indirectamente, pela
actividade”, como disposto no número 8 do artigo 15 do Regulamento de AIA, garantindo, deste
modo, uma Participação Pública inclusiva e abrangente.

➢ REGULAMENTO SOBRE O PROCESSO DE AUDITORIA AMBIENTAL (DECRETO N.º 25/2011 DE


15 DE JUNHO)
O Regulamento sobre o Processo de Auditoria Ambiental aplica-se a todas as actividades
públicas ou privadas que, durante a implementação, desactivação e restauração, possam
afectar os componentes ambientais de forma directa ou indirecta (artigo 1). Este regulamento
define a auditoria ambiental como um instrumento tanto de gestão, como de avaliação
sistemática documental e objectiva da funcionalidade e organização no controlo e protecção
do ambiente (artigo 2).
No Regulamento a Auditoria Ambiental é classificada respectivamente nos artigos 6 e 7 como
“pública” (i.e., realizada pelo MTA16, sempre que considerado necessário por esta autoridade)
ou “privada” (o mesmo que “interna”, i.e. realizada pelo Proponente). A auditoria ambiental
privada a projectos de “Categoria A” deve ser realizada pelo menos uma vez por ano na Fase
de Operação do Projecto, com o propósito de conformar os processos laborais e funcionais
do empreendimento com os requisitos determinações legais em vigor (artigo 7).
O artigo 12 do Regulamento faz referência ao dever de colaboração do auditado, facilitando
o acesso do auditor às instalações / locais a auditar; (b) facilitando o processo de recolha de
evidências pelo auditor e disponibilizando ao auditor a documentação e informação solicitada,
incluindo relatórios de monitorização e de auditorias anteriores.
➢ REGULAMENTO SOBRE A INSPECÇÃO AMBIENTAL (DECRETO N.º 11/2006, DE 15 DE JUNHO)
O artigo 1 deste Regulamento integra nas acções de fiscalização o seguinte:
• Fiscalização dos licenciamentos ambientais de qualquer actividade, para verificar o
cumprimento das normas de protecção ambiental;
• Fiscalização de acções de auditoria e monitoria ambiental;
• Fiscalização do cumprimento das medidas de mitigação propostas no âmbito da AIA.
O Regulamento tem por objectivo regular a actividade de supervisão, controlo e fiscalização
do cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional (artigo 2). Cabe ao MTA,
na qualidade de autoridade ambiental, realizar as actividades de inspecção ambiental17, nos
termos do artigo 3. As inspecções podem ser realizadas numa base ordinária (i.e., com base
num plano pré-definido), ou numa base extraordinária (em qualquer altura, conforme

16 A realização de Auditorias Ambientais está a cargo da Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA), um órgão do
MTA criado pelo Decreto n.º 2/2016 de 10 de Fevereiro, ao qual se faz referência adiante neste capítulo.
17 A Inspecção Ambiental, tal como a Auditoria Ambiental, é uma função designada à AQUA.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

considerado necessário pelo MTA), como indicado respectivamente nas alíneas a) e b) do


artigo 4.
➢ DECRETO N.º 2/2016 DE 10 DE FEVEREIRO (REVISÃO DO DECRETO N.º80/2010, DE 31 DE
DEZEMBRO, QUE CRIA A AQUA)
A Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental - AQUA) foi criada pelo Decreto
n.º 80/2010. O Decreto n.º 2/2016 estabelece que a AQUA é um instituto público tutelado pelo
MTA, dotado de autonomia técnica e administrativa, sendo a autoridade competente para o
seguinte: (i) Investigação para o controlo da Qualidade Ambiental; (ii) Auditoria e Controlo da
Qualidade Ambiental; e (iii) Fiscalização Ambiental.
No que diz respeito a Auditoria e Controlo da Qualidade Ambiental, a AQUA é responsável
pelo seguinte:
• Garantir o cumprimento da implementação das normas e procedimentos de gestão
ambiental, através da realização de auditorias ambientais públicas, assim como a
realização de monitorias e controlo das auditorias privadas;
• Propor medidas de prevenção e mitigação dos impactos ambientais.
Em matéria de Fiscalização Ambiental, as actividades da AQUA estão direccionadas para o
seguinte:
• Gestão ambiental;
• Exploração e uso sustentável dos recursos florestais;
• Uso e aproveitamento da terra;
• Implementação de instrumentos de ordenamento territorial.
➢ REGULAMENTO SOBRE PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL E DE EMISSÃO DE EFLUENTES
(DECRETO N.º 18/2004, DE 2 DE JUNHO, MODIFICADO PELO DECRETO N.º 67/2010, DE 31 DE
DEZEMBRO)
Este Regulamento estabelece padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes
para diferentes tipos de actividades, visando o controlo e a manutenção dos níveis
admissíveis de concentração de poluentes nas componentes ambientais que são afectados
pelo empreendimento. O regulamento define parâmetros e metodologias de controlo para a
manutenção da qualidade do ar, da água e do solo. Como consta no n.º 2 do artigo 20,
padrões de emissão do ruído estão por definir. Os padrões de qualidade ambiental, definidos
nos anexos deste Regulamento, são aplicáveis a todos os projectos novos, mas projectos já
existentes devem criar as condições necessárias para passarem a operar em conformidade
com tais padrões.
Para o Projecto da CPMZ em Vanduzi, tem relevância (não restritivamente) o seguinte:
• Qualidade do solo: o Regulamento proíbe a deposição no solo de substâncias nocivas
que possam determinar ou contribuir para a sua degradação. Estabelece ainda que
são estritamente proibidas actividades que, implicando a movimentação de solos,
atentem contra o seu estado de conservação, contribuindo para a sua degradação
(artigo 19);
• Qualidade do ar: o Regulamento define valores-limite de emissões por fontes móveis,
que incluem maquinaria pesada (número 1 do artigo 9, e Anexo II do Regulamento);
• Níveis de ruído: estabelece-se que os níveis de ruído devem ser admissíveis para a
saúde e o sossego públicos, embora os respectivos padrões ainda não tenham sido
definidos pelo MTA;
• Qualidade da água: os parâmetros de qualidade de água são definidos em função de
“categorias de qualidade das águas”. De notar que estas categorias incluem “água
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para fins de consumo humano” e não incluem água para a indústria de combustíveis
ou outra finalidade directamente relacionada com a indústria de combustíveis.18
Os padrões estabelecidos conjuntamente pelo Decreto n.º 18/2004 e pelo
Decreto n.º 67/2010 estão definidos como indicado a seguir:
• Anexo I: Padrões de Qualidade da água (Decreto n.º 67/2010) – este anexo inclui o
Anexo IA (Poluentes Atmosféricos Inorgânicos e Orgânicos Carcinogénicos); e Anexo
IB (Substâncias com Propriedades Odoríferas);
• Anexo II: Padrões de emissão para poluentes gasosos industriais – este anexo inclui
os limites máximos de emissões permissíveis para veículos a motor ou fontes móveis
(Decreto n.º 18/2004);
• Anexo III: Padrões de emissão para efluentes líquidos industriais – estão listados
diversos tipos de indústrias (Decreto n.º 18/2004);
• Anexo IV: Padrões de emissão para efluentes domésticos (Decreto n.º 18/2004);
• Anexo V: Substâncias químicas potencialmente prejudiciais, incluindo pesticidas
(Decreto n.º 67/2010).
O Regulamento define ainda, entre outros aspectos, as competências para controlo, apoio
técnico, revisão dos padrões, fiscalização de transgressões e regime de sanções.
➢ REGULAMENTO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (DECRETO N.º 94/14, DE
31 DE DEZEMBRO)
O Regulamento estabelece regras para a recolha, movimentação, acondicionamento,
tratamento e valorização de resíduos. Este aplica-se a todas as pessoas singulares e
colectivas, públicas e privadas, envolvidas na produção e gestão de resíduos sólidos urbanos,
e de resíduos industriais e hospitalares equiparados aos urbanos.
Como mencionado no seu artigo 3, o Regulamento não se aplica ao seguinte:
a) Resíduos industriais perigosos;
b) Resíduos biomédicos;
c) Resíduos radioactivos;
d) Emissões e descargas de efluentes;
e) Águas residuais;
f) Outros resíduos sujeitos a regulamentação específica.
O Regulamento determina que os produtores de resíduos sólidos urbanos têm a obrigação
de minimizar a produção de resíduos; garantir o transporte adequado dos resíduos
produzidos pela sua actividade até ao seu local de deposição final; e assegurar a minimização
do impacto de tais resíduos no ambiente e na saúde e segurança pública, resultante da sua
deposição dentro ou fora do local de produção, entre outros aspectos (artigo 11)19.
➢ REGULAMENTO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS PERIGOSOS (DECRETO N.º 83/2014, DE 31
DE DEZEMBRO DE 2014)

Este Regulamento aplica-se a todas as pessoas jurídicas, singulares ou colectivas, públicas


ou privadas, envolvidas na gestão de resíduos perigosos em Moçambique, estabelecendo as
regras para a produção e gestão de resíduos perigosos em território nacional. O Regulamento
exclui a gestão do seguinte:

18 Isto não isenta a indústria de combustíveis do cumprimento do prescrito em outros instrumentos legais que promovem o uso e a
conservação dos recursos de água, proibindo a degradação da sua qualidade e penalizando os infractores.
19 Aplicável igualmente a transportadores e operadores de resíduos sólidos urbanos.

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• Resíduos biomédicos;
• Resíduos radioactivos;
• Emissões e descargas de efluentes, com excepção das que contenham as
características perigosas descritas no anexo III;
• Águas residuais, com excepção das que contenham características as perigosas
descritas no anexo III;
• Outros resíduos perigosos sujeitos a regulamentação específica.
Este Regulamento caracteriza os vários tipos de resíduos e substâncias perigosas (Anexo
III); apresenta orientações para a identificação de resíduos perigosos, incluindo simbologia
de identificação dos recipientes / contentores de resíduos perigosos (Anexo IV); e define
regras e procedimentos básicos para o transporte de resíduos perigosos (Anexo VIII).

LEGISLAÇÃO DO SECTOR PETROLÍFERO (COM DESTAQUE PARA O


SECTOR DE COMBUSTÍVEIS)
➢ DIPLOMA MINISTERIAL N.º176/2014 DE 22 DE OUTUBRO (REGULAMENTO DE CONSTRUÇÃO,
EXPLORAÇÃO E SEGURANÇA DOS POSTOS DE ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS LÍQUIDOS)
Este Diploma Ministerial visa “adequar as regras e técnicas para a construção e operação de
postos de abastecimento de combustíveis à realidade actual, bem assim harmonizá-las com
as dos outros países, em particular os da região da África Austral, visando à protecção das
pessoas e bens, das condições ambientais, de saúde e do bem-estar dos cidadãos, contra
os perigos de derrames, incêndios, explosões e outros acidentes nas áreas de abastecimento
de combustíveis”.
Neste Diploma, “posto de abastecimento” é definido como “o local onde é efectuada a
armazenagem e o abastecimento de combustíveis para veículos a motor, embarcações a
motor ou em recipientes aprovados, incluindo todo o equipamento relacionado, que
corresponde a área do local onde se inserem as unidades de abastecimento, os respectivos
reservatórios, as zonas classificadas e as vias de ligação e de acesso e as áreas de
estacionamento”. As infraestruturas do Projecto incluem, para além dos tanques de
armazenamento, bombas de abastecimento para o carregamento de camiões-cisterna, o que
justifica que este Diploma seja aqui referenciado.
NORMAS TÉCNICAS APLICÁVEIS AO PROJECTO
A questão das normas técnicas aplicáveis a projetos do sector de combustíveis é tratada no
artigo 4 do Regulamento em referência, devendo obedecer-se à seguinte ordem: (a) Normas
moçambicanas; (b) Normas publicadas pela Organização Internacional de Normalização
(ISO) ou outras, desde que homologadas pela entidade responsável nos termos da legislação
aplicável; e (c) Na falta das normas referidas nas alíneas anteriores, serão aplicadas as que
forem formalmente aceites para o efeito pela entidade competente.
Sobre a alínea (c) acima: as entidades interessadas devem enviar à entidade competente
uma cópia das normas técnicas que se propõem a adoptar para a construção,
reparação, instalação, operação ou remoção de postos de abastecimento, com a respectiva
tradução para a Língua Portuguesa.
PARECER DA ENTIDADE DE TUTELA
Os pedidos de licença para a construção de postos de abastecimento de combustíveis estão
sujeitos a um parecer por escrito do Ministério que tutela a área de energia. O parecer resulta
de uma avaliação de aspectos técnicos e da conformidade do Projecto com o plano
estratégico do sector de energia, como determinado no número 1 do artigo 5 do Regulamento.
Para obter o referido parecer, o Proponente deve submeter à Direcção Nacional de
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Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC) uma série de documentos que incluem,


resumidamente, o seguinte:
• Memória descritiva e justificativa das instalações a construir (incluindo a finalidade da
instalação, os produtos a armazenar, a capacidade de cada reservatório e a sua
caracterização e interesses relevantes afectados pela instalação);
• Plantas topográficas, alçados e cortes, nas escalas especificadas no Regulamento, e
outros pormenores igualmente indicados.

PARECER DA DIRECÇÃO NACIONAL DE HIDROCARBONETOS E COMBUSTÍVEIS SOBRE O PROJECTO


A CPMZ solicitou à DNHC e obteve desta entidade um parecer sobre o Projecto, nos termos
especificados mais adiante, no subcapítulo 9.3.

INSTALAÇÃO DE RESERVATÓRIOS (TANQUES) SUPERFICIAIS


O artigo 12 do Regulamento, estabelece respectivamente nos números 2, 3 e 4, o seguinte:
• Os reservatórios devem ser instalados de tal modo que, caso necessário, sejam
facilmente acessíveis aos bombeiros e ao seu equipamento de combate a incêndios;
• Os reservatórios superficiais e todos os seus componentes devem ser instalados em
bacias de retenção, com pavimento e paredes impermeáveis, que possam captar e
colectar eventuais derrames provenientes dos reservatórios neles contidos; podem
ser construídos em alvenaria ou em estrutura metálica, com capacidade e resistência
para conter pelo menos 50% da capacidade total do reservatório;
• É interdita a existência no local de quaisquer reservatórios de materiais combustíveis
ou outros não relacionados com o funcionamento dos reservatórios.
CONTENÇÃO DE DERRAMES
Nas zonas onde poderão ocorrer derrames (eventos não planeados) como, por exemplo, as
áreas de abastecimento, as áreas de reabastecimento dos reservatórios e as bacias de
retenção dos reservatórios, os pavimentos devem ser impermeáveis; os pavimentos devem
ainda ser inclinados, para evitar que os derrames não escorram para a estrada, cursos de
água ou sistemas de drenagem de águas pluviais sem primeiro, passarem por um sistema
de tratamento de águas residuais; isto inclui as águas provenientes das estações de lavagem
de viaturas, caso estas sem parte integrante dos postos de abastecimento. Este assunto é
tratado artigo 19 do Regulamento.
DRENAGEM E TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS
O artigo 16 estabelece o seguinte:
1. “Nos Postos de Abastecimento deverão ser tomadas todas as precauções para evitar
que os líquidos derramados fluam para o interior de construções, através de inclinação
dos pavimentos, da elevação do limiar das entradas ou outros meios igualmente
efectivos”;

2. “Os postos de abastecimento, possuindo mais de 2 (duas) mangueiras destinadas ao


abastecimento de gasóleo, incluirão um sistema de tratamento de águas residuais
contaminadas com combustíveis líquidos, constituído por separador por gravidade ou
outro dispositivo, em conformidade com uma norma técnica aplicável”; e

3. “Os separadores de combustíveis serão instalados em locais de fácil acesso para


inspecção e limpeza”;

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4. “Os separadores de combustíveis serão sifonados à entrada e à saída, para evitar a


passagem de gases. 5. Nas zonas onde exista a possibilidade de derrames,
nomeadamente nas áreas de abastecimento, áreas de reabastecimento dos
reservatórios e bacias de retenção dos reservatórios, os pavimentos serão
impermeáveis; o pavimento será inclinado, de modo que os derrames não escorram
para a estrada, cursos de água ou sistemas de drenagem de águas pluviais, sem
primeiro passar por um sistema de tratamento de águas residuais incluindo as águas
provenientes das estações de lavagem de viaturas, caso sejam estas parte integrante
dos postos de abastecimento”.
DISTÂNCIAS A OBSERVAR NA CONSTRUÇÃO DAS UNIDADES DE ABASTECIMENTO E RESERVATÓRIOS
O Regulamento define, no seu artigo 30, distâncias relativas a observar entre as unidades de
abastecimento, assim como entre os reservatórios e uma série de elementos, tais como
edifícios habitados, edifícios públicos, outros reservatórios, etc.
INSTRUÇÕES DE SEGURANÇA PARA A PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS
Como estabelecido no artigo 86, as seguintes instruções de segurança devem ser afixadas
nas instalações do posto de abastecimento, em locais bem visíveis para os funcionários do
posto: (1) medidas de segurança a respeitar e, em particular, a proibição de manter materiais
inflamáveis nas zonas classificadas; (2) medidas a tomar em caso de acidente ou incidente;
deve ainda estar prontamente disponível (3) o manual de operações e um plano de combate
a acidentes.
➢ DECRETO N.º 45/2012 DE 28 DE DEZEMBRO (REGULAMENTO QUE DEFINE O REGIME
APLICÁVEL A UMA SÉRIE DE ACTIVIDADES RELATIVAS A PRODUTOS PETROLÍFEROS )

Este Decreto define o regime a que estão sujeitas as actividades de produção, importação,
recepção, armazenamento, manuseamento, distribuição, comercialização, transporte,
exportação e reexportação de produtos petrolíferos.20 O número 1 do artigo 4 do Decreto
especifica os tipos de licença necessários para a execução das actividades relacionadas com
produtos petrolíferos acima referidas, cuja competência de atribuição (número 1 do artigo 5)
é do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME).

Do ponto de vista da AIA, é relevante o disposto nos artigos 77 e 82, como especificado a seguir:
• “Cessação de actividade por inutilidade de instalações petrolíferas” (artigo 77): o número 1 do
artigo 77 dispõe que no caso de cessação da exploração, por inutilidade das instalações,
confirmada pela entidade licenciadora, tais instalações devem ser removidas, devendo as
condições dos respectivos locais ser restauradas a um nível tal que permita garantir a segurança
das pessoas e do ambiente. Os respectivos custos devem ser suportados pelo titular do registo
de exploração da instalação;

• “Derrames de Petróleo” (artigo 82) – é interdito causar ou permitir, directa ou indirectamente, o


derrame de um produto petrolífero, de uma instalação petrolífera (número 1 do artigo 82). No
caso de ocorrência de derrame, o titular de uma licença, registo, ou qualquer outra pessoa
encarregue do controlo de actividades relacionadas com quaisquer produtos petrolíferos ou
petróleo deve, imediatamente após a ocorrência de um derrame, garantir que tal evento de
derrame seja imediatamente comunicado ao Ministro que superintende a área de Energia
(número 2 do artigo 82). Ademais, o titular da licença deve tomar as medidas necessárias para
a limpeza de tal derrame, em conformidade com as boas práticas da indústria petrolífera
aplicáveis / necessárias para a limpeza de tal derrame.

20 Este Decreto revoga os Decretos n.º 9/2009, de 1 de Abril, e n.º 63/2006, de 26 de Dezembro.
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

OUTROS INSTRUMENTOS LEGAIS (SECTOR DE PETRÓLEOS)


O sector de petróleos é regido por uma série de outros instrumentos legais, alguns dos quais
sem aplicação directa, ou com aplicação bastante limitada no sector de combustíveis. Estes
incluem os seguintes:
➢ LEI DE PETRÓLEOS (LEI N.º 3/2001 DE 21 DE FEVEREIRO)
Esta Lei aplica-se a actividades de prospecção, exploração, desenvolvimento e produção
de petróleos. As actividades previstas no âmbito do Projecto da CPMZ não estão incluídas
no âmbito desta lei;
➢ REGULAMENTO AMBIENTAL PARA AS OPERAÇÕES PETROLÍFERAS (DECRETO N.º 56/2010 DE
22 DE NOVEMBRO)
Este regulamento estabelece as especificidades da AIA para operações petrolíferas. O
Regulamento define as operações petrolíferas como “(…) operações relacionadas com a
pesquisa, desenvolvimento, produção, separação e tratamento armazenamento,
transporte e venda ou entrega de petróleo no ponto de fornecimento (…)” (artigo 1). O
Regulamento, embora mereça atenção na sua generalidade, não possui qualquer
cláusula específica para operações envolvendo gasolina e/ou gasóleo, como é o caso do
Projecto da CPMZ.

O artigo 6 e o artigo 7 do regulamento atribuem, respectivamente, ao Ministério que superintende


a área do Ambiente (MTA) e ao Ministério que superintende a área de Recursos Minerais e Energia
(MIREME) a função de revisão dos relatórios produzidos ao longo da AIA, sem restringir o
envolvimento de quaisquer outras entidades que possam ser consideradas pelo MTA como
relevantes para tal revisão. A entidade responsável pela coordenação da revisão de relatório e pelo
Licenciamento Ambiental é, no entanto, o MTA, como prescrito no Regulamento de AIA.

➢ REGULAMENTO DE LICENCIAMENTO DE INSTALAÇÕES E ACTIVIDADES PETROLÍFERAS


(DECRETO N.º 273/2009, DE 30 DE DEZEMBRO)
No Regulamento, “instalações de armazenagem” são definidas como quaisquer
estruturas ou edificações e instalações contendo um ou mais tanques, reservatórios
subterrâneos ou superficiais, estações de recebimento e bombagem, terminais para
recepção e entrega de petróleo, tubos ou canalizações, garagens, edifícios
administrativos e de apoio (artigo 1). Do mesmo modo que o decreto anteriormente citado,
este não possui qualquer cláusula específica para operações com gasolina e/ou gasóleo.
De notar, no entanto, que as infraestruturas previstas no âmbito do Projecto,
nomeadamente os tanques de armazenamento de combustíveis, enquadram-se na
definição de “instalações petrolíferas” acima apresentada, daí a menção a este
Regulamento.

As licenças para a realização de actividades petrolíferas previstas neste Regulamento só podem


ser atribuídas a pessoas singulares ou colectivas que garantam as precauções necessárias para a
protecção ambiental, com vista à preservação dos recursos naturais (tais como a água, solo,
subsolo, ar, biodiversidade, flora, fauna, ecossistemas), assim como da saúde dos trabalhadores
e dos demais envolvidos e/ou afectados pelas operações petrolíferas (número 2 do artigo 4).

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

LEGISLAÇÃO SOBRE USO E OCUPAÇÃO DE TERRA


➢ LEI DE TERRAS (LEI N.º 19/97, DE 1 DE OUTUBRO) E REGULAMENTO DA LEI DE TERRAS
(DECRETO N.º 66/1998, DE 8 DE DEZEMBRO)
A Lei e o Regulamento acima citados estabelecem os termos sob os quais o Direito de Uso
e Aproveitamento da Terra (DUAT) pode ser adquirido, mantido, trocado, transferido ou
anulado.
A Lei estabelece, no seu artigo 3, que “a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida
ou, por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada”. Esta Lei define, entre
outros aspectos, “zonas de protecção total” (artigo 7) e “zonas de protecção parcial” (artigo
8), como explicado resumidamente a seguir:
• Zonas protecção total (ZPT): são definidas como “áreas destinadas a actividades de
conservação ou preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado”21
(artigo 7).
• Zonas de protecção parcial (ZPP): por serem de natureza muito diversa, são definidas
em função do tipo de instalação / infraestrutura ou recurso aos quais se aplicam. 22
No artigo 9 desta Lei estabelece-se que ”nas zonas de protecção total e parcial não podem
ser adquiridos direitos de uso e aproveitamento da terra, podendo, no entanto, ser emitidas
licenças especiais para o exercício de actividades determinadas”. Nos termos desta Lei
“licença especial” é definida como um “documento que autoriza a realização de quaisquer
actividades económicas nas zonas de protecção total ou parcial”, sem se fazer referência
a qualquer formato pré-definido. Do mesmo modo que a Lei de Terras, o Regulamento da Lei
de Terras faz referência ao conceito de ZPT e ZPP, respectivamente nos seus artigos 4 e 5.

ZPP DO TERMINAL DE COMBUSTÍVEIS PROPOSTO


Para instalações petrolíferas, a ZPP é definida como o terreno ocupado pela própria instalação
petrolífera, ao qual se acrescenta uma faixa confinante de 50 metros, como prescrito na alínea
g) do artigo 8 da Lei de Terras.
O local do Projecto encontra-se situado próximo da Estrada Nacional Nº 6 (N6), acedendo-se ao
mesmo a partir de um desvio com uma extensão de menos de 500 m, enquanto não se estabelece
a via oficial de acesso. A largura da ZPP para estradas primárias (como a N6) é de 50 metros para
cada um dos lados do eixo da estrada. Considerando que a distância mínima entre a área do
Projecto e a estrada é de aproximadamente 180 m, não existe, assim, uma sobreposição entre as
ZPP da N6 e a futura ZPP do Terminal de Combustíveis.
Tal como no caso da estrada, qualquer forma de ocupação da ZPP do Terminal está sujeito a uma
aprovação/autorização da CPMZ, devendo tal ocupação não estar em conflito com as actividades
do Terminal, em qualquer uma das fases do Projecto.

➢ ANEXO TÉCNICO AO REGULAMENTO DA LEI DE TERRAS (DIPLOMA MINISTERIAL N.º 29/2000-


A, DE 17 DE MARÇO)
Define os mecanismos de abordagem e implementação associados ao processo de pedido
de titularidade e inclui determinações sobre os direitos e os deveres das comunidades locais.
➢ LEI DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO (LEI N.º 19/2007 DE 18 DE JULHO) E REGULAMENTO
DA LEI DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO (DECRETO N.º 23/2008 DE 1 DE JULHO)

21 Enquadram-se nesta categoria, por exemplo, os Parques Nacionais. As ZPT estão fora do contexto deste Projecto, uma vez que não se
espera interferência com qualquer tipo de área de conservação / preservação da natureza, ou de defesa da segurança do Estado.
22 Exemplos de outros tipos de instalações/infraestruturas e recursos para os quais estão definidas ZPPs incluem barragens, linhas férreas,

estradas, aeroportos, fronteiras terrestres, ilhas e nascentes de água, entre outros.


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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

A Lei de Ordenamento do Território define os princípios, os objectivos e o quadro legal


aplicáveis ao ordenamento territorial na República de Moçambique. A Lei integra uma série
de medidas e procedimentos orientados para a melhoria dos níveis de vida da população
moçambicana, através da promoção de um desenvolvimento sustentável.
O Regulamento da Lei do Ordenamento do Território estabelece o regime jurídico dos
instrumentos de ordenamento territorial, nos seus vários níveis de intervenção (nacional,
provincial, distrital e autárquico).

ORDENAMENTO TERRITORIAL A NÍVEL DISTRITAL – PLANO DISTRITAL DE USO DA TERRA

A nível distrital, o instrumento de gestão e ordenamento territorial é o Plano Distrital de Uso da


Terra (PDUT). Este plano é elaborado por iniciativa do Administrador Distrital, sob coordenação do
órgão que superintende a actividade do ordenamento do território no distrito e a sua aprovação é
da competência do Governo Distrital. Os projectos propostos para os distritos (incluindo Vanduzi),
devem estar em conformidade com este Plano. O PDUT identifica áreas para os usos
específicos/preferenciais e define as normas e regras a observar na ocupação e uso da terra e dos
recursos naturais no distrito.

➢ REGULAMENTO SOBRE O PROCESSO DE REASSENTAMENTO RESULTANTE DE ACTIVIDADES


ECONÓMICAS (DECRETO N.º 31/2012, DE 8 DE AGOSTO); DIRECTIVA TÉCNICA DO PROCESSO
DE ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DOS PLANOS DE REASSENTAMENTO (DIPLOMA
MINISTERIAL N.º 156/2014 DE 19 DE SETEMBRO)
Estes instrumentos legais integram diversas regras e princípios básicos para o processo de
reassentamento, com o objectivo de garantir que a população afectada por actividades
económicas de iniciativa pública ou privada, levadas a cabo por pessoas físicas ou jurídicas,
nacionais ou estrangeiras, tenha uma melhor qualidade de vida e equidade social, tendo em
conta os efeitos físicos, ambientais, sociais e económicos do Projecto sobre tal população.

COMPENSAÇÃO POR PERDAS E DANOS A ANTIGOS UTENTES DO LOCAL DO PROJECTO


O local do Projecto não possui habitações nem qualquer outro tipo de estrutura edificada e assim
se encontrava quando a CPMZ iniciou a tramitação do Processo do DUAT. Por conseguinte, não
está prevista qualquer acção de deslocação / reassentamento de agregados familiares nem de
expropriação no âmbito do Projecto. Deste modo, a aplicabilidade do disposto nos instrumentos
legais acima indicados restringe-se aos seus princípios e orientações para casos de compensação.
Informação a este respeito é apresentada no capítulo 8 deste relatório.

LEGISLAÇÃO SOBRE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL E DA


COMUNIDADE
➢ LEI DO TRABALHO (LEI N.º 23/2007 DE 1 DE AGOSTO)
Esta Lei define os princípios gerais e estabelece o regime jurídico aplicável às relações
individuais e colectivas de trabalho subordinado, prestado por conta de outrem e remunerado
(artigo 1). Embora as questões jurídicas de trabalho não façam parte do âmbito da AIA, a Lei
é aqui mencionada para realçar os aspectos relativos à Saúde e Segurança ocupacional nela
contidos.

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A Lei estabelece os princípios gerais a serem observados pelos trabalhadores e pelos


empregadores em matéria de Higiene e Segurança no Trabalho. Sobre testes e exames
médicos (artigo 7) a Lei estabelece que o empregador pode exigir a comprovação física do
estado físico ou psíquico do candidato ao posto de trabalho, por meio de exames médicos,
sob a condição de que a informação resultante de tais testes a ser transmitida pelo médico
ao empregador se limite à capacidade ou falta desta, para o trabalho a executar.

A Lei obriga tanto as empresas de grande dimensão, como as pequenas empresas, cujos
trabalhadores, independentemente do efectivo, exerçam actividades penosas, insalubres ou com
alto grau de periculosidade de exposição permanente, a criarem condições para a assistência de
primeiros socorros, em caso de ocorrência de acidente. O Artigo 221 determina que, em empresas
dotadas de unidades sanitárias privativas, devem ser realizados exames médicos regulares aos
trabalhadores, com o objectivo de verificar a sua aptidão para o desempenho das respectivas
funções. A Secção III da Lei apresenta disposições específicas para acidentes de trabalho e
doenças profissionais, incluindo o dever de assistência (artigo 228) por parte da entidade
empregadora.

➢ REGULAMENTO QUE ESTABELECE O REGIME JURÍDICO DE ACIDENTES DE TRABALHO E


DOENÇAS PROFISSIONAIS (DECRETO N.º 62/2013, DE 4 DE DEZEMBRO)
Este Regulamento aplica-se a todos os trabalhadores, nacionais e estrangeiros, por conta de
outrem, bem como aos seus gestores (administradores, directores, gerentes ou equiparados)
(artigo 2).

Nos termos deste Regulamento (artigo 5), o empregador deve adoptar as medidas prescritas nas
leis e regulamentos relativos à prevenção dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e,
entre outros aspectos, garantir a formação dos trabalhadores sobre as formas de prevenção de
riscos ocupacionais. O Regulamento faz referência ao direito do trabalhador de se beneficiar de
assistência médica imediata em caso de acidente ou doença ocupacional, atribuindo ao
empregador o dever de providenciar tal assistência (artigo 15).

➢ LEI N.º 19/2014: LEI DE PROTECÇÃO DA PESSOA, DO TRABALHADOR E DO CANDIDATO A


EMPREGO VIVENDO COM HIV E SIDA
Esta Lei estabelece, no seu artigo 1, o seguinte: (i) os direitos e deveres da pessoa vivendo
com HIV e SIDA, garantindo a promoção de medidas necessárias para a prevenção,
protecção e tratamento; e (ii) os direitos e deveres do trabalhador ou candidato a emprego
vivendo com HIV e SIDA. A Lei aplica-se a todas as pessoas vivendo com HIV/SIDA, ou em
situação de risco de contrair HIV/SIDA, sejam estes do sector público ou privado.23 (artigo 2).
Na Lei são estabelecidos os direitos e deveres das pessoas vivendo com HIV/SIDA, baseados
no princípio da não discriminação, que estabelece que “a pessoa vivendo com HIV e SIDA
goza dos mesmos direitos e tratamento de qualquer outra pessoa” e esta “não deve ser
discriminada ou estigmatizada em razão do seu estado de seropositividade”. Como
especificado na Lei (número 4 do artigo 18), as responsabilidades do Estado perante a
pessoa portadora de HIV/SIDA inclui a definição e a implementação de políticas de
prevenção, combate e mitigação do impacto do HIV e SIDA.

23 Esta Lei aplica-se também aos trabalhadores domésticos.

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Do Ponto de vista da implementação do Projecto, torna-se necessário garantir que todas as


acções de prevenção e combate ao HIV/SIDA sejam concebidas e executadas em
conformidade com as políticas vigentes do Estado sobre a matéria. É igualmente importante
garantir que tais acções sejam realizadas por pessoas devidamente autorizadas pela
autoridade que superintende a área da saúde, o que encontra fundamento no artigo 15 da
Lei. Tais “entidades autorizadas” podem ser do sector público, ou organizações não-
governamentais e outras de carácter social, habilitadas a realizar aconselhamento, testagem
e tratamento da pessoa vivendo com HIV e SIDA e a apoiar as pessoas afectadas.

CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA PARA O PROJECTO VERSUS TESTAGEM DE HIV/SIDA

A Lei proíbe a realização de testes para o diagnóstico de infecção por HIV sem consentimento
informado e voluntário, salvo em situações excepcionais (listadas no artigo 26) de carácter clínico
(determinadas por pessoal clínico), ou para fins processuais penais e ou civis (sob ordem prévia
da autoridade judicial competente). A Lei proíbe ainda, no seu artigo 37, a exigência do teste
serológico para (…) acções de formação ou qualquer outra actividade. Fica aqui implícito que a
contratação de pessoal para o Projecto e a elegibilidade à formação não deverão ser condicionadas
à apresentação do resultado do teste serológico de HIV/SIDA.

➢ LEGISLAÇÃO SOBRE A PANDEMIA DA COVID-19


Desde Março de 2020, altura em que a COVID-19 foi declarada “pandemia” pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), a grande maioria dos países do Mundo foi estabelecendo
mecanismos legais (para além de recomendar práticas) para a prevenção e controlo da
COVID-19, sob a orientação da organização Mundial de Saúde (OMS) e/ou de nível interno.
Não fugindo à regra, o Estado Moçambicano, ao seu mais alto nível, foi regulamentando por
meio de Decretos as medidas a serem cumpridas no País para controlar a propagação da
COVID-19 (incluindo distanciamento físico, etiqueta da tosse, uso de máscara de protecção,
higienização das mãos e de superfícies altamente susceptíveis de contaminação, evitar
aglomerados de pessoas, entre outras), sendo que todos as pessoas, individuais ou
colectivas, foram instadas a colaborar para esse fim. Caso a COVID-19 esteja presente em
níveis preocupantes na altura da implementação do Projecto, as medidas de prevenção e
controlo a adoptar serão as que estiverem vigentes nessa altura.

OUTROS INSTRUMENTOS LEGAIS DE INTERESSE PARA O PROJECTO


Esta secção resume algumas disposições de legislação sectorial suplementar, com possível
relação directa ou indirecta com as actividades do Projecto e com relevância para a protecção
ambiental, sem prejuízo de qualquer outra legislação que possa vir a ser identificada como
igualmente aplicável.
➢ LEI DE ÁGUAS (LEI N.º 16/91 DE 3 DE AGOSTO)
A Lei de Águas tem como propósito principal a protecção dos recursos de água, visando evitar
a sua contaminação. Entende-se por contaminação da água “a acção e o efeito de introduzir
matérias, formas de energia ou a criação de condições que, directa ou indirectamente,
impliquem uma alteração prejudicial da sua qualidade em relação aos usos posteriores ou à
sua função ecológica” (artigo 51). Nesta Lei está patente o princípio de “poluidor-pagador”
(i.e. quem polui deve pagar) e a mesma estabelece as bases para a gestão dos recursos
hídricos, bem como o regime de concessão e de licença de água.

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O Artigo 18 da Lei de Águas designa as Administrações Regionais de Águas (ARAs) como


instituições responsáveis pelos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e atribui
competências de gestão, controlo, planeamento e domínio dos recursos hídricos. As ARAs
são igualmente responsáveis por conciliar os conflitos decorrentes do uso e aproveitamento
da água.

Ao abrigo da Lei de Águas não será permitido ao Projecto o seguinte:


• Despejos que contaminem as águas;
• A acumulação de resíduos sólidos, desperdícios ou quaisquer substâncias que contaminem
ou imponham um perigo de contaminação das águas;
• Qualquer actuação sobre o Meio Físico e Biótico afecto à água, que possa resultar na
degradação da sua qualidade;
• O exercício, nas zonas de protecção, de quaisquer actividades que possam envolver
degradação do domínio público hídrico.

➢. REGULAMENTO DE LICENÇAS E CONCESSÕES DE ÁGUAS (DECRETO N.º 43/2007, DE 30 DE


OUTUBRO)
Este Decreto regula a gestão dos recursos hídricos, nomeadamente o licenciamento ou a
concessão do direito de uso e aproveitamento privativo das águas. Entre os vários objectivos
da gestão de água definidos no artigo 5 do Decreto, incluem-se o de garantir a boa qualidade
do ambiente, evitando a contaminação das águas e “mediante responsabilização de quem
contamina ou, de outra forma, degrada a qualidade das águas, obrigando a reparar ou
compensar os danos daí decorrentes”. Os objectivos incluem ainda a busca de “equilíbrios
para o conjunto dos utentes, nos casos de utilizações múltiplas e conflituosas das águas do
domínio público”.
No artigo 6, os usos da água são classificados em “comuns” e “privativos”, sendo estabelecido
no artigo 6 que “os usos comuns têm preferência absoluta sobre os demais usos e
aproveitamentos da água”; usos comuns correspondem ao aproveitamento das águas do
domínio público para a satisfação das necessidades básicas domésticas, pessoais e
familiares do utente. O abastecimento de água à população, para consumo humano e para
satisfação das necessidades sanitárias, tem prioridade sobre os demais usos e
aproveitamentos privativos (artigo 20).
O aproveitamento privativo da água está sujeito a licenciamento, cujo pedido deve ser
submetido a decisão da Administração Regional de Águas (ARAs) da respectiva bacia
hidrográfica (artigos 22 e 47). A documentação necessária para um possível pedido de
licenciamento aproveitamento privativo da água relevante para este Projecto está listada nos
artigos 22, 23 e 47. No artigo 47 estabelece-se que no pedido deve constar pelo menos o
seguinte: (a) identificação completa do requerente; (b) objectivo do aproveitamento; (c)
definição da área onde se localiza o aproveitamento, com indicação da fonte de
abastecimento; (d) modo, processos e volume de águas a utilizar; (e) prazo a que está sujeito
o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) onde se pretende realizar o
aproveitamento privativo da água.24
O pedido de licenciamento será acompanhado de cópia autenticada do documento
comprovativo do DUAT, ainda que provisório, referente à terra onde o aproveitamento de água
se localiza, ou de certidão do seu registo. Esclarecimentos poderão ser solicitados pela ARA,
caso considerados necessários.
O artigo 23 especifica requisitos de documentação para diferentes tipos de uso e
aproveitamento da água, sendo que para fins industriais torna-se necessário indicar no
pedido, para além do contante nos artigos 22 e 47, “o tipo de actividade, com uma descrição
das instalações, identificação e quantificação dos efluentes a produzir25, meios de tratamento

24 Existem excepções definidas na Lei de Terras, não aplicáveis ao presente Projecto.


25 Aplica-se aos casos em que se pretenda proceder a descargas de efluentes em recursos aquáticos.
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a utilizar, bem como avaliação do seu impacto ambiental”. Será emitido o título de uso e
aproveitamento de água (ou de lançamento de efluentes)26 quando a decisão da
Administração Regional de Águas se tornar definitiva e executória (artigo 39).

USO E APROVEITAMENTO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS


Na Descrição do Projecto (Capítulo 7), é considerada a possibilidade de abertura de um furo para
servir o Projecto. Pedidos relativos ao uso e aproveitamento de águas subterrâneas requerem, para
efeitos de pedido de uso e aproveitamento da água, a submissão de informação suplementar à
mencionada nos artigos 22 e 47, independentemente do que vier a ser estabelecido em
regulamentação própria. Tal informação, listada no artigo 25, inclui o seguinte:
a) Descrição dos trabalhos;
b) Localização das obras;
c) Profundidade da perfuração estimada em metros;
d) Em caso de se tratar de poços artesianos e de nascentes, definir os métodos propostos para
controlar o fluxo;
e) Tipo e capacidade do equipamento a utilizar para a extracção de água.
EXTRACÇÃO DE MATERIAIS INERTES NOS LEITOS E MARGENS DE CORPOS DE ÁGUA
O licenciamento para a extracção de materiais inertes nos leitos e nas margens dos corpos de água
está a cargo do MIREME, tendo em atenção o disposto no artigo 54 do Decreto em referência, que
estabelece os condicionalismos de tal extracção e não exclui a possibilidade de ser necessário um
parecer da ARA para o efeito. Materiais inertes serão necessários para as obras e a sua aquisição
pelo Empreiteiro do Projecto deve estar em cumprimento dos requisitos legais, conforme exigido
pelas autoridades competentes.

➢ REGULAMENTO DA LEI DE FLORESTAS E FAUNA BRAVIA (DECRETO N.º 12/2002, DE 6 DE


JUNHO)
Este regulamento providencia o quadro legal para todas as actividades envolvendo
protecção, conservação, utilização, exploração e produção de recursos faunísticos e
florestais e abrange a comercialização, o transporte, o armazenamento e o processamento
primário (artesanal ou industrial) destes recursos.

RECURSOS MADEIREIROS
A madeira que possa ser necessária para as actividades de construção deverá ser obtida de
operadores madeireiros autorizados/licenciados. A exploração de madeira pelo Projecto será
considerada ilegal, a não ser que o Proponente adquira a licença necessária para o efeito.

➢ REGULAMENTO QUE AJUSTA AS ATRIBUIÇÕES, FUNCIONAMENTO E COMPETÊNCIAS DA


ADMINISTRAÇÃO NACIONAL DE ESTRADAS27 (DECRETO N.º 65/2019 DE 30 DE JULHO)
Este documento descreve a Administração Nacional de Estradas (ANE) como um instituto
público com poderes gerais de autoridade de estradas em todo o território nacional, dotado
de personalidade jurídica e autonomia administrativa (artigo 1). A ANE é a autoridade nacional
responsável pela rede de Estradas Classificadas. Possui ainda algumas competências
relativas a estradas não classificadas28, incluindo a de propor regras a serem cumpridas pelos
órgãos de governação descentralizada, referentes à manutenção e reabilitação de estradas
sob a jurisdição destes.
A ANE tem o poder de, nos limites da Lei, propor terrenos e declará-los reservados para
construção, alargamento ou expansão de estradas; desviar ou encerrar temporariamente
estradas ou faixas de rodagem, mediante simples informação pública e sinalização

26 Idem, acima.
27 A ANE foi criada pelo Decreto n.º 15/99, de 27 de Abril.
28 Indicadas na alínea b) do número 1 do artigo 5.

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apropriada; limitar de forma temporária ou definitiva o acesso a estradas ou faixas de


rodagem por diferentes tipos de veículos, conforme as suas dimensões e peso.29
No número 2 do artigo 6, que confere à ANE poderes para a fiscalização e protecção das
estradas classificadas, consta, entre outros aspectos, que a ANE pode “autuar os que, por
quaisquer meios, danifiquem o piso das estradas, espalhem detritos, combustíveis ou
corantes (…) e instruir o processo com vista à aplicação de sanções aos infractores”.30

COORDENAÇÃO COM A ANE

Para o acesso ao local do Projecto existirá um desvio a partir da Estrada Nacional N.º6 (estrada
classificada, entre Beira e Machipanda). Embora o desvio em questão não se enquadre na
categoria de “estradas classificadas”, será necessário que quaisquer propostas de intervenção
nesta via (ou o estabelecimento de uma nova via de acesso ao local do projecto a partir da N6),
sejam submetidas à aprovação da ANE (ou da concessionária autorizada da N6), garantindo assim
a prevenção (ou minimização) dos possíveis riscos de segurança ao longo da N6 e/ou na Zona de
Protecção Parcial da N6. Saliente-se que N6 está concessionada a uma empresa privada (ao
abrigo do Decreto n.º 93/2019, de 17 de Dezembro) e que a referida empresa está autorizada a
actuar em nome da ANE em matéria de gestão da N6, incluindo as respectivas estradas de ligação
e infraestruturas conexas.

6.3 CONVENÇÕES E PROTOCOLOS INTERNACIONAIS


Está abaixo listada, para referência, uma série de Convenções e Protocolos internacionais
ratificados por Moçambique, relativos a assuntos de interesse socioambiental que poderão
ter alguma relevância para o Projecto.
• Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
Versão revista (2003):
• Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional especialmente como
Habitat de Aves Aquáticas (Convenção Ramsar) (2003);
• Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (2002);
• Protocolo de Kyoto sobre Mudanças Climáticas (1997);
• Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC)
(1992);
• Convenção de Basileia sobre o Controlo do Movimento Transfronteiriço de Resíduos
Perigosos e sua Disposição (1992);
• Convenção da Biodiversidade (CBD) (1992);
• Convenção sobre a Proibição de Importação para África e Controlo de Movimentos
Transfronteiriços e Gestão de Resíduos Perigosos em África (Convenção de Bamako)
(1991);
• Protocolo de Montreal sobre Substâncias Destruidoras da Camada de Ozono
(incluindo as emendas de 1990 e 1999) (1987);
• Convenção de Viena sobre a Protecção do Ozono (1985).

29 Alíneas a) d) e e) do número 1 do artigo 6;


30 Alíneas g) e h) do número 2 o artigo 6.
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7 DESCRIÇÃO DO PROJECTO
7.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E INSERÇÃO ESPACIAL DO PROJECTO
A CPMZ propõe situar o Projecto numa área de 50 ha, na Província de Manica, Distrito de
Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi, Localidade de Chigodole, povoado de Selva-
Lenha. Da área total, uma parcela de 11 ha foi seleccionada para ser ocupada por tanques
de armazenamento, na sequência de testes geotécnicos preliminares.
Na Figura 4 apresenta-se um mapa de localização geográfica do Projecto, e na Figura 5
mostra-se a mesma localização sobre uma imagem de Google Earth. Os 2 polígonos
representam o local de implantação do Projecto, ou seja, a área de DUAT atribuída à CPMZ
para o Projecto.
Na imagem seguinte (Figura 6) apresentam-se, para além da localização, alguns pontos de
referência existentes na área envolvente e identificados no trabalho de campo, como
especificado a seguir:
• A N6, principal via de acesso ao local do Projecto (a Norte do local do Projecto);
• Oleoduto Moçambique-Zimbabwe, da CPMZ, que transporta combustível do Porto da
Beira (na Cidade da Beira) até Feruka, na República do Zimbabwe e que deverá
abastecer o Terminal; o oleoduto tem uma secção do seu traçado quase contígua ao
limite norte do local do Projecto;
• Uma infraestrutura de Educação (EP1 de Vila Maninga);
• Uma infraestrutura de Saúde (CS de Chigodole e CS do Cruzamento de Tete);
• Uma fábrica de pesticidas (propriedade privada);
• Áreas habitadas;
• Locais de importância sociocultural (cemitério, local sagrado e floresta sagrada).

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Figura 4 – Localização geográfica da área do Projecto no Distrito de Vanduzi, Província de Manica


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Figura 5 – Localização do Projecto, apresentada sobre uma imagem de Google Earth

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Figura 6 – Inserção espacial da área do Projecto, com relação a uma série de pontos de
referência existentes nas imediações do local

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O local do Projecto encontra-se num terreno livre de habitações infraestruturas, como se


mostra na Figura 7 (fotografia tirada no sentido Sul-Norte, i.e. de frente para a N6)

Fonte: IMPACTO. Novembro, 2021

Figura 7 – Parte da área proposta para a construção do Terminal de Combustíveis (imagem


captada no sentido Sul-Norte, i.e. com a N6 a norte)

O acesso principal ao Terminal de Combustíveis é através da Estrada Nacional Nº6 (N6; ver
Figura 8) integrada no Corredor da Beira, ligando Machipanda31 à Cidade da Beira.

Figura 8 – Estrada Nacional nº 6 (N6)


Outras estradas de ligação através das quais é possível aceder ao local do Projecto são a
Estrada Nacional N7 que estabelece a ligação entre Vanduzi e Zóbuè, a estrada regional
R965 (Messica – Mutocoma), a R966 (Nova Vanduzi – Beira) e a R526 (Chimoio OE –
Matsinho). A rede de estradas de acesso ao Terminal de combustíveis é apresentada no
mapa da Figura 9.

31 Vila do Distrito de Manica que faz fronteira com o Zimbabwe.


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 9 – Localização geográfica proposta para o Projecto da CPMZ e principais vias de


acesso

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

7.2 PRINCIPAIS INFRAESTRUTURAS E LAYOUT DO PROJECTO


As principais infraestruturas do Projecto estão listadas a seguir e, mais adiante, na Figura 10,
é mostrada a sua configuração esquematizada. Estas incluem o seguinte:
• Uma plataforma de carregamento para carga rodoviária com:
o Três (3) pórticos de carga, cada uma com 1 braço de abastecimento de gasóleo e
1 de gasolina32;
• Quatro (4) tanques para armazenamento de combustíveis líquidos
(com a capacidade total de 28 000 m3);
• Um (1) tanque de água de 1 500 m3 para o sistema de combate de incêndio;
• Um (1) tanque de separação água/óleo;
• Infraestruturas auxiliares, nomeadamente:
o Administração;
o Sala de controlo;
o Guarita;
o Oficina;
o Armazém;
o Sistema de distribuição de energia (gerador de emergência);
o Sistema de combate a incêndios;
o Parque de estacionamento;
o Tanque de água para uso potável.

32Um dos pórticos de carga será equipado com um braço de abastecimento adicional, dedicado ao combustível existente no separador
água/óleo.
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34
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental do “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica”

LEGENDA

A - Administração /Sala de Controlo


B - Oficina
C - Utilidades
D - Gerador
E - Tanque de água de incêndio
F - Edifício de controle de incêndio
G - Tanque de espuma
H - Parque de estacionamento
I - Oleoduto
J - Estação de recepção
K - Estação de expedição
L - Guarita
M - Áreas de carregamento de camiões
N - Separador de água/óleo
O - Entrada de camiões
P - Staging facility
Q - Paragem de autocarros
R - Tanque de água
S - Unidade de recuperação de vapor

Figura 10 – Representação esquematizada das principais infraestruturas do Terminal de Combustíveis proposto

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35
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

O desenvolvimento do design do Projecto compreenderá duas fases principais, como se


indica a seguir:
a) Projecto básico e pacote de engenharia, para tanque de armazenamento, plataformas
de carregamento (loading racks), conexão de oleoduto e outras instalações
necessárias do Projeto, incluindo estimativa de custo de ± 10%. Durante a fase de
engenharia, a empresa Contratada deve desenvolver o plano-mestre de layout do
local e os planos de terreno necessários, incluindo os principais equipamentos
definidos no Projecto, para processo, rotas de tubos, localização conceitual das
principais instalações subterrâneas e edifícios.
b) Serviços de Engenharia detalhados, aquisição, construção, teste e comissionamento.
A configuração das instalações será finalizada pela Contratada da CPMZ, com o
envolvimento directo da CPMZ, durante a fase de engenharia de base. Será igualmente
necessário realizar um levantamento topográfico detalhado e investigação geotécnica, antes
do início da construção.

7.3 PRINCIPAIS FASES E ACTIVIDADES DO PROJECTO, E RESPECTIVA DURAÇÃO


Resumem-se a seguir as actividades a realizar nas diferentes fases do Projecto,
nomeadamente Pré-Construção (“Fase Zero”), Construção (Fase I), Operação (Fase II) e
Desactivação (Fase III).
FASE PREPARATÓRIA (“FASE ZERO”)
Esta fase consiste numa série de procedimentos de preparação de todas as condições
necessárias para o início das obras de construção, incluindo mas não se limitando ao
seguinte:33
• Procedimentos administrativos (p.ex., finalização de Contratos, obtenção de licenças,
autorizações, aprovações e contratação de mão-de-obra);
• Levantamento topográfico detalhado e estudos geotécnicos (complementares aos
realizados em ligação com o processo de selecção do local do Projecto);
• Limpeza do terreno (p.ex., remoção de vegetação, terraplenagem, demarcação de áreas);
• Estabelecimento do estaleiro de obras;
• Transporte de materiais e equipamentos de construção necessários para o local do
Projecto;
• Armazenamento de materiais;
• Verificação/testagem de equipamentos;
• Treino de indução e formação para tarefas específicas, conforme necessário;
• Constituição de equipas de trabalho e planificação de jornadas de trabalho.
FASE DE CONSTRUÇÃO (FASE I)
Nesta fase serão edificados os tanques de combustível e todas as outras infraestruturas do
Terminal de Combustíveis. As actividades da fase de Construção incluem34, mas não se
limitam ao seguinte:
• Vedação do terreno a ser ocupado pelo Projecto (a vedação será mista, de muro de
alvenaria e rede metálica, com uma altura de 2 metros);
• Estabelecimento da via de acesso ao local do Projecto, incluindo sinalização rodoviária,
em coordenação com a ANE (ou com a Concessionária da N6, conforme instruído pela
ANE);

33 Listagem sem qualquer ordem pré-definida.


34 Idem.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

• Preparação do terreno (p.ex. terraplanagem, compactação, escavações para a


construção de edifícios e tanques);
• Construção de tanques;
• Abertura de valas para condutas e cabos;
• Construção de edifícios e parques de estacionamento;
• Construção de acessos internos;
• Sinalização diversa no interior do Terminal (p.ex. rodoviária, de segurança).
FASE DE OPERAÇÃO (FASE II)
O Terminal terá um regime de operação contínua, ao longo de todos os dias do ano, centrado
em três actividades principais. (i) recepção; (ii) armazenamento; e (iii) expedição de
combustíveis (gasóleo e gasolina).
As três actividades principais na Fase de Operação do Terminal são descritas a seguir.
➢ A) RECEPÇÃO DE COMBUSTÍVEIS

O Terminal de Combustíveis receberá


o combustível a partir do oleoduto da NOTA EXPLICATIVA SOBRE OS TERMOS
CPMZ existente. Quando uma “PIGGING” E “PIG”
remessa de combustível é recebida, o
“Pig” é recebido no “Receptor do Pig”, “Pigging” é uma técnica de inspecção interna de
e o combustível (gasóleo ou gasolina) oleodutos (ou outros tipos de condutas), na qual um
é desviado para o tanque de aparelho designado “Pig” é inserido no oleoduto, para
armazenamento correspondente. A realizar actividades de limpeza e manutenção,
partir do tanque de armazenamento, o inspeção, testagem, entre outras. Em oleodutos já
combustível é bombeado por meio de existentes, normalmente não é necessário interromper
bombas de abastecimento para o o fluxo do produto durante o processo de “Pigging”. O
pórtico de abastecimento. pig é projectado a partir de um “Lança-Pigs” ou
Um “Lança-Pigs” será igualmente “Estação de Lançamento” (“Pig Launcher” / “Launching
instalado no Terminal. Caso seja Station”), e segue o seu percurso ao longo do oleoduto.
necessário bombear uma remessa de Quando o “Pig” alcança a outra extremidade do
combustível de volta para o oleoduto, oleoduto, é “capturado” por um “Receptor de Pigs”
o tipo de combustível em questão irá
(“Receiving Station”). Este Receptor é isolado por meio
fluir do tanque de armazenamento,
de uma válvula, permitindo assim que o “pig” possa ser
através de uma bomba propulsora e
lançar o “Pig” para o oleoduto. removido em segurança.

