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2. Análise do enredo:
a) Quais os temas abordados no livro lido?
Resposta: Traição, culpa, pecado, reparação, preconceito, suicídio, violência sexual e
amizade.
b) Apresente a organização da narrativa – o início, meio e fim. Caso tenha outra ordem,
explique a sequência utilizada pelo autor. Lembre-se de que é necessário destacar os
capítulos para justificar as partes analisadas.
Resposta: O livro começa com o autor citando algo que vamos descobrir mais ao final da
história, digamos que ele inicia pelo fim, podemos reparar isso em: “Um dia, no verão
passado, meu amigo Rahim Khan me ligou do Paquistão. Pediu que eu fosse vê-lo.
Parado ali na cozinha, com o fone no ouvido, sabia muito bem que não era só Rahim
Khan que estava do outro lado daquela linha. Era o meu passado de pecados não
expiados. Depois que desliguei, fui passear pelo lago Spreckels, na orla norte do parque
da Golden Gate.”, depois ele realmente dá início a narrativa contando o ponto de partida,
podemos observar isso em: “QUANDO ÉRAMOS CRIANÇAS, HASSAN e eu trepávamos
nos choupos da entrada da casa de meu pai e ficávamos chateando os vizinhos, usando
um caco de espelho para mandar reflexos de sol para as suas casas.”, o meio da
narrativa se dá em: “s. Assef se ajoelhou por trás de Hassan, agarrou-o pelos quadris e
ergueu um pouco o seu traseiro. Continuou segurando com uma das mãos e, com a
outra, abriu a fivela do próprio cinto.” e o fim: “— Já lhe contei que o seu pai era o
melhor caçador de pipas de Wazir Akbar Khan? Talvez até de toda Cabul? — perguntei,
amarrando a ponta do tar no laço do cabresto.”
c) Quais são os principais conflitos da narrativa? Elabore sua resposta narrando os
trechos de conflitos.
Resposta: O principal conflito da história é quando Amir vê seu amigo Hassan ser
violentado, mas acaba por não fazer nada para defendê-lo, vemos isso no seguinte
trecho: “[...] abriu a fivela do próprio cinto. Baixou o fecho ecler da calça jeans. Fez o
mesmo com a cueca. Se ajeitou atrás de Hassan.” e “Saí correndo porque era um
covarde. Tinha medo de Assef e do que ele pudesse fazer comigo. Tinha medo de me
machucar. Foi o que disse a mim mesmo quando dei as costas para o beco e para
Hassan.” Após esse episódio, Amir não se perdoa por não conseguir enfrentar Assef
(garoto que violentou Hassan), porém ele ganha essa oportunidade perto do fim do livro,
quando é procurado por Hassan através de uma carta, ao chegar no Afeganistão ele
descobre que Hassan e sua esposa estão mortos e que o filho deles, Sohrab, que estava
em um orfanato, foi comprado para ser usado como objeto sexual. Para surpresa de Amir
essa pessoa era um membro do Talibã, e que era o mesmo homem no qual haveria
violentado o pai de Sohrab, Hassan. “O meu rosto estava ardendo. Como é mesmo
aquele velho ditado sobre o vaso ruim? Era exatamente isso que acontecia com o meu
passado: não conseguia me livrar dele nunca. O nome daquele indivíduo surgiu lá das
profundezas e não quis dizê-lo, como se o simples fato de pronunciar aquele nome
significasse invocá-lo. Mas ele já estava ali, em carne e osso, sentado a pouco mais de
três metros de mim, depois de todos esses anos.” Ao descobrir isso, Amir enfrenta Assef,
que quase o deixa morto após a surra dada. Sohrab vendo Amir tomar uma surra, se
mostra tão bom quanto o pai (Hassan) com estilingue e mira no olho de Assef, e os dois
conseguem fugir dali. “O estilingue zuniu quando Sohrab largou a lingüeta. E ouvi Assef
gritando. Levou a mão ao lugar onde, um minuto antes, ficava o seu olho esquerdo.”
