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30/10/2021 20:42 Comissão Europeia abre processo contra Polônia e Hungria por violação de direitos da comunidade LGBTI | Internacional | …

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HOMOFOBIA NA HUNGRIA E POLÔNIA >

Comissão Europeia abre processo contra


Polônia e Hungria por violação de direitos da
comunidade LGBTI
Bruxelas dá início a um procedimento por infração por considerar
que os dois países não respeitam direitos fundamentais

https://brasil.elpais.com/internacional/2021-07-15/comissao-europeia-abre-processo-contra-polonia-e-hungria-por-violacao-de-direitos-da-comuni… 1/7
30/10/2021 20:42 Comissão Europeia abre processo contra Polônia e Hungria por violação de direitos da comunidade LGBTI | Internacional | …

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O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki (à esquerda), e seu colega húngaro, Viktor Orbán, falaram na cúpula de
dezembro passado em Bruxelas.
POOL (REUTERS)

LLUÍS PELLICER
Bruxelas - 15 JUL 2021 - 14:13 BRT

A Comissão Europeia decidiu agir diante da tendência homofóbica dos


Governos ultraconservadores da Hungria e da Polônia. Após o embate das
últimas semanas com o Executivo de Viktor Orbán, a Comissão Europeia
abriu nesta quinta-feira um processo contra Budapeste por causa da
legislação que proíbe a divulgação de conteúdo LGBTI em áreas onde
existam menores, por considerar que viola a Carta dos Direitos
Fundamentais da UE em aspectos como a liberdade de expressão e a não
discriminação. O Executivo do bloco europeu também abriu um processo por
infração contra a Polônia pelas chamadas zonas livres de ideologia LGBTI
criadas em vários municípios.
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A Comissão Europeia decidiu finalmente agir contra o


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MAIS INFORMAÇÕES
desrespeito aos direitos da comunidade LGBTI na Polônia e na
Hungria. A lei de Orbán, inspirada em uma regulamentação
russa de 2013, foi a gota d’água. O Executivo da UE não apenas
mantém em suspenso a aprovação de seu plano de
recuperação da pandemia, de 7,2 bilhões de euros (44 bilhões
Comissão
Europeia exige de reais). Agora também decidiu abrir um processo, a
que Hungria primeira etapa de um trâmite que pode acabar no Tribunal de
suspenda a lei
que proíbe a Justiça da UE. Bruxelas também decidiu conter a Polônia, que
homossexualidade
nas escolas
flerta com a ideia de importar a legislação húngara.

A lei aprovada pelo Parlamento húngaro proíbe a


disseminação de conteúdo LGBTI em qualquer área onde haja
menores. Isso afeta as escolas e a mídia, mas várias ONGs
acreditam que, em última instância, o veto pode chegar às
União Europeia próprias ruas. A Comissão Europeia acredita que esta lei viola
em peso se
levanta contra a quatro regulamentos do bloco: a diretriz de Serviços
homofobia do Audiovisuais, a do Comércio Eletrônico, a da Transparência
Governo de
Orbán, na do Mercado Único e a da Proteção de Dados, como também o
Hungria fornecimento de bens e serviços transfronteiras. Bruxelas
também alerta que as disposições húngaras se contrapõem “à
dignidade humana, à liberdade de expressão e informação, ao
direito ao respeito pela vida privada e ao direito à não
discriminação”.

Direitos do
coletivo LGBTI+ O Executivo de Ursula von der Leyen também enviou uma
estão carta de notificação formal à Hungria por outra regra, a que
ameaçados em
metade da obriga os editores de livros a incluir um aviso de isenção de
Europa
responsabilidade em livros com conteúdo LGTBI, no qual
afirmam que eles incluem “comportamentos que se desviam
dos papéis tradicionais de gênero”. “Isto equivale a restringir o direito à
liberdade de expressão e o direito à não discriminação consagrados nos
artigos 11 e 21 da Carta dos Direitos Fundamentais da UE”, observa a
Comissão.