Os tubos de entrada e saída do Terminal serão munidos de válvulas de shut-down de


emergência, que permitem que o fluxo de combustível seja interrompido se/quando
necessário, por questões de segurança. O processo de “Pigging” de entrada e de saída de
cada um dos tanques é igualmente controlado por válvulas de controlo, que são accionadas
na selecção do tanque a operar, assim como para prevenir o enchimento excessivo dos
tanques.
Após a chegada do combustível ao tanque de armazenamento, este pode ser transferido para
um dos três seguintes locais:
• Plataforma de carregamento rodoviário;
• Transferência entre tanques de armazenamento;

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

• Oleoduto da CPMZ existente.


TRANSFERÊNCIA DE COMBUSTÍVEL ENTRE TANQUES DE ARMAZENAMENTO
A transferência de combustível entre tanques de armazenamento pode ser necessária por duas
razões principais:
• Quando se recebe uma grande quantidade de combustível pelo oleoduto - é preferível
que toda a quantidade vá para um único tanque, fazendo-se posteriormente a
transferência para um outro tanque;
• Quando é necessário realizar a manutenção de um tanque, o produto nele contido deve
ser transferido para um segundo tanque.

➢ B) ARMAZENAMENTO DE COMBUSTÍVEIS

O combustível (gasóleo e gasolina) será armazenado em tanques superficiais (i.e. não


enterrados), cujas especificações são apresentadas mais adiante, na Secção 0.
d) CARREGAMENTO DOS CAMIÕES-CISTERNA E EXPEDIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS
Para o abastecimento de camiões-cisterna, existirão, no total, 3 bombas de abastecimento
para cada tipo de combustível (i.e. gasóleo e gasolina). O combustível armazenado sai dos
tanques, passa pelas bombas de carregamento e pela plataforma de carregamento, e enche
os camiões-cisterna. Duas bombas serão usadas para conduzir o combustível a quatro
braços de enchimento e a terceira bomba ficará em standby.
Cada tipo de combustível terá um sistema de carregamento completo, com tubagem, bombas
e braços de carregamento, para evitar qualquer contaminação com combustível de um tipo
diferente. Este equipamento permite o enchimento em simultâneo de dois camiões-cisterna.
As especificações das bombas de carregamento permitem o carregamento de um camião-
cisterna padrão de 40 m3 em 40 minutos, o que corresponde a uma taxa de fluxo de 60 m3/h
por cada ponto de carregamento. Serão incluídas, no total, 3 plataformas de carregamento,
com espaço para expansão futura, caso necessário.
Quando um camião-cisterna vai ser carregado, o operador liga a mangueira de carga e a
ligação a terra ao camião-cisterna, introduzindo depois o volume desejado no computador de
fluxo, na plataforma de carregamento. É iniciada então a bombagem de enchimento, enche-
se um compartimento, e subsequentemente, os outros compartimentos, até que todos
estejam cheios. Na Sala de Controlo é seguidamente preenchido e impresso um formulário,
com uma descrição completa do tipo de produto, volume a transportar, tempo de enchimento,
registos do veículo, número do cliente, entre vários outros detalhes.
A capacidade máxima dos camiões-cisterna através dos quais os combustíveis serão
expedidos deverá ser devidamente controlada por entidades reguladoras, de modo a estar
em conformidade com a capacidade das estradas a percorrer (incluindo pontes) e o peso
permitido por eixo ou quantidade total de produto permitida.

ACTIVIDADES COMPLEMENTARES DA FASE DE OPERAÇÃO


A Fase de Operação do Terminal abarca igualmente quaisquer actividades complementares à
recepção, armazenamento, carregamento e expedição de combustíveis (p.ex.: manutenção de
equipamento, controlo de segurança, actividades de Logística, Despacho Aduaneiro, Inspecções,
entre outras).

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FASE DE DESACTIVAÇÃO (FASE III)


À partida, o termo “desactivação do Projecto” pode ser interpretado como o encerramento
das operações e desmantelamento das infraestruturas do Projecto. Porém, nesta altura não
está ainda definido o destino a dar às instalações, terminado o seu tempo de vida útil,
estimado em 40-50 anos.
Ao fim do tempo de vida do Projecto, caso se decida pela continuidade das operações do
Terminal, as actividades do Projecto serão aquelas típicas da Fase de Operação, já descritas
anteriormente. Nessa altura poderá ser necessário avaliar as condições do equipamento e
das instalações e realizar trabalhos de manutenção e/ou melhoramento das instalações e do
equipamento.
Já no caso da possível desactivação da actividade e das instalações, as operações deverão
ser interrompidas e o combustível existente removido dos tanques, por meio do sistema de
condutas e tubagem existentes. O empreiteiro contratado deverá proceder à desmontagem
do equipamento e à dasactivação das instalações, o que poderá incluir a demolição de pelo
menos algumas delas.
A área poderá ser preparada para reaproveitamento para outros fins, ou recuperada para o
restabelecimento das suas condições naturais, conforme decidido pelas autoridades
competentes nessa altura. Este assunto é tratado em maior detalhe mais adiante, no
subcapítulo 0 (“Impactos na Fase de Desactivação”) deste Relatório.

7.4 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS E DE ENGENHARIA DO PROJECTO


TANQUES DE ARMAZENAMENTO DE COMBUSTÍVEL
Os 4 tanques de armazenamento de combustíveis serão superficiais, inseridos
separadamente, de acordo com o tipo de combustível, em bacias de retenção, com paredes
e piso de betão. Estas bacias serão inclinadas em direcção a um ponto central, de forma que
qualquer conteúdo derramado seja contido num tanque de depósito.
A planta dos tanques, assim como o espaçamento entre os tanques e os limites do Terminal
de Combustíveis, serão baseados na Norma NFPA 30 (Código de Líquidos Inflamáveis e
Combustíveis). Algumas características dos tanques a construir são apresentadas na Tabela
7 e descritas a seguir.
Tabela 7 – Algumas características dos tanques de armazenamento de combustível a
construir no Terminal
Nº de Capacidade Diâmetro Altura
Combustível Tecto Forma Configuração
tanques (m3) (m) (m)
Gasóleo 9 000 23,9 20 Fixo
2 Parte
9 000 23,9 20 Fixo
Gasolina ou inferior Vertical
5 000 17,8 20 Flutuante
2 Gasóleo cónica
5 000 17,8 20 Flutuante

a) IDENTIFICAÇÃO DOS TANQUES


Os tanques serão claramente marcados, para identificação do produto de acordo com o
código de cores (Norma de referência: API 1637); e Normas de referência para a projecção,
construção, inspecção, conservação, testagem e reparação dos tanques ( API 650, API 652,
API 653 e API 2610).
b) FUNDAÇÕES
As fundações dos tanques de armazenamento serão optimizadas de modo a reduzir os custos
da protecção catódica. Para os tanques de armazenamento serão utilizadas fundações sem
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estacas como estruturas de suporte. Especificações mais detalhadas das fundações serão
baseadas nos resultados de estudos geotécnicos detalhados.
Os tanques de armazenamento serão construídos sobre uma viga circular e circundados por
lajes de betão e paredes de protecção (bacia de contenção). Serão necessárias fundações
para as seguintes estruturas (exemplos):
• Tanques de armazenamento de combustível;
• Paredes das bacias de contenção;
• Estrutura da estação de bombagem;
• Suportes de tubos;
• Pórtico de carga;
• Escritórios e outras infraestruturas auxiliares.
c) REVESTIMENTO DE PROTECÇÃO
Os tanques serão revestidos com epóxi fenólico, para reduzir a corrosão por tensão, assim
como o início de fissuras e a propagação nas suas superfícies internas. O revestimento estará
de acordo com a Norma API 2610.
d) SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E REMOÇÃO DE ÁGUA
A ventilação dos tanques será projectada de acordo com a API 2000 (“ventilação atmosférica
e de baixa pressão para tanques de armazenamento”). Qualquer água que condense no
tanque de gasolina será removida através de uma mangueira flexível conectada à manta
flutuante, que o conduzirá a um tubo de drenagem para fora do tanque.
e) TUBAGEM E CANALIZAÇÃO
As tubagens serão de aço-carbono e estarão de acordo com a norma ASME B31.3. Os
rebordos obedecerão à norma ASME B16.5 e as juntas serão em espiral comprimido. As
tubagens, desde os tanques de armazenamento até ao pórtico de carga, serão
dimensionadas de forma a poderem fornecer o produto (i.e., gasóleo ou gasolina) a todos os
4 pórticos de carregamento em simultâneo, ou seja, 180 m3/h.
As tubagens desde o tanque de armazenamento até ao pórtico de carga, serão montadas
acima do solo; para os caminhos de passagem de tubos ou os cruzamentos sob condições
especiais haverá condutas de betão. As tubagens de processo localizadas no interior da
estação de bombagem serão apoiadas em suportes de aço ou travessas de tubos de betão.
Qualquer tubagem que seja enterrada será protegida com ânodo sacrifical.
A tubagem consistirá em tubos lisos (i.e. sem rugosidade), com um padrão industrial de
0,046 mm, considerado aceitável para tubos de aço carbono, respeitando o seguinte:
• A queda de pressão na tubagem não deve exceder 0,6 bar/100 m;
• A pressão de operação não deve exceder a pressão de operação de ASME
Classe 150 (máximo de 20 bar), tendo em conta o aumento de pressão;
• Velocidade máxima de operação do fluido: 4 m/s; velocidade mínima de operação do
fluido: 0,5 m/s.
f) TIPOS DE VÁLVULAS
• Válvulas de isolamento geral: serão válvulas esféricas resistentes ao fogo. Em
certas aplicações, o uso de outros tipos de válvulas de isolamento, tais como válvulas
de guilhotina, poderá ser mais apropriado (Norma de referência: API 6D);
• Válvulas de retenção: serão do tipo “wafer”, salvo de outro modo indicado nos
diagramas de tubagens e instrumentação (Norma de referência: API 600);
• Válvulas de descompressão: serão válvulas-piloto de mola (Norma de referência:
API 520/521);

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• Válvulas de alívio térmico: servirão para equipamentos e para secções que possam
vir a ficar trancadas por válvulas de isolamento. As ligações ao equipamento a
proteger devem ser feitas através de válvulas esféricas de bloqueio-abertura (Norma
de referência: API 520/521.
g) FILTROS DE PARTÍCULAS
Filtros de partículas serão instalados a montante de cada bomba. Estes filtros serão
tipicamente coadores em linha. O seu objectivo principal é o de remover qualquer material
particulado, impedindo-o de entrar e danificar as bombas (Norma de Referência: ASME VIII
– “Regras para a construção de reservatórios de pressão”).
h) SISTEMA DE CONTROLO DE VAPOR
Uma unidade de recuperação de vapor será instalada no local, para recuperar quaisquer
possíveis vapores dos tanques de armazenamento e do pórtico de abastecimento. Os
requisitos e as especificações deste sistema serão avaliados na finalização do design do
Projecto.
CAUDAL DO PROJECTO
O Terminal de Combustível será concebido de modo a receber o maior caudal de combustível
possível estabelecido nas especificações de bombagem (ver Secção 7.4.4).
As propriedades de entrada de combustível serão as seguintes:
• Fluxo de entrada do tanque a partir do oleoduto: 577 m3/h;
• Pressão de entrada a partir do oleoduto: 900 kPa;
O desenho do pórtico de carregamento será baseado no seguinte:
• 3 pórticos de carga capazes de carregar tanto gasóleo como gasolina;
• Operação 24 h/dia, 7 dias por semana;
• Camiões-cisterna com capacidade média de 40 m3;
• Cada camião-cisterna será conectado e abastecido em 1 hora – isto permite um tempo
de enchimento da cisterna de 40 minutos e um tempo de ligação de 20 minutos;
O Caudal de Projecto será de 60 m3/h por pórtico de abastecimento. Isto equivale a uma
capacidade de reposição do volume total de armazenamento de 3 vezes por mês no Terminal.

CAPACIDADE DE ABASTECIMENTO DE CAMIÕES-CISTERNA NO TERMINAL


O Terminal terá uma capacidade de abastecer 2 camiões-cisterna de 40 m3 a cada 40 minutos.
Não se dispõe de informação suficiente para se apresentar uma estimativa do número de camiões
a abastecer por dia.

ESPECIFICAÇÕES DOS COMBUSTÍVEIS


Algumas especificações dos combustíveis a serem recebidos do oleoduto da CPMZ estão
indicadas a seguir, na Tabela 8.

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Tabela 8 – Algumas especificações dos combustíveis a serem recebidos do oleoduto da


CPMZ
Produto
Característica
Gasóleo Gasolina
Gravidade específica 0,85 0,73
Ponto de ignição (ºC) 66 22
Pressão de vapor a 25ºC (kPa) 0,08 45,5
Viscosidade dinâmica (cP) a 20ºC 3,4 0,73
Viscosidade dinâmica (cP) a 25ºC 2,9 0,68
Viscosidade dinâmica (cP) a 30ºC 2,5 0,64

BOMBAS
O Terminal está projectado de modo a receber a maior taxa de fluxo concebida no projecto
das bombas de enchimento dos camiões-cisterna. Enquanto um tanque em particular estiver
a receber combustível do oleoduto, o outro tanque do mesmo produto será usado para
fornecer combustível à plataforma de carregamento de combustível. A passagem e a
interrupção da passagem de combustível entre os tanques e as bombas é controlada por
válvulas. A montante de cada bomba existirá um filtro, com o propósito de remover partículas
sólidas do fluxo do combustível e proteger as partes internas da bomba.
As bombas de abastecimento serão dimensionadas de acordo com o seguinte princípio:
a) Se uma plataforma de carregamento necessita de combustível, uma bomba é ligada
e fica em operação;
b) Se duas plataformas de carregamento necessitam de combustível, uma bomba fica
em operação, com a taxa de fluxo mais alta;
c) Se três plataformas de carregamento necessitam de combustível, uma segunda
bomba é ligada e fica em operação.

GESTÃO DE DERRAMES
➢ CONTENÇÃO DE DERRAMES DOS TANQUES DE COMBUSTÍVEL
Os tanques de armazenamento serão instalados de forma agrupada em áreas com bacias de
contenção, sendo que existirá uma bacia de contenção para os tanques de gasóleo, e outra
para os tanques de gasolina. A bacia de contenção será inclinada para um ponto central,
onde todo o conteúdo derramado será armazenado num poço de armazenamento de
combustível derramado.
Como um requisito mínimo, uma bacia de contenção deve ter a capacidade para conter o
volume máximo do combustível que pode ser derramado do maior tanque contido na bacia,
assumindo que o tanque esteja cheio (Norma de referência: NFPA 30). O volume dos outros
tanques existentes na área da bacia de contenção deve ser, assim, deduzido da capacidade
da bacia.
Cada uma das bacias de contenção de derrames dos tanques de combustível no Terminal
terá a capacidade para conter, no mínimo, 110% da capacidade do maior tanque contido na
bacia, assumindo que o tanque esteja cheio, ou 25% da capacidade de todos os tanques
existentes na bacia de contenção, independentemente da capacidade do maior tanque

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(Norma de Referência: EI Model Code of Safe Practice Part 2, que orienta sobre layout,
design, construção e operação de instalações de distribuição de combustível).
O chão da bacia de contenção será construído em betão armado e suficientemente selado,
para conter todo o produto se a bacia de contenção estiver cheia. Os pontos de penetração
da tubagem através das paredes das bacias de contenção serão completamente vedados,
para evitar fugas de combustível.
➢ CONTENÇÃO SECUNDÁRIA E DETECÇÃO DE FUGAS
Uma membrana impermeável de polietileno de alta densidade (HDPE)35 de 1,5 mm de
espessura deve ser instalada sob todas as placas do fundo dos tanques de combustível, para
conter qualquer vazamento do fundo do tanque e garantir que qualquer vazamento seja
redireccionado para os sistemas de detecção. Um tubo de detecção de vazamento, de
plástico, reforçado com vidro (GRP, ou fibra de vidro),36 será instalado abaixo da placa inferior
e acima da membrana HDPE, sob cada tanque. O tubo levará a um ponto de inspecção no
nível do solo fora de cada tanque.
➢ CONTENÇÃO DE DERRAMES NA PLATAFORMA DE CARREGAMENTO
Possíveis derrames no pórtico de carga ou nas bacias de contenção terão o seu fluxo
direccionado para o sistema de drenagem e seguirão para o separador de óleo/água, que
será instalado no local, com a finalidade de proceder à separação entre o combustível e a
água. O combustível resultante deste processo de separação pode ser reciclado para os
tanques de gasóleo.
Cada plataforma de carregamento será equipada com 2 braços de carga, cada um dedicado
a gasolina ou gasóleo. Um dos pórticos de carga será equipado com um braço de carga
adicional, que será dedicado ao carregamento do conteúdo do tanque de interface. A
plataforma de carregamento terá uma bacia central de captação de derrames, com tubagens
que irão direccionar qualquer combustível derramado para o tanque de armazenamento de
combustível derramado. Assim, qualquer derrame de combustível que possa ocorrer numa
plataforma de carregamento será conduzido para o sistema de drenagem, que irá conter um
separador água/óleo, onde será feita a separação, para a posterior transferência de volta para
o tanque de armazenamento de gasóleo ou gasolina, conforme o caso.
➢ CONTENÇÃO DE DERRAMES NA ESTAÇÃO DE BOMBAGEM
As bombas serão montadas sobre plintos (bases de suporte) de betão armado. A estação de
bombagem será localizada dentro de uma área de captação, construída em betão, a fim de
conter quaisquer possíveis derrames. Será construído um poço com capacidade suficiente
para conter os volumes totais de produto contido na tubagem e no equipamento da estação
de bombagem e ainda uma capacidade adicional, i.e., o volume da interface, se necessário.

CONTROLO DE DERRAMES A PARTIR DA SALA DE CONTROLO

O controlo de derrames de combustíveis (e de outros materiais inflamáveis/tóxicos) é uma das


principais medidas de prevenção de riscos de emergência cuja implementação será necessária no
Terminal de Combustíveis. A informação disponível sobre o Projecto indica que o controlo de
derrames nas operações de recepção, armazenamento, manuseamento e expedição de
combustíveis será caracterizado por um grande nível de automatização. A partir da Sala de Controlo
do Terminal será possível, de forma automática, accionar válvulas, para interromper o fluxo de
combustível para os tanques, no acto de enchimento dos tanques, e para os camiões cisterna, no
acto de expedição do combustível.

35 HDPE: abreviatura em inglês de High-density polyethylene (polietileno de alta densidade);


36 GRP: abreviatura em inglês de Glass Reinforced Plastic, vulgarmente conhecido como fibra de vidro (fiberglass).
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SISTEMA ELÉCTRICO
Os equipamentos eléctricos devem ser projectados, fabricados e testados de acordo com as
normas da Comissão Electrotécnica Internacional (IEC – International Electrotechnical
Commission) ou normas equivalentes aprovadas. O local proposto para a construção do
Terminal de Vanduzi encontra-se -se em relativa proximidade (cerca de 2 km) de uma linha
eléctrica aérea de média tensão, a partir da qual se pretende derivar energia para o Projecto.
Para o efeito será necessário instalar um transformador e um comutador, para o
estabelecimento da ligação de Baixa Tensão para o Terminal.
➢ PRINCIPAL EQUIPAMENTO PARA O SISTEMA ELÉCTRICO
Inclui o seguinte (lista não exaustiva):

• Cabos de alimentação de entrada;


• Transformadores;
• Aparelhagem de comutação;
• Geradores de apoio (back-up);
• MCC (Centro de Controlo de Motores);37
• Quadros de distribuição de energia;
• Arrancadores de motores de bomba;
• Cabos eléctricos;
• UPS (Fonte de Alimentação Ininterrupta)38 para SCADA (Sistemas de Supervisão e
Aquisição de Dados)39 e sistema de controlo;
• Iluminação e baixa potência;
• Ligação a terra e protecção contra descargas atmosféricas;
• Unidade rectificadora de transformador, para protecção catódica – a ser determinada
após a inspecção do sistema de protecção catódica.
➢ MOTORES
Os motores para bombas terão protecção contra intempéries e fogo. O grau mínimo de
protecção da entrada de água nos seus invólucros será o determinado pela norma IEC 60529
(IP 55). Os limites de ruído dos motores obedecerão aos códigos e normas internacionais,
tipicamente limitados a 85 dBa a 1 m de distância.
➢ CABOS
Todos os cabos de energia e controlo serão de núcleo de cobre e serão enterrados
directamente no subsolo, em condutas. Todos os cabos para motores de bombas, iluminação
e outros fins serão instalados acima do solo em estruturas (“escadotes” ou “tabuleiros”) de
cabos galvanizados a quente. Os cabos instalados no exterior serão enterrados directamente
no subsolo, em condutas.
➢ UPS
A existência de UPS (fonte de alimentação ininterrupta) irá possibilitar o encerramento seguro
do sistema de controlo, em caso de falhas. Este Sistema fornecerá também corrente eléctrica
essencial para os mecanismos de controlo locais, o sistema de controlo, as salas de
comutação e a sala de controlo. O sistema terá uma autonomia mínima de 1 hora. A UPS
será composta por rectificador, baterias e unidade inversora. As baterias serão de baixa
manutenção e de longa duração. Os níveis de tensão de saída serão reflectidos na concepção
final do sistema.

37 Em Inglês: Motor Control Center.


38 Em Inglês: Uninterruptible Power Supply.
39 Em Inglês: Supervisory Control and Data Acquisition.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
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➢ LIGAÇÃO A TERRA
Todos os equipamentos pertencentes ao Terminal serão conectados à rede de terra, para
garantir a protecção contra raios e ligações equipotenciais. A resistência da ligação a terra
não deve ser superior a 2 Ohm.
SISTEMA DE AR COMPRIMIDO
Este sistema fornecerá o ar comprimido necessário para instrumentos e equipamentos, de
acordo com as especificações do fabricante e baseado em normas internacionais.
SISTEMA DE CONTROLO OPERACIONAL
O Sistema de Controlo do funcionamento do Terminal será caracterizado por um alto nível de
automatização e será projectado com os seguintes objectivos:
• Providenciar aos operadores um sistema seguro, eficiente e confiável para a operação
do Terminal;
• Estabelecer a interface com o equipamento do Terminal, incluindo a instrumentação
e controlos de campo, bem como os sistemas de alarme de incêndio;
• Providenciar as condições necessárias para o controlo e detecção de derrames, e
isolamento do Terminal, em caso de derrame;
• Permitir que os operadores interajam com o equipamento do Terminal por meio de
monitores gráficos, em tempo real.
O sistema será baseado em SCADA (Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados),
organizado em torno de uma rede de Ethernet redundante. O sistema deverá incluir as
seguintes funções de última geração:
• Componentes redundantes do sistema para HMI,40 CPU (Unidade Central de
Processamento), fonte de alimentação e redes em série;
• Sistemas de medição de tanques por radar, para monitorar os níveis dos tanques;
• Válvulas operadas por motor com PLC (controlador lógico programável)41 integrado
para monitoramento e controlo;
• Controlador electrónico pré-definido, para carregamento de camiões;
• Sistema de alarme de incêndio, para detecção de incêndios;
• Sistema de desligamento de emergência, com capacidade de desligamento (shut-
down) automático em caso de emergência;
• Sistema de protecção contra transbordamento de tanques, baseado em PLC.
O Sistema de Controlo do Terminal será operado a partir de uma Sala de Controlo. Esta sala
terá um tecto ondulado e um piso elevado, para suportar as condições climáticas locais
(principalmente chuvas e ventos) e painéis e acessórios do sistema de controlo e segurança.
➢ MEDIÇÃO DE FLUXO
Existirão instalações de medição de fluxo devidamente certificados, na entrada do Terminal
e nos pórticos de carga, para o controlo das transferências de combustível. Os contadores
terão um indicador local no contador, assim como uma ligação electrónica ao computador de
fluxo e ao sistema SCADA.

40 “Human-Machine Interface” ou, em Português, “interface homem-máquina”. Consiste em um painel que permite a um usuário comunicar
com uma máquina, um programa de computador ou um sistema. Tecnicamente, refere-se a qualquer tela que possa ser usada para interagir
com um dispositivo mas, em geral, o termo é usado para descrever as telas utilizadas em ambientes industriais.
41 Em Inglês: Programmable Logic Controller.

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➢ ACCIONAMENTO DE VÁLVULAS
Os accionadores de válvulas serão eléctricos e adequados para operar ao ar livre, sendo por
isso resistentes a fogo e a explosões.
SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIOS
O sistema de prevenção e combate a incêndios será projectado de acordo com as normas
da NFPA 30 (Código de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis), que estabelece medidas para
reduzir os riscos associados ao armazenamento, manuseamento e uso de líquidos
inflamáveis e combustíveis. Haverá um sistema fixo de espuma com tamanho suficiente para
proteger os tanques, a bacia de contenção, as bombas e o pórtico de abastecimento de
camiões-cisterna. O sistema incluirá o seguinte:
• Sistema de detecção e alarme para fugas de combustível;
• Aspersores de espuma fixos montados na estação de bombagem;
• Tanque de água;
• Bomba de água de incêndio;
• Tanque de concentrado de espuma;
• Equipamento de dosagem de espuma (válvulas de dilúvio);
• Espuma de película aquosa resistente ao álcool (ARAFFF)42;
• Vertedores de espuma para as bacias de retenção;
• Vertedores fixos de espuma para os tanques;
• Monitores / Bocas de incêndio;
• Unidades móveis lança-espuma (foam trolleys);
• Anéis de arrefecimento de tanques.
Cada tanque será equipado com um vertedor de espuma fixo, posicionado no topo do tanque,
ligado ao sistema de espuma de combate a incêndio, que será activado em caso de incêndio
de um tanque. Cada tanque será também equipado com anéis de refrigeração do tanque que
serão utilizados para proteger o tanque em caso de incêndio de um tanque adjacente.
O tanque de água para o combate a incêndios será abastecido por um sistema de água
canalizada, com pressão suficiente para o efeito. Os edifícios possuirão extintores,
posicionados estrategicamente para serem usados em caso de fogos de pequena dimensão.
Por razões de segurança, para garantir a conformidade com normas internacionais de
segurança contra incêndios e ainda o cumprimento de normas e legislação nacionais, a
tubagem e o equipamento que entra em contacto com o combustível serão sujeitos a
confirmação do fabricante em termos de compatibilidade, e/ou a uma certificação por
terceiros, conforme aplicável.
➢ BOMBA E TANQUE DE ÁGUA PARA COMBATE A INCÊNDIOS
Será instalada no Terminal uma bomba de água para combate a incêndios, em conformidade
com a norma NFPA. A bomba de água para combate a incêndios será abastecida a partir do
tanque de armazenamento de água, cujo dimensionamento estará em conformidade com a
Norma NFPA. O tanque de água para combate a incêndios será abastecido por uma conduta
de água do sistema público (caso tal água esteja disponível), ou por um furo que, no caso,
deverá ser construído pela CPMZ.

42 Em Inglês: Alcohol Resistant Aqueous Film-Forming Foam.


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➢ PROPORÇÃO DE ESPUMA
Será instalado no Terminal um doseador fixo de espuma. O doseador receberá água da
bomba de água para combate a incêndios, e concentrado de espuma a partir do tanque de
concentrado de espuma, na proporção especificada para o Projecto (tipicamente 3%). O
descarregamento de espuma será feito nos locais onde esta seja necessária.
➢ TANQUE DE CONCENTRADO DE ESPUMA
Será instalado um tanque de armazenamento de concentrado de espuma, com as dimensões
de acordo com a norma NFPA 11. Este tanque será instalado ou num edifício, ou sob uma
estrutura protegida com cobertura, uma vez que o concentrado de espuma normalmente se
deteriora a temperaturas altas, acima de 40ºC.
EDIFÍCIOS
As especificações para os edifícios em termos de área e principais tipos de materiais de
construção constam a seguir, na Tabela 9.
Tabela 9 – Edifícios a construir – área e principais tipos de materiais de construção
Descrição Área (m2) Principal tipo de
material de
construção
Administração*, Sala de Controlo, Laboratório 300 Betão / blocos
Guarita 20 Betão / blocos
Edifício utilitário (oficinas de manutenção e armazéns) 150 Betão / blocos
Equipamento de distribuição de energia 75 Betão
Estação de bombagem de água para combate a incêndios 50 Aço
Área de carregamento de camiões Por determinar Aço
Estação de bombagem Por determinar Aço
Parque de estacionamento de camiões Por determinar Pavimentado
*O edifício da administração irá acomodar, funcionários alfandegários, despachantes e inspectores, para além
dos trabalhadores do Projecto afectos ao sector administrativo. Prevê-se o estabelecimento de uma cantina, para
servir pelo menos o pessoal o pessoal do Projecto e os motoristas dos camiões.

7.5 NORMAS TÉCNICAS E DE ENGENHARIA


A Tabela 10, a seguir, indica as Normas de referência para infraestruturas e equipamentos
do Terminal de Combustíveis de Vanduzi.
Tabela 10 – Normas e Códigos de referência para a construção do Terminal, a serem
considerados no Projecto
Tipo de obra Normas de Referência para a Construção
(designações originais em Inglês)
Tanques, Bombas e - American Petroleum Institute (USA)
Condutas - American Society of Mechanical Engineers (USA)
Sistemas de Controlo - American Petroleum Institute (USA)
- British Standards Institute (UK)
Equipamento Eléctrico - Institute of Electrical and Electronics Engineer (USA)
- Independent Electrical Constructors (USA)
- British Standards Institute (UK)

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Tipo de obra Normas de Referência para a Construção


(designações originais em Inglês)
Sistemas de Protecção - National Fire Association (USA)
contra Incêndio - International Protection Ratings (UK)

Trabalhos em Aço - British Standards Institute (UK)

Obras Civis - British Standards Institute (UK)


- Construction Industry Research and Information Association
(UK)
Edifícios - British Standards Institute (UK)
- Uniform Building Codes (USA)
- Metal Buildings Manufacturers Association (USA)
- American Society of Mechanical Engineers (USA)

Tanques de - American Water Works Association (USA)


Armazenamento de - British Standards Institute (UK)
Água

No Anexo 5 estão listadas de uma forma mais abrangente as diversas Normas de referência para
o Projecto. Normas, Códigos e Padrões locais serão considerados sempre que estes sejam mais
rigorosos que os internacionais.

7.6 FORNECIMENTO DE ÁGUA E ENERGIA ELÉCTRICA


Estima-se que o consumo médio mensal será de aproximadamente 10 m3. Na área do
Projecto, o sistema público de abastecimento de água é operacionalizado pelo Fundo de
Investimento do Património de Abastecimento de Água (FIPAG). A água fornecida pelo
FIPAG foi inicialmente considerada como a fonte a ser usada suprir as necessidades do
Projecto. Assume-se, contudo, que esta poderá ser insuficiente para o efeito, daí que esteja
prevista a abertura de pelo menos um furo de água dentro do recinto destinado às instalações
do Projecto. Pretende-se, assim, garantir que o consumo de água pelo Projecto não afecte a
disponibilidade de água para os utentes da área.
Para actividades como extinção de incêndio, resfriamento externo dos tanques de
armazenamento, protecção das rotas de fuga e preparação da solução de espuma, será
usada água de um furo. Esta água será, eventualmente, usada também para outros fins, em
função da necessidade e disponibilidade. O uso da água do FIPAG dependerá das
capacidades do FIPAG de fornecer as quantidades necessárias de água para o Projecto, sem
comprometer os usos locais.
A energia irá derivar de uma linha de média tensão da Electricidade de Moçambique (EDM).
Além da utilização da energia da rede nacional, o Projecto irá dispor também de geradores,
para serem usados como fonte de emergência. O consumo médio mensal de energia eléctrica
será de aproximadamente 250 000 kWh.

7.7 FONTE DE INERTES


Os inertes (rochas, pedras, areia e outros), serão adquiridos em pedreiras e areeiros
existentes na Província de Manica.

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7.8 FONTE DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS E DE PESADOS


Os equipamentos e materiais pesados (p.ex., grandes chapas metálicas, tubos) necessários
para a construção dos tanques serão importados principalmente da África do Sul e da China.
Estes terão como pontos de entrada o Porto da Beira, e as fronteiras terrestres de Ressano
Garcia (fronteira com a África do Sul) e de Machipanda (fronteira com o Zimbabwe). Os
equipamentos e materiais que entrarem no País pelo Porto da Beira transitarão pela Estrada
Nacional Número 6 (N6), até ao local do Projecto. Os que entrarem pela África do Sul, por
sua vez, seguirão da Província de Maputo pela N1 até Inchope (Província de Manica), a partir
de onde passarão a circular também pela N6, até Vanduzi.

7.9 GESTÃO DE RESÍDUOS


➢ RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos gerados pelo Projecto irão incluir, entre outros, o seguinte:
• Resíduos de vegetação removida na limpeza do terreno para efeitos de construção;
• Embalagens e restos de materiais de construção – metal, plástico, borracha, madeira,
plástico, vidro, entre outros;
• Cimento, entulho da construção;
• Resíduos derivados de actividades “domésticas” – incluem restos de alimentos,
embalagens/recipientes de produtos alimentares (p.ex., embalagens isotérmicas, de
plástico, ou de papel, latas, garrafas plásticas e de vidro), resíduos de material de
escritório e outros, como papel, cartão, plástico, entre outros), que podem ser
categorizados como resíduos sólidos urbanos;
• Resíduos e efluentes perigosos – tinteiros usados, embalagens de tintas / solventes /
óleo / decapantes produtos anticorrosivos); óleo queimado; filtros usados; materiais
de limpeza e outros contaminados; massas gordurosas; lamas resultantes do
processo de separação de óleo-água; água oleosas.
Os resíduos sólidos urbanos produzidos no Terminal serão depositados em sacos plásticos
e em recipientes/contentores apropriados, para a posterior recolha por uma viatura licenciada
para o efeito; esta actividade poderá ser alocada a terceiros.
➢ ÁGUAS PLUVIAIS E ÁGUAS RESIDUAIS
As águas pluviais e as águas de combate a incêndio que se sejam captadas nas bacias de
contenção dos tanques e das bombas, na zona da plataforma de carregamento e em outras
áreas operacionais drenarão para poços de recolha especialmente destinados para o efeito.
Águas não contaminadas serão bombeadas para um sistema de fossas séptica ou de
drenagem local.
Águas oleosas serão bombeada para uma caixa colectora de água oleosa, para tratamento
por um separador mecânico de água oleosa (OWS),43 com capacidade adequada para
separar em 5 dias toda a água contida na caixa de recolha. O equipamento de separação
água-óleo inclui câmaras de separação, skimmers (escumadeiras) de óleo ajustáveis, bomba
de água oleosa e um mecanismo de controlo automático, operado a partir da Sala de
Controlo. Nesse tratamento são removidos da água os resíduos de combustíveis e
lubrificantes, restando no fim do processo uma água lamacenta, imprópria para a reutilização,
que é lançada no esgoto comum. O óleo recuperado do reservatório de água oleosa será
bombeado para uma caixa colectora colecta de óleo de baixo grau.

43 Abreviatura em Inglês de Oil-Water Separator.


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Os resíduos retirados da água compõem uma espécie de lama tóxica, que deve ser recolhida
por uma empresa especializada, para a sua deposição correcta. A água limpa será
descarregada para o sistema de absorção no local e o óleo recuperado será descarregado
para a caixa colectora de óleo de baixo grau, antes da remoção por camiões-tanque, para
descarte adequado.

7.10 MÃO-DE-OBRA (FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DE OPERAÇÃO)


Estima-se que para a Fase de Construção possam ser contratados aproximadamente
100 trabalhadores (dos quais pelo menos 90% deverão ser nacionais). O número exacto
dependerá, em grande medida, das necessidades do Empreiteiro da Construção e poderá
variar ao longo do tempo, principalmente devido à existência de trabalhadores em regime de
avença, que serão contratados ou dispensados conforme necessário (p.ex., pessoal
contratado para a remoção da vegetação nas áreas de construção, que não presente os
requisitos necessários para a integração em outras actividades do Projecto poderá ser
dispensado após o término das suas funções).

O número de vagas será confirmado previamente ao início das actividades, em cada acto de
lançamento de candidaturas. Para cargos de carácter especializado, é de esperar que o
Empreiteiro disponha de um quadro de pessoal já afecto à sua empresa (p.ex. Engenheiros, gestor
admininistrativo, entre outros). Isso limita, à partida, a possibilidade de contratação de pessoal para
tais tarefas.

Para a Fase de Operação do Terminal estima-se que o quadro de pessoal necessário será
constituído por aproximadamente 30 trabalhadores nacionais e em princípio não incluirá
expatriados.

Quanto à Fase de Desactivação, considera-se prematuro avançar com estimativas de


quantidade de mão-de-obra, na medida em que a dimensão do trabalho a executar
dependerá, em grande medida, da decisão futura de desmantelamento ou não do Terminal,
terminado o ciclo de vida do Projecto (estimado em 40-50 anos) e ainda dos níveis de
desenvolvimento tecnológicos que tiverem sido alcançados nessa altura, entre outros
factores.

7.11 CALENDÁRIO DO PROJECTO


O calendário do Projecto preliminarmente estabelecido resume-se no seguinte:
• A Fase de pré-construção (“Fase Zero”) poderá durar 6 meses ou mais, dependendo
da celeridade com que for possível finalizar as diversas tarefas a executar, as quais
se encontram listadas na Secção 7.3.1;
• A Fase de Construção (Fase I) terá a duração aproximada de 2 anos;
• A Fase de Operação (Fase II) terá duração estimada em 40 a 50 anos;
• Quando à Fase de Desactivação (Fase III), não existe informação suficiente para que
se possa fazer uma estimativa de duração.
Existem diversos procedimentos que deverão ser cumpridos pelo Proponente desde a
obtenção da Licença Ambiental (e de várias outras licenças e autorizações relacionadas com
actividades do sector de combustíveis), até à aquisição de financiamento, e à preparação e
início da implementação do Projecto. Deste modo, o Proponente entende que nesta altura
não existe informação suficiente para avançar uma data para o início das obras de construção
do Terminal. Quanto à Fase de Operação, esta irá iniciar-se tão cedo quanto possível após o
término da construção e assim que estiverem criadas as condições necessárias para o efeito.

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8 SITUAÇÃO DE DIREITO E USO DE APROVEITAMENTO DA


TERRA NA AREA DO PROJECTO
O principal uso da terra na zona para a qual a CPMZ requereu o DUAT para a construção do
Terminal de Combustíveis de Vanduzi é a agricultura de subsistência. Os campos agrícolas
são intercalados com graminal e matas arbustivs secundárias, estabelecidas por meios
naturais no período de6 pousio das machambas, para a recuperação dos solos.
O local do Projecto não possui habitações nem qualquer outro tipo de estrutura edificada e,
segundo informação fornecida pela CPMZ e também por entrevistados locais, o terreno
encontrava-se nessa condição quando a CPMZ iniciou a tramitação do Processo do DUAT.
Assim sendo, no âmbito do presente Projecto não está prevista qualquer acção de
reassentamento de agregados familiares, nem de expropriação de terras. Aplicam-se, no
entanto, as disposições sobre compensação por perdas e danos contidas na legislação sobre
o reassentamento, dado que o Projecto implicou a deslocação económica de algumas
famílias.44

AUITORIZAÇÃO DE DUAT PARA A ÁREA DO PROJECTO


Ainda antes do início da AIA foi concedida à CPMZ uma “Autorização Provisória de Direito de Uso
e Aproveitamento da Terra”, com o número 3256, emitida em Chimoio pelo Governo da Província
de Manica, ao abrigo do Regulamento da Lei de Terras (Decreto nº66/98 de 8 de Dezembro;
números 1, 2 e 3 do artigo 28). A referida Autorização, emitida inicialmente aos 9 de Julho de 2020,
e renovada a 9 de Agosto de 2022 corresponde a uma área de 50 hectares, e é válida por um
período de 3 (três) anos (Ver Anexo 6).
Como parte do processo da aquisição do DUAT, a CPMZ procedeu à indemnização das 7 (sete)
famílias que possuíam machambas no local do Projecto. A indemnização está referenciada no
Relatório de Revisão do EPDA e TdR que acompanha a respectiva carta de aprovação emitida
pela DINAB. Na carta em referência a DINAB atesta que “esta compensação foi acompanhada
pelo Serviço Distrital de Actividades Económicas de Vanduzi e está devidamente documentada”
(ver ponto 7.c) do Anexo 2).
Mais tarde, após alegações (na reunião de Consulta Pública da Fase do EPDA em Vanduzi) de
que havia pelo menos mais 3 famílias por compensar, a CPMZ, em coordenação com as
autoridades locais, verificou a elegibilidade das famílias em questão e efectuou as negociações
dos valores envolvidos. Neste processo, constatou-se, entretanto, que o número total adicional de
famílias a compensar seria 4 (e não 3). Face a esta constatação, A CPMZ optou por excluir do seu
traçado a área de duas famílias, e compensar apenas 2, o que foi feito em Setembro de 2022.
Cópias da documentação que comprova as compensações são apresentadas no Anexo 6,
juntamente com a Autorização Provisória de DUAT.

44O termo “deslocação económica” é aqui utilizado para designar a deslocação permanente ou temporária de indivíduos, agregados
familiares ou comunidades, que passam a ter a restrição do acesso à terra ou a recursos importantes para a sua sobrevivência e bem-
estar económico.
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9 PARECERES INSTITUCIONAIS SOBRE O PROJECTO


Ao longo da AIA o Proponente solicitou pareceres sobre o Projecto a três instituições do
Sector Público, nomeadamente:
• Administração Nacional de Estradas (ANE);
• Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG) – Área
Operacional de Manica (AOM);
• Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) – Direcção Nacional de
Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC).
Informação a respeito deste assunto é especificada a seguir e cópias dos referidos pareceres
são apresentadas no Anexo 7.

9.1 PARECER DA ANE


Em cumprimento de uma determinação do Serviço Provincial do Ambiente (SPA) de Manica,
aquando da fase de Instrução do processo de AIA, a CPMZ solicitou à ANE – Delegação
Provincial de Manica um parecer sobre o Projecto. Em resposta, a ANE emitiu um parecer,
datado de 6 de Março de 2020, no qual solicita o fornecimento da proposta de acessos, para
que esta autoridade possa sugerir “o tipo de sinalização a implementar sem, no entanto,
comprometer o início do projecto em causa”. De salientar que a ANE condicionou o seu
parecer favorável ao cumprimento escrupuloso das “regras respeitantes à segurança
rodoviária nos acessos ao empreendimento” (ver Anexo 7).
A N6, assim como as respectivas estradas de ligação e infraestruturas conexas, está
concessionada à empresa Sociedade Rede Viária de Moçambique, S.A. (REVIMO), como
estabelecido pelo Decreto n.º 93/2019, de 17 de Dezembro. Isto significa que a REVIMO é,
em nome da ANE, a empresa encarregue da gestão da N6, incluindo as respectivas estradas
de ligação e infraestruturas conexas.

ACESSO AO LOCAL DO PROJECTO: ARTICULAÇÃO COM A ANE


O acesso ao Terminal de combustíveis será estabelecido a partir da N6. Torna-se, assim,
imperioso que a CPMZ articule com a ANE (e/ou com a sua Concessionária autorizada, conforme
seja instruída a tramitar o processo), no sentido de obter as licenças/autorizações/aprovações para
a execução de quaisquer obras relativas à via de ligação ao local do Projecto, a partir da N6
(incluindo a respectiva sinalização). Para o efeito, a CPMZ deverá partilhar com a ANE (e/ou com
a sua Concessionária autorizada) as especificações técnicas do Projecto que sejam de interesse
para a ANE (e/ou para a sua Concessionária autorizada) enquanto entidade de gestão da N6,
incluindo uma proposta de via de acesso ao local do Projecto.

9.2 PARECER DO FIPAG


Para além do parecer da ANE mencionado anteriormente, o SPA instruiu também o
Proponente a solicitar um parecer do Fundo de Investimento do Património de Abastecimento
de Água (FIPAG), entidade provedora dos serviços públicos de abastecimento de água na
zona do Projecto, o que foi cumprido pelo Proponente.
O parecer do FIPAG – Área Operacional de Manica (AOM), datado de 16 de Março de 2020,
foi emitido após uma visita ao local do Projecto, efectuada por um técnico do Gabinete de
Estudos e Projectos desta instituição. Tal parecer é favorável ao Projecto, indicando que “a
área em causa não possui nenhuma linha de conduta de água, estando aproximadamente a
4,5 km de distância do último ponto de referência da área de construção”. No parecer consta

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ainda que o FIPAG – AOM “não possui nenhuma objecção técnica” à construção da
infraestrutura proposta pela CPMZ (ver Anexo 7).

9.3 PARECER DA DNHC


Durante o processo de revisão/avaliação do Relatório do EPDA e TdR do EIA, a Direcção
Nacional de Ambiente (DINAB) instruiu a CPMZ a apresentar um Parecer Direcção Nacional
de Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC)45 sobre o Projecto. O fundamento para o efeito
provém do Diploma Ministerial n.º 176/2014 de 22 de Outubro46 (número 1 do artigo 5), onde
se lê o seguinte: “Todos os pedidos de obtenção de licenças para a construção de postos de
Abastecimento (…) serão devidamente emanados pelas instituições com poderes para tal,
depois de obtido o parecer por escrito do Ministério que tutela a área de energia, e depois de
avaliados os aspectos técnicos e a conformidade do projecto em relação ao plano estratégico
do sector (…)”.
O pedido de Parecer submetido pela CPMZ à DNHC foi suportado por documentação diversa
compilada pela CPMZ, contendo detalhes técnicos sobre o Projecto, incluindo a Memória
descritiva e Plantas, em conformidade com o especificado nas alíneas a), b), c) e d) do
número 1 do Diploma Ministerial acima referido.
A carta da DNHC (Nota n.º 396/MIREME/DNHC/DL/341/22; ver Anexo 7), emitida após um
longo processo de interacção entre a DNHC e a CPMZ, indica tratar-se de um “parecer
preliminar favorável, para permitir que sejam preenchidos todos os requisitos exigidos”. Na
carta é referido ainda que “o parecer definitivo para o início das obras será dado após a junção
de todos os pareceres e licenças de outras entidades intervenientes na matéria e a definição
final do âmbito do Projecto”. Entendendo o Consultor que, do ponto de vista da AIA, a
obtenção da Licença Ambiental seria uma das condicionantes do parecer definitivo, o
Consultor, em nome da CPMZ, submeteu o parecer da DNHC à consideração da DINAB.
Subsequentemente, a DINAB emitiu uma carta de aprovação do EPDA (Ref.ª N.º
100/MTA/183/GM/22/22 (apresentada no Anexo 2), avalizando assim a continuidade da AIA
do Projecto.

45A DNHC é um órgão do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME).


46 Regulamento de Construção, Exploração e Segurança dos Postos de Abastecimento de Combustíveis Líquidos. Como referido
anteriormente neste documento, a aplicabilidade deste Diploma Ministerial ao Projecto está relacionada com a componente de
abastecimento de combustíveis, no caso a camiões-cisterna, em pórticos de abastecimento.
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10 ALTERNATIVAS DO PROJECTO
O Regulamento de AIA determina que o Relatório do EIA, nomeadamente na alínea f) do
número 2 do artigo 11, deve incluir uma análise das alternativas do Projecto. O assunto
tratado neste capítulo, sob diferentes perspectivas, como se segue.

10.1 ALTERNATIVA À IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO


A alternativa à implementação do Projecto é a não-implementação do mesmo. Tendo em
conta os benefícios que o Projecto poderá trazer para o Distrito de Vanduzi em termos de
desenvolvimento económico, descritos na “Justificativa do Projecto” (Capítulo 3), considera-
se razoável optar pela implementação do Projecto, sujeito ao cumprimento, pelo Proponente,
das medidas de gestão e controlo ambiental definidas no EIA e no PGA. De mencionar que
durante a Consulta Pública da Fase do EPDA, várias partes interessadas e afectadas
manifestaram-se a favor do Projecto e referiram que esperam um bom desempenho
socioambiental do Proponente durante a implementação do Projecto.

10.2 ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO


O local do Projecto situa-se no Distrito de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi,
Localidade de Chigodole, Povoado de Selva Lenha. O local proposto para o Projecto é quase
contíguo à N6 e encontra-se a cerca de 8 km do entroncamento entre a N6 (que conduz ao
Zimbabwe e Zâmbia) e a N7 (que conduz a Tete e Malawi).
A localização do Projecto está de acordo com o principal objectivo do Projecto,
nomeadamente o encurtamento da distância a ser percorrida pelos camiões-cisterna de
transporte de combustível, que serão abastecidos pelo projecto, provenientes de Tete,
Malawi, Zimbabwe e Zâmbia; a localização proposta proporciona, deste modo, um ponto de
abastecimento de combustível mais próximo do destino dos combustíveis.
Relacionado com o acima exposto, um outro factor a considerar é que em estudos
geotécnicos preliminares no local do Projecto em Maio de 2019 foram encontradas dentro do
local proposto para o Projecto condições favoráveis à instalação dos tanques de
combustíveis.47 O estudo geotécnico em referência envolveu 4 furos de testagem em locais
diferentes e um desses locais apresentou a necessária resistência do terreno para efeitos de
construção dos tanques. Outros parâmetros, incluindo o teor de areia, areia, limo e argila,
índice de plasticidade e densidade determinaram a escolha do local.
Adicionalmente, foram analisadas as condições abaixo indicadas, que agregam vantagens
ao local proposto para o Projecto.
• Proximidade em relação ao traçado do oleoduto da CPMZ: o oleoduto da CPMZ, que
abastecerá a fonte de combustível do Terminal, passa junto ao limite norte do Terminal
de combustível, como ilustrado no Capítulo 7 – “Descrição do Projecto”, na Figura 4.
Tornam-se, assim, desnecessária qualquer ramificação ou desvio a partir do traçado
original do oleoduto, para o fornecimento de combustível ao Terminal;

• Proximidade em relação a uma fonte de energia: a rede de energia eléctrica da área


do Projecto inclui uma linha de energia eléctrica de média tensão a partir da qual se
poderá, possivelmente, derivar a energia eléctrica para abastecer o Projecto (sujeito à
devida articulação com a EDM);

47O espaço destinado à construção de tanques, que se encontra dentro da área total de 50 hectares que será ocupada pelo Projecto,
ocupa uma extensão de 11 hectares.
Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

• Proximidade em relação à a uma estrada primária: a principal estrada existente nas


proximidades do local do Projecto, nomeadamente a N6, passa a uma distância mínima
de aproximadamente 180 m deste local. Esta estrada possui condições para a circulação
de camiões de grande tonelagem e, presentemente, na ausência do Projecto, é a via
utilizada pelos camiões, no seu percurso para o carregamento de combustível na Beira.
Este aspecto apresenta como uma vantagem em termos de área a ser afectada pelas
obras de melhoramento da via;

• Proximidade em relação a uma cidade-capital: a proximidade do local do Projecto em


relação à Cidade de Chimoio, capital da Província de Manica (i.e. cerca de 35 km), poderá
facilitar a logística de aquisição de produtos e serviços suplementares do Projecto (i.e.
materiais e equipamentos de escritório, serviços especializados de saúde, incluindo
emergência, procedimentos burocráticos/institucionais e outros) que possam ser
necessários para o Projecto. Por outro lado, esta proximidade poderá facilitar o acesso
pelo Projecto a recursos humanos especializados e semi-especializados que
normalmente se concentram nas cidades (assumindo-se que a mão-de-obra não
especializada estará largamente disponível em Vanduzi);

• Ausência de habitações no local proposto: não existem habitações ou outras


estruturas edificadas no local proposto para o Projecto, o que reduz o potencial de
interferência com o meio social e, em especial, exclui a necessidade de reassentamento
de residências ou de outras infraestruturas;48

• Existência de espaço para expansão do Projecto: De acordo com o layout do Projecto


(apresentado no Capítulo 7 – “Descrição do Projecto”, na Figura 10), dentro dos limites
da área do Projecto existem áreas livres de infraestruturas que poderão, possivelmente,
ser usadas para obras de expansão, mais tarde, caso necessário;

• Existência de outras instalações e operações da CPMZ em relativa proximidade do


local do Projecto: como referido anteriormente, a CPMZ possui instalações em
Maforga,49 no distrito de Gondola, limítrofe do Distrito de Vanduzi, nomeadamente uma
estação de bombagem do combustível associado ao oleoduto. As instalações da Maforga
poderão servir como uma base de apoio logístico e/ou de recursos humanos para o
Projecto, particularmente na Fase de Construção, mas também, possivelmente, na sua
Fase de Operação.
Com base na AIA realizada, não foi encontrada qualquer condição que justifique a proposta
de um novo local para a implementação do Projecto, em substituição do local já identificado.

10.3 ALTERNATIVA DE FONTE DE ÁGUA PARA O PROJECTO


Na área do Projecto o abastecimento de água da rede pública está a cargo do FIPAG. No
Relatório do EPDA foi realçado que a opção do uso da água do FIPAG deveria ser
considerada apenas se não implicasse a redução da disponibilidade de água para os utentes
da mesma. Entretanto, mais tarde, em trabalho de campo (Novembro de 2019 e Maio de
2021), constatou-se que o abastecimento de água na área apresenta algumas deficiências.
Por essa razão, a alternativa actualmente considerada é a abertura de pelo menos um furo
no local do Projecto.
Testes geotécnicos preliminares indicam a existência de condições para a abertura de um
furo no efeito no local do Projecto. Assim, a dependência total da água do FIPAG só deverá

48 Sendo a o local do Projecto tipicamente usado para a prática da agricultura, tornou-se necessário, no entanto, realizar um processo de
compensação por perda de machambas e culturas.
49 Maforga situa-se na Localidade de Nhambonda, no Distrito de Gondola.

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

ser equacionada caso se observe um melhoramento do sistema público de abastecimento de


água na área e, consequentemente, uma maior disponibilidade deste recurso, satisfazendo a
demanda local de uma forma satisfatória. De notar que em qualquer uma das condições
acima, será necessária a coordenação com o FIPAG, devendo ainda ser estabelecido um
programa regular de testagem das águas subterrâneas (assim como das águas superficiais,
onde relevante). O uso combinado de fontes de água (i.e. FIPAG e furo) poderá,
alternativamente, ser considerado, sob as condições referidas acima (i.e. sem prejudicar os
usos prevalecentes).

