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30/10/2021 07:49 Conselho de Segurança prolonga por um ano missão da ONU na Colômbia

ONU

Conselho de Segurança prolonga


por um ano missão da ONU na
Colômbia
O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade, uma
resolução para ampliar por um ano o Acordos de Paz na Colômbia

AF Agence France-Presse

postado em 29/10/2021 16:53

(crédito: Images via AFP)

O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta sexta-feira (29),


por unanimidade, uma resolução para ampliar por um ano o
mandato de sua missão de verificação dos Acordos de Paz na
Colômbia, com ênfase especial na questão étnica.

https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2021/10/4959176-conselho-de-seguranca-prolonga-por-um-ano-missao-da-onu-na-colombia.html 1/7
30/10/2021 07:49 Conselho de Segurança prolonga por um ano missão da ONU na Colômbia

Elaborada por Reino Unido e México, a resolução deu foco


especial à preocupação manifestada pelo chefe da Missão de
Verificação, Carlos Ruiz Massieu, em seu último relatório sobre a
deterioração da segurança, que afeta de maneira
"desproporcional" os indígenas e afro-colombianos em algumas
regiões do país sul-americano.

Quênia, Tunísia, Níger e São Vicente e Granadinas atuaram para


que a missão incluísse "o capítulo étnico".

"Queremos um capítulo étnico. Queremos que se implemente de


forma mais ambiciosa, já que as populações indígenas e afro-
colombianas necessitam ser incluídas no processo", disse na
quarta-feira (27) o embaixador do Quênia, Martin Kimani, atual
presidente em exercício do Conselho de Segurança.

O último relatório trimestral elaborado pela Missão de


Verificação na Colômbia, que foi analisado pelo Conselho de
Segurança no dia 14 de outubro, alertava para o "desafio
considerável" causado pela deterioração da situação de
segurança no país.

Em plena reta final do governo do presidente Iván Duque, a ONU


instou o Executivo e as instituições estatais a fazerem "melhor
uso dos mecanismos" presentes no acordo para frear a violência
que afeta essas etnias e os ex-combatentes que depuseram as
armas.

Cerca de 300 ex-guerrilheiros foram assassinados por grupos


ilegais e organizações criminosas, lembrou Massieu durante a
análise do relatório.

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30/10/2021 07:49 Conselho de Segurança prolonga por um ano missão da ONU na Colômbia

Este é segundo prolongamento da missão neste ano. Em maio, o


Conselho a havia ampliado por apenas seis meses, que expiram
no próximo domingo (31), para evitar que o fim da missão
coincidisse com as eleições presidenciais, que acontecem em
maio de 2022.

Na época, o Conselho de Segurança tinha incluído o


monitoramento do cumprimento das sentenças da Jurisdição
Especial para a Paz (JEP), que começarão a ser emitidas no início
do ano que vem.

A ONU manifestou em fevereiro sua preocupação com os ataques


das forças governistas contra o tribunal especial, criado no
acordo de 2016 para julgar os piores crimes cometidos em mais
de seis décadas de conflito armado na Colômbia.

O trabalho da Missão da ONU na Colômbia é, em particular,


verificar os aspectos do acordo relacionados com a incorporação
dos guerrilheiros das Farc e do Exército do Povo, que depuseram
as armas, na vida política, econômica e social, assim como
garantias de segurança coletivas.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Análise da notícia “Conselho de Segurança prolonga por um ano missão da ONU na


Colômbia” à luz do Direito Internacional Público

ANA FLÁVIA RAMOS TOLENTINO - 11921RIT015

UBERLÂNDIA, OUTUBRO DE 2021.


