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DISCIPLINA: POLÍTICA 1
Obrigatória: Carga Horária: 60 Créditos:
Professora: Rafaela Cyrino (rafaelacyrino@ufu.br)
Avaliação de conhecimento
Valor total da atividade: 30 pontos
Aluna: Ana Flávia Ramos Tolentino (Matrícula: 11921RIT015)
2. Immanuel Kant
Para analisarmos a obra de Kant, é interessante entender o contexto político e
econômico do século XVIII, período no qual ele atingiu sua maturidade
filosófica. Dentre os maiores destaques para acontecimentos do período,
podemos falar sobre a guerra da independência dos EUA, assim como a
assinatura da Constituição Americana, a Revolução Francesa e a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, além da Revolução Industrial.
A análise aqui feita acerca da liberdade civil segundo Kant, será feita baseada
na obra “Ideia de uma História Universal com um Propósito Cosmopolita”.
“Como somente em sociedade e a rigor naquela que permite a
máxima liberdade e, consequentemente, um antagonismo geral de
seus membros e, portanto, a mais precisa determinação e resguardo
dos limites desta liberdade – de modo a poder coexistir com a
liberdade dos outros; como somente nela o mais alto propósito da
natureza, ou seja, o desenvolvimento de todas as suas disposições,
pode ser alcançado pela humanidade, a natureza quer que a
humanidade proporcione a si mesma este propósito, como todos os
outros fins de sua destinação: assim uma sociedade na qual a
liberdade sob leis exteriores encontra-se ligada no mais alto grau a
um poder irresistível, ou seja, uma constituição civil perfeitamente
justa, deve ser a mais elevada tarefa da natureza para a espécie
humana, porque a natureza somente pode alcançar seus outros
propósitos relativamente à nossa espécie por meios da solução e
cumprimento daquela tarefa.” (KANT, 1784, p. 14-15).
Isso quer dizer que Kant acredita piamente que a mulher é o sexo frágil e ela
tem seu papel de inferioridade em relação ao homem, devendo ter uma relação
de subordinação na união civil estável.
Enquanto isso, quando ele fala do continente africano, ele não demonstra
nenhum respeito pela história ou cultura africana, além de trazer uma visão
extremamente racista sobre os povos da África.
“Os negros da África não possuem, por natureza, nenhum sentimento
que se eleve acima do ridículo. O senhor Hume desafia qualquer um
a citar um único exemplo em que um Negro tenha mostrado talentos,
e afirma: dentre os milhões de pretos que foram deportados de seus
países, não obstante muitos deles terem sido postos em liberdade,
não se encontrou um único sequer que apresentasse algo grandioso
na arte ou na ciência, ou em qualquer outra aptidão; já entre os
brancos, constantemente arrojam-se aqueles que, saídos da plebe
mais baixa, adquirem no mundo certo prestígio, por força de dons
excelentes. Tão essencial é a diferença entre essas duas raças
humanas, que parece ser tão grande em relação às capacidades
mentais quanto à diferença de cores. A religião do fetiche, tão
difundida entre eles, talvez seja uma espécie de idolatria, que se
aprofunda tanto no ridículo quanto parece possível à natureza
humana. A pluma de um pássaro, o chifre de uma vaca, uma concha,
ou qualquer outra coisa ordinária, tão logo seja consagrada por
algumas palavras, tornam-se objeto de adoração e invocação nos
esconjuros. Os negros são muito vaidosos, mas à sua própria
maneira, e tão matraqueadores, que se deve dispersá-los a
pauladas.” (KANT, 1764: pág. 75-76)
Mais uma vez, ao analisar outro autor europeu, podemos notar, que quando ele
fala em liberdade civil, é sempre perante o androcentrismo, ou seja, colocando
o homem no centro e simplesmente esquecendo que a mulher existe e possui
demandas diferentes. Além disso, o racismo advindo dos tempos de escravidão
é forte e traz o pensador associando o negro a uma bestialidade inexistente.
3. Conclusão:
Através do contexto histórico vivido pelos dois filósofos, conseguimos notar que
eles viveram em um período de grandes revoluções burguesas. Tais
revoluções tiveram como consequência o acúmulo de riquezas. Dessa forma,
para que esse acúmulo acontecesse de fato, era necessário que existissem
classes sociais, construídas sob uma hierarquia racial e uma racionalidade
eurocêntrica.
Para que houvesse liberdade de fato e os pensamentos desses autores fossem
factíveis, deveria haver uma democracia no acesso à dita liberdade, pois
enquanto existir o patriarcado e a herança da escravidão persistir, estaremos
trabalhando em cima de teorias que abordam apenas a vida dos homens
héteros brancos europeus.
Muitos hoje ao concordar ou discordar desses pensamentos tão famosos na
Filosofia, não levam em consideração que os autores não estavam dispostos a
incluir todos os povos, tratando-se de uma visão superficial sobre a vida em
sociedade. Enquanto todas as pautas sociais não forem incluídas em tais
discussões, a aplicabilidade dessas teorias se tornam pífias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS