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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

INSTITUTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


RELAÇÕES INTERNACIONAIS
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO
PROFª DRª TATIANA DE ALMEIDA FREITAS RODRIGUES CARDOSO SQUEFF

Análise da notícia “O refugiado que passou 7 meses sem poder sair de


aeroporto” à luz do Direito Internacional Privado

ANA FLAVIA RAMOS TOLENTINO - 11921RIT015


BÁRBARA BRANCO UCHÔA VASCONCELOS - 11911RIT034

UBERLÂNDIA, OUTUBRO DE 2021.


1. Notícia na Íntegra :

O refugiado que passou 7 meses sem


poder sair de aeroporto
7 outubro 2021

CRÉDITO,
HASSAN AL-KONTAR
Legenda da foto,
Hassan Al Kontar viveu sete meses na área de desembarque de aeroporto na
Malásia
O refugiado sírio Hassan Al Kontar viveu sete meses na área de desembarque
do Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur, na Malásia — sem dinheiro, sem
passaporte, sem saída.
O ano era 2018, e ele ganhou as manchetes dos jornais ao redor do mundo
depois que começou a usar o wi-fi do aeroporto para documentar sua saga nas
redes sociais.
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Mas seu périplo havia começado anos antes, quando ele morava nos Emirados
Árabes Unidos, e a guerra na Síria estourou, em 2011.
Decidido a não voltar a seu país, onde seria obrigado a se alistar ao serviço
militar e lutar no conflito, ele enfrentou as consequências de sua decisão —
quando seu visto de trabalho expirou, ele perdeu o emprego e viveu cinco
anos ilegalmente em Abu Dhabi como sem-teto.
Em entrevista à jornalista Emily Webb, do programa de rádio Outlook, da BBC,
Hassan conta como foi parar na Malásia e finalmente conseguiu asilo no
Canadá, onde mora atualmente.
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Hassan Al Kontar é de uma cidade chamada Al-Suweida, no sul da Síria, onde


cresceu junto aos dois irmãos em uma família drusa (minoria religiosa).
Ele acredita que o pai, um engenheiro mecânico "viciado em política", nas
suas palavras, teve grande importância na sua formação.
"Ele pegava um livro e lia para mim, e começávamos a discutir política,
história, cultura, qualquer coisa."
"Acho que ele sabia de alguma forma quando eu era criança que a vida seria
dura comigo e que eu iria enfrentar algumas situações difíceis. E por isso ele
me preparou desde pequeno."
"Ele era minha janela para o mundo", resume.
Após cursar três anos de direito na Universidade de Damasco, Hassan decidiu
expandir seus horizontes.
"Sentia que minhas opções eram limitadas na Síria. Meu sonho sempre foi
fazer jornalismo, escrever. Mas sabia que esse tipo de coisa não tinha futuro
na Síria."
Além disso, ele não queria se alistar no serviço militar. E há uma lei na Síria
que determina que se você terminar os estudos e não for o único filho da
família, é obrigado a se alistar.
A única maneira de escapar do serviço militar obrigatório é se você estiver fora
do país — neste caso, você precisa enviar um documento para comprovar,
além de pagar uma quantia fixa ao governo sírio.
Vida nova
Hassan embarcou então para os Emirados Árabes Unidos em 2006 com um
visto de trabalho e conseguiu emprego em uma companhia de seguros de Abu
Dhabi.
De lá, ele assistiu pela televisão ao início dos protestos na Síria, em março de
2011, repreendidos com violência pelo regime de Bashar al-Assad, que
culminaram na guerra civil que já dura mais de 10 anos no país.
"Eu ligava para minha família de hora em hora. Ligava para meus amigos na
Síria. Eu sei que uma vez que o sangue começa (a ser derramado), é muito
difícil parar."
O irmão que estava com ele nos Emirados Árabes decidiu voltar um mês antes
da guerra começar — e foi convocado para o Exército.
"Estávamos todos preocupados com meu irmão, com o que iria acontecer."
"Tudo o que a gente podia fazer era continuar assistindo ao noticiário,
continuar checando o Facebook, e às vezes ler as listas de mortos, rezando
por dentro para que o nome do meu irmão não estivesse entre eles. Chegava a
suar e tremer", relembra.
Diante de tudo isso, Hassan estava decidido a não voltar mais para a Síria.
"Eu sabia que não tinha nascido para isso. Não quero matar ninguém. Não
estou aqui para destruir. E não queria fazer parte de uma máquina de matar",
explica.
Além disso, ele decidiu que não financiaria o conflito, deixando de pagar a taxa
devida pela não prestação do serviço militar — que havia sido reajustada de
US$ 3,5 mil para US$ 8 mil quando a guerra começou.
"Eu não tinha esse dinheiro de qualquer maneira. Mas mesmo se tivesse, não
financiaria esse regime."
Com esta decisão, seu destino estava sacramentado.
"A partir daquele momento, eu estava na lista de procurados. O que significa
que se eu botasse o pé no aeroporto de Damasco, não seria capaz de chegar
em casa. Eles iriam me deter no aeroporto e me mandariam para a linha de
frente (do conflito) após algum treinamento."
Sem visto e sem-teto
Não demorou muito para Hassan começar a sentir as consequências de sua
decisão — ele não conseguiu renovar seu passaporte, e seu visto de trabalho
expirou. Por causa disso, perdeu o emprego e ficou sem condições de pagar o
aluguel.