Antes de falar da notícia em si, é importante contextualizar o que é o Conselho de Segurança
da ONU. O Conselho é um órgão da ONU responsável por manter a paz no Sistema
Internacional, sendo o único órgão capaz de tomar decisões que sejam obrigatórias para os
193 países-membros da ONU.
Ele funciona da seguinte maneira: possui 5 membros permanentes (os EUA, a França, o
Reino Unido, a Rússia e a China), além de 10 membros rotativos, que ficam por 2 anos. Cada
membro do Conselho de Segurança possui um representante, sendo que tais membros
concordam com as decisões do Conselho, de acordo com o que consta na Carta das Nações
Unidas.
Artigo 41. O Conselho de Segurança decidirá sobre as medidas que,
sem envolver o emprego de forças armadas, deverão ser tomadas para
tornar efetivas suas decisões e poderá convidar os Membros das
Nações Unidas a aplicarem tais medidas. Estas poderão incluir a
interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios
de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos,
radiofônicos, ou de outra qualquer espécie e o rompimento das
relações diplomáticas.
Artigo 42. No caso de o Conselho de Segurança considerar que as
medidas previstas no Artigo 41 seriam ou demonstraram que são
inadequadas, poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais
ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer
a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender
demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças
aéreas, navais ou terrestres dos Membros das Nações Unidas.
O art. 41 e o art. 42 trazem como funciona o Conselho. No caso do art. 41, se 1 membro
permanente vetar uma medida, mesmo que haja o mínimo necessário de 9 votos, ela não pode
ser aprovada. Além disso, uma abstenção não vale como um voto, precisando ser um não
expresso.
Existem duas formas de atuação de acordo com o artigo 42: a manutenção da paz (peace
keeping) e a imposição da paz (peace enforcing). Na primeira opção, as tropas cedidas à
ONU só podem utilizar de força para se proteger, ou seja: legítima defesa. Já na segunda, as
tropas cedidas à ONU podem utilizar de força para conter qualquer uma das partes
envolvidas.
Nos dias atuais, se fala muito na responsabilidade de proteger e, portanto, a intervenção
somente irá acontecer em momentos de grave violação dos Direitos Humanos. No caso da
imposição da paz por legítima defesa, as tropas da ONU nunca serão as primeiras a atacar:
elas precisam ter sido atacadas antes, além de precisar de 3 requisitos básicos para poder
atacar de volta: necessidade, imediatez e proporcionalidade. O ataque feito deve ser um
ataque à soberania, integridade territorial e independência política. Isso consta na resolução
3314 da Assembleia Geral da ONU de 1970, que foi incorporada pelo TPI. E por último, a
Carta da ONU proíbe que ela tenha forças militares próprias, sendo necessário que ela peça
aos Estados membros para ceder as suas tropas, os chamados capacetes azuis.
Agora falando sobre a notícia, o primeiro passo é entender o que está acontecendo na
Colômbia. Durante os últimos anos, o país vem vivendo uma onda de violência contra
ativistas dos Direitos Humanos, mesmo após terem selado um acordo de paz em 2016 com as
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Só neste ano, foram assassinados 124
defensores dos Direitos Humanos.
O combinado era que a ONU ficasse monitorando tal acordo, para garantir que ele fosse
acontecer de forma efetiva. Entretanto, com as mortes dos ativistas, foi determinado que a
missão fosse prolongada por mais um ano, até 2022. Infelizmente o país está longe da
pacificação, já que desde que começou a ser implementado o acordo, 300 pessoas foram
mortas, entre combatentes e ativistas. As grandes mudanças na resolução que busca ampliar o
acordo de paz, é o recorte racial, já que as populações indígenas e afro descendentes estão
cada vez mais em risco na Colômbia.
Conectando tudo isso com o filme “A Informante”, fica mais claro o papel da própria ONU
em questões de paz, além dos capacetes azuis. No filme é retratado uma policial americana
embarcando em uma missão de paz na Bósnia após o final da guerra civil no país. Lá ela
descobre uma rede de escravas sexuais promovida por oficiais do país, além de vários oficiais
internacionais, inclusive os da ONU que estavam ali pela missão de paz. Ao tentar denunciar
os casos, ela se vê frustrada, já que os responsáveis da ONU ali presentes acobertam os casos
e as meninas que sofrem de tráfico sexual não colaboram dando seus depoimentos, já que são
ameaçadas de morte. Durante o filme, a policial reúne um dossiê para comprovar o que está
falando, mas além de fecharem seus casos, eles demitem ela da missão. Com isso, as únicas
pessoas que estão ajudando ela a expor essas informações ao público, lhe ajudam a levar
esses documentos para a BBC, em Londres, e tornar um caso midiático, já que as autoridades
não fariam nada a respeito. Além disso, um grande entrave para haver punições, é que a ONU
garante imunidade diplomática para aqueles que partem em missão de paz. Isso permitiu que
vários homens fizessem o que quisessem sem ter medo das consequências. Mesmo após
expor os casos para o mundo não houveram punições pelos crimes cometidos, sendo que a
única ação tomada foi demitir esses oficiais e fazer eles voltarem para seus países.

Artigo 105. 1. A Organização gozará, no território de cada um de seus


Membros, dos privilégios e imunidades necessários à realização de
seus propósitos.

2. Os representantes dos Membros das Nações Unidas e os


funcionários da Organização gozarão, igualmente, dos privilégios e
imunidades necessários ao exercício independente de suas funções
relacionadas com a Organização.

Isso nos faz nos questionar sobre o poder por trás da ONU e até que ponto essas missões
realmente são de paz. Essas missões acontecem nos lugares mais vulneráveis do mundo, em
que não existem os olhos públicos monitorando de forma rigorosa, e a natureza humana pode
ser cruel. Após esse caso, os Estados Unidos ainda fizeram mais parcerias com empresas de
segurança, principalmente no Iraque e no Afeganistão, lugares extremamente machistas e
misóginos, o que nos leva a pensar: será que nas missões de paz que lá aconteceram houve o
mesmo que na Bósnia?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto nº 19.841, de 22 de outubro de 1945. Promulga a Carta das Nações Unidas,
da qual faz parte integrante o anexo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, assinada em
São Francisco, a 26 de junho de 1945, por ocasião da Conferência de Organização
Internacional das Nações Unidas. Diário Oficial da União: Brasília, DF, ano 124, 22 out.
1945. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d19841.htm> Acesso em: 28 de out.
de 2021.
FIGUEIREDO, Janaína: Colômbia vive onda de violência contra ativistas, 5 anos após
acordo com as Farc. O Globo, Bogotá, 17 de outubro de 2021. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/mundo/colombia-vive-onda-de-violencia-contra-ativistas-5-anos-ap
os-acordo-com-as-farc-1-25239382. Acesso em: 29 de out. de 2021.

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