11 AREA DE INFLUÊNCIA DO PROJECTO


O Anexo VIII do Regulamento de AIA (Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro) define a
“Área de Influência do Projecto” como a área geográfica passível de alterações no seu meio
físico, biótico e/ou socioeconómico, derivadas dos impactos ambientais de actividades
decorrentes da sua implantação e/ou operação.
ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTA
É a área sujeita aos impactos directos da actividade, cuja delimitação é função das
características físicas, bióticas e socioeconómicas dos ecossistemas do campo e das
características da actividade.
Para os estudos do Meio Físico e do Meio Biótico a AID foi definida como o local de
implantação do Projecto (i.e. a área de 50 ha para a qual a CPMZ possui uma “Autorização
Provisória de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra”), acrescido de uma faixa de terreno
de 50 m em redor desse local50. Considera-se, assim, que os impactos directos do Projecto
(p.ex., ruído, vibrações e poeiras) não se limitarão estritamente ao local de implantação do
Projecto, podendo ressentir-se também nas imediações deste.
Para o estudo do Meio Socioeconómico considera-se que todo o Povoado de Selva-lenha
constitui a AID, visto serem os habitantes deste povoado quem se irá ressentir directamente
dos impactos gerados durante o período de construção, operação e desactivação do Terminal
(p.ex., imigração para a zona do Projecto em busca de emprego, possíveis conflitos sociais
com trabalhadores do Projecto).
ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRECTA
A área sujeita aos impactos indirectos da actividade, abrangendo os ecossistemas e o Meio Físico, o
Meio Biótico e o Meio Socioeconómico que podem sofrer impactos resultantes das alterações ocorridas
na área de influência directa.
Para os estudos do Meio Físico e do Meio Biótico a AII definida consiste numa faixa de
500 m, contados a partir do limite da área do Projecto. Assume-se que esta faixa permite
acomodar, os efeitos indirectos das actividades do Projecto no Meio Físico e no Meio Biótico
que se poderão observar fora dos limites da AID.
Para o Meio Socioeconómico a AII é considerada muito mais ampla que acima, devido a
um maior alcance espacial dos impactos dos impactos socioeconómicos. Na fase do EPDA,
a definição da AII para o Meio Socioeconómico ficou em aberto, tendo sido referido que a
mesma poderia incluir “o Distrito de Vanduzi e, possivelmente, uma área mais abrangente”.
A AII para os estudos do Meio Socioeconómico ora definida abrange toda a Província de
Manica, o que é fundamentado particularmente pelo elevado potencial do Projecto para
dinamizar a economia da província.

50 Os 50 metros correspondem à “Zona de Protecção Parcial” (ZPP) do Terminal. A ZPP para instalações petrolíferas é definida na Lei de
Terras (Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro, artigo 8) como “o terreno ocupado pela própria instalação petrolífera, ao qual se acrescenta uma
faixa confinante de 50 metros”.
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ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTA E ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRECTA


(RESUMO)
Especificação Área de Influência Directa Área de Influência Indirecta
(AID) (AII)
Meio Físico e - Local do Projecto (50 ha) + Faixa de 500 metros em
Meio Biótico faixa circundante de terreno, redor do local do Projecto,
com uma largura de 50 metros; contados a partir do limite da
- Via de acesso ao Terminal: AID.
um mínimo de 15 metros para
cada um dos lados da via;
- Estaleiro de obras: faixa de
50 metros ao redor do limite da
área do estaleiro.

Meio Povoado de Selva-Lenha (o Província de Manica.


Socioeconómico povoado onde o local do
Projecto está inserido).

Nota: A definição destas áreas admite uma dose de subjectividade, dada a dificuldade
em determinar com exactidão o alcance dos impactos directos ou indirectos do Projecto.

Nos Capítulos 12, 13 e 14 apresenta-se a caracterização da situação de referência da área do


Projecto, nomeadamente do Meio Físico, Biótico e Socioeconómico, incidindo as descrições sobre
o local de implantação do Projecto, mas com referências ao Distrito de Vanduzi e/ou a Província
de Manica e, em alguns casos, à Região Centro do País, conforme julgado relevante.

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12 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: MEIO FÍSICO


Este capítulo descreve as condições de referência do Meio Físico da área a ser directa ou
indirectamente afectada pelo Projecto, com ênfase na AID e na AII definidas para o Meio
Físico e representadas na Figura 11. A descrição é baseada maioritariamente na consulta
de uma diversidade de referências bibliográficas, complementadas com a recolha de dados
no local do Projecto, em Vanduzi.

Imagem: Google Earth.


Figura 11 – Área de Influência do Projecto: AID e AII definidas para o Meio Fisico

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A descrição do Meio Físico abarca os seguintes componentes ambientais:


• Clima;
• Geologia, solos e topografia;
• Hidrologia e hidrogeologia;
• Qualidade do ar;
• Ambiente sonoro;
• Gestão de resíduos.

12.1 CLIMA
A área do Projecto, seguindo a tendência da Província de Manica em geral, possui um clima
modificado pela altitude e que varia entre Tropical Chuvoso de Savana, nas zonas mais
baixas, e Temperado Chuvoso de Montanha, nas zonas planálticas e montanhosas.
PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA
Vanduzi é caracterizado por apresentar uma variação sazonal, destacando-se:
• Um período húmido no Verão, entre Outubro e Abril, com valores de precipitação entre
30 mm e 217 mm, sendo o mês de Dezembro o mês mais chuvoso; e,
• Um período seco no Inverno, entre Maio e Setembro, com valores de precipitação que
variam entre 11 e 21 mm, sendo o mês de Agosto o de menor precipitação.
A temperatura média mensal em Vanduzi varia no intervalo entre 18 e 25 ºC, sendo que a
temperatura máxima mensal ocorre no mês de Novembro e a temperatura mínima no mês de
Julho (Word Clim, 2021)51.
SISTEMA DE VENTOS
Anualmente, o sistema de ventos no Distrito de Vanduzi (Figura 12), é caracterizado por
períodos com as seguintes características:
• O vento sopra durante mais horas na direcção leste–sudeste (ESE), sudeste (SE) e
este (E) atingindo 1.611, 1.215 e 929 h/ano respectivamente. Estes são os chamados
ventos dominantes;
• As velocidades do vento nestas direcções compreendem-se entre 1-37 km/h, sendo
que a velocidade do vento mais registada nestas direcções é entre 6-11 km/h;
• Os meses entre Agosto e Novembro são os meses em que o vento atinge uma maior
velocidade, compreendida entre 20 e 37 km/h, durante mais dias por ano (Meteoblue,
2020)52.
A direcção e velocidade do vento são factores importantes quando se considera a dispersão
de poluentes na atmosfera. Na fase de construção do Projecto haverá emissão de material
particulado, sendo provável que a maior parte das partículas sejam encaminhadas para a
direcção dos ventos dominantes. Assim sendo, presume-se que os receptores mais sensíveis
e expostos a maiores concentrações de poluentes estão na direcção de oeste-noroeste
(WNW), noroeste (NO) e oeste (O) do local do Projecto.

51 Os dados da precipitação e temperatura média mensal foram obtidos através do website World Clim (www.worldclim.org)
52 O sistema de ventos no Distrito de Vanduzi foi obtido através do website Meteoblue (www.meteoblue.com).
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Figura 12 – Sistema de Ventos para o Distrito de Vanduzi

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EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS


EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS
Moçambique é um país com elevada frequência, alternância e intensidade de eventos
extremos, sobretudo ciclones, cheias, secas (para além de sismos). A sua vulnerabilidade a
estes eventos resulta da sua localização a jusante de nove rios internacionais, da existência
de zonas sísmicas activas, de zonas áridas e semiáridas, bem como por possuir uma extensa
zona costeira que sofre a influência de ciclones tropicais e de perdas e ganhos excessivos
de humidade (República de Moçambique – Plano Anual de Contingência, 2019).
A Figura 13 apresenta a distribuição de desastres naturais observados para cada uma das
três principais regiões de Moçambique (Norte, Centro e Sul), entre 1956 e 2008 (Queface,
2009). A Província de Manica situa-se no centro do País; as províncias do Centro (assim
como as do Sul) são mais propensas a eventos de cheias, secas e ciclones tropicais.

Figura 13 – Desastres naturais por região de Moçambique entre 1956 e 2008


Nos últimos anos, vários ciclones e tempestades tropicais têm atingido a Província de Manica.
A Tabela 11 apresenta as características dos ciclones e tempestades tropicais que afectaram
a província no período entre 1986 e 2021.

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Tabela 11 – Características dos ciclones e tempestades tropicais no período entre 1986 e


2021
ANO TIPO DE NOME E/OU VELOCIDADE DO OBSERVAÇÃO
EVENTO CATEGORIA VENTO
1986 Tempestade Berobia 85 km/h Afectou a Província de Manica (e
tropical também a Província de Sofala)
1977 Tempestade Emilie Não Disponível N/D
tropical (N/D)
1997 Ciclone Lisette – 119 e 153 km/h N/D
Categoria 1
2000 Ciclone Eline – 178 e 208 km/h Afectou 30% da população de
Manica e causou inundações
Categoria 3
extensas nos rios Pungué e
Buzi53
2003 Ciclone Japhet – N/D N/D
Categoria 2
2007 Ciclone Fávio – 178 e 208 km/h Afectou 13% da população de
Manica54
Categoria 3
2019 Ciclone Idai – 178 e 208 km/h Afectou 1,8 milhões de
habitantes de Manica55
Categoria 3
2021 Ciclone Eloise – 120 km/h e 150 km/h Afectou 26 650 habitantes da
Província de Manica56
Categoria 2

Na Figura 14 observa-se que o local do Projecto se encontra numa zona baixa de frequência
de ciclones.

53 Fonte: Mozambique News Reports & Clippings, 2019 (https://www.open.ac.uk/technology/mozambique/news-reports-clippings-2019-


numbers-427-465).
54 Fonte: INGC, 2009.

55 Fonte: IFRC, 2020.

56 Fonte: INGC, 2021.

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Figura 14 – Frequência de ciclones em Manica

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MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Moçambique é um dos países em África mais vulnerável à variabilidade climática (INGC,
2012). Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades57 (INGS), tanto as tendências
recentes nas observações, como os resultados de modelações de longo prazo sugerem que
as mudanças climáticas irão afectar as características dos ciclones tropicais na parte
sudoeste do Oceano Índico.
Os modelos sugerem que para o Oceano Índico há uma tendência geral de diminuição da
frequência dos ciclones tropicais, mas com uma intensidade crescente dos ciclones (Emanuel
et al, 2008). Refira-se, no entanto, que, nos últimos anos, a tendência tem mostrado um
aumento no número de ciclones, registando-se 1 a 2 ciclones por ano.
Assim, como resultado das alterações climáticas, assume-se o seguinte (INGC, 2009):
• A exposição ao risco de desastres naturais em Moçambique aumentará significativamente
nos próximos 20 ou mais anos;
• As temperaturas em Moçambique poderão subir entre 2 a 2,5 °C em 2050 e 5 a 6 °C em
2090 (dependendo da região);
• A variabilidade da precipitação irá aumentar e haverá, provavelmente, mudanças
respeitantes ao início das estações das chuvas, com estações chuvosas mais húmidas e
estações secas mais secas.
• O risco de inundações aumentará significativamente no Sul. As regiões centrais serão
fortemente afectadas por ciclones mais intensos e pela subida do nível do mar, bem como
pelo risco de seca na área circundante de Cahora Bassa.
De acordo com a Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS, 2018), a
análise das alterações climáticas consiste em identificar as alterações consistentes entre o
clima histórico (período de 1986 a 2005) e o clima futuro (definido para o período de 2026 a
2045), utilizando modelos locais obtidos através de diferentes modelos globais.
A análise das alterações climáticas é efectuada considerando diferentes regiões climáticas.
A definição das regiões climáticas considera a distribuição das classes de precipitação anual
e da topografia em Moçambique (Figura 15), tendo como base o seguinte:
• As regiões climáticas são áreas tão homogéneas quanto possível em termos de
precipitação média;
• As regiões climáticas são tão homogéneas quanto possível em termos de complexidade
topográfica.

57 Agora designado Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD)


Preparado por: Impacto, LDA
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Figura 15 – Precipitação anual (à esquerda) e topografia (à direita) em Moçambique


Como um resultado da análise dos conjuntos de dados acima mencionados, Moçambique foi
dividido em 8 regiões climáticas. A localização das regiões climáticas definidas é apresentada
no mapa da Figura 16.

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Figura 16 – Regiões climáticas de Moçambique definidas pela AIAS


(Fonte: AIAS, 2018)

A área em estudo incide sobre a região climática R3 (que inclui também Maputo, Gaza,
Inhambane, Sofala e Manica). Nesta região, a topografia é quase plana, excepto em Manica,
com elevações entre 600 e 1 600 m. A precipitação anual varia entre os 800 e 1 200 mm.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Como referido, para a análise das alterações climáticas, foram considerados dois períodos
climáticos, nomeadamente:
• Período histórico: definido entre 1986 e 2005. É representativo do clima histórico e é
utilizado como referência de comparação com o clima futuro;
• Período futuro: definido entre 2026 e 2045. É representativo do clima futuro próximo.
Tendo como base os dois períodos, em termos de precipitação prognostica-se que como um
resultado das alterações climáticas haverá um aumento da intensidade de precipitação para
um mesmo período de retorno e duração, sendo a alteração muito mais significativa para
durações curtas. Isto indica que os fenómenos extremos de precipitação serão mais
frequentes no tempo e com um tempo de recorrência mais curto.
De acordo com a localização da área do Projecto, foi efectuada uma análise mais específica
para obter uma estimativa da potencial intensidade de precipitação futura (Icc). Para tal,
utilizou-se a metodologia definida pela Administração de Infraestruturas de Água e
Saneamento, que considera a precipitação actual, numa dada região, e um coeficiente de
mudança climática (kcc) para a região climática em estudo, obtido através de uma curva IDF
(intensidade, direcção e frequência), calculada para vários períodos de retorno. Para a análise
da intensidade da precipitação futura na área em estudo, considerou-se a região climática R3
e utilizaram-se as curvas IDF obtidas para os Períodos de Retorno de 5; 25 e 50 anos.
Os gráficos apresentados de seguida permitem a obtenção do coeficiente Kcc para os
períodos de retorno seleccionados (T = 5; 25 e 50 anos).

(Fonte: AIAS, 2018)


Figura 17 – Variação da intensidade da precipitação, T = 5 anos

Preparado por: Impacto, LDA


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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

(Fonte: AIAS, 2018)


Figura 18 – Variação da intensidade da precipitação, T = 25 anos

(Fonte: AIAS, 2018)


Figura 19 – Variação da intensidade da precipitação, T = 50 anos

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A intensidade da precipitação futura (Icc) foi calculada pela aplicação do Kcc obtido, de
acordo com a fórmula seguinte:

Icc (mm/h) = I (mm/h) x (1+Kcc/100)


onde,
lcc (mm/h) é a intensidade de precipitação futura
I (mm/h) é a precipitação média actual numa dada região
Kcc (%) é o coeficiente de mudança climática

Para esta análise foram considerados dois períodos de duração de chuva de projecto (1 hora
e 1 dia) na região climática R3, onde se insere a área em estudo. Tendo como base uma
intensidade de precipitação média anual actual de 949 mm (ou seja, 0,11 mm/h) na Estação
Meteorológica de Chimoio (a mais próxima do local do Projecto, localizada a cerca de 27 km),
obtiveram-se os seguintes resultados.
Tabela 12 – Cálculo das intensidades de precipitação futura para a área em estudo

Duração da chuva de Período de retorno (anos)


Parâmetro
projecto 5 25 50
Kcc (%) 18 33 40
1h
Icc (mm/h) 0,13 0,15 0,15
Kcc (%) 0 9 0
1 dia
Icc (mm/h) 0,11 0,12 0,11

Os resultados obtidos pela aplicação da metodologia de análise da Administração de


Infraestruturas de Água e Saneamento mostram que os efeitos das alterações climáticas se
farão sentir sobretudo para períodos mais curtos de duração da chuva, onde a precipitação
passará a ser mais intensa. Tal acontece porque uma precipitação de projecto de uma hora
é mais intensa, quando comparada à de um dia completo, uma vez que as chuvas de curta
duração tendem a ser mais fortes. Ou seja, para um mesmo período de retorno, a intensidade
da precipitação decresce com o aumento da duração. Períodos de chuva mais curtos tendem
a originar inundações pois acabam por superar a capacidade de infiltração dos solos.

12.2 GEOLOGIA, SOLOS E TOPOGRAFIA


A análise da caracterização da geologia, solos e topografia foi realizada a duas escalas
distintas. Primeiramente é efectuado um enquadramento regional, caracterizando a área
abrangida pelo Distrito de Vanduzi, seguindo-se uma análise mais detalhada, à escala local,
de forma a caracterizar especificamente a área onde será implantado o Projecto (AID e AII).
GEOLOGIA
A geologia no Distrito de Vanduzi (Figura 20) é caracterizada predominantemente pela Era
Mesoproterozóica. Do lado Este e Sul do distrito a formação geológica predominante é a de
paragnaisse migmatítico (P2BCmi), enquanto do lado Oeste predomina o granito foliado
localmente porfirítico (A3Vpg), este último ocupando uma extensão territorial significativa a
norte do local do Projecto. Na zona central do distrito ocorre a formação de ortognaisse do
Inchope (P2BUig). Estas são as três formações geológicas predominantes no Distrito.
Existem outras formações, ocupando áreas relativamente pequenas (p.ex. xisto moscovítico-
biotítico, gnaisse de composição, quartzito) (ING, 1987).
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O local do Projecto insere-se na formação geológica de gnaisse de composição (A3Vgn).


Esta formação encontra-se ladeada de uma faixa quartzito (a Este) e granito foliado (a Oeste),
apresentando-se todas estas formações na forma de “faixas” com orientação predominante
Norte-Sul.

SUSCEPTIBILIDADE DA ÁREA DO PROJECTO A EVENTOS SÍSMICOS


A Província de Manica já foi exposta a 121 sismos entre 1951 e 2021, sendo que o sismo de maior
Magnitude de Momento (Mw 7,0) e o de menor magnitude (3,1), ocorreram no Distrito de Machaze,
no ano de 2006. O local do Projecto encontra-se numa área moderadamente vulnerável a sismos
e os sismos mais próximos ao local do Projecto ocorreram no ano de 1985, 1986 e 2021, todos a
Sul do Distrito de Vanduzi e com magnitudes de 4.6, 3.5 e 4.6, respectivamente (USGS, 2006).

Para o Projecto do Terminal de Combustíveis de Vanduzi, que irá lidar com produtos
potencialmente poluentes e altamente inflamáveis, a ocorrência de eventos naturais extremos é um
factor que pode resultar em incidentes ou acidentes ambientais, envolvendo derrames, explosões,
incêndios e/ou outros riscos.

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 20 – Principais formações geológicas no Distrito de Vanduzi

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

SOLOS
No Distrito de Vanduzi ocorrem predominantemente solos arenosos dístricos e não dístricos,
de cor castanho-acinzentada caracterizados por serem solos profundos e por possuírem uma
drenagem pouco excessiva. Estes solos ocupam grandes parte do quadrante norte do distrito,
estendendo-se um pouco para além do limite do quadrante sul, mas não se estendendo até
ao local do Projecto. Do lado oeste ocorrem áreas moderadamente extensas de solos
castanhos de textura arenosa, caracterizados por possuírem uma drenagem moderada e
solos vermelhos óxicos de textura média.
Em alguns locais no Sul e no interior do Distrito ocorrem solos dístricos vermelhos de textura
média e solos argilosos óxicos de cor vermelha, ambos caracterizados por apresentarem uma
boa drenagem (IIAM, 1995). O local do Projecto encontra-se numa zona de transição entre
estes dois tipos de solos. Ambos se estendem até ao extremo Sul do Distrito, sendo que o
segundo tipo alcança também o extremo Norte. Um mapa de solos do distrito, incluindo o
local do Projecto, é apresentado na Figura 21 e a Tabela 13 apresenta uma descrição dos
solos do local do Projecto.

No que concerne às características do solo, é extremamente importante que os todos os materiais


e produtos contaminantes utilizados no Projecto sejam manuseados, transportados e armazenados
de forma adequada, de modo que se evite o contacto com este, e a sua consequente
contaminação.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 21 – Mapa de solos do Distrito de Vanduzi

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Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela 13 – Algumas características dos tipos de solo que ocorrem no local do Projecto
Tipo de solo Solos argilosos vermelhos Solos vermelhos de textura
oxicos média
Parâmetro do solo

Características dominantes Argiloso de cor avermelhado Franco-argilo-arenoso de cor


escuro e profundos castanho-amarelado
Geomorfologia / Geologia Soco do pré-câmbrico; Rochas Soco do pré-câmbrico; Rochas
ácidas ácidas
Topografia Ondulado Ondulado
0 - 10 0-8
Profundidade > 100 > 100
Matéria orgânica Baixa a moderada Baixa a Alta
Drenagem Boa Boa
Tipo de vegetação Floresta aberta e savana Floresta aberta
Principais limitações à Fixação de fósforo; Fertilidade Condições de germinação;
agricultura Risco de erosão

TOPOGRAFIA
O Distrito de Vanduzi, está inserido numa região planáltica (Figura 22), com uma altitude
média predominantemente no intervalo entre 0 e 1 475 m. A zona este do Distrito apresenta
altitudes mais baixas (entre 0 e 550 m), enquanto a zona do interior e a sudoeste do Distrito
tende a apresentar altitudes mais elevadas (entre 550 e 1 475 m).
O local do Projecto situa-se no interior do Distrito de Vanduzi, numa zona de altitudes
variáveis entre 550 e 700 m. O relevo é suave, com inclinação maioritariamente abaixo dos
30%. A maior parte do local a ser ocupado pelo Projecto encontra-se na classe de declive 0-
8%, com algumas ocorrências na classe 8-10% de declive, predominando as estruturas de
planalto, com pouca inclinação e encostas de média extensão.

AVALIAÇÃO DO TERRENO PARA A CONSTRUÇÃO DOS TANQUES


Em Maio de 2019 foram realizados testes geotécnicos no local do Projecto, com o objectivo de
se seleccionar o local com as condições mais favoráveis para a construção dos tanques. Foram
realizados quatro furos, dos quais em apenas 1 (o último), do lado Este do local do Projecto, se
encontrou substrato rochoso adequado para sustentar os tanques de combustível. A baixa taxa
de expansividade do material rochoso e outras características, tais como teores de gravilha,
areia e argila, condutividade eléctrica (0,002 S/m) e corrosividade, foram determinantes na
selecção do local. Resultados de estudos geotécnicos detalhados irão determinar as
especificações detalhadas das fundações dos tanques de armazenamento de combustível e de
água, assim como de outras infraestruturas a construir (p.ex., estação de bombagem, pórtico
de carga, escritórios e outras infraestruturas auxiliares).

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 22 – Altimetria no Distrito de Vanduzi

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

12.3 HIDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA

ÁGUA SUPERFICIAIS
O local do Projecto está inserido na bacia do Rio Búzi, entre os rios Vanduzi e
Naucandunguire (Figura 23). Com uma área de aproximadamente 25 125 km2 e comprimento
de 376 km, a bacia do Rio Búzi, integra os rios Búzi e Révuè (GPM, 2011). Ao longo destes
rios formam-se vales com condições favoráveis à prática de agricultura e a criação de gado
(P3LP, 2016).

Figura 23 – Bacias Hidrográficas no Distrito de Vanduzi

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

O local não é atravessado por qualquer curso de água superficial e não existe qualquer corpo
de água permanente no seu interior. Os cursos de água mais próximos do local são o Rio
Malissure, a nordeste, o Rio Nhamachato, a sudeste e o Rio Naucadunguire, a sul. Na época
das chuvas formam-se pequenas linhas de água associadas a estes rios e pequenas baixas
localizadas propiciam a formação de charcos (ver exemplo na Figura 24).

Figura 24 – Uma zona baixa identificada na área do Projecto


Para a realização de obras de construção poderá ser necessário proceder a aterros, pelo
menos em alguns pontos da área onde existirem baixas e compensar por meio de métodos
de engenharia a interferência com os padrões locais de drenagem.
ÁGUA SUBTERRÂNEAS
A carta hidrogeológica de Moçambique (Ferro e Bouman, 1987) mostra que o Distrito de
Vanduzi localiza-se na província hidrogeológica designada “Complexo de base”. Os aquíferos
do Distrito são na sua generalidade de produtividade limitada (Q< 5 m3/h). A zona sul do
Distrito é constituída por áreas com eluviões relacionadas com a zona de alteração e/ou
fracturação de rochas do complexo cristalino. Na zona centro e norte do Distrito existem,
maioritariamente, áreas com rochas do complexo gnaisso-migmatitico, incluindo a série
metassedimentar, o complexo granito-gnaissico-migmatitico e série charnoquitica.

Dados geohidrológicos preliminares apontam para a possibilidade de abertura de um furo de água


no local do Projecto. A profundidade do lençol freático será determinada/confirmada por meios de
estudos geotécnicos detalhados, no processo de selecção do local para a construção do furo.

12.4 QUALIDADE DO AR
A caracterização da situação de referência da qualidade do ar foi baseada em trabalho de
escritório, envolvendo uma revisão bibliográfica de dados de qualidade do ar e a identificação
de potenciais receptores sensíveis à perturbação da qualidade do ar. Foram analisadas
imagens de satélite e, com base no trabalho de campo, suplementou-se a informação sobre
receptores sensíveis e fontes de emissão de poluentes.

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PRINCIPAIS FONTES EMISSORAS DE POLUENTES


As diversas actividades que podem influir na qualidade do ar ambiente na área envolvente
do Projecto encontram-se listadas a seguir:
a) Actividade agrícola

A zona onde o Projecto se localiza (povoado de Selva-Lenha) é caracterizada por actividades


económicas do sector primário típicas de zonas rurais de Moçambique, sendo a actividade
dominante a agricultura de subsistência. A agricultura é praticada de forma não mecanizada
e não intensiva, sendo o fumo das queimadas, na época da preparação dos terrenos, a
principal forma de perturbação da qualidade do ar associada a esta actividade.

Actualmente em Moçambique, as queimadas, juntamente com outras formas de degradação


ambiental, tais como a desflorestação, não só contribuem para o agravamento das mudanças
climáticas através da redução da capacidade de absorção e armazenamento dos Gases com Efeito
de Estufa (GEE), como também comprometem a sobrevivência de 70% da população (Zolho,
2010). As queimadas são muito utilizadas como meio de abertura de novas áreas de cultivo,
recuperação de pastos, afugentamento de animais ferozes, ou ainda para criar acesso às vias de
comunicação (MICOA, 2007) e são responsáveis por produzir emissões dióxido de carbono (CO 2),
monóxido de carbono (CO), metano (CH4), material particulado (incluindo poeiras e cinzas), oxido
nítrico (NO), dióxido de nitrogénio (NO 2) (Ribeiro e Assunção, 2002). Constatou-se que as
queimadas descontroladas são frequentes nas imediações do local do Projecto, sendo este um
aspecto que merece atenção na gestão ambiental e social do Projecto, dado que o Projecto
consiste no manuseamento e armazenamento de combustíveis.

b) Tráfego rodoviário

A estrada N6, que passa a norte do local do Projecto, com uma extensão de estrada (N6) de
283,4 km, é muito utilizada para o transporte de mercadorias por veículos pesados, no sentido
da costa para o interior e vice-versa, principalmente entre a Cidade da Beira (a Leste da área
do Projecto, na Província de Sofala) e o Zimbabwe (a Oeste), assim como para outros países
do hinterland, nomeadamente Malawi e Zâmbia (países vizinhos, a Oeste), e em trânsito de
e para a República Democrática do Congo.
De acordo com um relatório produzido pela ANE em 2013, estima-se que, em média, 20% de
tráfego pesado se encontra nos principais corredores de desenvolvimento regional que, para
além de estabelecerem a ligação entre diferentes pontos do País, asseguram também a
ligação entre os postos fronteiriços e os principais portos nacionais (ANE, 2013).
Para posteriormente analisar a perturbação da qualidade do ar decorrente do Projecto,
importa ter noção do volume de tráfego que circula próximo do local do Projecto e respectivas
vias de acesso. Desta forma, foram analisados os dados do Relatório da Administração
Nacional de Estradas (ANE, 2013), com destaque nos dados de tráfego ao longo da N6, entre
Beira e Machipanda.
As estimativas para o tráfego médio diário anual (TMDA)58 na N6 no ano de 2013 são
apresentadas na Tabela 14. As estimativas para os veículos ligeiros incluem automóveis
ligeiros, os chamados pick-up (veículos ligeiros de mercadorias) e mini-bus (veículos de
transporte semi-colectivo de passageiros, com capacidade inferior a 20 pessoas); para os

58Tráfego Médio Diário Anual (TMDA) é o volume total de tráfego de veículos que circulam numa autoestrada
num ano, dividido por 365 dias.
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veículos pesados, incluem os autocarros (veículos pesados de transporte de passageiros),


veículos 2 eixos, 3 eixos e 4 eixos (pesados de mercadoria) e tractores agrícolas, com ou
sem reboque.

Tabela 14 – Estimativas de tráfego médio diário anual para a N6 (2013)

Tráfego (nº de veículos por


ano/365 dias) Total (nº de veículos por
Troço Ferroviário
ano/365 dias)
Ligeiros Pesados
Estrada N6
41 624 24 533 66 157
(Machipanda – Beira)
Nota: Os dados acima correspondem ao ano de 2013. O Consultor não teve acesso a dados mais actualizados. Presume-se
que actulmente, passados quase 10 anos, estes números se encontrem desactualizados, tendo em conta a conhecida tendência
de aumento do volume de tráfego rodoviário ao longo dos anos em todo o País.

De um modo geral, as emissões do tráfego rodoviário em resultado dos processos de


combustão são predominantemente compostas por dióxido de carbono (CO2), os óxidos de
azoto (NOx), o monóxido de carbono (CO), o óxido nitroso (N2O), o material particulado
(incluindo o PM10) e o metano (CH4) (CETESB, 2015).
c) Extracção de areia

Dentro do local do Projecto foi identificado pelo menos um local onde é efectuada a extracção
de areia, de um modo informal, por alguns membros da comunidade. O local é de uso
comunitário e não é gerido por qualquer agregado familiar ou entidade em particular. A areia
extraída destina-se a actividades de construção, a uma escala artesanal (Figura 25).

Figura 25 – Local de extracção de areia identificado no local do Projecto

A extracção de areia está associada à emissão de poeiras, resultando em perturbação da


qualidade do ar no local da extracção e envolvente, sendo que o alcance do material
particulado depende, de uma forma combinada, da direcção dos ventos e do teor de
humidade do solo na altura da extracção, mas também da duração da actividade de
extracção, para além dos volumes de material envolvidos.

d) Actividade industrial

De acordo com depoimentos de membros da comunidade em encontros de Grupos de Foco,


a fábrica de pesticicidas existente a menos de 500 m a norte do local do Projecto por vezes
exala um forte cheiro a produtos químicos, o que afecta a qualidade do ar. Pesticidas ou
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agrotóxicos são substâncias ou produtos químicos utilizados principalmente em áreas


agrícolas para o combate de pragas.59 O Consultor não dispõe de informação concreta acerca
dos produtos químicos utilizados nesta fábrica, estabelecida no Povoado de Selva-lenha. No
entanto, dados da Lista dos Pesticidas, registados em Moçambique em Setembro de 2015,
indicam que esta empresa utiliza os seguintes produtos químicos: herbicidas, insecticidas,
fungicidas, acaricidas, adjuvantes e molhantes (Agromanual, 2015).
RECEPTORES SENSÍVEIS À ALTERAÇÃO DA QUALIDADE DO AR
No presente contexto, entende-se como “receptores” a componente do ambiente que é
exposta ao impacto ambiental, neste caso especificamente a alterações na qualidade do ar,
derivadas do Projecto. Os receptores podem ser humanos, animais, plantas, habitats,
ecossistemas, bens materiais, entre outros. A identificação dos receptores sensíveis a
alterações na qualidade do ar permite analisar o potencial impacto de tais alterações em
humanos e em outros recursos.
Considerando as actividades das fases de Construção, Operação e Desactivação do
Projecto, já descritas no Capítulo 7 deste documento, foram identificados os receptores
sensíveis a alterações da qualidade do ar na AID e AII do Projecto, como especificado a
seguir:
a) Receptores humanos

Os principais receptores humanos são os residentes e os utentes na área de influência do


Projecto definida para o Meio Físico (ver Figura 26). Imagens de satélite e visitas ao local do
Projecto permitiram identificar nas imediações a presença de habitações, uma escola primária
e uma fábrica de pesticidas já referida na secção anterior.

59
Os pesticidas não são necessariamente venenosos, porém, quase sempre, são tóxicos ao ser humano e podem ser altamente
inflamáveis.
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Imagem: Google Earth.


Figura 26 – Localização dos possíveis receptores humanos sensíveis à alteração da
qualidade do ar na área do Projecto (AID e AII)

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b) Receptores ecológicos

Os principais receptores ecológicos identificados nas áreas de influência do Projecto são os


seguintes:
• Uma plantação florestal privada, onde se faz a exploração de Eucalipto (Eucalyptus sp.),
a Oeste do local do Projecto, na AII;
• Uma mata fechada (floresta sagrada) a Este do local do Projecto, na AII;
• Quaisquer zonas baixas, de acumulação sazonal de água (na época chuvosa) que se
encontrem na Área de Influência do Projecto;
• Machambas de subsistência existentes na Área de Influência do Projecto que, segundo
informações recolhidas no terreno, pertencem a membros da comunidade do povoado de
Selva-Lenha.

Receptores ecológicos são mostrados a seguir, na Figura 27 e na Figura 28.

Figura 27 – Exemplos de receptores ecológicos sensíveis à perturbação da qualidade do ar


- plantação florestal na AII do Projecto (à esquerda) e Machambas dentro da AID do
Projecto (à direita)

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Figura 28– Principiais receptores ecológicos sensíveis à perturbação da qualidade


do ar na AID e AII do Projecto

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A intensidade do impacto sobre estes potenciais receptores irá depender do tipo de factor
que causa tal impacto, do alcance de tal factor em termos de distância e do tipo de receptor
em questão.
VALORES-PADRÃO E DIRECTRIZES PARA A QUALIDADE DO AR
A tabela seguinte apresenta os valores-padrão para a qualidade do ar de cinco poluentes
atmosféricos, estabelecidos pelo Regulamento sobre os Padrões da Qualidade Ambiental e
de Emissão de Efluentes (Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho, modificado pelo
Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro).
Tabela 15 – Valores padrão para a qualidade do ar de poluentes atmosféricos

Período médio de Valores padrão


Poluente atmosférico
amostragem (μg/m3)
24 horas 150 μg/m3
Partículas Totais Suspensas
1 ano 60 μg/m3
1 hora 800 μg/m3
Dióxido de Enxofre (SO2) 24 horas 100 μg/m3
1 ano 40 μg/m3
1 hora 190 μg/m3
Dióxido de Nitrogénio (NO2)
1 ano 10 μg/m3
15 Minutos 100 000 μg/m3
30 Minutos 60 000 μg/m3
Monóxido de Carbono (CO)
1 hora 30 000 μg/m3
8 horas 10 000 μg/m3
1 hora 160 μg/m3
8 horas 120 μg/m3
Ozono (O3)
24 horas 50 μg/m3
1 ano 70 μg/m3

Uma vez que em Moçambique não existem padrões de qualidade do ar para PM10 e PM2.5
(partículas de diâmetro inferior ou igual a 10 e 2.5 µm, respectivamente), o presente EIA fará
referência às directrizes especificadas pela OMS, que também são usadas pela IFC
(International Finance Corporation, 2007). As directrizes da OMS em relação a estas
partículas são as apresentadas na tabela seguinte.

Tabela 16 – Directrizes da OMS/IFC para PM10 e PM2.5


Período médio de
Poluente atmosférico Valores padrão (μg/m3)
amostragem
PM10 (partículas de 24 horas 50 µg/m3
diâmetro inferior ou igual a
10 µm) 1 ano 20 µg/m3
PM2.5 (partículas de 24 horas 25 μg/m3
diâmetro inferior ou igual a 1 ano 10 μg/m3
2.5 µm)

Ainda no Decreto n.º 18/2004, são estabelecidos os limites máximos de emissão de poluentes
atmosféricos por fontes móveis ou veículos a motor. Para o Projecto em referência importa
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considerar os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos por veículos pesados,


conforme apresentado na Tabela 17.
Tabela 17 – Limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos por fontes móveis
Tipo de
CO2 NOx CO N2O Partículas
veículo
Camiões a
diesel 3 188 42,86 21,80 0,08 0,26
pesados

12.5 AMBIENTE SONORO


A caracterização da situação de referência do ambiente sonoro do local do Projecto teve
como base informação incluída em publicações existentes, incluindo directrizes e boas
práticas para minimizar a afectação decorrente de elevados níveis de ruído, análise de
imagens de satélite e visita de campo. Para a identificação e análise de fontes de poluição
sonora e receptores sensíveis do ambiente de referência, foram consideradas as principais
actividades e infraestruturas existentes nas AID e AII do Projecto.

Na Área de Influência do Projecto encontram-se algumas habitações, machambas e uma


fábrica de pesticidas. Mas, apesar de estas constituírem fontes de som, não geram níveis de
ruído que possam constituir uma perturbação significativas, por não utilizarem por não
utilizarem maquinaria pesada ou equipamentos ruidosos.

A estrada N6, a principal via de ligação rodoviária existente na zona (Figura 29), é também a
principal fonte de poluição sonora na área, derivada do elevado volume de tráfego rodoviários,
incluindo de veículos pesados.

Figura 29 – Um troço da N6, em Vanduzi

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MUDANÇAS NO AMBIENTE SONORO DERIVADAS DO PROJECTO NA FASE DE CONSTRUÇÃO E NA FASE DE


OPERAÇÃO
Na Fase de Construção, o incremento do ruido ambiente, derivado das obras, será temporário, i.e.
irá observar-se durante o período de construção, que tem a duração estimada de 2 anos. Dada a
proximidade entre o Terminal de Combustíveis e a estrada primária N6 (que é a mesma que
acomoda o tráfego de camiões-cisterna que presentemente se deslocam à Beira para fazer o
carregamento de combustível e retornam pela mesma via), pode assumir-se que por si só, o tráfego
de camiões ligados ao Projecto na Fase de Operação poderá não resultar num incremento
significativo dos níveis de ruído na área.

RECEPTORES SENSÍVEIS À ALTERAÇÃO DOS NÍVEIS DE RUÍDO


A identificação dos potenciais receptores sensíveis está directamente associada às fontes de
poluição sonora. Considera-se que os receptores sensíveis são os receptores humanos já
identificados para a qualidade do ar, na Secção 12.4.2.
DIRECTRIZES PARA NÍVEIS DE RUIDO
A legislação ambiental nacional ainda não apresenta padrões ou directrizes relativas a limites
de emissão de ruídos e vibrações.60 Uma vez que estes padrões ainda não se encontram
definidos, a análise do ambiente sonoro teve como base as directrizes da Organização
Mundial da Saúde (OMS, 1998) que estabelece os níveis de ruído que não devem ser
excedidos, de acordo com a tipologia de receptor sensível e período do dia (Tabela 18).
Tabela 18 – Directrizes da OMS para os níveis de ruído

Nível Sonoro Contínuo Equivalente, em uma


hora – LAeq (dBA)
Receptor Período Diurno Período Nocturno
07:00 - 22:00 22:00 - 07:00
Residencial; Institucional; 55 45
Educacional
Industrial; Comercial 70 70

12.6 PAISAGEM
A situação de referência no que se refere à paisagem é analisada com a finalidade de se
determinar a sensibilidade da desta ao tipo de desenvolvimento proposto e identificar
potenciais receptores sensíveis, para posterior análise de impactos e recomendação de
medidas de mitigação. Para se alcançar este objectivo, teve-se como base uma visão
holística dos factores de ordem física, biótica e social, que compõem a paisagem, analisados
segundo parâmetros estruturais, fisiográficos e paisagísticos do meio em questão.
➢ PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PAISAGEM
A paisagem da área do Projecto é composta por dois tipos de elementos principais:

60O Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes, específica que devem ser estabelecidos níveis
admissíveis de ruído para salvaguardar a saúde pública e a tranquilidade pública através de padrões especificados pelo MTA. No entanto,
estes padrões ainda não foram definidos.
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• Ecológicos: relacionados com os aspectos tais como geologia, tipo de solos, variações
topográficas, presença/características de recursos de água superficial, cobertura
vegetal, entre outros;
• Antrópicos: integram os aspectos que reflectem as diferentes formas de que se
reveste a acção humana sobre a paisagem, seja ela de natureza social, cultural ou
económica (incluindo as transformações de natureza agrícola e florestal).

A área do Projecto insere-se numa paisagem de carácter rural, de topografia plana e com
pouca inclinação (Figura 30), com predomínio de áreas verdes (mosaicos de machambas
de subsistência, mata plantação e florestal,). Os assentamentos populacionais são
dispersos e as residências são de altura baixa e maioritariamente construídas a partir de
materiais locais (i.e., não convencionais).

Figura 30 – Enquadramento paisagístico da área do Projecto (vista parcial da área)

Trata-se, assim, de uma paisagem rural dinâmica, gerida predominantemente por práticas,
métodos e técnicas tradicionais, que reflectem o contexto sociocultural no qual tal paisagem
se insere. A paisagem prevalecente será modificada pela presença do Projecto, através de
actividades tais como o corte de vegetação e movimentos de terras no local de construção, e
a implantação de infraestruturas (tanque de combustível e de água, edifícios, via de acesso),
entre outras.

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13 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: MEIO BIÓTICO


Nesta Secção faz-se uma descrição da situação ambiental de referência do Ambiente Biótico,
com o foco nos habitats, na flora e na fauna, baseada em consulta a referências bibliográficas,
observações no terreno e contactos com residentes locais, na Localidade de Chigodole.
Explicam-se em seguida os procedimentos metodológicos utilizados.
➢ ESTUDOS DE GABINETE (DESKTOP) E RECOLHA DE DADOS NO CAMPO
Nos estudos de gabinete, efectuou-se uma revisão e compilação de informação sobre a área
de estudo e ainda o mapeamento do uso e cobertura da terra para a área do Projecto e
envolvente. No campo, procedeu-se à identificação de habitats, assim como à caracterização
da flora e da fauna.
➢ MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DA TERRA
Através de imagens de satélite (Google Earth), identificaram-se diferentes manchas de
vegetação na área do Projecto (AID e AII). As manchas de vegetação previamente
identificadas foram georreferenciadas e os respectivos pontos introduzidos num aparelho
de Sistema de Posicionamento Global (GPS). Estes pontos foram posteriormente
localizados no campo, onde se fez a confirmação do uso e cobertura presentes no local.
Seguiu-se a digitalização das classes de uso e cobertura da terra com auxílio do Google
Earth.
➢ CARACTERIZAÇÃO DE HABITATS E DA FLORA
Em cada ponto visitado para efeito de mapeamento, fez-se a identificação do tipo de
habitat e vegetação predominante. Para além destes pontos pré-definidos, foram visitados
outros pontos aleatórios, usando o método de amostragem por conveniência, que
consiste em seleccionar uma amostra da população que seja acessível. As principais
vantagens desta amostragem incluem: maior facilidade operacional, baixo custo e
rapidez.
Durante esta etapa fez-se um levantamento das espécies predominantes de flora com
auxílio de guias locais, os quais identificavam em língua local as espécies predominantes.
Vários registos fotográficos da vegetação e de diferentes partes de plantas foram também
efectuados, para posterior identificação.
A identificação de árvores e arbustos foi feita usando as seguintes referências: Van Wyk
& Van Wyk, 1997 e Burrows, Burrows, Lotter, & Schmidt, 2018. Para gramíneas usou-se
Oudtshoorn, 1999.
Para os nomes locais recolhidos foram identificados os nomes científicos
correspondentes, usando a lista de verificação (checklist) de Koning, 1993, com
confirmações através dos registos fotográficos.
Para a verificação do estado de conservação das espécies de flora, fez-se um cruzamento
das espécies identificadas com a lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN (IUCN,
2022).
Fez-se também um cruzamento com a lista de espécies madeireiras de importância
comercial em Moçambique do Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia, para
verificar a existência de espécies de valor comercial.
➢ CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA
Através de uma combinação de métodos directos (observação), indirectos (sons) e
entrevistas aos habitantes locais foram registadas as espécies de maior ocorrência na
área do Projecto.

Preparado por: Impacto, LDA


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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Para a identificação de mamíferos foi usado o guia de campo (Stuart & Stuart, 1995) e
para auxiliar a identificação das aves usou-se o programa Roberts VII Multimedia
(Hockey, Dean, & Ryan, 2005).
Para a verificação do estado de conservação das espécies de fauna, fez-se um
cruzamento das espécies identificadas com a lista vermelha de espécies ameaçadas da
IUCN (IUCN, 2022).

A caracterização do Meio Biótico é efectuada inicialmente a uma escala regional, abrangendo


a Província de Manica, expandindo-se até à especificidade sobre a área de influência do
Projecto (AID e AII) como definida no Capítulo 11 e mapeada abaixo, na Figura 31.61

61 A AID e a AII definidas para o estudo do Meio Biótico coincidem com aquelas definidas para o Meio Físico.
Preparado por: Impacto, LDA
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Imagem: Google Earth.


Figura 31 – Área de Influência do Projecto: AID e AII definidas para o Meio Biótico

13.1 CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO À ESCALA REGIONAL


De acordo com o mapeamento de Unidades de Vegetação no âmbito do projecto SPEED+
(Lötter, et al., 2021), efectuado à escala regional, a área de implantação do Projecto insere-
se na unidade Miombo húmido do Chimoio, que se encontra em grande parte da Província
de Manica, tal como ilustrado na Figura 32, adiante. O Miombo húmido do Chimoio

Preparado por: Impacto, LDA


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corresponde a uma mata decídua de miombo, distribuída entre Vanduzi e a base da


cordilheira de Chimanimani, no sul.
Os elementos típicos do miombo são Brachystegia boehmii, B. spiciformis, B. Utilis e
Julbernardia globiflora, frequentemente dominantes, no entanto, estes podem ser misturados
ou formar mosaicos com algumas espécies tais como: Acacia amythethophylla, A. burkei,
Albizia adianthifolia, Brackenridgea zanguebarica, Cussonia arborea, Dalbergia melanoxylon,
Faurea rochetiana, Lannea schimperi, Markhamia obtusifolia, Pseudolachnostylis
maprouneifolia, Syzygium guineense subsp. guineense, Tabernaemontana elegans,
Vangueria infausta, e Ziziphus mucronata subsp. mucronata.
Pequenas árvores e arbustos lenhosos registados nesta unidade incluem Abrus precatorius,
Acacia schweinfurthii, Bridelia cathartica, Catunaregam swynnertonii, Gymnosporia buxifolia,
Hymenocardia acida, Ozoroa obovata, Rourea orientalis, Searsia tenuinervis, Vernonia
rhodanthoidea, e Ximenia caffra var caffra.
Quanto às gramíneas, alguns exemplos incluem Alloteropsis semialata, Andropogon
gayanus, Cymbopogon caesius subsp. giganteus, Digitaria gazensis, Eragrostis aspera,
Hyparrhenia filipendula var. filipendula, Perotis patens, Setaria homonyma, Urochloa
mossambicensis, e os juncos Bulbostylis pilosa e Cyperus amabilis.
Note-se que as características aqui descritas são distintas apenas em pequenas manchas ao
redor da área do Projecto, visto que grande parte da vegetação natural foi e tem sido
convertida em machambas e assentamentos humanos para atender às necessidades das
comunidades locais.

Preparado por: Impacto, LDA


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Figura 32 – Ecossistemas terrestres presentes na área do Projecto (AID, AII e envolvente)

Preparado por: Impacto, LDA


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13.2 HABITATS TERRESTRES, FLORA E FAUNA

HABITATS
Como mencionado anteriormente, os habitats da área do Projecto encontram-se fortemente
modificados pela acção humana. A vegetação predominantemente típica de áreas que em
tempo foram cultivadas e posteriormente deixadas sem nenhuma forma de maneio.
Foram identificadas e mapeadas 11 unidades de uso e cobertura da terra, das quais 5 são
habitats naturais ou semi-naturais (mata fechada, mata semi-fechada, graminal arbustivo,
curso de água e área alagável). As outras 6 (área agrícola, área agrícola com residências,
plantação, residencial/infraestrutura e extracção de pedra/areia) são unidades de cobertura
da terra induzidas por actividades antropogénicas.
A área agrícola é a unidade de cobertura dominante ocupando cerca de 126 ha,
correspondentes a 37,5 % da área total de influência do Projecto (AID + AII).
A área ocupada por cada uma das unidades mapeadas e a respectiva percentagem em
relação a AID, AII e área total de influência do Projecto, é apresentada na Tabela 19 abaixo e
o resultado do mapeamento é ilustrado na Figura 33.

Tabela 19 – Principais unidades de uso e cobertura da terra identificadas na área do


Projecto (área e percentagem ocupada)

Unidades de uso e AID AII Total


cobertura da terra Área % Área % Área %
(ha) (ha) (ha)
Área agrícola 13,5 23,6 112,7 40,4 126,2 37,5
Área agrícola com residencias 0,0 0,0 23,9 8,6 23,9 7,1
Áreas alagáveis 0,7 1,2 10,2 3,6 10,8 3,2
Curso de água 0,0 0,0 3,7 1,3 3,7 1,1
Extracção de pedra/areia 4,0 7,0 4,4 1,6 8,4 2,5
Graminal arbustivo 24,0 41,8 37,3 13,4 61,3 18,2
Mata fechada 0,9 1,6 32,0 11,5 32,9 9,8
Mata secundária 10,3 18,0 9,8 3,5 20,1 6,0
Mata semi-fechada 2,2 3,8 8,6 3,1 10,8 3,2
Plantação de eucaliptos 0,0 0,0 20,0 7,2 20,0 6,0
Residencial/infraestrutura 1,8 3,1 16,4 5,9 18,2 5,4
Total 57,4 100,0 279,1 100,0 336,6 100,0

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Figura 33 – Principais unidades de uso e cobertura da terra mapeadas na AID do Projecto

Segue-se uma descrição da vegetação predominante, tendo em conta as unidades de uso e


cobertura da terra mapeadas.
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a) ÁREA AGRÍCOLA

São áreas onde a vegetação natural foi removida e substituída por outro tipo de cobertura
vegetal de origem antrópica, composta por culturas alimentares (Figura 34). Esta classe é
encontrada maioritariamente ao redor da área do Projecto, ocupando cerca de 112,7 ha
(40,4 % da AII), e apenas 23,6 % da AID. É representada por áreas agrícolas activas, terras
em preparação para o cultivo e áreas em condição pós-colheita (as quais são verificadas pelo
baixo nível de recuperação da vegetação).
Nestes campos é praticada a agricultura de subsistência em regime itinerante, baseada em
corte e queima da vegetação. As principais culturas produzidas incluem o milho, a mandioca,
o inhame e hortícolas nas zonas com maior disponibilidade hídrica (próximas aos cursos de
água).
Na AII do Projecto, principalmente no quadrante Noroeste, existem residências, as respectivas
estruturas de apoio (p.ex., cozinha, latrina) e fruteiras intercaladas (Figura 35).

Figura 34 – Área agrícola (machamba de subsistência)

Figura 35 – Um exemplo de área de assentamentos humanos com fruteiras e machambas


na envolvente

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b) MATA FECHADA
Trata-se de um tipo de mata que ocorre em manchas localizadas ao redor da área do Projecto
(AII), ocupando 32 ha, correspondentes a 11,5 % da AII. Esta mata encontra-se pouco
perturbada e com uma cobertura média de copas de cerca de 90 %, o que faz com que o
extrato herbáceo seja muito reduzido.
A mata fechada é composta maioritariamente por árvores de médio a grande porte, com
predominância de algumas espécies como Pericopsis angolensis, Burkea africana, Parinari
curatelifolia, Albizia versicolor, Piliostigma thonningii, Millettia stuhlmannii, Brachystegia
spiciformis, Julbernardia globiflora, Tabernaemontana elegans e Ziziphus mucronata.
As manchas de mata fechada encontram-se preservadas devido ao seu valor tradicional,
sendo uma delas considerada uma floresta sagrada e a outra um cemitério. Esta última é
dividida pela Estrada N6.

Figura 36 – Mata fechada na AII do Projecto (Floresta sagrada)

Figura 37 – Mata fechada na AII do Projecto, numa área onde se localiza um cemitério da
comunidade

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c) MATA SEMI-FECHADA
A Mata Fechada (Figura 38) contém muitas das espécies encontradas nas matas fechadas,
contudo com uma cobertura de copas ligeiramente menor (cerca de 80 %), permitindo um
estrato herbáceo um pouco mais desenvolvido. Tem como representantes, por exemplo, as
espécies Digitaria sp, Sporobolus sp. e Setaria sp. Encontra-se na AII em pequenas manchas,
ocupando 8,6 ha, correspondentes a 3,1% da AII. Esta extensão vem reduzindo com a
intensificação do uso dos recursos e a limpeza da vegetação para a abertura de machambas
e a construção (principalmente de habitações).

Figura 38 – Mata semi-fechada na AII do Projecto

d) PLANTAÇÃO
A Oeste da área do Projecto encontra-se uma plantação florestal de Eucalipto (Eucalyptus
sp.)62. Esta classe ocupa 20 ha, correspondentes a 7,2 % da AII.

Figura 39 – Uma plantação de Eucalipto na AII do Projecto

62 Estabelecida pela empresa Indústrias Florestais de Manica-IFLOMA (SPGC, 1999 citado por Gaspar, 1999).
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e) CURSO DE ÁGUA / ÁREAS ALAGÁVEIS


Esta classe tem como elemento principal um riacho denominado Mafussire, situado a norte
da área do Projecto (Figura 40), associado a área alagáveis (Figura 41), na AII, com uma
pequena porção atravessando a AID. Ocupam 13,9 ha, correspondentes a 4,9 % da AII. Ao
redor deste curso de água, a vegetação predominante é composta por um estrato herbáceo,
abarcando, p.ex., Hyparrhenia rufa, Dioscorea sp., Ageratum conyzoides e a espécie invasora
Lantana camara. O referido riacho encontra-se bastante explorado pelo homem, podendo
observar-se muito próximo deste diversas espécies cultivadas, tais como cana-de-açúcar,
inhame, quiabo e milho.
Por sua vez, as áreas alagáveis são áreas cobertas por gramíneas e são usadas por aves,
tais como a Garça-real (Ardea cinerea) e o Pássaro-martelo (Scopus umbretta).

Figura 40 – Um curso de água na AII do Projecto

Figura 41 – Áreas alagáveis na AII do Projecto

f) GRAMINAL ARBUSTIVO
É uma área coberta maioritariamente por gramíneas (Figura 42), com arbustos e árvores de
pequeno porte, distribuídos esparsamente. É a classe dominante na AID do Projecto,
ocupando 24 ha, correspondentes a 41,8 % da AID.
Algumas espécies encontradas são: Dichrostachys cinerea, Hymenocardia acida, Strychnos
madagascariensis, Vangueria sp., Markhamia obtusifolia, Steganotaenia araliacea, Annona

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senegalensis e Entada abyssinica. Alguns indivíduos da palmeira Borassus aethiopum são


encontrados de forma dispersa, assim como a espécie invasora Lantana camara.

Figura 42 – Graminal arbustivo com palmeiras (Borassus aethiopum) e sem palmeiras na


AID do Projecto
g) MATA SECUNDÁRIA
Trata-se de uma área com vegetação seminatural, isto é, vegetação não plantada por
humanos, mas influenciada por acções antrópicas. Trata-se, no caso, de vegetação
secundária desenvolvida durante o período de pousio da agricultura itinerante.
Encontra-se tanto na AID como na AII do Projecto, ocupando 20,1 ha, correspondentes a 6 %
da área total do Projecto (AID+AII). As espécies predominantes incluem Ziziphus mucronata,
Bauhinia galpinii, Lippia javanica, Acacia goetzei, Flacourtia indica, Senna petersiana,
Piliostigma thonningii, Cissus integrifolia, Mucuna pruriens e a invasora Lantana camara.