CRÉDITO,
AFP
Legenda da foto,
Protestos contra o governo de Assad tomaram as ruas da Síria em 2011
Em poucos meses, estava vagando sem-teto pelas ruas, se escondendo das
autoridades porque estava ilegal no país.
"Eu tinha uma boa carreira, estava crescendo na carreira, meus sonhos eram
grandes. De 2006 a 2011, eu dava ingenuamente as coisas como certas", diz
ele. "De repente, me vi com minha mala na rua, no meio da noite, fazia 45
graus, sem lugar para ir, me escondendo da polícia e da imigração, sem visto
de trabalho válido, sem passaporte válido, sem ter para onde ir..."
"Lembro que naquela noite fui a uma das torres, e havia as escadas. Naquele
tipo de prédio, ninguém usa escada, porque tem os elevadores, e eu vi aquilo
como um santuário. Dormi por uma hora ou duas. E foi aí que minha tragédia
começou", revela.
Esta escada se tornaria um refúgio habitual para Hassan. Mas sempre que
ouvia um barulho ou alguém se aproximando durante a noite, ele se levantava
rapidamente e fingia estar a caminho de algum lugar.
"Perdi a sensação de estar seguro, e essa é a coisa mais preciosa. As pessoas
que estão seguras em suas casas agora não pensam nisso, dão como algo
certo, e não é."
Houve momentos em que ele conseguia dormir na casa de um amigo ou
arranjar algum tipo de trabalho. Mas sem visto, era arriscado para ele e para os
empregadores — por isso, não conseguia trabalhar com frequência.
Por volta de 2013, Hassan conseguiu um carro por meio de um amigo que
trabalhava em uma locadora. E começou a viver nele.
"Para mim, um carro não é um meio de transporte de A para B. Para mim, é um
caixão de ferro. Você não tem ideia de como é a sensação de estar dentro de
um carro fazendo 50 graus durante a noite."
"Às vezes, eu me deitava à noite em frente à porta de uma mesquita porque a
fresta da porta deixava passar um pouco de ar fresco no verão", relembra.
Fim da fuga
Até que em 2016, após mais de cinco anos nesta situação, se escondendo da
polícia e da imigração, Hassan foi detido.
"Era 1h da manhã. E eu estava estacionando em frente a um supermercado
porque tinha wi-fi grátis e queria mandar mensagem para minha família. Até
então era apenas mais um dia normal, quando começaram a bater na minha
janela. E eu sabia que o que estava me esperando, finalmente tinha
acontecido."
"Dei a eles minhas mãos e foi a primeira vez que fui algemado. Eles me
escoltaram, e eu sabia que era o começo do fim, que eu seria deportado."
No centro de detenção, ele conta que passou "um dos períodos mais
assustadores" da sua vida — já que um provável desfecho era ser deportado
de volta para a Síria.
"Eu sabia que havia uma pequena esperança, que me recusava a perder, de me
deportarem para outro lugar."
"(Mas) lembro de mim no centro de detenção de Abu Dhabi, andando o tempo
todo até não sentir mais meus pés, porque não conseguia dormir, porque
temia que me mandassem de volta para a Síria."
Ao mesmo tempo, Hassan estava preocupado com o pai, que havia sido
diagnosticado recentemente com câncer. E, enquanto estava sob custódia,
descobriu que ele havia falecido.
"Algo dentro de mim se partiu, e não vai voltar (ao normal) depois disso. É um
tipo de tristeza que você sabe que nunca vai te deixar", desabafa. "Só eu sabia
o quanto queria que ele fosse feliz, o quanto eu estava lutando por um futuro
diferente para todos nós, e havia fracassado nisso tudo."
CRÉDITO,
COURTESY HASSAN AL-KONTAR
Legenda da foto,
Após passar sete meses vivendo no aeroporto, Hassan finalmente conseguiu
asilo no Canadá
Mas a sorte acabou se voltando a seu favor. Hassan conseguiu um novo
passaporte, e acabou convencendo as autoridades dos Emirados Árabes a
deportá-lo para a Malásia, em vez da Síria.
A Malásia é um dos poucos lugares do mundo que permite que os sírios
entrem no país sem visto, mas limita sua permanência a 90 dias.
Ele desembarcou em Kuala Lumpur em 2017, e começou a pesquisar que
países poderiam aceitar seu pedido de asilo, o que não era o caso da Malásia.
Depois que o prazo de 90 dias expirou, ele tentou ir para o Equador — sua mãe
e irmã venderam os cordões de ouro que tinham para ele poder comprar a
passagem. Mas o funcionário da companhia aérea não deixou que ele
embarcasse.
"Ele não disse por quê. E foi aí que todo o meu mundo começou a
desmoronar."
O outro país que poderia aceitá-lo era o Camboja. E com o dinheiro que havia
sobrado, Hassan conseguiu comprar uma passagem e embarcar para Phnom
Penh.
No entanto, ao desembarcar no aeroporto, não foi autorizado a entrar no país,
e o enviaram de volta para a Malásia no mesmo voo. Ele tampouco sabe por
quê.
"Esse também foi um dos momentos mais difíceis da minha vida."
"Eu sabia que estava sem opções. Na Malásia, eu estava na 'lista proibida', e
eles não iam me permitir entrar", conta Hassan, se referindo à sanção por ter
permanecido no país além do prazo de 90 dias.
"E essa foi a última vez que vi meu passaporte pelos próximos nove meses.
Depois disso, meu passaporte ficou sob controle deles. As autoridades do
Camboja entregaram meu passaporte às autoridades da Malásia, e fiquei sem
passaporte e apátrida."
A vida no aeroporto
Hassan desembarcou de volta no Aeroporto de Kuala Lumpur derrotado. E se
viu sem ter para onde ir, confinado à área de desembarque.
"Eu não sabia naquele momento que aquela área seria minha casa pelos
próximos sete meses."
Logo que chegou, contou com a ajuda de dois egípcios que estavam numa
situação parecida. Eles apresentaram o local para ele, mas pouco tempo
depois partiram — e Hassan ficou sozinho.
Inicialmente, ele dormia nas cadeiras do aeroporto. "Eu tirava umas sonecas
nas cadeiras, às vezes de meia hora, uma hora, depois acordava, dormia mais
meia hora..."
"Depois encontrei um lugar embaixo da escada rolante, que tinha um pouco de
privacidade. Mas por causa da segurança lá, eles vinham me acordar, para
conduzir uma investigação ou para me tirar de lá e voltar para as cadeiras."
Mas o desconforto das cadeiras era só uma parte do problema na hora de
dormir.
"Era muito desagradável, porque tinha anúncio de voo (nos alto-falantes) o
tempo todo. E, de alguma forma, durante a história, o ser humano decidiu fazer
aeroportos muito frios. Fazia muito frio. E as luzes ficavam acesas o tempo
todo", relembra.
A alimentação ficava por conta da Air Asia (tecnicamente ele ainda era seu
passageiro), que fornecia a ele três refeições por dia. Mas o prato era sempre o
mesmo: frango com arroz.
"Mesmo que você coma no melhor restaurante de Londres, Paris ou Nova York
a mesma refeição três vezes ao dia, durante sete meses, você vai ficar
enjoado."
Para tomar banho, ele usava o banheiro para pessoas com deficiência na
madrugada. Ele conta que os funcionários da limpeza eram seus únicos
amigos no aeroporto, e o ajudaram numa missão importante: comprar café.
"Um deles falava um pouco de inglês, os outros não, e ele não tinha ideia do
que significava Starbucks, porque eles tomam o café local. Então entrei no
Google, baixei a logo do Starbucks, mandei para ele no Whatsapp e escrevi em
um pedaço de papel o nome do café que eu gosto. Mostrei no Google Maps
onde ficava, que era um andar acima do meu, e ele encontrou."
O poder das redes sociais
Hassan estava ficando sem dinheiro e precisava de assistência jurídica, então
decidiu usar as únicas armas que estavam a seu alcance — seu telefone
celular, o wi-fi do aeroporto e sua história.
Ele começou enviando e-mails para ONGs, depois para embaixadas
estrangeiras em Kuala Lumpur e figuras públicas. Mas, segundo ele, não
estava funcionando.
"Foi quando eu disse: Agora, vou adotar o estilo americano, vou fazer um
pouco de barulho."
Hassan mal havia usado rede social antes — até então, ele tinha postado
apenas um tuíte e nenhuma presença no Instagram.
Mas, após 20 dias confinado na área de desembarque, ele resolveu postar um
vídeo sobre sua situação no Twitter, que viria a ser o primeiro de uma série.
"Minha história se resume a perguntas e encontrar as respostas para essas
perguntas. Uma das principais perguntas que fiz foi: Será que fariam o mesmo
se eu tivesse um passaporte dos EUA, Canadá, Europa ou Austrália? Eu sabia
naquela época que não."
"Eu não era mais Hassan, o indivíduo, era Hassan, o refugiado sírio. E daquele
ponto em diante, não era uma história pessoal. Era a história do meu povo."
Desde o início, seus diários em vídeo ajudaram a conectar sua situação
pessoal à crise mais ampla que até hoje afeta milhões de refugiados sírios.
"Eu só quero explicar ao mundo como é ser sírio — ser solitário, fraco,
indesejado, rejeitado, odiado. Ninguém está nos aceitando", disse ele em um
dos vídeos.

