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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA

CATARINA
CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

GUSTAVO MARTINS DA SILVA

PROPOSTA DE REDESIGN PARA O EXTERIOR DO

PUMA GTB S/2 1978


FLORIANÓPOLIS, JUNHO DE 2018.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA
CATARINA
CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

GUSTAVO MARTINS DA SILVA

PROPOSTA DE REDESIGN PARA O EXTERIOR DO

PUMA GTB S/2 1978

Trabalho de conclusão de curso submetido ao


Instituto Federal de Educação, Ciência E Tecno-
logia De Santa Catarina como parte dos requisi-
tos para obtenção do título de tecnólogo em De-
sign de Produto.

Professor Orientador: Prof. Me Sérgio Henrique


Prado Scolari

FLORIANÓPOLIS, JUNHO DE 2018.


AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Julio Cesar da Silva e Suray Goretti Martins da Silva,
por todo o incentivo, amor e suporte que me deram durante toda minha vida.

A minha namorada Karoline Viera, por ter acompanhado minha trajetória de


perto, sempre me apoiando independente do cenário ou da distância.

A meu irmão, Gabriel Martins da Silva, por ter sido o primeiro agente responsá-
vel por minha aproximação do universo automotivo.

Agradeço à minha Irmã, Juliana Martins da Silva, por ter sido um dos maiores
exemplos de persistência e dedicação em minha vida.

Ao professor que mais me fez evoluir no campo do design automotivo, Steven


Gilmore.

A meu orientador, Sérgio Henrique Prado Scolari, por todo o apoio durante e
dedicação ao meu projeto.

Ao professor Aldrwin Hamad, pelo incentivo e ensinamentos dentro e fora do


curso de Design do Instituto Federal de Santa Catarina.

A Puma Automóveis pela oportunidade de desenvolver um projeto ligado a área


automotiva.

A todos aqueles, familiares e amigos próximos, que mesmo não sendo citados
aqui, fizeram parte do meu caminho contribuindo para minha evolução como pessoa
e profissional.
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso aborda o desenvolvimento de uma pro-


posta de design conceitual retrô para o exterior do Puma GTB S/2 1978, utilizando
como base técnicas utilizadas na indústria automotiva. O método utilizado para tal, foi
o Advanced Concept Design Process, que possibilitou uma experiência de exercício
de design automotivo coerente com a vivenciada na indústria. Como resultado tem-se
um projeto que resgata elementos do passado da Puma Automóveis provenientes de
um de seus modelos marcantes.

Palavras chave: Design Automotivo, Movimento retrô, Puma Automóveis, GTB S/2.
LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 - Puma GT 2.4 Lumimari ............................................................................. 10

Figura 2 - Processo de Desenvolvimento Automotivo ............................................... 14

Figura 3 - Processo de Desenvolvimento Automotivo (adaptado) ............................. 16

Figura 4 - GT Malzoni ................................................................................................ 18

Figura 5 - Puma GTS conversível e Puma GTE........................................................ 19

Figura 6 - Protótipo P052 .......................................................................................... 25

Figura 7 - Diretoria Puma Automóveis ...................................................................... 21

Figura 8 - Linha do tempo Mustang........................................................................... 23

Figura 9 - Série Puma GTB ....................................................................................... 27

Figura 10 - Puma GTB S/2 Frente............................................................................. 28

Figura 11 - Puma GTB S/2 Traseira .......................................................................... 28

Figura 12 - Equus Bass 770 Frente ........................................................................... 30

Figura 13 - Equus Bass 770 Traseira ........................................................................ 31

Figura 14 - Análise 1 Bass 770 ................................................................................. 32

Figura 15 - Análise 2 Bass 770 ................................................................................. 33

Figura 16 - Análise 3 Bass 770 ................................................................................. 34

Figura 17 - GTB S/2 Análise 1 - Vista Lateral............................................................ 39

Figura 18 - GTB S/2 Análise 2 - Vista Lateral 2......................................................... 40

Figura 19 - GTB S/2 Análise 3 – Frontal. .................................................................. 41


Figura 20 - GTB S/2 Análise 4 – Traseira ................................................................. 42

Figura 21 - Puma P018 -Linhas Semelhantes ao GTB S/2 ....................................... 44

Figura 22 - Alternativas ............................................................................................. 46

Figura 23 -Sketches Vista Frontal ............................................................................. 47

Figura 24 -Sketches Vista Lateral ............................................................................. 48

Figura 25 -Sketches Vista Posterior .......................................................................... 49

Figura 26 - Sketches em Perspectiva ........................................................................ 51

Figura 27 - Sketches Escolhidos ............................................................................... 52

Figura 28 - Base da Modelagem 3D.......................................................................... 53

Figura 29 - Modelo 3D Perspectiva ........................................................................... 54

Figura 30 - Modelo 3D Perspectiva Posterior ............................................................ 55

Figura 31 - Modelo 3D Perspectiva Topo .................................................................. 55

Figura 32 - Modelo 3D Perspectiva Lateral ............................................................... 56

Figura 33–Estrutura Base do clay ............................................................................. 56

Figura 34 - Processo ................................................................................................. 56

Figura 35–Superfície Refinada .................................................................................. 57

Figura 36–Superfície Final ........................................................................................ 57

Figura 37– Comparação Frontal............................................................................... 59

Figura 38 - Comparação Lateral................................................................................ 60

Figura 39 - Comparação Posterior ............................................................................ 61


Figura 40–Detalhamento Técnico 1 .......................................................................... 65

Figura 41 - Detalhamento Técnico 2 ......................................................................... 66

Figura 42 - Detalhamento Técnico 3 ......................................................................... 67

Tabela 1 - Etapas do ACDP. ..................................................................................... 15

Tabela 2 - Etapas do ACDP adaptadas para o projeto. ............................................ 17

Tabela 3 - Anatomia Automotiva - Tradução e Definição .......................................... 37

Tabela 4. Dimensões do GTB S/2 ............................................................................. 44


SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 7
1.2 OPORTUNIDADE DE PROJETO .......................................................................... 9

1.3 OBJETIVO............................................................................................................. 9

1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 9

1.3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 9


1.4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 10

2MÉTODO................................................................................................................. 12
3PUMA AUTOMÓVEIS ............................................................................................. 16
3.1 VISITA à EMPRESA ........................................................................................... 18

4REFERENCIAL TEÓRICO...................................................................................... 20
4.1 ANALISE DA CATEGORIA MUSCLE CAR ......................................................... 20

4.2 DESIGN EMOCIONAL NO UNIVERSO AUTOMOTIVO ..................................... 21

4.3 MOVIMENTO RETRÔ ......................................................................................... 24

5COLETA DE DADOS .............................................................................................. 25


5.1 SÉRIE GTB ......................................................................................................... 25

5.1.1 GTB S/2 (Série 2) ............................................................................................ 26


5.2 PÚBLICO-ALVO .................................................................................................. 27

6ESTUDO DE CASO ................................................................................................ 28


6.1 EQUUS BASS 770 .............................................................................................. 28

6.2 ANÁLISE ESTÉTICO FORMAL DO BASS 770 ................................................... 29

6.3 CONCLUSÃO DA ANÁLISE................................................................................ 32


7ANÁLISE ESTETICO FORMAL DO GTB/S2 ......................................................... 34
7.1 ANATOMIA DO GTB S/2..................................................................................... 34

7.1.1 GTB S/2 – Vista lateral ................................................................................... 36

7.1.2 GTB S/2 – Vista Lateral 2 ............................................................................... 37

7.1.3 GTB S/2 – Vista Frontal .................................................................................. 38

7.1.4 GTB S/2 – Vista Posterior .............................................................................. 40

7.1.5 Dimensões ...................................................................................................... 41


7.2CONCLUSÃO DA ANÁLISE................................................................................. 42

8GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ........................................................................... 44


8.1 DESENVOLVIMENTO DE SKETCHES .............................................................. 44

8.1.1 Vista Frontal .................................................................................................... 45

8.1.2 Vista Lateral .................................................................................................... 47

8.1.3 Vista Posterior ................................................................................................ 48

8.1.4 Vista ¾ (Perspectiva) ..................................................................................... 50


8.2 SKETCHES FINAIS ............................................................................................ 51

9MODELAGEM FÍSICA E VIRTUAL ........................................................................ 52


9.1 MODELO VIRTUAL ............................................................................................. 52

9.2 MODELO FÍSICO ................................................................................................ 55

10COMPARAÇÃO GTB S/2 E GTB RC ................................................................... 58


11DETALHAMENTO TÉCNICO GTB RC................................................................. 65
12CONCLUSÃO ....................................................................................................... 63
13REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 69
7

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso tem como foco o redesign de um


automóvel em parceria com a Puma Automóveis. A metodologia adotada no projeto
foi a ACDP, sigla para “Advanced Concept Design Process”, que trata de um modelo
dividido em etapas utilizadas na indústria automotiva mundial e fiel ao processo de
criação e desenvolvimento de empresas do setor (MACEY; WARDLE, 2014).