Figura 43 – Mata secundária na AID do Projecto

h) ÁREA DE EXTRACÇÃO DE PEDRA / AREIA


Ocorrem dentro da AID, predominantemente no quadrante nordeste do local do Projecto,
algumas áreas que no passado eram usadas para extracção de areia e pedra para estrada.
Ocupam 4 ha da AID, correspondentes a 7 %. Nestes locais a vegetação encontra-se em
regeneração, sobre os espaços escavados.

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Figura 44 – Áreas de extracção de areia com vegetação em recuperação na AID do


Projecto

i) RESIDENCIAL / INFRAESTRUTURA
Esta classe engloba residências, infraestruturas, estradas ou caminhos, assim parte da Zona
de Protecção Parcial (ZPP) do oleoduto da CPMZ. Ocupa 18,2 ha, correspondentes a 5,4 %
da área de influência total do Projecto (AID + AII).
FLORA
Do trabalho de campo, foram identificadas 47 espécies de plantas. Destas, 13 não foram
avaliadas (categoria NE) na Lista Vermelha da IUCN a nível global, 31 são Pouco
Preocupantes (LC) e 3 não puderam ser verificadas por não terem sido identificadas a nível
de espécie (IUCN, 2022). Uma lista das espécies registadas no campo é apresentada na
Tabela 20.

Tabela 20 – Espécies de plantas identificadas na área do Projecto (AID e/ou AII)


Estado de
Conservação
Família Nome local Espécie (IUCN)
Fabaceae Muguhua Acacia goetzei LC
Asteraceae Muridza tsendze Ageratum conyzoides LC
Fabaceae Mugerenge Albizia adianthifolia LC
Fabaceae Gomati Albizia versicolor LC
Annonaceae Muroro Annona senegalensis LC
Phyllanthaceae Murungamunho Antidesma venosum LC
Annonaceae Mucocho Artabotrys monteiroae LC
Fabaceae Chinando Bauhinia galpinii LC
Arecaceae Mubvumo Borassus aethiopum LC
Fabaceae Mudzatsa Brachystegia spiciformis LC
Asteraceae Mumino Brackenridgea zanguebarica NE
Phyllanthaceae Mussungudza Bridelia micrantra NE
Leguminosae Mucarate Burkea africana LC
Vitaceae Rendza Cissus integrifolia NE
Fabaceae Chipangara Dichrostachys cinerea LC

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Dioscoreaceae Magarara Dioscorea sp. -


Apocynaceae Mutôa Diplorhynchus condylocarpon LC
Fabaceae Mussambananga Entada abyssinica LC
Ebenaceae Mulala Euclea natalensis LC
Moraceae Muonde Ficus sur LC
Salicaceae Muhurucuduma Flacourtia indica LC
Phyllanthaceae Chiteta Hymenocardia acida LC
Poaceae ** Hyparrhenia rufa NE
Fabaceae Mutondo Julbernardia globiflora LC
Verbenaceae Barangombe Lantana camara NE
Verbenaceae Muchani Lippia javanica NE
Bignoniaceae Mupfea Markhamia obtusifolia LC
Fabaceae Mussara Millettia stuhlmannii NE
Fabaceae Uriri Mucuna pruriens NE
Chrysobalanaceae Muchacata Parinari curatelifolia NE
Fabaceae Chianga Pericopsis angolensis LC
Fabaceae Mussequessa Piliostigma thonningii NE
Phyllanthaceae Mussondzoa Pseudolachnostylis maprouneifolia LC
Myrtaceae Goiaba Psidium guajava LC
Anacardiacea Mudangua Sclerocarya birrea NE
Fabaceae Muremberembe Senna petersiana LC
Poaceae ** Setaria sphacelata LC
Apiaceae Mupondochoro Steganotaenia araliacea LC
Loganiaceae Mucuacua Strychnos madagascariensis LC
Loganiaceae Mutamba Strychnos spinosa NE
Myrtaceae Mucuti Syzygium guineense LC
Apocynaceae Muchenga Tabernaemontana elegans LC
Combretaceae Mussusso Terminalia sericea LC
Phyllanthaceae Mutongoro Uapaca sp. -
Rubiaceae Mumbjiro Vangueria sp. -
Fabaceae Mubvaropa Xeroderris stuhlmannii NE
Rhamnaceae Chinanaunga Ziziphus mucronata LC
LC = Least Concern (Pouco Preocupante); NE =Not Evaluated (Não avaliada); - = Sem informação.
** = Nome não identificado pela equipa do EIAS

Das espécies que ocorrem na área de influência do Projecto (AID e AII), pelo menos uma é
invasora (Lantana camara), ocorrendo numa diversidade de habitats, desde zonas mais
perturbadas (zonas agrícolas) até matas.
ESPÉCIES MADEIREIRAS DE VALOR COMERCIAL

Na Tabela 21 é apresentada a lista de espécies de madeira de importância comercial que


ocorrem na área de estudo (AID e/ou AII), que podem tornar-se ameaçadas pela exploração
florestal e, portanto, estão protegidas pelo Regulamento da Lei de Florestas e Fauna Bravia
(Decreto n. 12/2002 de 06 de Junho).

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Tabela 21 – Espécies madeireiras de importância económica (de acordo com o Regulamento


da Lei de Florestas e Fauna Bravia) identificadas na área de estudo
Espécie Classe de
Madeira
Albizia versicolor 1a classe
Burkea africana
Sclerocarya birrea 2a classe
Pericopsis angolensis
Xeroderris stuhlmannii
Parinari curatelifolia
Syzygium guineense 3a classe
Bridelia micrantra
Terminalia sericea
Borassus aethiopum 4a classe
Fonte: Decreto n. 12/2002 de 06 de Junho

FAUNA
Uma pesquisa ao GBIF permitiu a identificação de 56 espécies de fauna no Distrito de
Vanduzi, distribuídas entre as diferentes classes (anfíbios, aves, insectos e répteis). A classe
dos insectos, com 41 espécies, foi aquela com o maior número de representantes. No entanto,
no local de implantação do Projecto é provável que este número de espécies de animais seja
consideravelmente menor, devido à perda de habitats associada à presença de população
humana.
No trabalho de campo para este EIAS foi possível identificar algumas espécies por via de
sinais indirectos (vocalização) e por contactos com moradores locais. Das espécies
mencionadas pelos habitantes locais, encontra-se o Pangolim, que segundo estes é pouco
avistado pela população, mas sabe-se da sua existência na área.
Uma lista das espécies registadas é apresentada na

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Tabela 22. As espécies apenas mencionadas pelos habitantes encontram-se listadas nesta
tabela como espécies de “provável ocorrência”.

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Tabela 22 – Espécies de fauna registadas na área do Projecto


Estado de
Provável Conserva-
Classe Nome comum Espécie Observada ocorrência ção IUCN
Andropadus
Aves Tuta-sombria importunus X LC
Aves Garça-real Ardea cinerea X LC
Chlorocichla
Aves Tuta-amarela flaviventris X LC
Fuinha-de-
Aves faces-vermelhas Cisticola erythrops X LC
Rabo-de-junco-
Aves de-peito-barrado Colius striatus X LC
Prinia-de-
flancos-
Aves castanhos Prinia subflava X LC
Aves Pássaro-martelo Scopus umbretta X LC
Rola-
Aves esmeraldina Turtur chalcospilos X LC
Rato-toupeira-
Mammalia Hottentot Cryptomys hottentotus X LC
Gato-bravo-
Mammalia africano Felis silvestris lybica X LC
Porco-espinho-
Mammalia do-Cabo Hystrix africaeaustralis X LC
Mammalia Rato-uniraiado Lemniscomys rosalia X LC
Lebre-de-nuca-
Mammalia dourada Lepus saxatilis X LC
Mammalia Texugo-do-mel Mellivora capensis X LC
Manguço-
Mammalia listrado Mungos mungo X LC
Esquilo-da-
Mammalia savana Paraxerus cepapi X LC
Esquilo-
vermelho-da-
Mammalia floresta Paraxerus palliatus X LC
Mammalia Pangolim Smutsia temminckii X VU
Mammalia Cabrito-cinzento Sylvicapra grimmia X LC
Rato-grande- Thryonomys
Mammalia das-canas swinderianus X LC
LC = Least Concern (Pouco Preocupante); VU = Vulnerable (Vulnerável)

Das espécies de fauna registadas apenas o Pangolim encontra-se em condição Vulnerável


(VU) a nível global, na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, sendo as restantes
classificadas como Pouco Preocupantes (LC) (IUCN, 2022).

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13.3 ÁREAS PROTEGIDAS


A área do Projecto não atravessa qualquer área de conservação ou ecologicamente sensível,
como se pode visualizar na Figura 45.
Em relação às áreas chave para a biodiversidade, das 29 mapeadas mais recentemente, a
mais próxima da área do Projecto é a KBA Machipanda, localizada a cerca de 27,6 km a
Noroeste. A Sul da área do Projecto encontra-se a Reserva Florestal do Régulo Zomba, a
cerca de 31 km.
A KBA Machipanda cobre uma área de cerca de 756,30 km2 e fica localizada no posto
administrativo de Machipanda, na zona Oeste do distrito de Manica, no seu limite ocidental
com a República do Zimbábue. Esta área ainda é muito pouco estudada, e não apresenta
protecção formal. Constitui um local de reprodução da Andorinha-azul (Hirundo atrocaerulea),
listada pela IUCN como vulnerável (VU), e hospeda um número significativo da sua população
global, representando cerca de 4% da população global da espécie. Este local abriga também
a Toupeira-dourada-de-Arends (Carpitalpa arendsi), igualmente avaliada como vulnerável
(VU) na lista vermelha da IUCN (WCS/Governo de Moçambique/USAID, 2021).

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Figura 45– Áreas de Conservação mais próximas da área do Projecto

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14 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: MEIO


SOCIOECONÓMICO

Como parte do EIA foi realizado um Estudo de Especialidade de Socioeconomia. A


informação produzida nesse estudo foi integrada no presente REIA, nas Secções
correspondentes ao Meio Socioeconómico.

OBJECTIVOS DO ESTUDO DE ESPECIALIDADE DE SOCIOECONOMIA

O principal objectivo Estudo de Especialidade de Socioeconomia foi o de caracterizar o Meio


Socioeconómico, com o foco nas comunidades abrangidas pelo Projecto de modo a identificar o
tipo e nível dos potenciais impactos decorrentes da implementação do Projecto a que estas
comunidades poderão estar sujeitas.
Os objectivos específicos foram os seguintes:
• Caracterizar as estruturas sociais, económicas, organizacionais, políticas e culturais da
área de influência do Projecto, definindo, assim, a situação de referência socioeconómica;
• Identificar os potenciais impactos positivos e negativos associados à implementação do
Projecto;
• Identificar e propor medidas de mitigação ou potenciação dos impactos identificados;
• Formular medidas de gestão e monitoria dos impactos socioeconómicos, para integração
no Plano de Gestão Ambiental do Projecto.

ABRANGÊNCIA DO ESTUDO DE ESPECIALIDADE DE SOCIOECONOMIA


Os estudos do Meio Socioeconómico aqui reportados incidem, em primeiro lugar, sobre a
Área de Influência Directa (AID) do Projecto que, por definição (apresentada no
Capítulo 10), é a área que poderá estar sujeita aos impactos potenciais directos do Projecto,
nomeadamente o povoado de Selva Lenha.
Referências ao Distrito de Vanduzi como um todo, são efectuadas no contexto da Área de
Influência Indirecta (AII) do Projecto, que se entende ser a Província de Manica como um
todo, definida como a área sujeita aos impactos potenciais indirectos do Projecto.
Para efeitos dos estudos do Meio socioeconómico, assumiu-se ainda a existência de uma
Área de Influência Regional (AIR), correspondente à Região Centro do País, por se
considerar que a influência indirecta do Projecto vai para além dos limites da Província de
Manica, como reflectido no seguinte exemplo: o tráfego de camiões-cisterna que
presentemente fazem o carregamento de combustível no Porto da Beira (situado na vizinha
Província de Sofala) poderá reduzir no troço entre Vanduzi e Beira, uma vez que a fonte de
combustível para os camiões se encontrará mais próxima dos seus pontos de origem (i.e. em
Vanduzi). Por outro lado, para a Província de Tete, também vizinha da Província de Manica,
uma maior proximidade da fonte de combustível poderá potenciar oportunidades de
desenvolvimento, por exemplo, através do estabelecimento de novos negócios ou da
ampliação de negócios existentes. A AIR será, deste modo, alvo dos impactos regionais do
Projecto.

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

14.1 METODOLOGIA DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO


O Estudo de Especialidade de Socioeconomia envolveu a combinação de duas componentes
distintas, nomeadamente revisão bibliográfica, para a recolha de dados secundários,
complementada com trabalho de campo, para a recolha de dados primários, tendo este sido
realizado no local do Projecto, no Distrito de Vanduzi, como descrito a seguir:
➢ Revisão bibliográfica: foram usadas fontes de informação diversas (p.ex., documentos
relacionados com actividades de manuseamento e armazenamento de combustíveis,
incluindo relatórios, legislação nacional e normas internacionais), dados estatísticos,
dados cartográficos, relatórios e planos disponibilizados pelo Governo Distrital de
Vanduzi, entre outros materiais referenciais. A informação recolhida permitiu estabelecer
as bases e desenvolver os instrumentos para a recolha de dados primários no campo.
➢ Visitas de campo: para efeitos do EIA foi realizado trabalho de campo no Distrito de
Vanduzi, com o foco principal na Localidade de Chigodole (Posto Administrativo de
Vanduzi) em duas etapas, como especificado a seguir:
• Primeira etapa: uma visita foi realizada em Novembro de 2020, visando obter uma
melhor percepção do seguinte:
o A estrutura de governação do Estado e local (comunitária);
o As principais formas de uso e aproveitamento da terra;
o O processo seguido na aquisição do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra
(DUAT) para o Projecto.63
o Características socioculturais e socioeconómicas da área do Projecto;
o As principais percepções, a diferentes níveis, sobre a implantação do Projecto;
• Segunda etapa: realizada em Maio de 2022, a segunda visita serviu para aprofundar
o conhecimento sobre os aspectos acima referidos e, onde necessário, actualizar as
informações recolhidas na primeira etapa, visando cobrir as possíveis lacunas de
informação.
A recolha de dados documentados de nível distrital foi feita nos serviços distritais do Governo
do Distrito de Vanduzi. Neste exercício foram igualmente utilizadas fontes e técnicas não-
documentais, que se cingiram no seguinte: (a) observação qualitativa, registo fotográfico e
mapeamento georreferenciado; (b) entrevista informal; (c) entrevistas semi-estruturadas
(individual e colectiva); e (d) Grupos Focais de discussão.
a) Observação qualitativa, registo fotográfico e mapeamento georreferenciado
A observação qualitativa teve um carácter exploratório, através do qual foram efectuadas
anotações de aspectos socioeconómicos relevantes observados no terreno. Esta
abordagem foi complementada com o registo fotográfico e um mapeamento
georreferenciado de pontos e aspectos-chave para a caracterização do Meio
Socioeconómico da área do Projecto.
b) Entrevista informal
Corresponde a um tipo de entrevista o menos estruturada possível (i.e. sem um guião
pré-definido) e que só se distingue de uma simples conversa porque tem como objectivo
básico a colecta de dados. Esta entrevista foi realizada no dia 20 de Novembro de 2020
com Administrador do Distrito de Vanduzi.64, o Participaram igualmente na entrevista

63 Como referido anteriormente neste documento, nessa altura o Proponente já dispunha de uma “Autorização Provisória de Direito de
Uso e Aproveitamento da Terra”.
64 Sr. João Pedro Amade.

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108
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

informal a Directora dos Serviços Distritais de Actividades Económicas e o Comandante


Geral da PRM.65
O objectivo primário foi o de apresentar o plano de trabalho e tratar de aspectos inerentes
ao mesmo com a Administração do Distrito (como um acto de cortesia perante as
autoridades locais), validando, ao mesmo tempo, a visita de campo pela Administração.
Na ocasião o Consultor inquiriu sobre, e efectuou o registo das percepções e
expectativas, assim como das principais preocupações e recomendações do Governo do
Distrito com relação do Projecto e à respectiva AIA.

c) Entrevistas semi-estruturadas
Corresponde a um tipo de entrevista que tem um guião-base, através do qual se inicia a
recolha de informação, oferecendo, contudo, um leque amplo de interrogativas que
podem surgir à medida que se recebem as respostas do entrevistado.
Entrevistas semi-estruturadas individuais foram realizadas com os representantes do
Governo do Distrito de Vanduzi, abrangendo os diferentes Serviços Distritais. Estas
abarcaram também os representantes das Unidades Sanitárias mais próximas do Local
do Projecto, nomeadamente, do Centro de Saúde de Chigodole e do Centro de Saúde do
Cruzamento de Tete.
Entrevistas semi-estruturadas colectivas foram realizadas a primeira com representantes
do distrito ao nível do Posto Administrativo de Vanduzi-Sede e da Localidade de
Chigodole, e a segunda com líderes tradicionais locais. A Figura 46 mostra alguns dos
participantes das entrevistas semi-estruturadas colectivas realizadas.

Figura 46 – Alguns dos participantes de entrevistas colectivas realizadas – representantes


do PA de Vanduzi-Sede (à esquerda) e líderes tradicionais locais (a direita)
d) Grupos Focais de discussão
O termo “Grupo Focal” é usado neste estudo para designar um pequeno grupo de
discussão, formado por pessoas de uma tipologia específica, constituído para promover
uma discussão aberta sobre determinado assunto (no caso, sobre assuntos relacionados
com o Projecto e o respectivo EIAS) e cujas intervenções (informações, comentários,
queixas, respostas, ou de outra natureza), são usadas como uma indicação do que se
pode esperar de um grupo mais amplo da população da área em referência.66

65Sra. Marta Chicava e Sr. José Saene Macaza, respectivamente.


66A recolha de dados por via dos grupos focais de discussão é, assim, um método de pesquisa de informação usado para investigar com
profundidade elementos não mensuráveis por via quantitativa, assim como para identificar e obter diferentes percepções sobre um mesmo
contexto, para diferentes grupos sociais.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Foram constituídos Grupos Focais de (i) Homens; (ii) Mulheres; (iii) Jovens; e (iv)
residentes no bairro Nhamassissa, de modo a registar, por diferentes perpectivas, o
quotidiano socioeconómico, as percepções, as preocupações e as expectativas em
relação ao Projecto. As figuras que se seguem são referentes a dois dos encontros de
Grupos Focais realizados, respectivamente homens (Figura 47) e de residentes no bairro
Nhamassissa (Localidade de Chigodole; Figura 48).

Figura 47 – Um encontro com um Grupo Focal de homens realizado na Localidade de


Chigodole

Figura 48 – Encontro com um Grupo Focal de homens (à esquerda) e mulheres residentes


e/ou utentes na AID do Projecto (à direita)

14.2 PERFIL ADMINISTRATIVO E POLÍTICO DA ÁREA DO PROJECTO


O Distrito de Vanduzi está localizado no Centro da Província de Manica, a cerca de 35 Km
da Cidade de Chimoio, capital da Província de Manica. Este distrito faz limite a Norte com os
distritos de Báruè e Macossa, através do Rio Púnguè; a Sul com os distritos de Macate e
Sussundenga, através dos rios Révuè e Tembuè; a Este com o Distrito de Chimoio e o Posto
Administrativo de Cafumpe, através do Rio Mudzingadzi; e a Oeste com o Distrito de Manica,
através do Rio Nhacadunguire.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

INSERÇÃO ADMINISTRATIVA
O Distrito possui dois postos administrativos (PA), nomeadamente, Vanduzi e Matsinho e, ao
todo, cinco localidades, distribuídas pelos PAs e 95 povoados distribuídos pelas localidades
(ver Tabela 23 abaixo e, mais adiante, a Figura 49). O Local do Projecto situa-se no Posto
Administrativo de Vanduzi, na Localidade de Chigodole, no Povoado de Selva-lenha, como
sublinhado na Tabela 23.

Tabela 23 – Divisão Administrativa e Inserção do Local do Projecto


Posto Total de
Localidades Povoados
Administrativo Povoados
Púnguè Sede Mudzidzi
Pina Mahundi
Chitundo Nhamundimu
Chissua Chinhamutsago
Púnguè-Sul Nhamadzi Mugoe 17
Malaphe Madzimachena
Chinjunju Nhaulanga
Manda Nhamahambo
Tsocotsoco
Dengalenga Mariondo 1 e 2
Armada Phungula
Vanduzi- Sede
Marongorongo Nhamaera 1 e 2
Belas Bairro Centro
Vanduzi-Sede Bairro Militar 25 de Junho 19
Bairro Escola Bairro 19 de Outubro
Bairro Chimuanandimai Bairro 25 de Setembro
Macora Charewa
Chitambe
Chigodole Sede Nhamaonha
Nhassoro Gacamira
Chigodole 7
Selva* Cruzamento de Tete
Nhamawale
Gobo gobo Nhadhemba
Chibata Bairro 5º Congresso
Samora Machel Eduardo Mondlane
Quinta das Laranjeiras 1º de Maio
Chiremera 16
Nzarayapera Tarara
Hariondo Makorokoto
Twembe 25 de Setembro
Mahamba Mutsetsi
Matsinho
Gaiola Thedzure
Mombezi 1, 2 e 3 Nhangunguma
Mpucuta Phango
Matsinho- Tsungudzi 1 e 2 Monte Chimoio
36
sede Chipaco Mbandama
Nhassopo Nhawale
Dikwi Pungue 1, 2 e 3
Zombane Dongo

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Posto Total de
Localidades Povoados
Administrativo Povoados
Chimonica Chicacaule
Dambalare Punguehumbe
Dzue Francisco Manhanga
Armando Guebuza 07 de Setembro
Hamakodzi Nhamakamba
Mudzingadzi Pungure
Mariondo 1 e 2 Nhaucaca
Fonte: Repartição de Planificação e Desenvolvimento Local (RPDL) de Vanduzi – Pesquisa de campo

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 49 – Divisão Administrativa do Distrito de Vanduzi (Postos Administrativos) e


Localização do Projecto

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Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Na estrutura de governação distrital, o órgão de tutela é a Administração do Distrito,
representada pelo Administrador do Distrito. O Administrador é apoiado por um Secretário
Permanente e por diferentes directores dos serviços distritais que representam, a nível
distrital, as unidades centrais de planificação e de implementação do desenvolvimento no
País (ver a estrutura de governação distrital na Figura 50, abaixo).
Na estrutura de governação participam igualmente representantes do Estado, como membros
com estatuto de convidados permanentes, dentre eles o Comandante Distrital da Polícia da
República de Moçambique, o Conservador do Registo Civil, o Procurador Distrital, o Juiz
Distrital e o Delegado da Administração Marítima. Dependendo da situação específica de
cada distrito, o leque de membros convidados poderá ser alargado para outras instituições
relevantes (p.e. representantes de institutos nacionais, administradores de parques e áreas
de conservação, entre outros).

Administrador
do Distrito

Gabinete do
Administrador

Secretaria
Distrital

SDPI SDEJT Outros


SDSMAS SDAE
Serviços

Fonte: RPDL de Vanduzi – Pesquisa de campo


Legenda: SPPI - Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas; SDEJT - Serviço Distrital de Educação, Juventude e
Tecnologia; SDMAS - Serviço Distrital de Saúde, Mulher e Acção Social; SDAE - Serviço Distrital de Actividades Económicas.

Figura 50 – Estrutura de Governação Distrital

Os Chefes dos Postos Administrativos têm como principal função a de estabelecer a ligação
entre a Administração Estatal e as comunidades locais e têm sob sua tutela os Chefes das
Localidades. Estes últimos, por sua vez, têm como principal função a de promover o
desenvolvimento económico, social e cultural das comunidades e organizar a participação
das comunidades locais na resolução de problemas sociais afectos a cada uma das
Localidades.
Hierarquicamente abaixo dos Chefes das Localidades encontram-se os Chefes das
Povoações, que são responsáveis pela organização e integração dos Chefes/Líderes dos
Povoados. A nível local, a estrutura de governação é exercida por uma autoridade
reconhecida como “Líder Comunitário”. Deste modo, apesar de estar previsto na lei que a
povoação é dirigida por um Chefe de Povoação nomeado pelo Estado, uma grande parte das
povoações ainda é dirigida por Líderes Comunitários. Estes sistemas de liderança a nível
local são caracterizados por uma colaboração mútua67.
Os Líderes Comunitários eleitos são normalmente representados pelos Secretários e, no
caso do Distrito de Vanduzi, correspondem aos Líderes de 1º Escalão. Líderes comunitários
tradicionais correspondem aos líderes cuja posição é atribuída consoante regras de sucessão

67 Formalizado pelo Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho e pela Lei N.º 8/2003. O Decreto N.º 15/2000 de 10 de Junho (Boletim da República,

2000), que regula as formas de articulação entre os órgãos do Estado a nível local e as autoridades comunitárias.
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114
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

baseadas em laços familiares. No Distrito de Vanduzi, estes são denominados de Líderes de


2º e 3º Escalão. Neste grupo encontram-se os Régulos e seus representantes e/ou
subordinados que são tipicamente descendentes das famílias fundadoras dos Povoados e,
por isso, beneficiam-se de um alto nível de prestígio e respeito.
PAPEL DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS COMO PARTE INTEGRANTE DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
O Decreto nº 15/2000 de 10 de Junho 68 reconhece os líderes tradicionais e os líderes eleitos
localmente como representantes legítimos, que desempenham um papel social, cultural, religioso
ou económico que é aceite pela comunidade (ou pelas comunidades) à qual pertencem. Os líderes
comunitários assim designados constituem um importante órgão de apoio ao governo local, na
implementação dos planos do governo ao nível dos povoados e povoações.
No ano de 2000, o Governo iniciou um processo de integração da organização comunitária na
organização do Estado ao nível local69, que culminou em 2003 com a institucionalização de um
processo participativo, que envolve as comunidades e seus representantes (membros da
comunidade, líderes comunitários, líderes religiosos e outros líderes respeitados) na estrutura
consultiva do Governo Distrital através de Conselhos Consultivos estabelecidos aos vários níveis 70,
com o mandato de se pronunciarem sobre os planos definidos, a sua priorização e implementação.
COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS CONSULTIVOS A DIFERENTES NÍVEIS NO DISTRITO DE VANDUZI
O Conselho Consultivo (CC) está representado a 4 níveis, correspondendo estes a cada um dos
níveis de governação do distrito:
• CC Distrital – composto por 40 membros (número mínimo obrigatório de membros, sendo o
limite o de 50 membros);
• CC do Posto Administrativo – composto por 40 membros.
• CC da Localidade – composto por 20 membros (representantes dos membros do CC dos
Povoados); e
• CC do Povoado – composto por 10 membros.

O CC Distrital integra membros de todas as áreas administrativas do Distrito e coordena a interacção


entre o Governo e a comunidade.

O conhecimento sobre a estrutura de governação na área administrativa do Projecto será útil


ao Proponente para o estabelecimento de mecanismos eficazes de comunicação relacionada
com o Projecto, tanto ao nível das estruturas administrativas, como ao nível da liderança
tradicional.

14.3 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DA ÁREA DO PROJECTO


Para descrever o perfil sociodemográfico da Área do Projecto, o Consultor recorreu sobretudo
aos dados do Instituto Nacional de Estatística (Censo 2017 e projecções para 2021), a dados
fornecidos pelos serviços distritais da Administração do Distrito de Vanduzi71, assim como à
informação recolhida nas entrevistas semi-estruturadas colectivas realizadas durante a visita
de campo (referidas no Subcapítulo 14.1).
TAMANHO E DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA DA POPULAÇÃO
Dados do INE (2017a e 2017b) indicam que a Província de Manica, à qual pertence o Distrito
de Vanduzi, possuía, em 2017, um total de 1 851 931 habitantes e em 2021, segundo as
projecções para esse ano, 2 174 432 habitantes. Com isto, o Distrito de Vanduzi concentrava

68
O Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho define a articulação entre os órgãos locais do Estado e as autoridades comunitárias
69 Baseado no Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho.
70 “Guião para a Participação e Consulta Comunitária na Planificação Distrital”, Despacho do Ministério da Administração Estatal e do Plano

e Finanças, 2003.
71 Ao nível dos serviços distritais de Vanduzi, os dados consultados foram o Relatório de Balanço Semestral de 2020 e o Relatório de

Balanço da Execução do Plano Económico e Social e Orçamento do Distrito (PESOD), de 2019.


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115
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

cerca de 6,2 % da população da Província em 2017, tendo diminuído o seu percentual para
6,02% de acordo com as projecções para 2021 (ver Tabela 23).
Dados do censo de 2017 mostram que no PA de Vanduzi Sede, a maioria da população
estava concentrada na Localidade Sede (42 878 habitantes, o equivalente a 52,5 % da
população do PA). Assume-se que esta tendência se tenha mantido para o ano de 2021, uma
vez que esta é a localidade com maior disponibilidade de serviços e infraestruturas sociais.
A Localidade de Chigodole, na qual se insere o Local do Projecto, concentrava, em 2017,
23,3 % da população do PA de Vanduzi Sede. Assume-se que para o ano de 2021, esta
população tenha igualmente crescido. Dados fornecidos pelos líderes locais durante a
entrevista semiestruturada colectiva realizada na visita de campo, indicam uma estimativa de
4 638 habitantes para o Povoado de Selva para o ano de 2020, onde o Projecto será
implantado, não tendo sido ainda realizado outro levantamento da população desde essa
altura.
Seguindo a tendência a nível nacional e da Província de Manica, o distrito apresenta, no seu
total, população feminina maior que a masculina; para o ano de 2021, 50,9 % dos habitantes
são mulheres. Esta distribuição a nível de género é observada igualmente a nível dos PAs
(51% de mulheres no PA de Vanduzi-Sede e 50,7 % no PA de Matsinho; ver Tabela 24).
Assume-se que esta tendência se replique, igualmente, aos níveis da Localidade e dos
povoados, embora não estejam disponíveis dados populacionais segregados por género a
estes níveis, para o ano de 2021.
Tabela 24 – Tamanho e distribuição da população no Distrito de Vanduzi e da Província de
Manica
População para 2017* População para 2021***
Área %
administrativa %
Total Homens Mulheres Mulheres Total Homens Mulheres
Mulheres

Província de
1 851 931 886 515 965 416 52,1 2 174 432** 1 048 014** 1 126 418** 51,8
Manica
Distrito de
115 532 56 299 59 233 51,3 130 893 64 284 66 609 50,9
Vanduzi
PA Vanduzi
81 729 39 766 41 963 51,3 92 596 45 406 47 190 51,0
Sede

Loc. Sede 42 878 20 817 22 061 51,5 - -

Loc. Chigodole 19 022 9 381 9 641 50,7 - -


Loc. Púnguè
19 829 9 568 10 261 51,7 - -
Sul

PA Matsinho 33 803 16 533 17 270 51,1 38 297 18 878 19 419 50,7%

Localidade de -
24 649 12 064 12 585 51,1 - -
Matsinho-Sede
Localidade de -
9 154 4 469 4 685 51,2 - -
Chiremera
AFs no Distrito
22 933 26 17972
de Vanduzi
Fontes: (*)INE, 2017ª; (**)INE, 2027b; (***)Governo do Distrito de Vanduzi, 2020b

72Cálculo aproximado de agregados familiares, partindo do pressuposto de que cada família tem o número médio de 5 membros
(extrapolado com base nos dados de 2017).
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

DENSIDADE POPULACIONAL
Ocupando uma área aproximada de 3 547 Km², o Distrito de Vanduzi apresentava, em 2017,
uma densidade populacional de 31,6 hab/km², tendo aumentado em 2021 para
aproximadamente 37 hab/km². Dos PAs existentes, o PA de Vanduzi-Sede é o que ocupa
maior superfície no distrito (58,6 % do território do distrito, como se mostra na Tabela 25),
apresentando igualmente uma densidade populacional maior, ao concentrar cerca de 71 %
da população do Distrito (segundo dados de projecção de densidade populacional para o ano
de 2021). Isto reflecte uma maior concentração populacional típica de zonas de concentração
de serviços, referida anteriormente.
Tabela 25 – Densidade Populacional no Distrito de Vanduzi e da Província de Manica
Densidade Densidade
Área População, População, Superfície populacional populacional
administrativa 2017* 2021** (Km²)*** (hab/km²) (hab/km²)
2017 2020
Província de
1 851 931 2 174 432 62 270 29,7 34,9
Manica
Distrito de
115 532 130 893 3 547 32,6 36,9
Vanduzi
PA Vanduzi
81 729 92 596 2 079 39,3 44,5
Sede
PA Matsinho 33 803 38 297 1 467 23 26,1
Fonte: (*)INE, 2017ª; (**)Governo do Distrito de Vanduzi, 2020b; (***) Cenacarta, 2018

É de prever que no PA de Vanduzi-Sede o Projecto possa vir a ter alguma influência no


aumento da densidade, devido ao efeito de atracção que este poderá exercer com relação à
busca de emprego e negócios.
ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO
Dados do Governo do Distrito de Vanduzi (2021b) revelam uma pirâmide etária ascendente,
com uma população maioritariamente jovem. A Figura 51 abaixo, ilustra uma população mais
concentrada nas faixas etárias mais baixas, com tendência a diminuir nas faixas etárias
progressivamente mais elevadas.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Fonte: Governo do Distrito de Vanduzi, 2021b

Figura 51 – Pirâmide de distribuição populacional por faixa etária e sexo

Na Tabela 25 notou-se um crescimento na população do distrito nos anos indicados. Este


crescimento, para além de estar relacionado com a tendência de crescimento populacional natural,
poderá igualmente estar relacionado com fenómenos de migração interdistrital e interprovincial.
Durante as entrevistas colectivas e encontros com grupos focais realizados, foi reportado que se
observa uma maior tendência de entrada de pessoas nas povoações (imigração) do que de saída
(emigração).

Segundo as fontes acima referidas, o principal factor associado à imigração é o conflito


armado na Região Centro do País, principalmente na Província de Sofala, que tem
influenciado a migração interdistrital e interprovincial. O factor emprego foi o segundo mais
citado, maioritariamente em referência a pessoas das Províncias de Tete e Zambézia
(Quelimane). O estabelecimento do Projecto em Vanduzi poderá constituir um factor adicional
de atracção populacional para o distrito, relacionada com a busca de emprego.
A emigração está, principalmente, associada à educação e ao emprego. Foi reportado
durante o encontro com o Grupo Focal com jovens que, pela limitação no acesso a níveis de
ensino mais avançados no PA e Localidade, grande parte dos jovens mudam-se para os
distritos de Macate e Manica (Vila de Messica), para poderem prosseguir com os estudos do
Ensino Secundário. Ao mesmo tempo, o trabalho assalariado temporário (operadores de
maquinaria de construção), principalmente na Província de Tete, faz com que muitos jovens
emigrem e alguns deles não retornam ao local de origem.
GRUPOS POPULACIONAIS VULNERÁVEIS
Nas entrevistas semiestruturadas colectivas e nos grupos focais com mulheres fez-se
referência a pessoas/grupos vulneráveis, indicando os seguintes como sendo os principais:
• Mulheres chefes de família viúvas ou separadas/abandonadas pelos maridos e que
ficaram com a missão de tomar conta dos filhos;
• Idosos (homens ou mulheres), que vivem sozinhos, por não possuírem família a viver na
mesma povoação (por exemplo: os filhos vivem em outros distritos e províncias e não
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

prestam assistência regular ao pai ou mãe viúvos). Nestes casos estes dependem, muitas
vezes, da ajuda de vizinhos, outros de parentes e/ou amigos;
• Jovens menores de 15 anos como chefes de agregados familiares. Estes são
principalmente órfãos que continuam a residir na casa deixada pelos pais, mas que
dependem, em grande medida, da ajuda de outros agregados familiares (vizinhos,
familiares, amigos).
ASSENTAMENTOS POPULACIONAIS E HABITAÇÃO
A disposição dos assentamentos populacionais tende a variar em função da presença de
infraestruturas e serviços na área, tais como escolas, centros de saúde e outros. Em tais
locais, os assentamentos populacionais tendem a apresentar-se mais concentrados (Figura
52 e Figura 53) e com uma miscelânea de habitações de construção convencional e
habitações mistas (i.e., de material convencional e não convencional)73, porém com um
padrão ainda rural (Figura 54). Este tipo de assentamento apresenta-se, geralmente,
ordenado nas proximidades das principais vias de acesso, sendo este o caso dos povoados
que constituem as sedes das localidades, tais como Vanduzi-Sede e Chigodole-Sede.

73 Entende-se por “convencionais” os materiais de construção como, por exemplo, blocos de cimento e de tijolo, cimento, chapas de zinco,
telhas, pavimentos de madeira, mármore, mosaico. No grupo dos materiais não convencionais (ou locais), incluem-se, por exemplo, barro,
estacas, caniço, capim.
Preparado por: Impacto, LDA
119
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

Imagem: Google Earth


Figura 52 – Exemplos de áreas com assentamentos populacionais (ampliadas no topo da imagem)
Preparado por: Impacto, LDA
120
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

Imagem: Google Earth

Figura 53 – Exemplos de áreas com assentamentos populacionais (ampliadas na parte


inferior da imagem)

Preparado por: Impacto, LDA


121
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

A B

Figura 54 – Exemplos de habitações de construção convencional (à esquerda) e mista (à


direita)
Nas zonas desprovidas de, ou mais pobres em infraestruturas e serviços, os aglomerados
populacionais são mais dispersos, alguns dos quais em pequenos agrupamentos, de dois a
três agregados familiares. Nestas áreas, as residências principais são geralmente
construídas com materiais locais, i.e. não convencionais (Figura 55), embora cada vez mais
se observem residências com recursos a materiais mistos ou convencionais.

Figura 55 – Exemplos de estruturas habitacionais construídas com materiais locais no


povoado de Selva-Lenha
As estruturas auxiliares à residência principal, como é o caso da casa de banho ou latrina,
cozinha externa, capoeira, curral e celeiro, encontram-se separadas, mas muito próximas
desta. A casa de banho ou latrina é, por regra, externa à residência principal. As estruturas
auxiliares são maioritariamente construídas com recurso a material local, sendo que a escolha
dos materiais de construção para as mesmas depende, geralmente, da capacidade financeira
de cada agregado familiar.

Preparado por: Impacto, LDA


122
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

14.4 SERVIÇOS E INFRAESTRUTURAS SOCIAIS DO DISTRITO DE VANDUZI


EDUCAÇÃO
Dados do Governo do Distrito (2020a; 2020b), sumarizados na Tabela 26, apontam para a
existência de 74 escolas na rede escolar do distrito, nomeadamente:
• Escolas de Ensino Primário (EP) de 1º grau (EP1) e 2º grau (EP2)74;
• Escolas do Ensino Secundário Geral de 1º e 2º graus (ESG 1 e ESG 2,
respectivamente)75,
• Escolas de ensino técnico;
Existe ainda no distrito o sistema de Alfabetização e Educação de Adultos (AEA).
Tabela 26 – Rede de ensino no Distrito de Vanduzi
Número
Área de Ensino Nível de Ensino Designação de
escolas
EP1 29
Primário EP1/2 35
Sub-total 64
ESG1 4
Geral Secundário ESG2 1
Sub-total 5
Primário e
Centro E.
Secundário (currículo 1
Njerenje
internacional)
TOTAL DO ENSINO GERAL 70

IAC 1
Médio
Técnico-Profissional
IMEPAG 1
TOTAL DO ENSINO TÉCNICO 2
Formação de
Básico IFP Chibata 1
Professores
Superior Licenciatura ISPM 1
TOTAL DO DISTRITO DE VANDUZI 74
Fontes: Governo do Distrito de Vanduzi, 2020a e 2020b; SDEJT de Vanduzi – Pesquisa de campo

Do total de escolas acima mencionadas, 64 leccionam o ensino primário, como é o caso da


EP1 Vila Maninga (Figura 56). Destas, 38 encontram-se no PA de Vanduzi – Sede e 26 no
PA de Matsinho. Das 5 escolas dedicadas ao Ensino Secundário Geral, 3 localizam-se no PA
de Vanduzi – Sede e 2 no PA de Matsinho.

74 O Ensino Primário está dividido em 1º grau que lecciona da 1ª a 5ª classe (EP1) e em 2º grau que lecciona 6ª e 7ª classes (EPC, que
corresponde a EP1+EP2).
75 O ensino secundário geral está dividido em 1º grau que lecciona da 8ª a 10ª classe (ESG1) e em 2º grau que lecciona a 11ª e 12ª classes

(ESG2).

Preparado por: Impacto, LDA


123
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 56 – EP1 Vila Maninga


Não existe no Povoado de Selva qualquer escola que leccione Ensino Secundário Geral. Foi
reportado durante a visita de campo que maior parte das crianças de Selva recorre à Escola
Primária Completa de Chigodole (Figura 57), que possui salas anexas ligadas a ESG de
Vanduzi – Sede (da 8ª a 10ª classe). Esta escola fica, em média, a cerca de 2 horas de
caminhada do Povoado de Selva.

Figura 57 – EPC de Chigodole (à direita) e salas anexas da ESG1 Vanduzi – Sede (à


esquerda)
Algumas crianças transferem-se para a Vila de Messica (Distrito de Manica) para completar
o Ensino Secundário, o que representa um encargo monetário acrescido para os respectivos
agregados familiar76 e faz com que muitos desistam de estudar.
Quanto ao Ensino Técnico Profissional e Superior, na Localidade de Chigodole existe o
Instituto Médio Politécnico Armando Guebuza (IMEPAG). As restantes instituições de ensino
para os mesmos níveis, nomeadamente, Instituto Agrário de Chimoio, o Instituto de Formação
de Professores de Chibata e o Instituto Superior Politécnico de Manica (ISPM), estão situadas
na Localidade de Chiremere, PA de Matsinho.

Assume-se que as instituições de nível técnico e superior existentes no distrito oferecem um


potencial de recursos humanos que poderá, possivelmente, ser integrado no Projecto, através do
processo de contratação de força de trabalho local.

76As despesas mais frequentes e reportadas nas entrevistas colectivas e grupos focais estão associadas: (i) aluguer de casa ou quarto
em casa de familiares/conhecidos para a estadia da criança, (ii) despesas quotidianas da criança – alimentação, deslocação, (iii) despesas
associadas à escola – pagamento de propinas, material escolar e vestuário.

Preparado por: Impacto, LDA


124
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

EDUCAÇÃO E GÉNERO
No efectivo escolar predomina o sexo masculino, que corresponde a mais de 50% do total do
número de estudantes em todos os níveis de ensino. É de realçar, também, a decréscimo no
número de raparigas, à medida que aumenta o nível de ensino. Entre as possíveis razões
principais das taxas relativamente baixas da população escolar feminina (Tabela 27), citam-
se a dificuldade de acesso ao ensino secundário e a necessidade de deslocação, ou até de
mudança temporária de residência para áreas distantes, tal como a Vila de Messica, cuja
escola secundária foi a mais mencionada durante as entrevistas colectivas e encontros com
grupos focais como sendo frequentada por membros da comunidade do Povoado de Selva.
Aos aspectos acima aliam-se outros, de natureza cultural, relacionados com as tarefas
domésticas vinculadas à mulher/rapariga e ainda com os casamentos prematuros. Foi
reportado no encontro com o Grupo Focal de mulheres que as raparigas estudam, em média,
apenas até a 7ª classe, uma vez que muitas famílias não possuem condições financeiras para
custear o a frequência do Ensino Secundário e privilegiam a inscrição de rapazes, em prejuízo
das raparigas; mencionou-se igualmente que muitas raparigas se casam cedo, antes de
atingirem a idade adulta. A orfandade foi também indicada como sendo uma das causas
frequentes do abandono escolar.
Tabela 27 – Efectivo Escolar e Taxa de Desistência por ensino
Efectivo Escolar - 2021 Desistências - 2021
Nível de
Ensino Total Raparigas %M Total Raparigas %M

EP1 37 557 18 701 49,8 708 321 45,3


EP2 9 846 4 605 46,8 290 121 41,7
ESG1 6 974 2 976 42,7 354 115 32,5
ESG2 1 560 593 38,0 65 8 12,3
Técnico -
802 295 36,8 0 0 0
Profissional
Formação de
447 231 51,7 0 0 0
Professores
Fonte: Governo do Distrito de Vanduzi, 2020b; SDEJT de Vanduzi – Pesquisa de campo

O envolvimento de mulheres na força de trabalho do Projecto, ainda que em regime


temporário, poderá, possivelmente, ajudar a influenciar as mulheres a engajaram-se em
tarefas tradicionalmente tidas como masculinas, obtendo assim rendimentos através do
trabalho remunerado.
SAÚDE
O Sistema Nacional de Saúde (SNS) de Moçambique está estruturado em 4 níveis77,
nomeadamente:
• Nível Primário: Postos de Saúde e Centros de Saúde de tipo I e II;
• Nível Secundário: que corresponde a Hospitais Rurais, Distritais e Gerais;
• Nível Terciário: que corresponde a Hospitais Provinciais e
• Nível Quaternário: que corresponde a Hospitais Centrais e Especializados.

77Lei N. º 25/91 de 31 de Dezembro.

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125
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

➢ REDE SANITÁRIA DO DISTRITO


Dados do Governo do Distrito de Vanduzi (2020a) indicam a existência de um total de 9
unidades sanitárias, todas de nível primário. Designadamente, existem um Centro de Saúde
de Tipo I, localizado em Vaduzi-Sede (CS Vanduzi) e 8 Centros de Saúde do Tipo II,
(Matsinho, IAC, Chigodole, Mucombezi, Maonequera, Pungue Sul, Dengalenga e
Cruzamento de Tete); ver Tabela 28 e Figura 58. Para além das unidades sanitárias, o distrito
conta com 35 Agentes Polivalentes Elementares (APEs), distribuídos pelos diversos
povoados do distrito, que têm como missão promover a saúde nas suas comunidades.
Tabela 28 – Unidades sanitárias do Distrito de Vanduzi
Tamanho da
Unidade Condições da unidade Necessidade de
Tipo população
Sanitária sanitária intervenção
servida
Pequena para a demanda
Vanduzi Tipo I Ampliação 36 136
actual
Pequena para a demanda
Matsinho Tipo II Ampliação 27 819
actual
IAC Tipo II Em bom estado - 19 781
Chigodole Tipo II Degradada Reabilitação 10 088
Pungue Sul Tipo II Degradada Reabilitação 8 417
Maonequera Tipo II Em bom estado Vedação 8 628
Mucombezi Tipo II Em bom estado - 7 435
Dengalenga Tipo II Em bom estado - 5 228
Construção de
Cruzamento de Sem residências para
Tipo II residências para 9 908
Tete funcionários
funcionários
TOTAL 133 440
Fonte: SDSMAS de Vanduzi – Pesquisa de Campo

Preparado por: Impacto, LDA


126
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Fonte: SDSMAS de Vanduzi – Pesquisa de Campo

Figura 58 – Rede sanitária do Distrito de Vanduzi

Preparado por: Impacto, LDA


127
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

O centro de saúde mais próximo do Local do Projecto é o CS de Chigodole que se situa a


5 Km de distância, conforme ilustra a Figura 58 acima. O CS de Chigodole, mais usado pelas
comunidades do Povoado de Selva78, possui, para além da área de atendimento, uma
maternidade e casa mãe-espera, 7 agentes de serviço (entre técnicos e enfermeiros) e 4
APEs, que cobrem os povoados de Selva, Nhassoro, Gacamira e Nhamponda.
O CS Cruzamento de Tete, situado a aproximadamente 11 Km do Local do Projecto, apenas
possui área de atendimento ambulatório e maternidade. Conta também com 5 agentes de
serviço (Enfermeiros, Medicina Geral, Medicina Preventiva e Farmácia) e 1 APE.
Na altura em que o trabalho de campo foi finalizado (Maio de 2022), nenhuma das duas
unidades sanitárias acima indicadas (mostradas na Figura 59) possuía um serviço de
evacuação de doentes. Ambas estavam dependentes da ambulância alocada ao CS de
Vanduzi-Sede79, o Centro de Saúde de Referência do Distrito de Vanduzi. Sendo a referida
ambulância o único meio de evacuação existente em uma unidade sanitária do Distrito de
Vanduzi, é consequência directa verificarem-se constrangimentos nos tempos de espera dos
pacientes, nos casos que necessitem de atenção em unidades sanitárias da Cidade de
Chimoio.

Figura 59 – CS Chigodole (direita) e CS de Cruzamento de Tete (esquerda)


A maioria das unidades sanitárias possui a sua própria fonte de abastecimento de água.
Apenas as unidades sanitárias de Vanduzi-Sede, IAC e Mucombezi possuem água
canalizada, da rede de abastecimento do Fundo de Investimento do Património de
Abastecimento de Água (FIPAG). Os centros de saúde de Matsinho, Chigodole, Púnguè- Sul,
Maonequera, Dengalenga e Cruzamento possuem bombas manuais, com um funcionamento
intermitente, quando há avarias.

O conhecimento da composição e da capacidade local (i.e. da sede do distrito) da rede sanitária é


importante para este Projecto, especialmente no quadro da gestão de situações de emergência;
em caso de emergência, a evacuação de sinistrados para unidades sanitárias deverá ser feita tão
rapidamente quanto possível, para que estes possam receber a necessária assistência médica.
Tendo em conta as limitações locais de assistência médica, unidades sanitárias de referência na
Cidade de Chimoio (Hospital Provincial de Manica) ou, eventualmente, na Cidade de Beira
(Hospital Central da Beira), poderão, conforme necessário e possível, fazer parte da cadeia de
evacuação de sinistrados.

78 Conforme reportado nas entrevistas semiestruturadas colectivas e nos grupos focais de discussão durante a visita de campo.
79 Situação existente até à altura em que este Relatório foi finalizado.

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128
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

➢ PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFECTAM A COMUNIDADE


Dados sobre as principais doenças no Distrito de Vanduzi, baseados no número de casos
para o período desde o início de 2021 até ao fim do primeiro trimestre de 2022, são
apresentados a seguir, na Tabela 29.
Tabela 29 – Principais doenças no Distrito de Vanduzi em 2019 e 1º Semestre de 2020,
segundo dados do Governo Distrital
Número de casos – 1º Trimestre de 2022
Principais doenças
Nº de casos – 2021 1º Trimestre de 2022

Malária 24 815 6 991


Diarreia 2 022 821
Disenteria 493 195
Sarampo 35 4
Tétano Neo-natal 11 3
Paralisia Flácida Aguda 4 1
Fonte: Governo do Distrito de Vanduzi, 2021

➢ MALÁRIA
Seguindo as tendências nacionais, a Malária é a doença com o maior número de casos
notificados. A prevalência da malária é maior na época chuvosa, o que pode estar associado
a factores tais como más condições de saneamento do meio e doméstico nas comunidades,
o uso incorrecto (ou o não uso) de redes mosquiteiras, ou ainda o uso de redes mosquiteiras
danificadas.
➢ DOENÇAS DIARREICAS
Tal como a malária, estas estão muitas vezes ligadas às condições precárias de saneamento,
acrescentando-se as deficiências no abastecimento de água potável, principalmente nos
povoados.
➢ TUBERCULOSE
Embora não incluída na lista das principais doenças indicadas na Tabela 29, a tuberculose,
é uma doença contagiosa grave que merece a devida atenção. Infecções por tuberculose
podem ser facilmente exacerbadas por determinadas condições ocupacionais (p.ex.,
ambientes de trabalho confinados, com muita gente e mal ventilados), assim como por
condições clínicas de risco (p.ex., pessoas com HIV / SIDA, diabetes). Sabe-se que o risco
de contrair a tuberculose é, geralmente, maior em pessoas com idade muito jovem ou muito
avançada (idosos), mas a doença pode também afectar o grupo etário da chamada
População Economicamente Activa (PEA),80 da qual farão parte os trabalhadores do Projecto.
➢ HIV/SIDA
Casos de HIV/SIDA são igualmente registados e reportados no distrito, sendo que nos vários
sectores de atendimento dos doentes, como partos, consultas e urgências, os médicos e
técnicos de medicina podem solicitar a testagem para despiste do vírus do HIV, daí resultando
o diagnostico de infecções por HIV. Pessoas diagnosticadas como positivas são depois
encaminhadas para o Serviço de TARV, onde são convidadas a inscreverem-se e a iniciarem
o tratamento. Assim, foram registados, em 2021, 1 524 pacientes que aderiram ao Serviço
de TARV. Destes, 59 são crianças e 1 465 são adultos. No âmbito da prevenção do HIV, são

80 A PEA corresponde à faixa etária de 15-65 anos (sem prejuízo de qualquer trabalhador acima dos 65 anos que ainda esteja
profissionalmente activo). Note-se, entretanto, que apenas pessoa adultas, i.e. com idade a partir dos 21 anos, poderão ser contratadas
para trabalhar no Projecto.

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129
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

realizadas pelo SDMAS palestras de sensibilização nas comunidades e em unidades


sanitárias.

ABORDAGEM RELATIVA À SAÚDE DOS TRABALHADORES E DA COMUNIDADE


No que respeita ao Projecto, a abordagem relativa à saúde dos trabalhadores e da comunidade deve centrar-se
essencialmente na prevenção. Conforme o tipo de doença, tal abordagem poderá abarcar, por exemplo, o
seguinte: manutenção de condições de higiene e saneamento do meio (para doenças diarreicas), fornecimento
gratuito de preservativos (para ITSs e HIV-SIDA), etiqueta comportamental para a prevenção da contaminação
de terceiros (para COVID-19 e tuberculose); provimento de um ambiente de trabalho livre de mosquitos (mpara
malária); e disponibilização e/ou facilitação do acesso a cuidados médicos de saúde (para a prevenção e a cura
de doenças diversas).
NOTA SOBRE A COVID-19
A AIA do Projecto foi realizada em tempos de pandemia da COVID-19 que, pela sua gravidade, passou
a constituir a principal preocupação sanitária em todo o Mundo, pelo menos em 2019 e 2021.
Moçambique, sob a orientação do Ministério da Saúde e com o engajamento directo da Presidência
da República, tomou uma série de medidas visando minimizar a propagação desta doença, incluindo
a sensibilização sobre o uso de máscaras, a prática do distanciamento social, a higienização/lavagem
das mãos, a quarentena em circunstâncias específicas de possível risco de contaminação, a
vacinação massiva, entre outras.
No Distrito de Vanduzi e sob a coordenação do Governo Distrital, foram desencadeadas várias acções
para prevenir a propagação da COVID-19, incluindo o seguinte: (i) estabelecimento de condições
higiénico-sanitárias em todas as escolas para a retoma segura das aulas, que estiveram sujeitas a
interrupções; (ii) testagem; (iii) palestras; (iv) monitoria da implementação das medidas preventivas
no âmbito de emergência nacional, nos mercados, locais públicos e em algumas empresas existentes
no Distrito; e (v) vacinação.