CRÉDITO,
AFP
Legenda da foto,
Uma grande área da Síria foi destruída pela guerra
Inicialmente, as postagens não tiveram muita repercussão. Mas, aos poucos,
começou a despertar o interesse das pessoas e também da imprensa.
"No 35º dia, eu dei um Google no meu nome e encontrei três resultados, dois
deles estavam linkados aos meus próprios tuítes. Até que no 38º dia, eu dei
uma busca novamente, e apareceram 27 mil resultados", relembra.
A história de Hassan havia ganhado as manchetes dos principais jornais ao
redor do mundo.
"Foi quando minha família soube que eu estava preso no aeroporto. Eles
ficaram sabendo pelo noticiário."
Hassan havia se tornado uma figura conhecida no terminal, e não era raro
receber pedidos de selfies de passageiros que desembarcavam no aeroporto.
"Até as autoridades diziam: 'Ah, você é uma celebridade agora.' E eu
respondia: 'Não sou uma celebridade, sou mais um animal de zoológico'. As
celebridades têm seus próprios jatos, não ficam presas no aeroporto."
"Eu não estava fazendo piada. Algumas pessoas tiravam fotos minhas sem
sequer se aproximar de mim para dizer oi. Eu via ambos os lados do ser
humano, o bom e o mau, o que é fascinante."
Até que sua história chamou a atenção de um pequeno grupo no Canadá, que
se empenhou em buscar asilo para ele no país.