No Brasil, até a década de 1950 o mercado interno de automóveis foi preen-


chido principalmente por importações vindas dos Estados Unidos, que contavam com
a mão de obra barata do cenário brasileiro para produzir seus modelos. A presença
de fábricas nacionais era pequena e limitada à utilização de matéria-prima importada
(LOBO, 1977).

Os projetos desenvolvidos no Brasil tinham inspirações em modelos famosos


internacionalmente, fruto do desejo do público de adquirir determinados exemplares
marcantes com propagandas e grandes produções de Hollywood. Uma das categorias
com mais expressividade foi a dos Muscle Cars*americanos, carros esportivos de
preço mais popular famosos por aparecerem em filmes, séries e por evidenciar o po-
der da indústria automotiva dos Estados Unidos.

O nascimento dos chamados veículos “fora-de-série”, em sua maioria, projetos


feitos em parceria entre engenheiros, entusiastas, designers e empresários deram ori-
gem a nomes conhecidos como Puma, Gurgel, Miura, entre outros que supriam a falta
de determinadas categorias no mercado interno do pais. (PIZARRO; LANDIM, 2015).

A Puma Automóveis, trouxe para o cenário nacional a influência desses Muscle


Cars com modelos como o Puma GTB, que despertou o interesse e a admiração do
público. Criado em um contexto com limitações referentes ao processo de produção
da indústria automotiva brasileira, porém contando com a inspiração em modelos que
faziam parte do imaginário do público da época, o GTB concorria com modelos como

*Muscle Cars: Nascida nos Estados Unidos, especialistas descrevem de maneira geral como

uma categoria carros extremamente potentes, populares, geralmente produzidos nos estilos esportivos
ou coupé 2 portas.
8

o Opala (Chevrolet) e o Maverick (Ford), evidenciando o potencial que a empresa tinha


ao enfrentar grandes companhias.

Na década de 1990, o aumento das importações de veículos forçou o mercado


interno brasileiro a se modernizar para manter a competitividade com grandes empre-
sas, infelizmente, com métodos de produção mais eficientes e preços mais acessíveis
muitas companhias faliram (SANTOS, 2009). A Puma, conhecida por seus modelos
esportivos com a carroceria produzida em fibra de vidro foi uma delas, não resistindo
a forte concorrência deixou fãs e proprietários com saudades de uma época em que
o Brasil tinha seus próprios esportivos.

Com o passar dos anos outras empresas surgiram no Brasil, porém nunca con-
quistaram uma parcela considerável do mercado. Um exemplo que pode ser conside-
rado bem-sucedido foi a Troller, empresa responsável pela criação e fabricação de
veículos off-road*, que em 2014 foi adquirida pela Ford e deixou de ser uma empresa
totalmente brasileira.

De maneira geral, o mercado nacional permaneceu pouco expressivo até que


em 2013, a Puma retornou ao mercado com uma iniciativa de pessoas com o desejo
de reerguer a marca de esportivos nacionais. Em 2017 ela anunciou o lançamento de
um novo modelo, o Puma GT 2.4 Lumimari (Figura 1), que abriu as portas para essa
nova fase da empresa.

Figura 1 - Puma GT 2.4 Lumimari

Fonte: Acervo Puma Automóveis

*Off-Road: Nomenclatura utilizada para definir veículos com características especificas relacio-

nadas a circulação em terreno acidentado.


9

Com o retorno da Puma novas possibilidades nascem no cenário nacional, afi-


nal uma marca que teve diversos modelos considerados ícones brasileiros desperta a
curiosidade do público para o que pode surgir a partir desse renascimento. Além disso,
atualmente o mercado internacional vive uma era saudosista e diversos modelos que
marcaram época no passado ganham vida novamente, o que possibilita a exploração
do passado fértil que a Puma teve e a chance de reviver seus ícones.

1.2 OPORTUNIDADE DE PROJETO

Aproveitar a demanda por veículos exclusivos e de série limitada que possuem


inspiração em modelos antigos.