ABASTECIMENTO DE ÁGUA
O abastecimento de água no Distrito de Vanduzi é garantido através de mais de 160 fontes
de água dispersas, constituídas por furos que funcionam maioritariamente com bombas
manuais. Deste número, aproximadamente 70% se encontram no PA de Matsinho.
Existe ainda um sistema de abastecimento de água, que garante o acesso a água canalizada
da rede pública aos agregados familiares. Contudo, a cobertura de água potável encontra-se
abaixo de 70% e está maioritariamente concentrada nas sedes dos PAs e Localidades.
Conforme reportado nas entrevistas colectivas e grupos focais, as comunidades,
principalmente as residentes nos povoados, recorrem, maioritariamente, a poços familiares
(alguns localizados nas zonas baixas) e a furos com bomba manual. No terreno constatou-se
o seguinte:
• A água retirada dos poços é boa para o consumo familiar, embora insuficiente; apenas
a sede da Localidade de Chigodole tem acesso à água canalizada, mas devido aos
custos associados, esta não é usada pela maior parte da comunidade (informação
registada em entrevista colectiva com representantes do PA de Vanduzi-Sede e da
Localidade de Chigodole);
• A água é limpa, contudo não é suficiente para abastecer toda comunidade; os meses
de Outubro e Novembro são, tipicamente, de escassez de água e, nesse período,
pode ser necessário fazer caminhadas de cerca de uma hora ou mais, para obter água
(informação registada em entrevista colectiva com os líderes comunitários locais);
• Contrariamente, houve também relatos segundo os quais a água retirada nos poços
“é suja e contém bichos”, sendo imprópria para o consumo e que a mesma é, porém,
usada para todas as actividades domésticas e abeberamento de animais domésticos
(informação registada no encontro com o Grupo Focal de discussão constituído por
Preparado por: Impacto, LDA
130
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

mulheres). Estes são, presumivelmente, os casos em que os poços são de qualidade


mais precária.
Exemplos de fontes de abastecimento de água mais usadas pela população são mostrados
a seguir, na Figura 60.

A B

Figura 60 – Exemplos de fontes de abastecimento de água mais usadas pela população –


(A) Poço (B) Furo com bomba manual

Para o Projecto pretende-se utilizar a água fornecida pelo FIPAG. É importante salientar que o uso
da água pelo Projecto não deve, de alguma forma, afectar a disponibilidade da água para outros
utentes locais. Caso esta possibilidade se verifique, então o Projecto deve considerar uma fonte
alternativa de água, tal como a abertura de um furo.

SANEAMENTO DO MEIO E GESTÃO DE RESÍDUOS


O saneamento constitui um grande desafio a nível nacional, principalmente para as
comunidades rurais. No Distrito de Vanduzi, o acesso às fossas sépticas restringe-se à Vila
Sede do distrito e às sedes dos PAs e Localidades, frequentemente com limitações
infraestruturais e de gestão.
Dados recolhidos durante a visita de campo (Novembro de 2021) em
entrevistas individuais com representantes dos serviços distritais dão conta da
existência de um total de pelo menos 3 430 fossas sépticas em todo o Distrito
de Vanduzi. As latrinas, desde as mais precárias às melhoradas, constituem
o meio de saneamento mais usado pelas comunidades, principalmente pelas
residentes nos povoados. Como mostra a

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131
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela 30, totalizam 24 598 as famílias servidas por este tipo de saneamento.

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132
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Tabela 30 – Infraestruturas de saneamento (latrinas e fossas sépticas) no Distrito de


Vanduzi
Localização Infraestruturas de Saneamento

Latrinas Latrinas Nº de famílias Fossas


PA Localidade
Tradicionais Melhoradas servidas Sépticas

Vanduzi - Sede 4 650 2 680 7 330


Vanduzi-Sede Púnguè - Sul 2 385 880 3 265
Chigodole 2 555 920 3 475
3 430
Chiremera 650 865 7 500
Matsinho
Matsinho-sede 1 750 1 278 3 028
TOTAL 11 990 6 623 24 598
Fonte: SDPI de Vanduzi – Pesquisa de campo

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


Na visita de campo constatou-se o seguinte:
• Na Vila Sede do distrito (Vanduzi-Sede), a recolha de resíduos sólidos é garantida por
uma empresa contratada para o efeito. A recolha é efectuada usando um tractor e
uma pá escavadora, 4 vezes por semana;
• A recolha de resíduos nos moldes citados acima conta com o apoio dos membros do
Programa de Acção Social Produtiva (PASP), que participam, igualmente, na limpeza
de todos os locais públicos do distrito, incluindo os PAs e Localidades;
• Nas unidades sanitárias, os resíduos são depositados em aterros em locais
seleccionados para a deposição deste tipo de resíduos sólidos;
• No caso dos resíduos hospitalares, dada a sua natureza infecciosa, a eliminação é
feita através de queima no local. No Município não existe qualquer incineradora para
eliminação deste tipo de resíduos;
• Nas comunidades, prevalece a prática nas proximidades das residências e, em alguns
casos, são usados aterros comunitários e familiares.
No trabalho de campo foi reportada a existência de 6 823 aterros nas comunidades, sendo
2 541 no PA de Vanduzi-Sede e 4 282 no PA de Matsinho, não tendo sido possível, no
entanto, obter detalhes sobre as suas dimensões médias, formas de gestão, tempo de vida
útil ou outros. Existe ainda o plano de construção de um aterro sanitário com 1 200 m² e uma
profundidade de 3 metros, projectado para um tempo de vida útil de 10 anos.

A gestão de resíduos sólidos é ainda um grande desafio para Moçambique, não só pelas
dificuldades de recolha e deposição final de resíduos, mas também pela falta de meios financeiros.
Na sua generalidade, os resíduos sólidos urbanos são encaminhados para lixeiras municipais a
céu aberto e aterros não controlados, enquanto os resíduos perigosos, geralmente os das maiores
indústrias, são transportados para o Aterro Industrial de Mavoco, localizado no Distrito de Boane,
em Maputo.
É importante que na execução do Projecto se desenvolvam e implementem procedimentos para a
gestão de resíduos de acordo com a tipologia de resíduos produzidos, conforme previsto na
legislação moçambicana, em especial no Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos
Urbanos (Decreto n.º 94/2014, de 31 de Dezembro) e no Regulamento sobre a Gestão de Resíduos
Perigosos (Decreto n.º 83/2014, de 31 de Dezembro)

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

ABASTECIMENTO DE ENERGIA
O Distrito de Vanduzi é abastecido por duas linhas de transmissão de energia,
nomeadamente de 110 e 220 kV (ver Figura 61, abaixo). A rede de distribuição de energia
local não abrange a totalidade do distrito, sendo Vanduzi-Sede, Chigodole (no PA de Vanduzi-
Sede), Matsinho-sede e Chiremera (no PA de Matsinho) as únicas localidades com acesso à
rede de energia da rede. O abastecimento é limitado às sedes das localidades.
Alguns agregados familiares e diversos estabelecimentos comerciais utilizam a painéis
solares como fonte de energia (iluminação), sendo os painéis normalmente adquiridos na
Cidade de Chimoio.

Figura 61 – Uma linha de transmissão de energia eléctrica da rede local (à esquerda) e um


painel solar usado para iluminação de um estabelecimento comercial local (à direita)
A maior parte da população residente nos povoados, conforme indicado nas entrevistas
colectivas e em encontros com Grupos Focais, recorre a fontes alternativas de energia para
iluminação, tendo sido a lanterna a pilhas a principal fonte indicada. As lanternas são
alegadamente adquiridas na Cidade de Chimoio, no PA de Vanduzi-Sede (Distrito de
Vanduzi) e na Vila de Messica (Distrito de Manica).
Para a confecção de alimentos, a principal fonte de energia indicada nos encontros com
Grupos Focais de discussão (principalmente no das mulheres) foi a lenha (geralmente de
ramos secos de Eucalipto), seguindo-se o carvão, de uso menos frequente, devido ao seu
custo de aquisição relativamente elevado.

14.5 REDE DE ACESSIBILIDADES


A rede de estradas classificadas que atravessam o Distrito de Vanduzi inclui duas Estradas
Nacionais: a N6, que vai da Beira a Machipanda, passando por Chimoio e Vanduzi (com um
troço passando próximo do local do Projecto, como já referido), para além de uma série de
outras áreas administrativas; e a N7, que liga a Vanduzi a Zóbuè (Província de Tete).
Ambas as estradas são asfaltadas e bastante movimentadas, muito usadas por veículos
ligeiros e pesados (Figura 62), incluindo veículos comerciais de carga e passageiros, assim
como camiões de grande tonelagem, dedicados ao transporte de mercadorias, que
atravessam a Sede do Distrito de Vanduzi maioritariamente provenientes do Porto da Beira
ou em sentido inverso.

Preparado por: Impacto, LDA


134
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 62 – Entroncamento entre N6 e a N7 (em baixo)


Existem ainda duas Estradas Terciárias, sendo estas a R525, a Norte do distrito e a R526 a
Sul. A R966 também atravessa o distrito.
As estradas não classificadas existentes no distrito perfazem um total de 368 Km de
extensão, distribuídos pelos PAs de Vanduzi-Sede (108 Km) e Matsinho (260 Km). Dados da
pesquisa de campo (Novembro de 2020) indicam que da extensão total das estradas não
classificadas, 303 Km encontravam-se em condições razoáveis de transitabilidade e 65 Km
em condições de intransitabilidade, e que esta é uma situação que tende a variar
sazonalmente, verificando-se uma maior degradação das estradas na época das chuvas
(entre Outubro e Abril). De referir que as estradas não classificadas são as que garantem as
ligações internas no distrito, ou seja, entre as localidades e os povoados.

Figura 63 – Troços de estradas não classificadas do Distrito de Vanduzi

Preparado por: Impacto, LDA


135
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

SEGURANÇA RODOVIÁRIA NAS IMEDIAÇÕES DA ÁREA DO PROJECTO


Na reunião de CP da Fase do EPDA do Projecto, realizada em Agosto de 2020, o SPA de Manica
manifestou a sua preocupação com relação à segurança rodoviária, com relação ao facto de o limite
norte do local do Projecto se situar em relativa proximidade da Estrada Nacional Nº6. Por outro lado,
na entrevista colectiva com os representantes do PA de Vanduzi-Sede e da Localidade de Chigodole
foi reportada a ocorrência de acidentes de viação e de atropelamentos envolvendo principalmente
crianças, justificada pela proximidade da escola (EP1 de Vila Maninga, nas imediações do Local do
Projecto) em relação à estrada. As principais causas destes acidentes estão, alegadamente,
associadas ao excesso de velocidade e/ou à travessia inapropriada dos peões. A avaliação de
impactos abarca a questão dos acidentes de viação (Secção 15.11), incluindo medidas para
prevenir/evitar que este potencial impacto seja exacerbado pelo Projecto.

No transporte ferroviário e no contexto da Província, destaca-se a linha férrea que vai da


Beira a Machipanda (Linha de Machipanda, pertencente à empresa Portos e Caminhos de
Ferro de Moçambique, CFM). Esta é essencialmente destinada ao transporte de mercadorias,
a partir do Porto da Beira, para os países vizinhos do hinterland (Zimbabwe, Zâmbia e
Malawi), ou vice-versa.

ACESSIBILIDADE AÉREA
O distrito não possui qualquer aeroporto ou aeródromo público. Existe, entretanto, uma pista
de aterragem privada que pertence à Companhia de Vanduzi e que, quando necessário, é
usada pelo Governo do Distrito. Seria recomendável o Proponente analisar a possibilidade
de negociações com a entidade detentora da infraestrutura em questão, no sentido de,
provavelmente, esta poder ser usada como uma infraestrutura de apoio em situações de
emergência associadas às actividades do Terminal de Combustíveis (sujeito às provisões
legais aplicáveis).
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS E CARGA
O transporte de passageiros e carga no Distrito de Vanduzi, assim como entre o distrito e a
Cidade de Chimoio e entre os distritos e províncias vizinhas, através da N6, é feito por meio
de autocarros, veículos de transporte semi-colectivo de passageiros (tipo minibus, vulgo
chapa) e carrinhas ou camionetas mistas de passageiros e carga. Um dos principais pontos
do distrito que funciona como um terminal rodoviário, onde os passageiros podem fazer a
mudança de transporte para seguimento de várias rotas, é o cruzamento entre a N6 e N7.
Relativamente à sua deslocação e às vias utilizadas, participantes de entrevistas colectivas
e de encontros de Grupos Focais reportaram o seguinte: (i) a deslocação dentro do distrito e
a curtas distâncias (p.e. até 10 km) é maioritariamente feita a pé ou, quando possível, usando
bicicletas e motorizadas; (ii) a deslocação para outros pontos mais distantes, como Vanduzi
– Sede, Vila de Messica e Cidade de Chimoio, é feita com recurso a veículos de transporte
semicolectivo; (iii) os custos de viagem para a Cidade de Chimoio aumentaram,
principalmente no trajecto de ida, sendo frequentemente necessário fazer ligações entre
diferentes transportes públicos; (iv) a não existência de um terminal de passageiros próximo
da área do Povoado de Selva faz com que os custos de viagem sejam elevados, uma vez
que o passageiro deve pagar o preço do trajecto mais longo efectuado pelo transportador na
rota em questão, mesmo que tal passageiro pretenda terminar a sua viagem num local num
local intermédio.

Preparado por: Impacto, LDA


136
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Transporte de Carga – Vanduzi como parte integrante do


Corredor de Desenvolvimento da Beira

Vanduzi é parte integrante do “Corredor de Desenvolvimento da Beira” (CDB ou, simplesmente,


“Corredor da Beira”), que tem como cerne o Porto da Beira. O Corredor da Beira estabelece ligação
directa entre este porto e o Zimbabwe, via de Machipanda. Esta ligação é feita através de três
infraestruturas principais, nomeadamente: (i) a N6 (que passa junto ao local do Projecto); (ii) a Linha
Férrea de Machipanda, que parte do Porto da Beira, entrando no Zimbabwe por Machipanda; e (iii)
o oleoduto Moçambique-Zimbabwe, pertencente à CPMZ e através do qual será feito o
abastecimento de combustível ao proposto Terminal de Vanduzi.

Para além do eixo Beira-Zimbabwe, o Corredor da Beira possui um segundo eixo de ligação, entre
o Porto da Beira e o Malawi (via de Changara e Tete) e ainda um terceiro eixo, o da Linha de Sena.
Zimbabwe, Zâmbia, Botswana, Malawi e República Democrática do Congo, todos países do
hinterland, são os principais utentes do Porto da Beira.

Actualmente o Distrito de Vanduzi constitui apenas uma zona de trânsito para os utentes do
Corredor da Beira, sem qualquer intervenção directa/activa nos aspectos económicos associados a
este Corredor. É de prever que com a construção do Terminal de Combustíveis em Vanduzi esta
situação se altere, na medida em que os transportadores de combustível provenientes do hinterland
passarão a abastecer-se em Vanduzi, e não no Porto da Beira, proporcionando ao distrito um papel
mais activo no desenvolvimento económico da região, centrado no sector de combustíveis.

14.6 MEIOS DE COMUNICAÇÃO


O Distrito de Vanduzi possui cobertura de rede de telefonia fixa, rede de telefonia móvel e
rádio. A telefonia fixa está limitada à Vila-Sede (Vanduzi-Sede), maioritariamente em
instituições. As três operadoras autorizadas a operar no País81 estão presentes no Distrito de
Vanduzi.
Alegadamente, antes do aparecimento e da massificação do telefone móvel, o rádio receptor-
transmissor era o sistema que assegurava a comunicação entre os órgãos do Estado aos
vários níveis, desde o nível provincial, ao distrital e do posto administrativo. Algumas
empresas que operavam em lugares remotos também recorriam a este meio de comunicação.
O rádio receptor-transmissor continua a ser usado na comunicação interna dos órgãos do
Estado ao nível local.
As emissões da rádio comunitária local desempenham um importante papel para a
comunidade, principalmente para notícias e entretenimento, sendo também captadas as
emissões da Rádio Moçambique – Emissor Provincial de Manica (transmitidas a partir de
Chimoio).
No que concerne à televisão, com a migração do sinal de televisão analógica para a digital,
no Distrito já é possível ter acesso ao sinal de várias emissoras, nacionais e internacionais.

81 TMCel, Vodacom e Movitel.

Preparado por: Impacto, LDA


137
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

O acesso à Internet está, em grande medida, relacionado com o acesso ao sinal de telefonia
móvel, por um lado, e à capacidade de pagar pelo uso de dados móveis, por outro. O e-mail
é usado principalmente por pessoas com emprego formal em escritórios, embora os
endereços não sejam necessariamente corporativos.

A existência de meios de comunicação eficazes é de extrema importância para a gestão dos riscos
de Saúde, Segurança e Ambiente (SSA) do Projecto. Esta importância é destacada no Plano de
Resposta de Emergência (PRE) produzido para o Projecto, que é apresentado juntamente com o
Plano de Gestão Ambiental.

14.7 OCUPAÇÃO E USO DA TERRA


DIREITOS SOBRE A TERRA
Sendo o Distrito de Vanduzi eminentemente rural, onde grande parte dos agregados
familiares pratica a agricultura de subsistência, a terra é um dos recursos mais importantes
para a manutenção e desenvolvimento das condições de vida. As principais formas de uso e
aproveitamento da terra estão ligadas à forma pela qual o Estado reconhece o Direito de Uso
e Aproveitamento da Terra (DUAT), estabelecidos na Lei e no Regulamento de Terras82 nos
seguintes termos:
• DUAT adquirido com base nas práticas costumeiras – engloba os casos de terra ocupada
pelos agregados familiares e comunidades, segundo as normas e práticas costumeiras.
A terra é obtida por herança ou com base nas tradições locais e é usada para a construção
de residências, prática de agricultura, recolha de recursos naturais e para obter pasto para
o gado;
• DUAT adquirido com base na ocupação de boa-fé – diz respeito a agregados familiares
nacionais que ocupam a terra há pelo menos 10 anos, para a construção de suas
residências e a prática de agricultura;
• DUAT por autorização de pedido – atribuído a pessoas singulares ou colectivas, nacionais
ou estrangeiras, cabendo aqui os casos de entidades privadas que pretendem adquirir
terra.
O modo predominante através do qual os agregados familiares e as comunidades residentes
no Distrito de Vanduzi e, em particular no Povoado de Selva, detêm a terra é o DUAT baseado
em: (a) herança e tradição local; (b) ocupação de boa-fé; e (c) compra.
a) Herança e tradição local
O direito por herança ou tradição local refere-se aos agregados familiares e às
comunidades que residem no povoado cujo território foi ocupado pelos seus
antepassados e, portanto, o direito de uso da terra é passado de geração para geração
(de pais para filhos, ou entre membros da família).

b) Ocupação por boa-fé


Diz respeito a agregados familiares naturais da área, ou que imigraram para os povoados
e que detêm a terra que lhes foi atribuída pelas famílias, ou pelas comunidades locais,
para construírem as suas residências e praticarem agricultura. Este tipo de direito de uso
e aproveitamento da terra é legitimado pelos régulos, líderes tradicionais e locais.

82 Lei de Terras – Lei nº 17/97 de 1 de Outubro ; Regulamento da Lei de Terras – Decreto 66/98

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

c) Compra
A compra83 foi indicada nos grupos focais como sendo um dos modos mais frequentes de
obtenção do DUAT nos últimos anos e refere-se à aquisição do título definitivo em troca
de dinheiro, de produção agrícola, de trabalho ou outro bem. Esta tem sido uma
modalidade cada vez mais usada pelas comunidades locais, como forma de evitar
conflitos relacionados a terra e que devem, após a compra/venda, legitimar o processo
com as lideranças locais.

DIREITOS SOBRE A TERRA


ALGUNS ASPECTOS REGISTADOS EM ENTREVISTAS DURANTE O TRABALHO DE CAMPO
Entrevista com os líderes locais
• Pessoas que vêm de fora e querem estabelecer-se na área devem apresentar, primeiro, um
pedido de terra ao Secretário do Povoado. Estas pessoas devem igualmente apresentar um
documento, denominado guia de transferência, o qual é passado pelos líderes do seu local
de proveniência, para comprovar a sua idoneidade. Com base no pedido e no documento
apresentado, os líderes locais alocarão uma parcela de terra, para que a família se estabeleça
no povoado.
• Pessoas que ocupam a terra sem consentimento da liderança local são obrigadas a formalizar
a ocupação com base no descrito no parágrafo anterior.
• Os DUAT obtidos por autorização de pedido provêm geralmente de operadores privados, dos
sectores agropecuário, industrial e de serviços.
Entrevistas colectivas e em encontros com Grupos Focais de discussão
• Formas de transmissão de terra como aluguer e empréstimo são muito pouco usadas no
Povoado de Selva, o que visa evitar conflitos entre agregados familiares;
• Em caso de morte de um dos cônjuges (marido ou mulher), a terra passa por herança para
a/o viúva/o e para os filhos, caso estes existam;
• Caso a/o viúva/o se torne a casar, a terra herdada passa para os filhos;
• Em caso de divórcio, o processo dependerá da existência ou não de conflito. Em casos de
adultério, o cônjuge tido como a vítima do adultério (homem ou mulher) terá direito à terra em
disputa;
• Em casos de conflito, a intervenção de primeira instância é a liderança local, passando
somente a instâncias seguintes (Chefe da Localidade e depois SPGC, podendo ser
representada a nível do distrito) quando considerado necessário; e,
• As principais causas de conflitos de terra no Povoado de Selva estão ligadas a questões de
delimitação das áreas em questão, o que acontece principalmente em casos de herança de
terra por crianças órfãs, que desconhecem os limites das áreas deixadas pelos pais.

USO DA TERRA E DOS RECURSOS NATURAIS


A área de influência do Projecto é predominantemente ocupada por parcelas agrícolas, nas
suas imediações, assentamentos populacionais dispersos, integrados nos povoados de Selva
e Chigodole-Sede. Nas imediações da AII existe um local sagrado, nomeadamente uma
floresta comunitária, numa colina referida como “Montanha de Chindorone”, com o controlo a
cargo do Líder Comunitário de Chigodole-Sede, estando o seu está sujeito a uma autorização
da liderança comunitária, em coordenação com o Chefe da Localidade de Chigodole.

83No processo de aquisição de direitos sobre a terra, o termo “compra”, no seu sentido literal, contraria o preceito constitucional de que
em Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida, ou por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada.
Transacções monetárias em troca do direito de uso e aproveitamento da terra constituem, no entanto, uma prática generalizada no País.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Outras usos de terra na área já mencionados neste relatório incluem o seguinte: (i) um
cemitério comunitário usado pelas comunidades do Povoado de Selva e de Chigodole-Sede;
(ii) extracção artesanal de inertes84; e (iii) exploração florestal (plantação de Eucalipto e
colecta de estacas para lenha e carvão). No mapa que se segue (Figura 64) estão
representados os usos e a cobertura da terra na área do Projecto.

Figura 64 – Uso e cobertura da terra na área do Projecto

84 Informações recolhidas durante a pesquisa de campo (2020) indicam que no local esta actividade se encontra.

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140
Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

USO DOS RECURSOS NATURAIS


Os agregados familiares cuja actividade principal é a agricultura de subsistência têm também
uma grande dependência em relação a uma série de recursos naturais disponíveis no
ambiente envolvente, uma vez que não possuem um nível económico que lhes permita um
acesso amplo e frequente aos bens de consumo disponíveis no mercado.
Grande parte ou quase todos os materiais usados na construção das casas são colectados
na natureza. O mesmo acontece em relação ao necessário para alimentação, higiene pessoal
e saúde, utilidades domésticas (p.ex., mobiliário, cordas, colheres de pau e outros),
combustível lenhoso, entre outros. Quando possível, os agregados recorrem à venda de
recursos florestais (p.exe., estacas, lenha/carvão, caniço) como uma fonte de rendimento
complementar à economia baseada na agricultura de subsistência.
Nas entrevistas colectivas e em encontros com Grupos Focais foi referida a importância de
recursos florestais para a sobrevivência dos agregados familiares, dos quais os citados como
sendo alguns dos mais importantes para as comunidades foram capim, caniço para a
construção e estacas para lenha e carvão e plantas medicinais.
O carvão constitui fonte de rendimento principalmente para a camada jovem das
comunidades e por vezes representa um grande contributo para geração de renda familiar.
As plantas medicinais são geralmente colhidas por Praticantes de Medicina Tradicional
(PMT), incluindo líderes tradicionais e profissionais da AMETRAMO e são de importância
notável para os AFs, na medida em que fazem parte de um conhecimento prático local
acumulado e transmitido de geração em geração. A medicina tradicional desempenha um
importante papel na prestação de cuidados de saúde e constitui a primeira opção de grande
parte dos membros das comunidades locais.
O mel e a carne obtida da caça artesanal são recursos disponíveis apenas em determinadas
alturas do ano. A tabela que se segue resume os principais usos e recursos naturais
registados no trabalho de campo.
Tabela 31 – Principais usos dos recursos naturais registados no trabalho de campo no
Distrito de Vanduzi

Tipo de Local de Principais


Disponibilidade Importância Uso
recurso Recolha recolectores

Cobertura das casas;


Todo o Agregados adubo para as
Capim Todo ano Muito alta
distrito familiares machambas; venda nos
mercados locais.
Produção de esteiras;
Todo o Agregados
Caniço Todo ano Alta construção de
distrito familiares
capoeiras
Todo o Agregados Construção de casas e
Estacas Todo ano Muito alta
distrito familiares celeiros;
combustível para
Árvores Todo o Agregados
Todo ano Muito alta cozinhar; venda nos
para lenha distrito familiares
mercados locais.
Árvores Combustível para
Todo o Agregados
para Todo ano Muito alta cozinhar; venda nos
distrito familiares
carvão mercados locais.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Líderes
tradicionais e Prevenção e tratamento
Plantas Todo o
Todo ano Profissionais Alta de doenças; rituais
medicinais distrito
da tradicionais.
AMETRAMO

Consumo familiar;
Árvores Todo o Agregados venda nos mercados
Abril a Junho Baixa
para mel distrito familiares locais (a uma escala
limitada)
Carne de Setembro a Todo o Agregados
Baixa Consumo familiar
caça Novembro distrito familiares
Fonte: Pesquisa de Campo, Impacto, 2020.

14.8 ACTIVIDADES ECONÓMICAS E MEIOS DE SUBSISTÊNCIA


A agricultura e a pecuária desempenham um papel preponderante na economia local, tanto
à escala familiar, como à escala comercial. A pecuária e a actividade industrial são praticadas
principalmente a nível empresarial (de pequena e média escala), com menor enfoque para o
sector familiar. A prática da pesca, baseada em aquacultura, é limitada, o que é justificado
pelos elevados custos que esta actividade acarreta.
A comercialização de excedentes agrícolas e de produtos como lenha e carvão produtos é
uma das actividades que representa uma grande fonte de rendimento para os agregados
familiares do Distrito de Vanduzi em geral. Por fim, o trabalho assalariado vem ganhando
cada vez mais espaço, sendo igualmente um dos objectivos do Governo do Distrito de
Vanduzi, o de promover o emprego formal, a legalidade laboral e segurança social (Governo
do Distrito de Vanduzi, 2020b).

AGRICULTURA
No Distrito de Vanduzi, a agricultura é desenvolvida tanto a nível familiar (i.e. para fins de
subsistência), como a nível comercial. A agricultura familiar, o principal meio de subsistência
das comunidades, é do tipo itinerante. Esta é baseada no corte e queima da vegetação, para
a preparação do terreno, seguido do cultivo, por alguns anos, ao fim dos quais se segue um
período de pousio, para a recuperação natural da aptidão agrícola do terreno. A actividade é
desenvolvida em regime de sequeiro (sem irrigação e inteiramente dependente da chuva),
sendo caracterizada pela consociação de culturas, em pequenas explorações.
Nas zonas altas são cultivadas as chamadas “culturas resistentes” (a secas e pragas), sendo
o milho a cultura de maior destaque. Outras culturas mencionadas na pesquisa de campo
foram mapira e mexoeira (cereais) e algumas leguminosas (feijões e amendoim). As zonas
baixas (margens de corpos de água sazonais) destinam-se normalmente ao cultivo de raízes
e tubérculos, como a batata-doce e o inhame, assim como de arroz e de hortícolas diversas.

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 65 – Machambas de subsistência (agricultura de sequeiro) no Distrito de Vanduzi

No que concerne a culturas de rendimento, as principais indicadas foram o gergelim, cana-


de-açúcar, algodão e castanha de cajú. Para alguns agregados familiares, a produção de
árvores de fruta constitui uma importante fonte de alimentação e de rendimento familiar. As
principais árvores de fruta destacadas foram a mangueira, bananeira, tangerineira, laranjeira,
abacateiro e árvore de líchia. O cultivo do ananás é, alegadamente, uma prática recente,
adoptada por alguns agregados familiares.
As culturas de rendimento são devidamente preparadas, ensacadas e transportadas em
veículos de transporte semi-colectivo de passageiros, para serem vendidas na sede da
Localidade de Chigodole, na Vila Sede (Vanduzi – Sede) e na Cidade de Chimoio. A principal
fruta vendida é, alegadamente, a tangerina que é comercializada nos mercados locais, ou
fornecida a compradores vindos da Cidade de Chimoio.
Quando existentes, os excedentes agrícolas, embora sejam primeiramente destinados ao
consumo, são comercializados nos mercados locais. Algumas mulheres reportaram ainda, no
encontro do respectivo Grupo Focal de discussão, que vendem os produtos nas suas
machambas, a compradores vêm do Distrito de Manica e da Cidade de Chimoio à procura de
milho, mapira e amendoim.
A necessidade de venda dos produtos está frequentemente ligada às limitações de
conservação dos produtos pós-colheita. Foi reportado nos encontros com grupos focais que
nem todos os AFs possuem condições financeiras para a construção de celeiros melhorados,
que possibilitem a conservação prolongada do produto das colheitas.
No Povoado de Selva, o milho foi identificado como a cultura que melhor se consegue
conservar, tendo os agricultores referido que o milho “natural e fresco” (derivado de sementes
melhoradas, trazidas do Distrito de Manica) conserva-se por até 10 meses nos celeiros.
Alegou-se que as sementes adquiridas localmente são “mais fracas” e, por conseguinte,
duram apenas entre 2 a 3 meses, podendo este período estender-se até aos 4 meses, caso
se consiga debulhar e aplicar técnicas de conservação eficazes.
A agricultura do sector empresarial também tem alguma expressão, destacando-se a esse
respeito a Companhia de Vanduzi, criada em 2004 com o objectivo de explorar as
potencialidades hortícolas da Província de Manica. Esta conta com uma área de produção de
410 ha, na qual se cultiva durante todo o ano “mini-milho” (babycorn), piri-piri, entre outros
produtos frescos, destinados principalmente para a exportação.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

SEGURANÇA ALIMENTAR
Na percepção das autoridades governamentais, as mudanças climáticas têm, nos últimos
anos, colocado em causa a segurança alimentar das comunidades do Distrito de Vanduzi. É
cada vez mais frequente as sementeiras de culturas de subsistência e de rendimento serem
efectuadas com algum atraso, o que gera atrasos nas colheitas, afectando os calendários
habituais de produção agrária.
Em 2021 os ciclones Chalane e Eloisa afectaram, cerca de 1 447 hectares de culturas
diversas, comprometendo a segurança alimentar de cerca de 2 173 famílias. A Localidade
de Chigodole teve 189,5 ha e 518 famílias afectadas. As localidades de Matsinho-Sede e
Pungue Sul foram as mais afectadas (cerca de 1 023,3 ha de terra e 1 510 famílias
afectadas). Nos meses em que há produção insuficiente, os agregados familiares recorrem à
venda de produtos diversos tais, como por exemplo animais domésticos, lenha e carvão, para
suprir com as necessidades da família.

PECUÁRIA
Dados do Governo do Distrito de Vanduzi (2021b) indicam um efectivo total de
aproximadamente 400 000 animais domésticos, sendo que destes cerca de 75% corresponde
a aves, 10% a caprinos; 10 % a bovinos; 4% a suínos e 1% a ovinos.
Dados recolhidos durante as entrevistas colectivas e encontros com grupos focais indicam
que os principais animais de produção familiar são as aves, principalmente, galinhas, pombos
e perús. As galinhas são geralmente vendidas nos mercados locais, a fim de se obter valores
para a compra de artigos domésticos básicos, necessários no dia-a-dia da família, como, por
exemplo, açúcar, sal, óleo, farinha, sabão, sal e outros, ou então para resolver uma
necessidade de dinheiro pontual.

Figura 66 – Venda de galináceos ao longo da N6

A criação de gado bovino é de escala relativamente pequena, sendo este bastante usado
para o auxílio na actividade agrícola (i.e., em tracção animal).

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

PESCA
Participantes dos grupos focais de discussão indicaram que a actividade piscícola (Figura 67)
é realizada de uma forma pouco regular, o que atribuíram aos elevados custos associados à
actividade, nomeadamente o pagamento de licenças e a compra de material e equipamentos
adequados, de modo a evitar sanções no processo de fiscalização de pesca pelo Governo. A
actividade é praticada no Rio Chicamba sendo as principais espécies-alvo indicadas a corvina
de água doce, o peixe vermelho e o “mussopo” (peixe-gato).
Dados do Governo do Distrito de Vanduzi (2021) indicam uma produção pesqueira total de
6,6 toneladas, provenientes da aquacultura e da colecta de fontes naturais. O Distrito dispõe
mais de 60 tanques piscícolas (dos quais quase 40 foram abertos em 2021) e um número
reduzido de gaiolas flutuantes (3), segundo registado no trabalho de campo, em Maio de
2022.

Fonte: Governo do Distrito de Vanduzi (2020b)


Figura 67 – Actividade piscícola no Distrito de Vanduzi: pescado (à esquerda) e tanque
piscícola (à direita)
Dados consultados (Governo do Distrito de Vanduzi, 2021) indicam que, no sentido de
aumentar a aderência à actividade piscícola, contribuindo assim para uma maior segurança
alimentar, o Governo do Distrito de Vanduzi tomou algumas acções no primeiro semestre de
2020, nomeadamente assistência técnica a piscicultores e ao ISPM, assim como campanhas
de sensibilização, visando o aumento do número de participantes na actividade.

EXPLORAÇÃO DE INERTES
A extracção de areia e pedras no Povoado de Selva, assim como em outros locais do Distrito
de Vanduzi, é geralmente praticada por homens, com a finalidade de venda. De acordo com
participantes do encontro do Grupo Focal de discussão composto por homens, após a
extracção, em areeiros artesanais (Figura 68), a areia é ensacada e vendida nos locais de
extracção, a clientes que a compram em grandes quantidades.

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 68 – Extracção de areia na Localidade de Chigodole-Sede

Foi reportado que nos últimos três anos, na Localidade de Chigodole (incluindo o Povoado
de Selva), assim como no Distrito de Vanduzi em geral, tem aumentado o número de pessoas
que se dedicam a esta actividade.

INDÚSTRIA E COMÉRCIO
ACTIVIDADE INDUSTRIAL
A actividade industrial no Distrito é de pequena escala, realçando-se, sobretudo, o
processamento de cerais e de castanha de cajú. O processamento de cereais faz-se
sobretudo nas moageiras, unidades industriais de pequena escala, onde se produz farinha
de mandioca, soja e feijão-nhemba. O Distrito de Vanduzi possui 86 moageiras, 52 das quais
se localizam no PA de Vanduzi-Sede (Governo do Distrito de Vanduzi, 2021). Os interessados
neste serviço recorrem principalmente a moageiras do Povoado de Selva e de Chigodole-
Sede. Grande parte das farinhas produzidas nas moagens acima mencionadas é consumida
e comercializada localmente havendo, contudo, uma parte que é comercializada para fora do
distrito, principalmente na Cidade de Chimoio.

Figura 69 – Moageiras na Localidade Chigodole-Sede


Alguns agregados familiares das imediações do Local do Projecto (do Povoado de Selva e
de Chigodole-Sede) dedicam-se também ao fabrico artesanal de tijolos, maioritariamente
para o mercado local, mas também para uso familiar (construção de casas e infraestruturas
auxiliares à residência principal).

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Nas imediações do Local do Projecto, existe uma fábrica de pesticidas pertencente à empresa
Curechem Mozambique Lda.

COMÉRCIO FORMAL
De acordo com o Governo do Distrito de Vanduzi, foram registados em 2021, um total de 181
estabelecimentos comerciais que compõem a rede de comércio formal do distrito. Dos
estabelecimentos registados, 121 se encontram distribuídos pelo PA de Vanduzi – Sede e 60
no PA de Matsinho.

COMÉRCIO INFORMAL
O comércio nas localidades e povoações do distrito é assegurado predominantemente por
uma rede de informal (Figura 70), através da qual os agregados familiares vendem e
adquirem bens essenciais. Esta rede é constituída por mercados, as chamadas “bancas fixas”
e locais de venda estabelecidos na rua (geralmente à beira de estrada).

Figura 70 – Actividade comercial exercida ao ar livre (à esquerda) e em um pequeno


estabelecimento comercial (à direita)
Nos mercados informais está disponível uma diversidade de bens, como por exemplo:
produtos agrícolas, peixe, artigos de utilidade doméstica produzidos artesanalmente
(colheres de pau, pilões, peneiras, esteiras), entre muitos outros.

Como já referenciado neste relatório, com o estabelecimento do Projecto do Terminal de


Combustíveis em Vanduzi poderão surgir oportunidades de crescimento económico. Este poderá
ser um impacto potencial positivo do Projecto, desde que as actividades sejam desenvolvidas de
forma adequada, respeitando o plano e as normas de ordenamento territorial, garantindo a
protecção do ambiente e da saúde e segurança, cumprindo as obrigações fiscais, entre outros
aspectos, necessários para um desenvolvimento harmonioso e sustentável do distrito.

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147
Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Termos de Referência – Fase do Estudo de Impacto Ambiental

14.9 PATRIMÓNIO CULTURAL E HISTÓRICO


LÍNGUA E RELIGIÃO
Dados do INE (2017) indicam o Cindau como a língua mais falada na Província de Manica
(23,6 %), seguindo-se o Português (16,6 %), Chiwutee85 (13,2 %), o Cisena (11 %) e outras
línguas locais (11,4 %). Durante a entrevista semiestruturada com líderes locais, a língua
Chiwutee foi indicada como a mais falada no Povoado de Selva, seguida do Cimanika86 e o
Português. Foi também referido que alguns AFs, provenientes da Província de Tete, falam
Cinyungwe87.
Relativamente à religião, o INE (2017) indica que a religião Zione/Sião como sendo a mais
praticada na Província de Manica (36,6 %), seguida da Evangélica/Pentecostal (23,3 %).
Existe, no entanto, um considerável contingente populacional (25 %) que não se dedica a
nenhuma religião. A religião católica, indicada nas entrevistas semiestruturadas e grupos
focais como a religião predominante nos AFs do Povoado de Selva, representa apenas 8,2 %
a nível da Província de Manica.
ASPECTOS CULTURAIS E HISTÓRICO-CULTURAIS
As principais cerimónias realizadas pelas comunidades do Distrito de Vanduzi (em particular
no Povoado de Selva) são:
• Cerimónia de pedido de chuva;
• Cerimónia de pedido de boas colheitas;
• Cerimónia dos mortos, que integra 4 cerimónias, em datas específicas, nomeadamente:
o Cerimónia de 3º dia após o falecimento (cerimónia fúnebre na qual se homenageia
o falecido;
o Cerimónia de 7º dia (encaminha-se o falecido “para casa”, ou seja, para o seu “lar”
pós-falecimento;
o Cerimónia de 45º dia (homenageia-se o defunto);
o Cerimónia Mutxeretxetso, que significa a “recordação” (ensina-se a família e
comunidade a viver sem o falecido).
Estas cerimónias são todas orientadas por Líderes de 2º e 3º escalão, e acompanhados pelo
1º Secretário do povoado e pelas comunidades.

TRADIÇÕES LOCAIS VERSUS IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO

Em Moçambique, quando se inicia uma obra de construção de grande envergadura, principalmente


no meio rural, é muito comum as comunidades da área solicitarem que sejam realizadas cerimónias
tradicionais de invocação dos antepassados e diálogo com os mesmos, para obter a protecção dos
antepassados durante o desenvolvimento do Projecto. Assume-se que, a solicitação de uma
cerimónia deste tipo poderá ser feita pelos líderes comunitários locais para este Projecto.
Recomenda-se que tal solicitação, caso se observe, seja respeitada pelo Proponente, que será
instruído a cobrir as despesas inerentes (p.ex., aquisição de um ou animal para ser sacrificado,
compra de bebidas, entre outros. Uma ou mais cerimónias adicionais poderão ser solicitadas em
outra altura, durante a implementação do Projecto, em conformidade com as tradições locais. O
respeito pela cultura e tradições locais é um aspecto de importância crucial para garantir uma boa
convivência do Projecto com a comunidade.

85 Também referida como Chiwutee.


86 A nível provincial, Cimanika é a sexta língua mais falada na Província de Manica (INE, 2017).
87 O Cinyunge é falado por 3,6% da população da Província de Manica (INE, 2017).

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

SÍTIOS HISTÓRICOS, SAGRADOS E DE CULTO


Na pesquisa de campo foi constatada a existência de 8 sítios principais de importância
histórico-cultural local no Distrito de Vanduzi, listados na Tabela 32.
Tabela 32 – Sítios históricos e sagrados no Distrito de Vanduzi
Distância
Monumentos Localização Tipologia da Vila
Sede
Monte Chimoio PA Matsinho Sítio Sagrado 20Km
Base de Mombezi PA Matsinho Sítio Histórico 20Km
Campas de Tembue com
Adriano/Matsinho Sítio Histórico 21Km
2000 Mortos
Montanha de
Selva ao longo da Estrada nº6 Sítio Sagrado 18Km
Chindorone*
Ao longo da Estrada N7 em Direcção
Montanha
a Escola 25 de Setembro (Zona de Sítio Sagrado 15Km
Chimuanandimai
Leitão)
Ao Longo da estrada N7 (Ep1
Rocha de Marongorongo Sítio Sagrado 9Km
Marongorongo)
Gruta de Mudzidzi Depois da EPC Mudzidzi Sítio Histórico 23Km
Montanha de Chiremera Localidade de Chiremera Sítio Sagrado 23Km
*O local Sagrado mais próximo do local do Projecto. Fonte: SDPI de Vanduzi – Pesquisa de campo

O local conhecido como “Montanha de Chindorone” (ver Figura 71), é o local sagrado mais
próximo do local do Projecto, encontrando-se a pouco mais de 700 m a oeste deste.
Alegadamente, neste local sagrado se encontram enterrados régulos e antepassados. O local
é usado para a realização de cerimónias de evocação dos espíritos dos
defuntos/antepassados, sendo estritamente proibido desenvolver nele qualquer actividade
económica, construir, ou retirar árvores, ou outros recursos.

Figura 71 – Acesso ao local sagrado mais próximo do local do Projecto (Montanha de


Chindorone)

CEMITÉRIOS FAMILIARES E COMUNITÁRIOS


Dados recolhidos durante a pesquisa de campo indicam que os agregados familiares
residentes enterram os defuntos em cemitérios comunitários ou familiares. Membros do
Povoado de Selva recorrem, geralmente, ao Cemitério Comunitário de Tcheque88 e a
88 Tcheque é uma das células do Povoado de Selva, onde se localiza o principal cemitério comunitário do povoado.
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

cemitérios familiares (privados). Poucos são os casos reportados de campas isoladas. Existe,
nas proximidades da área do Projecto um cemitério comunitário, usado pelas comunidades
do Povoado de Selva e alguns AFs de Chigodole-Sede (Figura 72).89

Figura 72 – Localização de um cemitério comunitário, usado pelas


comunidades do Povoado de Selva e alguns agregados familiares de
Chigodole-Sede

89 Não foi possível identificar com exactidão os limites da área ocupada por este cemitério.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Em Moçambique existem numerosos sítios considerados sagrados pela comunidade de


determinada área (maioritariamente sítios naturais e predominantemente nas zonas rurais), ou
seja, sítios terrestres ou aquáticos com um significado espiritual especial para as comunidades.
Nestes locais as comunidades manifestam as suas crenças por via de práticas tradicionais, que
podem envolver, por exemplo, rituais de invocação dos antepassados; as finalidades são diversas,
tais como pedir que algo aconteça (p.ex., “pedir chuva”), “apaziguar” os espíritos, ou agradecer
por determinada por determinada situação ou ocorrência.

14.10 PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS SOBRE O PROJECTO: RESUMO DAS


CONSTATAÇÕES DO ESTUDO SOCIOECONÓMICO
DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
Em todas as entrevistas (individuais e colectivas) e em encontros com Grupos Focais realizados, foi
demonstrada uma satisfação com relação à implantação do Projecto. As percepções registadas
incluem o seguinte: o Projecto irá “reduzir a pobreza das comunidades” e, estando o emprego
assegurado, as comunidades estarão dispostas “a dar terra, para ver o povoado transformar-
se num bairro organizado, ou uma cidade, e ver os filhos em melhor situação que os pais”90.
Mencionou-se repetidamente que “a empresa é bem-vinda ao Povoado”91.

De um modo geral, existe uma grande expectativa de que o Projecto irá transformar positivamente
a economia do distrito e melhorar a vida das comunidades. Durante o trabalho de campo, ficou
claro que as expectativas de desenvolvimento económico estão intrinsecamente ligadas ao “sonho”
de ver a área do Projecto transformada numa “cidade”, ou numa área “melhor que Maforga”,
referido nas entrevistas semiestruturas realizadas com representantes dos diferentes serviços
sociais distritais de Vanduzi. Refira-se que Maforga é uma zona rural da Província de Manica
(situada no Distrito de Gondola, PA de Amatongas, Localidade de Nhambonda), onde a CPMZ
possui uma das suas duas estações de bombagem do oleoduto da CPMZ e onde crescimento
económico local é atribuído pela comunidade, em grande medida, à presença da CPMZ.

USO E APROVEITAMENTO DA TERRA


Embora se entenda localmente que o Projecto comporta benefícios potenciais ao nível do
desenvolvimento socioeconómico, foram igualmente levantadas preocupações, relacionadas
com o processo de perda do direito de uso de terra e de meios de subsistência, e a
compensação inerente. Os depoimentos que se seguem, registados no encontro de Grupo
de Foco realizado em Maio de 2022, reflectem essa preocupação: “Precisamos que a
empresa estabeleça limites para a área a ser ocupada pela empresa, para que a população
conheça as áreas que ainda pode usar; se fizerem isso ficaremos contentes”; “(…) a grande
preocupação é deixar as machambas da população fora da empresa, o resto podem
trabalhar”; “caso levem as nossas machambas tem que nos indemnizar, mas não podem levar
todas as machambas, tem que deixar pelo menos uma, para termos onde cultivar”.

A respeito do assunto acima, foi esclarecido que a ocupação pelo Projecto será feita na
área para a qual a CPMZ já dispõe de uma autorização provisória de DUAT e que as
famílias que possuíam machambas no local a ser ocupado pelo Projecto já foram
indemnizadas.92

90 Referido no grupo focal constituído por Homens (Pesquisa de campo, Impacto 2020).
91 Referido no grupo focal constituído por Mulheres (Pesquisa de campo, Impacto 2020).
92 Informação a este respeito consta no Capítulo 8 e no Anexo 6 deste Relatório.

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EMPREGO
Uma potencial vantagem imediata da implementação do Projecto, na percepção de
habitantes da área do Projecto, registada em todos os encontros de Grupos Focais e em
entrevistas, é a do acesso ao emprego, considerando um importante factor de mudança das
condições de vida das comunidades do Distrito e do Povoado de Selva. No que se refere à
contratação de mão-de-obra local, tanto para a Fase de Construção, como para Fase de
Operação, salienta-se o seguinte:
• Participantes do Grupo Focal de Homens esperam que “na atribuição de emprego seja
dada prioridade aos membros da comunidade local (do povoado de Selva)”. Estes
referiram que existem no distrito muitos jovens que se beneficiaram de formação para a
operação de maquinaria de construção em outras empresas/projectos e que estes devem
ser considerados no acto da contratação;
• Os participantes do Grupo Focal de Mulheres referiram que esperam que “os filhos do
povoado” sejam contratados e que não sejam trazidas “pessoas de fora” para ocupar as
vagas de emprego; esperam igualmente que haja postos de trabalho destinados a
mulheres;
• Os participantes do Grupo Focal de Jovens esperam que jovens locais sejam contratados
pela empresa, para que possam fazer algo mais do que o negócio local (venda de carvão)
e para que tenham uma fonte mais segura de rendimento;
• Os participantes da entrevista semiestruturada com a liderança local esperam que na
oferta de emprego às comunidades se considerem também os grupos vulneráveis,
incluindo pessoas com deficiência.

No processo de interacção com as comunidades e previamente à implementação do Projecto será


importante clarificar que ao processo de contratação de pessoal se aplica um processo de selecção
de candidatos, em resultado do qual são contratados apenas aqueles que cumpram os requisitos
pré-estabelecido para o efeito. A possibilidade de formação de pessoal no local de trabalho deve,
entretanto, ser considerada pela empresa Contratante, seja esta um Empreiteiro ou o Proponente,
sem prejuízo das competências mínimas exigidas para cada posto de trabalho.

RESPONSABILIDADE SOCIAL DO PROPONENTE


Foram ainda listados nos diversos grupos de trabalho aspectos que se espera que constem
no pacote de Responsabilidade Social do Proponente, nomeadamente:
• Apoio na capacitação técnica dos técnicos dos serviços distritais (levantado nas
entrevistas semiestruturas realizadas com os diferentes serviços sociais);
• Apoio às comunidades para a criação de pequenos negócios, como de pequena
indústria de moagem de cereais;
• Colocação de uma unidade sanitária no Povoado de Selva, de modo a facilitar o
atendimento das comunidades;
• Construção de uma Escola Secundária, para possibilitar que os jovens do Povoado
de Selva possam continuar a estudar e não tenham que desistir, ou aumentar as
despesas familiares, devido a deslocação para locais longínquos;
• Apoio na canalização de rede de energia eléctrica para o Povoado, de modo a
melhorar a oferta de cursos nocturnos de Alfabetização de Adultos;
• Apoio na melhoria e alargamento da abrangência da rede de abastecimento de água
potável para o Povoado de Selva e outros povoados da Localidade de Chigodole.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

As propostas acima indicadas reflectem necessidades básicas da comunidade local. As mesmas


deverão ser analisadas pela CPMZ, no sentido de, conjuntamente com as autoridades
(comunitárias e do governo), se identificar as oportunidades e prioridades de implementação de
acções sustentáveis, com o impacto que se coloque para além de meras acções empresariais
filantrópicas.

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES DE ENTREVISTADOS E INTEGRANTES DOS GRUPOS


FOCAIS
As principais recomendações de entrevistados e integrantes dos Grupos Focais a respeito do
Projecto resumem-se no seguinte:
• Deve garantir-se a concretização do Projecto, de modo que não se coloque em causa a
credibilidade das estruturas locais;
• Devem evitar-se esquemas de suborno no processo de contratação de mão-de-obra local;
• No emprego, deve dar-se prioridade aos residentes do Povoado de Selva;
• Na implementação do Projecto, a CPMZ deve trabalhar em coordenação com as
autoridades do Governo Distrital e as autoridades tradicionais.

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15 IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO


O presente capítulo versa sobre o processo de identificação e avaliação de impactos
potenciais, realizado no EIA do Projecto, incluindo a respectiva abordagem e metodologia e,
mais adiante, os potenciais impactos identificados, a sua análise e classificação, assim como
as medidas de mitigação (para impactos negativos) e medidas de potenciação (para impactos
positivos).

15.1 IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS


A identificação dos impactos é um processo na base do qual se estabelece uma relação de
causa-efeito entre as actividades do Projecto e as características do meio receptor. A
identificação resultou de diversas acções, das quais se destacam as seguintes: (i) análise de
características do Projecto versus características do meio receptor (físico, biótico e
socioeconómico); (ii) análise de informação sobre impactos socioambientais de projectos de
desenvolvimento do sector de combustíveis; (iii) análise dos aspectos discutidos na Consulta
Pública realizada na Fase do EPDA; e (iv) auscultação das percepções e preocupações de
entrevistados e das Partes consultadas a respeito do Projecto, recolhidas durante o trabalho
de campo em Vanduzi.

Na identificação de impactos assume-se o “ambiente” como um conceito que integra o meio


coabitado pelo Homem e outros seres vivos, que interagem entre si e com o próprio meio. Nesta
abordagem incluem-se os componentes do Meio Físico e do Meio Biótico e, não menos
importantes, também os componentes sociais, culturais, históricos e económicos que afectam a
vida humana, genericamente referidos como “Meio Socioeconómico”.

15.2 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS


A avaliação de impactos visa o cumprimento dos seguintes objectivos principais:
• Determinar a Significância dos potenciais impactos do Projecto sobre os receptores
identificados e os recursos naturais, de acordo com critérios pré-definidos;
• Desenvolver e descrever as medidas de mitigação, que serão tomadas para evitar,
minimizar, reduzir ou compensar os potenciais efeitos negativos do Projecto;
• Desenvolver e descrever as medidas de potenciação, que possam incrementar/maximizar
os benefícios do Projecto;
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS
Cada potencial impacto foi classificado com base em critérios pré-estabelecidos,
nomeadamente a sua Natureza/Tipo de Impacto, Probabilidade, Intensidade, Extensão,
Duração e Magnitude, apresentados nas matrizes que se seguem.

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Tabela 33 – Classificação do impacto quanto à sua natureza / tipo


NATUREZA / TIPO DE
DESCRIÇÃO
IMPACTO
Natureza do impacto
Um impacto que representa uma melhoria na situação ambiental de
POSITIVO
referência ou introduz uma mudança positiva.
Um impacto que representa uma mudança adversa na situação
NEGATIVO
ambiental de referência, ou introduz um novo factor indesejável.
Tipo de Impacto
Impacto que resulta de uma interacção directa entre uma actividade
IMPACTO DIRECTO do Projecto planeada e o ambiente receptor/receptores (por exemplo,
entre a ocupação de um local e os habitats pré-existentes).
Impacto que resulta de outras actividades que tendem a acontecer
como consequência do Projecto (por exemplo, imigração laboral que
IMPACTO INDIRECTO exige especial necessidade de recursos). Os impactos indirectos
podem também ser referidos como impactos induzidos ou
secundários.
Impacto que age em conjunto com outros impactos (incluindo os de
futuras actividades de terceiros já planeadas ou a ocorrer em
Impacto Cumulativo
simultâneo) e que afecta os mesmos recursos e/ou receptores do
Projecto.

A Natureza do Impacto (impacto Positivo ou Negativo) e o Tipo de Impacto (Directo,


Indirecto ou Cumulativo) são critérios puramente qualitativos. Para os restantes critérios de
classificação, e com o fim de reduzir a subjectividade inerente, foi utilizada uma metodologia
quantitativa. A pontuação e a descrição para os critérios Probabilidade, Intensidade,
Extensão e Duração são apresentadas a seguir, na Tabela 34.
Tabela 34 – Critérios de avaliação dos potenciais impactos
Critério Pontuação Descrição

Probabilidade 1-5 Possibilidade de ocorrência do impacto

Improvável 1 A possibilidade de ocorrência é muito baixa


A possibilidade de ocorrência é baixa, quer pelo desenho das
Pouco Provável 2 actividades quer pela sua natureza, ou ainda pelas
características da sua área de inserção
Existe uma possibilidade reconhecida de ocorrência do
Provável 3
impacto
Altamente Provável 4 A ocorrência do impacto é considerada quase certa
Definitiva 5 Quando há certeza que o impacto irá ocorrer
Intensidade 1-5 Medida do grau da alteração causada pelo impacto
Não há qualquer mudança perceptível no modo de vida e
Insignificante 1
meios de subsistência das pessoas
As pessoas/comunidades conseguem adaptar-se com relativa
Baixa 2 facilidade e manter o modo de vida e meios de subsistência
anteriores ao impacto

Moderada 3 As pessoas/comunidades conseguem adaptar-se com alguma


dificuldade e manter o modo de vida e meios de subsistência

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Critério Pontuação Descrição


anteriores ao impacto, mas apenas com um certo grau de
apoio
O modo de vida e meios de subsistência das
Alta 4
pessoas/comunidades é substancialmente afectado
As pessoas/comunidades afectadas poderão não conseguir
Muito alta 5 adaptar-se às mudanças e manter o modo de vida e meios de
subsistência anteriores ao impacto.
Extensão 1-5 Área geográfica afectada pelo impacto

Local 1 Área de influência directa do projecto


Área de influência indirecta socioeconómica, física e biótica do
Envolvente 2
projecto
Regional 3 Província de Manica
Nacional 4 Moçambique

Internacional 5 Moçambique e país(es) vizinho(s)

Duração 1-5 Período ao longo do qual se espera que o impacto ocorra

Temporário 1 De curta duração (até 6 meses) e ocasionais ou intermitentes

Curto-prazo 2 Entre 6 meses e 1 ano

Médio-prazo 3 Entre 1 e 5 anos

Longo-prazo 4 Mais do que 5 anos

Alteração permanente no receptor ou recurso afectado e que


Permanente 5
permanece para além da vida útil do projecto.

