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ESTUDO(S) DE CASO E/OU CASO CLÍNICO E/OU ESTUDO DIRIGIDO

APRESENTAÇÃO
Sérgio, do sexo masculino, com 38 anos, é natural de Vitória. Estudou até
concluir sua pós-graduação e é casado pela segunda vez, tendo um filho de seis anos
do atual casamento.

Reside com a mulher e o filho em um apartamento próprio e trabalha em uma


multinacional, em um cargo de diretoria. Sérgio compareceu ao primeiro atendimento
acompanhado da esposa, tendo sido ela a responsável pelo primeiro contato com o
ambulatório.

QUEIXA E DURAÇÃO
Na ocasião do atendimento, de forma bem resignada, Sérgio relatou que
precisava de ajuda porque, segundo ele, "estava com uma série de dívidas em
empréstimos que havia realizado".

Relatou que, em um de seus empregos em uma instituição financeira, teve


contato com os investimentos e passou a acompanhar o movimento das aplicações
financeiras. Na ocasião, o país tinha altas taxas de juros cobradas em impostos e a
inflação consumia o salário. Como em toda a vida teve sucesso ao estudar e
conquistar as coisas para as quais se dedicou, Sérgio pensou que, ao investir de
maneira mais arrojada, poderia ter melhores retornos se deixasse de colocar dinheiro
apenas na poupança.

Como trabalha com tecnologia e isso exige muito dele, acredita que o fato de
não ficar 24 horas acompanhando o mercado financeiro o prejudica nas escolhas do
mercado futuro. Nesse setor, os contratos sofrem oscilações, principalmente em
razão da oferta e demanda, o que pode resultar em ganhos ou prejuízos para os
investidores, principalmente porque o acerto de valores ocorre no mesmo dia. Sérgio
começou a fazer empréstimos, para cobrir seus prejuízos, com valores de 50 mil reais
e sem comunicar à esposa. Hoje, tem uma dívida de mais de um milhão.
HISTÓRIA DO EPISÓDIO ATUAL
Sérgio conta que tudo começou há dez anos, quando trabalhou em um banco e
os amigos davam muitas dicas de como fazer melhores investimentos. A princípio,
investiu pequenos valores esporadicamente, em investimentos como CDB, LCI ou DI,
todos títulos bancários com risco pequeno (você empresta o dinheiro ao banco por
um prazo fixo e ele devolve com juros), e chegou a ver a valorização do seu capital,
porém de forma sutil. Um ano depois, começou a estudar, pois entendeu que não era
mais necessário o apoio dos colegas. Em seis meses, imaginou saber o que era
necessário e mudou o padrão de investimentos. No início, com um único movimento,
chegou a ter um retorno de cinco mil reais, o que lhe deu muito prazer, até perceber
que estava repetindo esse padrão quase diariamente. Hoje, não consegue precisar
quanto tempo passava acompanhando o mercado.

Relatou ter muitas dívidas, totalizando em torno de um milhão de reais. Teve


que vender os carros da família, diminuir o padrão do plano de saúde e suas contas
foram negativadas nos bancos, sendo que nos procurou depois de uma semana após
ter feito o último empréstimo, no valor de cem mil reais, o que lhe causou muita
vergonha.

Sérgio relata que, além de tristeza profunda, passou a apresentar falta de


prazer ao realizar as atividades do cotidiano. Sua ansiedade se intensificou e tem
muita dificuldade para dormir e tomar decisões. Descreve também pensamentos de
culpa e vergonha.

Refere que, no início, achava que os investimentos lhe trariam o justo, aquilo
que o governo tomava. Porém, com o surgimento das dívidas e a dificuldade de parar,
os sintomas de tristeza aumentaram. Atualmente, Sérgio tem apresentado
pensamentos de medo, fracasso e ansiedade.

História patológica pregressa Comorbidades: pressão alta e transtorno de ansiedade.


Uso de substâncias psicoativas: tabagismo – meio maço ao dia.
Nega uso de álcool ou outras drogas.
HISTÓRIA DE VIDA
Relata ter tido uma infância boa com a família, apesar de ter pais rígidos.
Conta que vivia com os pais e três irmãos em uma casa de três cômodos. Seu pai era
comerciante e sua mãe professora, o que lhe deu boas oportunidades de estudo.
Conseguiu completar o curso superior em uma excelente universidade e fez pós-
graduação. As condições financeiras eram razoáveis, porém sem muitos luxos. Sérgio
diz que seus pais foram presentes em sua vida e ambos transmitiram valores
bastante sólidos.

Conta que já fora casado anteriormente, mas não se sentia mais atraído pela
ex-mulher. Relata que não a traiu e que tiveram uma separação amigável (12 anos
atrás), apesar de ele ter deixado boa parte do patrimônio construído para ela.
Conheceu a atual esposa um ano depois e se casaram, apaixonados, alguns meses
depois. Lembra que está casado há dez anos, sempre trabalhou com tecnologia e
conquistou tudo que gostaria no que se refere à vida pessoal e profissional. Diz que
se interessa por história em quadrinhos, gosta de viajar e fazer esporte e tem bons
hábitos de interação social.

Diagnóstico: transtorno do jogo.

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