1.3 OBJETIVO

Com base no problema proposto, foram listados os seguintes objetivos:

1.3.1 Objetivo Geral

Criação de uma alternativa de design para o exterior do Puma GTB/S2 de 1978


com a intenção resgatar essência do modelo, adotando alterações que tornem o veí-
culo compatível com o cenário atual respeitando suas linhas características.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Compreender as características marcantes do GTB S/2;


b) Compreender os conceitos de estilo adotados na categoria do GTB S/2;
c) Compreender o movimento Retrô;
d) Desenvolver conceitos do exterior do veículo;
e) Desenvolver um modelo virtual da nova proposta de exterior com deta-
lhamento técnico;
f) Produzir um modelo físico da nova proposta de design em clay.
10

1.4 JUSTIFICATIVA

O Brasil tem um dos maiores mercados automotivos do mundo. De acordo com


relatório anual da consultoria global Jato Dynamics (2017), o País que já ocupou a
quarta posição, encerrou 2016 na nona posição se mantendo entre os dez países que
produzem veículos. Essa relação do brasileiro com os carros é fruto de uma longa
história, alimentada por grandes nomes como Ayrton Senna, Nelson Piquet, Emerson
Fittipaldi e outros que marcaram gerações vencendo corridas e atraindo o público para
o universo automotivo.

Das pistas de corrida a Puma surgiu, deixando sua marca na indústria brasileira
e continuando a inspirar os apaixonados por carro que puderam presenciar seus tem-
pos de glória em uma época em que o brasileiro não tinha acesso a máquinas dese-
jadas no mundo todo.

A importância de resgatar um dos ícones da indústria automotiva nacional, vai


além de apenas redesenhar um veículo. Juntamente com aspectos estético-formais
encontrados em seu projeto, o Puma GTB/S2 também traz consigo valores sentimen-
tais de épocas passadas. Nesse início de século, observam-se serem difundidos,em
setores cada vez mais amplos, os conceitos do design retrô. Artefatos, publicidade,no-
vos hábitos que retomam velhos costumes espalham-se pela sociedade. Entender
esse movimento é mergulhar nas angústias e anseios da sociedade do século XXI(RI-
BEIRO, 2014).

Ao relembrar veículos clássicos, as memórias trazem com elas valores e sen-


timentos que eram presentes em sua época. Proprietários ou até mesmo pessoas que
apenas desejaram o mesmo, quando tem a chance de ver novamente um símbolo de
seu passado, revivem momentos marcantes de suas próprias histórias.

Além do design de um objeto, também existe um componente pessoal que ne-


nhum designer ou fabricante pode oferecer. Os objetos em nossas vidas são mais que
meros bens materiais. Temos orgulho deles, não necessariamente porque estejamos
exibindo nossa riqueza ou status, mas por causa dos significados que eles trazem
para nossas vidas. Um objeto favorito é um símbolo que induz a uma postura mental
positiva, um lembrete que nos traz boas recordações ou, por vezes, uma expressão
11

de nós mesmos. E esse objeto sempre tem uma história, uma lembrança e algo que
nos liga pessoalmente àquele objeto em particular, àquela coisa em particular. (NOR-
MAN, 2008, pág.26.).
12

2 MÉTODO

O ACDP (Advanced Concept Design Process) é um método de desenvolvi-


mento de conceitos automotivos amplamente utilizado na indústria, com o objetivo de
inovar no exercício de criação de automóveis (MACEY; WARDLE, 2014). Original-
mente o método tem seu foco em compreender o usuário em contextos futuros, porém
devido a peculiaridades do projeto o método foi adaptado para respeitar as caracte-
rísticas de um público pré-definido.

O processo como um todo segue uma linha de raciocínio simples, dividido em


uma etapa focada no design e outra na produção, ou seja, desde a geração das pri-
meiras alternativas até a produção do veículo em escala industrial. (Figura 2).

Figura 2 - Processo de Desenvolvimento Automotivo

Fonte: Adaptado de H-Point (MACEY; WARDLE, 2014)

A seguir, a tabela 1 descreve com mais detalhes cada uma das etapas do pro-
cesso.

Tabela 1 – Etapas do ACDP


ETAPA ENTRADA SAIDA
1 - Planejamento e pes- Público-alvo, tendências de Direcionamento inicial do
quisa mercado e análise da concorrência. projeto, categoria a ser trabalhada e
definição do público que será aten-
dido pelo produto final.
13

2 - Definição de Objeti- Pesquisa relacionada a ten- Definição dos diferenciais


vos funcionais dências tecnológicas e formais do veí- do projeto frente a seus concorren-
culo. tes no mercado.
3 - Definição de layout Desenvolvimento de alternati- Definição das linhas bási-
básico vas, por meio de sketches livres, que cas e organização dos elementos
contemplam todas as características no veículo.
que o veículo terá.