A Magnitude do impacto reflecte a Intensidade com que uma acção altera o ambiente
afectado, combinada com a Extensão e Duração do impacto. Assim, na determinação da
Magnitude, a classificação numérica obtém-se somando os valores de Intensidade +
Extensão + Duração. A Magnitude classifica-se como indicado na Tabela 35.

Tabela 35 – Classificação da magnitude do impacto


Magnitude (Intensidade + Extensão + Duração) Pontuação (3-15)

Negligenciável <7
Baixa 7-9
Moderada 10-12
Alta >12

Por fim, a Significância do impacto (Tabela 36), que reflecte a relevância do impacto e do
nível de mitigação necessário, é determinada como uma função da Magnitude e da
Probabilidade de ocorrência do impacto (ou seja, o valor para a Significância obtém-se por
muitiplicação dos valores de Magnitude e Probabilidade).

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Tabela 36 – Classificação da significância do impacto


Significância
(probabilidade x Pontuação (3-75) Descrição
magnitude)
O impacto não é significativo, portanto, não requer
Negligenciável <12
mitigação.
O impacto possui pouca importância, mas pode beneficiar
Baixa 12-25
de algumas medidas de mitigação.
O impacto é significativo, são necessárias medidas de
Moderada 26-42 mitigação para reduzir os impactos a um nível aceitável (no
caso de um impacto de natureza negativa).
O impacto é muito significativo. A não aplicação de medidas
Alta >43 de mitigação, a fim de reduzir o impacto a um nível aceitável,
pode inviabilizar a actividade, ou mesmo o projecto.

Para representar a significância de cada impacto, foi utilizada uma escala de cores, como
indicado na Tabela 37.
Tabela 37 – Escala de cores utilizada na representação da significância dos impactos
identificados
Significância Impacto positivo Impacto negativo

Negligenciável

Baixa

Moderada

Alta

15.3 MITIGAÇÃO DE IMPACTOS / POTENCIAÇÃO DE IMPACTOS


No contexto da AIA, as medidas de mitigação de impactos negativos visam evitar danos no
meio físico, biótico ou social do Projecto, salvaguardar recursos valiosos ou limitados, assim
como salvaguardar a saúde e segurança do Homem. Idealmente, as medidas de mitigação
são implementadas seguindo as diversas etapas da hierarquia de mitigação, como
especificado a seguir:
➢ Evitar – consiste em impedir a ocorrência do impacto, ou seja, do dano ambiental ou
social. É a forma de mitigação preferencial.
➢ Minimizar / reduzir – quando o impacto não pode ser completamente evitado, deve
garantir-se que os danos sejam os mínimos possíveis, ou seja, as medidas de mitigação
devem ser formuladas no sentido de se reduzir duração, intensidade e/ou extensão do
impacto.
➢ Rectificar / remediar – o controlo de danos é feito com o objectivo de corrigir o que
conduziu ao impacto ambiental ou social adverso. Aplica-se nos casos em que o impacto
não pode ser evitado ou reduzido.
➢ Compensar / contrabalançar – Esta forma de mitigação é normalmente aplicada quando
se encontra esgotada a possibilidade de implementação das etapas anteriores, ou seja,
para impactos que não possam ser evitados, reduzidos ou rectificados.
Para impactos positivos, são formuladas medidas de potenciação, visando incrementar os
benefícios decorrentes das actividades do Projecto.
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IMPACTOS RESIDUAIS
O Regulamento de AIA, no número 2 do artigo 11, requer que sejam avaliados os impactos
residuais do Projecto, definindo “impacto residual” no número 35 do Anexo VIII, como o “nível
de impacto alcançado após a aplicação de medidas de prevenção, mitigação e restauração”.
Um dos objectivos do processo de AIA é atingir uma condição em que o Projecto não tenha
qualquer impacto residual alto, com duração a longo prazo ou extensão sobre uma grande
área. No entanto, em alguns casos, podem ocorrer impactos residuais altos após terem sido
esgotadas todas as opções de mitigação viáveis. É, então, função dos reguladores e das
partes interessadas ponderar sobre esses factores negativos contra os factores positivos
(p.ex., emprego), para chegar a uma decisão sobre o Projecto.

APRESENTAÇÃO DOS IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO


Neste capítulo, nas secções que se seguem são apresentados os impactos potenciais
positivos e negativos identificados para a Fase de Construção e para a Fase de Operação
do Projecto, como especificado a seguir:
• Impactos no Meio Físico (Secção 15.4 e 15.5);
• Impactos no Meio Biótico (Secção 15.6 e 15.7);
• Impactos no Meio Socioeconómico (Secção 15.8 e 15.9).
Referência aos impactos da Fase de Desactivação é feita mais adiante, na Secção 15.10.
Os impactos estão enumerados e, na indicação de cada impacto, são utilizados os sinais
(+) e (-) para designar respectivamente impactos positivos e impactos negativos
(também diferenciados por cores verde e castanho, como se verá a seguir).

15.4 IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO FÍSICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DE


OPERAÇÃO)
Não aplicável (não foram identificados impactos positivos no Meio Físico para a Fase de
Construção).

15.5 IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO FÍSICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DE


OPERAÇÃO)

CLIMA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS


Na análise dos impactos potencias do Projecto no Ambiente Físico, começou-se por analisar
se seriam de prever impactos no clima e, especificamente, nas mudanças climáticas. O
clima constitui uma base importante para o desenvolvimento da análise dos impactos de
outros descritores ambientais, tais como a qualidade do ar, através da análise do regime de
ventos e da precipitação, por exemplo. Ao longo do seu ciclo de vida, o Projecto inclui
diferentes procedimentos e actividades que podem resultar na emissão de poluentes para a
atmosfera, nomeadamente de gases com efeito de estufa (GEE). A queima de combustíveis
fósseis e o desmatamento são as principais fontes de GEE que são libertados para a
atmosfera.
As actividades da Fase de Construção envolvem, resumidamente, a preparação do terreno
para a edificação de infraestruturas (p.ex., desmatamento, escavações, abertura de
trincheiras, terraplenagem), implicando a circulação de viaturas e equipamentos, ao que se
associa a emissão de poeiras. Ademais, em resultado dos processos de combustão dos
veículos, serão emitidos poluentes atmosféricos, tais como monóxido de carbono (CO),
óxidos de azoto (NOx), dióxido de enxofre (SO2), material particulado (PM) e compostos
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orgânicos voláteis (COVs) (IFC, 2007a). Deste modo irá observar-se a emissão de poluentes
para a atmosfera, mas presume-se que as actividades acima referidas não terão um impacto
significativo sobre a emissão de GEE, dado que o Projecto não envolve a queima significativa
de combustíveis, nem a um desmatamento massivo.
Na abordagem das mudanças climáticas na Fase de Operação, que terá uma duração
relativamente longa (40 a 50 anos), cumpre analisar, por um lado, se o Projecto poderá ter
algum contributo para os factores que conduzem a mudanças climáticas e, por outro, a
influência de tais mudanças climáticas sobre o Projecto. Na Fase de Operação, tal como na
Fase de Construção, ocorrerá uma movimentação de veículos e maquinaria. As operações
de armazenamento e manuseamento de combustíveis, por sua vez, estão igualmente
associadas à emissão de poluentes para a atmosfera, incluindo COVs. As emissões de COVs
podem resultar, por exemplo, de perdas por evaporação durante o armazenamento,
actividades operacionais como enchimento de tanques ou descarga, mistura de aditivos, ou
derrames, por exemplo (IFC, 2007b).
Pelas razões acima referidas, o controlo de emissões do Projecto não deve ser negligenciado,
devendo garantir-se a instalação de infraestruturas robustas e capazes de garantir um
armazenamento e manuseamento adequado dos combustíveis, minimizando o potencial de
ocorrência de situações como derrames de combustíveis incêndios, mesmo sob as condições
ambientais mais adversas, tais como eventos climáticos extremos.

Sublinhe-se que, em consequência das mudanças climáticas, haverá uma tendência geral
para a diminuição da frequência dos ciclones tropicais, mas com uma intensidade crescente
destes (como referido no subcapítulo 12.1.3). Além disso, espera-se também que sejam mais
frequentes períodos mais curtos de chuva, onde a precipitação passará a ser mais intensa, o
que poderá estar associado, por exemplo, ao desenvolvimento de focos de erosão e a danos
nas infraestruturas.

As medidas para fazer face a tais impactos das mudanças climáticas deverão incluir, não
restritivamente, o seguinte: (i) utilizar tecnologias e materiais modernos nos tanques a
construir, tendo em conta o tipo de combustível a armazenar, assim como a necessidade de
minimizar a emissão de poluentes atmosféricos e de garantir um sistema eficaz de
recuperação de vapor, de forma a minimizar as perdas para a atmosfera; (ii) inspeccionar os
tanques numa base regular e também após a ocorrência de eventos naturais extremos (p.ex.,
um ciclone ou um terramoto), para a identificação precoce de potenciais danos nas
infraestruturas causados por tais eventos; e (iii) reparar tão cedo quanto possível quaisquer
danos nas estruturas dos tanques e das condutas de combustível, para prevenir danos futuros
e constrangimentos nas operações do Terminal;

Assim, um controlo eficaz das emissões do Projecto permitirá minimizar a libertação de


emissões de GEE no Terminal de Combustíveis.93

Considerando as actividades previstas tanto para a Fase de Construção, como para a Fase de de
Operação do Projecto, não se prevê que estas possam agravar a vulnerabilidade de comunidades,
infraestruturas ou actividades aos efeitos das mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos
naturais.

93Assumindo condições de funcionamento normal do Terminal, na ausência de eventos não planeados, como por exemplo um incêndio
de grandes proporções.
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QUALIDADE DO AR
➢ Impacto 1 (-): Perturbação da qualidade do ar, derivada de poeiras e outro material
particulado
Na Fase de Construção a perturbação da qualidade do ar poderá estar associada à emissão
de poeiras94 e material particulado95 (PM10 e PM2.5), principalmente de actividades tais como
as seguintes: desmatação, escavação e compactação do solo; preparação de acessos;
construção da vedação da área do Terminal; construção das infraestruturas do Terminal;
transporte de equipamentos e materiais da construção; circulação de maquinaria e veículos
afectos à obra, entre outras.
A direcção e a velocidade do vento, bem como a pluviosidade na época da construção irão
também influenciar a probabilidade de ocorrência deste impacto. Ao longo do ano, o período
entre Agosto e Novembro é o que apresenta velocidades do vento mais elevadas (entre 20 e
37 km/h) e a sua direcção é predominantemente leste-sudeste (ESE), sudeste (SE) e este
(E). Deste modo, os receptores humanos sensíveis96 localizados na direcção oeste-noroeste
(WNW), noroeste (NO) e oeste (O) do local da obra serão, potencialmente, os mais afectados
pelos impactos resultantes das actividades de construção.
Os receptores ecológicos estão igualmente sujeitos a alguma perturbação, relacionada com
a emissão de poeiras e material particulado durante a fase de construção. Uma vez mais,
considerando os ventos predominantes de ESE, SE e E, espera-se que a dispersão destes
poluentes seja mais significativa para WNW, NO e O.
Na Fase de Operação, com as obras já terminadas e os pisos asfaltados ou cimentados, o
impacto não terá expressão digna de realce, dado que a produção de poeiras decorrente do
Projecto será negligenciável.
Medidas de mitigação
- Impor restrições à velocidade dos veículos, de modo a reduzir a emissão de poeiras;
- Minimizar a remoção de vegetação, através do seu corte selectivo;
- Realizar a monitorização da qualidade do ar nas áreas de influência do Projecto,
principalmente na direcção oeste-noroeste e noroeste, onde existem alguns
assentamentos humanos que serão provavelmente os mais afectados durante as
actividades de construção;
- Nos locais onde a poeira se torna uma preocupação, aspersores estáticos, camiões-
cisterna, mangueiras de mão e outros métodos de “rega” para a contenção de poeiras
devem ser usados onde necessário, evitando que para o efeito seja usada água destinada
a usos nobres pela população (p.e. água destinada ao consumo humano);
- Não devem ser permitidas queimadas no local.
- Durante os períodos secos, implementar a supressão de poeiras em todas as estradas
não pavimentadas e em áreas expostas, pela aplicação regular de água ou de um agente
biodegradável de estabilização do solo;
- Onde necessário o desmatamento, minimizar as actividades de desmatação, restringindo-
a ao mínimo necessário para garantir a eficácia e a segurança das actividades a realizar;
- Cobrir as cargas de forma adequada nos camiões que transportem quaisquer materiais
que possam produzir poeiras quando estes estiverem em movimento;

94 Poeira consiste em pequenas partículas sólidas com diâmetro inferior a 75 micrómetros.


95 PM refere-se a material particulado, i.e. partículas microscópias de material suspenso no ar. O número refere-se ao tamanho (por
exemplo: PM10 refere-se a partículas com diâmetro igual ou inferior a 10 micrómetros).
96 Identificados no Capítulo 12 – “Descrição da Situação de Referência: Meio Físico”; Subcapítulo 0.

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- Devem usar-se métodos de manuseamento de material que minimizem a geração de


poeiras: confinar o carregamento e descarga ao lado sotavento (a favor do vento) da pilha
e minimizar a altura de queda ao carregar/descarregar veículos;
- As pilhas de materiais susceptíveis de produzir poeiras devem estar localizadas tão
distante quanto possível dos receptores sensíveis;
- Através de um mecanismo de comunicação previamente estabelecido, manter contacto
regular com a comunidade a respeito de perturbações que se possam observar por via
emissões de poeiras e outro material particulado, e acordar sobre as formas da sua
minimização.
Classificação do impacto
Impacto 1: Perturbação da qualidade do ar, derivada de poeiras e outro material
particulado.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 2
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Moderada (32) Baixa (18)

Impacto 1: Perturbação da qualidade do ar, derivada de poeiras e outro material


particulado.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 3 Longo-prazo 2
Magnitude Baixa 7 Negligenciável 5
Significância Moderada (21) Baixa (10)

➢ Impacto 2 (-): Perturbação da qualidade do ar devido à emissão de poluentes


atmosféricos
Na Fase de Construção, assim como na Fase de Operação, a movimentação de veículos
e a consequente emissão de gases de exaustão poderá ser uma fonte emissora de poluentes
atmosféricos. Para o tráfego rodoviário, os gases emitidos em maiores quantidades em
resultado dos processos de combustão são o dióxido de carbono (CO2), os óxidos de azoto
(NOx), o monóxido de carbono (CO), o óxido nitroso (N2O), o material particulado e o metano
(CH4).
As emissões dos escapes dos veículos e equipamentos envolvidos na construção
corresponderão ao período da construção (aproximadamente 2 anos). As emissões dos
escapes dos veículos e equipamentos envolvidos na construção são libertadas perto do nível
do solo e têm pouca flutuabilidade, o que poderá limitar a sua dispersão para além do local
de construção.

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Na Fase de Operação, durante o armazenamento e a transferência de combustível para os


camiões-cisterna, emissões de combustível não queimado serão libertadas para o ambiente.
Mesmo quando a fracção libertada é pequena, a libertação cumulativa pode ser substancial,
quando a transferência é feita em grandes quantidades (Hilpert M, et al; 2015). Os principais
componentes da gasolina que podem ser libertados são os hidrocarbonetos aromáticos
voláteis, incluindo o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno (Hilpert M, et al; 2019).
Relativamente ao gasóleo, os componentes que podem ser libertados são o monóxido de
carbono (CO), óxido de Nitrogénio (NOx), etileno (C2H4) e o dióxido de enxofre (SO2) (Mothé,
2011).
Ainda na Fase de Operação do Projecto, no caso de um incêndio ou explosão97 a emissão
de poluentes atmosféricos é uma das consequências ambientais de ocorrência certa. O risco
de incêndios/explosões está potencialmente associado a operações de manuseamento de
combustíveis, podendo ser causados por queimadas, descargas eléctricas ou outras formas
de ignição. Nos casos mais graves, tais eventos podem traduzir-se numa situação de
emergência, requerendo, por isso, que seja desencadeada uma resposta de Emergência.
Situações de emergência são tratadas no âmbito de um Plano de Resposta de Emergência,
que foi produzido como parte do Plano de Gestão Ambiental (PGA) do Projecto.
Medidas de mitigação
- Manter as viaturas e equipamentos em bom estado de funcionamento, para evitar
emissões de gases de exaustão acima dos níveis aceitáveis;
- Planear as obras de modo a minimizar tanto quanto possível o movimento de veículos
afectos às actividades de construção e impor um limite de velocidade no local da
construção (p.e. 30 km/h);
- Realizar a manutenção adequada dos veículos e da maquinaria afectos às actividades de
construção, de modo a minimizar as emissões de gases de combustão; e
- As emissões de veículos e equipamentos deverão ser controladas pela adopção de
procedimentos simples de boas práticas (tais como desligar equipamentos quando não
estejam a ser usados).
Para incêndios/explosões
- Providenciar aos trabalhadores do Terminal formação adequada sobre prevenção e
combate a incêndios, incluindo, não restritivamente, o seguinte: procedimentos de
prevenção e combate a incêndios, locais sob um maior risco de descargas eléctricas,
práticas proibidas dentro do recinto do Terminal, meios de combate a incêndios
disponíveis no Terminal e sua localização, uso de tais meios (apenas para pessoal
autorizado), Equipamento de Protecção Individual (EPI) e Equipamento de Protecção
Colectiva (EPC) adequados, entre outros;
- Garantir que os meios de combate a incêndios existentes no Terminal sejam manuseados
por pessoas devidamente habilitadas para o efeito;
- Garantir que nenhum material (combustível) inflamável, como papel, panos de limpeza e
outros sejam armazenados junto com líquidos inflamáveis, para evitar o risco de ignição
espontânea;
- O local de armazenamento de líquidos inflamáveis deve ser adequadamente ventilado e
ter sinalização apropriada (p.ex., “proibido fumar”, “proibido fazer chama” ou “perigo de
incêndio”);

97
Entende-se por incêndio o processo de combustão relativamente lento, ao contrário da explosão que se desencadeia num processo
muito mais rápido.
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- Em casos de um incêndio de grandes proporções ou risco de ocorrência de um incêndio


de grandes proporções, accionar o Plano de Resposta de Emergência (apresentado como
parte do Plano de Gestão Ambiental);
- Através de um mecanismo de comunicação previamente estabelecido, manter contacto
regular com a comunidade a respeito de perturbações que se possam observar (p.ex., um
aumento discernível de perturbações respiratórias), e acordar sobre as formas da sua
minimização.
Classificação do impacto
Impacto 2: Perturbação da qualidade do ar devido à emissão de poluentes
atmosféricos.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 4 Provável 4
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Curto-prazo 2 Temporário 1
Magnitude Baixa 7 Negligenciável 5
Significância Moderada (28) Baixa (20)

Impacto 2: Perturbação da qualidade do ar devido à emissão de poluentes


atmosféricos.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Altamente provável 4
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 4 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 8
Significância Moderada (36) Moderada (32)

GEOLOGIA
Não se prevê a ocorrência de qualquer impacto de realce nas características geológicas da
área do Projecto, que possa resultar da implementação do Projecto.

GEOMORFOLOGIA E SOLOS
➢ Impacto 3 (-): Alteração de características geomorfológicas locais, resultantes de
movimentos de terras
Durante a Fase de Construção irão ocorrer movimentos de terras (escavações, aterros,
terraplenagem), associados à construção do Terminal e da via de acesso a este. Para as
estruturas mais robustas, tais como os tanques de combustíveis, serão necessárias
escavações profundas, para permitir a construção de fundações igualmente robustas, que
possam suportar o peso de tais estruturas. Acções deste tipo podem provocar alterações
localizadas na topografia da área de implantação do Projecto.
Como referido anteriormente neste Relatório, na sequência de estudos geotécnicos
preliminares no local do Projecto em Maio de 2019, foram encontradas dentro do local

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

proposto para o Projecto condições favoráveis à instalação dos tanques de combustíveis,


dentro de uma área de 11 hectares. Outros parâmetros, incluindo o teor de areia, areia, limo
e argila, índice de plasticidade e densidade determinaram a escolha da localização para os
tanques.
As condições para a localização de outras estruturas do Terminal estão igualmente sujeitas
a uma verificação prévia, em benefício da integridade das infraestruturas a construir, por um
lado, e da estabilidade do terreno após a construção, por outro. Decisões sobre as acções
necessárias para garantir uma boa estabilidade das estruturas, (como por exemplo, os tipos
de fundação e reforços estruturais a utilizar, ou intervenções a realizar no terreno, tais como
aterros localizados) serão baseadas em critérios de engenharia, devendo resultar de uma
avaliação geotécnica mais detalhados a realizar no local, antes da construção.
Medidas de mitigação
Medidas gerais
- As movimentações de terras devem restringir-se ao mínimo necessário em termos de
área afectada, de modo a minimizar a criação de focos de instabilidade do terreno que se
possam observar após a construção e que possam colocar em risco a integridade de
infraestruturas do Terminal;
- Áreas escavadas devem ser mantidas abertas o mínimo de tempo necessário para as
actividades de construção que estejam a decorrer nesse local específico, especialmente
na época das chuvas, em que os focos de instabilidade do terreno poderão ser
exacerbados pelas águas pluviais.
Medidas específicas, baseadas em critérios de engenharia
- Este impacto deve ser minimizado através da aplicação das normas técnicas e de
engenharia aplicáveis à construção de edifícios e tanques, referidas na “Descrição do
Projecto”, no Subcapítulo 7.5.
Classificação do impacto
Impacto 3: Alteração de características geomorfológicas locais, resultantes de
movimentos de terras.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Local 1 Local 1
Duração Permanente 5 Permanente 5
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 8
Significância Moderada (27) Baixa (24)

➢ Impacto 4 (-): Alteração dos padrões de escoamento e das características da


drenagem
De algumas das actividades da Fase de Construção do Projecto, tais como as citadas no
impacto anterior (i.e., desmatamento do local, sobretudo se efectuado na época das chuvas,
e movimentos de terras) ou outras (p.ex., construção de vias de circulação rodoviária e de
infraestruturas do Terminal), poderão resultar, de uma forma localizada, alteração dos
padrões de escoamento superficial e das características da drenagem no local de construção
do Terminal e na área envolvente. A alteração das características naturais da drenagem pode
também tornar os solos mais susceptíveis à erosão.

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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

A presença de estruturas edificadas na Fase de Operação atribui um carácter permanente


ao impacto, sendo que as medidas de mitigação devem estar orientadas para uma gestão
adequada dos sistemas estabelecidos para a gestão das águas de escorrência nas
instalações do Terminal e na sua envolvente.
Consta na “Descrição do Projecto”98 que as águas pluviais (em conjunto com as águas de
combate a incêndio) que se sejam captadas nas bacias de contenção dos tanques e das
bombas na zona da plataforma de carregamento e em outras áreas operacionais drenarão
para poços de recolha especialmente destinados para o efeito; e que águas não
contaminadas serão bombeadas para um sistema de fossas séptica ou de drenagem local.
Estará assim acautelada a necessária minimização do impacto em análise, salientando-se
apenas as medidas indicadas a seguir.

Medidas de mitigação
- Minimizar a perturbação da topografia natural, aplicando as mesmas medidas de
mitigação definidas para o impacto anterior;
- Utilizando métodos de engenharia, construir estruturas adequadas de desvio de águas
pluviais à superfície, para encaminhar o escoamento na envolvente das áreas afectadas;
- Assegurar que as estruturas de captura de sedimentos estejam situadas em locais
definidos com base em critérios de engenharia e sejam sujeitas a manutenção regular.
Classificação do impacto
Impacto 4: Perturbação do terreno e consequente alteração dos padrões de
escoamento e das características da drenagem.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Pouco provável 2 Improvável 1
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Permanente 5 Permanente 5
Magnitude Baixa 9 Baixa 7
Significância Baixa (18) Negligenciável (7)

➢ Impacto 5 (-): Alteração das características físicas do solo (erosão e compactação


do solo)
Com a remoção de vegetação e escavações na Fase de Construção, para efeitos de
construção das infraestruturas do Terminal, o solo nas áreas intervencionadas poderá ficar
mais susceptível a agentes causadores da erosão, tais como as águas pluviais e os ventos,
assim como actividades humanas, como por exemplo a circulação de máquinas. Por seu
turno, a circulação de veículos e de maquinaria pesada associada ao Projecto pode resultar
na compactação dos solos. A compactação dos solos resulta numa menor permeabilidade do
solo e, por conseguinte, diminui a infiltração de águas pluviais, aumentando o escoamento e
alterando as características naturais de drenagem do solo na área do Projecto. Por sua vez,
mudanças nas características naturais da drenagem podem tornar os solos mais susceptíveis
à erosão.
Na Fase de Operação, as principais actividades irão decorrer sobre pisos cimentados ou
asfaltados, pelo que não se espera uma compactação adicional dos solos. No que concerne

98

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ao potencial de erosão, este estará largamente influenciado pelas formas de gestão das
águas pluviais e de descarga de efluentes do Projecto. Referência à gestão de águas pluviais
(e de águas de combate a incêndios) é feita na descrição do impacto anterior, onde também
se faz referência à instalação de um sistema de fossas sépticas e de um sistema de controlo
da drenagem local. Quanto a águas oleosas residuais e como explicado na “Descrição do
Projecto”, estas serão bombeadas para uma caixa colectora de água oleosa, para tratamento
por um separador mecânico de água oleosa com capacidade adequada para separar em 5
dias toda a água contida na caixa de recolha. Assim sendo, estas águas não são lançadas
no solo pelo que, em princípio, não estão associadas a um potencial de erosão.
Face ao acima explicado, entende-se que a maior parte das medidas de mitigação
apesentadas a seguir está relacionada com as obras de construção.
Medidas de mitigação
- As movimentações de terras devem restringir-se ao mínimo necessário, de modo a
prevenir uma possível exposição do solo a chuvas, especialmente nos durante os
períodos de maior precipitação, como uma medida para minimizar a erosão pluvial;
- Áreas escavadas devem ser mantidas abertas o mínimo de tempo necessário para as
actividades de construção que estejam a decorrer nesse local específico, especialmente
na época das chuvas, como uma medida para minimizar a erosão pluvial;
- Evitar a circulação de veículos e máquinas pesadas fora das áreas definidas para o efeito;
- Garantir inspecções regulares na área do Projecto (e após chuvas intensas), para detectar
atempadamente potenciais focos de erosão;
- Com a conclusão das obras, verificar o estado da drenagem das águas e da erosão
provocada sempre que ocorrer uma precipitação diária que exceda os 5 mm e reparados
os danos imediatamente, de forma a manter o fluxo natural das águas;
- Sempre que sejam identificados solos instáveis, devem ser implementadas medidas para
o reforço da capacidade de suporte dos terrenos (utilização de micro-estacas, pregagens,
mantas geotêxteis ou outros métodos, conforme tecnicamente e ambientalmente
adequado)
- Onde necessário, promover a recuperação de áreas degradadas pela construção, através
da gradagem do terreno e do plantio de vegetação nativa, visando alcançar uma condição
tão próxima quanto possível da anterior às obras.
Classificação do impacto
Impacto 5: Alteração das características físicas do solo (erosão e compactação do solo).
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 4 Pouco provável 2
Intensidade Moderada 3 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 4 Curto-prazo 4
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 7
Significância Moderada (36) Baixa (14)

➢ Impacto 6 (-): Poluição do solo


Na Fase de Construção a poluição dos solos poderá ocorrer por razões como o
armazenamento e manuseamento inadequados de substâncias perigosas (incluindo óleos e

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lubrificantes, filtros de óleo, combustíveis e substâncias químicas diversas); um derrame


durante o transporte, armazenamento, ou manuseamento de substâncias contaminantes.
Por outro lado, o uso de mão-de-obra intensiva e de veículos e maquinaria diversa durante o
estabelecimento de acessos, a preparação do terreno para a construção, a edificação de
infraestruturas e outras actividades afins irá resultar na produção de resíduos diversos, alguns
dos quais com o potencial para contaminar os solos e as águas subterrâneas, caso os
mesmos sejam indevidamente armazenados, manuseados ou descartados.
Na Fase de Operação destaca-se um potencial risco de poluição do solo por combustíveis,
na medida em que a actividades principais do Projecto estarão relacionadas com o
abastecimento de combustível ao Terminal (por via do oleoduto), o seu armazenamento em
tanques e a sua posterior transferência para os camiões-cisterna. Tal risco poderá advir de
um derrame, derivado de falha humana no manuseamento de algum componente do sistema
através do qual o combustível irá fluir ou ser manuseado, ou ainda do funcionamento
deficiente do sistema.
A informação disponível sobre o Projecto indica que o controlo de derrames nas operações
de recepção, armazenamento, manuseamento e expedição de combustíveis será
caracterizado por um alto nível de automatização. A partir da Sala de Controlo do Terminal
será possível accionar automaticamente válvulas, para interromper o fluxo de combustível
para os tanques, no acto de enchimento dos tanques, e para os camiões-cisterna, no acto de
expedição do combustível.
Consta ainda na “Descrição do Projecto” que os tanques de armazenamento de combustível
serão instalados de forma agrupada (em tanques de gasóleo e tanques de combustível), em
áreas com bacias de contenção. A bacia de contenção será inclinada para um ponto central,
onde todo o conteúdo derramado será armazenado num poço de armazenamento de
combustível derramado. Como um requisito mínimo, uma bacia de contenção deve ter
capacidade para de conter o volume máximo do combustível que pode ser derramado do
maior tanque contido na bacia, assumindo que o tanque esteja cheio (Norma de referência:
NFPA 30). O chão da bacia de contenção será construído em betão armado, coma
capacidade para reter todo o produto se a bacia de contenção estiver cheia, evitando assim
infiltrações no solo.
As medidas de mitigação abaixo apresentadas são de carácter geral, e devem fazer parte do
dia-a-dia do Projecto.
Medidas de mitigação
- Sensibilizar os trabalhadores a procederem à deposição adequada dos resíduos e sobre
a necessidade da preservação do ambiente, assim como sobre o seu papel como agentes
activos na mudança de mentalidades;
- Desenvolver e implementar procedimentos para a gestão de resíduos, de acordo com a
tipologia de resíduos produzidos, conforme previsto na legislação moçambicana99,;
- Garantir a manutenção regular de veículos, maquinaria e equipamentos (em oficinas
designadas para o efeito) para evitar eventuais gotejamentos de óleos e combustíveis
atinjam o solo.
- Usar tabuleiros de recolha de gotejamentos, no caso de trabalhos de manutenção de
viaturas e equipamentos que, inevitavelmente, tenham lugar no local da construção;
- Todos os derrames de combustíveis, óleos ou outras substâncias perigosas devem ser
imediatamente limpos e a área afectada deve ser sujeita a medidas de remediação (por
exemplo: recolha de solo contaminado e tratamento como “resíduo perigo”);

99
Referências principais: Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Decreto n.º 94/2014, de 31 de Dezembro) e no
Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Perigosos (Decreto n.º 83/2014, de 31 de Dezembro)
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167
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

- Devem ser usadas Fichas de Dados de Segurança de Materiais (MSDS) de todos os


materiais e produtos perigosos usados, para proporcionar uma avaliação dos riscos
possíveis e uma abordagem adequada em termos de métodos de manuseamento e
eliminação de materiais;
- Garantir que os resíduos perigosos são acumulados temporariamente sob condições
adequadas de contenção (p.ex: local pavimentado, acondicionados de forma a estarem
protegidos do vento e da chuva, segregados de acordo com a sua classificação), para
serem depois transportados para um destino final licenciado para o efeito;
- Verificar visualmente a possível existência de fugas de hidrocarbonetos em redor dos
reservatórios, condutas de transporte e nos pontos de transferência de combustíveis;
- Garantir o bom funcionamento dos sistemas de gestão de águas pluviais e residuais, no
Terminal, através de acções de manutenção regular e sempre que necessário;
- Garantir que a contenção de derrames e a gestão de águas residuais seja feita de acordo
com os requisitos do Diploma Ministerial n.º 176/2014 de 22 de Outubro (Regulamento de
Construção, Exploração e Segurança dos Postos de Abastecimento de Combustíveis
Líquidos), referidos no Subcapítulo 6.2.2 deste Relatório.
Classificação do impacto
Impacto 6: Poluição do solo.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Longo-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 7
Significância Moderada (27) Baixa (14)

Impacto 6: Poluição dos solos.


Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Muito alta 4 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Longo-prazo 4 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 10 Negligenciável 6
Significância Moderada (30) Baixa (12)

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168
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HIDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA

➢ Impacto 7 (-): Degradação da qualidade de recursos de água subterrânea e/ou


superficial (poluição)
O local do Projecto não é atravessado por qualquer curso de água superficial e não existe
qualquer corpo de água permanente no seu interior, como já referido neste Relatório. Existem,
porém, pequenos cursos de água sazonais ao redor dos limites da AID do Projecto, como
mostrado no Subcapítulo 12.3 – “Hidrologia e Hidrogeologia”.
No que diz respeito à água subterrânea, dados geohidrológicos preliminares apontam para a
possibilidade de abertura de um furo de água no local do Projecto. A profundidade do lençol
freático será determinada/confirmada por meios de estudos geotécnicos detalhados, no
processo de selecção do local para a construção do furo. A existência de vários furos com
bombas manuais e poços artesanais na localidade de Chidogole poderá ser uma indicação
de que o aquífero se encontra a uma profundidade de alcance relativamente fácil.
Durante a Fase de Construção do Terminal, as actividades a desenvolver irão resultar numa
diversidade de resíduos da construção, incluindo, entre outros, betão, cimento, barras de
ferro, arame, chapas metálicas, paletes de madeira, restos de plástico, cartão, borracha e
vidro, recipientes de óleos de maquinaria e veículos, recipientes de tintas e solventes, entre
outros. Por estar envolvido um grande número de trabalhadores (aproximadamente 100),
também se espera que sejam produzidos resíduos caracterizados como domésticos,
incluindo, por exemplo, embalagens de alimentos e bebidas, para além de resíduos
relacionados com as actividades administrativas no estaleiro da obra (p.ex., papel, tinteiros,
cartão e plástico de embalagens, entre outros).
A poluição dos solos poderá ocorrer ainda por razões como o armazenamento e
manuseamento inadequados de substâncias perigosas (incluindo óleos e lubrificantes, filtros
de óleo, combustíveis e substâncias químicas diversas); um derrame durante o transporte,
armazenamento, ou manuseamento de substâncias contaminantes. Ainda durante a fase de
construção, o uso de instalações sanitárias de apoio e, sobretudo, uma descarga indevida de
águas residuais no ambiente (ou mesmo a indisponibilidade de instalações sanitárias
adequadas) poderá contribuir para a ocorrência deste impacto.
Na Fase de Operação prevê-se que haverá produção de resíduos perigosos resultantes da
limpeza dos tanques de combustível, recipientes de produtos petrolíferos, de limpeza e outros
principalmente de dois tipos, para além de resíduos domésticos e de actividades
administrativas (da CPMZ e dos serviços que estiverem estabelecidos nas instalações do
Terminal, tal como serviços alfandegários e serviços de segurança. instalados escritórios,
lavabos, cozinha). Para o impacto em análise, o aspecto ambiental mais relevante está,
porém, principalmente associado à grande quantidade de combustíveis a manusear e a
armazenar, e também a actividades como a limpeza de possíveis áreas ou materiais
contaminados, ou ainda ao descarte de contaminantes
Uma vez infiltrados no solo, os poluentes (p.e. produtos químicos, resíduos), podem, em
algumas situações, atingir recursos de água subterrânea, causando a sua contaminação. Por
outro lado, por via de drenagem superficial, os mesmos poderão, através de processos de
escoamento, atingir os recursos de água superficial existentes em relativa proximidade do
local do Terminal.

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169
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Na Secção 7.1.14 e sob o título “Gestão de resíduos, são descritos os principais tipos de
resíduos sólidos esperados das actividades do Projecto. Para resíduos sólidos urbanos,
está indicado que estes serão depositados em sacos plásticos e em
recipientes/contentores apropriados, para a posterior recolha por uma viatura licenciada
para o efeito; e que esta actividade poderá ser alocada a terceiros.
No que concerne aos resíduos perigosos, vale realçar que o tratamento de uma quantidade
significativa dos resíduos perigosos produzidos no País (principalmente por grandes
empresas) é encaminhada para o Aterro Industrial de Mavoco, localizado no Distrito de
Boane, na Província de Maputo.100 O Aterro Industrial de Mavoco recebe e trata resíduos
perigosos, como lâmpadas fluorescentes com mercúrio, materiais contaminados com óleo,
flúor, entre outros. Adicionalmente, apesar de não tratar resíduos radioactivos ou
explosivos, por exemplo, este local recebe excepcionalmente alguns destes materiais,
exportando-os posteriormente, para serem tratados em outros países com meios para o
efeito. Para se beneficiar deste serviço, o Proponente deverá estabelecer um acordo
contratual com a entidade gestora do referido aterro.

Medidas de mitigação
- Sensibilizar os trabalhadores sobre a necessidade da preservação do ambiente, assim
como sobre o seu papel como agentes activos da mudança de mentalidades;
- Estabelecer um sistema de resíduos que inclua a identificação do tipo de resíduo e a sua
recolha, deposição e eliminação de resíduos adequada, como estabelecido no
Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Regulamento sobre a
Gestão de Resíduos Perigosos. Este exercício, especialmente no que concerne à
deposição e eliminação de resíduos, deve ser executado em coordenação com as
autoridades governamentais locais (i.e., do Distrito de Vanduzi);
- Designar uma equipa para ser responsável pela manutenção da limpeza e recolha de
todos os resíduos sólidos produzidos pelos trabalhadores envolvidos no Projecto, assim
como pela própria actividade do Projecto;
- Colocar os resíduos em contentores e em áreas de armazenamento temporário de
resíduos, de modo a evitar o acesso de pessoas alheias ao Projecto e de animais
domésticos ou sinantrópicos;
- Utilizar aterros sanitários temporários para deposição de resíduos, devendo os locais ser
estabelecidos em coordenação com as autoridades governamentais do Distrito de
Vanduzi; a camada de solo superficial deve ser manuseada de tal forma que possa
retornar ao mesmo lugar de onde foi removida, quando termine a utilização do aterro.
- Recolher regularmente e manter limpos os locais e recipientes de depósito de resíduos,
evitando a acumulação dos mesmos;
- Garantir que o transporte de resíduos é efectuado por empresa(s) licenciada(s);
- Implementar um sistema de rastreamento de resíduos por meio de um manifesto de
resíduos, de forma a manter um registo actualizado dos resíduos que são produzidos e
eliminados no local de construção e transferidos para o destino final (incluindo
informações sobre a sua proveniência, quantidade e tipologia de resíduos);
- Respeitar o princípio dos três R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Os resíduos para os
quais a hierarquia de gestão não puder ser implementada deverão ser tratados e/ou
eliminados da forma ambientalmente mais adequada possível;

100
Este aterro recebe também resíduos de outras zonas do País, principalmente de grandes empreendimentos, como por exemplo a
Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), em Songo, Província de Tete e a sua gestão está a cargo da empresa EnviroServ.
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170
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- Caso sejam descobertos resíduos não identificados e/ou de origem desconhecida, tratar
tais resíduos como perigosos, como uma abordagem cautelosa, até que seja efectuada
uma investigação que permita a correcta caracterização e manuseamento dos materiais
e a identificação de uma via de gestão adequada.
- Quaisquer descargas de águas residuais devem obedecer aos limites estabelecidos no
Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e Emissão de Efluentes (Decreto
n.º 18/2004 de 2 de Junho), em especial aos padrões de emissão de efluentes líquidos
domésticos, conforme apresentado no Anexo IV deste Regulamento;
- Estabelecer e implementar um sistema de monitorização da qualidade da água superficial
e subterrânea dentro e fora do recinto em laboratórios devidamente acreditados para o
efeito. Os valores dos resultados da monitorização devem estar em conformidade com o
Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e Emissão de Efluentes.
Para resíduos perigosos
- Identificar zonas e prepará-las devidamente para o armazenamento e manuseamento de
resíduos perigosos (pavimentar com betão, criar condições de contenção;
- Usar Fichas de Dados de Segurança de Materiais (MSDS) de todos os materiais e
produtos perigosos usados, para proporcionar uma avaliação dos riscos possíveis e uma
melhor abordagem em termos de métodos de manuseamento e eliminação;
- Os trabalhadores, que lidam com o armazenamento dos materiais perigosos, devem
dispor de equipamento de protecção adequado (luvas, máscaras, fato macaco, protector
de ouvidos e botas de borracha).
- Sobras de betão que não tenham uso utilizadas devem ser quebradas em pedaços
pequenos e depositadas em aterros designados para o efeito, ou disponibilizados à
comunidade para reaproveitamento, conforme adequado e de uma forma ordeira e
responsável;
- Todos os derrames de combustíveis, óleos ou outras substâncias perigosas devem ser
imediatamente limpos e devem ser tomadas medidas para remediar os seus efeitos;
- Os materiais usados na limpeza de um derrame e/ou fuga devem ser depositados num
recipiente de armazenamento temporário de resíduos perigosos, para posterior
encaminhamento para um destino final adequado (idealmente por uma empresa
credenciada para o efeito, com o transporte garantido por uma entidade licenciada);
- Na eventualidade de um derrame acidental de óleos, combustíveis ou outras substâncias
para o solo, remover imediatamente a camada de solo afectada e proceder ao
armazenamento temporário seguro e posterior encaminhamento para um destino final
adequado;
- Óleos e lubrificantes usados devem ser recolhidos em tambores, selados e remetidos às
empresas fornecedoras desses produtos para posterior reciclagem.
- Embalagens e tambores que tenham sido usadas com produtos tóxicos como
combustíveis e lubrificantes, devem ser devolvidos às empresas distribuidoras desses
produtos;101
- A manutenção de viaturas deverá ser feita em oficinas com instalações adequadas para
o efeito. Caso não seja possível remover a viatura para a oficina a manutenção na área
poderá acontecer com as devidas precauções como por exemplo cobrir o solo com
material impermeável (folha de plástico, tabuleiro de plástico ou metálico);

101
Os que tenham sido utilizados com produtos não tóxicos poderão ser distribuídos a membros da comunidade, para uso doméstico
(p.e. como reservatórios de água.
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171
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto

Impacto 7: Poluição relacionada com a gestão de resíduos.


Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (36) Baixa (24)

Impacto 7: Poluição relacionada com a gestão de resíduos.


Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Muito alta 5 Alta 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 4 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (36) Baixa (24)

AMBIENTE SONORO
➢ Impacto 8 (-): Perturbação do ambiente sonoro na envolvente do Projecto,
resultante do tráfego rodoviário associado ao Projecto
Durante a Fase de Construção prevê-se que ocorra um aumento de tráfego de veículos
ligeiros e pesados, principalmente associado à movimentação/operação de máquinas e
equipamentos ligados ao Projecto e à edificação das infraestruturas do Projecto. Isto poderá
causar alguma perturbação dos receptores sensíveis humanos na evolvente do local do
Projecto (i.e. residentes e utentes da área).
A Fase de Operação, os níveis mais altos de ruído poderão estar associados ao tráfego de
camiões-cisterna que serão abastecidos no Terminal.
No EIA foram identificados os principais receptores sensíveis potenciais para o ruído (ver
Figura 26), tanto para a Fase de Construção, como para a Fase de Operação. Estes incluem,
não restritivamente, o seguinte: (i) habitações nas imediações da N6, a norte e a oeste da
principal via de acesso ao local do Projecto a partir da N6; (ii) habitações que se encontram
nas direcções Oeste-noroeste (WNW), Noroeste (NO) e Oeste (O) do local do Projecto); (iii)
a Escola EP1 Vila Maninga; e (iv) a fábrica de pesticidas já referida anteriormente.

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172
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Figura 73 – Localização dos possíveis receptores humanos sensíveis ao impacto do ruido


na área do Projecto (AID e AII)

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173
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Medidas de mitigação
- Garantir que as actividades de construção ocorrem em conformidade com um calendário
e horários pré-estabelecidos, com as actividades geradoras de níveis mais altos
decorrendo no período diurno, e com a exclusão de domingos e feriados;
- Limitar a movimentação de maquinaria e equipamentos ligados ao Projecto ao
estritamente necessário para a execução das actividades do Projecto;
- Impor restrições à velocidade dos veículos;
- Garantir uma manutenção adequada da maquinaria e dos equipamentos afectos às
actividades do Projecto, para minimizar os níveis de ruído.
- Restringir as actividades geradoras de elevados níveis de ruído ao horário de trabalho
diurno.
- Através de um mecanismo de comunicação previamente estabelecido, manter contacto
regular com a comunidade a respeito de perturbações por via do ruido que se possam
observar, e acordar sobre as formas da sua minimização.
Classificação do impacto
Impacto 8: Perturbação do ambiente sonoro na envolvente do Projecto, resultante
do tráfego rodoviário associado ao Projecto.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Moderada (32) Baixa (18)

Impacto 8: Perturbação do ambiente sonoro na envolvente do Projecto, resultante


do tráfego rodoviário associado ao Projecto.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Pouco provável 2
Intensidade Baixa 2 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 4 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 8 Baixa 8
Significância Moderada (32) Baixa (16)

Preparado por: Impacto, LDA


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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

PAISAGEM
➢ Impacto 9 (-): Perturbação da paisagem local
Durante a fase de construção verificar-se-ão impactos ao nível da percepção visual,
resultantes de uma “desorganização” espacial e funcional do espaço de intervenção,
designadamente da área de implantação do Terminal e do ambiente envolvente a desmatar.
A modificação da paisagem irá reflectir-se por meio da conversão de uma área
predominantemente verde a uma área urbanizada/industrial. Os impactos serão sentidos não
apenas no local directamente afectado pelas actividades do Projecto, como também na área
circundante, com particular incidência nos receptores sensíveis humanos externos ao
Projecto residentes, ou utentes habituais ou esporádicos da área.
Este impacto irá resultar principalmente do seguinte:
a) Fase de Construção – (i) introdução de elementos incomuns ao ambiente na área do
Projecto, tais como veículos, equipamentos móveis e materiais de construção, cuja
presença se irá misturar com a dos espaços verdes existentes, espaços esses percebidos
como típicos da paisagem local; (ii) redução de espaços verdes, no processo de
preparação da área para a construção; e (ii) redução temporária da visibilidade nos locais
sujeitos a actividades de construção, como um resultado do aumento de concentração de
poeiras no ar, com a subsequente deposição no ambiente envolvente.

b) Fase de Operação – introdução de novos elementos incomuns ao ambiente local, de


presença ainda mais distinta do que os da Fase de Construção e de um carácter
urbanizado/industrial. Aqui inclui-se também a movimentação de veículos, principalmente
os camiões-cisterna, que irão buscar combustível ao Terminal.
Medidas de mitigação
- Criar espaços verdes dentro da área do Terminal e repor a vegetação (com espécies
indígenas) em áreas desmatadas na envolvente do Terminal, conforme praticável.
- Onde e quando necessário, implementar medidas de supressão de poeiras em vias de
circulação e em áreas expostas aos ventos no local do Projecto e envolvente, através da
aplicação regular de água, ou de um agente biodegradável de estabilização do solo;
- Cobrir adequadamente as cargas dos veículos, nos camiões que transportem materiais
susceptíveis de produzir poeiras quando em movimento (e também para evitar
perturbação ou perigos para os utentes das vias de circulação rodoviária);
- Impor limites de velocidade para veículos em circulação na área da construção, de forma
a evitar a produção excessiva de poeiras.
Classificação do impacto
Impacto 9: Perturbação da paisagem.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Definitiva 5 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Longo-prazo 4 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Moderada (40) Baixa (24)

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175
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Impacto 9: Perturbação da paisagem.


Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Pouco provável 2 Pouco provável 2
Intensidade Baixa 2 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Longo-prazo 4 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 8 Baixa 7
Significância Baixa (16) Baixa (14)

15.6 IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO BIÓTICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DE


OPERAÇÃO)
Não aplicável (não foram identificados impactos positivos no Meio Biótico para a Fase de
Construção).

15.7 IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO BIÓTICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E FASE DE


OPERAÇÃO)
HABITATS DE FAUNA E FLORA
➢ Impacto 10 (-): Desmatamento e perda de habitats
As infraestruturas de apoio à construção do Terminal de Combustíveis, como estaleiros, e
parques de viaturas, assim o as como as instalações do próprio Terminal serão instalados
em áreas anteriormente de mata secundária, áreas de uso agrícola e Graminal arbustivo.
Durante a Fase de Construção deverá ser removida a vegetação nas áreas em que serão
instaladas as infraestruturas, incluindo os acessos. A classe de uso e cobertura que poderá
ser mais afectada pelo Projecto é a de Graminal arbustivo, que ocupa 22.4 % da AID. Esta
classe de uso e cobertura encontra-se relativamente perturbada pela acção antropogénica,
sendo que a construção do Terminal representará uma modificação adicional da área. Na
área em questão não foram identificados habitats ou espécies ameaçadas. No entanto,
deverão ser evitadas/minimizadas as intervenções nas áreas alagáveis existentes dentro da
AID e também na AII; apesar da sua pequena dimensão, estas áreas representam habitat
e/ou locais de abeberamento e forrageamento para algumas aves, tais como a Garça-
cinzenta (Ardea cinerea) e o Pássaro-martelo (Scopus umbretta).
O potencial de perturbação das áreas alagáveis na Fase de Construção irá depender da
proximidade de actividades que possam interferir com as mesmas (por exemplo: escavações,
terraplenagem aterros), mas também de outros factores, tais como o potencial de
contaminação por resíduos manuseados e/ou temporariamente armazenados no local do
Projecto. É importante que o desenho (layout) do Projecto seja tal que o aterro de áreas
alagáveis para o estabelecimento de estruturas do Projecto ou a construção próximo de tais
áreas seja evitado.
As mudanças na vegetação poderão resultar na perda de habitats para alguns grupos
faunísticos que dependem desta vegetação para a obtenção de alimento e refúgio. No
entanto, a fauna da região é actualmente escassa, devido a actividade humana. Quanto às
vias de circulação rodoviária ligadas ao Projecto, a sua manutenção poderá resultar na
perturbação de quantidades relativamente pequenas de vegetação e habitats de fauna.
Considerando que dentre as maiores áreas a afectar incluem-se áreas já alteradas pela acção
humana, e não existindo espécies florísticas ou faunísticas ameaçadas de extinção na área
Preparado por: Impacto, LDA
176
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do Projecto, este impacto poderá ser baixo, se se adoptarem as medidas de mitigação


propostas.
Na Fase de Operação, algumas das áreas perturbadas poderão retornar a uma condição
semelhante à original (principalmente na AII). A ocorrer, este será um impacto positivo (não
se deve, no entanto, excluir a possibilidade de algumas das áreas perturbadas ficarem
permanentemente alteradas).
Medidas de mitigação
- Limitar o desmatamento ao estritamente necessário para a execução das obras, evitando,
tanto quanto possível, as áreas alagáveis. Esta medida visa proteger não apenas a
integridade do habitat, como também parte do local do Projecto, em caso de chuvas
intensas, com inundações associadas a estes corpos de água;
- Em relação a vias de acesso associadas ao Projecto, recomenda-se a priorização, tanto
quanto possível, de vias já existentes;
- Todos os veículos e maquinaria devem circular apenas nas rotas e estradas de acesso
designadas para o efeito;
- Terminada a construção, remover as infraestruturas temporárias e reabilitar as áreas
degradadas, por meio de gradagem e reposição da vegetação com espécies indígenas;
- Proibir o corte de árvores para usos como lenha e carvão pelo pessoal do Projecto (a
apanha de galhos secos no chão poderá ser permitida).

Classificação do impacto
Impacto 10: Desmatamento e perda de habitats
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Definitiva 5 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Baixa 2
Extensão Local 1 Local 1
Duração Permanente 5 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 8 Baixa 7
Significância Moderada (30) Moderada (28)

USO DOS RECURSOS NATURAIS


➢ Impacto 11 (-): Aumento da pressão sobre os recursos naturais (flora e fauna)
A comunidade local utiliza diferentes recursos naturais tais como estacas de árvores (para
lenha, carvão vegetal, frutos e material de construção) e pequenos animais, como um
suplemento da dieta alimentar. Estes usos, bem como as queimadas deliberadas ou
descontroladas de campos, assim como a caça de pequenos mamíferos, exercem pressão
sobre os recursos naturais na área de estudo. Com o desenvolvimento do Projecto na área é
possível que se verifique um aumento da exploração destes recursos, na Fase de
Construção devido a vários factores, como descrito abaixo.
Durante esta fase é possível que os trabalhadores se envolvam em práticas agrícolas
(abertura de novas machambas) e na exploração de recursos naturais para vários fins, tais
como: extracção de madeira de valor comercial, corte de estacas para construção e colheita
de plantas de várias espécies, para fins comerciais. Estes podem também se envolver na
caça de pequenos mamíferos e aves para consumo ou mesmo para comercialização, por
exemplo, de aves de gaiola para venda. Na protecção destes recursos, atenção deverá ser
dada à floresta sagrada existente a Este da área do Projecto, na AII, para que não haja
extracção de recursos florestais por parte dos trabalhadores.

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177
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Há também a possibilidade de um aumento de pessoas na área à procura de oportunidades


de emprego. Este influxo potencial de pessoas cria o risco de algumas delas optarem por
explorar recursos naturais, tais como madeira e lenha, e envolverem-se em actividades de
caça, tanto para consumo como para venda aos trabalhadores do Projecto.
Medidas de mitigação
- Sensibilizar os trabalhadores a respeito da importância ecológica e de conservação da
flora e fauna;
- Proibir os trabalhadores e pessoal contratado de abater espécies madeireiras e de
proceder à destruição da vegetação para a abertura de machambas, com ênfase para a
floresta sagrada próxima da área do projecto;
- Fornecer refeições aos trabalhadores;
- Interditar a todos os trabalhadores o uso de armas de fogo e armadilhas nos campos de
trabalho e envolvente directa (i.e. na AID e na AII).