4. Análise do tempo:
a) Quando ocorre a história? Aponte trechos que justifiquem este tempo. Lembre-se de
que não é necessário local, data e ano para nos situarmos no tempo.
O livro “O Caçador de pipas” é bem específico com os anos dos acontecimentos ao
decorrer do livro.
1973: Golpe de Estado no Afeganistão. “Como ficamos sabendo depois, eles não tinham
tido muito em que atirar naquela noite de 17 de julho de 1973. Quando Cabul acordou na
manhã seguinte, descobriu que a monarquia era coisa do passado.”
1975: Quando ocorre o campeonato de pipas, inverno de Cabul. “No inverno de 1975 vi
Hassan correr atrás de uma pipa pela última vez.”
1976: Amir faz 13 anos, verão de Cabul. “Fiz treze anos no verão de 1976, o penúltimo
de um Afeganistão de paz e anonimato.”
1979: “O fim, o fim oficial chegaria primeiro em abril de 1978, com o golpe de Estado
comunista, e, depois, em dezembro de 1979...”
1980: Amir e Baba vão para a América por conta da Guerra no Afeganistão. “Fremont,
Califórnia, década de 1980.”
1989: Retirada das tropas soviéticas do Afeganistão. “O verão de 1988, cerca de seis
meses antes de os soviéticos se retirarem do Afeganistão.”
1992 a 1996: Criação e dominação da Aliança do Norte. “Aliança do Norte assumiu o
controle de Cabul, entre 1992 e 1996, as diversas facções reivindicaram diferentes áreas
da cidade.”
1996 a 2001: Governo do Talibã. “Logo depois dos ataques, os Estados Unidos
bombardearam o Afeganistão, a Aliança do Norte entrou no país e o Talibã bateu em
retirada”
2001: Ataque terrorista as torres gêmeas no EUA. “Em uma manhã de terça-feira, em
setembro passado, as Torres Gêmeas vieram abaixo e, da noite para o dia, o mundo
mudou.”
b) O tempo é cronológico ou psicológico? Justifique com trechos.
O livro possui os dois. Tempo cronológico, pois, ele descreve passagens dos anos e das
estações: “Todo ano, no primeiro dia em que começa a nevar, faço a mesma coisa: saio
de casa bem cedo, pela manhã, ainda de pijama, apertando os braços contra o peito para
enfrentar o frio. Vejo a entrada, o carro de meu pai, o muro, as árvores, os telhados e as
colinas cobertos por mais de um palmo de neve.” E o tempo mais presente na narrativa,
evidentemente é o psicológico, podemos perceber isso na seguinte passagem: “De
repente, senti uma culpa tão grande que disparei para o banheiro e vomitei na privada.”
e “Fiquei olhando enquanto eles se aproximavam do menino com quem eu tinha crescido,
aquele menino cujo rosto com o lábio leporino era a minha lembrança mais remota.”
c) Pensando na época em que a história se passa, é possível saber qual o contexto
histórico retratado no livro? Justifique.
Sim. O contexto histórico do livro é bem evidente devido o baseamento de toda a
narrativa. Observamos isso pelas citações do Golpe de Estado no Afeganistão (1973),
Invasão das tropas soviéticas no Afeganistão (1979), Governo do Talibã (1996) e o
ataque terrorista nos Estados Unidos (2001).
d) Há algum uso especial do tempo – como, por exemplo, flashbacks. Se a resposta for
positiva, justifique com um trecho do livro.
O uso especial do tempo é bastante utilizado na obra, principalmente por Amir, o qual
narra todo o ocorrido. “Minhas lembranças do resto do inverno de 1975 são bem pouco
nítidas. Lembro que ficava razoavelmente feliz quando baba estava em casa. Comíamos
juntos, saíamos para ver um filme, visitar kaka Homay oun ou kaka Faruq.”