4 - Definição de propor- Comparação entre o modelo Definição das proporções


ções em processo de desenvolvimento e ou- básicas do veículo.
tros modelos existentes com o intuito
de validar suas dimensões.
5 - Modelagem avan- Desenvolvimento de modelo fí- Criação de modelo físico
çada sico a base de Clay (argila para mode- para definição final das linhas do
lagem) em escala real e desenvolvi- modelo, seguido de modelagem vir-
mento de modelo virtual. tual para geração de detalhamento
técnico e apresentação do conceito
finalizado.
6 - Definição da propor- Proporção adotada durante o Proporção do veículo adap-
ção final processo de desenvolvimento é anali- tada para a produção.
sada e refinada.
7 - Design para produ- Elementos estético e formais Linhas e formas que chega-
ção do veículo são validados e se necessá- rão ao consumidor final.
rio alterados para possibilitar a produ-
ção.
8 - Engenharia de produ- Planejamento da produção dos Modelo pronto para teste.
ção componentes do modelo.
9 - Prototipagem e Teste Testes de segurança, resistên- Ajustes técnicos finais.
cia e desempenho com protótipo.
10 - Produção Linha de produção do novo
modelo.

Fonte: Adaptado de H-Point (MACEY; WARDLE, 2014)

Para o presente projeto as etapas de design foram adaptadas para a criação


de uma alternativa do exterior com elementos retrô,porém as etapas focadas na pro-
dução do veículo não foram utilizadas, pois o projeto se limita ao desenvolvimento
estético formal do exterior apenas.A figura 3mostra como o método ficou após as
adaptações.
14

Figura 3 - Processo de Desenvolvimento Automotivo (adaptado)

Fonte: Adaptado de H-Point (MACEY; WARDLE, 2014)

A seguir, aTabela 2apresenta com maiores detalhes do método adaptado que


foiutilizado no projeto:

Tabela 2 - Etapas do ACDP adaptadas para o projeto.


ETAPA ENTRADA SAIDA
1 - Pesquisa e coleta de - Pesquisa: Serie GTB Informações referentes a
dados empresa parceira e ao modelo foco
- Pesquisa: GTB S/2 do projeto.

2 - Estudo de caso - Pesquisa: Equus Bass 770 Referência de projeto ligado


ao movimento retrô que auxilia no
- Analise de influências e linhas direcionamento do projeto.
características do modelo
3 - Analise formal do - Análise estética do modelo Definição das característi-
GTB S/2. cas marcantes do modelo com o ob-
- Análise de linhas característi- jetivo de evidenciar apenas os ele-
cas do modelo mentos que serão utilizados como
direcionamento da nova alternativa
- Dimensões gerais do modelo
do exterior
4 - Geração de alternati- - Desenvolvimento de Sket- Processo de geração e refi-
vas ches (esboços manuais) namento de alternativas estético for-
mais e criação de representações
gráficas das opções mais coerentes
com o direcionamento do projeto.
5 - Modelagem virtual/fí- - Desenvolvimento de modelo Criação de modelo virtual
sica virtual para definição final das linhas do
15

modelo, seguido de modelagem fí-


- Desenvolvimento de modelo sica para apresentação do conceito
físico a base de Clay (argila para mo- finalizado.
delagem) em escala reduzida

Fonte: Adaptado de H-Point (MACEY; WARDLE, 2014)

A metodologia empregada no projeto foi escolhida com o intuito de manter o


processo de desenvolvimento conceitual de um automóvel fiel ao utilizado ampla-
mente na indústria automotiva mundial. As adaptações necessárias foram feitas em
respeito as peculiaridades do projeto.
16

3 PUMA AUTOMÓVEIS

A Puma é uma marca brasileira de automóveis esportivos, fundada por Luiz


Roberto Alves da costa, Milton Masteguim, Mario César de Camargo Filho e Genaro
Malzoni, que marcou o mercado nacional e conquistou muitos fãs de automobilismo
entre as décadas de 1960 e 1980.

Nascida nas pistas, estreando no Grande Prêmio das Américas, em Interlagos


com seu primeiro protótipo que posteriormente foi batizado de GT Malzoni (Figura 3)
a marca atuou no mercado nacional com a criação de modelos de rua. Inspirada em
diversos carros esportivos de sua época a Puma preencheu uma lacuna no mercado
nacional.