Classificação do impacto
Impacto 11: Aumento da pressão sobre os recursos naturais (flora e fauna)
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude 7 6
Significância Baixa (21) Baixa (12)

ESPÉCIES INVASORAS
➢ Impacto 12 (-): Introdução e/ou disseminação de espécies invasoras
Uma espécie invasora foi identificada na área do Projecto (Lantana camara), em diferentes
habitats/classes de uso e cobertura. A movimentação de veículos e maquinaria ao longo das
estradas de acesso e áreas de construção na Fase de Construção poderá contribuir para a
dispersão de espécies invasoras, na medida em que partes de plantas, sementes e raízes
podem ficar presas ao equipamento e ser dispersas, à medida que estes se movimentam
pela área. Uma vez introduzidas, as espécies invasoras podem disseminar-se impactando
habitats adjacentes, competindo com espécies nativas e, em alguns casos, substituindo
espécies nativas, alterando assim o equilíbrio ecológico dos ecossistemas. Estas espécies
poderão tornar-se um problema difícil de controlar após a construção.
Medidas de mitigação
- Submeter os equipamentos circulantes a um processo de limpeza rigorosa no estaleiro
(incluindo lavagem à pressão), de forma a remover sementes ou propágulos que estejam
presos em lâminas, previamente ao início do uso destes nas áreas de trabalho. Deve ter-
se o cuidado de evitar o uso das águas residuais destas lavagens para fins de rega, o que
poderia contribuir para a dispersão destas espécies;

- Gradar o solo e revegetá-lo com uma cobertura herbácea tão rápido quanto possível após
o fim da construção (o restabelecimento de uma camada de gramíneas indígenas é a
melhor forma de evitar a infestação por espécies invasoras).

Preparado por: Impacto, LDA


178
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 12: Introdução e/ou disseminação de espécies invasoras
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco Provável 2
Intensidade Alta 4 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 5 Médio-prazo 3
Magnitude Moderada 11 Negligenciável 6
Significância Moderada (33) Baixa (12)

FAUNA
➢ Impacto 13 (-): Perturbação de fauna
Como referido anteriormente, as áreas designadas para a instalação de infraestruturas e vias
de circulação rodoviária associadas ao Projecto são, na sua maioria, habitats modificados
(áreas agrícolas e matas secundárias) e, consequentemente, as comunidades faunísticas,
nestes habitats são menos diversificadas e menos abundantes que nas áreas não
perturbadas ou menos perturbadas.
A movimentação de máquinas e veículos pesados e a operação de equipamentos durante a
Fase de Construção podem causar algum transtorno à fauna, através do ruído, emissões
de gases de escape e poeiras. O ruído e vibração de máquinas podem ocasionar o
afugentamento de espécies mais sensíveis aos ruídos, além de interferir em processos
ligados a comunicação vocal de algumas espécies (relacionada com a defesa de território,
reprodução e sinalização sobre a chegada de predadores).
Para além disso, existe um risco de morte de animais por atropelamento, principalmente de
espécies que apresentam uma reduzida mobilidade (como os répteis e alguns pequenos
mamíferos), durante a circulação de veículos de, e para a área do Projecto. Há ainda a
possibilidade de acidentes com animais, causados pela remoção de tocas e abrigos de
espécies locais, nos processos de movimentação e relocação de terras. As cobras por serem
receadas, têm maior probabilidade de serem mortas por pessoal envolvido na construção.
Este risco persiste, em certa medida, na Fase de Operação, mas de uma forma
negligenciável, dado que o ambiente local apresentará características “urbanas”, desprovida
de parte dos componentes naturais da paisagem.
Medidas de mitigação
- Orientar os trabalhadores a não transitarem fora dos acessos estabelecidos para o
Projecto, devendo, onde necessário, ser identificadas e demarcadas as áreas proibidas,
onde seja interdito o acesso do pessoal, veículos e maquinaria envolvidos na construção;
- Manter máquinas e veículos devidamente inspeccionados, evitando a emissão de ruídos
acima do normal;
- Submeter os motoristas e operadores de maquinaria pesada a um treino de indução em
Ambiente, Saúde e Segurança, que inclua, entre outros aspectos, o respeito pela vida
selvagem;
- Permitir a fuga de animais que se tentem evadir das áreas de construção;
- Após a Fase de Construção, remover as infraestruturas temporárias de apoio e reabilitar
as áreas degradadas (salvo decisão em contrário, em coordenação com as autoridades
administrativas/municipais locais ou se estas tiverem sido cedidas a outra entidade).

Preparado por: Impacto, LDA


179
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 13: Perturbação de fauna
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Negligenciável 7 Negligenciável 5
Significância Moderada (28) Baixa (15)

➢ Impacto 14 (-): Alterações populacionais faunísticas, relacionada com a gestão de


resíduos
Do ponto de vista dos impactos no Meio Biótico, uma gestão inadequada de resíduos na
Fase de Construção ou na Fase de Operação pode conduzir à proliferação de ratos
domésticos (Rattus rattus) e de outras espécies sinantrópicas102 (p.ex., aves, tais como os
corvos). Adicionalmente, impactos sobre a fauna terrestre que ocorre na área de estudo
podem resultar de eventuais derrames/fugas acidentais de combustíveis e substâncias
poluentes que possam ocorrer no abastecimento, manutenção e reparação de veículos e
maquinaria. Caso se verifiquem, estes poderão poluir os solos e as águas subterrâneas ou
superficiais, com consequentes impactos sobre a abundância de populações de fauna que
dependem de tais recursos.
Medidas de mitigação
- Aplicam-se as medidas de mitigação definidas para o impacto 9 (“Poluição relacionada
com a gestão de resíduos”).

Adicionalmente,
- Onde necessário, as populações de roedores no local e em redor das infraestruturas
devem ser controladas através do uso de armadilhas e não através de veneno, sob
precauções de segurança para humanos.

Para resíduos perigosos:


Classificação do impacto
Impacto 14: Alterações em populações faunísticas, relacionada com a gestão de
resíduos.
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 7 Negligenciável 6
Significância Baixa (21) Baixa (12)

Animais sinantrópicos são aqueles que ao longo do tempo se adaptaram a viver junto ao homem, mas não em harmonia com este. A
102

maioria destes animais alimenta-se do lixo produzido pelo homem, podendo transmitir doenças (p.e., ratos, baratas, formigas, pulgas,
mosquitos, corvos, pombos, moscas, entre outros).
Preparado por: Impacto, LDA
180
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

15.8 IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO (FASE DE CONSTRUÇÃO E


FASE DE OPERAÇÃO)
ECONOMIA E EMPREGO
➢ Impacto 15 (+): Aumento dos impostos e das receitas fiscais do Estado
Na Fase de Construção, as principais fontes de receitas para o Estado derivadas do Projecto
irão advir da aquisição de bens e serviços pelo Proponente do Projecto e pelas empresas
contratadas ou subcontratadas para as empreitadas de construção ou outros fins (p.ex.:
serviços de transporte de materiais e equipamentos, fornecimento de materiais de
construção, fornecimento de combustíveis, fornecimento de alimentos e bebidas,
comunicações, entre outros), necessários para a implementação do conjunto de actividades
previstas na Fase de Construção. Novos negócios poderão, inclusive, surgir na expectativa
de servir o Projecto, incrementando este impacto.
Este impacto poderá perdurar na Fase de Operação, dado que haverá na área um
movimento de camiões provenientes principalmente dos Países que serão servidos pelo
Terminal (Zimbabwe, Zâmbia, RD Congo, Malawi); estes poderão necessitar de serviços tais
como alojamento, restauração, abastecimento de combustível, entre outros. Em empresas
subcontratadas para a fase de Operação poderá observar-se um aumento no volume de
negócios que, por via dos impostos, poderá reflectir-se num crescimento nas receitas fiscais
do Estado ao nível da Província de Manica.
No que se refere à contribuição dos trabalhadores do Projecto para o aumento das receitas
fiscais, esta deverá sofrer uma redução na Fase de Operação, comparativamente à Fase de
Construção, uma vez que o número de trabalhadores terá sofrido uma grande redução (i.e.
de cerca de 100 para cerca de 30), mas a diferença poderá ser pouco relevante, dado que se
tratará de trabalhadores com salários mais altos, logo com contribuições fiscais mais altas.
Já para as empresas, é provável que o volume de serviços prestados ao Projecto seja menor
que o da Fase de Construção, porém numa base de longo-prazo
Para a Fase de Operação, os benefícios fiscais poderão estar principalmente relacionados
com a exportação de combustíveis a partir do Terminal. Estes terão uma base permanente e
serão, possivelmente, mais altos que os da fase de construção, Quanto ao contributo fiscal
da força laboral, apenas se pode dizer que a Fase de Construção terá um numero muito
menor de trabalhadores (aproximadamente 40) que a Fase de Construção (aproximadamente
200), mas a diferença entre ambas as fases dependerá dos valores dos salários envolvidos.
Medidas de potenciação
- Contratar preferencialmente empresas com sede fiscal na Província de Manica e com a
situação fiscal regularizada, e adquirir bens e serviços de empresas locais que cumpram
os requisitos acima indicados, como forma de maximizar os benefícios fiscais numa
perspectiva distrital e provincial (esta medida aplica-se a empresas com a capacidade de
providenciar os serviços e produtos de acordo com os requisitos do Empreiteiro ou do
Proponente);
- Caso necessário, solicitar ao Governo Distrital e à autoridade Tributária a colaboração
para garantir o acesso à documentação de identificação civil (bilhete de identidade) e
tributária (NUIT), para que os trabalhadores possam estar em condições de honrar os
seus compromissos fiscais.

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181
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 15: Aumento dos impostos e das receitas fiscais do Estado
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Directo
Probabilidade Provável 3 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Curto-prazo 2 Médio-prazo 3
Magnitude Negligenciável 6 Baixa 8
Significância Baixa (18) Moderada (32)

Impacto 15: Aumento das receitas fiscais para os cofres do Estado


Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Altamente provável 4
Intensidade Moderada 3 Alta 4
Extensão Regional 3 Regional 3
Duração Curto-prazo 2 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 8 Baixa 11
Significância Baixa (24) Alta (44)

➢ Impacto 16 (+): Criação de oportunidades de emprego


Estima-se que sejam contratados aproximadamente 100 trabalhadores para a Fase de
Construção. O Proponente manifestou a intenção de privilegiar a contratação de
trabalhadores a nível local, regional e nacional, como consta na “Descrição do Projecto”103 e
como realçado por este na Consulta Pública da Fase do EPDA, realizada em Vanduzi, em
Agosto de 2020.
O Proponente necessitará de contratar empresas, empreiteiros e consultores para a
construção do Terminal. Estes irão necessitar de mão-de-obra qualificada, semi-qualificada
e não qualificada. Os receptores potenciais das oportunidades de emprego são pessoas em
idade laboral, que constituem a População Economicamente Activa (PEA, correspondente à
faixa etária de 15-65 anos). Dados do INE (2017), indicavam que no Distrito de Vanduzi,
quase metade (48,6%) do total de habitantes fazia parte da PEA, sendo que destes, 48,1%
eram homens e 51,9% mulheres.104
Grande parte desta população dedica-se a agricultura (principalmente mulheres105, mas
também homens acima dos 35 anos) e a negócios de venda de lenha e carvão
(principalmente homens entre os 15 e os 30 anos de idade)106. A expectativa de emprego e a
disponibilidade para trabalhar foi manifestada em todos os encontros com Grupos Focais
realizados pelo Consultor durante a pesquisa de campo. Ademais, o grupo de homens fez
menção a membros das comunidades que possuem formação em operação de maquinaria
de construção, adquirida em outros projectos, realizados não só nos distritos da Província de
Manica, como também em outras províncias (principalmente a de Tete).

103 Capítulo 7 do Relatório do EIA (Relatório Principal)


104 O Consultor não teve acesso a dados mais actualizados sobre este assunto.
105 Algumas mulheres dedicam-se também ao artesanato (principalmente à produção de esteiras) e à costura.
106 Percepções colhidas durante a Pesquisa de campo (IMPACTO, 2020).

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182
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Contudo, considerando as limitações de acesso a níveis de ensino acima do Primário,


reportadas na Localidade de Chigodole (referidas na Secção 0 deste Relatório), assume-se
que a maioria de mão-de-obra disponível para envolvimento no Projecto no Povoado de Selva
será não qualificada e, excepcionalmente, poderão existir alguns candidatos disponíveis para
postos de trabalho semiqualificado.
A mão-de-obra nacional qualificada e semiqualificada poderá ser maioritariamente
proveniente de outras zonas administrativas do Distrito de Vanduzi ou da Província de
Manica, com maior acesso ao Ensino Secundário, Técnico-profissional ou Superior. Poderá
haver ainda a necessidade de contratação de mão-de-obra de outros pontos do País (ou
mesmo de expatriados), de modo a suprir as lacunas de qualificação a nível local, distrital ou
provincial.
Na Fase de Operação é provável que a maior parte da mão-de-obra que tiver trabalhado na
Fase de Construção não reúna os requisitos e a experiência necessários para ocupar postos
de trabalho com especificações diferentes daquelas da Fase de Construção. Assim, poderá
ser necessário, caso a caso, implementar um programa de formação do pessoal não-
qualificado, semiqualificado e qualificado que venha a ser recrutado. Este potencial tem como
receptores principais indivíduos em idade laboral residentes no Povoado de Selva e no
Distrito de Vanduzi, ou provenientes de outros pontos do País e que se candidatem aos
postos de trabalho que possam estar disponíveis durante a Fase de Operação.

ACESSO ÀS VAGAS DE EMPREGO

As vagas para pessoas locais aplicam-se caso os candidatos satisfaçam os requisitos de


contratação. É certo que o Projecto não terá a capacidade de satisfazer todas as expectativas
locais relativas ao emprego, dado que os postos de trabalho serão em número limitado, tanto na
Fase de Construção, como na Fase de Operação. Ademais, na Fase de Operação, alguns quadros
actualmente empregues pela da CPMZ poderão ocupar parte dos postos de trabalho disponíveis,
por transferência do local onde actualmente trabalham, para o Terminal de Combustíveis.
Este impacto é aqui avaliado tendo em conta os seus principais receptores sensíveis,
nomeadamente candidatos do povoado de Selva, seguindo-se a seguinte sequência: Localidade
de Chigodole, o PA de Vanduzi-Sede, o Distrito de Vanduzi como um todo e Província de Manica.
Localmente, o acesso a postos de trabalho, mesmo que temporários, poderá representar uma
mudança importante na economia dos agregados com membros beneficiários, na medida em que
estes passarão a ter um rendimento mensal fixo, difícil ou mesmo impossível de obter por via da
prática de agricultura de subsistência ou de trabalho informal por conta própria ou por conta de
outrem.
DIREITOS DO CANDIDATO A EMPREGO OU TRABALHADOR VIVENDO COM HIV/SIDA

A pessoa portadora de HIV/SIDA tem os seus direitos (e deveres) protegidos pela “Lei de Protecção
da Pessoa, do Trabalhador ou Candidato a Emprego vivendo com HIV/SIDA” (Lei nº19/2014, de
27 de Agosto). Nesta Lei, baseada no princípio da não discriminação, estabelece-se que “a pessoa
vivendo com HIV e SIDA goza dos mesmos direitos e tratamento de qualquer outra pessoa” e esta
“não deve ser discriminada ou estigmatizada em razão do seu estado de seropositividade”.
DIREITOS DAS PESSOAS OU GRUPOS VULNERÁVEIS RELATIVAMENTE AO EMPREGO

No País, o quadro legal aplicável a pessoas ou grupos vulneráveis versa sobre os direitos gerais
dos visados enquanto cidadãos da República de Moçambique, baseando-se, maioritariamente, em
preceitos da Constituição da República de Moçambique, assim como em uma série de outros
instrumentos legais multi-sectoriais, ou relativos a um grupo social específico (p.ex.: pessoas
portadoras de deficiência). O direito ao trabalho, patente no artigo 84, abarca todos os cidadãos de
Moçambique, independentemente de estes se encontrarem ou não em condição de
vulnerabilidade.

Preparado por: Impacto, LDA


183
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Medidas de potenciação
- Desenvolver, em coordenação com as instituições locais do Estado e líderes
comunitários, uma política e procedimentos claros e transparentes de recrutamento de
mão-de-obra para o Projecto;
- Para o recrutamento da mão-de-obra local deve garantir-se o envolvimento dos líderes
comunitários, dado que estes geralmente possuem um conhecimento da conduta social
dos residentes das suas áreas de jurisdição; esta é uma prática tradicional de
“legitimação” do processo, muito comum no meio rural em Moçambique e geralmente bem
aceite pelas comunidades. Uma coordenação com as autoridades do Governo será
igualmente necessária. Em ambos os casos, esta coordenação poderá ajudar na
prevenção/minimização e mediação de possíveis conflitos;
- No processo de aceitação de candidatos, conceder prioridade seguindo a sequência do
nível administrativo de base (povoado de Selva), aos níveis mais altos (i.e., Localidade
de Chigodole, PA de Vanduzi-Sede, Distrito de Vanduzi, Província de Manica) e assim
sucessivamente, sem prejuízo dos critérios de ilegibilidade aplicáveis (por ex.
competências profissionais, grupo etário, aptidão física, critérios de inclusão social e
outros);
- As oportunidades de emprego devem ser não discriminatórias (seja por raça, sexo,
orientação sexual, religião, orientação política, ou de outra forma), divulgadas de forma
clara, objectiva e imparcial e explicadas de maneira realista, indicando aspectos tais como
o número de postos de trabalho disponíveis, os critérios de elegibilidade aplicáveis, a
duração (temporária ou permanente), entre outros aspectos julgados pertinentes;
- As contratações devem ser efectuadas em cumprimento integral da Lei do Trabalho107 de
Moçambique e de todos os outros instrumentos legais nacionais aplicáveis.
Classificação do impacto
Impacto 16: Criação de oportunidades de emprego.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Directo
Probabilidade Altamente Provável 4 Definitiva 5
Intensidade Moderada 3 Alta 4
Extensão Envolvente 2 Regional 3
Duração Curto-prazo 2 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 7 Moderada 10
Significância Moderada (28) Alta (50)

Impacto 16: Criação de oportunidades de emprego.


Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza /
Positivo / Directo
Tipo
Probabilidade Definitiva 5 Definitiva 5
Intensidade Baixa 2 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Regional 3
Duração Curto-prazo 2 Longo-prazo 4
Magnitude Negligenciável 6 Baixa 10
Significância Moderada (30) Alta (50)

107 Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto.


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➢ Impacto 17 (+): Aumento da renda familiar e diversificação das estratégias de


sobrevivência da população local, induzidas pelo emprego
Os meios de subsistência da população residente no Povoado de Selva e na Localidade de
Chigodole baseiam-se, sobretudo, na agricultura de subsistência. Assim, prevê-se que a
oferta de um determinado número de postos de trabalho directos e indirectos durante a fase
de construção do Terminal, mesmo que temporária, terá um impacto importante na vida de
agregados familiares com membros beneficiários do emprego. A remuneração poderá
contribuir para a melhoria do seu nível de bem-estar, assim como para o aumento da
circulação de dinheiro o que, por sua vez, poderá ter algum papel na dinamização das
actividades dos operadores privados já existentes (na maior parte dos casos informais), ou
para a abertura de novos negócios, ligados ao aumento da demanda em produtos e serviços.
Teoricamente, este impacto poderá atingir um maior número de receptores na Fase de
Construção, por ser esta a fase que envolverá um maior número de trabalhadores
(aproximadamente 100), comparativamente à Fase de Operação (cerca de 30). Contudo, o
mesmo será dependente, em grande medida, do empenho e da capacidade dos beneficiários
do emprego e detentores de negócios locais de gerirem e aplicarem as suas poupanças em
acções de empreendedorismo, ou da sua qualificação para aquisição de microcrédito, com o
mesmo fim. Os principais receptores sensíveis potencias são membros da comunidade
residente no Povoado de Selva e, possivelmente, em povoados vizinhos.
Medidas de potenciação
- Este impacto pode ser incrementado por via de programas de desenvolvendo local,
enquadrados no Programa de Responsabilidade Social do Proponente;
- Adquirir bens e serviços locais sempre que estes estejam disponíveis e cumpram os
requisitos necessários.
Classificação do impacto
Impacto 17: Aumento da renda e diversificação das estratégias de sobrevivência da
população local, induzidas pelo aumento do emprego
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Altamente Provável 4
Intensidade Baixa 2 Alta 4
Extensão Envolvente 2 Envolvente 3
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 7 Baixa 10
Significância Baixa (21) Moderada (40)

Impacto 17: Aumento da renda e diversificação das estratégias de sobrevivência da


população local, induzidas pelo aumento do emprego
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Indirecto
Probabilidade Pouco provável 2 Provável 3
Intensidade Baixa 2 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Curto-prazo 2 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 6 Moderada 9
Significância Baixa (12) Moderada (27)

Preparado por: Impacto, LDA


185
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

➢ Impacto 18 (+): Aumento do contingente local de pessoal com qualificações


profissionais
Como referido na descrição do impacto 16 (“Criação de oportunidades de emprego”), a
ocupação de postos de trabalho por membros da comunidade do Povoado de Selva será
limitada maioritariamente a funções que não requerem habilitações profissionais especiais,
ou pouca qualificação. A Fase de Construção representa, assim, uma oportunidade de
capacitação profissional no local de trabalho (“on the job training”) e um consequente reforço
do potencial local de recursos humanos.
Materializando-se esta oportunidade formação, as pessoas visadas poderão estar melhor
habilitadas a concorrer a postos de trabalho da Fase de Operação, sejam eles directos (no

Na área do Projecto, a experiência em ambientes profissionais formais, com regulamentos e


normas de trabalho é limitada, à excepção de um contingente relativamente pequeno que, segundo
constatado na pesquisa de campo, já trabalhou em empresas (p.ex.: antigos operadores de
maquinaria), daí a importância da potenciação deste impacto.

Terminal), ou indirectos (em outros locais). Isto poderá criar condições para que os
trabalhadores ascendam a posições sucessivamente mais elevadas no seu percurso
profissional.
Medidas de potenciação
- Criar oportunidades de “formação no local de trabalho” pelo empregador (Empreiteiro ou
Proponente, conforme o caso), para incrementar as habilidades profissionais de
trabalhadores contratados na condição de não qualificados;
- As oportunidades de emprego devem abranger mulheres, na perspectiva de valorizar
reforçar a sua intervenção e o seu papel no desenvolvimento do Distrito.
Classificação do impacto
Impacto 18: Aumento do contingente local de pessoal com qualificações
profissionais.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Directo
Probabilidade Provável 3 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Longo-prazo 4
Magnitude Negligenciável 7 Baixa 9
Significância Baixa (21) Moderada (36)

15.9 IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO (FASE DE CONSTRUÇÃO


E FASE DE OPERAÇÃO)
EXPECTATIVAS LOCAIS EM RELAÇÃO AO PROJECTO
➢ Impacto 19 (+): Frustração relacionada com um não-aumento da oferta de
combustíveis no Distrito de Vanduzi
Uma das expectativas apresentadas pelo Governo do Distrito de Vanduzi durante a pesquisa
de campo está relacionada com um possível fornecimento de combustível a operadores locais
do sector de combustíveis Fase de Operação do Projecto. É percepção local que um
aumento que um aumento significativo na oferta de combustíveis no distrito poderia resultar
Preparado por: Impacto, LDA
186
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

num crescimento de negócios relacionados com o abastecimento de combustíveis, tais como


estações de serviço, possivelmente não só no Distrito de Vanduzi, como também nos distritos
vizinhos e na Cidade de Chimoio.
Informações fornecidas pela CPMZ dão conta, porém, que durante a Fase de Operação do
Terminal, a CPMZ irá fornecer combustíveis às empresas com as quais trabalha actualmente
(não se excluindo eventualidade de estabelecimento de novos contratos). Deste modo, não
está previsto o fornecimento de combustíveis a operadores locais, o que contraria as
expectativas acima referidas. Isto poderá resultar em frustrações por parte do empresariado
(principalmente do Distrito de Vanduzi e da Cidade do Chimoio), mas também da
comunidade, ligado principalmente a potenciais oportunidades de emprego como um impacto
secundário do desenvolvimento de negócios ligados ao sector de combustíveis no distrito.
A impossibilidade de alimentar novos negócios de distribuição de combustíveis a partir do
Terminal deriva do facto de a CPMZ ter um contrato com uma empresa (a NOIC), cujos termos
não permitem o fornecimento a postos de abastecimento de combustíveis/estações de
serviço. Mencione-se, que, entretanto, a CPMZ poderá continuar a fornecer combustíveis às
empresas gasolineiras que se encontram instaladas no Porto da Beira, e estas, por sua vez,
poderão, eventualmente, estabelecer negócios com operadores locais.
Trata-se, assim, de uma questão sensível, que precisará de ser devidamente gerida pelo
Proponente, como forma de se manter uma boa relação com as Partes Interessadas e, em
particular, com a comunidade empresarial do Distrito de Vanduzi e da Província de Manica.
Medidas de mitigação
- Através de mecanismos de comunicação com intervenientes-chave, difundir, ainda na
Fase de Construção, informação sobre o tipo de serviço que será prestado pelo Terminal
(i.e., abastecimento de camiões-cisterna ao abrigo de um contrato já estabelecido), e
comunicar que se mantém a possibilidade de abastecimento de combustíveis a futuras
empresas locais a partir do Porto da Beira;
- Promover discussões com intervenientes-chave locais sobre possíveis caminhos
alternativos de desenvolvimento de negócios que possam beneficiar-se da existência de
um Terminal de Combustíveis em Vanduzi.
Classificação do impacto
Impacto 19: Frustração relacionada com um não-aumento da oferta de
combustíveis no Distrito de Vanduzi
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Definitiva 5 Altamente provável 4
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Regional 3 Regional 3
Duração Longo-prazo 4 Médio-prazo 3
Magnitude Moderada 11 Baixa 9
Significância Alta (55) Moderada (36)

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
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POPULAÇÃO E USO DA TERRA


➢ Impacto 20 (-): Perda de acesso a recursos naturais no local do Projecto
A aquisição de DUAT pelo Proponente, conferindo-lhe o direito de ocupar e usar a terra no
local do Projecto, resultou, à partida, na perda de machambas e do acesso aos recursos
naturais existentes no local do Projecto. A área continua, entretanto, a ser utilizada por
membros da comunidade, enquanto não se iniciam as actividades da Fase de Construção.
É certo, porém, que quando a Fase de Construção estiver prestes a iniciar-se, esse uso estará
vedado.
A CPMZ, no âmbito da aquisição do DUAT, compensou as famílias que praticavam agricultura
de subsistência no local do Projecto, como explicado no Capítulo 8. Contudo, a CPMZ
permitiu que, enquanto a Fase de Construção do Projecto não se iniciasse, a área pudesse
continuar a ser usada para fins agrícolas e outras formas de uso dos recursos naturais, como
a colecta de galhos para lenha. Embora a compensação já tinha sido realizada, prevalecerá
o impacto da perda de acesso aos recursos existentes locais pelas famílias que aproveitaram
a oportunidade de uso dos recursos, que se manteve aberta e condicionada ao início da
implementação do Projecto. Entretanto, considerando que a aquisição de DUAT foi realizada
como preceituado na Lei e que a área continuou sendo usada em boa-fé, com concordância
entre as partes, a CPMZ não tem a obrigação de compensar os utentes da área, devendo,
porém, avisá-las antecipadamente sobre o início das actividades do Projecto, de forma que
estas possam proceder à colheita dos seus produtos antes de abandonarem a área.
Durante as entrevistas semiestruturadas colectivas e encontros com Grupos Focais de
discussão, foi reportado que os tipos de recursos que serão perdidos podem ser encontrados
(ou cultivados, no caso da agricultura) em áreas próximas do local do Projecto. Isto, por si só,
não anula a perturbação de que podem ser alvo as famílias afectadas em vésperas da Fase
de Construção, tendo em conta que a distância a que os recursos alternativos se encontram
podem, em alguns casos, passar a ser maiores, implicando maiores distâncias a percorrer
para que se ter acesso a tais recursos.
Medidas de mitigação
- Tão cedo quanto se inicie a planificação da construção (com não menos de 6 meses de
antecedência), e em coordenação com as lideranças locais (do Governo e tradicionais),
informar a comunidade sobre a necessidade de a CPMZ interditar o local a usos pela
comunidade, para dar lugar às obras de construção do Projecto;
- Estabelecer um calendário de desocupação da área, envolvendo os líderes da
comunidade e do Governo Distrital neste exercício, como uma forma de minimizar o
potencial de conflito com a comunidade e os seus líderes;
- Permitir à comunidade a colheita dos produtos antes do início da ocupação do local pela
CPMZ.
Classificação do impacto
Impacto 20: Perda de acesso aos recursos naturais no local do Projecto.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Definitiva 5 Definitiva 5
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Permanente 5 Médio-prazo 3
Magnitude Moderada 10 Baixa 7
Significância Alta (50) Moderada (35)

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS (PROJECTO VERSUS COMUNIDADE)


➢ Impacto 21 (-): Conflitos sociais resultantes da competição pelo acesso aos postos
de trabalho
Prevê-se que a maior parte dos postos de trabalho directos e indirectos necessários para a
Fase de Construção do Terminal serão não qualificados, enquanto uma proporção mais
pequena será semiqualificada e qualificada. A transição para a Fase de Operação do
Terminal traz consigo a diminuição do número de postos de trabalho, que passam a ter
especificações e qualificações diferentes da fase anterior.
Em todos os grupos contactados existe a percepção de que na contratação de mão-de-obra
as pessoas locais poderão ser discriminadas em relação a outros grupos, que se poderão
apropriar indevidamente dos postos de trabalho que deviam destinar-se a residentes locais.
A população residente no Povoado de Selva, e também os líderes comunitários e autoridade
locais do Estado, reclamam que os postos de trabalho não-qualificados devem estar
disponíveis para a população local e que existem localmente pessoas habilitadas a concorrer
a postos de trabalho semiqualificado e qualificado em outras empresas ou projectos, tendo,
inclusive, fornecido exemplos de alguns projectos nos quais isso terá ocorrido.
Na Fase de Operação o número de postos de trabalho reduzirá em grande medida e a maior
parte destes passarão a ser baseados em contratos permanentes, envolvendo pessoal
qualificado, semiqualificado e de apoio (este último não qualificado ou com qualificações
básicas). Ademais, como a presença de outros serviços no Terminal (p.e. alfândegas,
serviços de segurança, serviços de catering para a cantina), a população poderá entender
equivocadamente que tal presença está directamente associada ao Proponente, sem se
considerar que se trata de serviços que são prestados à CPMZ por terceiros (i.e. entidades
externas à CPMZ), com salários provenientes das respectivas instituições.
A competição por postos de trabalho poderá, assim, ocorrer, porém a uma escala muito mais
reduzida que na Fase de Operação. Nessa fase, é provável que o Empreiteiro contrate
preferencialmente pessoas que já possuam experiência de trabalho anterior no Projecto, para
rentabilizar os recursos humanos. Tal como na Fase de Construção, a incapacidade de
abarcar a totalidade dos candidatos na Fase de Operação poderá, por si só, constituir uma
fonte de insatisfação de membros da comunidade e, consequentemente, de conflito.
Na abordagem deste impacto é de notar que, embora se pretenda contratar maioritariamente
cidadãos locais, habilitações profissionais excepcionalmente altas poderão ser requisitadas
de fora do País, conforme necessário. Considere-se ainda que as decisões relativas à
quantidade de profissionais necessários para o Projecto são tomadas pelo Empreiteiro (na
Fase de Construção) ou pelo Proponente (na Fase de Operação), independente das outras
partes que possam estar envolvidas no processo.
Medidas de mitigação
- Elaborar e implementar procedimentos de contratação da mão-de-obra, envolvendo as
autoridades do Estado e lideranças comunitárias locais, tendo em conta o seguinte:
o Divulgar amplamente a política de emprego e os procedimentos de recrutamento de
pessoal, que deverão basear-se no princípio de contratação de mão-de-obra local em
todos os casos em que, para determinada função, haja mão-de-obra localmente
disponível;
o Implementar o processo de contratação de pessoal em coordenação com a liderança
local do Estado e comunitária, para apoiarem no controlo do processo e na mediação
de conflitos, divulgando a política e os procedimentos de recrutamento;
o Para postos de trabalho destinados a candidatos locais, dar prioridade
sucessivamente aos residentes no Povoado de Selva e Distrito de Vanduzi, distritos
da Província de Manica e cidade de Manica, e outras províncias do País;

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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

o Não efectuar recrutamento de mão-de-obra à “porta da obra”108, definindo um local


afastado, com um horário para efectuar o recrutamento;
o Através de acções de sensibilização, promover a não-discriminação de mulheres e a
sua protecção contra o assédio sexual para aceder aos postos de trabalho;
o Instalar um Procedimento de Reclamação, de modo que qualquer pessoa,
organização ou instituição possa apresentar questões sobre o processo de
contratação de mão-de-obra quando julgar necessário, receber uma resposta à
reclamação e ver introduzidos os necessários ajustamentos no processo, no caso de
a reclamação ser procedente;
- Por via de mecanismos de comunicação, garantir que seja esclarecido às partes
interessadas que a contratação de pessoal é da responsabilidade do Empreiteiro e que
esta será feita em função das necessidades de pessoal, do número de vagas disponível
e da satisfação dos critérios de elegibilidade pelos candidatos.
Classificação do impacto
Impacto 21: Conflitos resultantes da competição pelo acesso aos postos de
trabalho.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Baixa 7
Significância Moderada (36) Baixa (21)

Impacto 21: Conflitos resultantes da competição pelo acesso aos postos de


trabalho.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Baixa 7
Significância Moderada (36) Baixa (21)

➢ Impacto 22 (-): Perturbação e conflitos relacionados com a presença do


contingente de mão-de-obra assalariada do Projecto
Assume-se que, tanto para a Fase de Construção, como para a Fase de Operação, os
trabalhadores com os níveis mais altos de qualificação, que poderão ser provenientes de fora
do Distrito de Vanduzi (i.e. nacionais ou estrangeiros) terão, previsivelmente, um nível de
rendimento e bem-estar relativamente melhor que o grosso da população local. Presume-se
que, de um modo similar, trabalhadores contratados localmente passarão a ter um estatuto
social mais alto que os outros membros da comunidade, com um rendimento mensal fixo e

108 Nos acampamentos (caso existam), estaleiros, escritórios, obras.


Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

mais alto que o rendimento médio local, e ainda com o prestígio inerente à sua condição de
assalariados.
Uma consequência directa desta condição poderá ser um aumento da disparidade nas
condições sociais entre agregados familiares com membros contratados/assalariados e
aqueles inteiramente dependentes de actividades tradicionais de subsistência (i.e.,
agricultura, venda de carvão, entre outras). Esta situação poderá causar algum desconforto
social, revertendo em conflitos no seio da comunidade, ou entre a comunidade e o Projecto.
Por outro lado, quaisquer atitudes ou comportamentos dos trabalhadores que não se
enquadrem nas normas sociais e na cultura local poderão, igualmente, degenerar em conflitos
com a comunidades, podendo estes requerer a intervenção dos líderes comunitários para a
sua resolução, de acordo com as práticas tradicionais locais.
Medidas de mitigação
- Desenvolver e implementar um Código de Conduta para os trabalhadores do Projecto e
sensibilizar os trabalhadores a manterem uma postura de cortesia perante a comunidade
e as autoridades;
- Programar encontros periódicos (ou sempre que necessário) com líderes locais do Estado
e líderes comunitários, assim como com a comunidade, para discutir assuntos de
interesse comum para as partes citadas e criar um clima social que permita a
prevenção/minimização de possíveis conflitos;
- Com o envolvimento da liderança tradicional, sensibilizar os trabalhadores a respeito da
organização social e cultural local, assim como das práticas tradicionais locais. O
objectivo é o de desenvolver no seio da força de trabalho uma percepção comum sobre
comportamentos localmente considerados inaceitáveis e susceptíveis de gerar conflitos.
Classificação do impacto
Impacto 22: Perturbação e conflitos relacionados com a presença do contingente de
mão-de-obra assalariada do Projecto.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Com mitigação
Sem mitigação
(impacto residual)
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 6
Significância Moderada (27) Baixa (18)

➢ Impacto 23 (-): Perda de postos de trabalho resultante da finalização das obras de


construção
Durante a Fase de Construção, é comum o Empreiteiro possuir pessoal próprio e,
adicionalmente, contratar um certo número de pessoas para complementar o quadro de
pessoal necessário para aquele Projecto em particular. A maior parte dos postos de trabalho
a serem criados durante a Fase de Construção do Terminal de Combustíveis serão
temporários e estarão relacionados com o apoio às obras, em actividades tais como a limpeza
do terreno, descarregamento de camiões de transporte de materiais para o Projecto,
orientação do tráfego (sinaleiros), vigilância das obras, entre outras actividades.
Com o início da Fase de Operação, a natureza das actividades do Projecto irá alterar-se
significativamente, passando a centrar-se no abastecimento de camiões-cisterna e em
actividades associadas, manutenção de equipamentos, controlos de segurança, entre outras.
Preparado por: Impacto, LDA
191
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Isto implicará que a maior parte dos trabalhadores contratados para a Fase de Construção
ficará sem o seu posto de trabalho após a conclusão das obras. Para os visados
(possivelmente para a maioria), isso implicará o retorno à condição de desempregado, com
efeitos na renda familiar e, de um modo geral, no nível de bem-estar social.
Medidas de mitigação
- O Proponente deverá, tanto quanto praticável, integrar na Fase de Operação parte do
quadro de pessoal que tiver estado envolvido na Fase de Construção, mesmo quando
existir necessidade de um aprimoramento das suas habilidades profissionais.
- Propõe-se que o Proponente analise com o Governo Distrital as possibilidades de, em
coordenação com parceiros locais, desenvolver parcerias que permitam ajudar pelo
menos parte do pessoal recrutado e as suas famílias a estabelecer meios de subsistência
alternativos e esquemas de poupança; o objectivo seria minimizar a dependência
económica destes (pessoal e respectivas famílias) em relação ao emprego proporcionado
pelas actividades de construção do Projecto. Este é um assunto que pode ser enquadrado
no programa de Responsabilidade Social da CPMZ e por via de parcerias estabelecidas
localmente (no Distrito de Vanduzi) ou na Cidade de Chimoio (p.ex.: empreiteiros,
instituições de microcrédito).

Classificação do impacto
Impacto 23: Perda de postos de trabalho resultante da finalização das obras de construção
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Definitiva 5 Definitiva 5
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 5 Curto-prazo 2
Magnitude Alta 11 Baixa 7
Significância Alta (55) Moderada (35)

➢ Impacto 24 (-): Aumento local da criminalidade e de outros comportamentos


desviantes
Com a presença de um contingente de trabalhadores contratados para a Fase de
Construção do Projecto poderá passar a existir uma maior circulação de dinheiro, assim
como uma maior aquisição de bens de valor relativamente alto, como viaturas, motorizadas
e bicicletas, maquinaria diversa (pequena indústria), comodidades de uso doméstico, entre
outros. Isto pode conduzir a um aumento da criminalidade na área, principalmente no seio de
pessoas das classes mais desfavorecidas; estas poderão envolver-se em práticas como
roubo (com ou sem agressão física), desvio de bens, entre outras, o que pode ser agravado
pelo abuso de álcool e drogas.
O impacto também se aplica à Fase de Operação, uma vez que nesta fase existirão
trabalhadores do Projecto residentes, beneficiando-se de rendimentos fixos, por via de um
salário. Ademais, será constante a chegada de motoristas dos camiões-cisterna que irão fazer
o carregamento de combustível no Terminal. Estes poderão ser vistos como pessoas
portadoras de somas avultadas de dinheiro, o que poderá atrair indivíduos ou grupos de má
conduta.
Em ambas as fases do Projecto acima referenciadas, um possível “efeito de atracção” de
trabalhadores do sexo para a área do Projecto e um incremento de casos de abuso sexual
de menores são outros comportamentos desviantes que se poderão observar e que merecem
consideração na análise deste impacto.
Preparado por: Impacto, LDA
192
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Medidas de mitigação
- Através dos canais de comunicação com a comunidade e com a polícia local, mobilizar o
apoio dos líderes comunitários e da comunidade local na vigilância, visando a prevenção
de crimes e a denúncia de suspeitos e praticantes de crimes;
- Debater com a comunidade, seus líderes e outras partes interessadas, as possíveis
formas de colaboração para a minimização deste impacto;
- Avaliar a possibilidade de estabelecimento de parcerias com ONGs, organizações
baseadas na comunidade, confissões religiosas ou outras, para promover a sensibilização
da comunidades, nas escolas e no seio dos trabalhadores ligados ao Projecto, para a
prevenção de condutas socialmente inadequadas, como por exemplo: abuso do álcool e
das drogas; prostituição e riscos de saúde; abuso de menores; prevenção de conflitos
sociais; entre outras matérias, assim como o encorajamento da denúncia às autoridades
locais (com a devida protecção dos denunciantes por via do anonimato e/ou de outro
modo eficaz).
Classificação do impacto
Impacto 24: Aumento local da criminalidade e de outros comportamentos desviantes
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Baixa 3
Significância Moderada (27) Baixa (18)

➢ Impacto 25 (-): Interferência com o bem-estar da comunidade (perturbação por


poeiras, ruídos ou vibrações)
Na Fase de Construção, poeiras, ruídos ou vibrações derivados das obras de construção e
acima dos níveis tidos como aceitáveis as pessoas que residem e/ou desenvolvem
actividades nas proximidades do Local do Projecto poderão constituir uma perturbação para
essas pessoas.
A menos de 300 m do limite norte do Terminal (do lado oposto da estrada) existe uma escola,
nomeadamente a Escola Primária Vila Maninga. Na área envolvente do Local do Projecto
existem terras agrícolas que são cultivadas pelas comunidades dos Povoados de Selva e
Chigodole-Sede. A vizinhança das zonas de ocupação agrícola é composta maioritariamente
alguns núcleos populacionais pertencentes do Povoado de Selva e de Chigodole-Sede. No
local sagrado que se localiza a cerca de 700 m do Local do Projecto são realizadas
episodicamente cerimónias tradicionais e religiosas das comunidades.
No cenário de referência actual (i.e. antes da implementação do Projecto), o Distrito de
Vanduzi é um local de trânsito de camiões com destino ao Porto da Beira, para o
carregamento de combustível (e outros tipos de carga). Possíveis paragens dos camiões-
cisterna em Vanduzi são casuais e não fazem parte da jornada normal de trabalho dos
respectivos motoristas. Na Fase de Operação do Projecto, o Terminal terá, para estes
camiões, a mesma finalidade que a actual do Porto da Beira: isto significa que a área do
Projecto passará a ser uma área de concentração de camiões de combustível, em estadia
temporária, por um período que poderá ser de até 24 horas ou mais, em função da duração
dos procedimentos de carregamento combustível e tramitação documental inerente, de
Preparado por: Impacto, LDA
193
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

possíveis avarias, e do tempo alocado para o repouso dos motoristas pelos seus
empregadores. Os camiões serão, assim, fontes permanentes de ruido.
As poeiras, em contrapartida, poderão ser um assunto de menos expressão nesta fase, dado
que, por um lado, as obras de construção terão terminado e, por outro, os camiões-cisterna
e outros veículos com alguma ligação com o Projecto irão circular em estradas asfaltas, que
geram níveis de poeira notavelmente mais baixos que algumas actividades da construção,
que envolvem o revolvimento de terras.
Em qualquer uma das Fases do Projecto (Construção e Operação), as formas de perturbação
acima citadas poderão resultar em conflitos, principalmente se se observarem efeitos na
saúde que sejam atribuídos a poeiras, ruídos ou vibrações, gerados pelo Projecto.
Medidas de mitigação
Medidas gerais
- Através de um mecanismo de comunicação, interagir regularmente com a comunidade e
seus líderes, de modo a obter uma percepção da possível perturbação causada pelas
actividades do Projecto e acordar sobre as melhores formas para a sua minimização;
- Caso a percepção resultante da implementação medida de mitigação anterior o justifique,
interagir com as autoridades de saúde, através de um mecanismo de comunicação, no
sentido de verificar se existe uma possível correlação entre a presença do Projecto e o
aumento do número de casos de doenças respiratórias e/ou auditivas diagnosticadas no
Centro de Saúde de Vanduzi (isto pode ser executado através de uma parceria para
apoiar um trabalho de investigação científica).
Mitigação do impacto de poeiras:
- Aplicam-se as medidas de mitigação formuladas para o Impacto 1 (”Perturbação da
qualidade do ar, derivada de poeiras e outro material particulado”; Secção 0).
Mitigação do impacto de ruído e vibrações
- Aplicam-se as medidas de mitigação formuladas para o Impacto 8 (“Perturbação do
ambiente sonoro na envolvente do Projecto, resultante do tráfego rodoviário associado ao
Projecto”; Secção 0).
Classificação do impacto
Impacto 25: Interferência com o bem-estar da comunidade, devido à perturbação
causada por poeiras, ruídos ou vibrações
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Com mitigação
Sem mitigação
(impacto residual)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Moderada (32) Baixa (18)

Preparado por: Impacto, LDA


194
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

15.10 IMPACTOS DA FASE DE DESACTIVAÇÃO


O tempo de vida previsto para o Terminal de Combustíveis é estimado em 40 a 50 anos,
como referido no Capítulo 1 deste Relatório. Após este período, poderá observar-se o
seguinte o seguinte:
- Caso se decida pela continuidade das operações, poderá ser necessário, nessa altura,
avaliar as condições do equipamento e das operações. Na sequência de tal avaliação,
poderá ou não ser necessário remodelar ou substituir equipamento, expandir ou reduzir
a área ocupada pelo empreendimento, ampliar ou reduzir o leque de actividades do
mesmo, entre outras actividades, conforme julgado adequado pelas partes envolvidas nas
decisões a respeito do assunto;

- Caso, pelo contrário, se opte pela desactivação efectiva do Projecto, isto implicará a
remoção dos combustíveis e da água de cada um dos respectivos tanques, a remoção de
outros produtos armazenados (óleos, lubrificantes, espumas) e a desmontagem de
equipamentos diversos.

OBRIGAÇÕES LEGAIS DO PROPONENTE NO CASO DO DESACTIVAÇÃO E DESMANTELAMENTO


DAS INFRAESTRUTURAS DO PROJECTO

A legislação nacional prevê que no caso de cessação da exploração das instalações,


devido à sua “inutilidade (…) confirmada pela entidade licenciadora” tais instalações devem
ser removidas, devendo as condições dos respectivos locais ser restauradas a um nível tal
que permita garantir a segurança das pessoas e do ambiente; os respectivos custos devem
ser suportados pelo titular do registo de exploração da instalação (número 1 do artigo 77
do Decreto n.º 45/2012 de 28 de Dezembro)109, neste caso pela CPMZ, na qualidade de
Proponente do Projecto de Terminal de Combustíveis de Vanduzi.

Realçam-se abaixo, resumidamente, os principais impactos associados à desactivação do


Projecto.
➢ IMPACTOS NO MEIO FÍSICO
• Impactos típicos da Fase de Construção (aspectos gerais): assumindo que após
o término do tempo de vida o Terminal será desactivado e desmantelado, os impactos
esperados serão, tipicamente, os observados na Fase de Construção (p.ex.: emissão
de poeiras e gases de exaustão, possível contaminação do solo e de recursos de
água, produção de ruído, alterações na paisagem. Nesse caso, consideram-se válidas
as medidas de mitigação já formuladas no Capítulo 15 (Secções 15.5 a 15.9) para
impactos na Fase de Construção, com os devidos ajustamentos à situação de
referência e à legislação vigente na altura da desactivação.
• Impacto sobre o clima e mudanças climáticas: na Fase de Desactivação (tal como
na Fase de Construção e na Fase de Operação), não se prevê que as actividades do
Projecto possam agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou
actividades aos efeitos das mudanças climáticas, ou a quaisquer outros riscos
naturais;
• Gestão de resíduos: o destino a dar aos resíduos gerados nas actividades da Fase
de Desactivação (p.e. materiais obsoletos, entulho) deverá ser devidamente
planeado, de acordo com os requisitos legais e as recomendações de um Plano de
Gestão Ambiental da Fase de Desactivação (PGA-D). Os resíduos deverão ser

109
Decreto que define o regime a que estão sujeitas as actividades de produção, importação, recepção, armazenamento,
manuseamento, distribuição, comercialização, transporte, exportação e reexportação de produtos petrolíferos (citado na Secção 0 deste
Relatório).
Preparado por: Impacto, LDA
195
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

geridos de acordo com a sua tipologia, de modo a evitar riscos para o ambiente e a
saúde humana. O PGA-D deverá prever medidas de gestão de resíduos perigosos e
não perigosos, de acordo com a legislação vigente aplicável nessa altura. Os resíduos
para os quais a hierarquia de gestão não puder ser implementada deverão ser
tratados e/ou eliminados da forma ambientalmente mais adequada e como for
determinado no PGA-D;
• Reaproveitamento de edifícios/materiais/equipamentos: uma das medidas gerais
aplicáveis à gestão de resíduos é a aplicação do princípio dos três R’s (Reduzir,
Reutilizar e Reciclar). Assumindo a desactivação e desmantelamento do Terminal, é
possível que os edifícios sejam aproveitados para outros fins após a desactivação,
observando-se assim uma modificação do uso da terra no local do Projecto. Assim,
determinados materiais resultantes do desmantelamento das instalações do Terminal
poderão, possivelmente, ser reciclados/reaproveitados em outras infraestruturas ou
actividades, o que, em princípio, deve ser visto como um impacto positivo da Fase de
Desactivação, desde que essa medida seja implementada de forma adequada,
evitando efeitos nefastos sobre o ambiente e a saúde e segurança de pessoas e
animais.

➢ IMPACTOS NO MEIO BIÓTICO


• Impactos sobre habitats e a fauna: serão dependentes do uso posterior do local do
Projecto (p.ex., criação de espaço verde, uso agrícola, construção ou um outro tipo de
infraestrutura), quando for atingido o fim do ciclo de vida do Projecto.
• Recuperação da área: Caso se decida que a área deve passar a estar livre de
construções, deverão ser realizados trabalhos de recuperação das condições de solo
e da vegetação do local. Isso poderá implicar actividades como a
gradagem/escarificação do solo e o plantio/reflorestamento (preferencialmente com
espécies indígenas); neste caso, estar-se-ia perante um impacto positivo no Meio
Biótico.

➢ IMPACTOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO


• Contratação de mão-de-obra: poderá haver necessidade de contratar mão-de-obra
em regime temporário, para as actividades de desmantelamento das estruturas do
Terminal. Como referido anteriormente neste relatório, o Projecto não poderá
satisfazer todas as expectativas locais relacionadas com o emprego, dado que os
postos de trabalho serão em número limitado. Contudo, a oferta de postos de trabalho,
mesmo que limitada e por um período curto, poderá representar um contributo
importante para a renda dos admitidos aos postos de trabalho.
• Desmobilização de mão de obra: após a desactivação do Terminal, alguns postos
de trabalho poderão ser perdidos definitivamente. É recomendável que o empregador
(Empreiteiro), por via de formação no local de trabalho, crie condições para que os
trabalhadores possam melhorar as suas competências profissionais, de modo que se
possa alargar o seu leque de possibilidades de aquisição de um novo posto de
trabalho, terminada a Fase de Desactivação;
• Desvinculação de empresas fornecedoras de bens e serviços: contratos com
empresas fornecedoras de bens e serviços relacionados com a manutenção do
Terminal poderão também ser cancelados, com possíveis efeitos negativos sobre as
receitas de tais empresas. Este impacto poderá reflectir-se com uma maior
intensidade em empresas locais, que tenham visualizado a presença do Projecto
como uma oportunidade de estabelecimento de negócios sustentáveis por um prazo
mais longo;

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

• Gestão de conflitos: conflitos com a comunidade poderão ocorrer por razões


diversas, incluindo aquelas relacionadas com perturbações de que as comunidades
sejam alvo (p.ex., ruído, acidentes); expectativas irrealistas de ocupação de postos de
trabalho (temporários); exclusão / marginalização de mulheres no acesso ao emprego;
um possível interesse de membros da comunidade em se beneficiarem de algum do
material resultante do desmantelamento do Terminal; entre outras razões. Uma boa
interacção com a comunidade, através dos canais e mecanismos de comunicação
que já estarão, em princípio, consolidados na Fase de Operação, poderá
desempenhar um importante papel na minimização de conflitos.

GESTÃO AMBIENTAL DO PROJECTO NA FASE DE DESACTIVAÇÃO


Face ao acima exposto sobre a desactivação do Projecto, considera-se que a avaliação de impactos
da Fase de Desactivação é largamente condicionada pelo destino que se pretenda para o Terminal,
ao fim do seu tempo de vida previsto. É de realçar que as decisões relativas à Fase de Desactivação
deverão ser tomados tendo em conta os planos de desenvolvimento e ordenamento territorial
vigentes nessa altura.

15.11 IMPACTOS CUMULATIVOS


De acordo com o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental
(Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro) um impacto ambiental cumulativo define-se como
um impacto ambiental derivado da soma ou da interacção de outros impactos (incluindo os
de futuras actividades de terceiros já planeadas, ou a ocorrer em simultâneo), gerado por um
ou mais empreendimentos isolados, porém contíguos, num mesmo sistema ambiental, que
afecta os mesmos recursos e/ou receptores do Projecto.
Se impactos acumulados num determinado espaço forem recorrentes temporalmente, ou se
tornarem mais frequentes, a capacidade de assimilação dos sistemas ambientais (físicos,
bióticos ou sociais) receptores modifica-se e os impactos podem passar a ser significativos.
Porém, a avaliação de impactos cumulativos na AIA é, frequentemente limitada, pela
inexistência ou a falta de acesso a informação detalhada sobre outras actividades com
potencial para afectar o meio receptor em questão. No presente caso, sabe-se, por um lado,
que a área do Projecto é historicamente caracterizada por um fraco desenvolvimento
industrial. Mas, por outro lado, o Consultor não dispõe de detalhes de outros Projectos de
pequena, média ou grande dimensão previstos para Vanduzi, embora possa antever que o
Projecto do Terminal de Vanduzi poderá constituir uma motivação para o estabelecimento de
outros projectos na sua área de inserção.
Entende-se, assim, que a avaliação de impactos cumulativas pode transcender os limites
deste EIA e avançar para os domínios da gestão ambiental integrada do desenvolvimento
territorial e económico da área do Projecto.110 Reconhecendo a limitação na disponibilidade
de informação, acima referida, são aqui apresentados, contudo, os principais impactos
potenciais cumulativos, identificados no EIA.

➢ Impacto 26 (-)(cumulativo): Aumento da pressão sobre o uso dos serviços


públicos, devido ao fluxo imigratório para a Sede do Distrito de Vanduzi
Com a implementação do Projecto algumas pequenas ou médias empresas, assim como
operadores do ramo informal, poderão procurar fornecer bens e/ou serviços ao Projecto, ou
aos trabalhadores do Projecto, envolvendo-se em novas oportunidades de negócio ou
consolidando negócios já estabelecidos. Poderá mesmo ocorrer alguma imigração para a
Sede do Distrito de Vanduzi, com os propósitos cima referidos, ou ainda à busca de emprego.