Mal-estar entre os países

A linha adotada pela Hungria e Polônia ameaça se espalhar para outros


países que também estão retrocedendo em termos de direitos LGBTI. Diante
desse risco, a Comissão Europeia decidiu finalmente abrir um processo
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contra Varsóvia pelas centenas de localidades que se declararam áreas livres


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da ideologia LGBTI. Até agora, Bruxelas havia optado por congelar os
recursos destinados a esses municípios. Von der Leyen, que na terça-feira
jantou com o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, criticou em
várias ocasiões essas declarações. Agora, a Comissão abriu um processo
contra a Polônia por não ter fornecido as informações solicitadas sobre a
ação desses municípios.

Os processos aprofundam ainda mais o distanciamento entre Bruxelas e os


dois Governos ultraconservadores, justo depois de o tribunal constitucional
polonês se recusar a acatar as ordens da justiça europeia e às portas da
apresentação dos relatórios sobre o Estado de Direito na UE. No caso
húngaro, a nova lei irritou não só a Comissão, mas 17 parceiros que decidiram
assinar dois documentos —firmado pelos chefes de Estado e de Governo—
nos quais se declararam dispostos a proteger os direitos da comunidade
LGBTI. A Hungria e a Polônia têm agora dois meses para responder à
Comissão Europeia. Se a sua resposta não convencer Bruxelas, o Executivo
comunitário pode enviar-lhes um parecer fundamentado, que é o passo que
antecede a ida ao tribunal de justiça.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Análise da notícia “Polônia se rebela contra a Justiça europeia e se coloca à beira da ruptura
legal com a UE” à luz do Direito Internacional Público

ANA FLÁVIA RAMOS TOLENTINO - 11921RIT015

UBERLÂNDIA, OUTUBRO DE 2021.


Para entender a notícia, é necessário analisar primeiro como funcionam os tratados.
Art. 2. a)“tratado” significa um acordo internacional concluído por
escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste
de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos,
qualquer que seja sua denominação específica;
Os Tratados Internacionais são a base de todo o Direito Humanitário, além de serem as fontes
mais democráticas do Direito Internacional, pois há uma participação direta dos Estados em
sua elaboração. Antigamente apenas Estados faziam esses acordos, mas hoje em dia as
organizações internacionais também fazem.
Ainda de acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, os tratados só se
aplicam aos Estados participantes e não podem conflitar com alguma nova imperativa do
Direito Internacional geral.

Art. 26. Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido
por elas de boa fé.

Art. 53. É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão,


conflite com uma norma imperativa de Direito Internacional geral.
Para os fins da presente Convenção, uma norma imperativa de Direito
Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela
comunidade internacional dos Estados como um todo, como norma da
qual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada
por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.

As reservas de tratado permitem que os países o aceitem, mas com ressalvas a algum artigo,
por exemplo: o país vai cumprir aquele tratado, mas se ele declarar a reserva do artigo 20, o
artigo não gera efeitos para o país. Por ser um ato unilateral, não é necessário que os outros
países aceitem. Essas reservas serão feitas na ratificação, pois é nesse momento que se gera a
obrigação de seguir o tratado. Entretanto, existem tratados que não aceitam reservas, ou seja,
o país precisa concordar com todos os pontos para assiná-lo. Além de uma regra de que as
reservas nunca serão sobre o tópico principal do tratado.

Já se a vontade for de sair do tratado, o nome dado para esse caso é denuncia. Via de regra,
essa denúncia só vai gerar efeito um ano depois, segundo a Convenção de Viena do Direito
dos Tratados. Cada tratado pode também determinar um tempo mínimo para ficar no tratado.
Essa saída é feita por meio da entrega do instrumento de denúncia, que é depositada no
mesmo depositário dos instrumentos de ratificação. Quem decide sair é o presidente e
atualmente, não precisa consultar o Congresso.