Figura 4 - GT Malzoni

Fonte: Jornal do Carro, Estadão (2014)

Com seus modelos com carroceria de resina reforçada com fibra de vidro, a
Puma fortaleceu a cultura automotiva nacional e contribuiu para a popularização da
cultura de carros customizados no país.
17

Durante toda sua história a Puma desenvolveu 34 modelos diferentes que po-
dem ser encontrados em circulação até hoje, como o GTS conversível e o GTE (Figura
4).

Figura 5 - Puma GTS conversível e Puma GTE

Fonte: Puma Classics (2009)

Infelizmente, o potencial da Puma acabou sendo afetado drasticamente pela


competitividade de empresas internacionais, que devido à sua larga produção e pre-
ços mais acessíveis enfraqueceram a empresa que fechou as portas em 1985. Ainda
no mesmo período duas outras empresas tentaram reerguê-la, mas em 1990 ela saiu
do mercado definitivamente com a abertura do mercado nacional para veículos impor-
tados.

Cinquenta anos depois de seu nascimento, fruto de uma iniciativa coletiva de


antigos membros da Puma e apaixonados por sua história surgiu a oportunidade rea-
brir a empresa.A ideia surgiu em um Torneio de Regularidade realizado em março de
2012 e promovido pelo ex-piloto Jan Balder.
18

Com o retorno da Puma Automóveis nasce o protótipo de pista P052 (Figura 6)


que em seguida originou o modelo de rua Puma GT 2.4 Lumimari, com dez unidades
exclusivas produzidas. Com isso a história dos esportivos nacionais produzidos pela
empresa inicia um novo capítulo com a paixão de entusiastas e fãs da marca ao seu
lado.

Figura 6 – Protótipo P052

Fonte: Acervo Puma Automóveis

Além disso, de acordo com o presidente da Puma, a empresa pretende abrir


sua nova fábrica em Botucatu, interior do estado de São Paulo e nos próximos anos
receberá um investimento de até 250 milhões de reais para investir em seu retorno.
Com a nova fábrica, estima-se uma produção de 10 mil unidades por ano.

3.1 VISITA À EMPRESA

Uma visita à empresa foi realizada para conhecer o cenário atual de desenvol-
vimento de seu novo modelo. Atualmente com seu escritório instalado em Botucatu,
interior do estado de São Paulo, e com a produção de seus protótipos em Itapetininga
a Puma Automóveis se prepara para a construção de sua nova fábrica, também em
Botucatu, que abrigará os setores de produção e desenvolvimento, além de seu novo
19

museu, onde exemplares dos antigos modelos serão expostos relembrando o pas-
sado da empresa.

A equipe responsável pela construção dos protótipos é pequena, porém for-


mada por profissionais experientes, que testam e aprimoram o projeto do novo Puma
GT 2.4 Lumimari constantemente, buscando a qualidade que o mercado atual exige.
Além de conhecer as instalações da empresa, foi realizada uma visita ao designer
responsável pelo novo modelo da empresa, Eduardo Oliveira, que mostrou um pouco
do desenvolvimento do projeto e dos softwares que ele utilizou no processo de cria-
ção.

Na Figura 7 a seguir, os integrantes da Puma durante um encontro de carros


antigos realizado em São Paulo. Em ordem, da esquerda à direita,Antônio Carlos Her-
nandez (Diretor Comercial), Luiz Gasparini Costa (Presidente) seguido de um dos par-
ticipantes do evento,Reginaldo Galafazzi (Vice-Presidente), Gustavo Martins (Autor
do presente projeto) e Gabriel Maia (Piloto de testes oficial e Diretor Esportivo).

Figura 7 – Diretoria Puma Automóveis

Fonte: Acervo pessoal


20

4 REFERENCIAL TEÓRICO

Para desenvolver de maneira coerente uma alternativa de exterior para o GTB


S/2 foi necessário compreender as características da categoria do modelo, a relação
entre o design emocional e o universo automotivo eo movimento retrô e suas carac-
terísticas.

4.1 ANALISE DA CATEGORIA MUSCLE CAR

Uma categoria com muita história, característica da indústria automotiva norte


americana e conhecida por nomes como Mustang, Camaro, Charger e muitos outros.
De maneira geral os Muscle Carssão conhecidos como carros extremamente poten-
tes, geralmente produzidos nos estilos esportivos ou coupé 2 portas. O grande obje-
tivo destes carros, é atingir altas velocidades, sendo projetado para as estradas, ou
seja, um veículo popular e potente.