110Um exemplo simples de impacto cumulativo seria um aumento da procura de serviços de saúde, que resultasse do efeito combinado
do estabelecimento do Terminal e de um conjunto de projectos futuros.
Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Este impacto poderá ocorrer tanto na Fase de Construção, como na Fase de Operação do
Projecto.
Um eventual aumento do número de pessoas/famílias e empresas a estabelecidas e/ou a
operarem na Sede do Distrito poderá contribuir para um aumento da pressão sobre serviços
locais, como saúde, educação, administração pública, banca, restauração e outros,
particularmente se o desenvolvimento de tais serviços não for capaz de acompanhar o
desenvolvimento do tecido empresarial e de dar resposta à nova demanda de produtos e
serviços. Isso poderá afectar a disponibilidade e/ou a qualidade de tais serviços para utentes
locais.
Um bom exemplo é o serviço de saúde: actualmente (na ausência do Projecto) o CS de
Chigodole, a unidade sanitária de referência do Distrito de Vanduzi, possui diversas limitações
de pessoal técnico, fundos para abastecimento de energia e meios para a transferência de
pacientes graves para as unidades sanitárias da Cidade de Chimoio, entre outras (baseado
em informação recolhida durante a pesquisa de campo).
O Consultor não dispõe de informação sobre outros projectos de vulto previstos para Vanduzi,
para além do presente Projecto do Terminal de Combustíveis, que ainda se encontra em
processo de licenciamento ambiental. Contudo, este impacto, caso ocorra, não deve ser
negligenciado.
A avaliação de um impacto deste tipo requer, frequentemente, uma visão de desenvolvimento
estratégico da área, que transcende os domínios do EIAS. Assim, as medidas de mitigação
apresentadas abaixo são de carácter geral, devendo ser ajustadas às situações específicas
de pressão sobre os serviços que se forem observando durante a implementação do Projecto.
Medidas de mitigação
- À medida que o desenvolvimento do distrito for progredindo, interagir com autoridades do
sector público no sentido de identificar e minimizar quaisquer pressões que possam surgir
nos serviços existentes, e encontrar soluções. Interagir com outras empresas detentoras
de médios e grandes negócios que surjam na área, com a mesma finalidade.
- Para a implementação do Projecto, procurar sempre soluções de aquisição e o
estabelecimento de serviços que não representem uma sobrecarga para a demanda local
(p.ex.: abastecimento de água e electricidade, saneamento).
Classificação do impacto
Impacto 26: Aumento da pressão sobre o uso dos serviços públicos, devido ao fluxo
imigratório para a Sede do Distrito de Vanduzi
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto / Cumulativo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 4 Curto-prazo 4
Magnitude Moderada 10 Baixa 9
Significância Moderada (30) Moderada (27)

Preparado por: Impacto, LDA


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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

➢ Impacto 27 (-)(cumulativo): Aumento dos riscos de emergência devido à


proximidade entre o Terminal de combustível e o oleoduto da CPMZ
Como já referido neste Relatório, na Fase de Operação o Terminal receberá combustível
através do oleoduto da CPMZ (pipeline Moçambique-Zimbabwe), que passa junto ao limite
norte do local proposto para a construção do Terminal de combustíveis. O abastecimento de
terminais de combustível a partir de oleodutos é uma prática corrente na indústria de
combustíveis. Pretende-se construir o Terminal de combustíveis nas proximidades do
oleoduto da CPMZ precisamente por ser este último a fonte proposta de transporte de
combustível para o Terminal. Ao usar-se o oleoduto existente para abastecer o Terminal,
elimina-se a necessidade de ramificação da conduta existente, até uma localização do
terminal mais distante.
Os riscos de emergência em análise decorrem do facto de, tanto o gasóleo, como a gasolina,
serem produtos altamente inflamáveis. Eventos como derrames, incêndios e explosões de
grande dimensão (“eventos não planeados”) poderiam colocar em risco vidas humanas e de
animais, infraestruturas e o ambiente natural na área.
Na análise deste impacto cumulativo, devem considera-se ainda os riscos e acidentes não
previstos durante as fases de construção e operação, relacionados com queimadas
descontroladas, frequentemente associadas à agricultura itinerante na área.
Na “Descrição do Projecto” (Capítulo 7) foi explicado que as operações do Terminal de
Combustíveis proposto serão caracterizadas por um elevado nível de automatização, com
um Sistema de Controlo central, que poderá ter um importante papel na prevenção de riscos
de emergência. É do interesse do Projecto e da segurança na envolvente do Projecto evitar
riscos de emergência no Terminal. As questões de emergência são analisadas no contexto
de mecanismos de Resposta de Emergência, apresentados como parte do Plano de Gestão
Ambiental (Volume II)
Medidas de Mitigação
- O Proponente deve garantir que a construção e a operação do Terminal seguem os mais
altos padrões de segurança, baseados em tecnologia de ponta. Um alto nível de
automatização das operações, incluindo sistemas de “back-up”111 e “shut-down”112 de
emergência, um controlo rigoroso das operações, um programa de manutenção
preventiva regular e vigilância para a detecção de quaisquer factores externos que
possam afectar o funcionamento adequado do Terminal irão contribuir para uma alta
eficácia operacional e, consequentemente, para a segurança de pessoas, das
instalações, e do ambiente circundante em geral;

- O Proponente deve tomar a iniciativa de promover um engajamento efectivo da


comunidade no Projecto, para que esta possa apoiar nas acções de vigilância das
infraestruturas e abster-se da adopção de comportamentos que possam colocar em risco
a vida de pessoas (incluindo da própria comunidade), a integridade das instalações e o
ambiente ecológico na área envolvente do Projecto;

- Questões de emergência e contingência de acidentes devem tratadas no âmbito do Plano


de Resposta de Emergência produzido para o Projecto (apresentado como um
suplemento do PGA). O Plano deverá ser continuamente ajustado aos riscos, à medida
que novos riscos sejam identificados.

111 Sistema de apoio.


112 Um sistema de “shutdown” de emergência possibilita a interrupção automática do funcionamento do equipamento (por exemplo:
interrupção da transferência de combustível) em caso de emergência.
Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 27: Aumento dos riscos de emergência devido à proximidade entre os
tanques de combustível do Terminal e o oleoduto da CPMZ.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Fase de Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo / Cumulativo
Probabilidade Definitiva 5 Provável 3
Intensidade Alta 4 Alta 4
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 5 Permanente 5
Magnitude 11 11
Significância Alta (55) Moderada (33)

➢ Impacto 28 (-)(cumulativo): Aumento local do risco de acidentes rodoviários nas


proximidades do local do Projecto
Os camiões-cisterna acederão ao Terminal de Combustíveis pela N6. Actualmente, esta é a
mesma estrada usada pelos camiões-cisterna que, na ausência do Projecto, atravessam
Vanduzi e seguem até ao Porto da Beira, para o carregamento de combustível e circulam no
sentido inverso. O acesso directo ao local do Projecto será garantido por meio de um desvio
a partir da N6, cujo traçado definitivo está ainda por definir, em coordenação com a ANE (e/ou
com a Concessionária da N6, conforme for determinado pela ANE).
A N6 é uma estrada com tráfego intenso de veículos ligeiros e pesados. servindo para a
circulação de pessoas, mercadorias e bens no Centro do País, estabelecendo também as
ligações entre Moçambique e alguns países do hinterland, como já mencionado neste
Relatório. Os veículos que circulam através desta estrada incluem, entre outros, camiões
que transportam combustível (e outros tipos de carga) do Porto da Beira para destinos do
País e de África (i.e. para Zimbabwe, Malawi e Zâmbia e República Democrática do Congo).
Durante a Fase de Construção é de esperar que se registe um aumento do tráfego de
veículos de transporte de materiais de construção, equipamentos e pessoas, e ainda de
equipamentos móveis a serem usados na construção. Isto poderá constituir um factor do
aumento do risco de acidentes de viação e de atropelamentos.
Na Fase de Operação, com o Terminal em funcionamento, grande parte dos camiões que
se deslocam ao Porto da Beira para o carregamento do combustível, passarão a fazê-lo no
local do Projecto. Com isto poderá aumentar consideravelmente a concentração de camiões
na área do Projecto, implicando um maior potencial para ocorrência de acidentes de viação
ao longo do troço da N6 que dá acesso ao local do Projecto.
Os receptores sensíveis são os habitantes dos aglomerados populacionais localizados na
vizinhança do local do Projecto que utilizam a N6 (incluindo as crianças que frequentam a
EP1 Vila Maninga) e os passageiros e motoristas de viaturas que circulam na N6. Assim
sendo, as medidas de segurança rodoviária a implementar sob orientação da ANE (ou da
Concessionária da N6, conforme instruído pela ANE) são aplicáveis não apenas à via de
acesso directo ao local do Projecto, mas também à N6, nas proximidades do local do Projecto
(dentro da Vila-Sede do Distrito de Vanduzi).

Preparado por: Impacto, LDA


200
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Na Consulta Pública da Fase do EPDA a preocupação com relação a acidentes foi levantada
destacando o tráfego de camiões, que se espera que intensifique na área, especialmente na Fase
de Operação. Note-se que a EP1 Vila Maninga se situa a aproximadamente 200 m do Local do
Projecto, do lado oposto da N6, relativamente ao Terminal. Informações recolhidas durante a
pesquisa de campo indicam que se têm registado incidentes rodoviários na zona em questão, por
vezes envolvendo o atropelamento de crianças que fazem a travessia da N6.

Deduz-se que, terminado o tempo de vida previsto para o Projecto (independentemente do


desmantelamento ou não do Terminal), o tráfego ao longo da N6 terá incrementado
significativamente (a avaliar pela tendência de aumento crescente do volume de tráfego ao
longo desta e de outras estradas primárias do País), aumentando assim o risco de acidentes
rodoviários.
De notar que para o controlo deste impacto, o Proponente estará limitado pelo facto de não
poder exercer um controlo directo sobre a maior parte dos veículos envolvidos no Projecto e
os seus motoristas, na medida em que na Fase de Construção (assim como na fase de
Desactivação) a maior parte dos veículos irá operar à responsabilidade do Empreiteiro e, na
Fase de Operação, a cargo das transportadoras de combustíveis. Há ainda a considerar as
condições de transitabilidade da N6, que poderão variar, e cujo bom estado de conservação
dependerá, em grande medida, da eficiência do programa de manutenção da mesma.
Medidas de mitigação
- Disponibilizar à ANE (ou à Concessionária da N6, conforme instruído pela ANE)113 toda a
informação relevante sobre a proposta via de acesso ao local do Projecto, incluindo
detalhes técnicos e de engenharia sobre as obras que se pretende realizar. Caso
considere necessário, a ANE (ou a Concessionária) poderão decidir colocar sinalização
adicional na N6, lombas, ou outros meios para abrandar o tráfego nas proximidades do
desvio para o local do Projecto, incrementando a segurança rodoviária na zona;
- Garantir que seja colocada sinalização temporária de segurança nas áreas de circulação
de maquinaria e veículos envolvidos nas obras de construção, sob orientação da ANE (ou
à Concessionária da N6, conforme instruído pela ANE);
- Restringir o transporte de pessoas e cargas a veículos devidamente capacitados para o
efeito;
- Restringir a condução de viaturas e equipamentos a pessoas devidamente
qualificadas/treinadas e licenciadas para o efeito;
- Estabelecer limites de velocidade para as viaturas do Proponente ou empresas
subcontratadas (velocidade máxima de 30 km/h ou inferior, sem prejuízo de qualquer
instrução da ANE a respeito (ou da Concessionária da N6);
- Explorar as oportunidades de promoção e desenvolvimento de programas de
sensibilização em matéria de segurança rodoviária, orientadas para membros da
comunidade, incluindo crianças (nas escolas), envolvendo a Polícia de Trânsito.
Exemplos de temas a abordar poderão incluir o seguinte: não conduzir sob o efeito de
álcool, respeitar limites de velocidade, tomar precauções especiais em áreas de maior
concentração populacional, manter os veículos em bom estado de circulação, entre
outros. Temas de interesse para peões poderão igualmente ser abordadas em escolas,
envolvendo alunos e professores;
- Em caso de acidente envolvendo um veículo ligado ao Projecto, desencadear acções de
socorro; no caso de um acidente grave, transportar os sinistrados para uma unidade

113Como mencionado anteriormente neste Relatório (no Capítulo 7), a N6, assim como as respectivas estradas de ligação e infraestruturas
conexas, está concessionada à empresa Sociedade Rede Viária de Moçambique, S.A. (REVIMO), como estabelecido pelo Decreto nº
93/2019, de 17 de Dezembro. A REVIMO é, assi, em nome da ANE, a empresa encarregue da gestão da N6, incluindo as respectivas
estradas de ligação e infraestruturas conexas.
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201
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

sanitária, de acordo com os procedimentos de resposta de emergência e suportar os


custos de assistência médica. Acções de socorro poderão igualmente ser realizadas no
caso de acidentes envolvendo veículo(s) não ligado(s) ao Projecto, como uma acção
voluntária e de assistência à comunidade;
- Em caso de fatalidade de um membro da comunidade em consequência de actividades
realizadas pelo Empreiteiro, o Empreiteiro será responsável pelas despesas funerárias
(de modo similar, a CPMZ será responsável pelas, no caso de actividades realizadas pela
CPMZ).
Classificação do impacto
Impacto 28: Aumento local do risco de acidentes rodoviários nas
proximidades do local do Projecto.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo / Cumulativo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Alta 4 Alta 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (36) Baixa (24)

Impacto 28: Aumento local do risco de acidentes rodoviários nas


proximidades do local do Projecto.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo / Cumulativo
Probabilidade Definitiva 5 Altamente provável 4
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Regional 3 Regional 3
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Moderada 10 Baixa 8
Significância Alta (55) Moderada (36)

15.12 IMPACTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA


Os principais impactos potenciais de Saúde e Segurança do Projecto são de carácter
transversal às três principais fases deste (i.e., Construção, Operação e Desactivação). Na
Fase de Construção do Projecto a maior parte destes impactos serão típicos da indústria de
construção civil, podendo dizer-se o mesmo da Fase de Desactivação. Na Fase de
Operação, os principais impactos serão os característicos de indústrias que lidam com
grandes volumes de combustíveis. Tais impactos encontram-se amplamente abordados em
IFC-Banco Mundial (2007) e são, em geral, conhecidos.

Preparado por: Impacto, LDA


202
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

O tipo de actividade executada (p.e.: operação de máquinas pesadas, corte de metais a


quente, trabalho em trincheiras), as condições em que o trabalho é executado (p.ex.: ausência
de ventilação, trabalho em altura), assim como as condições ambientais e sociais da área do
Projecto (p.ex.: clima pouco favorável, presença de comunidades na envolvente), são alguns
dos factores que determinam como o impacto se irá manifestar e que medidas será
necessário adoptar para a sua prevenção ou minimização.

A CPMZ possui instrumentos de gestão de Higiene e Segurança no Trabalho, aplicáveis às


operações da empresa, nomeadamente um “Manual de Procedimentos” e um “Regulamento de
Higiene e Segurança no Trabalho”. Ambos podem ser de grande utilidade para a gestão de Saúde
e Segurança do Projecto do Terminal de Combustíveis. Estes necessitarão, porém, de ser
adaptados às condições específicas do Terminal, o que irá requerer a sua revisão pela CPMZ, de
modo a incluir aspectos de Saúde e Segurança relevantes especificamente para o Terminal de
Combustíveis.

IMPACTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL (SSO)


➢ Impacto 29 (SSO/–): Acidentes com materiais ou equipamentos usados nas obras
As obras envolverão actividades tais como o manuseamento, armazenamento e transporte
de materiais e a operação de veículos e maquinaria pesada, o que comporta um potencial
para a ocorrência de acidentes, susceptíveis de resultar em ferimentos ou fatalidades. A
queda de materiais pesados atingindo trabalhadores, que pode ter como causa, por exemplo,
o rompimento de cordas/cabos usados para içar os materiais, ou mesmo a fadiga ou queda
de tensão arterial de um operador de máquina, pode estar na origem deste impacto; outros
exemplos seriam embate de viaturas ou equipamentos em operação com trabalhadores ou
acidentes derivados de uma falha de operação do equipamento.

De um modo geral, o risco de acidentes deve ser alvo de uma monitoria permanente,
abarcando o controlo das condições de operação dos equipamentos e dos veículos, assim
como o uso de pessoal devidamente treinado e acções de supervisão.
Medidas de Mitigação
- Sensibilizar os trabalhadores a respeito dos riscos de Saúde e Segurança relacionados
com as suas actividades;
- Garantir que os trabalhadores são submetidos a um treino de indução e formação
contínua em SSO no local de trabalho, direccionada ao manuseamento de materiais e
equipamentos e comportamentos de prevenção de riscos em áreas de trabalho;
- Realizar sessões de sensibilização relacionadas com a jornada de trabalho a realizar,
orientadas por supervisores da obra, destacando os riscos associados às tarefas
específicas a realizar;
- Estabelecer um programa regular de manutenção/verificação do estado de operação de
veículos e equipamentos móveis;
- Criar condições adequadas de armazenamento e transporte de estruturas metálicas e
outros materiais, de modo a evitar o seu desabamento e consequentes ferimentos ou
fatalidades;
- Estabelecer zonas de “acesso restrito”, nas zonas de empilhamento/armazenamento
(temporário) de materiais devem, proibindo a intrusão de pessoas estranhas ao serviço;
- Garantir o uso de Equipamento de Protecção Individual (EPI) adequado às tarefas a
realizar (p.ex., vestuário de trabalho, capacetes, botas de protecção mecânica, luvas de
protecção mecânica ou isolantes (variável em função do tipo de trabalho a realizar);
- Garantir o uso Equipamento de Protecção Colectiva (EPC) adequado ao local e situação
de trabalho (p.ex., fitas de sinalização de zonas de perigo, placas de sinalização, cones
de sinalização) para a sinalizar áreas de trabalho, particularmente as de maior perigo de
segurança;

Preparado por: Impacto, LDA


203
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

- Interromper as obras sob condições de mau tempo (p.ex., ventos fortes, chuvas intensas
e descargas atmosféricas), em benefício da segurança de pessoas e das operações;
- Garantir que haja intervalos adequadamente planeados para repouso, de modo a evitar
acidentes por fadiga, principalmente em jornadas intensivas de trabalho;
- Prestar assistência de Primeiros Socorros imediata em acaso de acidentes,
implementando procedimentos de evacuação de acidentados para uma unidade
hospitalar sempre que necessário (p.ex., em caso de queda/traumatismo).
Classificação do impacto
Impacto 29: Acidentes com materiais ou equipamentos usados nas obras
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Muito Alta 5 Alta 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 7
Significância Moderada (27) Baixa (21)

Impacto 29: Acidentes com materiais ou equipamentos usados nas obras


Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Moderada 3 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Curto-prazo 2 Curto-prazo 2
Magnitude Negligenciável 6 6
Significância Baixa (18) Baixa (12)

➢ Impacto 30 (SSO/–): Queda de trabalhadores na execução de trabalho em altura


Alguns dos trabalhos de das fases de Construção, Operação e Desactivação do Projecto
serão realizados em altura (p.ex., montagem de componentes dos tanques e do pórtico de
carregamento de combustíveis). As medidas de mitigação que se apresentam a seguir
derivam de IFC-Banco Mundial (2007), que apresenta uma série de medidas gerais para fazer
face ao risco de queda de trabalhadores que executam o trabalho em altura.
Medidas de Mitigação
- Medidas de prevenção e protecção contra quedas devem ser estabelecidas em todos os
casos em que os trabalhadores estejam expostos ao risco de queda a partir de uma altura
de mais de dois metros (e também em quaisquer outras situações de risco alto de queda,
mesmo que de uma altura inferior a 2 metros).
- Deve proceder-se como do mesmo modo que acima perante o risco de queda a partir de
máquinas em operação; queda de substâncias perigosas; queda de materiais metálicos
ou outros susceptíveis de causar queda e lesões;
- As medidas de prevenção de quedas devem ser estabelecidas com base numa avaliação
dos riscos para cada tipo de tarefa de risco a executar, podendo incluir (não
restritamente), o seguinte:
o Limitar o uso de escadotes industriais e o acesso a andaimes a pessoal treinado e
autorizado;
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204
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o Utilizar de dispositivos de prevenção de quedas, incluindo, cinto de segurança, arnês


antiqueda e outros (p.ex., dispositivos de paragem de queda por inércia, ligados a
pontos de ancoragem fixos);
o Providenciar formação adequada para a utilização, operacionalização e conservação
dos EPI necessários para uso em trabalho em altura;
o Estabelecer um plano de resgate do trabalhador, em caso de queda;
o Implementar um programas de vigilância médica, por meio de inspecções médicas
(controlo de glicémia, tensão arterial entre outros, a trabalhadores que realizem
trabalho em altura, conforme necessário).
- Proibir o uso de álcool ou estupefacientes no local de trabalho / consciencializar sobre os
riscos de trabalho sob o efeito do álcool ou estupefacientes / controlar os níveis de
alcoolémia dos trabalhadores, antes da jornada de trabalho em altura;
- Estabelecer um ambiente de trabalho que permita ao trabalhador informar o seu
supervisor, por iniciativa própria, caso em algum momento o trabalhador se julgue inapto
para realizar trabalho em altura.
Classificação do impacto
Impacto 30: Queda de trabalhadores na execução de trabalho em altura
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Muito Alta 5 Baixa 2
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Temporário 1
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 4
Significância Moderada (27) Baixa (12)

➢ Impacto 31 (SSO/–): Contaminação humana por agentes químicos


Em qualquer uma das principais fases do Projecto, nomeadamente Construção, Operação e
Desactivação, serão utilizados combustíveis, óleos e lubrificantes para viaturas e maquinaria.
Em particular, na Fase de Operação, haverá recepção, armazenamento em tanques e
expedição de grandes volumes de combustíveis. Este impacto diz respeito a contaminações
de trabalhadores por agentes químicos, por ingestão acidental.

Medidas de mitigação
- Identificar os locais e de risco de contaminação química e informar os trabalhadores sobre
os mesmos;
- Fornecer de água potável e água para higiene pessoal no local de trabalho (deve ser
obrigatória a lavagem das mãos com sabão antes das refeições);
- Garantir que as refeições fornecidas aos trabalhadores sejam de fontes seguras em
termos sanitários e que sejam consumidas em áreas onde os trabalhadores não estejam
sujeitos ao contacto com substâncias perigosas;
- Criar condições para providenciar socorro aos trabalhadores ou encaminhá-los para
assistência médica, conforme necessário, nos casos em que se observem sinais de
possível contaminação, ou outros de causa desconhecida;
- Identificar correctamente e de uma forma visível recipientes contendo substâncias
perigosas.
- Armazenar potenciais contaminantes químicos em áreas especialmente designados para
o efeito.
Preparado por: Impacto, LDA
205
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 31: Contaminação humana por agentes químicos
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 2 Pouco provável 2
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Baixa (16) Baixal (12)

➢ Impacto 32 (SSO/–): Acidentes e/ou danos à saúde, resultantes de trabalhos de


soldadura e de corte de metal a quente
Os trabalhos de construção, operação/manutenção e desactivação poderão, em algum
momento, envolver soldadura e de corte de metal a quente, dado que uma parte das
estruturas do Terminal serão metálicas. Dentre os perigos de segurança mais comuns
associados ao tipo de trabalho acima referido destacam-se os seguintes:

• Exposição a fumos, gases e partículas, podendo resultar em graves problemas de saúde


(os problemas mais evidentes a curto-prazo são, geralmente, doenças respiratórias);
• Acidentes como queimaduras, danos aos olhos, cortes e outros (riscos físicos);
• Electrocussão, sendo este o risco mais imediato e sério para um soldador, decorrente da
descarga súbita de electricidade para o corpo humano;
• Fogo/explosão, derivados da presença de materiais inflamáveis nas proximidades da área
de trabalho.

A forma mais eficaz de controlar estes perigos é a tomada de precauções básicas e práticas
adequadas de trabalho, tendo em vista a sua prevenção, como reflectido nas medidas de
mitigação a seguir.
Medidas de mitigação
- Garantir que trabalhos de soldadura e corte de metal a quente são executados
exclusivamente por pessoal com qualificação adequada para o efeito;
- Verificar o equipamento antes e depois da execução do trabalho e, em caso de avaria,
encaminhar o equipamento danificado para a reparação por técnicos qualificados;
- Usar EPI apropriado, visando o seguinte (lista não restritiva):
o Proteger os olhos e a cabeça contra projecções quentes, faíscas, luz intensa e
queimaduras químicas (máscara de soldadura, óculos de protecção);
o Proteger contra a inalação de fumos/gases (máscara respiratória para fumos/gases,
com atenção às especificações do fabricante);
o proteger contra o fogo, electricidade e calor (roupas resistentes a fogo e electricidade,
luvas de soldador, avental);
o proteger contra o ruído (protectores auriculares e tampões para os ouvidos).
- Garantir condições adequadas de ventilação e exaustão no local de trabalho, que
permitam a dissipação dos fumos e gases;

Preparado por: Impacto, LDA


206
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

- Para a soldadura em relativa proximidade de materiais inflamáveis (i.e. a menos de 10


metros), colocar uma barreira (chapa) metálica ou manta resistente ao fogo sobre o
material inflamável e manter-se atento às faíscas;
- Supervisor das obras: inspeccionar os trabalhos de soldadura e corte a quente, para
verificar a sua adequação aos procedimentos de segurança aplicáveis; Operador:
permanecer na área de trabalho por algum tempo (pelo menos 5 minutos) depois de
desligar o equipamento de soldadura, para garantir a detecção de um possível incêndio
latente;
- Manter o ambiente de trabalho seco (sem água ou outros líquidos), para minimizar o risco
de electrocussão;
- Treinar trabalhadores em matéria de prevenção de incêndios e uso de extintores;
- Próximo do local de soldadura, manter um extintor de incêndio carregado (Classe ABC,
adequado para incêndios provocados por materiais de combustão rápida) e baldes de
areia e outros materiais que possam ajudar extinguir as chamas.
Classificação do impacto
Impacto 32: Acidentes e/ou danos à saúde, resultantes de trabalhos de soldadura
e de corte de metal a quente
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 2
Intensidade Muito alta 5 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 6
Significância Moderada (27) Baixa (12)

➢ Impacto 33 (SSO/–): Perda de acuidade auditiva derivada do trabalho em ambiente


com altos níveis de ruído
O ruído no ambiente de trabalho (ruído ocupacional) pode ser de origem diversa, sendo
caracterizados por sons nas áreas de trabalho que, normalmente, causam algum desconforto
àqueles que se encontram expostos aos mesmos. Os exemplos aplicáveis e este Projecto
incluem sons de veículos em movimento (camiões-cisterna com motores em funcionamento)
ou de determinadas máquinas e ferramentas utilizadas no trabalho.
Principalmente na Fase de Operação, que terá uma duração mais longa que a Fase de
Construção e a Fase de Desactivação, a exposição contínua a níveis altos de ruido (i.e. acima
dos considerados seguros para humanos) pode resultar em problemas na acuidade auditiva
em trabalhadores expostos a tais níveis de ruido. A perda de acuidade auditiva tende a
ocorrer de uma forma progressiva, normalmente perceptível com maior sensibilidade a
frequências de som muito altas, podendo, ao longo do tempo, resultar em sintomas como
zumbidos, dificuldade de perceber determinados sons, e, por fim, a perda total da audição.
Neste processo é possível o surgimento de sintomas neurológicos (p.ex., dores de cabeça),
cardíacos (p.ex., aumento da tensão arterial, aumento da frequência cardíaca), sintomas

Preparado por: Impacto, LDA


207
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

psicológicos (p.ex., ansiedade, stress, depressão), ou outros, que podem contribuir para o
aumento do risco de acidentes no local de trabalho.

A legislação ambiental nacional ainda não apresenta padrões ou directrizes para limites de emissão
de ruídos e vibrações. O Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de
Efluentes especifica que devem ser estabelecidos níveis admissíveis de ruído para salvaguardar a
saúde pública e a tranquilidade pública através de padrões especificados pelo MTA. No entanto,
estes padrões ainda não foram definidos.

Uma vez que estes padrões ainda não se encontram definidos, a análise do ambiente sonoro no
EIA teve como base as directrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998) que estabelece
os níveis de ruído que não devem ser excedidos, de acordo com a tipologia de receptor sensível e
período do dia. Para o receptor de “indústria”, o valor do Nível Sonoro Contínuo Equivalente, em
uma hora, ou LAeq (dBA) é 70.

Medidas de mitigação

• Disponibilizar EPI adequado (protecção auricular);


• Utilizar controlos de engenharia para conter o ruído (p.ex. instalar isolamento acústico,
particularmente em instalações que albergam equipamento emissor de altos níveis de
ruído);
• Limitar do tempo de exposição a níveis elevados de ruidos;
• Realizar a manutenção regular das máquinas e equipamentos, de acordo com um
programa de manutenção e, se for o caso, considerar a substituição por opções com
menos impactos;
• Efectuar a rotação de tarefas entre trabalhadores, onde praticável, com vista a reduzir o
tempo de exposição destes ao ruído;
• Adoptar uma rotina de verificação e avaliação dos níveis de ruído, realizando uma
monitoria (perícia, com decibelímetro), para identificar os riscos relacionados com os
níveis do ruído no ambiente;
• Realizar o controlo médico da acuidade auditiva aos trabalhadores expostos a níveis altos
de ruido ou com queixas (sintomas) que possam estar directa ou indirectamente
associados a problemas de audição.

Classificação do impacto
Impacto 33: Perda de acuidade auditiva derivada do trabalho em ambiente com
altos níveis de ruído
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 2
Intensidade Muito alta 5 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 6
Significância Moderada (27) Baixa (12)

Preparado por: Impacto, LDA


208
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

➢ Impacto 34 (SSO/–): Danos à saúde, derivados de condições ergonómicas de


trabalho
A montagem e o desmantelamento de torres (assim como determinadas actividades de
manutenção) irão envolver a movimentação de materiais pesados, maioritariamente com a
ajuda de máquinas, mas, por vezes, requerendo o apoio de força manual. Factores de risco
ergonómicos que podem estar associados à montagem, manutenção e desmantelamento de
de estruturas e seus componentes incluem, por exemplo trabalhos que exigem força
excessiva e/ou uma postura desconfortável, tarefas repetitivas, entre outros. Os riscos
ergonómicos não são necessariamente óbvios, podendo resultar em problemas de saúde
mesmo sob condições tidas como adequadas para garantir o conforto para o trabalhador. Isto
realça a importância de uma abordagem de prevenção deste tipo de riscos, ao invés de uma
abordagem de adaptação dos trabalhadores a tais riscos.
Medidas de Mitigação
• Em jornadas intensivas de trabalho, garantir que haja intervalos planeados (ou quando
os trabalhadores se encontrem exaustos), de modo a prevenir danos de natureza
ergonómica na saúde dos trabalhadores;
• Fornecer aos trabalhadores materiais e equipamentos que permitam a execução do
trabalho em condições ergonomicamente correctas;
• Promover um ambiente de trabalho que permita a comunicação aberta entre o pessoal
de gestão e os trabalhadores, facilitando a identificação e a comunicação precoce de
riscos ergonómicos.
Classificação do impacto
Impacto 34: Danos à saúde, derivados de condições ergonómicas de trabalho
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Impacto residual
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Alta 4 Moderada 2
Extensão Local 1 Local 1
Duração Longo-prazo 4 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 6
Significância Moderada (27) Baixa (12)

➢ Impacto 35 (SSO/–): Acidentes derivados de stress laboral


O stress relacionado com o trabalho é um tipo de risco de natureza psicossocial comum em
locais de trabalho e muitas vezes este decorre de deficiências na concepção, organização e
gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho problemático. Os seus
efeitos detrimentais podem manifestar-se a nível psicológico, físico e social (AESST, 2021).114

As possíveis causas de riscos psicossociais incluem, por exemplo, cargas de trabalho


excessivas115; condições precárias de trabalho; falta de clareza na designação das funções
dos trabalhadores; exigências contraditórias e/ou uma conduta autoritária de pessoas
hierarquicamente superiores; falta de apoio da parte dos gestores/supervisores e colegas;
falta de oportunidade de participação do trabalhador na tomada de decisões que o afectam;
supervisão deficiente ou falta de supervisão do trabalho; assédio psicológico ou sexual; entre

114
In: https://osha.europa.eu/pt/themes/psychosocial-risks-and-stress
115
Não inclui uma eventual carga de trabalho elevada ou desafiante em ambiente de trabalho construtivo, em que se promova o bem-
estar mental e físico dos trabalhadores e em que os trabalhadores são bem preparados e motivados para o desempenho das suas funções.
Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

outras. Cada uma destas situações pode propiciar a ocorrência de lesões/acidentes de


trabalho que, no contexto do Projecto, importa prevenir.

Medidas de mitigação
- Promover um ambiente de trabalho baseado em comunicação e liderança eficazes, e
relações de trabalho cordiais, que promovam o bem-estar mental e físico dos
trabalhadores;
- Realocar o trabalho entre trabalhadores e/ou equipas sempre que necessário, para
reduzir sobrecargas e stress laboral;
- Utilizar equipamentos e materiais de trabalho adequados ao tipo de trabalho a realizar e
em bom estado de funcionamento;
- Garantir a supervisão adequada das actividades do Projecto, para identificar situações
inseguras na execução das obras;
- Providenciar assistência médica e medicamentosa a trabalhadores alvo deste impacto.
Classificação do impacto
Impacto 35: Acidentes derivados de stress laboral
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Curto-prazo 2 Temporário 1
Magnitude Baixa 7 Negligenciável 5
Significância Baixa (21) Baixa (15)

IMPACTOS DE SAÚDE E SEGURANÇA DA COMUNIDADE (SSC)


➢ Impacto 36(SSC/–): Aumento do risco de acidentes rodoviários nas proximidades
do local do Projecto
Trata-se do mesmo impacto anteriormente classificado como cumulativo e já descrito e
analisado exaustivamente na Secção 15.11 (ver Impacto 28). O impacto é incluído também
nesta secção devido à sua vertente de Saúde e Segurança da Comunidade. Como já
explicado na descrição do Impacto 28, na Fase de Operação, com o Terminal em
funcionamento, grande parte dos camiões que se deslocam ao Porto da Beira para o
carregamento do combustível, passarão a fazê-lo no Terminal.
Considera-se, assim, que nas imediações da área do Projecto poderá aumentar
consideravelmente a concentração de camiões, implicando um maior potencial para a
ocorrência de acidentes de viação ao longo do troço da N6 que dá acesso ao local do
Projecto, especialmente se tivermos em conta a conhecida tendência de aumento do volume
de tráfego rodoviário ao longo dos anos em todo o País.
Juntamente com a descrição do Impacto 28, foram apresentadas as medidas de mitigação
aplicáveis e a classificação do impacto em questão.

Medidas de Mitigação
Aplicam-se as medidas de mitigação formuladas para o Impacto 28.

Preparado por: Impacto, LDA


210
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 36: Aumento do número de acidentes de viação nas imediações do
local do Projecto
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Construção e Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Alta 4 Alta 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (36) Baixa (24)

Impacto 36: Incremento do número de acidentes de viação nas imediações


do local do Projecto.
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Definitiva 5 Altamente provável 4
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Regional 3 Regional 3
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Moderada 10 Baixa 8
Significância Alta (55) Moderada (36)

➢ Impacto 37 (SSC/–): Acidentes associados à circulação e operação de máquinas e


veículos afectos às obras
Tal como no caso anterior, deve ser considerado um risco de acidentes, neste caso associado
à movimentação de maquinaria e equipamentos pesados e ligeiros no local das obras e
imediações, na Fase de Construção.
Medidas de mitigação do número
- Utilizando mecanismos de comunicação pré-estabelecidos, interagir com a comunidade
e seus representantes, informando-os a respeito das obras e, especificamente, sobre os
riscos de se aproximarem das zonas de operação (especialmente crianças);
- Usar Equipamento de Protecção Colectiva (EPC; p.ex.: fitas e cones de sinalização), onde
necessário, para restringir o acesso a áreas de perigo por pessoas não autorizadas aos
trabalhos em execução;
- Designar pessoal de vigilância, para vigiar as zonas de trabalho, como uma forma de
desencorajar e controlar a aproximação de pessoas das zonas de perigo (principalmente
crianças);
- Remover do local a maquinaria utilizada nas obras tão cedo quanto possível após o
término das obras;
- Em caso de acidente envolvendo um veículo ligado ao Projecto, desencadear acções de
socorro; no caso de um acidente grave, transportar os sinistrados para uma unidade
sanitária, de acordo com os procedimentos de resposta de emergência, e suportar os
custos de assistência médica. Acções de socorro poderão igualmente ser realizadas no

Preparado por: Impacto, LDA


211
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

caso de acidentes envolvendo veículo(s) não ligado(s) ao Projecto, como uma acção
voluntária e de assistência à comunidade;
- Em caso de fatalidade de um membro da comunidade em consequência de actividades
realizadas pelo Empreiteiro, o Empreiteiro será responsável pelas despesas funerárias
(de modo similar, a CPMZ será responsável pelas, no caso de actividades realizadas pela
CPMZ).
Classificação do impacto
Impacto 37: Acidentes associados à circulação de máquinas e veículos afectos
às obras
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Construção / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 2 Médio-prazo 2
Magnitude Baixa 8 Baixa 7
Significância Baixa (24) Baixa (21)

Impacto 37: Acidentes associados à circulação de máquinas e veículos afectos


às obras
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 4 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 10 Baixa 9
Significância Baixa (30) Baixa (27)

➢ Impacto 38(SSC/–): Aumento do número de infecções de transmissão sexual,


incluindo HIV-SIDA
O surgimento de um contingente de trabalhadores assalariados com rendimentos
relativamente elevados quando comparados à média local poderá derivar num aumento da
prostituição e, consequentemente na disseminação de Infecções de Transmissão Sexual
(ITSs), devido ao um incremento de contactos sexuais com parceiras/os heterossexuais e
trabalhadoras do sexo. Trata-se de um impacto que poderá ter uma maior expressão na Fase
de Construção (e possivelmente também na Fase de Desactivação), dado o número
relativamente mais elevado de trabalhadores esperado nestas fases. Na Fase de Operação,
o número de trabalhadores será substancialmente reduzido, o que poderá ajudar a reduzir a
possibilidades de contaminação.
Apesar de conhecimento sobre ITSs e, em particular, sobre HIV/SIDA e as suas formas de
prevenção se estar a expandir em Moçambique, o risco de disseminação de ainda é bastante
alto. Geralmente concorrem para o agravamento deste risco factores tais como: o
conhecimento limitado sobre os riscos por parte de pelo menos um dos parceiros sexuais; a
recusa em assumir (ou a dificuldade em impor) um comportamento preventivo ao parceiro
sexual, entre outros. Disto resulta um elevado número de contactos sexuais de risco. Outros
factores, como a violência sexual, abandono do tratamento e vulnerabilidade da camada

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212
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
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jovem da população concorrem igualmente para os números elevados de portadores de HIV


existentes. Os receptores sensíveis deste impacto potencial pertencem ao grupo de homens
e mulheres em idade sexualmente activa, em especial as mulheres, como se observa
frequentemente no País.
Embora este impacto seja aqui associado à presença de “trabalhadores de fora” na área do
Projecto e classificado como negativo, há que avaliá-lo com precaução, sob pena de se
adoptar uma abordagem preconceituosa com relação aos trabalhadores não locais, pela
seguinte razão: quando se analisam impacto de saúde de projectos envolvendo a presença
massiva de mão-de-obra não local, é frequente a percepção de que as “pessoas de fora”
serão responsáveis pelo aumento dos índices locais de seroprevalência de HIV.
Esta percepção não é necessariamente correcta, dado que muitas dessas pessoas poderão
estar devidamente sensibilizadas sobre os riscos de transmissão de HIV/SIDA e possuir, por
isso, um comportamento sexual responsável, limitando o número de parceiros sexuais e
utilizando os meios para a prevenção de ITSs e SIDA, como por exemplo. Nesses casos, é
possível que tais “pessoas do fora” possam contribuir para influenciar positivamente
comportamentos de pessoas locais, no sentido da prevenção da contaminação por ITSs,
incluindo o HIV-SIDA.
Medidas de mitigação
As medidas que poderão contribuir para a mitigação do impacto incluem (não restritivamente)
o seguinte:
- Promover a sensibilização do pessoal do Projecto sobre as formas de transmissão e
prevenção de ITSs e HIV/SIDA,116 a necessidade de testagem voluntária de HIV e de
tratamento de ITSs na sua fase inicial, prevenindo o seu agravamento. Os riscos
associados às ITSs/SIDA devem ser abordados usando linguagem simples, de fácil
entendimento, e com o recurso a pessoal devidamente qualificado para o efeito;
- Fornecer gratuitamente preservativos no local de trabalho;
- Sensibilizar os trabalhadores a encaminharem-se a unidades sanitárias para o tratamento
e monitoria de infecções oportunistas, tais como tosses, gripes e pneumonia;
- Encaminhar os trabalhadores a unidades de assistência de saúde, para o tratamento e
monitoria precoce de infecções oportunistas tais como tosses, gripes e pneumonia;
- Estabelecer/implementar um código de conduta para os trabalhadores do Projecto,
devendo este incluir, entre outros aspectos, a prevenção de contactos sexuais inseguros
e a não promoção da prostituição;
- Estabelecer e implementar um código de conduta para os trabalhadores do Projecto ou
empresas subcontratadas que deverá incluir, entre outros aspectos, a prevenção de
contactos sexuais seguros e a não promoção da prostituição.
- Caso sejam estabelecidos acampamentos para os trabalhadores, impedir a entrada de
trabalhadoras do sexo nos acampamentos, como parte do Código de Conduta
estabelecido para os trabalhadores do Projecto.

116 Esta medida pode ser implementada por via do estabelecimento de parcerias com o sector de saúde e organizações tais como
confissões religiosas, grupos juvenis, grupos culturais (p.ex.: grupos de teatro locais) e pode ser desencadeada em eventos públicos nos
bairros, ou conforme se considerar mais adequado.
Preparado por: Impacto, LDA
213
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

Classificação do impacto
Impacto 38 Aumento do número de casos de Infecções de Transmissão Sexual
(ITS), incluindo HIV-SIDA.
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Construção / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (27) Baixa (24)

SAÚDE DA COMUNIDADE – NOTA SOBRE A PANDEMIA DA COVID-19


Casos de contaminação por COVID-19 têm estado a reduzir ao longo do tempo, após a realização
de campanhas massivas de vacinação a nível global. Assume-se que, caso a prevalência da
COVID-19 o justifique na altura da implementação do Projecto, será possível reduzir os riscos de
contaminação em ambiente de trabalho, por meio do cumprimento das medidas de protecção
aplicáveis nessa altura.

Preparado por: Impacto, LDA


214
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental

16 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Através do presente Relatório do EIA apresentou-se de uma forma detalhada o trabalho
realizado na Fase do Estudo de Impacto Ambiental do “Projecto de Construção de um
Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi,
Província de Manica”, proposto pela empresa moçambicana Companhia do Pipeline
Moçambique-Zimbabwe, Limitada, sediada na cidade da Beira. Vocacionada para o
transporte de produtos petrolíferos, a CPMZ é a operadora de um oleoduto que se estende
desde o Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique, até Feruka, no Zimbabwe,
conhecido como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”. Este oleoduto, com uma extensão
de 294,3 km, será a fonte de combustíveis do Terminal, que se pretende localizar no Distrito
de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi-Sede, Localidade de Chigodole, Povoado de
Selva-Lenha.
Actualmente, Tete, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia recebem combustível transportado em
camiões-cisterna, que fazem o carregamento no Porto da Beira. A existência de um Terminal
de combustíveis para o carregamento desses camiões-cisterna em Vanduzi coloca o ponto
de carregamento mais próximo do destino final desses combustíveis, encurtando em cerca
de 400 km a distância a ser percorrida pelos mesmos. A localização do Projecto está, deste
modo, de acordo com o principal objectivo do Projecto, justificando-se assim o interesse da
CPMZ na construção do Terminal de Combustíveis.
O Distrito de Vanduzi é uma das áreas administrativas abrangidas pelo “Corredor de
Desenvolvimento da Beira” (CDB), um corredor de ligação entre o litoral de Moçambique e
países do hinterland (Zimbabwe, Zâmbia, Botswana, Malawi e República Democrática do
Congo) e que tem como ponto fulcral o Porto da Beira. Numa pespectiva de desenvolvimento
económico da Região Centro do País e considerando as potencialidades oferecidas pelo
CDB, o Distrito de Vanduzi constitui, actualmente, apenas uma zona de trânsito para os
utentes do Corredor, sem qualquer intervenção directa nos aspectos económicos associados
ao Corredor. Com a construção do Terminal de combustíveis em Vanduzi, esta situação irá
alterar-se, na medida em que os transportadores de combustível provenientes do hinterland
passarão a abastecer-se em Vanduzi, e não no Porto da Beira, proporcionando ao distrito
oportunidades de desenvolvimento económico centradas no sector de combustíveis. Este é,
possivelmente, um dos impactos potenciais positivos mais importantes do Projecto.

Para se aceder ao local do Projecto existirá um desvio a partir da Estrada Nacional N.º 6 (N6,
estrada classificada entre Beira e Machipanda). A CPMZ deverá partilhar com a ANE (e/ou
com a sua Concessionária autorizada) as especificações técnicas do Projecto da via de
acesso directo ao Terminal que sejam de interesse para a ANE (e/ou para a sua
Concessionária autorizada) enquanto entidade de gestão da N6, como aliás foi solicitado pela
própria ANE, quando instada a apresentar um Parecer sobre o Projecto, ainda na fase de
Instrução do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Ao longo da AIA, a CPMZ solicitou e obteve pareceres institucionais sobre o Projecto da parte
do FIPAG – Área Operacional de Manica (AOM), assim como da Direcção Nacional de
Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC), para além da ANE, mencionada anteriormente. O
Parecer do FIPAG é favorável ao Projecto, e indica não existir qualquer objecção técnica à
construção do Terminal. Da parte da DNHC, a CPMZ obteve um “parecer preliminar favorável,
para permitir que sejam preenchidos todos os requisitos exigidos”, com a indicação que “o
parecer definitivo para o início das obras será dado após a junção de todos os pareceres e
licenças de outras entidades intervenientes na matéria e a definição final do âmbito do
Projecto”. No entendimento do Consultor e na perspectiva da AIA, a obtenção da Licença
Ambiental constitui uma das várias condicionantes do parecer definitivo da DNHC.
Como parte do processo da aquisição do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)
para a área do Projecto, a CPMZ procedeu à indemnização das famílias que possuíam
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machambas no local do Projecto, num total de 9 (i.e. 7 numa fase inicial, e 2 numa fase
posterior). Cópias da documentação que comprova as compensações são apresentadas em
anexo a este Relatório (Anexo 6), juntamente com a Autorização Provisória de DUAT.
No EIA do Projecto identificou-se uma série de impactos potenciais positivos e negativos do
Projecto. Começando pela análise dos impactos no Meio Físico e no Meio Biótico realça-se,
respectivamente, o seguinte: (i) considerando as actividades previstas, tanto para a Fase de
Construção, como para a Fase de Operação do Projecto, não se prevê que estas possam
agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou actividades aos efeitos das
mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos naturais (ii) A área do Projecto não
atravessa qualquer área de conservação ou ecologicamente sensível.
Com relação aos impactos socioeconómicos, um dos destaques é o emprego: estima-se que
para a Fase de Construção possam ser contratados aproximadamente 100 trabalhadores
(dos quais pelo menos 90% deverão ser nacionais) e para a fase de Operação cerca de 30
(previsivelmente sem expatriados). Para o recrutamento da mão-de-obra local deve garantir-
se o envolvimento dos líderes comunitários, sendo que uma coordenação com as autoridades
do Governo será igualmente necessária e especialmente útil na prevenção/minimização e
mediação de possíveis conflitos.
É de esperar que o Empreiteiro disponha de um quadro de pessoal já afecto à sua empresa,
principalmente para tarefas de carácter especializado (p.ex. Engenheiros, pessoal
administrativo, entre outros). Isso limita, à partida, a possibilidade de contratação de pessoal
para tais tarefas. Recomenda-se assim que, por via de mecanismos de comunicação, seja
esclarecido às partes interessadas que a contratação de pessoal e que esta será feita em
função das necessidades de pessoal, do número de vagas disponível e da satisfação dos
critérios de elegibilidade pelos candidatos.
Após a conclusão das obras e com o início da Fase de Operação do Terminal, a maioria dos
trabalhadores contratados para a Fase de Construção poderá ficar sem o seu posto de
trabalho. Para os visados (possivelmente para a maioria), isso implicará o retorno à sua
condição de desempregado, com efeitos na renda familiar. Recomenda-se, deste modo, que
por via do Projecto, se busquem formas de estabelecimento de meios de subsistência
alternativos e esquemas de poupança, que permitam ajudar pelo menos parte do pessoal
recrutado e as suas famílias. O obectivo seria o de minimizar a dependência económica
destes (i.e., dos ex-contratados e das respectivas famílias) em relação ao emprego
proporcionado pelas actividades de construção do Projecto. Este é um assunto que pode ser
abordado no âmbito da Responsabilidade Social da CPMZ e por via de parcerias com
intervenientes do Distrito de Vanduzi ou na Cidade de Chimoio (empreiteiros, instituições de
microcrédito e/ou outros). As acções a desencadear poderiam incluir, por exemplo, a
promoção de acções de formação em actividades de “construção melhorada” (tais como o
fabrico de tijolos) ou de construção convencional, a formação em gestão de pequenos
negócios, entre outras.
Na discussão dos impactos socioeconómicos e de Saúde e Segurança com as Partes
Interessadas e/ou Afectadas pelo Projecto, ainda na Fase do Estudo de Pré-viabilidade e
Definição do Âmbito (EPDA), o SPA de Manica colocou a sua preocupação com relação a
acidentes de viação, considerando o tráfego de camiões, que se poderá intensificar nas
imediações do local do Projecto, especialmente na Fase de Operação. Note-se que a EP1
Vila Maninga situa-se a aproximadamente 200 m do local do Projecto (do lado oposto da N6,
relativamente ao Terminal). Neste EIA destacou-se a importância de uma sinalização
adequada de tráfego nas imediações do Terminal, assim como da promoção de campanhas
de sensibilização, em colaboração com a Polícia de Trânsito, orientadas para peões
(incluindo crianças) e motoristas.
O Projecto inclui a construção de um tanque de água de 1 500 m3, prevendo-se um consumo
médio mensal na ordem dos 10 m3. Na área do Projecto, o sistema público de abastecimento
de água é operacionalizado pelo Fundo de Investimento do Património de Abastecimento de
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Água (FIPAG). O Proponente deve garantir que o consumo de água pelo Projecto não reduz
a disponibilidade de água para os utentes da área.
Em relação à Saúde e Segurança, os principais riscos potenciais associados ao Projecto
estão directa ou indirectamente relacionados com a alta inflamabilidade, toxicidade e
potencial de poluição dos combustíveis (gasolina e gasóleo) a serem armazenados,
manuseados e expedidos no Terminal. As questões de Emergência foram abordadas no EIA
por via de mecanismos de Resposta de Emergência, apresentando no PGA. A este respeito,
realça-se a necessidade de uso de tecnologia de ponta no Projecto, cumprindo os mais altos
padrões da indústria de combustíveis, e ainda de pessoas devidamente capacitadas a
trabalhar no Terminal, de modo a prevenir quaisquer riscos de segurança que possam
redundar em situações de emergência.

No domínio da Saúde da comunidade, as questões relativas ao HIV/SIDA devem ser


destacadas em todas as vertentes do Projecto, incluindo, a contratação de pessoal, as
relações interpessoais, o acesso à formação, a designação de funções no Projecto, entre
outras. Ao lidar com questões de Saúde e Segurança relacionadas com o Projecto é
importante que as autoridades de saúde sejam envolvidas como parceiros de longo-prazo,
uma vez que estas possuem um melhor entendimento da situação de saúde comunitária e
estão melhor preparadas para identificar eventuais mudanças que possam ser atribuídas ao
Projecto, assim como recomendar e implementar acções de controlo de alcance comunitário.
Uma parte significativa da AIA do Projecto decorreu nos momentos mais críticos da pandemia
da COVID-19. Casos de contaminação por COVID-19 têm estado a reduzir ao longo do tempo
no País e no Mundo, após a realização de campanhas massivas de vacinação. Acredita-se
que, caso a prevalência da COVID-19 o justifique na altura da implementação do Projecto,
poderão ser implementadas as medidas aplicáveis, para a prevenção dos riscos de
contaminação em ambiente de trabalho e na comunidade.
O tempo de vida previsto para o Terminal de Combustíveis é estimado em 40 a 50 anos,
findos os quais o Terminal poderá ser desactivado, ou poderá optar-se pela continuidade das
operações do mesmo. Os impactos das actividades da Fase de Desactivação deverão ser
geridas com base num PGA específico para a Fase de Desativação (PGA-D), o que se aplica
caso se decida pelo desmantelamento do Terminal ou pela mudança das actividades para as
quais o Projecto do Terminal foi concebido (sem prejuízo da legislação ambiental que se
encontre em vigor na altura da desactivaçao). Recomenda-se que nas decisões relativas à
Fase de Desactivação sejam tomados em consideração os planos de desenvolvimento e
ordenamento territorial vigentes na altura da desactivação.
Do ponto de vista das relações sociais entre o Projecto, o engajamento da comunidade e dos
seus líderes deste os estágios primordiais do Projecto e uma postura de cordialidade e
respeito pela cultura e pelas tradições locais, são algumas das várias acções que o
Proponente deve desencadear, para promover um clima de relações pacíficas e de
colaboração mútua com a comunidade no local do Projecto. Uma coordenação com as
autoridades governamentais locais neste sentido é também absolutamente recomendada.

Terminada a Participação Pública da Fase do EIA, o Consultor procederá à revisão de toda


a documentação discutida com as Partes Interessadas e/ou afectadas, nomeadamente o
Relatório do EIA (incluindo respectivo Resumo Não Técnico) e o Plano de Gestão Ambiental.
Será ainda produzido um Relatório de Participação Pública, contendo uma descrição
detalhada do Projecto, os principais aspectos discutidos com as Partes Interessadas e/ou
Afectadas pelo Projecto e uma série de documentos de suporte, relacionados com o processo
(lista de potenciais partes interessadas e afectadas, agenda e acta da reunião de Consulta
Pública, lista de presenças, entre outros). Por fim, os documentos acima referidos serão
submetidos à revisão pelo MTA e, caso estes sejam aprovados, a CPMZ estará então
qualificada para receber do MTA uma Licença Ambiental. Recebida a licença poderá iniciar-
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se a implementação do Projecto, sem prejuízo de quaisquer outras licenças e autorizações


que possam ser necessárias para o efeito.

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ANEXOS
ANEXO 1
CARTA DE CATEGORIZAÇÃO DO PROJECTO
PELO MINISTÉRIO DA TERRA E AMBIENTE
(MTA)
ANEXO 2
CARTA DE APROVAÇÃO DO EPDA E TERMOS
DE REFERÊNCIA DO EIA, EMITIDA PELO
MINISTÉRIO DA TERRA E AMBIENTE
ANEXO 3
TERMOS DE REFERÊNCIA DO ESTUDO DE
IMPACTO AMBIENTAL
ANEXO 4
CERTIFICADOS DA IMPACTO, EMITIDOS PELO
MINISTÉRIO DA TERRA E AMBIENTE
ANEXO 5
NORMAS TÉCNICAS E DE ENGENHARIA
APLICÁVEIS AO PROJECTO
ANEXO 6
DOCUMENTAÇÃO REFERENTE AO DIREITO
DE USO E APROVEITAMENTO DA TERRA
(DUAT)
ANEXO 7
PARECERES INSTITUCIONAIS SOBRE A
IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO

➢ PARECER DA ADMINISTRAÇÃO NACIONAL DE


ESTRADAS (ANE)

➢ PARECER DO FUNDO DO PATRIMÓNIO DE


ABASTECIMENTO DE ÁGUA (FIPAG) – ÁREA
OPERACIONAL DE MANICA (AOM)

➢ PARECER DA DIRECÇÃO NACIONAL DE


HIDROCARBONETOS E COMBUSTÍVEIS (DNHC)

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