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ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E
DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI,
PROVÍNCIA DE MANICA
VOLUME I
Novembro de 2022
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
VOLUME I
____________________________
RELATÓRIO DO ESTUDO
DE IMPACTO AMBIENTAL
____________________________
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
____________________________
1. INTRODUÇÃO
Este Resumo Não Técnico sumariza o conteúdo do “Relatório do Estudo de Impacto
Ambiental”, do “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento
e Distribuição de Combustíveis no Distrito de Vanduzi, Província de Manica”, (daqui em diante
designado “O Projecto”). O Proponente do Projecto é a Companhia do Pipeline Moçambique-
Zimbabwe, Limitada (abreviadamente designada CPMZ), uma empresa moçambicana
vocacionada para o transporte de produtos petrolíferos, sediada na Cidade da Beira,
Província de Sofala. O local proposto para a construção do Terminal de Combustíveis situa-
se no Distrito de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi-Sede, Localidade de Chigodole,
Povoado de Selva-Lenha.
O Terminal, destinado a diesel e gasolina, será abastecido por meio de um oleoduto,
conhecido como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”, operado pela CPMZ desde 1965. Este
oleoduto estende-se desde o Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique, até
Feruka, no Zimbabwe. O valor de investimento do Projecto é estimado em cerca de
US$19.649.323,66 milhões (dezanove milhões, seiscentos e quarenta e nove mil e trezentos
e vinte três Dólares Americanos e sessenta e seis cêntimos, a converter ao câmbio do Banco
de Moçambique).
Um dos objectivos da realização da AIA é a aquisição de uma Licença Ambiental pela CPMZ,
a ser emitida pela Direcção Nacional de Ambiente (DINAB), instituição sob tutela do Ministério
da Terra e Ambiente (MTA) de Moçambique. Na sequência da Instrução do Processo, que
marcou início da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Projecto, o MTA, por via do Serviço
Provincial do Ambiente (SPA) de Manica1, classificou o Projecto como de “Categoria A”, nos
Termos do Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto
nº54/2015, de 31 de Dezembro). Assim, foi necessário cumprir o seguinte: (i) uma fase
preliminar, que consistiu num Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
(EPDA), incluindo a preparação de Termos de Referência (TdR) do Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) e a realização de Consulta Pública; e (iii) a fase de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA), a que o presente documento se refere; esta fase envolve a realização de
estudos ambientais detalhados (ambiente físico, biótico e socioeconómico), integrando
igualmente a Consulta Pública.
O processo de AIA é regido pelo Decreto acima referido, enquanto a Consulta Pública segue
a Directiva Geral para o Processo de Participação Pública no Processo de Avaliação de
Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de Julho). O processo de AIA foi
realizado pelo Consultor Ambiental: Projectos e Estudos de Impacto Ambiental, Limitada
(IMPACTO, Lda), de acordo com o prescrito nestes instrumentos legais, assim como em
outros instrumentos legais complementares, como reportado em detalhe no Relatório do EIA.
1 No decurso da AIA deste Projecto, as funções da antiga “Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural” (DPTADER)
relativas à AIA passaram a estar a cargo de uma nova instituição, designada “Serviço Provincial do Ambiente” (SPA), na sequência da
reestruturação dos órgãos do Governo, efectuada após as Eleições Presidenciais de Outubro de 2019 em Moçambique. Do mesmo modo,
a designação do respectivo ministério de tutela, nomeadamente o “ex-Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural” (MITADER),
passou a ser “Ministério da Terra e Ambiente” (MTA). Neste Relatório são usadas as designações actualizadas.
• Tanques a construir: 2 tanques de 9.000 m3 cada, para gasóleo; 2 tanques para gasolina
ou gasóleo, de 5.000 m3 cada;
CALENDÁRIO DO PROJECTO
O calendário do Projecto preliminarmente estabelecido resume-se no seguinte: (i) Fase de
pré-construção (“Fase Zero”): 6 meses ou mais, dependendo do tempo necessário para
finalizar os trâmites preparatórios do Projecto (administrativos, técnicos/de engenharia e
outros); (ii) Fase de Construção (Fase I): aproximada de 2 anos; (iii) Fase de Operação
(Fase II): terá duração estimada em 40 a 50 anos; e (iv) Fase de Desactivação (Fase III),
não existem bases suficientes para se estimar a duração.
2Ref.ª: AIAS. (2018). Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento. Consultancy Services for Capacity Development
Programme under the Climate Change Adaptation Component: Climate Modelling: Downscaling Techniques and Time Horizons /
Deliverable D-07.
poderá derivar do Projecto, tanto na Fase de Construção (ruido associado às obras), como
na Fase de Operação (ruído associado à circulação de camiões-cisternas que irão fazer o
carregamento de combustível no Terminal).
II. MEIO BIÓTICO
No estudo do Meio Biótico foram identificadas e mapeadas as unidades de uso e cobertura
da terra na área do Projecto e imediações, nomeadamente: área agrícola, mata semi-
fechada, mata fechada, plantação (de Eucalipto), Curso de água / áreas alagáveis, graminal
arbustivo, mata secundária, área de extracção de pedra e areia e área residencial/de
infraestruturas. A implementação do Projecto irá incrementar a pegada da componente de
“infraestruturas”, convertendo uma área verde numa área de carácter urbanizado/industrial.
No trabalho de campo para este EIAS foi possível identificar algumas espécies de fauna por
via de sinais indirectos (vocalização) e por contactos com moradores locais. Uma listagem
das mesmas foi apresentada no Capítulo 13 do Relatório do EIA. Das espécies mencionadas
pelos habitantes locais, encontra-se o Pangolim, que segundo estes é pouco avistado pela
população. A área do Projecto não atravessa qualquer área de conservação ou
ecologicamente sensível.
III. MEIO SOCIOECONÓMICO
No EIAS foi realizado um Estudo de Especialidade de Socioeconomia, cujas constatações
foram integradas no Relatório do EIAS. Os objectivos específicos deste estudo foram os
seguintes: (i) Caracterizar as estruturas sociais, económicas, organizacionais, políticas e
culturais da área de influência do Projecto, definindo, assim, a situação de referência
socioeconómica; (ii) Identificar os potenciais impactos positivos e negativos associados à
implementação do Projecto; (iii) Identificar e propor medidas de mitigação ou potenciação dos
impactos identificados; (i) Formular medidas de gestão e monitoria dos impactos
socioeconómicos, para integração no Plano de Gestão Ambiental do Projecto.
A metodologia de recolha de informação envolveu uma revisão bibliográfica e duas visitas
de campo (em Novembro de 2020 e Maio de 2022). A recolha de dados documentados de
nível distrital foi feita nos serviços distritais do Governo do Distrito de Vanduzi. Neste exercício
foram igualmente utilizadas fontes e técnicas não-documentais, que se cingiram no seguinte:
(a) observação qualitativa, registo fotográfico e mapeamento georreferenciado; (b) entrevistas
informais; (c) entrevistas semi-estruturadas (individual e colectiva); e (d) Grupos Focais de
discussão.
Foram constituídos Grupos Focais de (i) Homens; (ii) Mulheres; (iii) Jovens; e (iv) residentes
no bairro Nhamassissa, de modo a registar, por diferentes perpectivas, o quotidiano
socioeconómico, as percepções, as preocupações e as expectativas em relação ao Projecto.
Em termos de inserção administrativa da área do Projecto, é de referir que o Distrito de
Vanduzi está localizado no Centro da Província de Manica, a cerca de 35 Km da Cidade de
Chimoio, capital da Província de Manica. O Distrito possui dois Postos Administrativos (PA),
nomeadamente, Vanduzi-Sede (onde se localiza o Projecto) e Matsinho. Ao todo, cinco
localidades, distribuídas pelos PAs e 95 povoados distribuídos pelas localidades.
Na área do Projecto, a disposição dos assentamentos populacionais tende a variar em
função da presença de infraestruturas e serviços na área, tais como escolas, centros de
saúde e outros. Nas zonas desprovidas de, ou mais pobres em infraestruturas e serviços, os
aglomerados populacionais são mais dispersos, alguns dos quais em pequenos
agrupamentos de dois a três agregados familiares. A população é maioritariamente jovem.
A área do Projecto é eminentemente rural e, a nível dos povoados (incluindo o Povoado de
Selva), existe uma autoridade tradicional, reconhecida como “Líder Comunitário”, cuja
liderança é exercida de uma forma colaborativa com as autoridades do Governo do Distrito.
3
O Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho define a articulação entre os órgãos locais do Estado e as autoridades comunitárias
4As despesas mais frequentes e reportadas nas entrevistas colectivas e grupos focais estão associadas: (i) aluguer de casa ou quarto em
casa de familiares/conhecidos para a estadia da criança, (ii) despesas quotidianas da criança – alimentação, deslocação, (iii) despesas
associadas à escola – pagamento de propinas, material escolar e vestuário.
5 Tcheque é uma das células do Povoado de Selva, onde se localiza o principal cemitério comunitário do povoado.
6 Não foi possível identificar com exactidão os limites da área ocupada por este cemitério.
7 Informação a este respeito consta no Capítulo 8 e no Anexo 6 do Relatório do Estudo de Impacto Ambiental.
Tabela B – Impactos potenciais do Projecto – Fase de Construção e Fase de Operação (Meio Físico, Meio Biótico e Meio
Socioeconómico)
[(+) Impacto Positivo / (-) Impacto negativo; N/A: Não aplicável]
COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA
AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO FÍSICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO FÍSICO
Qualidade do ar Impacto 1 (-): Perturbação da Fase de Construção - obras (poeiras e, em menor escala, poluentes de N/A Baixa
qualidade do ar, derivada de poeiras e veículos/ equipamentos de trabalho)
outro material particulado Fase de Operação (circulação de camiões e emissões dos tanques de Baixa
combustível)
Impacto 2 (-): Fase de Construção: poluentes de emissões de veículos / N/A Baixa
Perturbação da qualidade do ar devido equipamentos de trabalho
à emissão de poluentes atmosféricos Fase de Operação: circulação de camiões e emissões dos tanques Moderada
Geomorfologia e N/A Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, Baixa
solos Impacto 3 (-): terraplenagem), associados à construção do Terminal N/A
Alteração de características
geomorfológicas locais, resultantes de
movimentos de terras
Impacto 4 (-): Alteração dos padrões Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, N/A Negligenciável
de escoamento e das características terraplenagem), durante à construção do Terminal
da drenagem
Impacto 5 (-): Alteração das Fase de Construção: movimentos de terras (escavações, aterros, N/A Baixa
características físicas do solo (erosão terraplenagem), associados à construção do Terminal
Impacto 6 (-): Poluição do solo Fase de Construção: manuseamento e deposição de resíduos; N/A Baixa
pequenos derrames (de veículos e equipamentos afectos ao Projecto)
Fase de Operação: manuseamento e deposição de resíduos; pequenos N/A Baixa
derrames (de veículos e equipamentos afectos ao Projecto)
Tabela C – Impactos potenciais cumulativos do Projecto – Meio Físico, Meio Biótico e Meio Socioeconómico
[(+) Impacto Positivo / (-) Impacto negativo; N/A: Não aplicável]
Nota: A enumeração dos impactos da tabela anterior tem continuidade nesta tabela
COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA
AMBIENTAL E IMPACTO PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS (IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO FÍSICO E NO MEIO BIÓTICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO FÍSICO E NO MEIO BIÓTICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS POSITIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS NO MEIO SOCIOECONÓMICO
Impacto 26 (-)(cumulativo): Aumento Fase de Operação: impacto cumulativo indirecto, não derivado das N/A Moderada
da pressão sobre o uso dos serviços actividades do Projecto
públicos, devido ao fluxo imigratório
para a Sede do Distrito de Vanduzi
Impacto 27 (-)(cumulativo): Aumento Fase de Operação: impacto não derivado das actividades do Projecto, N/A Moderada
dos riscos de emergência devido à mas sim da presença do Terminal de combustíveis, após a sua
proximidade entre o Terminal de construção
combustível e o oleoduto da CPMZ
Impacto 28 (-)(cumulativo): Aumento Fase de Construção e Fase de Desactivação: Circulação de veículos e N/A Baixa
local do risco de acidentes equipamentos móveis ligados às obras.
rodoviários nas proximidades do Fase de Operação: circulação de camiões-cisterna na envolvente do local N/A Moderada
local do Projecto do Projecto
Tabela D – Impactos potenciais de Saúde e Segurança (Fase de Construção, Fase de Operação e Fase de Desactivação)
[(+) Impacto Positivo / (-) Impacto negativo; N/A: Não aplicável]
Nota: A enumeração dos impactos da tabela anterior tem continuidade nesta tabela
COMPONENTE SIGNIFICÂNCIA PÓS- SIGNIFICÂNCIA
AMBIENTAL E IMPACTO POTENCIAÇÃO PÓS- MITIGAÇÃO
PRINCIPAL/PRINCIPAIS FASE(S) DE OCORRÊNCIA DO IMPACTO E ACTIVIDADES
AMBIENTE POSITIVO (+) OU NEGATIVO (-) DO PROJECTO RELACIONADAS
(IMPACTOS (IMPACTOS
AFECTADO POSITIVOS) NEGATIVOS)
IMPACTOS POSITIVOS DE SAÚDE E SEGURANÇA (SSO E SSC)
N/A N/A N/A N/A N/A
IMPACTOS NEGATIVOS DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL (SSC)
N/A Impacto 29(–): Acidentes com Fase de Construção e Fase de Desactivação: manuseamento, N/A Baixa
(impactos de materiais ou equipamentos usados armazenamento e transporte de materiais e a operação de veículos e
SSO) nas obras maquinaria pesada
Fase de Operação: manuseamento, armazenamento e transporte de N/A Baixa
materiais e a operação de veículos e maquinaria pesada
Impacto 30(–): Queda de Fases de Construção, Operação e Desactivação: Trabalhos em altura N/A Baixa
trabalhadores na execução de
trabalho em altura
Impacto 31(–): Contaminação Fases de Construção, Operação e Desactivação: utilizados combustíveis, N/A Baixa
humana por agentes químicos óleos e lubrificantes para viaturas e maquinaria; Fase de Operação:
recepção, armazenamento em tanques e expedição de grandes volumes
de combustíveis
Impacto 32(–): Acidentes e/ou danos Fases de Construção, Operação e Desactivação: trabalhos de construção N/A Baixa
à saúde, resultantes de trabalhos de (soldadura e corte de material a quente)
soldadura e de corte de metal a
quente
Impacto 33(–): Perda de acuidade Fases de Construção, Operação e Desactivação: trabalho sob exposição N/A Baixa
auditiva derivada do trabalho em a níveis altos de ruído
ambiente com altos níveis de ruído
Impacto 34(–): Danos à saúde, Fases de Construção, Operação e Desactivação: trabalho utilizando N/A Baixa
derivados de condições ergonómicas materiais e sob condições incompatíveis com um conforto ergonómico
de trabalho
IMPACTOS NEGATIVOS DE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL (SSC)
- Caso, pelo contrário, se opte pela desactivação efectiva do Projecto, isto implicará a
remoção dos combustíveis e da água de cada um dos respectivos tanques, a remoção de
outros produtos armazenados (óleos, lubrificantes, espumas) e a desmontagem de
equipamentos diversos.
9
Decreto que define o regime a que estão sujeitas as actividades de produção, importação, recepção, armazenamento, manuseamento,
distribuição, comercialização, transporte, exportação e reexportação de produtos petrolíferos (citado na Secção 6.2.2 do Relatório do
EIA).
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
No capítulo do Relatório do EIA dedicado aos impactos potenciais do Projecto estão formuladas
medidas de mitigação (para os impactos negativos) e as medidas de potenciação para
incrementar os impactos positivos (medidas de potenciação). As medidas de mitigação visam
prevenir / evitar danos desnecessários no meio biofísico e no meio socioeconómico que possam
resultar do Projecto, protegendo assim o ambiente no seu sentido mais amplo. Por seu lado, as
medidas de potenciação estão focadas essencialmente nas oportunidades de desenvolvimento
socioeconómico que possam ser trazidas pelo Projecto.
Vanduzi. Esta constituirá uma oportunidade para a equipa de Consulta Pública esclarecer
não apenas as questões que ficaram em aberto na CP anterior (i.e. da Fase do EPDA), como
as questões que foram estudadas em detalhe no EIA.
Na presente fase do EIA, os objectivos da CP são os seguintes:
• Apresentar o “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento,
Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica”,
proposto pela CPMZ;
• Informar sobre as etapas e acções desenvolvidas ao longo da AIA e, em particular, ao
longo do EIA;
• Apresentar o conteúdo do Relatório do EIA, com destaque para as principais constatações
do mesmo;
• Fortalecer os canais de comunicação estabelecidos ao longo da AIA entre a equipa de
CP (i.e. Consultor e Proponente) e o público; Providenciar uma oportunidade para as
diversas partes interessadas e/ou afectados contribuírem activamente para o
desenvolvimento do Projecto;
• Registar e dar resposta a questões, sugestões e comentários sobre o Projecto, para
serem incorporados no Relatório do EIA e considerados na gestão ambiental e social do
Projecto, conforme aplicável.
Concessionária autorizada) enquanto entidade de gestão da N6, como aliás foi solicitado pela
própria ANE, quando instada a apresentar um Parecer sobre o Projecto, ainda na fase de
Instrução do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Ao longo da AIA, a CPMZ solicitou e obteve pareceres institucionais sobre o Projecto da parte
do FIPAG – Área Operacional de Manica (AOM), assim como da Direcção Nacional de
Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC), para além da ANE, citada anteriormente. O
Parecer do FIPAG é favorável ao Projecto, e indica não existir qualquer objecção técnica à
construção do Terminal. Da parte da DNHC, a CPMZ obteve um “parecer preliminar favorável,
para permitir que sejam preenchidos todos os requisitos exigidos”, com a indicação que “o
parecer definitivo para o início das obras será dado após a junção de todos os pareceres e
licenças de outras entidades intervenientes na matéria e a definição final do âmbito do
Projecto”. No entendimento do Consultor e na perspectiva da AIA, a obtenção da Licença
Ambiental constitui uma das várias condicionantes do parecer definitivo da DNHC.
Como parte do processo da aquisição do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)
para a área do Projecto, a CPMZ procedeu à indemnização das famílias que possuíam
machambas no local do Projecto, num total de 9 (i.e. 7 numa fase inicial, e 2 numa fase
posterior). Cópias da documentação que comprova as compensações são apresentadas em
anexo a este Relatório (Anexo 6), juntamente com a Autorização Provisória de DUAT.
No EIA do Projecto identificou-se uma série de impactos potenciais positivos e negativos do
Projecto. Começando pela análise dos impactos no Meio Físico e no Meio Biótico realça-se,
respectivamente, o seguinte: (i) considerando as actividades previstas, tanto para a Fase de
Construção, como para a Fase de Operação do Projecto, não se prevê que estas possam
agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou actividades aos efeitos das
mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos naturais (ii) A área do Projecto não
atravessa qualquer área de conservação ou ecologicamente sensível.
Com relação aos impactos socioeconómicos, um dos destaques é o emprego: estima-se que
para a Fase de Construção possam ser contratados aproximadamente 100 trabalhadores
(dos quais pelo menos 90% deverão ser nacionais) e para a fase de Operação cerca de 30
(previsivelmente sem expatriados). Para o recrutamento da mão-de-obra local deve garantir-
se o envolvimento dos líderes comunitários, sendo que uma coordenação com as autoridades
do Governo será igualmente necessária e especialmente útil na prevenção/minimização e
mediação de possíveis conflitos.
É de esperar que o Empreiteiro disponha de um quadro de pessoal já afecto à sua empresa,
principalmente para tarefas de carácter especializado (p.ex. Engenheiros, pessoal
administrativo, entre outros). Isso limita, à partida, a possibilidade de contratação de pessoal
para tais tarefas. Recomenda-se assim que, por via de mecanismos de comunicação, seja
esclarecido às partes interessadas que a contratação de pessoal e que esta será feita em
função das necessidades de pessoal, do número de vagas disponível e da satisfação dos
critérios de elegibilidade pelos candidatos.
Após a conclusão das obras e com o início da Fase de Operação do Terminal, a maior parte
dos trabalhadores contratados para a Fase de Construção poderá ficar sem o seu posto de
trabalho. Para os visados (possivelmente para a maioria), isso implicará o retorno à sua
condição de desempregado, com efeitos na renda familiar. Recomenda-se, deste modo, que
por via do Projecto, se busquem formas de estabelecimento de meios de subsistência
alternativos e esquemas de poupança, que permitam ajudar pelo menos parte do pessoal
recrutado e as suas famílias. O objectivo seria o de minimizar a dependência económica
destes (i.e., dos ex-contratados e das respectivas famílias) em relação ao emprego
proporcionado pelas actividades de construção do Projecto.