Criados depois da segunda guerra e por volta do início dos anos 50 já com os
motores V8 de nova geração, sendo muito potentes e com uma conversão melhor de
combustível em torque, os Muscle Cars ganharam espaço no mercado. Nos anos 60,
pensando nos jovens, as montadoras iniciaram um tratamento especial, principal-
mente com os coupés, dando origem a uma paixão que permanece viva até hoje.

Conhecidos por seu desempenho semelhante à de grandes esportivos, sempre


tiveram como objetivo uma experiência única de dirigir, levando mais em consideração
o desempenho, o visual, o som do motor e deixando o conforto e o luxo para outras
categorias (AUTOMOTIVA, 2017).

No mercado brasileiro a categoria não foi tão bem explorada quanto nos Esta-
dos Unidos por limitações tanto de produção quanto de importação de modelos. Ape-
sar de uma presença menos expressiva de Muscle Cars, o Brasil conta com ícones
que até hoje são muito valorizados. Nomes como o Opala SS eMaverick GT compe-
tiam com modelos nacionais como a série GTB da Puma.

Até hoje os principais modelos da categoria passam por uma evolução progres-
siva referente ao design, desempenho e tecnologia. Apesar das mudanças estéticas,
é possível perceber que as características formais desses modelos ainda carregam
21

nfluência de seus antepassados. Em uma análise rápida é possível observar clara-


mente em diversos modelos a presença de elementos e formas semelhantes que
mantem a identidade do veículo viva, independentemente da adição ou subtração de
determinados detalhes. Exemplos de elementos característicos são a posição dos fa-
róis, da grade frontal, linhas presentes nas laterais, distância entre eixos e até mesmo
a proporção do carro como um todo. (Figura 8)

Figura 8 - Linha do tempo Mustang

Fonte: Kemal Curić (2014)

Diferente do processo de evolução adotado na indústria para carros produzidos


em série, o presente projeto segue um direcionamento focado no resgate da essência
de um modelo de 1978, dentro dos padrões “fora-de-serie” adotados pela Puma veí-
culos e Motores no passado.

4.2 DESIGN EMOCIONAL NO UNIVERSO AUTOMOTIVO

Utilizar os conceitos de design emocional no desenvolvimento de um projeto


automotivo é parte importante do processo, uma vez que a indústria de modo geral
tem consciência dos efeitos que o design de um automóvel, quando bem executado,
gera no usuário.

Em todos os lugares, é possível perceber a presença de diversos objetos que


chamam a atenção das pessoas tanto positivamente, quanto negativamente. Os pro-
22

dutos presentes no cotidiano não suprem apenas necessidades físicas e/ou fisiológi-
cas, mas também “necessidades simbólicas” (COSTA, 2013). Os carros, assim como
esses produtos, representam sensações que afetam cada tipo de pessoa de uma ma-
neira diferente.

Norman (2004), descreve o design emocional como a criação de experiências


positivas no uso de um produto e divide o mesmo em três níveis, sendo eles:

a) Nível Visceral

Relacionado ao conceito de “instinto”. A reação visceral é aquela desencade-


ada pela verificação sensorial inicial da experiência. É esse nível provoca atração pela
beleza e pela ordenação, e aversão por coisas feias e desorganizadas.

b) Nível Comportamental

É um nível subconsciente, de comportamento automático, da qual a pessoa


não se dá conta. Tem relação não apenas com a facilidade de uso, mas também com
o prazer de uso.

c) Nível Reflexivo

É a experiência de associação e de familiaridade, de refletir como o usuário de


sente sobre a utilização de um produto. É o momento em que o indivíduo imagina
como as pessoas lhe enxergarão ao utilizar determinado produto, dessa maneira po-
demos dizer que o nível reflexivo está ligado ao status e a construção da nossa per-
sonalidade, refletindo a imagem desejada de nós mesmos.

Traçando um paralelo entre o design emocional e o universo automotivo, tor-


nam-se evidentes elementos presentes no projeto e na concepção de um veículo que
se encaixam em cada um dos níveis específicos. No nível visceral, temos o apelo
estético do carro em seu momento de maior valor, suas formas são capazes de de-
sencadear uma série de emoções no usuário podendo atraí-lo ou afastá-lo instanta-
neamente.
23

Já a nível comportamental, os carros podem trazer sensações de bem-estar


ligadas ao seu conforto, texturas internas, desempenho e muitos outros fatores ligados
ao uso do veículo em si.