CRÉDITO,
SUBMITTED PHOTO
Legenda da foto,
Andrew Brouwer (à esquerda), Laurie Cooper e Stephen Watt (à direita) — os
três mosqueteiros, nas palavras de Hassan, que o ajudaram a obter asilo no
Canadá, nas Cataratas do Niágara
"Até aquele momento, eu não era capaz de sonhar com o Canadá nem no meu
sonho mais louco, não podia ousar sonhar com o Canadá. Então o advogado
canadense estendeu a mão para mim, reuniu voluntários e comecei a voltar a
ter esperança, porque eu sabia que era o que precisava para vencer o
sistema."
Mas, após sete meses vivendo no terminal, seu pior pesadelo se tornou
realidade. Hassan foi preso pela polícia malaia e levado a um centro de
detenção.
Sem o celular e os óculos, de que ele precisa para enxergar qualquer coisa a
meio metro à sua frente, ele ficou completamente isolado do resto do mundo
por dois meses.
Até que um guarda informou que ele seria enviado para casa na semana
seguinte — e Hassan supôs que ele estava se referindo à Síria.
"Eu fiquei apavorado naquele momento", diz ele.
Mas para seu alívio, acabou sendo esclarecido que seu destino seria, na
verdade, o Canadá.
"Eu podia sentir minha alma dançando dentro de mim", recorda."Fiquei de pé
ao lado da barra de ferro a manhã inteira, esperando que chamassem meu
nome para me escoltar até o aeroporto."
A bordo do avião com destino ao Canadá, Hassan conseguiu finalmente tomar
uma xícara de café sem percalços — ainda sem acreditar que estava realmente
naquele voo.
"Foi quando olhei pela janela do avião e vi meu pai pela primeira vez. Ele
finalmente estava orgulhoso do que eu estava fazendo, de quem havia me
tornado, de quem me tornei depois da temporada no aeroporto."
"Não é uma história única, todos os sírios, milhões de sírios estão passando
por situação semelhante, mas a forma como lidei com isso é o que me deixa
orgulhoso. Representar meu povo, falar sobre eles serem capazes de desafiar
o sistema, um sistema falido, foi o que me deixou orgulhoso."
Hassan hoje vive em Vancouver, no Canadá, onde trabalha para a Cruz
Vermelha. Ele escreveu um livro sobre sua experiência chamado Man at the
Airport ("Homem no aeroporto", em tradução literal).