Na discussão dos impactos socioeconómicos e de Saúde e Segurança com as Partes
Interessadas e/ou Afectadas pelo Projecto, ainda na Fase do Estudo de Pré-viabilidade e
Definição do Âmbito (EPDA), o SPA de Manica colocou a sua preocupação com relação a
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RELATÓRIO DO ESTUDO DE
IMPACTO AMBIENTAL
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
2. OBJECTIVOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL ............................. 1
3. O PROPONENTE DO PROJECTO .............................................................. 2
4. O CONSULTOR AMBIENTAL....................................................................... 2
5. JUSTIFICATIVA DO PROJECTO ................................................................. 2
6. QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL APLICÁVEL AO PROJECTO ........... 2
7. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DO PROJECTO ..................................................... 2
8. SUMÁRIOS DAS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DA ÁREA DO
PROJECTO ............................................................................................................ 7
9. IMPACTOS POTENCIAIS DO PROJECTO ................................................ 11
10. GESTÃO AMBIENTAL E DE SAÚDE E SEGURANÇA: PLANO DE GESTÃO
AMBIENTAL.......................................................................................................... 22
11. CONSULTA PÚBLICA ................................................................................ 22
12. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DO EIA ........................................ 23
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2 OBJECTIVOS DO ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL .......................... 2
3 JUSTIFICATIVA DO PROJECTO ............................................................... 2
4 PROPONENTE E CONSULTOR AMBIENTAL ........................................... 2
4.1 PROPONENTE ............................................................................................. 2
4.2 CONSULTOR AMBIENTAL .......................................................................... 3
5 RESUMO DAS PRINCIPAIS FASES E ACTIVIDADES DA AVALIAÇÃO
DE IMPACTO AMBIENTAL DO PROJECTO.................................................... 4
5.1 FASES E ACTIVIDADES DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ...... 4
5.2 O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ............................................ 5
6 QUADRO INSTITUCIONAL E LEGAL ........................................................ 6
6.1 QUADRO INSTITUCIONAL NACIONAL ....................................................... 6
6.2 QUADRO LEGAL NACIONAL..................................................................... 10
6.2.1 LEGISLAÇÃO SOBRE AIA E LICENCIAMENTO AMBIENTAL ...................... 10
6.2.2 LEGISLAÇÃO DO SECTOR PETROLÍFERO (COM DESTAQUE PARA O
SECTOR DE COMBUSTÍVEIS) ................................................................................... 16
6.2.3 LEGISLAÇÃO SOBRE USO E OCUPAÇÃO DE TERRA ............................... 20
6.2.4 LEGISLAÇÃO SOBRE SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL E DA
COMUNIDADE ............................................................................................................ 21
6.2.5 OUTROS INSTRUMENTOS LEGAIS DE INTERESSE PARA O PROJECTO 23
6.3 CONVENÇÕES E PROTOCOLOS INTERNACIONAIS .............................. 26
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Equipa de consultores responsável pela AIA ....................................................................... 3
Tabela 2 – Instituições e respectivas funções e responsabilidades no que se relaciona com o Projecto
........................................................................................................................................................ 7
Tabela 3 – Algumas características dos tanques de armazenamento de combustível a construir no
Terminal ........................................................................................................................................ 38
Tabela 4 – Algumas especificações dos combustíveis a serem recebidos do oleoduto da CPMZ ..... 41
Tabela 5 – Edifícios a construir – área e principais tipos de materiais de construção ......................... 46
Tabela 6 – Normas e Códigos de referência para a construção do Terminal, a serem considerados no
Projecto ......................................................................................................................................... 46
Tabela 7 – Características dos ciclones e tempestades tropicais no período entre 1986 e 2021 ....... 61
Tabela 8 – Cálculo das intensidades de precipitação futura para a área em estudo ........................... 68
Tabela 9 – Algumas características dos tipos de solo que ocorrem no local do Projecto ................... 73
Tabela 10 – Estimativas de tráfego médio diário anual para a N6 (2013) ........................................... 78
Tabela 11 – Valores padrão para a qualidade do ar de poluentes atmosféricos ................................. 83
Tabela 12 – Directrizes da OMS/IFC relativamente a PM10 e PM2.5 .................................................... 83
Tabela 13 – Limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos por fontes móveis ................... 84
Tabela 14 – Directrizes da OMS para os níveis de ruído ..................................................................... 85
Tabela 15 – Principais unidades de uso e cobertura da terra identificadas na área do Projecto (área e
percentagem ocupada) ................................................................................................................. 92
Tabela 16 – Espécies de plantas identificadas na área do Projecto (AID e/ou AII) ............................. 99
Tabela 17 – Espécies madeireiras de importância económica (de acordo com o Regulamento da Lei
de Florestas e Fauna Bravia) identificadas na área de estudo .................................................. 101
Tabela 18 – Espécies de fauna registadas na área do Projecto ........................................................ 102
Tabela 19 – Divisão Administrativa e Inserção do Local do Projecto ................................................. 109
Tabela 20 – Tamanho e distribuição da população no Distrito de Vanduzi e da Província de Manica
.................................................................................................................................................... 114
Tabela 21 – Densidade Populacional no Distrito de Vanduzi e da Província de Manica ................... 115
Tabela 22 – Rede de ensino no Distrito de Vanduzi .......................................................................... 121
Tabela 23 – Efectivo Escolar e Taxa de Desistência por ensino........................................................ 123
Tabela 24 – Unidades sanitárias do Distrito de Vanduzi .................................................................... 124
Tabela 25 – Principais doenças no Distrito de Vanduzi em 2019 e 1º Semestre de 2020, segundo
dados do Governo Distrital .......................................................................................................... 127
Tabela 26 – Infraestruturas de saneamento (latrinas e fossas sépticas) no Distrito de Vanduzi ....... 130
Tabela 27 – Principais usos dos recursos naturais registados no trabalho de campo no Distrito de
Vanduzi ....................................................................................................................................... 138
Tabela 28 – Sítios históricos e sagrados no Distrito de Vanduzi ........................................................ 146
Tabela 29 – Classificação do impacto quanto à sua natureza / tipo .................................................. 152
Tabela 30 – Critérios de avaliação dos potenciais impactos .............................................................. 152
Tabela 31 – Classificação da magnitude do impacto ......................................................................... 153
Tabela 32 – Classificação da significância do impacto ...................................................................... 154
Tabela 33 – Escala de cores utilizada na representação da significância dos impactos identificados
.................................................................................................................................................... 154
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Localização geográfica da área do Projecto no Distrito de Vanduzi, Província de Manica 28
Figura 2 – Localização do Projecto, apresentada sobre uma imagem de Google Earth ..................... 29
Figura 3 – Inserção espacial da área do Projecto, com relação a uma série de pontos de referência
existentes nas imediações do local .............................................................................................. 30
Figura 4 – Parte da área proposta para a construção do Terminal de Combustíveis (imagem captada
no sentido Sul-Norte, i.e. com a N6 a norte) ................................................................................. 31
Figura 5 – Um troço da N6 em Vanduzi ................................................................................................ 31
Figura 6 – Localização geográfica proposta para o Projecto da CPMZ e principais vias de acesso ... 32
Figura 7 – Representação esquematizada das principais infraestruturas do Terminal de Combustíveis
proposto ........................................................................................................................................ 34
Figura 8 – Área de Influência do Projecto: AID e AII definidas para o Meio Fisico .............................. 57
Figura 9 – Sistema de Ventos para o Distrito de Vanduzi .................................................................... 59
Figura 10 – Desastres naturais por região de Moçambique entre 1956 e 2008 .................................. 60
Figura 11 – Frequência de ciclones em Manica ................................................................................... 62
Figura 12 – Precipitação anual (à esquerda) e topografia (à direita) em Moçambique ....................... 64
Figura 13 – Regiões climáticas de Moçambique definidas pela AIAS ................................................. 65
Figura 14 – Variação da intensidade da precipitação, T = 5 anos ....................................................... 66
Figura 15 – Variação da intensidade da precipitação, T = 25 anos ..................................................... 67
Figura 16 – Variação da intensidade da precipitação, T = 50 anos ..................................................... 67
Figura 17 – Principais formações geológicas no Distrito de Vanduzi ................................................... 70
Figura 18 – Mapa de solos do Distrito de Vanduzi ............................................................................... 72
Figura 19 – Altimetria no Distrito de Vanduzi........................................................................................ 74
Figura 20 – Bacias Hidrográficas no Distrito de Vanduzi ..................................................................... 75
Figura 21 – Uma zona baixa identificada na área do Projecto ............................................................. 76
Figura 22 – Local de extracção de areia identificado no local do Projecto .......................................... 78
Figura 23 – Localização dos possíveis receptores humanos sensíveis à alteração da qualidade do ar
na área do Projecto (AID e AII) ..................................................................................................... 80
Figura 24 – Exemplos de receptores ecológicos - plantação florestal na AII do Projecto (à esquerda)
e Machambas dentro da AID do Projecto (à direita) ..................................................................... 81
Figura 25– Principiais receptores ecológicos sensíveis à perturbação da qualidade do ar na AID e AII
do Projecto .................................................................................................................................... 82
Figura 26 – Um troço da N6, em Vanduzi ............................................................................................. 84
Figura 27 – Enquadramento paisagístico da área do Projecto (vista parcial da área) ......................... 86
Figura 28 – Área de Influência do Projecto: AID e AII definidas para o Meio Biótico........................... 89
Figura 29 – Ecossistemas terrestres presentes na área do Projecto (AID, AII e envolvente) ............. 91
Figura 30 – Principais unidades de uso e cobertura da terra mapeadas na AID do Projecto .............. 93
Figura 31 – Área agrícola (machamba de subsistência) ...................................................................... 94
Figura 32 – Um exemplo de área de assentamentos humanos com fruteiras e machambas na
envolvente ..................................................................................................................................... 94
Figura 33– Mata fechada na AII do Projecto (Floresta sagrada) .......................................................... 95
Figura 34 – Mata fechada na AII do Projecto, numa área onde se localiza um cemitério da
comunidade ................................................................................................................................... 95
Figura 35 – Mata semi-fechada na AII do Projecto .............................................................................. 96
Figura 36 – Um plantação de Eucalipto na AII do Projecto .................................................................. 96
Figura 37 – Um curso de água na AII do Projecto ................................................................................ 97
Figura 38 – Áreas alagáveis na AII do Projecto.................................................................................... 97
Figura 39 – Graminal arbustivo com palmeiras (Borassus aethiopum) e sem palmeiras na AID do
Projecto ......................................................................................................................................... 98
LISTA DE ANEXOS
1 INTRODUÇÃO
A Companhia do Pipeline Moçambique-Zimbabwe, Limitada pretende construir e operar um
Terminal de armazenamento, manuseamento e distribuição de combustíveis (gasóleo e
gasolina) no Distrito de Vanduzi, Província de Manica, em Moçambique. O local proposto para
o efeito situa-se no Posto Administrativo de Vanduzi, Localidade de Chigodole, Povoado de
Selva-Lenha. O Terminal será abastecido por meio de um oleoduto, que se estende desde o
Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique, até Feruka, no Zimbabwe.
A CPMZ é uma empresa moçambicana sediada na Cidade da Beira, Província de Sofala,
vocacionada para o transporte de produtos petrolíferos. O oleoduto acima referido, conhecido
como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”, é operado pela CPMZ desde 1965 e possui uma
extensão de 294,3 km. Este oleoduto possui duas estações de bombagem, sendo uma na
cidade da Beira (Província de Sofala) e outra em Maforga (Província de Manica), a partir das
quais se faz a bombagem do produto em altas pressões para o Zimbabwe.
O combustível do Terminal será fornecido a vários distribuidores vindos de Tete, Malawi e
Zâmbia, cujos camiões-cisterna serão abastecidos no Terminal. O tempo de vida útil do
Terminal de combustíveis é estimado em 40 a 50 anos e o valor estimado de investimento é
de US$19,649,323.66 milhões (dezanove milhões, seiscentos e quarenta e nove mil e
trezentos e vinte três Dólares Americanos e sessenta e seis cêntimos; a converter ao câmbio
do Banco de Moçambique).
Em resposta à submissão da Instrução do Processo e em conformidade com o Regulamento
sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental10 (Decreto n.º 54/2015, de 31 de
Dezembro), o “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento
e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica” (doravante designado “o
Projecto” ou “o Terminal”), foi classificado pelo Serviço Provincial do Ambiente (SPA) de
Manica11 como de “Categoria A”. (ver cópia da carta de Categorização no Anexo 1). Como
estabelecido no Decreto acima referido, na Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) de
projectos de Categoria A é necessário realizar as seguintes etapas principais: (i) um Estudo
de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e Termos de Referência (TdR)
do Estudo de Impacto Ambiental (EIA); e, subsequentemente (ii) um Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) detalhado. A Consulta Pública deve ser integrada em cada uma destas duas
fases.
O Relatório do EPDA e os TdR do EIA foram aprovados pelo MTA em Março de 2022, como
reflectido na cópia da respectiva carta de aprovação emitida pelo MTA, apresentada no
Anexo 2. Nos TdR (Anexo 3) estão descritas as diversas actividades procedimentos
metodológicos que serviram de base para a realização do EIA reportado neste Relatório de
EIA.
O presente Relatório de EIA abarca o conteúdo definido para Relatórios de EIA no artigo 11
do Regulamento de AIA. A documentação referente à fase do EIA abarca o seguinte: (i) o
Relatório do EIA, incluindo o respectivo Resumo Não Técnico; (ii) um Plano de Gestão
Ambiental (PGA), que providencia as bases para a mitigação, gestão e monitorização dos
impactos do Projecto; e (iii) um Relatório de Consulta Publica (que será produzido após a
realização dos encontros de Consulta Pública da Fase do EIA).
10
Abreviadamente designado “Regulamento de AIA” neste documento.
11No decurso da AIA deste Projecto, os assuntos referentes à Avaliação de Impacto Ambiental, antigamente sob tutela da antiga Direcção
Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER), passaram a estar a cargo de uma nova autoridade, o “Serviço
Provincial do Ambiente” (SPA), criado na sequência da reestruturação do Aparelho do Estado, ocorrida após as Eleições Presidenciais de
Outubro de 2019 em Moçambique. Do mesmo modo, a designação do ministério de tutela da área de Ambiente, nomeadamente o
“Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural” (MITADER), passou a ser “Ministério da Terra e Ambiente” (MTA). No presente
Relatório são usadas as designações actualizadas, respectivamente SPA e MTA.
Preparado por: Impacto, LDA
1
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Os documentos acima citados serão submetidos ao MTA, para revisão/aprovação, sendo que
da aprovação deverá resultar a atribuição de uma Licença Ambiental ao Proponente do
Projecto. A empresa Projectos e Estudos de Impacto Ambiental, Limitada (IMPACTO, Lda) é
o Consultor Ambiental contratado pela CPMZ para realizar a AIA do Projecto.
3 JUSTIFICATIVA DO PROJECTO
Actualmente, Tete, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia recebem combustível transportado em
camiões-cisterna, que fazem o carregamento no Porto da Beira, localizado na Cidade da
Beira, na Província de Sofala. A existência de um Terminal de combustíveis para o
carregamento desses camiões-cisterna em Vanduzi coloca o ponto de carregamento mais
próximo do destino final desses combustíveis (indicado acima), encurtando em cerca de
400 km a distância a ser percorrida pelos mesmos. Esta é a principal razão que justifica a
construção de um terminal em Vanduzi, destinado ao armazenamento, manuseamento e
distribuição de combustíveis, proposta da CPMZ.
12 Este objectivo é aplicável na ausência de “questões fatais”. Considera-se que na ausência de questões fatais, pode prosseguir-se com
a realização do EIA.
Preparado por: Impacto, LDA
4
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Março de 2022, como atesta a carta emitida pelo MTA (Anexo 2), que é acompanhada de
uma série de comentários e recomendações a cumprir nos estudos da fase do EIA.
c) Fase III: EIA detalhado
A fase de EIA (i.e. a presente fase) tem em vista o cumprimento dos objectivos descritos no
Capítulo 2 do presente relatório. Esta fase envolveu uma pesquisa bibliográfica e estudos de
campo (estes últimos em Vanduzi).
A documentação da Fase do EIA a submeter à DINAB compreende o seguinte:
• Relatório do Estudo de Impacto Ambiental (EIA): corresponde ao presente
Relatório, que engloba informação sobre os estudos do ambiente Físico, Biótico e
Socioeconómico realizados. Os estudos do Meio Socioeconómico, pela sua ampla
abrangência e nível de detalhe, foram realizados na forma de um “Estudo de
Especialidade de Socioeconomia”, cujo conteúdo se encontra integrado neste
Relatório;
• Plano de Gestão Ambiental (PGA): é um documento que define papéis e
responsabilidades de gestão da implementação de medidas de mitigação e de
monitoria ambiental, com o intuito de garantir que o projecto seja implementado e
gerido de uma forma ambientalmente correcta. O PGA inclui uma abordagem à gestão
de situações de emergência relacionadas com o Projecto;
• Relatório de Consulta Pública (CP): o Relatório de CP, que será produzido após a
realização da CP da Fase do EIA, apresentará os procedimentos de planificação,
execução e registo das acções desencadeadas durante o processo de CP, entre
outros aspectos, como explicado no subcapítulo seguinte.
CP da Fase do EIA
Na fase de EIA (i.e. a presente fase), a reunião de Consulta Pública está igualmente
programada para ser realizada na Sede de Distrito de Vanduzi, com os seguintes objetivos
específicos:
• Fornecer informação sobre as actividades desenvolvidas ao longo do EIA;
• Apresentar o Relatório do EIA, incluindo os aspectos que ficaram por abordar e/ou
detalhar na anterior Fase do EPDA;
• Fortalecer os canais de comunicação entre a equipa de CP (i.e. Consultor e
Proponente) e o público;
• Recolher e dar resposta a questões, comentários e sugestões sobre o Projecto, para
consideração, conforme aplicável, no Relatório do EIA.
Tabela 6).
Nota: nas províncias, o sector de combustíveis está sob tutela do Serviço Provincial
de Infraestruturas (SPI) e nos distritos, o mesmo está a cargo do SDPI.
FUNDO DE O FIPAG é uma instituição pública de âmbito nacional tutelada pelo Ministério das
INVESTIMENT Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, dotada de personalidade jurídica
O DO e autonomia administrativa, financeira e patrimonial. As atribuições desta instituição
PATRIMÓNIO incluem, entre outras, as seguintes:
DE
ABASTECIMEN • Agir em nome do estado, como interlocutor principal com o operador privado;
TO DE ÁGUA • Gerir, de forma, eficiente e financeiramente viável, o programa de investimento
(FIPAG) público e privado nos sistemas de abastecimento de água que lhe forem
confiadas;
• Gerir os bens operacionais e de exploração afectos aos sistemas de
abastecimento de água que lhe forem confiados a título transitório, entre outras.
MINISTÉRIO O MTC é o órgão Central do Aparelho do Estado com competência para a execução
DOS da política dos Transportes e Comunicações, nos domínios público e privado,
TRANSPORTE visando o desenvolvimento integrado e equilibrado do País. Entre as diversas
SE atribuições deste ministério inclui-se a formulação de políticas de actuação do
COMUNICAÇÕ Governo no domínio dos transportes rodoviários (…) e a sua implementação,
ES (MTC) garantindo a coordenação interna com subsistemas de circulação e segurança
rodoviária (…); a aprovação, homologação e certificação de veículos e
equipamentos afectos aos sistemas de transporte rodoviários, incluindo as
infraestruturas rodoviárias, garantindo os padrões técnicos e de segurança
exigidos; e ainda inspeccionar e fiscalizar os operadores do ramo dos transportes
rodoviários (…), o que inclui a aplicação de penalidades aos infractores.
O MTC está representado em cada província pela Direcção Provincial de
Transportes e Comunicações (DPTC) e ao nível distrital pelo Serviço Distrital de
Planeamento e Infraestruturas (SDPI).
Nota: O transporte de combustível do Projecto será feito por camiões-cisterna que,
em território moçambicano, deverão cumprir os parâmetros e exigências do MTC
para o efeito.
Nota: A Estrada Nacional N.º6 (N6), principal via de circulação existente na área do
Projecto, está concessionada a um operador privado. A Concessão inclui as
respectivas estradas de ligação e infraestruturas conexas.
Projecto, com base em informação geral sobre o Projecto recebida por escrito e também com
base em informação recolhida pelo MTA no local do Projecto, numa visita de pré-avaliação
do Projecto.
A categoria atribuída ao Projecto depende do tipo de projecto versus complexidade do mesmo
e do seu potencial para causar impactos significativos no seu meio de inserção. Deste modo,
em resultado da Instrução do Processo, o Projecto pode ser classificado como de Categoria
A+, A, B ou C, como especificado abaixo:
• Projectos de Categoria A+: projectos desta categoria requerem a realização de um
Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA) e Termos de
Referência (TdR) para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e, subsequentemente,
um EIA detalhado. Estes estudos são sujeitos à revisão e supervisão de especialistas
independentes com comprovada experiência relevante;
• Projectos de Categoria A: requerem um EPDA e TdR para o EIA e,
subsequentemente, um EIA detalhado;
• Projectos de Categoria B: requerem TdR para um Estudo Ambiental Simplificado
(EAS) e, subsequentemente, um EAS;
• Projectos de Categoria C: estão isentos de uma AIA, embora a sua implementação
esteja sujeita a “Procedimentos de Boas Práticas de Gestão Ambiental” que devem
ser compiladas para o Projecto em questão.
Qualquer um dos documentos acima indicados requer a aprovação da autoridade ambiental
(i.e. do MTA). O Regulamento de AIA especifica o âmbito e os procedimentos para cada uma
das fases da AIA e para cada uma das categorias, nomeadamente nos artigos 7, 10, 11 e 12.
Os tipos de Projectos correspondentes a cada uma das Categorias estão listados nos Anexo
I, II, III e IV do Regulamento, como indicado a seguir:
• Anexo I: Projectos de Categoria A+;
• Anexo II: Categoria A;
• Anexo III: Categoria B;
• Anexo IV: Categoria C.
Para Projectos de Categoria A (e A+) o Decreto exige, na alínea a) do número 1 do artigo 10,
que seja determinada na fase do EPDA a possível existência de “questões fatais” para o
Projecto, ou seja, potenciais obstáculos que, pela sua gravidade, possam determinar a
necessidade de anulação do Projecto, ou então de mudanças significativas no desenho do
Projecto, de modo a torná-lo viável. O Anexo V do Regulamento lista as condições que podem
levar a concluir que existem questões fatais relacionadas com o Projecto, incluindo o
seguinte: existência de áreas de protecção ou conservação total de recursos naturais e/ou
áreas contendo espécies endémicas e de distribuição restrita; existência de áreas de
importância reconhecida para espécies migratórias/congregatórias, e/ou áreas de
importância reconhecida para a provisão de serviços de ecossistemas.
Para o Projecto foram programadas reuniões de Consulta Pública nas fases de EPDA e EIA. Na
AIA considerou-se que “têm direito a tomar parte no processo de Participação Pública, ou de se
fazerem representar, todas as partes interessadas ou afectadas, directa ou indirectamente, pela
actividade”, como disposto no número 8 do artigo 15 do Regulamento de AIA, garantindo, deste
modo, uma Participação Pública inclusiva e abrangente.
16 A realização de Auditorias Ambientais está a cargo da Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA), um órgão do
MTA criado pelo Decreto n.º 2/2016 de 10 de Fevereiro, ao qual se faz referência adiante neste capítulo.
17 A Inspecção Ambiental, tal como a Auditoria Ambiental, é uma função designada à AQUA.
para fins de consumo humano” e não incluem água para a indústria de combustíveis
ou outra finalidade directamente relacionada com a indústria de combustíveis.18
Os padrões estabelecidos conjuntamente pelo Decreto n.º 18/2004 e pelo
Decreto n.º 67/2010 estão definidos como indicado a seguir:
• Anexo I: Padrões de Qualidade da água (Decreto n.º 67/2010) – este anexo inclui o
Anexo IA (Poluentes Atmosféricos Inorgânicos e Orgânicos Carcinogénicos); e Anexo
IB (Substâncias com Propriedades Odoríferas);
• Anexo II: Padrões de emissão para poluentes gasosos industriais – este anexo inclui
os limites máximos de emissões permissíveis para veículos a motor ou fontes móveis
(Decreto n.º 18/2004);
• Anexo III: Padrões de emissão para efluentes líquidos industriais – estão listados
diversos tipos de indústrias (Decreto n.º 18/2004);
• Anexo IV: Padrões de emissão para efluentes domésticos (Decreto n.º 18/2004);
• Anexo V: Substâncias químicas potencialmente prejudiciais, incluindo pesticidas
(Decreto n.º 67/2010).
O Regulamento define ainda, entre outros aspectos, as competências para controlo, apoio
técnico, revisão dos padrões, fiscalização de transgressões e regime de sanções.
➢ REGULAMENTO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (DECRETO N.º 94/14, DE
31 DE DEZEMBRO)
O Regulamento estabelece regras para a recolha, movimentação, acondicionamento,
tratamento e valorização de resíduos. Este aplica-se a todas as pessoas singulares e
colectivas, públicas e privadas, envolvidas na produção e gestão de resíduos sólidos urbanos,
e de resíduos industriais e hospitalares equiparados aos urbanos.
Como mencionado no seu artigo 3, o Regulamento não se aplica ao seguinte:
a) Resíduos industriais perigosos;
b) Resíduos biomédicos;
c) Resíduos radioactivos;
d) Emissões e descargas de efluentes;
e) Águas residuais;
f) Outros resíduos sujeitos a regulamentação específica.
O Regulamento determina que os produtores de resíduos sólidos urbanos têm a obrigação
de minimizar a produção de resíduos; garantir o transporte adequado dos resíduos
produzidos pela sua actividade até ao seu local de deposição final; e assegurar a minimização
do impacto de tais resíduos no ambiente e na saúde e segurança pública, resultante da sua
deposição dentro ou fora do local de produção, entre outros aspectos (artigo 11)19.
➢ REGULAMENTO SOBRE A GESTÃO DE RESÍDUOS PERIGOSOS (DECRETO N.º 83/2014, DE 31
DE DEZEMBRO DE 2014)
18 Isto não isenta a indústria de combustíveis do cumprimento do prescrito em outros instrumentos legais que promovem o uso e a
conservação dos recursos de água, proibindo a degradação da sua qualidade e penalizando os infractores.
19 Aplicável igualmente a transportadores e operadores de resíduos sólidos urbanos.
• Resíduos biomédicos;
• Resíduos radioactivos;
• Emissões e descargas de efluentes, com excepção das que contenham as
características perigosas descritas no anexo III;
• Águas residuais, com excepção das que contenham características as perigosas
descritas no anexo III;
• Outros resíduos perigosos sujeitos a regulamentação específica.
Este Regulamento caracteriza os vários tipos de resíduos e substâncias perigosas (Anexo
III); apresenta orientações para a identificação de resíduos perigosos, incluindo simbologia
de identificação dos recipientes / contentores de resíduos perigosos (Anexo IV); e define
regras e procedimentos básicos para o transporte de resíduos perigosos (Anexo VIII).
Este Decreto define o regime a que estão sujeitas as actividades de produção, importação,
recepção, armazenamento, manuseamento, distribuição, comercialização, transporte,
exportação e reexportação de produtos petrolíferos.20 O número 1 do artigo 4 do Decreto
especifica os tipos de licença necessários para a execução das actividades relacionadas com
produtos petrolíferos acima referidas, cuja competência de atribuição (número 1 do artigo 5)
é do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME).
Do ponto de vista da AIA, é relevante o disposto nos artigos 77 e 82, como especificado a seguir:
• “Cessação de actividade por inutilidade de instalações petrolíferas” (artigo 77): o número 1 do
artigo 77 dispõe que no caso de cessação da exploração, por inutilidade das instalações,
confirmada pela entidade licenciadora, tais instalações devem ser removidas, devendo as
condições dos respectivos locais ser restauradas a um nível tal que permita garantir a segurança
das pessoas e do ambiente. Os respectivos custos devem ser suportados pelo titular do registo
de exploração da instalação;
20 Este Decreto revoga os Decretos n.º 9/2009, de 1 de Abril, e n.º 63/2006, de 26 de Dezembro.
Preparado por: Impacto, LDA
19
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
21 Enquadram-se nesta categoria, por exemplo, os Parques Nacionais. As ZPT estão fora do contexto deste Projecto, uma vez que não se
espera interferência com qualquer tipo de área de conservação / preservação da natureza, ou de defesa da segurança do Estado.
22 Exemplos de outros tipos de instalações/infraestruturas e recursos para os quais estão definidas ZPPs incluem barragens, linhas férreas,
A Lei obriga tanto as empresas de grande dimensão, como as pequenas empresas, cujos
trabalhadores, independentemente do efectivo, exerçam actividades penosas, insalubres ou com
alto grau de periculosidade de exposição permanente, a criarem condições para a assistência de
primeiros socorros, em caso de ocorrência de acidente. O Artigo 221 determina que, em empresas
dotadas de unidades sanitárias privativas, devem ser realizados exames médicos regulares aos
trabalhadores, com o objectivo de verificar a sua aptidão para o desempenho das respectivas
funções. A Secção III da Lei apresenta disposições específicas para acidentes de trabalho e
doenças profissionais, incluindo o dever de assistência (artigo 228) por parte da entidade
empregadora.