5. Análise do espaço:
a) Onde se passa a história? O autor descreve com detalhes este local? Justifique sua
resposta com trechos da narrativa. R: A história se passa na capital do Afeganistão,
Cabul, mais precisamente no distrito de Wazir Akbar Khan, no ano de 1970.
“Todos eram unânimes em dizer que meu pai, o meu Baba, tinha construído a casa
mais bonita do distrito de Wazir Akbar Khan, um bairro novo e rico ao norte de
Cabul. Havia até quem dissesse que era a casa mais bonita de toda a cidade. Uma
ampla alameda ladeada por roseiras conduzia à casa espaçosa, com piso de mármore e
janelas enormes. Intrincados mosaicos de ladrilhos, que baba escolheu a dedo em
Isfahan, recobriam o chão dos quatro banheiros. Tapeçarias com fios dourados, que
baba comprou em Calcutá, revestiam as paredes. E um lustre de cristal pendia do teto
abobadado.”
b) Há lugares privilegiados? Se a resposta for positiva, justifique com um trecho do livro.
Sim. É retratado que grande parte dos acontecimentos ocorrem nas moradias de Amir e Hassan, na
cidade de Cabul no Afeganistão.
“Por seu turno, este se abria para a rua que dava acesso à propriedade de meu pai. A
casa ficava à esquerda, e tinha um quintal nos fundos.”
“Meu quarto ficava no andar de cima, junto com o de meu pai e o seu escritório,
também conhecido como "sala de fumar", eternamente cheirando a tabaco e canela.”
“Foi ali, naquele pequeno casebre, que Hassan nasceu no inverno de 1964, um ano
depois que minha mãe morreu durante o meu parto.”
“Eu passava pelas roseiras a caminho da mansão de baba, Hassan ia para a casinha de
pau-a-pique onde nasceu e morou por toda a vida.”
Rahim Khan — sócio de negócios de Baba e seu melhor amigo no Afeganistão. Mais
tarde, ele foi a pessoa que contou a Amir sobre o verdadeiro pai de Hassan.
Soraya — uma mulher afegã que mora em Fremont, Califórnia. Ela se casa com Amir.
Soraya deseja se tornar professora. Antes de se casar com Amir, ela fugiu com um
namorado afegão na Virgínia, que, de acordo com a tradição afegã, fez dela imprópria
para casamento. Pelo fato de Amir ter seus próprios erros, ele a amou e casou-se com
ela. Soraya desesperadamente tenta ter filhos, mas não pode conceber uma criança, por
causa de ‘Infertilidade Inexplicada’.
Sohrab - Filho de Hassan, traumatizado e seguidamente estuprado por Assef; mais tarde
na vida, Rahim Khan contata Amir numa tentativa de fazê-lo voltar ao Afeganistão para
encontrar Sohrab. No fim, ele é adotado por Amir.
Sanaubar — esposa de Ali que deu luz a Hassan como produto do romance com Baba.
Farid — motorista amargo que, no início, é abrasivo em relação a Amir, mas depois o
protege. As duas filhas de Farid foram mortas numa mina terrestre anos atrás, um
desastre no qual ele também perdeu alguns de seus dedos. Farid é o meio de transporte,
informação e conhecimento de Amir, no atual Afeganistão em que este volta.
c) Existe análise psicológica das personagens? Se a resposta for positiva, justifique com
um trecho do livro.
Sim. O personagem principal Amir, é retratado pelo autor como um garoto
extremamente covarde, que carrega com si, um sentimento de culpa desde seu
nascimento. Sua mãe, morre durante seu parto, e ele se sente extremamente culpado
pela morte de sua mãe. Amir não entende, o fato do afeto que seu pai demonstra ter por
Hassan, afeto esse que resultou em uma plástica, paga pelo pai de Amir, para corrigir um
defeito de nascença do garoto. Seu pai sempre foi muito mais ligado à Hassan do que
nele. Além disso, não podemos esquecer do fatídico Campeonato de Pipas, que resultou
na captura de seu melhor amigo Hassan, onde Amir não demonstrou qualquer
preocupação com o amigo, trazendo de volta o sentimento de culpa.