https://www.bbc.com/portuguese/geral-58572052

2. Análise
O módulo um de Direito Internacional Privado trata dos temas migrações
internacionais, abrangendo refugiados, apátridas, asilados e migrantes comuns e essa análise
terá foco no refugiado. Segundo a ACNUR, refugiados são :” pessoas que estão fora de seu
país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça,
religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política,
como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos
armados.” e por isso, são obrigadas a deixarem seus países de nacionalidade para buscar
refúgio em outro país. No caso da notícia, aplica-se o medo dos conflitos armados de Guerra
Civil de mais de 10 anos na Síria.
Com base na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e no Protocolo
sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967, é responsabilidade internacional conceder e direito
de cada pessoa que passe por pelo menos uma das situações dentro do que seria um refugiado
a buscar refúgio em outro país. Sendo regulado pela ACNUR e seus signatários a garantia de
direitos dessas pessoas. Tal circunstância se aplica a Hassem, pois ele consegue refúgio no
Canadá e direitos jurídicos, vivendo até hoje no país. Todavia, por outro lado, é questionável a
atitude da Malásia e Camboja quanto à recusa da concessão de refúgio e a Corte
Interamericana de DH n 25/18, como também o tratamento diferenciado por sua
nacionalidade síria.
Em sala, debatemos sobre a diferença entre asilo e refúgio, sendo asilo por
perseguição política, já refúgio pelas circunstâncias previamente citadas. Além disso, a
história de Hassen contada na notícia pode ser comparada a de Maha Mano, como uma
refugiada, que tornou sua situação pública e acabou por impactar não só sua vida
positivamente como a de diversos outros apátridas/refugiados. Hoje, tanto Maha Mano quanto
Hassen atuam em prol dos direitos a esses públicos, sendo Hassen parte da Cruz Vermelha.
Sob minha perspectiva, ambos geram certo empoderamento e rompem com a prepotência do
indivíduo no cenário internacional, mostrando que podemos importá-lo.
Por fim, também podemos associar a notícia ao filme “Uma Boa Mentira”, levando
em consideração a condição de refugiados de Hassen e personagens do filme devido à falta de
condições de estabilidade em seu país local e à guerra, além da ausência do pai. O que os
diferencia é que no final os personagens utilizam do programa da Organização das Nações
Unidas, já no caso de Hassen, ele só conseguiu ajuda, pois uma família se dispôs a ajudá-lo,
sendo mais semelhante ao caso de Maha pelo uso e comoção por meio das redes sociais.

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