Nos termos deste Regulamento (artigo 5), o empregador deve adoptar as medidas prescritas nas
leis e regulamentos relativos à prevenção dos acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e,
entre outros aspectos, garantir a formação dos trabalhadores sobre as formas de prevenção de
riscos ocupacionais. O Regulamento faz referência ao direito do trabalhador de se beneficiar de
assistência médica imediata em caso de acidente ou doença ocupacional, atribuindo ao
empregador o dever de providenciar tal assistência (artigo 15).
A Lei proíbe a realização de testes para o diagnóstico de infecção por HIV sem consentimento
informado e voluntário, salvo em situações excepcionais (listadas no artigo 26) de carácter clínico
(determinadas por pessoal clínico), ou para fins processuais penais e ou civis (sob ordem prévia
da autoridade judicial competente). A Lei proíbe ainda, no seu artigo 37, a exigência do teste
serológico para (…) acções de formação ou qualquer outra actividade. Fica aqui implícito que a
contratação de pessoal para o Projecto e a elegibilidade à formação não deverão ser condicionadas
à apresentação do resultado do teste serológico de HIV/SIDA.
a utilizar, bem como avaliação do seu impacto ambiental”. Será emitido o título de uso e
aproveitamento de água (ou de lançamento de efluentes)26 quando a decisão da
Administração Regional de Águas se tornar definitiva e executória (artigo 39).
RECURSOS MADEIREIROS
A madeira que possa ser necessária para as actividades de construção deverá ser obtida de
operadores madeireiros autorizados/licenciados. A exploração de madeira pelo Projecto será
considerada ilegal, a não ser que o Proponente adquira a licença necessária para o efeito.
26 Idem, acima.
27 A ANE foi criada pelo Decreto n.º 15/99, de 27 de Abril.
28 Indicadas na alínea b) do número 1 do artigo 5.
Para o acesso ao local do Projecto existirá um desvio a partir da Estrada Nacional N.º6 (estrada
classificada, entre Beira e Machipanda). Embora o desvio em questão não se enquadre na
categoria de “estradas classificadas”, será necessário que quaisquer propostas de intervenção
nesta via (ou o estabelecimento de uma nova via de acesso ao local do projecto a partir da N6),
sejam submetidas à aprovação da ANE (ou da concessionária autorizada da N6), garantindo assim
a prevenção (ou minimização) dos possíveis riscos de segurança ao longo da N6 e/ou na Zona de
Protecção Parcial da N6. Saliente-se que N6 está concessionada a uma empresa privada (ao
abrigo do Decreto n.º 93/2019, de 17 de Dezembro) e que a referida empresa está autorizada a
actuar em nome da ANE em matéria de gestão da N6, incluindo as respectivas estradas de ligação
e infraestruturas conexas.
7 DESCRIÇÃO DO PROJECTO
7.1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E INSERÇÃO ESPACIAL DO PROJECTO
A CPMZ propõe situar o Projecto numa área de 50 ha, na Província de Manica, Distrito de
Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi, Localidade de Chigodole, povoado de Selva-
Lenha. Da área total, uma parcela de 11 ha foi seleccionada para ser ocupada por tanques
de armazenamento, na sequência de testes geotécnicos preliminares.
Na Figura 4 apresenta-se um mapa de localização geográfica do Projecto, e na Figura 5
mostra-se a mesma localização sobre uma imagem de Google Earth. Os 2 polígonos
representam o local de implantação do Projecto, ou seja, a área de DUAT atribuída à CPMZ
para o Projecto.
Na imagem seguinte (Figura 6) apresentam-se, para além da localização, alguns pontos de
referência existentes na área envolvente e identificados no trabalho de campo, como
especificado a seguir:
• A N6, principal via de acesso ao local do Projecto (a Norte do local do Projecto);
• Oleoduto Moçambique-Zimbabwe, da CPMZ, que transporta combustível do Porto da
Beira (na Cidade da Beira) até Feruka, na República do Zimbabwe e que deverá
abastecer o Terminal; o oleoduto tem uma secção do seu traçado quase contígua ao
limite norte do local do Projecto;
• Uma infraestrutura de Educação (EP1 de Vila Maninga);
• Uma infraestrutura de Saúde (CS de Chigodole e CS do Cruzamento de Tete);
• Uma fábrica de pesticidas (propriedade privada);
• Áreas habitadas;
• Locais de importância sociocultural (cemitério, local sagrado e floresta sagrada).
Figura 6 – Inserção espacial da área do Projecto, com relação a uma série de pontos de
referência existentes nas imediações do local
O acesso principal ao Terminal de Combustíveis é através da Estrada Nacional Nº6 (N6; ver
Figura 8) integrada no Corredor da Beira, ligando Machipanda31 à Cidade da Beira.
32Um dos pórticos de carga será equipado com um braço de abastecimento adicional, dedicado ao combustível existente no separador
água/óleo.
Preparado por: Impacto, LDA
34
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental do “Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica”
LEGENDA
➢ B) ARMAZENAMENTO DE COMBUSTÍVEIS
estacas como estruturas de suporte. Especificações mais detalhadas das fundações serão
baseadas nos resultados de estudos geotécnicos detalhados.
Os tanques de armazenamento serão construídos sobre uma viga circular e circundados por
lajes de betão e paredes de protecção (bacia de contenção). Serão necessárias fundações
para as seguintes estruturas (exemplos):
• Tanques de armazenamento de combustível;
• Paredes das bacias de contenção;
• Estrutura da estação de bombagem;
• Suportes de tubos;
• Pórtico de carga;
• Escritórios e outras infraestruturas auxiliares.
c) REVESTIMENTO DE PROTECÇÃO
Os tanques serão revestidos com epóxi fenólico, para reduzir a corrosão por tensão, assim
como o início de fissuras e a propagação nas suas superfícies internas. O revestimento estará
de acordo com a Norma API 2610.
d) SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E REMOÇÃO DE ÁGUA
A ventilação dos tanques será projectada de acordo com a API 2000 (“ventilação atmosférica
e de baixa pressão para tanques de armazenamento”). Qualquer água que condense no
tanque de gasolina será removida através de uma mangueira flexível conectada à manta
flutuante, que o conduzirá a um tubo de drenagem para fora do tanque.
e) TUBAGEM E CANALIZAÇÃO
As tubagens serão de aço-carbono e estarão de acordo com a norma ASME B31.3. Os
rebordos obedecerão à norma ASME B16.5 e as juntas serão em espiral comprimido. As
tubagens, desde os tanques de armazenamento até ao pórtico de carga, serão
dimensionadas de forma a poderem fornecer o produto (i.e., gasóleo ou gasolina) a todos os
4 pórticos de carregamento em simultâneo, ou seja, 180 m3/h.
As tubagens desde o tanque de armazenamento até ao pórtico de carga, serão montadas
acima do solo; para os caminhos de passagem de tubos ou os cruzamentos sob condições
especiais haverá condutas de betão. As tubagens de processo localizadas no interior da
estação de bombagem serão apoiadas em suportes de aço ou travessas de tubos de betão.
Qualquer tubagem que seja enterrada será protegida com ânodo sacrifical.
A tubagem consistirá em tubos lisos (i.e. sem rugosidade), com um padrão industrial de
0,046 mm, considerado aceitável para tubos de aço carbono, respeitando o seguinte:
• A queda de pressão na tubagem não deve exceder 0,6 bar/100 m;
• A pressão de operação não deve exceder a pressão de operação de ASME
Classe 150 (máximo de 20 bar), tendo em conta o aumento de pressão;
• Velocidade máxima de operação do fluido: 4 m/s; velocidade mínima de operação do
fluido: 0,5 m/s.
f) TIPOS DE VÁLVULAS
• Válvulas de isolamento geral: serão válvulas esféricas resistentes ao fogo. Em
certas aplicações, o uso de outros tipos de válvulas de isolamento, tais como válvulas
de guilhotina, poderá ser mais apropriado (Norma de referência: API 6D);
• Válvulas de retenção: serão do tipo “wafer”, salvo de outro modo indicado nos
diagramas de tubagens e instrumentação (Norma de referência: API 600);
• Válvulas de descompressão: serão válvulas-piloto de mola (Norma de referência:
API 520/521);
• Válvulas de alívio térmico: servirão para equipamentos e para secções que possam
vir a ficar trancadas por válvulas de isolamento. As ligações ao equipamento a
proteger devem ser feitas através de válvulas esféricas de bloqueio-abertura (Norma
de referência: API 520/521.
g) FILTROS DE PARTÍCULAS
Filtros de partículas serão instalados a montante de cada bomba. Estes filtros serão
tipicamente coadores em linha. O seu objectivo principal é o de remover qualquer material
particulado, impedindo-o de entrar e danificar as bombas (Norma de Referência: ASME VIII
– “Regras para a construção de reservatórios de pressão”).
h) SISTEMA DE CONTROLO DE VAPOR
Uma unidade de recuperação de vapor será instalada no local, para recuperar quaisquer
possíveis vapores dos tanques de armazenamento e do pórtico de abastecimento. Os
requisitos e as especificações deste sistema serão avaliados na finalização do design do
Projecto.
CAUDAL DO PROJECTO
O Terminal de Combustível será concebido de modo a receber o maior caudal de combustível
possível estabelecido nas especificações de bombagem (ver Secção 7.4.4).
As propriedades de entrada de combustível serão as seguintes:
• Fluxo de entrada do tanque a partir do oleoduto: 577 m3/h;
• Pressão de entrada a partir do oleoduto: 900 kPa;
O desenho do pórtico de carregamento será baseado no seguinte:
• 3 pórticos de carga capazes de carregar tanto gasóleo como gasolina;
• Operação 24 h/dia, 7 dias por semana;
• Camiões-cisterna com capacidade média de 40 m3;
• Cada camião-cisterna será conectado e abastecido em 1 hora – isto permite um tempo
de enchimento da cisterna de 40 minutos e um tempo de ligação de 20 minutos;
O Caudal de Projecto será de 60 m3/h por pórtico de abastecimento. Isto equivale a uma
capacidade de reposição do volume total de armazenamento de 3 vezes por mês no Terminal.
BOMBAS
O Terminal está projectado de modo a receber a maior taxa de fluxo concebida no projecto
das bombas de enchimento dos camiões-cisterna. Enquanto um tanque em particular estiver
a receber combustível do oleoduto, o outro tanque do mesmo produto será usado para
fornecer combustível à plataforma de carregamento de combustível. A passagem e a
interrupção da passagem de combustível entre os tanques e as bombas é controlada por
válvulas. A montante de cada bomba existirá um filtro, com o propósito de remover partículas
sólidas do fluxo do combustível e proteger as partes internas da bomba.
As bombas de abastecimento serão dimensionadas de acordo com o seguinte princípio:
a) Se uma plataforma de carregamento necessita de combustível, uma bomba é ligada
e fica em operação;
b) Se duas plataformas de carregamento necessitam de combustível, uma bomba fica
em operação, com a taxa de fluxo mais alta;
c) Se três plataformas de carregamento necessitam de combustível, uma segunda
bomba é ligada e fica em operação.
GESTÃO DE DERRAMES
➢ CONTENÇÃO DE DERRAMES DOS TANQUES DE COMBUSTÍVEL
Os tanques de armazenamento serão instalados de forma agrupada em áreas com bacias de
contenção, sendo que existirá uma bacia de contenção para os tanques de gasóleo, e outra
para os tanques de gasolina. A bacia de contenção será inclinada para um ponto central,
onde todo o conteúdo derramado será armazenado num poço de armazenamento de
combustível derramado.
Como um requisito mínimo, uma bacia de contenção deve ter a capacidade para conter o
volume máximo do combustível que pode ser derramado do maior tanque contido na bacia,
assumindo que o tanque esteja cheio (Norma de referência: NFPA 30). O volume dos outros
tanques existentes na área da bacia de contenção deve ser, assim, deduzido da capacidade
da bacia.
Cada uma das bacias de contenção de derrames dos tanques de combustível no Terminal
terá a capacidade para conter, no mínimo, 110% da capacidade do maior tanque contido na
bacia, assumindo que o tanque esteja cheio, ou 25% da capacidade de todos os tanques
existentes na bacia de contenção, independentemente da capacidade do maior tanque
(Norma de Referência: EI Model Code of Safe Practice Part 2, que orienta sobre layout,
design, construção e operação de instalações de distribuição de combustível).
O chão da bacia de contenção será construído em betão armado e suficientemente selado,
para conter todo o produto se a bacia de contenção estiver cheia. Os pontos de penetração
da tubagem através das paredes das bacias de contenção serão completamente vedados,
para evitar fugas de combustível.
➢ CONTENÇÃO SECUNDÁRIA E DETECÇÃO DE FUGAS
Uma membrana impermeável de polietileno de alta densidade (HDPE)35 de 1,5 mm de
espessura deve ser instalada sob todas as placas do fundo dos tanques de combustível, para
conter qualquer vazamento do fundo do tanque e garantir que qualquer vazamento seja
redireccionado para os sistemas de detecção. Um tubo de detecção de vazamento, de
plástico, reforçado com vidro (GRP, ou fibra de vidro),36 será instalado abaixo da placa inferior
e acima da membrana HDPE, sob cada tanque. O tubo levará a um ponto de inspecção no
nível do solo fora de cada tanque.
➢ CONTENÇÃO DE DERRAMES NA PLATAFORMA DE CARREGAMENTO
Possíveis derrames no pórtico de carga ou nas bacias de contenção terão o seu fluxo
direccionado para o sistema de drenagem e seguirão para o separador de óleo/água, que
será instalado no local, com a finalidade de proceder à separação entre o combustível e a
água. O combustível resultante deste processo de separação pode ser reciclado para os
tanques de gasóleo.
Cada plataforma de carregamento será equipada com 2 braços de carga, cada um dedicado
a gasolina ou gasóleo. Um dos pórticos de carga será equipado com um braço de carga
adicional, que será dedicado ao carregamento do conteúdo do tanque de interface. A
plataforma de carregamento terá uma bacia central de captação de derrames, com tubagens
que irão direccionar qualquer combustível derramado para o tanque de armazenamento de
combustível derramado. Assim, qualquer derrame de combustível que possa ocorrer numa
plataforma de carregamento será conduzido para o sistema de drenagem, que irá conter um
separador água/óleo, onde será feita a separação, para a posterior transferência de volta para
o tanque de armazenamento de gasóleo ou gasolina, conforme o caso.
➢ CONTENÇÃO DE DERRAMES NA ESTAÇÃO DE BOMBAGEM
As bombas serão montadas sobre plintos (bases de suporte) de betão armado. A estação de
bombagem será localizada dentro de uma área de captação, construída em betão, a fim de
conter quaisquer possíveis derrames. Será construído um poço com capacidade suficiente
para conter os volumes totais de produto contido na tubagem e no equipamento da estação
de bombagem e ainda uma capacidade adicional, i.e., o volume da interface, se necessário.
SISTEMA ELÉCTRICO
Os equipamentos eléctricos devem ser projectados, fabricados e testados de acordo com as
normas da Comissão Electrotécnica Internacional (IEC – International Electrotechnical
Commission) ou normas equivalentes aprovadas. O local proposto para a construção do
Terminal de Vanduzi encontra-se -se em relativa proximidade (cerca de 2 km) de uma linha
eléctrica aérea de média tensão, a partir da qual se pretende derivar energia para o Projecto.
Para o efeito será necessário instalar um transformador e um comutador, para o
estabelecimento da ligação de Baixa Tensão para o Terminal.
➢ PRINCIPAL EQUIPAMENTO PARA O SISTEMA ELÉCTRICO
Inclui o seguinte (lista não exaustiva):
➢ LIGAÇÃO A TERRA
Todos os equipamentos pertencentes ao Terminal serão conectados à rede de terra, para
garantir a protecção contra raios e ligações equipotenciais. A resistência da ligação a terra
não deve ser superior a 2 Ohm.
SISTEMA DE AR COMPRIMIDO
Este sistema fornecerá o ar comprimido necessário para instrumentos e equipamentos, de
acordo com as especificações do fabricante e baseado em normas internacionais.
SISTEMA DE CONTROLO OPERACIONAL
O Sistema de Controlo do funcionamento do Terminal será caracterizado por um alto nível de
automatização e será projectado com os seguintes objectivos:
• Providenciar aos operadores um sistema seguro, eficiente e confiável para a operação
do Terminal;
• Estabelecer a interface com o equipamento do Terminal, incluindo a instrumentação
e controlos de campo, bem como os sistemas de alarme de incêndio;
• Providenciar as condições necessárias para o controlo e detecção de derrames, e
isolamento do Terminal, em caso de derrame;
• Permitir que os operadores interajam com o equipamento do Terminal por meio de
monitores gráficos, em tempo real.
O sistema será baseado em SCADA (Sistemas de Supervisão e Aquisição de Dados),
organizado em torno de uma rede de Ethernet redundante. O sistema deverá incluir as
seguintes funções de última geração:
• Componentes redundantes do sistema para HMI,40 CPU (Unidade Central de
Processamento), fonte de alimentação e redes em série;
• Sistemas de medição de tanques por radar, para monitorar os níveis dos tanques;
• Válvulas operadas por motor com PLC (controlador lógico programável)41 integrado
para monitoramento e controlo;
• Controlador electrónico pré-definido, para carregamento de camiões;
• Sistema de alarme de incêndio, para detecção de incêndios;
• Sistema de desligamento de emergência, com capacidade de desligamento (shut-
down) automático em caso de emergência;
• Sistema de protecção contra transbordamento de tanques, baseado em PLC.
O Sistema de Controlo do Terminal será operado a partir de uma Sala de Controlo. Esta sala
terá um tecto ondulado e um piso elevado, para suportar as condições climáticas locais
(principalmente chuvas e ventos) e painéis e acessórios do sistema de controlo e segurança.
➢ MEDIÇÃO DE FLUXO
Existirão instalações de medição de fluxo devidamente certificados, na entrada do Terminal
e nos pórticos de carga, para o controlo das transferências de combustível. Os contadores
terão um indicador local no contador, assim como uma ligação electrónica ao computador de
fluxo e ao sistema SCADA.
40 “Human-Machine Interface” ou, em Português, “interface homem-máquina”. Consiste em um painel que permite a um usuário comunicar
com uma máquina, um programa de computador ou um sistema. Tecnicamente, refere-se a qualquer tela que possa ser usada para interagir
com um dispositivo mas, em geral, o termo é usado para descrever as telas utilizadas em ambientes industriais.
41 Em Inglês: Programmable Logic Controller.
➢ ACCIONAMENTO DE VÁLVULAS
Os accionadores de válvulas serão eléctricos e adequados para operar ao ar livre, sendo por
isso resistentes a fogo e a explosões.
SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIOS
O sistema de prevenção e combate a incêndios será projectado de acordo com as normas
da NFPA 30 (Código de Líquidos Inflamáveis e Combustíveis), que estabelece medidas para
reduzir os riscos associados ao armazenamento, manuseamento e uso de líquidos
inflamáveis e combustíveis. Haverá um sistema fixo de espuma com tamanho suficiente para
proteger os tanques, a bacia de contenção, as bombas e o pórtico de abastecimento de
camiões-cisterna. O sistema incluirá o seguinte:
• Sistema de detecção e alarme para fugas de combustível;
• Aspersores de espuma fixos montados na estação de bombagem;
• Tanque de água;
• Bomba de água de incêndio;
• Tanque de concentrado de espuma;
• Equipamento de dosagem de espuma (válvulas de dilúvio);
• Espuma de película aquosa resistente ao álcool (ARAFFF)42;
• Vertedores de espuma para as bacias de retenção;
• Vertedores fixos de espuma para os tanques;
• Monitores / Bocas de incêndio;
• Unidades móveis lança-espuma (foam trolleys);
• Anéis de arrefecimento de tanques.
Cada tanque será equipado com um vertedor de espuma fixo, posicionado no topo do tanque,
ligado ao sistema de espuma de combate a incêndio, que será activado em caso de incêndio
de um tanque. Cada tanque será também equipado com anéis de refrigeração do tanque que
serão utilizados para proteger o tanque em caso de incêndio de um tanque adjacente.
O tanque de água para o combate a incêndios será abastecido por um sistema de água
canalizada, com pressão suficiente para o efeito. Os edifícios possuirão extintores,
posicionados estrategicamente para serem usados em caso de fogos de pequena dimensão.
Por razões de segurança, para garantir a conformidade com normas internacionais de
segurança contra incêndios e ainda o cumprimento de normas e legislação nacionais, a
tubagem e o equipamento que entra em contacto com o combustível serão sujeitos a
confirmação do fabricante em termos de compatibilidade, e/ou a uma certificação por
terceiros, conforme aplicável.
➢ BOMBA E TANQUE DE ÁGUA PARA COMBATE A INCÊNDIOS
Será instalada no Terminal uma bomba de água para combate a incêndios, em conformidade
com a norma NFPA. A bomba de água para combate a incêndios será abastecida a partir do
tanque de armazenamento de água, cujo dimensionamento estará em conformidade com a
Norma NFPA. O tanque de água para combate a incêndios será abastecido por uma conduta
de água do sistema público (caso tal água esteja disponível), ou por um furo que, no caso,
deverá ser construído pela CPMZ.
➢ PROPORÇÃO DE ESPUMA
Será instalado no Terminal um doseador fixo de espuma. O doseador receberá água da
bomba de água para combate a incêndios, e concentrado de espuma a partir do tanque de
concentrado de espuma, na proporção especificada para o Projecto (tipicamente 3%). O
descarregamento de espuma será feito nos locais onde esta seja necessária.
➢ TANQUE DE CONCENTRADO DE ESPUMA
Será instalado um tanque de armazenamento de concentrado de espuma, com as dimensões
de acordo com a norma NFPA 11. Este tanque será instalado ou num edifício, ou sob uma
estrutura protegida com cobertura, uma vez que o concentrado de espuma normalmente se
deteriora a temperaturas altas, acima de 40ºC.
EDIFÍCIOS
As especificações para os edifícios em termos de área e principais tipos de materiais de
construção constam a seguir, na Tabela 9.
Tabela 9 – Edifícios a construir – área e principais tipos de materiais de construção
Descrição Área (m2) Principal tipo de
material de
construção
Administração*, Sala de Controlo, Laboratório 300 Betão / blocos
Guarita 20 Betão / blocos
Edifício utilitário (oficinas de manutenção e armazéns) 150 Betão / blocos
Equipamento de distribuição de energia 75 Betão
Estação de bombagem de água para combate a incêndios 50 Aço
Área de carregamento de camiões Por determinar Aço
Estação de bombagem Por determinar Aço
Parque de estacionamento de camiões Por determinar Pavimentado
*O edifício da administração irá acomodar, funcionários alfandegários, despachantes e inspectores, para além
dos trabalhadores do Projecto afectos ao sector administrativo. Prevê-se o estabelecimento de uma cantina, para
servir pelo menos o pessoal o pessoal do Projecto e os motoristas dos camiões.
No Anexo 5 estão listadas de uma forma mais abrangente as diversas Normas de referência para
o Projecto. Normas, Códigos e Padrões locais serão considerados sempre que estes sejam mais
rigorosos que os internacionais.
Os resíduos retirados da água compõem uma espécie de lama tóxica, que deve ser recolhida
por uma empresa especializada, para a sua deposição correcta. A água limpa será
descarregada para o sistema de absorção no local e o óleo recuperado será descarregado
para a caixa colectora de óleo de baixo grau, antes da remoção por camiões-tanque, para
descarte adequado.
O número de vagas será confirmado previamente ao início das actividades, em cada acto de
lançamento de candidaturas. Para cargos de carácter especializado, é de esperar que o
Empreiteiro disponha de um quadro de pessoal já afecto à sua empresa (p.ex. Engenheiros, gestor
admininistrativo, entre outros). Isso limita, à partida, a possibilidade de contratação de pessoal para
tais tarefas.
Para a Fase de Operação do Terminal estima-se que o quadro de pessoal necessário será
constituído por aproximadamente 30 trabalhadores nacionais e em princípio não incluirá
expatriados.
44O termo “deslocação económica” é aqui utilizado para designar a deslocação permanente ou temporária de indivíduos, agregados
familiares ou comunidades, que passam a ter a restrição do acesso à terra ou a recursos importantes para a sua sobrevivência e bem-
estar económico.
Preparado por: Impacto, LDA
51
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
ainda que o FIPAG – AOM “não possui nenhuma objecção técnica” à construção da
infraestrutura proposta pela CPMZ (ver Anexo 7).