8. Comentário final:
a) Qual a mensagem apreendida? Justifique.
Agir conforme pensamos que é correto, mesmo que isso nos afete de alguma forma.
Exercer a justiça deve ser o nosso maior objetivo em qualquer situação, todas as pessoas
são dignas de misericórdia e justiça, independente daquilo que as faz diferentes.
Os ciúmes podem ter consequências terríveis na vida das pessoas quando deixamos que
ele guie nossas decisões. Pode acabar com relacionamentos e vidas, sendo assim, não
podemos deixar que ele nos consuma.
b) Aproveite para pesquisar se existe algum personagem que tenha sido inspirado em
outra narrativa e/ou filme. Lembre-se de que você pode compará-los com personagens
de outros gêneros literários. Sua resposta deve ser justificada com a fonte de pesquisa.
Não há inspirações.
c) Você notou alguma semelhança com a realidade de nosso cotidiano? Caso a resposta
seja positiva justifique com um trecho do livro.
Sim. As barreiras causadas pelo preconceito; crimes; traição e mentira são coisas que
estão muito presentes no nosso cotidiano, nas relações modernas. Em conclusão, os
personagens mostram a importância das amizades e relacionamentos, seja um
relacionamento tenso como Baba e Amir, ou uma amizade como Amir e Hassan ou até
mesmo um relacionamento romântico como Amir e Soraya. Todos os personagens
experimentam uma jornada pessoal por amor à sua maneira através de suas palavras e
ações com uma concepção da psicologia moderna.
“Não merecia aquele sacrifício; era um mentiroso, um impostor, e um ladrão.”
9. Conclusão
Resposta: Podemos concluir que apesar de Amir ser muito privilegiado por ter uma
condição financeira boa quando morava em Cabul, no Afeganistão, isso não comprava as
pequenas coisas que ele mais queria ter, ou melhor, a que mais queria: a admiração de
seu pai. O tempo e suas próprias decisões pregaram peças em sua vida, mesmo quando
achava que estava tudo resolvido, apesar de ter uma culpa que só aumentava dia após
dia, fazia de tudo para conviver e sobreviver com ela, independentemente de saber que
mesmo com todos seus esforços, a mesma sempre permaneceria ali. Quando foi
crescendo, vivenciou momentos ruins e terríveis, uma delas a destruição de seu país e
até mesmo da sua cidade natal, onde passou momentos inesquecíveis e que formaram
quem era até hoje. Por fim, Amir recebeu uma oportunidade de “ser bom de novo”, como
o próprio personagem Rahim Khan cita no livro, o protagonista do livro recebe uma
caneta, ludicamente falando, para enfim reescrever uma nova história para sua vida e
apagar aquilo que lhe consumia por todos aqueles anos. Foram inúmeras tentativas e foi
aí que percebeu que não tem como apagar algo que já foi feito e estava marcado para o
resto de sua vida, porém poderia dar um recomeço e escolher o que fazer com essa nova
chance que foi concebida.
Essa história nos mostra claramente a vida como ela realmente é, sem irrealidades ou
ilusões, o que realmente define quem somos é o que fazemos quando temos a
oportunidade de mudar algo, Amir não fez o que era certo naquele momento, por
imaturidade ou medo, e isso custou a ele longos anos de culpa e consciência conturbada.
E mais do que isso, custou uma amizade. Amir teve chance ao decorrer da história de
tentar contornar seus atos ruins do passado, entretanto nada que viesse fazer traria tudo
aquilo que perdeu de volta, e compreender isso é um grande aprendizado.
CENTRO PAULA SOUZA
O CAÇADOR DE PIPAS
Khaled Hosseini