Após toda essa explicação, podemos dar enfoque na notícia. A Polônia está vivendo um
momento de tensão com a União Europeia, já que seu presidente ultraconservador foi reeleito
no último ano e ele está trazendo mudanças que já estão gerando represálias da UE. O
problema principal é que enquanto os tratados da UE devem ser priorizados acima dos
desejos particulares dos Estados, a Polônia acredita que não pode cumprir o que eles
definiram em conjunto com as outras nações.

Um dos motivos é a homofobia escancarada que acontece no país, já que a administração de


cerca de 100 cidades adotaram uma política de “zonas livres de LGBTs”. Apesar de tais
resoluções não terem sido feitas juridicamente, as autoridades locais das cidades e povoados
estão recebendo direcionamentos de como agir com pessoas LGBT, sendo recomendado que
eles se abstenham de qualquer atitude que incentiva a tolerância das pessoas LGBT, além de
não fornecerem ajuda para ONGs que cuidam da igualdade de direitos. Dessa forma, a
Polônia está quebrando um dos tratados da UE e por isso, a Comissão Europeia abriu um
processo de infração contra o país.

Além dos tratados da UE, podemos dizer que tais atitudes também não vão de encontro com
alguns tratados da ONU, como por exemplo, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e
Políticos, que foi assinado pela Polônia e mesmo assim as autoridades estão tentando
interferir nos direitos de ir e vir dos cidadãos.

Art. 2.1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a


respeitar e a garantir a todos os indivíduos que se achem em seu
território e que estejam sujeitos a sua jurisdição os direitos
reconhecidos no presente Pacto, sem discriminação alguma por
motivo de raça, cor, sexo. língua, religião, opinião política ou de outra
natureza, origem nacional ou social, situação econômica, nascimento
ou qualquer condição.

Art 2.3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a:

a) Garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos


no presente Pacto tenham sido violados, possa dispor de um recurso
efetivo, mesmo que a violência tenha sido perpetrada por pessoas que
agiam no exercício de funções oficiais;

b) Garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito
determinado pela competente autoridade judicial, administrativa ou
legislativa ou por qualquer outra autoridade competente prevista no
ordenamento jurídico do Estado em questão; e a desenvolver as
possibilidades de recurso judicial;

c) Garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de


qualquer decisão que julgar procedente tal recurso.

Além disso, apesar de ser um dever do Estado garantir que os direitos e liberdades dos
cidadãos não sejam violados, dificilmente uma pessoa LGBT ganharia caso fosse a um
julgamento sobre o assunto no país, pois se trata de um governo de extrema-direita que quer
reaver os valores heteronormativos.

Ao tentar conectar o filme “Segredos Oficiais” com esse caso na Polônia, a única
similaridade encontrada é que o Reino Unido também assinou o Pacto Internacional sobre
Direitos Civis e Políticos, que possui um artigo sobre não incitar a guerra, mas como
podemos ver no filme, eles se juntam aos Estados Unidos em um plano para fazer com que os
representantes dos Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU votem a favor da
invasão estadunidense ao Iraque.

Art. 20.1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor da


guerra.

Entretanto, como no julgamento de Katharine, o governo preferiu tirar as acusações dela do


que seguir em frente e precisar apresentar provas, o Reino Unido se safou das
responsabilidades da invasão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto nº 592, de 6 de julho de 1992. Atos Internacionais. Pacto Internacional
sobre Direitos Civis e Políticos. Promulgação. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 6 jul
1992. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d0592.htm>
Acesso em: 28 de out. de 2021.
BRASIL. Decreto nº 7.030, de 14 de dezembro de 2009. Promulga a Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados, concluída em 23 de maio de 1969, com reserva aos Artigos 25 e
66. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 14 dez 2009. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d7030.htm> Acesso em:
28 de out. de 2021.
PELLICER, Lluís: Comissão Europeia abre processo contra Polônia e Hungria por violação
de direitos da comunidade LGBTI. El País, Bruxelas, 15 de julho de 2021. Disponível em:
<https://oglobo.globo.com/mundo/colombia-vive-onda-de-violencia-contra-ativistas-5-anos-a
pos-acordo-com-as-farc-1-25239382>. Acesso em: 29 de out. de 2021.

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