10 ALTERNATIVAS DO PROJECTO
O Regulamento de AIA determina que o Relatório do EIA, nomeadamente na alínea f) do
número 2 do artigo 11, deve incluir uma análise das alternativas do Projecto. O assunto
tratado neste capítulo, sob diferentes perspectivas, como se segue.
47O espaço destinado à construção de tanques, que se encontra dentro da área total de 50 hectares que será ocupada pelo Projecto,
ocupa uma extensão de 11 hectares.
Preparado por: Impacto, LDA
54
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
48 Sendo a o local do Projecto tipicamente usado para a prática da agricultura, tornou-se necessário, no entanto, realizar um processo de
compensação por perda de machambas e culturas.
49 Maforga situa-se na Localidade de Nhambonda, no Distrito de Gondola.
50 Os 50 metros correspondem à “Zona de Protecção Parcial” (ZPP) do Terminal. A ZPP para instalações petrolíferas é definida na Lei de
Terras (Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro, artigo 8) como “o terreno ocupado pela própria instalação petrolífera, ao qual se acrescenta uma
faixa confinante de 50 metros”.
Preparado por: Impacto, LDA
56
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Nota: A definição destas áreas admite uma dose de subjectividade, dada a dificuldade
em determinar com exactidão o alcance dos impactos directos ou indirectos do Projecto.
12.1 CLIMA
A área do Projecto, seguindo a tendência da Província de Manica em geral, possui um clima
modificado pela altitude e que varia entre Tropical Chuvoso de Savana, nas zonas mais
baixas, e Temperado Chuvoso de Montanha, nas zonas planálticas e montanhosas.
PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURA
Vanduzi é caracterizado por apresentar uma variação sazonal, destacando-se:
• Um período húmido no Verão, entre Outubro e Abril, com valores de precipitação entre
30 mm e 217 mm, sendo o mês de Dezembro o mês mais chuvoso; e,
• Um período seco no Inverno, entre Maio e Setembro, com valores de precipitação que
variam entre 11 e 21 mm, sendo o mês de Agosto o de menor precipitação.
A temperatura média mensal em Vanduzi varia no intervalo entre 18 e 25 ºC, sendo que a
temperatura máxima mensal ocorre no mês de Novembro e a temperatura mínima no mês de
Julho (Word Clim, 2021)51.
SISTEMA DE VENTOS
Anualmente, o sistema de ventos no Distrito de Vanduzi (Figura 12), é caracterizado por
períodos com as seguintes características:
• O vento sopra durante mais horas na direcção leste–sudeste (ESE), sudeste (SE) e
este (E) atingindo 1.611, 1.215 e 929 h/ano respectivamente. Estes são os chamados
ventos dominantes;
• As velocidades do vento nestas direcções compreendem-se entre 1-37 km/h, sendo
que a velocidade do vento mais registada nestas direcções é entre 6-11 km/h;
• Os meses entre Agosto e Novembro são os meses em que o vento atinge uma maior
velocidade, compreendida entre 20 e 37 km/h, durante mais dias por ano (Meteoblue,
2020)52.
A direcção e velocidade do vento são factores importantes quando se considera a dispersão
de poluentes na atmosfera. Na fase de construção do Projecto haverá emissão de material
particulado, sendo provável que a maior parte das partículas sejam encaminhadas para a
direcção dos ventos dominantes. Assim sendo, presume-se que os receptores mais sensíveis
e expostos a maiores concentrações de poluentes estão na direcção de oeste-noroeste
(WNW), noroeste (NO) e oeste (O) do local do Projecto.
51 Os dados da precipitação e temperatura média mensal foram obtidos através do website World Clim (www.worldclim.org)
52 O sistema de ventos no Distrito de Vanduzi foi obtido através do website Meteoblue (www.meteoblue.com).
Preparado por: Impacto, LDA
59
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Na Figura 14 observa-se que o local do Projecto se encontra numa zona baixa de frequência
de ciclones.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Moçambique é um dos países em África mais vulnerável à variabilidade climática (INGC,
2012). Segundo o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades57 (INGS), tanto as tendências
recentes nas observações, como os resultados de modelações de longo prazo sugerem que
as mudanças climáticas irão afectar as características dos ciclones tropicais na parte
sudoeste do Oceano Índico.
Os modelos sugerem que para o Oceano Índico há uma tendência geral de diminuição da
frequência dos ciclones tropicais, mas com uma intensidade crescente dos ciclones (Emanuel
et al, 2008). Refira-se, no entanto, que, nos últimos anos, a tendência tem mostrado um
aumento no número de ciclones, registando-se 1 a 2 ciclones por ano.
Assim, como resultado das alterações climáticas, assume-se o seguinte (INGC, 2009):
• A exposição ao risco de desastres naturais em Moçambique aumentará significativamente
nos próximos 20 ou mais anos;
• As temperaturas em Moçambique poderão subir entre 2 a 2,5 °C em 2050 e 5 a 6 °C em
2090 (dependendo da região);
• A variabilidade da precipitação irá aumentar e haverá, provavelmente, mudanças
respeitantes ao início das estações das chuvas, com estações chuvosas mais húmidas e
estações secas mais secas.
• O risco de inundações aumentará significativamente no Sul. As regiões centrais serão
fortemente afectadas por ciclones mais intensos e pela subida do nível do mar, bem como
pelo risco de seca na área circundante de Cahora Bassa.
De acordo com a Administração de Infraestruturas de Água e Saneamento (AIAS, 2018), a
análise das alterações climáticas consiste em identificar as alterações consistentes entre o
clima histórico (período de 1986 a 2005) e o clima futuro (definido para o período de 2026 a
2045), utilizando modelos locais obtidos através de diferentes modelos globais.
A análise das alterações climáticas é efectuada considerando diferentes regiões climáticas.
A definição das regiões climáticas considera a distribuição das classes de precipitação anual
e da topografia em Moçambique (Figura 15), tendo como base o seguinte:
• As regiões climáticas são áreas tão homogéneas quanto possível em termos de
precipitação média;
• As regiões climáticas são tão homogéneas quanto possível em termos de complexidade
topográfica.
A área em estudo incide sobre a região climática R3 (que inclui também Maputo, Gaza,
Inhambane, Sofala e Manica). Nesta região, a topografia é quase plana, excepto em Manica,
com elevações entre 600 e 1 600 m. A precipitação anual varia entre os 800 e 1 200 mm.
Como referido, para a análise das alterações climáticas, foram considerados dois períodos
climáticos, nomeadamente:
• Período histórico: definido entre 1986 e 2005. É representativo do clima histórico e é
utilizado como referência de comparação com o clima futuro;
• Período futuro: definido entre 2026 e 2045. É representativo do clima futuro próximo.
Tendo como base os dois períodos, em termos de precipitação prognostica-se que como um
resultado das alterações climáticas haverá um aumento da intensidade de precipitação para
um mesmo período de retorno e duração, sendo a alteração muito mais significativa para
durações curtas. Isto indica que os fenómenos extremos de precipitação serão mais
frequentes no tempo e com um tempo de recorrência mais curto.
De acordo com a localização da área do Projecto, foi efectuada uma análise mais específica
para obter uma estimativa da potencial intensidade de precipitação futura (Icc). Para tal,
utilizou-se a metodologia definida pela Administração de Infraestruturas de Água e
Saneamento, que considera a precipitação actual, numa dada região, e um coeficiente de
mudança climática (kcc) para a região climática em estudo, obtido através de uma curva IDF
(intensidade, direcção e frequência), calculada para vários períodos de retorno. Para a análise
da intensidade da precipitação futura na área em estudo, considerou-se a região climática R3
e utilizaram-se as curvas IDF obtidas para os Períodos de Retorno de 5; 25 e 50 anos.
Os gráficos apresentados de seguida permitem a obtenção do coeficiente Kcc para os
períodos de retorno seleccionados (T = 5; 25 e 50 anos).
A intensidade da precipitação futura (Icc) foi calculada pela aplicação do Kcc obtido, de
acordo com a fórmula seguinte:
Para esta análise foram considerados dois períodos de duração de chuva de projecto (1 hora
e 1 dia) na região climática R3, onde se insere a área em estudo. Tendo como base uma
intensidade de precipitação média anual actual de 949 mm (ou seja, 0,11 mm/h) na Estação
Meteorológica de Chimoio (a mais próxima do local do Projecto, localizada a cerca de 27 km),
obtiveram-se os seguintes resultados.
Tabela 12 – Cálculo das intensidades de precipitação futura para a área em estudo
Para o Projecto do Terminal de Combustíveis de Vanduzi, que irá lidar com produtos
potencialmente poluentes e altamente inflamáveis, a ocorrência de eventos naturais extremos é um
factor que pode resultar em incidentes ou acidentes ambientais, envolvendo derrames, explosões,
incêndios e/ou outros riscos.
SOLOS
No Distrito de Vanduzi ocorrem predominantemente solos arenosos dístricos e não dístricos,
de cor castanho-acinzentada caracterizados por serem solos profundos e por possuírem uma
drenagem pouco excessiva. Estes solos ocupam grandes parte do quadrante norte do distrito,
estendendo-se um pouco para além do limite do quadrante sul, mas não se estendendo até
ao local do Projecto. Do lado oeste ocorrem áreas moderadamente extensas de solos
castanhos de textura arenosa, caracterizados por possuírem uma drenagem moderada e
solos vermelhos óxicos de textura média.
Em alguns locais no Sul e no interior do Distrito ocorrem solos dístricos vermelhos de textura
média e solos argilosos óxicos de cor vermelha, ambos caracterizados por apresentarem uma
boa drenagem (IIAM, 1995). O local do Projecto encontra-se numa zona de transição entre
estes dois tipos de solos. Ambos se estendem até ao extremo Sul do Distrito, sendo que o
segundo tipo alcança também o extremo Norte. Um mapa de solos do distrito, incluindo o
local do Projecto, é apresentado na Figura 21 e a Tabela 13 apresenta uma descrição dos
solos do local do Projecto.
Tabela 13 – Algumas características dos tipos de solo que ocorrem no local do Projecto
Tipo de solo Solos argilosos vermelhos Solos vermelhos de textura
oxicos média
Parâmetro do solo
TOPOGRAFIA
O Distrito de Vanduzi, está inserido numa região planáltica (Figura 22), com uma altitude
média predominantemente no intervalo entre 0 e 1 475 m. A zona este do Distrito apresenta
altitudes mais baixas (entre 0 e 550 m), enquanto a zona do interior e a sudoeste do Distrito
tende a apresentar altitudes mais elevadas (entre 550 e 1 475 m).
O local do Projecto situa-se no interior do Distrito de Vanduzi, numa zona de altitudes
variáveis entre 550 e 700 m. O relevo é suave, com inclinação maioritariamente abaixo dos
30%. A maior parte do local a ser ocupado pelo Projecto encontra-se na classe de declive 0-
8%, com algumas ocorrências na classe 8-10% de declive, predominando as estruturas de
planalto, com pouca inclinação e encostas de média extensão.
ÁGUA SUPERFICIAIS
O local do Projecto está inserido na bacia do Rio Búzi, entre os rios Vanduzi e
Naucandunguire (Figura 23). Com uma área de aproximadamente 25 125 km2 e comprimento
de 376 km, a bacia do Rio Búzi, integra os rios Búzi e Révuè (GPM, 2011). Ao longo destes
rios formam-se vales com condições favoráveis à prática de agricultura e a criação de gado
(P3LP, 2016).
O local não é atravessado por qualquer curso de água superficial e não existe qualquer corpo
de água permanente no seu interior. Os cursos de água mais próximos do local são o Rio
Malissure, a nordeste, o Rio Nhamachato, a sudeste e o Rio Naucadunguire, a sul. Na época
das chuvas formam-se pequenas linhas de água associadas a estes rios e pequenas baixas
localizadas propiciam a formação de charcos (ver exemplo na Figura 24).
12.4 QUALIDADE DO AR
A caracterização da situação de referência da qualidade do ar foi baseada em trabalho de
escritório, envolvendo uma revisão bibliográfica de dados de qualidade do ar e a identificação
de potenciais receptores sensíveis à perturbação da qualidade do ar. Foram analisadas
imagens de satélite e, com base no trabalho de campo, suplementou-se a informação sobre
receptores sensíveis e fontes de emissão de poluentes.
b) Tráfego rodoviário
A estrada N6, que passa a norte do local do Projecto, com uma extensão de estrada (N6) de
283,4 km, é muito utilizada para o transporte de mercadorias por veículos pesados, no sentido
da costa para o interior e vice-versa, principalmente entre a Cidade da Beira (a Leste da área
do Projecto, na Província de Sofala) e o Zimbabwe (a Oeste), assim como para outros países
do hinterland, nomeadamente Malawi e Zâmbia (países vizinhos, a Oeste), e em trânsito de
e para a República Democrática do Congo.
De acordo com um relatório produzido pela ANE em 2013, estima-se que, em média, 20% de
tráfego pesado se encontra nos principais corredores de desenvolvimento regional que, para
além de estabelecerem a ligação entre diferentes pontos do País, asseguram também a
ligação entre os postos fronteiriços e os principais portos nacionais (ANE, 2013).
Para posteriormente analisar a perturbação da qualidade do ar decorrente do Projecto,
importa ter noção do volume de tráfego que circula próximo do local do Projecto e respectivas
vias de acesso. Desta forma, foram analisados os dados do Relatório da Administração
Nacional de Estradas (ANE, 2013), com destaque nos dados de tráfego ao longo da N6, entre
Beira e Machipanda.
As estimativas para o tráfego médio diário anual (TMDA)58 na N6 no ano de 2013 são
apresentadas na Tabela 14. As estimativas para os veículos ligeiros incluem automóveis
ligeiros, os chamados pick-up (veículos ligeiros de mercadorias) e mini-bus (veículos de
transporte semi-colectivo de passageiros, com capacidade inferior a 20 pessoas); para os
58Tráfego Médio Diário Anual (TMDA) é o volume total de tráfego de veículos que circulam numa autoestrada
num ano, dividido por 365 dias.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Dentro do local do Projecto foi identificado pelo menos um local onde é efectuada a extracção
de areia, de um modo informal, por alguns membros da comunidade. O local é de uso
comunitário e não é gerido por qualquer agregado familiar ou entidade em particular. A areia
extraída destina-se a actividades de construção, a uma escala artesanal (Figura 25).
d) Actividade industrial
59
Os pesticidas não são necessariamente venenosos, porém, quase sempre, são tóxicos ao ser humano e podem ser altamente
inflamáveis.
Preparado por: Impacto, LDA
80
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
b) Receptores ecológicos
A intensidade do impacto sobre estes potenciais receptores irá depender do tipo de factor
que causa tal impacto, do alcance de tal factor em termos de distância e do tipo de receptor
em questão.
VALORES-PADRÃO E DIRECTRIZES PARA A QUALIDADE DO AR
A tabela seguinte apresenta os valores-padrão para a qualidade do ar de cinco poluentes
atmosféricos, estabelecidos pelo Regulamento sobre os Padrões da Qualidade Ambiental e
de Emissão de Efluentes (Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho, modificado pelo
Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro).
Tabela 15 – Valores padrão para a qualidade do ar de poluentes atmosféricos
Uma vez que em Moçambique não existem padrões de qualidade do ar para PM10 e PM2.5
(partículas de diâmetro inferior ou igual a 10 e 2.5 µm, respectivamente), o presente EIA fará
referência às directrizes especificadas pela OMS, que também são usadas pela IFC
(International Finance Corporation, 2007). As directrizes da OMS em relação a estas
partículas são as apresentadas na tabela seguinte.
Ainda no Decreto n.º 18/2004, são estabelecidos os limites máximos de emissão de poluentes
atmosféricos por fontes móveis ou veículos a motor. Para o Projecto em referência importa
Preparado por: Impacto, LDA
84
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
A estrada N6, a principal via de ligação rodoviária existente na zona (Figura 29), é também a
principal fonte de poluição sonora na área, derivada do elevado volume de tráfego rodoviários,
incluindo de veículos pesados.
12.6 PAISAGEM
A situação de referência no que se refere à paisagem é analisada com a finalidade de se
determinar a sensibilidade da desta ao tipo de desenvolvimento proposto e identificar
potenciais receptores sensíveis, para posterior análise de impactos e recomendação de
medidas de mitigação. Para se alcançar este objectivo, teve-se como base uma visão
holística dos factores de ordem física, biótica e social, que compõem a paisagem, analisados
segundo parâmetros estruturais, fisiográficos e paisagísticos do meio em questão.
➢ PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PAISAGEM
A paisagem da área do Projecto é composta por dois tipos de elementos principais:
60O Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes, específica que devem ser estabelecidos níveis
admissíveis de ruído para salvaguardar a saúde pública e a tranquilidade pública através de padrões especificados pelo MTA. No entanto,
estes padrões ainda não foram definidos.
Preparado por: Impacto, LDA
86
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
• Ecológicos: relacionados com os aspectos tais como geologia, tipo de solos, variações
topográficas, presença/características de recursos de água superficial, cobertura
vegetal, entre outros;
• Antrópicos: integram os aspectos que reflectem as diferentes formas de que se
reveste a acção humana sobre a paisagem, seja ela de natureza social, cultural ou
económica (incluindo as transformações de natureza agrícola e florestal).
A área do Projecto insere-se numa paisagem de carácter rural, de topografia plana e com
pouca inclinação (Figura 30), com predomínio de áreas verdes (mosaicos de machambas
de subsistência, mata plantação e florestal,). Os assentamentos populacionais são
dispersos e as residências são de altura baixa e maioritariamente construídas a partir de
materiais locais (i.e., não convencionais).
Trata-se, assim, de uma paisagem rural dinâmica, gerida predominantemente por práticas,
métodos e técnicas tradicionais, que reflectem o contexto sociocultural no qual tal paisagem
se insere. A paisagem prevalecente será modificada pela presença do Projecto, através de
actividades tais como o corte de vegetação e movimentos de terras no local de construção, e
a implantação de infraestruturas (tanque de combustível e de água, edifícios, via de acesso),
entre outras.
Para a identificação de mamíferos foi usado o guia de campo (Stuart & Stuart, 1995) e
para auxiliar a identificação das aves usou-se o programa Roberts VII Multimedia
(Hockey, Dean, & Ryan, 2005).
Para a verificação do estado de conservação das espécies de fauna, fez-se um
cruzamento das espécies identificadas com a lista vermelha de espécies ameaçadas da
IUCN (IUCN, 2022).
61 A AID e a AII definidas para o estudo do Meio Biótico coincidem com aquelas definidas para o Meio Físico.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
HABITATS
Como mencionado anteriormente, os habitats da área do Projecto encontram-se fortemente
modificados pela acção humana. A vegetação predominantemente típica de áreas que em
tempo foram cultivadas e posteriormente deixadas sem nenhuma forma de maneio.
Foram identificadas e mapeadas 11 unidades de uso e cobertura da terra, das quais 5 são
habitats naturais ou semi-naturais (mata fechada, mata semi-fechada, graminal arbustivo,
curso de água e área alagável). As outras 6 (área agrícola, área agrícola com residências,
plantação, residencial/infraestrutura e extracção de pedra/areia) são unidades de cobertura
da terra induzidas por actividades antropogénicas.
A área agrícola é a unidade de cobertura dominante ocupando cerca de 126 ha,
correspondentes a 37,5 % da área total de influência do Projecto (AID + AII).
A área ocupada por cada uma das unidades mapeadas e a respectiva percentagem em
relação a AID, AII e área total de influência do Projecto, é apresentada na Tabela 19 abaixo e
o resultado do mapeamento é ilustrado na Figura 33.
a) ÁREA AGRÍCOLA
São áreas onde a vegetação natural foi removida e substituída por outro tipo de cobertura
vegetal de origem antrópica, composta por culturas alimentares (Figura 34). Esta classe é
encontrada maioritariamente ao redor da área do Projecto, ocupando cerca de 112,7 ha
(40,4 % da AII), e apenas 23,6 % da AID. É representada por áreas agrícolas activas, terras
em preparação para o cultivo e áreas em condição pós-colheita (as quais são verificadas pelo
baixo nível de recuperação da vegetação).
Nestes campos é praticada a agricultura de subsistência em regime itinerante, baseada em
corte e queima da vegetação. As principais culturas produzidas incluem o milho, a mandioca,
o inhame e hortícolas nas zonas com maior disponibilidade hídrica (próximas aos cursos de
água).
Na AII do Projecto, principalmente no quadrante Noroeste, existem residências, as respectivas
estruturas de apoio (p.ex., cozinha, latrina) e fruteiras intercaladas (Figura 35).
b) MATA FECHADA
Trata-se de um tipo de mata que ocorre em manchas localizadas ao redor da área do Projecto
(AII), ocupando 32 ha, correspondentes a 11,5 % da AII. Esta mata encontra-se pouco
perturbada e com uma cobertura média de copas de cerca de 90 %, o que faz com que o
extrato herbáceo seja muito reduzido.
A mata fechada é composta maioritariamente por árvores de médio a grande porte, com
predominância de algumas espécies como Pericopsis angolensis, Burkea africana, Parinari
curatelifolia, Albizia versicolor, Piliostigma thonningii, Millettia stuhlmannii, Brachystegia
spiciformis, Julbernardia globiflora, Tabernaemontana elegans e Ziziphus mucronata.
As manchas de mata fechada encontram-se preservadas devido ao seu valor tradicional,
sendo uma delas considerada uma floresta sagrada e a outra um cemitério. Esta última é
dividida pela Estrada N6.
Figura 37 – Mata fechada na AII do Projecto, numa área onde se localiza um cemitério da
comunidade
c) MATA SEMI-FECHADA
A Mata Fechada (Figura 38) contém muitas das espécies encontradas nas matas fechadas,
contudo com uma cobertura de copas ligeiramente menor (cerca de 80 %), permitindo um
estrato herbáceo um pouco mais desenvolvido. Tem como representantes, por exemplo, as
espécies Digitaria sp, Sporobolus sp. e Setaria sp. Encontra-se na AII em pequenas manchas,
ocupando 8,6 ha, correspondentes a 3,1% da AII. Esta extensão vem reduzindo com a
intensificação do uso dos recursos e a limpeza da vegetação para a abertura de machambas
e a construção (principalmente de habitações).
d) PLANTAÇÃO
A Oeste da área do Projecto encontra-se uma plantação florestal de Eucalipto (Eucalyptus
sp.)62. Esta classe ocupa 20 ha, correspondentes a 7,2 % da AII.
62 Estabelecida pela empresa Indústrias Florestais de Manica-IFLOMA (SPGC, 1999 citado por Gaspar, 1999).
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
f) GRAMINAL ARBUSTIVO
É uma área coberta maioritariamente por gramíneas (Figura 42), com arbustos e árvores de
pequeno porte, distribuídos esparsamente. É a classe dominante na AID do Projecto,
ocupando 24 ha, correspondentes a 41,8 % da AID.
Algumas espécies encontradas são: Dichrostachys cinerea, Hymenocardia acida, Strychnos
madagascariensis, Vangueria sp., Markhamia obtusifolia, Steganotaenia araliacea, Annona
i) RESIDENCIAL / INFRAESTRUTURA
Esta classe engloba residências, infraestruturas, estradas ou caminhos, assim parte da Zona
de Protecção Parcial (ZPP) do oleoduto da CPMZ. Ocupa 18,2 ha, correspondentes a 5,4 %
da área de influência total do Projecto (AID + AII).
FLORA
Do trabalho de campo, foram identificadas 47 espécies de plantas. Destas, 13 não foram
avaliadas (categoria NE) na Lista Vermelha da IUCN a nível global, 31 são Pouco
Preocupantes (LC) e 3 não puderam ser verificadas por não terem sido identificadas a nível
de espécie (IUCN, 2022). Uma lista das espécies registadas no campo é apresentada na
Tabela 20.
Das espécies que ocorrem na área de influência do Projecto (AID e AII), pelo menos uma é
invasora (Lantana camara), ocorrendo numa diversidade de habitats, desde zonas mais
perturbadas (zonas agrícolas) até matas.
ESPÉCIES MADEIREIRAS DE VALOR COMERCIAL
FAUNA
Uma pesquisa ao GBIF permitiu a identificação de 56 espécies de fauna no Distrito de
Vanduzi, distribuídas entre as diferentes classes (anfíbios, aves, insectos e répteis). A classe
dos insectos, com 41 espécies, foi aquela com o maior número de representantes. No entanto,
no local de implantação do Projecto é provável que este número de espécies de animais seja
consideravelmente menor, devido à perda de habitats associada à presença de população
humana.
No trabalho de campo para este EIAS foi possível identificar algumas espécies por via de
sinais indirectos (vocalização) e por contactos com moradores locais. Das espécies
mencionadas pelos habitantes locais, encontra-se o Pangolim, que segundo estes é pouco
avistado pela população, mas sabe-se da sua existência na área.
Uma lista das espécies registadas é apresentada na
Tabela 22. As espécies apenas mencionadas pelos habitantes encontram-se listadas nesta
tabela como espécies de “provável ocorrência”.
63 Como referido anteriormente neste documento, nessa altura o Proponente já dispunha de uma “Autorização Provisória de Direito de
Uso e Aproveitamento da Terra”.
64 Sr. João Pedro Amade.
c) Entrevistas semi-estruturadas
Corresponde a um tipo de entrevista que tem um guião-base, através do qual se inicia a
recolha de informação, oferecendo, contudo, um leque amplo de interrogativas que
podem surgir à medida que se recebem as respostas do entrevistado.
Entrevistas semi-estruturadas individuais foram realizadas com os representantes do
Governo do Distrito de Vanduzi, abrangendo os diferentes Serviços Distritais. Estas
abarcaram também os representantes das Unidades Sanitárias mais próximas do Local
do Projecto, nomeadamente, do Centro de Saúde de Chigodole e do Centro de Saúde do
Cruzamento de Tete.
Entrevistas semi-estruturadas colectivas foram realizadas a primeira com representantes
do distrito ao nível do Posto Administrativo de Vanduzi-Sede e da Localidade de
Chigodole, e a segunda com líderes tradicionais locais. A Figura 46 mostra alguns dos
participantes das entrevistas semi-estruturadas colectivas realizadas.
Foram constituídos Grupos Focais de (i) Homens; (ii) Mulheres; (iii) Jovens; e (iv)
residentes no bairro Nhamassissa, de modo a registar, por diferentes perpectivas, o
quotidiano socioeconómico, as percepções, as preocupações e as expectativas em
relação ao Projecto. As figuras que se seguem são referentes a dois dos encontros de
Grupos Focais realizados, respectivamente homens (Figura 47) e de residentes no bairro
Nhamassissa (Localidade de Chigodole; Figura 48).
INSERÇÃO ADMINISTRATIVA
O Distrito possui dois postos administrativos (PA), nomeadamente, Vanduzi e Matsinho e, ao
todo, cinco localidades, distribuídas pelos PAs e 95 povoados distribuídos pelas localidades
(ver Tabela 23 abaixo e, mais adiante, a Figura 49). O Local do Projecto situa-se no Posto
Administrativo de Vanduzi, na Localidade de Chigodole, no Povoado de Selva-lenha, como
sublinhado na Tabela 23.
Posto Total de
Localidades Povoados
Administrativo Povoados
Chimonica Chicacaule
Dambalare Punguehumbe
Dzue Francisco Manhanga
Armando Guebuza 07 de Setembro
Hamakodzi Nhamakamba
Mudzingadzi Pungure
Mariondo 1 e 2 Nhaucaca
Fonte: Repartição de Planificação e Desenvolvimento Local (RPDL) de Vanduzi – Pesquisa de campo
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Na estrutura de governação distrital, o órgão de tutela é a Administração do Distrito,
representada pelo Administrador do Distrito. O Administrador é apoiado por um Secretário
Permanente e por diferentes directores dos serviços distritais que representam, a nível
distrital, as unidades centrais de planificação e de implementação do desenvolvimento no
País (ver a estrutura de governação distrital na Figura 50, abaixo).
Na estrutura de governação participam igualmente representantes do Estado, como membros
com estatuto de convidados permanentes, dentre eles o Comandante Distrital da Polícia da
República de Moçambique, o Conservador do Registo Civil, o Procurador Distrital, o Juiz
Distrital e o Delegado da Administração Marítima. Dependendo da situação específica de
cada distrito, o leque de membros convidados poderá ser alargado para outras instituições
relevantes (p.e. representantes de institutos nacionais, administradores de parques e áreas
de conservação, entre outros).
Administrador
do Distrito
Gabinete do
Administrador
Secretaria
Distrital
Os Chefes dos Postos Administrativos têm como principal função a de estabelecer a ligação
entre a Administração Estatal e as comunidades locais e têm sob sua tutela os Chefes das
Localidades. Estes últimos, por sua vez, têm como principal função a de promover o
desenvolvimento económico, social e cultural das comunidades e organizar a participação
das comunidades locais na resolução de problemas sociais afectos a cada uma das
Localidades.
Hierarquicamente abaixo dos Chefes das Localidades encontram-se os Chefes das
Povoações, que são responsáveis pela organização e integração dos Chefes/Líderes dos
Povoados. A nível local, a estrutura de governação é exercida por uma autoridade
reconhecida como “Líder Comunitário”. Deste modo, apesar de estar previsto na lei que a
povoação é dirigida por um Chefe de Povoação nomeado pelo Estado, uma grande parte das
povoações ainda é dirigida por Líderes Comunitários. Estes sistemas de liderança a nível
local são caracterizados por uma colaboração mútua67.
Os Líderes Comunitários eleitos são normalmente representados pelos Secretários e, no
caso do Distrito de Vanduzi, correspondem aos Líderes de 1º Escalão. Líderes comunitários
tradicionais correspondem aos líderes cuja posição é atribuída consoante regras de sucessão
67 Formalizado pelo Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho e pela Lei N.º 8/2003. O Decreto N.º 15/2000 de 10 de Junho (Boletim da República,
2000), que regula as formas de articulação entre os órgãos do Estado a nível local e as autoridades comunitárias.
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
68
O Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho define a articulação entre os órgãos locais do Estado e as autoridades comunitárias
69 Baseado no Decreto n.º 15/2000 de 10 de Junho.
70 “Guião para a Participação e Consulta Comunitária na Planificação Distrital”, Despacho do Ministério da Administração Estatal e do Plano
e Finanças, 2003.
71 Ao nível dos serviços distritais de Vanduzi, os dados consultados foram o Relatório de Balanço Semestral de 2020 e o Relatório de
cerca de 6,2 % da população da Província em 2017, tendo diminuído o seu percentual para
6,02% de acordo com as projecções para 2021 (ver Tabela 23).
Dados do censo de 2017 mostram que no PA de Vanduzi Sede, a maioria da população
estava concentrada na Localidade Sede (42 878 habitantes, o equivalente a 52,5 % da
população do PA). Assume-se que esta tendência se tenha mantido para o ano de 2021, uma
vez que esta é a localidade com maior disponibilidade de serviços e infraestruturas sociais.
A Localidade de Chigodole, na qual se insere o Local do Projecto, concentrava, em 2017,
23,3 % da população do PA de Vanduzi Sede. Assume-se que para o ano de 2021, esta
população tenha igualmente crescido. Dados fornecidos pelos líderes locais durante a
entrevista semiestruturada colectiva realizada na visita de campo, indicam uma estimativa de
4 638 habitantes para o Povoado de Selva para o ano de 2020, onde o Projecto será
implantado, não tendo sido ainda realizado outro levantamento da população desde essa
altura.
Seguindo a tendência a nível nacional e da Província de Manica, o distrito apresenta, no seu
total, população feminina maior que a masculina; para o ano de 2021, 50,9 % dos habitantes
são mulheres. Esta distribuição a nível de género é observada igualmente a nível dos PAs
(51% de mulheres no PA de Vanduzi-Sede e 50,7 % no PA de Matsinho; ver Tabela 24).
Assume-se que esta tendência se replique, igualmente, aos níveis da Localidade e dos
povoados, embora não estejam disponíveis dados populacionais segregados por género a
estes níveis, para o ano de 2021.
Tabela 24 – Tamanho e distribuição da população no Distrito de Vanduzi e da Província de
Manica
População para 2017* População para 2021***
Área %
administrativa %
Total Homens Mulheres Mulheres Total Homens Mulheres
Mulheres
Província de
1 851 931 886 515 965 416 52,1 2 174 432** 1 048 014** 1 126 418** 51,8
Manica
Distrito de
115 532 56 299 59 233 51,3 130 893 64 284 66 609 50,9
Vanduzi
PA Vanduzi
81 729 39 766 41 963 51,3 92 596 45 406 47 190 51,0
Sede
Localidade de -
24 649 12 064 12 585 51,1 - -
Matsinho-Sede
Localidade de -
9 154 4 469 4 685 51,2 - -
Chiremera
AFs no Distrito
22 933 26 17972
de Vanduzi
Fontes: (*)INE, 2017ª; (**)INE, 2027b; (***)Governo do Distrito de Vanduzi, 2020b
72Cálculo aproximado de agregados familiares, partindo do pressuposto de que cada família tem o número médio de 5 membros
(extrapolado com base nos dados de 2017).
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
DENSIDADE POPULACIONAL
Ocupando uma área aproximada de 3 547 Km², o Distrito de Vanduzi apresentava, em 2017,
uma densidade populacional de 31,6 hab/km², tendo aumentado em 2021 para
aproximadamente 37 hab/km². Dos PAs existentes, o PA de Vanduzi-Sede é o que ocupa
maior superfície no distrito (58,6 % do território do distrito, como se mostra na Tabela 25),
apresentando igualmente uma densidade populacional maior, ao concentrar cerca de 71 %
da população do Distrito (segundo dados de projecção de densidade populacional para o ano
de 2021). Isto reflecte uma maior concentração populacional típica de zonas de concentração
de serviços, referida anteriormente.
Tabela 25 – Densidade Populacional no Distrito de Vanduzi e da Província de Manica
Densidade Densidade
Área População, População, Superfície populacional populacional
administrativa 2017* 2021** (Km²)*** (hab/km²) (hab/km²)
2017 2020
Província de
1 851 931 2 174 432 62 270 29,7 34,9
Manica
Distrito de
115 532 130 893 3 547 32,6 36,9
Vanduzi
PA Vanduzi
81 729 92 596 2 079 39,3 44,5
Sede
PA Matsinho 33 803 38 297 1 467 23 26,1
Fonte: (*)INE, 2017ª; (**)Governo do Distrito de Vanduzi, 2020b; (***) Cenacarta, 2018
prestam assistência regular ao pai ou mãe viúvos). Nestes casos estes dependem, muitas
vezes, da ajuda de vizinhos, outros de parentes e/ou amigos;
• Jovens menores de 15 anos como chefes de agregados familiares. Estes são
principalmente órfãos que continuam a residir na casa deixada pelos pais, mas que
dependem, em grande medida, da ajuda de outros agregados familiares (vizinhos,
familiares, amigos).
ASSENTAMENTOS POPULACIONAIS E HABITAÇÃO
A disposição dos assentamentos populacionais tende a variar em função da presença de
infraestruturas e serviços na área, tais como escolas, centros de saúde e outros. Em tais
locais, os assentamentos populacionais tendem a apresentar-se mais concentrados (Figura
52 e Figura 53) e com uma miscelânea de habitações de construção convencional e
habitações mistas (i.e., de material convencional e não convencional)73, porém com um
padrão ainda rural (Figura 54). Este tipo de assentamento apresenta-se, geralmente,
ordenado nas proximidades das principais vias de acesso, sendo este o caso dos povoados
que constituem as sedes das localidades, tais como Vanduzi-Sede e Chigodole-Sede.
73 Entende-se por “convencionais” os materiais de construção como, por exemplo, blocos de cimento e de tijolo, cimento, chapas de zinco,
telhas, pavimentos de madeira, mármore, mosaico. No grupo dos materiais não convencionais (ou locais), incluem-se, por exemplo, barro,
estacas, caniço, capim.
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Projecto de Construção de um Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi, Província de Manica
Estudo do Meio Físico – Fase do Estudo de Impacto Ambiental
A B
IAC 1
Médio
Técnico-Profissional
IMEPAG 1
TOTAL DO ENSINO TÉCNICO 2
Formação de
Básico IFP Chibata 1
Professores
Superior Licenciatura ISPM 1
TOTAL DO DISTRITO DE VANDUZI 74
Fontes: Governo do Distrito de Vanduzi, 2020a e 2020b; SDEJT de Vanduzi – Pesquisa de campo
74 O Ensino Primário está dividido em 1º grau que lecciona da 1ª a 5ª classe (EP1) e em 2º grau que lecciona 6ª e 7ª classes (EPC, que
corresponde a EP1+EP2).
75 O ensino secundário geral está dividido em 1º grau que lecciona da 8ª a 10ª classe (ESG1) e em 2º grau que lecciona a 11ª e 12ª classes
(ESG2).
76As despesas mais frequentes e reportadas nas entrevistas colectivas e grupos focais estão associadas: (i) aluguer de casa ou quarto
em casa de familiares/conhecidos para a estadia da criança, (ii) despesas quotidianas da criança – alimentação, deslocação, (iii) despesas
associadas à escola – pagamento de propinas, material escolar e vestuário.
EDUCAÇÃO E GÉNERO
No efectivo escolar predomina o sexo masculino, que corresponde a mais de 50% do total do
número de estudantes em todos os níveis de ensino. É de realçar, também, a decréscimo no
número de raparigas, à medida que aumenta o nível de ensino. Entre as possíveis razões
principais das taxas relativamente baixas da população escolar feminina (Tabela 27), citam-
se a dificuldade de acesso ao ensino secundário e a necessidade de deslocação, ou até de
mudança temporária de residência para áreas distantes, tal como a Vila de Messica, cuja
escola secundária foi a mais mencionada durante as entrevistas colectivas e encontros com
grupos focais como sendo frequentada por membros da comunidade do Povoado de Selva.
Aos aspectos acima aliam-se outros, de natureza cultural, relacionados com as tarefas
domésticas vinculadas à mulher/rapariga e ainda com os casamentos prematuros. Foi
reportado no encontro com o Grupo Focal de mulheres que as raparigas estudam, em média,
apenas até a 7ª classe, uma vez que muitas famílias não possuem condições financeiras para
custear o a frequência do Ensino Secundário e privilegiam a inscrição de rapazes, em prejuízo
das raparigas; mencionou-se igualmente que muitas raparigas se casam cedo, antes de
atingirem a idade adulta. A orfandade foi também indicada como sendo uma das causas
frequentes do abandono escolar.
Tabela 27 – Efectivo Escolar e Taxa de Desistência por ensino
Efectivo Escolar - 2021 Desistências - 2021
Nível de
Ensino Total Raparigas %M Total Raparigas %M
78 Conforme reportado nas entrevistas semiestruturadas colectivas e nos grupos focais de discussão durante a visita de campo.
79 Situação existente até à altura em que este Relatório foi finalizado.
➢ MALÁRIA
Seguindo as tendências nacionais, a Malária é a doença com o maior número de casos
notificados. A prevalência da malária é maior na época chuvosa, o que pode estar associado
a factores tais como más condições de saneamento do meio e doméstico nas comunidades,
o uso incorrecto (ou o não uso) de redes mosquiteiras, ou ainda o uso de redes mosquiteiras
danificadas.
➢ DOENÇAS DIARREICAS
Tal como a malária, estas estão muitas vezes ligadas às condições precárias de saneamento,
acrescentando-se as deficiências no abastecimento de água potável, principalmente nos
povoados.
➢ TUBERCULOSE
Embora não incluída na lista das principais doenças indicadas na Tabela 29, a tuberculose,
é uma doença contagiosa grave que merece a devida atenção. Infecções por tuberculose
podem ser facilmente exacerbadas por determinadas condições ocupacionais (p.ex.,
ambientes de trabalho confinados, com muita gente e mal ventilados), assim como por
condições clínicas de risco (p.ex., pessoas com HIV / SIDA, diabetes). Sabe-se que o risco
de contrair a tuberculose é, geralmente, maior em pessoas com idade muito jovem ou muito
avançada (idosos), mas a doença pode também afectar o grupo etário da chamada
População Economicamente Activa (PEA),80 da qual farão parte os trabalhadores do Projecto.
➢ HIV/SIDA
Casos de HIV/SIDA são igualmente registados e reportados no distrito, sendo que nos vários
sectores de atendimento dos doentes, como partos, consultas e urgências, os médicos e
técnicos de medicina podem solicitar a testagem para despiste do vírus do HIV, daí resultando
o diagnostico de infecções por HIV. Pessoas diagnosticadas como positivas são depois
encaminhadas para o Serviço de TARV, onde são convidadas a inscreverem-se e a iniciarem
o tratamento. Assim, foram registados, em 2021, 1 524 pacientes que aderiram ao Serviço
de TARV. Destes, 59 são crianças e 1 465 são adultos. No âmbito da prevenção do HIV, são
80 A PEA corresponde à faixa etária de 15-65 anos (sem prejuízo de qualquer trabalhador acima dos 65 anos que ainda esteja
profissionalmente activo). Note-se, entretanto, que apenas pessoa adultas, i.e. com idade a partir dos 21 anos, poderão ser contratadas
para trabalhar no Projecto.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
O abastecimento de água no Distrito de Vanduzi é garantido através de mais de 160 fontes
de água dispersas, constituídas por furos que funcionam maioritariamente com bombas
manuais. Deste número, aproximadamente 70% se encontram no PA de Matsinho.
Existe ainda um sistema de abastecimento de água, que garante o acesso a água canalizada
da rede pública aos agregados familiares. Contudo, a cobertura de água potável encontra-se
abaixo de 70% e está maioritariamente concentrada nas sedes dos PAs e Localidades.
Conforme reportado nas entrevistas colectivas e grupos focais, as comunidades,
principalmente as residentes nos povoados, recorrem, maioritariamente, a poços familiares
(alguns localizados nas zonas baixas) e a furos com bomba manual. No terreno constatou-se
o seguinte:
• A água retirada dos poços é boa para o consumo familiar, embora insuficiente; apenas
a sede da Localidade de Chigodole tem acesso à água canalizada, mas devido aos
custos associados, esta não é usada pela maior parte da comunidade (informação
registada em entrevista colectiva com representantes do PA de Vanduzi-Sede e da
Localidade de Chigodole);
• A água é limpa, contudo não é suficiente para abastecer toda comunidade; os meses
de Outubro e Novembro são, tipicamente, de escassez de água e, nesse período,
pode ser necessário fazer caminhadas de cerca de uma hora ou mais, para obter água
(informação registada em entrevista colectiva com os líderes comunitários locais);
• Contrariamente, houve também relatos segundo os quais a água retirada nos poços
“é suja e contém bichos”, sendo imprópria para o consumo e que a mesma é, porém,
usada para todas as actividades domésticas e abeberamento de animais domésticos
(informação registada no encontro com o Grupo Focal de discussão constituído por
Preparado por: Impacto, LDA
130
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
A B
Para o Projecto pretende-se utilizar a água fornecida pelo FIPAG. É importante salientar que o uso
da água pelo Projecto não deve, de alguma forma, afectar a disponibilidade da água para outros
utentes locais. Caso esta possibilidade se verifique, então o Projecto deve considerar uma fonte
alternativa de água, tal como a abertura de um furo.
Tabela 30, totalizam 24 598 as famílias servidas por este tipo de saneamento.
A gestão de resíduos sólidos é ainda um grande desafio para Moçambique, não só pelas
dificuldades de recolha e deposição final de resíduos, mas também pela falta de meios financeiros.
Na sua generalidade, os resíduos sólidos urbanos são encaminhados para lixeiras municipais a
céu aberto e aterros não controlados, enquanto os resíduos perigosos, geralmente os das maiores
indústrias, são transportados para o Aterro Industrial de Mavoco, localizado no Distrito de Boane,
em Maputo.
É importante que na execução do Projecto se desenvolvam e implementem procedimentos para a
gestão de resíduos de acordo com a tipologia de resíduos produzidos, conforme previsto na
legislação moçambicana, em especial no Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos
Urbanos (Decreto n.º 94/2014, de 31 de Dezembro) e no Regulamento sobre a Gestão de Resíduos
Perigosos (Decreto n.º 83/2014, de 31 de Dezembro)
ABASTECIMENTO DE ENERGIA
O Distrito de Vanduzi é abastecido por duas linhas de transmissão de energia,
nomeadamente de 110 e 220 kV (ver Figura 61, abaixo). A rede de distribuição de energia
local não abrange a totalidade do distrito, sendo Vanduzi-Sede, Chigodole (no PA de Vanduzi-
Sede), Matsinho-sede e Chiremera (no PA de Matsinho) as únicas localidades com acesso à
rede de energia da rede. O abastecimento é limitado às sedes das localidades.
Alguns agregados familiares e diversos estabelecimentos comerciais utilizam a painéis
solares como fonte de energia (iluminação), sendo os painéis normalmente adquiridos na
Cidade de Chimoio.
ACESSIBILIDADE AÉREA
O distrito não possui qualquer aeroporto ou aeródromo público. Existe, entretanto, uma pista
de aterragem privada que pertence à Companhia de Vanduzi e que, quando necessário, é
usada pelo Governo do Distrito. Seria recomendável o Proponente analisar a possibilidade
de negociações com a entidade detentora da infraestrutura em questão, no sentido de,
provavelmente, esta poder ser usada como uma infraestrutura de apoio em situações de
emergência associadas às actividades do Terminal de Combustíveis (sujeito às provisões
legais aplicáveis).
TRANSPORTE DE PASSAGEIROS E CARGA
O transporte de passageiros e carga no Distrito de Vanduzi, assim como entre o distrito e a
Cidade de Chimoio e entre os distritos e províncias vizinhas, através da N6, é feito por meio
de autocarros, veículos de transporte semi-colectivo de passageiros (tipo minibus, vulgo
chapa) e carrinhas ou camionetas mistas de passageiros e carga. Um dos principais pontos
do distrito que funciona como um terminal rodoviário, onde os passageiros podem fazer a
mudança de transporte para seguimento de várias rotas, é o cruzamento entre a N6 e N7.
Relativamente à sua deslocação e às vias utilizadas, participantes de entrevistas colectivas
e de encontros de Grupos Focais reportaram o seguinte: (i) a deslocação dentro do distrito e
a curtas distâncias (p.e. até 10 km) é maioritariamente feita a pé ou, quando possível, usando
bicicletas e motorizadas; (ii) a deslocação para outros pontos mais distantes, como Vanduzi
– Sede, Vila de Messica e Cidade de Chimoio, é feita com recurso a veículos de transporte
semicolectivo; (iii) os custos de viagem para a Cidade de Chimoio aumentaram,
principalmente no trajecto de ida, sendo frequentemente necessário fazer ligações entre
diferentes transportes públicos; (iv) a não existência de um terminal de passageiros próximo
da área do Povoado de Selva faz com que os custos de viagem sejam elevados, uma vez
que o passageiro deve pagar o preço do trajecto mais longo efectuado pelo transportador na
rota em questão, mesmo que tal passageiro pretenda terminar a sua viagem num local num
local intermédio.
Para além do eixo Beira-Zimbabwe, o Corredor da Beira possui um segundo eixo de ligação, entre
o Porto da Beira e o Malawi (via de Changara e Tete) e ainda um terceiro eixo, o da Linha de Sena.
Zimbabwe, Zâmbia, Botswana, Malawi e República Democrática do Congo, todos países do
hinterland, são os principais utentes do Porto da Beira.
Actualmente o Distrito de Vanduzi constitui apenas uma zona de trânsito para os utentes do
Corredor da Beira, sem qualquer intervenção directa/activa nos aspectos económicos associados a
este Corredor. É de prever que com a construção do Terminal de Combustíveis em Vanduzi esta
situação se altere, na medida em que os transportadores de combustível provenientes do hinterland
passarão a abastecer-se em Vanduzi, e não no Porto da Beira, proporcionando ao distrito um papel
mais activo no desenvolvimento económico da região, centrado no sector de combustíveis.
O acesso à Internet está, em grande medida, relacionado com o acesso ao sinal de telefonia
móvel, por um lado, e à capacidade de pagar pelo uso de dados móveis, por outro. O e-mail
é usado principalmente por pessoas com emprego formal em escritórios, embora os
endereços não sejam necessariamente corporativos.
A existência de meios de comunicação eficazes é de extrema importância para a gestão dos riscos
de Saúde, Segurança e Ambiente (SSA) do Projecto. Esta importância é destacada no Plano de
Resposta de Emergência (PRE) produzido para o Projecto, que é apresentado juntamente com o
Plano de Gestão Ambiental.
82 Lei de Terras – Lei nº 17/97 de 1 de Outubro ; Regulamento da Lei de Terras – Decreto 66/98
c) Compra
A compra83 foi indicada nos grupos focais como sendo um dos modos mais frequentes de
obtenção do DUAT nos últimos anos e refere-se à aquisição do título definitivo em troca
de dinheiro, de produção agrícola, de trabalho ou outro bem. Esta tem sido uma
modalidade cada vez mais usada pelas comunidades locais, como forma de evitar
conflitos relacionados a terra e que devem, após a compra/venda, legitimar o processo
com as lideranças locais.
83No processo de aquisição de direitos sobre a terra, o termo “compra”, no seu sentido literal, contraria o preceito constitucional de que
em Moçambique a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida, ou por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada.
Transacções monetárias em troca do direito de uso e aproveitamento da terra constituem, no entanto, uma prática generalizada no País.
Outras usos de terra na área já mencionados neste relatório incluem o seguinte: (i) um
cemitério comunitário usado pelas comunidades do Povoado de Selva e de Chigodole-Sede;
(ii) extracção artesanal de inertes84; e (iii) exploração florestal (plantação de Eucalipto e
colecta de estacas para lenha e carvão). No mapa que se segue (Figura 64) estão
representados os usos e a cobertura da terra na área do Projecto.
84 Informações recolhidas durante a pesquisa de campo (2020) indicam que no local esta actividade se encontra.
Líderes
tradicionais e Prevenção e tratamento
Plantas Todo o
Todo ano Profissionais Alta de doenças; rituais
medicinais distrito
da tradicionais.
AMETRAMO
Consumo familiar;
Árvores Todo o Agregados venda nos mercados
Abril a Junho Baixa
para mel distrito familiares locais (a uma escala
limitada)
Carne de Setembro a Todo o Agregados
Baixa Consumo familiar
caça Novembro distrito familiares
Fonte: Pesquisa de Campo, Impacto, 2020.
AGRICULTURA
No Distrito de Vanduzi, a agricultura é desenvolvida tanto a nível familiar (i.e. para fins de
subsistência), como a nível comercial. A agricultura familiar, o principal meio de subsistência
das comunidades, é do tipo itinerante. Esta é baseada no corte e queima da vegetação, para
a preparação do terreno, seguido do cultivo, por alguns anos, ao fim dos quais se segue um
período de pousio, para a recuperação natural da aptidão agrícola do terreno. A actividade é
desenvolvida em regime de sequeiro (sem irrigação e inteiramente dependente da chuva),
sendo caracterizada pela consociação de culturas, em pequenas explorações.
Nas zonas altas são cultivadas as chamadas “culturas resistentes” (a secas e pragas), sendo
o milho a cultura de maior destaque. Outras culturas mencionadas na pesquisa de campo
foram mapira e mexoeira (cereais) e algumas leguminosas (feijões e amendoim). As zonas
baixas (margens de corpos de água sazonais) destinam-se normalmente ao cultivo de raízes
e tubérculos, como a batata-doce e o inhame, assim como de arroz e de hortícolas diversas.
SEGURANÇA ALIMENTAR
Na percepção das autoridades governamentais, as mudanças climáticas têm, nos últimos
anos, colocado em causa a segurança alimentar das comunidades do Distrito de Vanduzi. É
cada vez mais frequente as sementeiras de culturas de subsistência e de rendimento serem
efectuadas com algum atraso, o que gera atrasos nas colheitas, afectando os calendários
habituais de produção agrária.
Em 2021 os ciclones Chalane e Eloisa afectaram, cerca de 1 447 hectares de culturas
diversas, comprometendo a segurança alimentar de cerca de 2 173 famílias. A Localidade
de Chigodole teve 189,5 ha e 518 famílias afectadas. As localidades de Matsinho-Sede e
Pungue Sul foram as mais afectadas (cerca de 1 023,3 ha de terra e 1 510 famílias
afectadas). Nos meses em que há produção insuficiente, os agregados familiares recorrem à
venda de produtos diversos tais, como por exemplo animais domésticos, lenha e carvão, para
suprir com as necessidades da família.
PECUÁRIA
Dados do Governo do Distrito de Vanduzi (2021b) indicam um efectivo total de
aproximadamente 400 000 animais domésticos, sendo que destes cerca de 75% corresponde
a aves, 10% a caprinos; 10 % a bovinos; 4% a suínos e 1% a ovinos.
Dados recolhidos durante as entrevistas colectivas e encontros com grupos focais indicam
que os principais animais de produção familiar são as aves, principalmente, galinhas, pombos
e perús. As galinhas são geralmente vendidas nos mercados locais, a fim de se obter valores
para a compra de artigos domésticos básicos, necessários no dia-a-dia da família, como, por
exemplo, açúcar, sal, óleo, farinha, sabão, sal e outros, ou então para resolver uma
necessidade de dinheiro pontual.
A criação de gado bovino é de escala relativamente pequena, sendo este bastante usado
para o auxílio na actividade agrícola (i.e., em tracção animal).
PESCA
Participantes dos grupos focais de discussão indicaram que a actividade piscícola (Figura 67)
é realizada de uma forma pouco regular, o que atribuíram aos elevados custos associados à
actividade, nomeadamente o pagamento de licenças e a compra de material e equipamentos
adequados, de modo a evitar sanções no processo de fiscalização de pesca pelo Governo. A
actividade é praticada no Rio Chicamba sendo as principais espécies-alvo indicadas a corvina
de água doce, o peixe vermelho e o “mussopo” (peixe-gato).
Dados do Governo do Distrito de Vanduzi (2021) indicam uma produção pesqueira total de
6,6 toneladas, provenientes da aquacultura e da colecta de fontes naturais. O Distrito dispõe
mais de 60 tanques piscícolas (dos quais quase 40 foram abertos em 2021) e um número
reduzido de gaiolas flutuantes (3), segundo registado no trabalho de campo, em Maio de
2022.
EXPLORAÇÃO DE INERTES
A extracção de areia e pedras no Povoado de Selva, assim como em outros locais do Distrito
de Vanduzi, é geralmente praticada por homens, com a finalidade de venda. De acordo com
participantes do encontro do Grupo Focal de discussão composto por homens, após a
extracção, em areeiros artesanais (Figura 68), a areia é ensacada e vendida nos locais de
extracção, a clientes que a compram em grandes quantidades.
Foi reportado que nos últimos três anos, na Localidade de Chigodole (incluindo o Povoado
de Selva), assim como no Distrito de Vanduzi em geral, tem aumentado o número de pessoas
que se dedicam a esta actividade.
INDÚSTRIA E COMÉRCIO
ACTIVIDADE INDUSTRIAL
A actividade industrial no Distrito é de pequena escala, realçando-se, sobretudo, o
processamento de cerais e de castanha de cajú. O processamento de cereais faz-se
sobretudo nas moageiras, unidades industriais de pequena escala, onde se produz farinha
de mandioca, soja e feijão-nhemba. O Distrito de Vanduzi possui 86 moageiras, 52 das quais
se localizam no PA de Vanduzi-Sede (Governo do Distrito de Vanduzi, 2021). Os interessados
neste serviço recorrem principalmente a moageiras do Povoado de Selva e de Chigodole-
Sede. Grande parte das farinhas produzidas nas moagens acima mencionadas é consumida
e comercializada localmente havendo, contudo, uma parte que é comercializada para fora do
distrito, principalmente na Cidade de Chimoio.
Nas imediações do Local do Projecto, existe uma fábrica de pesticidas pertencente à empresa
Curechem Mozambique Lda.
COMÉRCIO FORMAL
De acordo com o Governo do Distrito de Vanduzi, foram registados em 2021, um total de 181
estabelecimentos comerciais que compõem a rede de comércio formal do distrito. Dos
estabelecimentos registados, 121 se encontram distribuídos pelo PA de Vanduzi – Sede e 60
no PA de Matsinho.
COMÉRCIO INFORMAL
O comércio nas localidades e povoações do distrito é assegurado predominantemente por
uma rede de informal (Figura 70), através da qual os agregados familiares vendem e
adquirem bens essenciais. Esta rede é constituída por mercados, as chamadas “bancas fixas”
e locais de venda estabelecidos na rua (geralmente à beira de estrada).
O local conhecido como “Montanha de Chindorone” (ver Figura 71), é o local sagrado mais
próximo do local do Projecto, encontrando-se a pouco mais de 700 m a oeste deste.
Alegadamente, neste local sagrado se encontram enterrados régulos e antepassados. O local
é usado para a realização de cerimónias de evocação dos espíritos dos
defuntos/antepassados, sendo estritamente proibido desenvolver nele qualquer actividade
económica, construir, ou retirar árvores, ou outros recursos.
cemitérios familiares (privados). Poucos são os casos reportados de campas isoladas. Existe,
nas proximidades da área do Projecto um cemitério comunitário, usado pelas comunidades
do Povoado de Selva e alguns AFs de Chigodole-Sede (Figura 72).89
89 Não foi possível identificar com exactidão os limites da área ocupada por este cemitério.
Preparado por: Impacto, LDA
150
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
De um modo geral, existe uma grande expectativa de que o Projecto irá transformar positivamente
a economia do distrito e melhorar a vida das comunidades. Durante o trabalho de campo, ficou
claro que as expectativas de desenvolvimento económico estão intrinsecamente ligadas ao “sonho”
de ver a área do Projecto transformada numa “cidade”, ou numa área “melhor que Maforga”,
referido nas entrevistas semiestruturas realizadas com representantes dos diferentes serviços
sociais distritais de Vanduzi. Refira-se que Maforga é uma zona rural da Província de Manica
(situada no Distrito de Gondola, PA de Amatongas, Localidade de Nhambonda), onde a CPMZ
possui uma das suas duas estações de bombagem do oleoduto da CPMZ e onde crescimento
económico local é atribuído pela comunidade, em grande medida, à presença da CPMZ.
A respeito do assunto acima, foi esclarecido que a ocupação pelo Projecto será feita na
área para a qual a CPMZ já dispõe de uma autorização provisória de DUAT e que as
famílias que possuíam machambas no local a ser ocupado pelo Projecto já foram
indemnizadas.92
90 Referido no grupo focal constituído por Homens (Pesquisa de campo, Impacto 2020).
91 Referido no grupo focal constituído por Mulheres (Pesquisa de campo, Impacto 2020).
92 Informação a este respeito consta no Capítulo 8 e no Anexo 6 deste Relatório.
EMPREGO
Uma potencial vantagem imediata da implementação do Projecto, na percepção de
habitantes da área do Projecto, registada em todos os encontros de Grupos Focais e em
entrevistas, é a do acesso ao emprego, considerando um importante factor de mudança das
condições de vida das comunidades do Distrito e do Povoado de Selva. No que se refere à
contratação de mão-de-obra local, tanto para a Fase de Construção, como para Fase de
Operação, salienta-se o seguinte:
• Participantes do Grupo Focal de Homens esperam que “na atribuição de emprego seja
dada prioridade aos membros da comunidade local (do povoado de Selva)”. Estes
referiram que existem no distrito muitos jovens que se beneficiaram de formação para a
operação de maquinaria de construção em outras empresas/projectos e que estes devem
ser considerados no acto da contratação;
• Os participantes do Grupo Focal de Mulheres referiram que esperam que “os filhos do
povoado” sejam contratados e que não sejam trazidas “pessoas de fora” para ocupar as
vagas de emprego; esperam igualmente que haja postos de trabalho destinados a
mulheres;
• Os participantes do Grupo Focal de Jovens esperam que jovens locais sejam contratados
pela empresa, para que possam fazer algo mais do que o negócio local (venda de carvão)
e para que tenham uma fonte mais segura de rendimento;
• Os participantes da entrevista semiestruturada com a liderança local esperam que na
oferta de emprego às comunidades se considerem também os grupos vulneráveis,
incluindo pessoas com deficiência.
A Magnitude do impacto reflecte a Intensidade com que uma acção altera o ambiente
afectado, combinada com a Extensão e Duração do impacto. Assim, na determinação da
Magnitude, a classificação numérica obtém-se somando os valores de Intensidade +
Extensão + Duração. A Magnitude classifica-se como indicado na Tabela 35.
Negligenciável <7
Baixa 7-9
Moderada 10-12
Alta >12
Por fim, a Significância do impacto (Tabela 36), que reflecte a relevância do impacto e do
nível de mitigação necessário, é determinada como uma função da Magnitude e da
Probabilidade de ocorrência do impacto (ou seja, o valor para a Significância obtém-se por
muitiplicação dos valores de Magnitude e Probabilidade).
Para representar a significância de cada impacto, foi utilizada uma escala de cores, como
indicado na Tabela 37.
Tabela 37 – Escala de cores utilizada na representação da significância dos impactos
identificados
Significância Impacto positivo Impacto negativo
Negligenciável
Baixa
Moderada
Alta
IMPACTOS RESIDUAIS
O Regulamento de AIA, no número 2 do artigo 11, requer que sejam avaliados os impactos
residuais do Projecto, definindo “impacto residual” no número 35 do Anexo VIII, como o “nível
de impacto alcançado após a aplicação de medidas de prevenção, mitigação e restauração”.
Um dos objectivos do processo de AIA é atingir uma condição em que o Projecto não tenha
qualquer impacto residual alto, com duração a longo prazo ou extensão sobre uma grande
área. No entanto, em alguns casos, podem ocorrer impactos residuais altos após terem sido
esgotadas todas as opções de mitigação viáveis. É, então, função dos reguladores e das
partes interessadas ponderar sobre esses factores negativos contra os factores positivos
(p.ex., emprego), para chegar a uma decisão sobre o Projecto.
orgânicos voláteis (COVs) (IFC, 2007a). Deste modo irá observar-se a emissão de poluentes
para a atmosfera, mas presume-se que as actividades acima referidas não terão um impacto
significativo sobre a emissão de GEE, dado que o Projecto não envolve a queima significativa
de combustíveis, nem a um desmatamento massivo.
Na abordagem das mudanças climáticas na Fase de Operação, que terá uma duração
relativamente longa (40 a 50 anos), cumpre analisar, por um lado, se o Projecto poderá ter
algum contributo para os factores que conduzem a mudanças climáticas e, por outro, a
influência de tais mudanças climáticas sobre o Projecto. Na Fase de Operação, tal como na
Fase de Construção, ocorrerá uma movimentação de veículos e maquinaria. As operações
de armazenamento e manuseamento de combustíveis, por sua vez, estão igualmente
associadas à emissão de poluentes para a atmosfera, incluindo COVs. As emissões de COVs
podem resultar, por exemplo, de perdas por evaporação durante o armazenamento,
actividades operacionais como enchimento de tanques ou descarga, mistura de aditivos, ou
derrames, por exemplo (IFC, 2007b).
Pelas razões acima referidas, o controlo de emissões do Projecto não deve ser negligenciado,
devendo garantir-se a instalação de infraestruturas robustas e capazes de garantir um
armazenamento e manuseamento adequado dos combustíveis, minimizando o potencial de
ocorrência de situações como derrames de combustíveis incêndios, mesmo sob as condições
ambientais mais adversas, tais como eventos climáticos extremos.
Sublinhe-se que, em consequência das mudanças climáticas, haverá uma tendência geral
para a diminuição da frequência dos ciclones tropicais, mas com uma intensidade crescente
destes (como referido no subcapítulo 12.1.3). Além disso, espera-se também que sejam mais
frequentes períodos mais curtos de chuva, onde a precipitação passará a ser mais intensa, o
que poderá estar associado, por exemplo, ao desenvolvimento de focos de erosão e a danos
nas infraestruturas.
As medidas para fazer face a tais impactos das mudanças climáticas deverão incluir, não
restritivamente, o seguinte: (i) utilizar tecnologias e materiais modernos nos tanques a
construir, tendo em conta o tipo de combustível a armazenar, assim como a necessidade de
minimizar a emissão de poluentes atmosféricos e de garantir um sistema eficaz de
recuperação de vapor, de forma a minimizar as perdas para a atmosfera; (ii) inspeccionar os
tanques numa base regular e também após a ocorrência de eventos naturais extremos (p.ex.,
um ciclone ou um terramoto), para a identificação precoce de potenciais danos nas
infraestruturas causados por tais eventos; e (iii) reparar tão cedo quanto possível quaisquer
danos nas estruturas dos tanques e das condutas de combustível, para prevenir danos futuros
e constrangimentos nas operações do Terminal;
Considerando as actividades previstas tanto para a Fase de Construção, como para a Fase de de
Operação do Projecto, não se prevê que estas possam agravar a vulnerabilidade de comunidades,
infraestruturas ou actividades aos efeitos das mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos
naturais.
93Assumindo condições de funcionamento normal do Terminal, na ausência de eventos não planeados, como por exemplo um incêndio
de grandes proporções.
Preparado por: Impacto, LDA
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PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
QUALIDADE DO AR
➢ Impacto 1 (-): Perturbação da qualidade do ar, derivada de poeiras e outro material
particulado
Na Fase de Construção a perturbação da qualidade do ar poderá estar associada à emissão
de poeiras94 e material particulado95 (PM10 e PM2.5), principalmente de actividades tais como
as seguintes: desmatação, escavação e compactação do solo; preparação de acessos;
construção da vedação da área do Terminal; construção das infraestruturas do Terminal;
transporte de equipamentos e materiais da construção; circulação de maquinaria e veículos
afectos à obra, entre outras.
A direcção e a velocidade do vento, bem como a pluviosidade na época da construção irão
também influenciar a probabilidade de ocorrência deste impacto. Ao longo do ano, o período
entre Agosto e Novembro é o que apresenta velocidades do vento mais elevadas (entre 20 e
37 km/h) e a sua direcção é predominantemente leste-sudeste (ESE), sudeste (SE) e este
(E). Deste modo, os receptores humanos sensíveis96 localizados na direcção oeste-noroeste
(WNW), noroeste (NO) e oeste (O) do local da obra serão, potencialmente, os mais afectados
pelos impactos resultantes das actividades de construção.
Os receptores ecológicos estão igualmente sujeitos a alguma perturbação, relacionada com
a emissão de poeiras e material particulado durante a fase de construção. Uma vez mais,
considerando os ventos predominantes de ESE, SE e E, espera-se que a dispersão destes
poluentes seja mais significativa para WNW, NO e O.
Na Fase de Operação, com as obras já terminadas e os pisos asfaltados ou cimentados, o
impacto não terá expressão digna de realce, dado que a produção de poeiras decorrente do
Projecto será negligenciável.
Medidas de mitigação
- Impor restrições à velocidade dos veículos, de modo a reduzir a emissão de poeiras;
- Minimizar a remoção de vegetação, através do seu corte selectivo;
- Realizar a monitorização da qualidade do ar nas áreas de influência do Projecto,
principalmente na direcção oeste-noroeste e noroeste, onde existem alguns
assentamentos humanos que serão provavelmente os mais afectados durante as
actividades de construção;
- Nos locais onde a poeira se torna uma preocupação, aspersores estáticos, camiões-
cisterna, mangueiras de mão e outros métodos de “rega” para a contenção de poeiras
devem ser usados onde necessário, evitando que para o efeito seja usada água destinada
a usos nobres pela população (p.e. água destinada ao consumo humano);
- Não devem ser permitidas queimadas no local.
- Durante os períodos secos, implementar a supressão de poeiras em todas as estradas
não pavimentadas e em áreas expostas, pela aplicação regular de água ou de um agente
biodegradável de estabilização do solo;
- Onde necessário o desmatamento, minimizar as actividades de desmatação, restringindo-
a ao mínimo necessário para garantir a eficácia e a segurança das actividades a realizar;
- Cobrir as cargas de forma adequada nos camiões que transportem quaisquer materiais
que possam produzir poeiras quando estes estiverem em movimento;
97
Entende-se por incêndio o processo de combustão relativamente lento, ao contrário da explosão que se desencadeia num processo
muito mais rápido.
Preparado por: Impacto, LDA
162
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
GEOLOGIA
Não se prevê a ocorrência de qualquer impacto de realce nas características geológicas da
área do Projecto, que possa resultar da implementação do Projecto.
GEOMORFOLOGIA E SOLOS
➢ Impacto 3 (-): Alteração de características geomorfológicas locais, resultantes de
movimentos de terras
Durante a Fase de Construção irão ocorrer movimentos de terras (escavações, aterros,
terraplenagem), associados à construção do Terminal e da via de acesso a este. Para as
estruturas mais robustas, tais como os tanques de combustíveis, serão necessárias
escavações profundas, para permitir a construção de fundações igualmente robustas, que
possam suportar o peso de tais estruturas. Acções deste tipo podem provocar alterações
localizadas na topografia da área de implantação do Projecto.
Como referido anteriormente neste Relatório, na sequência de estudos geotécnicos
preliminares no local do Projecto em Maio de 2019, foram encontradas dentro do local
Medidas de mitigação
- Minimizar a perturbação da topografia natural, aplicando as mesmas medidas de
mitigação definidas para o impacto anterior;
- Utilizando métodos de engenharia, construir estruturas adequadas de desvio de águas
pluviais à superfície, para encaminhar o escoamento na envolvente das áreas afectadas;
- Assegurar que as estruturas de captura de sedimentos estejam situadas em locais
definidos com base em critérios de engenharia e sejam sujeitas a manutenção regular.
Classificação do impacto
Impacto 4: Perturbação do terreno e consequente alteração dos padrões de
escoamento e das características da drenagem.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Pouco provável 2 Improvável 1
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Permanente 5 Permanente 5
Magnitude Baixa 9 Baixa 7
Significância Baixa (18) Negligenciável (7)
98
ao potencial de erosão, este estará largamente influenciado pelas formas de gestão das
águas pluviais e de descarga de efluentes do Projecto. Referência à gestão de águas pluviais
(e de águas de combate a incêndios) é feita na descrição do impacto anterior, onde também
se faz referência à instalação de um sistema de fossas sépticas e de um sistema de controlo
da drenagem local. Quanto a águas oleosas residuais e como explicado na “Descrição do
Projecto”, estas serão bombeadas para uma caixa colectora de água oleosa, para tratamento
por um separador mecânico de água oleosa com capacidade adequada para separar em 5
dias toda a água contida na caixa de recolha. Assim sendo, estas águas não são lançadas
no solo pelo que, em princípio, não estão associadas a um potencial de erosão.
Face ao acima explicado, entende-se que a maior parte das medidas de mitigação
apesentadas a seguir está relacionada com as obras de construção.
Medidas de mitigação
- As movimentações de terras devem restringir-se ao mínimo necessário, de modo a
prevenir uma possível exposição do solo a chuvas, especialmente nos durante os
períodos de maior precipitação, como uma medida para minimizar a erosão pluvial;
- Áreas escavadas devem ser mantidas abertas o mínimo de tempo necessário para as
actividades de construção que estejam a decorrer nesse local específico, especialmente
na época das chuvas, como uma medida para minimizar a erosão pluvial;
- Evitar a circulação de veículos e máquinas pesadas fora das áreas definidas para o efeito;
- Garantir inspecções regulares na área do Projecto (e após chuvas intensas), para detectar
atempadamente potenciais focos de erosão;
- Com a conclusão das obras, verificar o estado da drenagem das águas e da erosão
provocada sempre que ocorrer uma precipitação diária que exceda os 5 mm e reparados
os danos imediatamente, de forma a manter o fluxo natural das águas;
- Sempre que sejam identificados solos instáveis, devem ser implementadas medidas para
o reforço da capacidade de suporte dos terrenos (utilização de micro-estacas, pregagens,
mantas geotêxteis ou outros métodos, conforme tecnicamente e ambientalmente
adequado)
- Onde necessário, promover a recuperação de áreas degradadas pela construção, através
da gradagem do terreno e do plantio de vegetação nativa, visando alcançar uma condição
tão próxima quanto possível da anterior às obras.
Classificação do impacto
Impacto 5: Alteração das características físicas do solo (erosão e compactação do solo).
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 4 Pouco provável 2
Intensidade Moderada 3 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 4 Curto-prazo 4
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 7
Significância Moderada (36) Baixa (14)
99
Referências principais: Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Decreto n.º 94/2014, de 31 de Dezembro) e no
Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Perigosos (Decreto n.º 83/2014, de 31 de Dezembro)
Preparado por: Impacto, LDA
167
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
HIDROLOGIA E HIDROGEOLOGIA
Na Secção 7.1.14 e sob o título “Gestão de resíduos, são descritos os principais tipos de
resíduos sólidos esperados das actividades do Projecto. Para resíduos sólidos urbanos,
está indicado que estes serão depositados em sacos plásticos e em
recipientes/contentores apropriados, para a posterior recolha por uma viatura licenciada
para o efeito; e que esta actividade poderá ser alocada a terceiros.
No que concerne aos resíduos perigosos, vale realçar que o tratamento de uma quantidade
significativa dos resíduos perigosos produzidos no País (principalmente por grandes
empresas) é encaminhada para o Aterro Industrial de Mavoco, localizado no Distrito de
Boane, na Província de Maputo.100 O Aterro Industrial de Mavoco recebe e trata resíduos
perigosos, como lâmpadas fluorescentes com mercúrio, materiais contaminados com óleo,
flúor, entre outros. Adicionalmente, apesar de não tratar resíduos radioactivos ou
explosivos, por exemplo, este local recebe excepcionalmente alguns destes materiais,
exportando-os posteriormente, para serem tratados em outros países com meios para o
efeito. Para se beneficiar deste serviço, o Proponente deverá estabelecer um acordo
contratual com a entidade gestora do referido aterro.
Medidas de mitigação
- Sensibilizar os trabalhadores sobre a necessidade da preservação do ambiente, assim
como sobre o seu papel como agentes activos da mudança de mentalidades;
- Estabelecer um sistema de resíduos que inclua a identificação do tipo de resíduo e a sua
recolha, deposição e eliminação de resíduos adequada, como estabelecido no
Regulamento sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e Regulamento sobre a
Gestão de Resíduos Perigosos. Este exercício, especialmente no que concerne à
deposição e eliminação de resíduos, deve ser executado em coordenação com as
autoridades governamentais locais (i.e., do Distrito de Vanduzi);
- Designar uma equipa para ser responsável pela manutenção da limpeza e recolha de
todos os resíduos sólidos produzidos pelos trabalhadores envolvidos no Projecto, assim
como pela própria actividade do Projecto;
- Colocar os resíduos em contentores e em áreas de armazenamento temporário de
resíduos, de modo a evitar o acesso de pessoas alheias ao Projecto e de animais
domésticos ou sinantrópicos;
- Utilizar aterros sanitários temporários para deposição de resíduos, devendo os locais ser
estabelecidos em coordenação com as autoridades governamentais do Distrito de
Vanduzi; a camada de solo superficial deve ser manuseada de tal forma que possa
retornar ao mesmo lugar de onde foi removida, quando termine a utilização do aterro.
- Recolher regularmente e manter limpos os locais e recipientes de depósito de resíduos,
evitando a acumulação dos mesmos;
- Garantir que o transporte de resíduos é efectuado por empresa(s) licenciada(s);
- Implementar um sistema de rastreamento de resíduos por meio de um manifesto de
resíduos, de forma a manter um registo actualizado dos resíduos que são produzidos e
eliminados no local de construção e transferidos para o destino final (incluindo
informações sobre a sua proveniência, quantidade e tipologia de resíduos);
- Respeitar o princípio dos três R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar). Os resíduos para os
quais a hierarquia de gestão não puder ser implementada deverão ser tratados e/ou
eliminados da forma ambientalmente mais adequada possível;
100
Este aterro recebe também resíduos de outras zonas do País, principalmente de grandes empreendimentos, como por exemplo a
Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), em Songo, Província de Tete e a sua gestão está a cargo da empresa EnviroServ.
Preparado por: Impacto, LDA
170
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
- Caso sejam descobertos resíduos não identificados e/ou de origem desconhecida, tratar
tais resíduos como perigosos, como uma abordagem cautelosa, até que seja efectuada
uma investigação que permita a correcta caracterização e manuseamento dos materiais
e a identificação de uma via de gestão adequada.
- Quaisquer descargas de águas residuais devem obedecer aos limites estabelecidos no
Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e Emissão de Efluentes (Decreto
n.º 18/2004 de 2 de Junho), em especial aos padrões de emissão de efluentes líquidos
domésticos, conforme apresentado no Anexo IV deste Regulamento;
- Estabelecer e implementar um sistema de monitorização da qualidade da água superficial
e subterrânea dentro e fora do recinto em laboratórios devidamente acreditados para o
efeito. Os valores dos resultados da monitorização devem estar em conformidade com o
Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e Emissão de Efluentes.
Para resíduos perigosos
- Identificar zonas e prepará-las devidamente para o armazenamento e manuseamento de
resíduos perigosos (pavimentar com betão, criar condições de contenção;
- Usar Fichas de Dados de Segurança de Materiais (MSDS) de todos os materiais e
produtos perigosos usados, para proporcionar uma avaliação dos riscos possíveis e uma
melhor abordagem em termos de métodos de manuseamento e eliminação;
- Os trabalhadores, que lidam com o armazenamento dos materiais perigosos, devem
dispor de equipamento de protecção adequado (luvas, máscaras, fato macaco, protector
de ouvidos e botas de borracha).
- Sobras de betão que não tenham uso utilizadas devem ser quebradas em pedaços
pequenos e depositadas em aterros designados para o efeito, ou disponibilizados à
comunidade para reaproveitamento, conforme adequado e de uma forma ordeira e
responsável;
- Todos os derrames de combustíveis, óleos ou outras substâncias perigosas devem ser
imediatamente limpos e devem ser tomadas medidas para remediar os seus efeitos;
- Os materiais usados na limpeza de um derrame e/ou fuga devem ser depositados num
recipiente de armazenamento temporário de resíduos perigosos, para posterior
encaminhamento para um destino final adequado (idealmente por uma empresa
credenciada para o efeito, com o transporte garantido por uma entidade licenciada);
- Na eventualidade de um derrame acidental de óleos, combustíveis ou outras substâncias
para o solo, remover imediatamente a camada de solo afectada e proceder ao
armazenamento temporário seguro e posterior encaminhamento para um destino final
adequado;
- Óleos e lubrificantes usados devem ser recolhidos em tambores, selados e remetidos às
empresas fornecedoras desses produtos para posterior reciclagem.
- Embalagens e tambores que tenham sido usadas com produtos tóxicos como
combustíveis e lubrificantes, devem ser devolvidos às empresas distribuidoras desses
produtos;101
- A manutenção de viaturas deverá ser feita em oficinas com instalações adequadas para
o efeito. Caso não seja possível remover a viatura para a oficina a manutenção na área
poderá acontecer com as devidas precauções como por exemplo cobrir o solo com
material impermeável (folha de plástico, tabuleiro de plástico ou metálico);
101
Os que tenham sido utilizados com produtos não tóxicos poderão ser distribuídos a membros da comunidade, para uso doméstico
(p.e. como reservatórios de água.
Preparado por: Impacto, LDA
171
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Classificação do impacto
AMBIENTE SONORO
➢ Impacto 8 (-): Perturbação do ambiente sonoro na envolvente do Projecto,
resultante do tráfego rodoviário associado ao Projecto
Durante a Fase de Construção prevê-se que ocorra um aumento de tráfego de veículos
ligeiros e pesados, principalmente associado à movimentação/operação de máquinas e
equipamentos ligados ao Projecto e à edificação das infraestruturas do Projecto. Isto poderá
causar alguma perturbação dos receptores sensíveis humanos na evolvente do local do
Projecto (i.e. residentes e utentes da área).
A Fase de Operação, os níveis mais altos de ruído poderão estar associados ao tráfego de
camiões-cisterna que serão abastecidos no Terminal.
No EIA foram identificados os principais receptores sensíveis potenciais para o ruído (ver
Figura 26), tanto para a Fase de Construção, como para a Fase de Operação. Estes incluem,
não restritivamente, o seguinte: (i) habitações nas imediações da N6, a norte e a oeste da
principal via de acesso ao local do Projecto a partir da N6; (ii) habitações que se encontram
nas direcções Oeste-noroeste (WNW), Noroeste (NO) e Oeste (O) do local do Projecto); (iii)
a Escola EP1 Vila Maninga; e (iv) a fábrica de pesticidas já referida anteriormente.
Medidas de mitigação
- Garantir que as actividades de construção ocorrem em conformidade com um calendário
e horários pré-estabelecidos, com as actividades geradoras de níveis mais altos
decorrendo no período diurno, e com a exclusão de domingos e feriados;
- Limitar a movimentação de maquinaria e equipamentos ligados ao Projecto ao
estritamente necessário para a execução das actividades do Projecto;
- Impor restrições à velocidade dos veículos;
- Garantir uma manutenção adequada da maquinaria e dos equipamentos afectos às
actividades do Projecto, para minimizar os níveis de ruído.
- Restringir as actividades geradoras de elevados níveis de ruído ao horário de trabalho
diurno.
- Através de um mecanismo de comunicação previamente estabelecido, manter contacto
regular com a comunidade a respeito de perturbações por via do ruido que se possam
observar, e acordar sobre as formas da sua minimização.
Classificação do impacto
Impacto 8: Perturbação do ambiente sonoro na envolvente do Projecto, resultante
do tráfego rodoviário associado ao Projecto.
Meio afectado: Físico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Impacto residual
Sem mitigação
(com mitigação)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Moderada (32) Baixa (18)
PAISAGEM
➢ Impacto 9 (-): Perturbação da paisagem local
Durante a fase de construção verificar-se-ão impactos ao nível da percepção visual,
resultantes de uma “desorganização” espacial e funcional do espaço de intervenção,
designadamente da área de implantação do Terminal e do ambiente envolvente a desmatar.
A modificação da paisagem irá reflectir-se por meio da conversão de uma área
predominantemente verde a uma área urbanizada/industrial. Os impactos serão sentidos não
apenas no local directamente afectado pelas actividades do Projecto, como também na área
circundante, com particular incidência nos receptores sensíveis humanos externos ao
Projecto residentes, ou utentes habituais ou esporádicos da área.
Este impacto irá resultar principalmente do seguinte:
a) Fase de Construção – (i) introdução de elementos incomuns ao ambiente na área do
Projecto, tais como veículos, equipamentos móveis e materiais de construção, cuja
presença se irá misturar com a dos espaços verdes existentes, espaços esses percebidos
como típicos da paisagem local; (ii) redução de espaços verdes, no processo de
preparação da área para a construção; e (ii) redução temporária da visibilidade nos locais
sujeitos a actividades de construção, como um resultado do aumento de concentração de
poeiras no ar, com a subsequente deposição no ambiente envolvente.
Classificação do impacto
Impacto 10: Desmatamento e perda de habitats
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Definitiva 5 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Baixa 2
Extensão Local 1 Local 1
Duração Permanente 5 Longo-prazo 4
Magnitude Baixa 8 Baixa 7
Significância Moderada (30) Moderada (28)
Classificação do impacto
Impacto 11: Aumento da pressão sobre os recursos naturais (flora e fauna)
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco provável 2
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude 7 6
Significância Baixa (21) Baixa (12)
ESPÉCIES INVASORAS
➢ Impacto 12 (-): Introdução e/ou disseminação de espécies invasoras
Uma espécie invasora foi identificada na área do Projecto (Lantana camara), em diferentes
habitats/classes de uso e cobertura. A movimentação de veículos e maquinaria ao longo das
estradas de acesso e áreas de construção na Fase de Construção poderá contribuir para a
dispersão de espécies invasoras, na medida em que partes de plantas, sementes e raízes
podem ficar presas ao equipamento e ser dispersas, à medida que estes se movimentam
pela área. Uma vez introduzidas, as espécies invasoras podem disseminar-se impactando
habitats adjacentes, competindo com espécies nativas e, em alguns casos, substituindo
espécies nativas, alterando assim o equilíbrio ecológico dos ecossistemas. Estas espécies
poderão tornar-se um problema difícil de controlar após a construção.
Medidas de mitigação
- Submeter os equipamentos circulantes a um processo de limpeza rigorosa no estaleiro
(incluindo lavagem à pressão), de forma a remover sementes ou propágulos que estejam
presos em lâminas, previamente ao início do uso destes nas áreas de trabalho. Deve ter-
se o cuidado de evitar o uso das águas residuais destas lavagens para fins de rega, o que
poderia contribuir para a dispersão destas espécies;
- Gradar o solo e revegetá-lo com uma cobertura herbácea tão rápido quanto possível após
o fim da construção (o restabelecimento de uma camada de gramíneas indígenas é a
melhor forma de evitar a infestação por espécies invasoras).
Classificação do impacto
Impacto 12: Introdução e/ou disseminação de espécies invasoras
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Pouco Provável 2
Intensidade Alta 4 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 5 Médio-prazo 3
Magnitude Moderada 11 Negligenciável 6
Significância Moderada (33) Baixa (12)
FAUNA
➢ Impacto 13 (-): Perturbação de fauna
Como referido anteriormente, as áreas designadas para a instalação de infraestruturas e vias
de circulação rodoviária associadas ao Projecto são, na sua maioria, habitats modificados
(áreas agrícolas e matas secundárias) e, consequentemente, as comunidades faunísticas,
nestes habitats são menos diversificadas e menos abundantes que nas áreas não
perturbadas ou menos perturbadas.
A movimentação de máquinas e veículos pesados e a operação de equipamentos durante a
Fase de Construção podem causar algum transtorno à fauna, através do ruído, emissões
de gases de escape e poeiras. O ruído e vibração de máquinas podem ocasionar o
afugentamento de espécies mais sensíveis aos ruídos, além de interferir em processos
ligados a comunicação vocal de algumas espécies (relacionada com a defesa de território,
reprodução e sinalização sobre a chegada de predadores).
Para além disso, existe um risco de morte de animais por atropelamento, principalmente de
espécies que apresentam uma reduzida mobilidade (como os répteis e alguns pequenos
mamíferos), durante a circulação de veículos de, e para a área do Projecto. Há ainda a
possibilidade de acidentes com animais, causados pela remoção de tocas e abrigos de
espécies locais, nos processos de movimentação e relocação de terras. As cobras por serem
receadas, têm maior probabilidade de serem mortas por pessoal envolvido na construção.
Este risco persiste, em certa medida, na Fase de Operação, mas de uma forma
negligenciável, dado que o ambiente local apresentará características “urbanas”, desprovida
de parte dos componentes naturais da paisagem.
Medidas de mitigação
- Orientar os trabalhadores a não transitarem fora dos acessos estabelecidos para o
Projecto, devendo, onde necessário, ser identificadas e demarcadas as áreas proibidas,
onde seja interdito o acesso do pessoal, veículos e maquinaria envolvidos na construção;
- Manter máquinas e veículos devidamente inspeccionados, evitando a emissão de ruídos
acima do normal;
- Submeter os motoristas e operadores de maquinaria pesada a um treino de indução em
Ambiente, Saúde e Segurança, que inclua, entre outros aspectos, o respeito pela vida
selvagem;
- Permitir a fuga de animais que se tentem evadir das áreas de construção;
- Após a Fase de Construção, remover as infraestruturas temporárias de apoio e reabilitar
as áreas degradadas (salvo decisão em contrário, em coordenação com as autoridades
administrativas/municipais locais ou se estas tiverem sido cedidas a outra entidade).
Classificação do impacto
Impacto 13: Perturbação de fauna
Meio afectado: Biótico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Baixa 2 Insignificante 1
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Negligenciável 7 Negligenciável 5
Significância Moderada (28) Baixa (15)
Adicionalmente,
- Onde necessário, as populações de roedores no local e em redor das infraestruturas
devem ser controladas através do uso de armadilhas e não através de veneno, sob
precauções de segurança para humanos.
Animais sinantrópicos são aqueles que ao longo do tempo se adaptaram a viver junto ao homem, mas não em harmonia com este. A
102
maioria destes animais alimenta-se do lixo produzido pelo homem, podendo transmitir doenças (p.e., ratos, baratas, formigas, pulgas,
mosquitos, corvos, pombos, moscas, entre outros).
Preparado por: Impacto, LDA
180
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Classificação do impacto
Impacto 15: Aumento dos impostos e das receitas fiscais do Estado
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Directo
Probabilidade Provável 3 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Curto-prazo 2 Médio-prazo 3
Magnitude Negligenciável 6 Baixa 8
Significância Baixa (18) Moderada (32)
A pessoa portadora de HIV/SIDA tem os seus direitos (e deveres) protegidos pela “Lei de Protecção
da Pessoa, do Trabalhador ou Candidato a Emprego vivendo com HIV/SIDA” (Lei nº19/2014, de
27 de Agosto). Nesta Lei, baseada no princípio da não discriminação, estabelece-se que “a pessoa
vivendo com HIV e SIDA goza dos mesmos direitos e tratamento de qualquer outra pessoa” e esta
“não deve ser discriminada ou estigmatizada em razão do seu estado de seropositividade”.
DIREITOS DAS PESSOAS OU GRUPOS VULNERÁVEIS RELATIVAMENTE AO EMPREGO
No País, o quadro legal aplicável a pessoas ou grupos vulneráveis versa sobre os direitos gerais
dos visados enquanto cidadãos da República de Moçambique, baseando-se, maioritariamente, em
preceitos da Constituição da República de Moçambique, assim como em uma série de outros
instrumentos legais multi-sectoriais, ou relativos a um grupo social específico (p.ex.: pessoas
portadoras de deficiência). O direito ao trabalho, patente no artigo 84, abarca todos os cidadãos de
Moçambique, independentemente de estes se encontrarem ou não em condição de
vulnerabilidade.
Medidas de potenciação
- Desenvolver, em coordenação com as instituições locais do Estado e líderes
comunitários, uma política e procedimentos claros e transparentes de recrutamento de
mão-de-obra para o Projecto;
- Para o recrutamento da mão-de-obra local deve garantir-se o envolvimento dos líderes
comunitários, dado que estes geralmente possuem um conhecimento da conduta social
dos residentes das suas áreas de jurisdição; esta é uma prática tradicional de
“legitimação” do processo, muito comum no meio rural em Moçambique e geralmente bem
aceite pelas comunidades. Uma coordenação com as autoridades do Governo será
igualmente necessária. Em ambos os casos, esta coordenação poderá ajudar na
prevenção/minimização e mediação de possíveis conflitos;
- No processo de aceitação de candidatos, conceder prioridade seguindo a sequência do
nível administrativo de base (povoado de Selva), aos níveis mais altos (i.e., Localidade
de Chigodole, PA de Vanduzi-Sede, Distrito de Vanduzi, Província de Manica) e assim
sucessivamente, sem prejuízo dos critérios de ilegibilidade aplicáveis (por ex.
competências profissionais, grupo etário, aptidão física, critérios de inclusão social e
outros);
- As oportunidades de emprego devem ser não discriminatórias (seja por raça, sexo,
orientação sexual, religião, orientação política, ou de outra forma), divulgadas de forma
clara, objectiva e imparcial e explicadas de maneira realista, indicando aspectos tais como
o número de postos de trabalho disponíveis, os critérios de elegibilidade aplicáveis, a
duração (temporária ou permanente), entre outros aspectos julgados pertinentes;
- As contratações devem ser efectuadas em cumprimento integral da Lei do Trabalho107 de
Moçambique e de todos os outros instrumentos legais nacionais aplicáveis.
Classificação do impacto
Impacto 16: Criação de oportunidades de emprego.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Directo
Probabilidade Altamente Provável 4 Definitiva 5
Intensidade Moderada 3 Alta 4
Extensão Envolvente 2 Regional 3
Duração Curto-prazo 2 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 7 Moderada 10
Significância Moderada (28) Alta (50)
Terminal), ou indirectos (em outros locais). Isto poderá criar condições para que os
trabalhadores ascendam a posições sucessivamente mais elevadas no seu percurso
profissional.
Medidas de potenciação
- Criar oportunidades de “formação no local de trabalho” pelo empregador (Empreiteiro ou
Proponente, conforme o caso), para incrementar as habilidades profissionais de
trabalhadores contratados na condição de não qualificados;
- As oportunidades de emprego devem abranger mulheres, na perspectiva de valorizar
reforçar a sua intervenção e o seu papel no desenvolvimento do Distrito.
Classificação do impacto
Impacto 18: Aumento do contingente local de pessoal com qualificações
profissionais.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem potenciação Com potenciação
Natureza / Tipo Positivo / Directo
Probabilidade Provável 3 Altamente provável 4
Intensidade Baixa 2 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Longo-prazo 4
Magnitude Negligenciável 7 Baixa 9
Significância Baixa (21) Moderada (36)
mais alto que o rendimento médio local, e ainda com o prestígio inerente à sua condição de
assalariados.
Uma consequência directa desta condição poderá ser um aumento da disparidade nas
condições sociais entre agregados familiares com membros contratados/assalariados e
aqueles inteiramente dependentes de actividades tradicionais de subsistência (i.e.,
agricultura, venda de carvão, entre outras). Esta situação poderá causar algum desconforto
social, revertendo em conflitos no seio da comunidade, ou entre a comunidade e o Projecto.
Por outro lado, quaisquer atitudes ou comportamentos dos trabalhadores que não se
enquadrem nas normas sociais e na cultura local poderão, igualmente, degenerar em conflitos
com a comunidades, podendo estes requerer a intervenção dos líderes comunitários para a
sua resolução, de acordo com as práticas tradicionais locais.
Medidas de mitigação
- Desenvolver e implementar um Código de Conduta para os trabalhadores do Projecto e
sensibilizar os trabalhadores a manterem uma postura de cortesia perante a comunidade
e as autoridades;
- Programar encontros periódicos (ou sempre que necessário) com líderes locais do Estado
e líderes comunitários, assim como com a comunidade, para discutir assuntos de
interesse comum para as partes citadas e criar um clima social que permita a
prevenção/minimização de possíveis conflitos;
- Com o envolvimento da liderança tradicional, sensibilizar os trabalhadores a respeito da
organização social e cultural local, assim como das práticas tradicionais locais. O
objectivo é o de desenvolver no seio da força de trabalho uma percepção comum sobre
comportamentos localmente considerados inaceitáveis e susceptíveis de gerar conflitos.
Classificação do impacto
Impacto 22: Perturbação e conflitos relacionados com a presença do contingente de
mão-de-obra assalariada do Projecto.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Com mitigação
Sem mitigação
(impacto residual)
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 6
Significância Moderada (27) Baixa (18)
Isto implicará que a maior parte dos trabalhadores contratados para a Fase de Construção
ficará sem o seu posto de trabalho após a conclusão das obras. Para os visados
(possivelmente para a maioria), isso implicará o retorno à condição de desempregado, com
efeitos na renda familiar e, de um modo geral, no nível de bem-estar social.
Medidas de mitigação
- O Proponente deverá, tanto quanto praticável, integrar na Fase de Operação parte do
quadro de pessoal que tiver estado envolvido na Fase de Construção, mesmo quando
existir necessidade de um aprimoramento das suas habilidades profissionais.
- Propõe-se que o Proponente analise com o Governo Distrital as possibilidades de, em
coordenação com parceiros locais, desenvolver parcerias que permitam ajudar pelo
menos parte do pessoal recrutado e as suas famílias a estabelecer meios de subsistência
alternativos e esquemas de poupança; o objectivo seria minimizar a dependência
económica destes (pessoal e respectivas famílias) em relação ao emprego proporcionado
pelas actividades de construção do Projecto. Este é um assunto que pode ser enquadrado
no programa de Responsabilidade Social da CPMZ e por via de parcerias estabelecidas
localmente (no Distrito de Vanduzi) ou na Cidade de Chimoio (p.ex.: empreiteiros,
instituições de microcrédito).
Classificação do impacto
Impacto 23: Perda de postos de trabalho resultante da finalização das obras de construção
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Definitiva 5 Definitiva 5
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 5 Curto-prazo 2
Magnitude Alta 11 Baixa 7
Significância Alta (55) Moderada (35)
Medidas de mitigação
- Através dos canais de comunicação com a comunidade e com a polícia local, mobilizar o
apoio dos líderes comunitários e da comunidade local na vigilância, visando a prevenção
de crimes e a denúncia de suspeitos e praticantes de crimes;
- Debater com a comunidade, seus líderes e outras partes interessadas, as possíveis
formas de colaboração para a minimização deste impacto;
- Avaliar a possibilidade de estabelecimento de parcerias com ONGs, organizações
baseadas na comunidade, confissões religiosas ou outras, para promover a sensibilização
da comunidades, nas escolas e no seio dos trabalhadores ligados ao Projecto, para a
prevenção de condutas socialmente inadequadas, como por exemplo: abuso do álcool e
das drogas; prostituição e riscos de saúde; abuso de menores; prevenção de conflitos
sociais; entre outras matérias, assim como o encorajamento da denúncia às autoridades
locais (com a devida protecção dos denunciantes por via do anonimato e/ou de outro
modo eficaz).
Classificação do impacto
Impacto 24: Aumento local da criminalidade e de outros comportamentos desviantes
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Baixa 3
Significância Moderada (27) Baixa (18)
possíveis avarias, e do tempo alocado para o repouso dos motoristas pelos seus
empregadores. Os camiões serão, assim, fontes permanentes de ruido.
As poeiras, em contrapartida, poderão ser um assunto de menos expressão nesta fase, dado
que, por um lado, as obras de construção terão terminado e, por outro, os camiões-cisterna
e outros veículos com alguma ligação com o Projecto irão circular em estradas asfaltas, que
geram níveis de poeira notavelmente mais baixos que algumas actividades da construção,
que envolvem o revolvimento de terras.
Em qualquer uma das Fases do Projecto (Construção e Operação), as formas de perturbação
acima citadas poderão resultar em conflitos, principalmente se se observarem efeitos na
saúde que sejam atribuídos a poeiras, ruídos ou vibrações, gerados pelo Projecto.
Medidas de mitigação
Medidas gerais
- Através de um mecanismo de comunicação, interagir regularmente com a comunidade e
seus líderes, de modo a obter uma percepção da possível perturbação causada pelas
actividades do Projecto e acordar sobre as melhores formas para a sua minimização;
- Caso a percepção resultante da implementação medida de mitigação anterior o justifique,
interagir com as autoridades de saúde, através de um mecanismo de comunicação, no
sentido de verificar se existe uma possível correlação entre a presença do Projecto e o
aumento do número de casos de doenças respiratórias e/ou auditivas diagnosticadas no
Centro de Saúde de Vanduzi (isto pode ser executado através de uma parceria para
apoiar um trabalho de investigação científica).
Mitigação do impacto de poeiras:
- Aplicam-se as medidas de mitigação formuladas para o Impacto 1 (”Perturbação da
qualidade do ar, derivada de poeiras e outro material particulado”; Secção 0).
Mitigação do impacto de ruído e vibrações
- Aplicam-se as medidas de mitigação formuladas para o Impacto 8 (“Perturbação do
ambiente sonoro na envolvente do Projecto, resultante do tráfego rodoviário associado ao
Projecto”; Secção 0).
Classificação do impacto
Impacto 25: Interferência com o bem-estar da comunidade, devido à perturbação
causada por poeiras, ruídos ou vibrações
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Construção e Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Com mitigação
Sem mitigação
(impacto residual)
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Moderada 3 Baixa 2
Extensão Envolvente 2 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Moderada (32) Baixa (18)
- Caso, pelo contrário, se opte pela desactivação efectiva do Projecto, isto implicará a
remoção dos combustíveis e da água de cada um dos respectivos tanques, a remoção de
outros produtos armazenados (óleos, lubrificantes, espumas) e a desmontagem de
equipamentos diversos.
109
Decreto que define o regime a que estão sujeitas as actividades de produção, importação, recepção, armazenamento,
manuseamento, distribuição, comercialização, transporte, exportação e reexportação de produtos petrolíferos (citado na Secção 0 deste
Relatório).
Preparado por: Impacto, LDA
195
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
geridos de acordo com a sua tipologia, de modo a evitar riscos para o ambiente e a
saúde humana. O PGA-D deverá prever medidas de gestão de resíduos perigosos e
não perigosos, de acordo com a legislação vigente aplicável nessa altura. Os resíduos
para os quais a hierarquia de gestão não puder ser implementada deverão ser
tratados e/ou eliminados da forma ambientalmente mais adequada e como for
determinado no PGA-D;
• Reaproveitamento de edifícios/materiais/equipamentos: uma das medidas gerais
aplicáveis à gestão de resíduos é a aplicação do princípio dos três R’s (Reduzir,
Reutilizar e Reciclar). Assumindo a desactivação e desmantelamento do Terminal, é
possível que os edifícios sejam aproveitados para outros fins após a desactivação,
observando-se assim uma modificação do uso da terra no local do Projecto. Assim,
determinados materiais resultantes do desmantelamento das instalações do Terminal
poderão, possivelmente, ser reciclados/reaproveitados em outras infraestruturas ou
actividades, o que, em princípio, deve ser visto como um impacto positivo da Fase de
Desactivação, desde que essa medida seja implementada de forma adequada,
evitando efeitos nefastos sobre o ambiente e a saúde e segurança de pessoas e
animais.
110Um exemplo simples de impacto cumulativo seria um aumento da procura de serviços de saúde, que resultasse do efeito combinado
do estabelecimento do Terminal e de um conjunto de projectos futuros.
Preparado por: Impacto, LDA
197
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Este impacto poderá ocorrer tanto na Fase de Construção, como na Fase de Operação do
Projecto.
Um eventual aumento do número de pessoas/famílias e empresas a estabelecidas e/ou a
operarem na Sede do Distrito poderá contribuir para um aumento da pressão sobre serviços
locais, como saúde, educação, administração pública, banca, restauração e outros,
particularmente se o desenvolvimento de tais serviços não for capaz de acompanhar o
desenvolvimento do tecido empresarial e de dar resposta à nova demanda de produtos e
serviços. Isso poderá afectar a disponibilidade e/ou a qualidade de tais serviços para utentes
locais.
Um bom exemplo é o serviço de saúde: actualmente (na ausência do Projecto) o CS de
Chigodole, a unidade sanitária de referência do Distrito de Vanduzi, possui diversas limitações
de pessoal técnico, fundos para abastecimento de energia e meios para a transferência de
pacientes graves para as unidades sanitárias da Cidade de Chimoio, entre outras (baseado
em informação recolhida durante a pesquisa de campo).
O Consultor não dispõe de informação sobre outros projectos de vulto previstos para Vanduzi,
para além do presente Projecto do Terminal de Combustíveis, que ainda se encontra em
processo de licenciamento ambiental. Contudo, este impacto, caso ocorra, não deve ser
negligenciado.
A avaliação de um impacto deste tipo requer, frequentemente, uma visão de desenvolvimento
estratégico da área, que transcende os domínios do EIAS. Assim, as medidas de mitigação
apresentadas abaixo são de carácter geral, devendo ser ajustadas às situações específicas
de pressão sobre os serviços que se forem observando durante a implementação do Projecto.
Medidas de mitigação
- À medida que o desenvolvimento do distrito for progredindo, interagir com autoridades do
sector público no sentido de identificar e minimizar quaisquer pressões que possam surgir
nos serviços existentes, e encontrar soluções. Interagir com outras empresas detentoras
de médios e grandes negócios que surjam na área, com a mesma finalidade.
- Para a implementação do Projecto, procurar sempre soluções de aquisição e o
estabelecimento de serviços que não representem uma sobrecarga para a demanda local
(p.ex.: abastecimento de água e electricidade, saneamento).
Classificação do impacto
Impacto 26: Aumento da pressão sobre o uso dos serviços públicos, devido ao fluxo
imigratório para a Sede do Distrito de Vanduzi
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto / Cumulativo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Longo-prazo 4 Curto-prazo 4
Magnitude Moderada 10 Baixa 9
Significância Moderada (30) Moderada (27)
Classificação do impacto
Impacto 27: Aumento dos riscos de emergência devido à proximidade entre os
tanques de combustível do Terminal e o oleoduto da CPMZ.
Meio afectado: Socioeconómico
Fase do Projecto: Fase de Operação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo / Cumulativo
Probabilidade Definitiva 5 Provável 3
Intensidade Alta 4 Alta 4
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Permanente 5 Permanente 5
Magnitude 11 11
Significância Alta (55) Moderada (33)
Na Consulta Pública da Fase do EPDA a preocupação com relação a acidentes foi levantada
destacando o tráfego de camiões, que se espera que intensifique na área, especialmente na Fase
de Operação. Note-se que a EP1 Vila Maninga se situa a aproximadamente 200 m do Local do
Projecto, do lado oposto da N6, relativamente ao Terminal. Informações recolhidas durante a
pesquisa de campo indicam que se têm registado incidentes rodoviários na zona em questão, por
vezes envolvendo o atropelamento de crianças que fazem a travessia da N6.
113Como mencionado anteriormente neste Relatório (no Capítulo 7), a N6, assim como as respectivas estradas de ligação e infraestruturas
conexas, está concessionada à empresa Sociedade Rede Viária de Moçambique, S.A. (REVIMO), como estabelecido pelo Decreto nº
93/2019, de 17 de Dezembro. A REVIMO é, assi, em nome da ANE, a empresa encarregue da gestão da N6, incluindo as respectivas
estradas de ligação e infraestruturas conexas.
Preparado por: Impacto, LDA
201
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
De um modo geral, o risco de acidentes deve ser alvo de uma monitoria permanente,
abarcando o controlo das condições de operação dos equipamentos e dos veículos, assim
como o uso de pessoal devidamente treinado e acções de supervisão.
Medidas de Mitigação
- Sensibilizar os trabalhadores a respeito dos riscos de Saúde e Segurança relacionados
com as suas actividades;
- Garantir que os trabalhadores são submetidos a um treino de indução e formação
contínua em SSO no local de trabalho, direccionada ao manuseamento de materiais e
equipamentos e comportamentos de prevenção de riscos em áreas de trabalho;
- Realizar sessões de sensibilização relacionadas com a jornada de trabalho a realizar,
orientadas por supervisores da obra, destacando os riscos associados às tarefas
específicas a realizar;
- Estabelecer um programa regular de manutenção/verificação do estado de operação de
veículos e equipamentos móveis;
- Criar condições adequadas de armazenamento e transporte de estruturas metálicas e
outros materiais, de modo a evitar o seu desabamento e consequentes ferimentos ou
fatalidades;
- Estabelecer zonas de “acesso restrito”, nas zonas de empilhamento/armazenamento
(temporário) de materiais devem, proibindo a intrusão de pessoas estranhas ao serviço;
- Garantir o uso de Equipamento de Protecção Individual (EPI) adequado às tarefas a
realizar (p.ex., vestuário de trabalho, capacetes, botas de protecção mecânica, luvas de
protecção mecânica ou isolantes (variável em função do tipo de trabalho a realizar);
- Garantir o uso Equipamento de Protecção Colectiva (EPC) adequado ao local e situação
de trabalho (p.ex., fitas de sinalização de zonas de perigo, placas de sinalização, cones
de sinalização) para a sinalizar áreas de trabalho, particularmente as de maior perigo de
segurança;
- Interromper as obras sob condições de mau tempo (p.ex., ventos fortes, chuvas intensas
e descargas atmosféricas), em benefício da segurança de pessoas e das operações;
- Garantir que haja intervalos adequadamente planeados para repouso, de modo a evitar
acidentes por fadiga, principalmente em jornadas intensivas de trabalho;
- Prestar assistência de Primeiros Socorros imediata em acaso de acidentes,
implementando procedimentos de evacuação de acidentados para uma unidade
hospitalar sempre que necessário (p.ex., em caso de queda/traumatismo).
Classificação do impacto
Impacto 29: Acidentes com materiais ou equipamentos usados nas obras
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Muito Alta 5 Alta 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 7
Significância Moderada (27) Baixa (21)
Medidas de mitigação
- Identificar os locais e de risco de contaminação química e informar os trabalhadores sobre
os mesmos;
- Fornecer de água potável e água para higiene pessoal no local de trabalho (deve ser
obrigatória a lavagem das mãos com sabão antes das refeições);
- Garantir que as refeições fornecidas aos trabalhadores sejam de fontes seguras em
termos sanitários e que sejam consumidas em áreas onde os trabalhadores não estejam
sujeitos ao contacto com substâncias perigosas;
- Criar condições para providenciar socorro aos trabalhadores ou encaminhá-los para
assistência médica, conforme necessário, nos casos em que se observem sinais de
possível contaminação, ou outros de causa desconhecida;
- Identificar correctamente e de uma forma visível recipientes contendo substâncias
perigosas.
- Armazenar potenciais contaminantes químicos em áreas especialmente designados para
o efeito.
Preparado por: Impacto, LDA
205
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Classificação do impacto
Impacto 31: Contaminação humana por agentes químicos
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 2 Pouco provável 2
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 8 Negligenciável 6
Significância Baixa (16) Baixal (12)
A forma mais eficaz de controlar estes perigos é a tomada de precauções básicas e práticas
adequadas de trabalho, tendo em vista a sua prevenção, como reflectido nas medidas de
mitigação a seguir.
Medidas de mitigação
- Garantir que trabalhos de soldadura e corte de metal a quente são executados
exclusivamente por pessoal com qualificação adequada para o efeito;
- Verificar o equipamento antes e depois da execução do trabalho e, em caso de avaria,
encaminhar o equipamento danificado para a reparação por técnicos qualificados;
- Usar EPI apropriado, visando o seguinte (lista não restritiva):
o Proteger os olhos e a cabeça contra projecções quentes, faíscas, luz intensa e
queimaduras químicas (máscara de soldadura, óculos de protecção);
o Proteger contra a inalação de fumos/gases (máscara respiratória para fumos/gases,
com atenção às especificações do fabricante);
o proteger contra o fogo, electricidade e calor (roupas resistentes a fogo e electricidade,
luvas de soldador, avental);
o proteger contra o ruído (protectores auriculares e tampões para os ouvidos).
- Garantir condições adequadas de ventilação e exaustão no local de trabalho, que
permitam a dissipação dos fumos e gases;
psicológicos (p.ex., ansiedade, stress, depressão), ou outros, que podem contribuir para o
aumento do risco de acidentes no local de trabalho.
A legislação ambiental nacional ainda não apresenta padrões ou directrizes para limites de emissão
de ruídos e vibrações. O Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de
Efluentes especifica que devem ser estabelecidos níveis admissíveis de ruído para salvaguardar a
saúde pública e a tranquilidade pública através de padrões especificados pelo MTA. No entanto,
estes padrões ainda não foram definidos.
Uma vez que estes padrões ainda não se encontram definidos, a análise do ambiente sonoro no
EIA teve como base as directrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998) que estabelece
os níveis de ruído que não devem ser excedidos, de acordo com a tipologia de receptor sensível e
período do dia. Para o receptor de “indústria”, o valor do Nível Sonoro Contínuo Equivalente, em
uma hora, ou LAeq (dBA) é 70.
Medidas de mitigação
Classificação do impacto
Impacto 33: Perda de acuidade auditiva derivada do trabalho em ambiente com
altos níveis de ruído
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 2
Intensidade Muito alta 5 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Médio-prazo 3 Curto-prazo 2
Magnitude Baixa 9 Negligenciável 6
Significância Moderada (27) Baixa (12)
114
In: https://osha.europa.eu/pt/themes/psychosocial-risks-and-stress
115
Não inclui uma eventual carga de trabalho elevada ou desafiante em ambiente de trabalho construtivo, em que se promova o bem-
estar mental e físico dos trabalhadores e em que os trabalhadores são bem preparados e motivados para o desempenho das suas funções.
Preparado por: Impacto, LDA
209
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Medidas de mitigação
- Promover um ambiente de trabalho baseado em comunicação e liderança eficazes, e
relações de trabalho cordiais, que promovam o bem-estar mental e físico dos
trabalhadores;
- Realocar o trabalho entre trabalhadores e/ou equipas sempre que necessário, para
reduzir sobrecargas e stress laboral;
- Utilizar equipamentos e materiais de trabalho adequados ao tipo de trabalho a realizar e
em bom estado de funcionamento;
- Garantir a supervisão adequada das actividades do Projecto, para identificar situações
inseguras na execução das obras;
- Providenciar assistência médica e medicamentosa a trabalhadores alvo deste impacto.
Classificação do impacto
Impacto 35: Acidentes derivados de stress laboral
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança Ocupacional)
Fase do Projecto: Construção / Operação / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Local 1 Local 1
Duração Curto-prazo 2 Temporário 1
Magnitude Baixa 7 Negligenciável 5
Significância Baixa (21) Baixa (15)
Medidas de Mitigação
Aplicam-se as medidas de mitigação formuladas para o Impacto 28.
Classificação do impacto
Impacto 36: Aumento do número de acidentes de viação nas imediações do
local do Projecto
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Construção e Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Altamente provável 4 Provável 3
Intensidade Alta 4 Alta 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (36) Baixa (24)
caso de acidentes envolvendo veículo(s) não ligado(s) ao Projecto, como uma acção
voluntária e de assistência à comunidade;
- Em caso de fatalidade de um membro da comunidade em consequência de actividades
realizadas pelo Empreiteiro, o Empreiteiro será responsável pelas despesas funerárias
(de modo similar, a CPMZ será responsável pelas, no caso de actividades realizadas pela
CPMZ).
Classificação do impacto
Impacto 37: Acidentes associados à circulação de máquinas e veículos afectos
às obras
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Construção / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Directo
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 2 Médio-prazo 2
Magnitude Baixa 8 Baixa 7
Significância Baixa (24) Baixa (21)
116 Esta medida pode ser implementada por via do estabelecimento de parcerias com o sector de saúde e organizações tais como
confissões religiosas, grupos juvenis, grupos culturais (p.ex.: grupos de teatro locais) e pode ser desencadeada em eventos públicos nos
bairros, ou conforme se considerar mais adequado.
Preparado por: Impacto, LDA
213
PROJECTO DE CONSTRUÇÃO DE UM TERMINAL DE ARMAZENAMENTO, MANUSEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EM VANDUZI, PROVÍNCIA DE MANICA
Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
Classificação do impacto
Impacto 38 Aumento do número de casos de Infecções de Transmissão Sexual
(ITS), incluindo HIV-SIDA.
Meio afectado: N/A (Impacto de Saúde e Segurança da Comunidade)
Fase do Projecto: Construção / Desactivação
Critério de Classificação do impacto
classificação Sem mitigação Com mitigação
Natureza / Tipo Negativo / Indirecto
Probabilidade Provável 3 Provável 3
Intensidade Alta 4 Moderada 3
Extensão Envolvente 2 Envolvente 2
Duração Médio-prazo 3 Médio-prazo 3
Magnitude Baixa 9 Baixa 8
Significância Moderada (27) Baixa (24)
16 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Através do presente Relatório do EIA apresentou-se de uma forma detalhada o trabalho
realizado na Fase do Estudo de Impacto Ambiental do “Projecto de Construção de um
Terminal de Armazenamento, Manuseamento e Distribuição de Combustíveis em Vanduzi,
Província de Manica”, proposto pela empresa moçambicana Companhia do Pipeline
Moçambique-Zimbabwe, Limitada, sediada na cidade da Beira. Vocacionada para o
transporte de produtos petrolíferos, a CPMZ é a operadora de um oleoduto que se estende
desde o Porto da Beira, na Província de Sofala, em Moçambique, até Feruka, no Zimbabwe,
conhecido como “pipeline Moçambique-Zimbabwe”. Este oleoduto, com uma extensão
de 294,3 km, será a fonte de combustíveis do Terminal, que se pretende localizar no Distrito
de Vanduzi, Posto Administrativo de Vanduzi-Sede, Localidade de Chigodole, Povoado de
Selva-Lenha.
Actualmente, Tete, Malawi, Zimbabwe e Zâmbia recebem combustível transportado em
camiões-cisterna, que fazem o carregamento no Porto da Beira. A existência de um Terminal
de combustíveis para o carregamento desses camiões-cisterna em Vanduzi coloca o ponto
de carregamento mais próximo do destino final desses combustíveis, encurtando em cerca
de 400 km a distância a ser percorrida pelos mesmos. A localização do Projecto está, deste
modo, de acordo com o principal objectivo do Projecto, justificando-se assim o interesse da
CPMZ na construção do Terminal de Combustíveis.
O Distrito de Vanduzi é uma das áreas administrativas abrangidas pelo “Corredor de
Desenvolvimento da Beira” (CDB), um corredor de ligação entre o litoral de Moçambique e
países do hinterland (Zimbabwe, Zâmbia, Botswana, Malawi e República Democrática do
Congo) e que tem como ponto fulcral o Porto da Beira. Numa pespectiva de desenvolvimento
económico da Região Centro do País e considerando as potencialidades oferecidas pelo
CDB, o Distrito de Vanduzi constitui, actualmente, apenas uma zona de trânsito para os
utentes do Corredor, sem qualquer intervenção directa nos aspectos económicos associados
ao Corredor. Com a construção do Terminal de combustíveis em Vanduzi, esta situação irá
alterar-se, na medida em que os transportadores de combustível provenientes do hinterland
passarão a abastecer-se em Vanduzi, e não no Porto da Beira, proporcionando ao distrito
oportunidades de desenvolvimento económico centradas no sector de combustíveis. Este é,
possivelmente, um dos impactos potenciais positivos mais importantes do Projecto.
Para se aceder ao local do Projecto existirá um desvio a partir da Estrada Nacional N.º 6 (N6,
estrada classificada entre Beira e Machipanda). A CPMZ deverá partilhar com a ANE (e/ou
com a sua Concessionária autorizada) as especificações técnicas do Projecto da via de
acesso directo ao Terminal que sejam de interesse para a ANE (e/ou para a sua
Concessionária autorizada) enquanto entidade de gestão da N6, como aliás foi solicitado pela
própria ANE, quando instada a apresentar um Parecer sobre o Projecto, ainda na fase de
Instrução do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Ao longo da AIA, a CPMZ solicitou e obteve pareceres institucionais sobre o Projecto da parte
do FIPAG – Área Operacional de Manica (AOM), assim como da Direcção Nacional de
Hidrocarbonetos e Combustíveis (DNHC), para além da ANE, mencionada anteriormente. O
Parecer do FIPAG é favorável ao Projecto, e indica não existir qualquer objecção técnica à
construção do Terminal. Da parte da DNHC, a CPMZ obteve um “parecer preliminar favorável,
para permitir que sejam preenchidos todos os requisitos exigidos”, com a indicação que “o
parecer definitivo para o início das obras será dado após a junção de todos os pareceres e
licenças de outras entidades intervenientes na matéria e a definição final do âmbito do
Projecto”. No entendimento do Consultor e na perspectiva da AIA, a obtenção da Licença
Ambiental constitui uma das várias condicionantes do parecer definitivo da DNHC.
Como parte do processo da aquisição do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT)
para a área do Projecto, a CPMZ procedeu à indemnização das famílias que possuíam
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Relatório do Estudo de Impacto Ambiental
machambas no local do Projecto, num total de 9 (i.e. 7 numa fase inicial, e 2 numa fase
posterior). Cópias da documentação que comprova as compensações são apresentadas em
anexo a este Relatório (Anexo 6), juntamente com a Autorização Provisória de DUAT.
No EIA do Projecto identificou-se uma série de impactos potenciais positivos e negativos do
Projecto. Começando pela análise dos impactos no Meio Físico e no Meio Biótico realça-se,
respectivamente, o seguinte: (i) considerando as actividades previstas, tanto para a Fase de
Construção, como para a Fase de Operação do Projecto, não se prevê que estas possam
agravar a vulnerabilidade de comunidades, infraestruturas ou actividades aos efeitos das
mudanças climáticas ou a quaisquer outros riscos naturais (ii) A área do Projecto não
atravessa qualquer área de conservação ou ecologicamente sensível.
Com relação aos impactos socioeconómicos, um dos destaques é o emprego: estima-se que
para a Fase de Construção possam ser contratados aproximadamente 100 trabalhadores
(dos quais pelo menos 90% deverão ser nacionais) e para a fase de Operação cerca de 30
(previsivelmente sem expatriados). Para o recrutamento da mão-de-obra local deve garantir-
se o envolvimento dos líderes comunitários, sendo que uma coordenação com as autoridades
do Governo será igualmente necessária e especialmente útil na prevenção/minimização e
mediação de possíveis conflitos.
É de esperar que o Empreiteiro disponha de um quadro de pessoal já afecto à sua empresa,
principalmente para tarefas de carácter especializado (p.ex. Engenheiros, pessoal
administrativo, entre outros). Isso limita, à partida, a possibilidade de contratação de pessoal
para tais tarefas. Recomenda-se assim que, por via de mecanismos de comunicação, seja
esclarecido às partes interessadas que a contratação de pessoal e que esta será feita em
função das necessidades de pessoal, do número de vagas disponível e da satisfação dos
critérios de elegibilidade pelos candidatos.
Após a conclusão das obras e com o início da Fase de Operação do Terminal, a maioria dos
trabalhadores contratados para a Fase de Construção poderá ficar sem o seu posto de
trabalho. Para os visados (possivelmente para a maioria), isso implicará o retorno à sua
condição de desempregado, com efeitos na renda familiar. Recomenda-se, deste modo, que
por via do Projecto, se busquem formas de estabelecimento de meios de subsistência
alternativos e esquemas de poupança, que permitam ajudar pelo menos parte do pessoal
recrutado e as suas famílias. O obectivo seria o de minimizar a dependência económica
destes (i.e., dos ex-contratados e das respectivas famílias) em relação ao emprego
proporcionado pelas actividades de construção do Projecto. Este é um assunto que pode ser
abordado no âmbito da Responsabilidade Social da CPMZ e por via de parcerias com
intervenientes do Distrito de Vanduzi ou na Cidade de Chimoio (empreiteiros, instituições de
microcrédito e/ou outros). As acções a desencadear poderiam incluir, por exemplo, a
promoção de acções de formação em actividades de “construção melhorada” (tais como o
fabrico de tijolos) ou de construção convencional, a formação em gestão de pequenos
negócios, entre outras.
Na discussão dos impactos socioeconómicos e de Saúde e Segurança com as Partes
Interessadas e/ou Afectadas pelo Projecto, ainda na Fase do Estudo de Pré-viabilidade e
Definição do Âmbito (EPDA), o SPA de Manica colocou a sua preocupação com relação a
acidentes de viação, considerando o tráfego de camiões, que se poderá intensificar nas
imediações do local do Projecto, especialmente na Fase de Operação. Note-se que a EP1
Vila Maninga situa-se a aproximadamente 200 m do local do Projecto (do lado oposto da N6,
relativamente ao Terminal). Neste EIA destacou-se a importância de uma sinalização
adequada de tráfego nas imediações do Terminal, assim como da promoção de campanhas
de sensibilização, em colaboração com a Polícia de Trânsito, orientadas para peões
(incluindo crianças) e motoristas.
O Projecto inclui a construção de um tanque de água de 1 500 m3, prevendo-se um consumo
médio mensal na ordem dos 10 m3. Na área do Projecto, o sistema público de abastecimento
de água é operacionalizado pelo Fundo de Investimento do Património de Abastecimento de
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Água (FIPAG). O Proponente deve garantir que o consumo de água pelo Projecto não reduz
a disponibilidade de água para os utentes da área.
Em relação à Saúde e Segurança, os principais riscos potenciais associados ao Projecto
estão directa ou indirectamente relacionados com a alta inflamabilidade, toxicidade e
potencial de poluição dos combustíveis (gasolina e gasóleo) a serem armazenados,
manuseados e expedidos no Terminal. As questões de Emergência foram abordadas no EIA
por via de mecanismos de Resposta de Emergência, apresentando no PGA. A este respeito,
realça-se a necessidade de uso de tecnologia de ponta no Projecto, cumprindo os mais altos
padrões da indústria de combustíveis, e ainda de pessoas devidamente capacitadas a
trabalhar no Terminal, de modo a prevenir quaisquer riscos de segurança que possam
redundar em situações de emergência.
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