O status atrelado aos automóveis e a mensagem que um proprietário pretende


passar à sociedade ao conduzir determinado modelo, entram no nível conhecido como
reflexivo, onde o usuário escolhe seu veículo com a intenção de dizer algo sobre sua
própria personalidade.

Por meio dos produtos que são utilizados diariamente o usuário expressa seu
estilo de vida. Roupas, casas e os outros objetos pessoais que interagem com a pes-
soa diariamente refletem uma visão única de mundo que a mesma possui (COSTA,
2013).

É interessante destacar, que em determinados casos o consumidor ignora cer-


tos níveis do design emocional, isto é, adquire seu carro visando apenas o conforto
ou apenas o status, deixando de lado outros fatores que para muitas pessoas são
importantes. Isso se deve aos diferentes valores que as pessoas dão ao produto, em
alguns casos o automóvel é apenas um bem de consumo, um meio de transporte, já
em outros algo com valor sentimental.

O entendimento do Design emocional no resgate do GTB S/2 também é único,


deixando de lado o nível comportamental por tratar-se de uma visão conceitual res-
ponsável pela materialização de um desejo, mas que por não abordar elementos téc-
nicos relacionados a detalhes internos, itens de segurança, texturas e matérias espe-
cíficos limita-se aos níveis visceral e reflexivo.

Atualmente vivemos em um período onde a busca por novos produtos, mais


eficientes, mais tecnológicos ou simplesmente mais recentes causa um efeito de de-
sapego material. Apesar disso, sabemos que ao longo da história humana, muitos
objetos adquiriram valores que lhes conferem um sentido maior do que seu simples
caráter utilitário e isso é causado pela criação de laços de afetividade que vão além
do valor material (RIBEIRO, 2014).
24

4.3 MOVIMENTO RETRÔ

Para um resgate coerente da essência do GTB S/2 foi necessário um estudo


relacionado o movimento Retrô. Uma tendência que percorre cada geração coma
busca de elementos considerados marcantes em produtos que fizeram parte da his-
tória do consumidor em seu passado.

No universo automotivo a valorização de modelos antigos é evidente, diversos


grupos de entusiastas, que preservam seus carros durante anos com a intenção de
manter viva a experiência positiva que um determinado modelo proporciona, são cri-
ados pelo mundo todo. Na indústria isso não é diferente, com muitos exemplos de
designs criados com a intenção de resgatar o estilo de ícones do passado.

Essa característica marcante em determinados objetos faz com que o resgate


dos sentimentos atrelados a eles se torne algo muito presente na vida de pessoas que
não encontram os mesmos valores dentre os produtos lançados diariamente. A junção
de elementos do passado com as amplas possibilidades de produção atuais, novas
tecnologias, conforto e qualidade, trazem ao consumidor a sensação de uma vivência
mais tranquila que se difere da correria cotidiana (RIBEIRO, 2014).

Assim, dentre as muitas definições do retrô, é possível perceber que ele é nor-
malmente atrelado a referências estético formais do passado geralmente relacionadas
a um passado não muito distante (GUFFEY, 2006).

Nesse contexto, o resgate da história do Puma GTB S/2 vai além de uma sim-
ples releitura de sua forma, trazendo consigo a experiência vivida no passado para
um contexto atual. Por esse motivo o termo Retrô é empregado ao projeto.

Diferente de objetos considerados antiguidades, que são literalmente proveni-


entes do passado, ou dos conhecidos produtos “vintage”, que retratam apenas esteti-
camente elementos presentes no passado, o movimento retrô tem em sua essência o
resgate de sentimentos e memórias de outras épocas. (HERNANDEZ, 2011).
25

5 COLETA DE DADOS

Buscar informações referentes ao GTB S/2, de como a própria empresa des-


creve o modelo, de como os proprietários enxergam seu valor histórico e sentimental
é um ponto importante no processo de desenvolvimento de um conceito. Para isso,
fez-se necessário a utilização de determinadas ferramentas de pesquisa que serão
abordadas em mais detalhes a seguir.

5.1 SÉRIE GTB

No início da década de 1970 a Puma Automóveis começa os testes com o pro-


tótipo desenhado por Rino Malzoni, batizado inicialmente de P8. Também conhecido
na época como Puma GTO (sigla para Gran Turismo Omologato), o carro conquistou
o público com suas linhas inspiradas nos famosos Muscle Cars americanos, mas só
entrou em fabricação em 1974 já batizado de PUMA GTB (Gran Turismo Brasil).

O Puma GTB era um carro esporte bonito e imponente, que tinha fila de espera
para compra. Os principais modelos originais da série foram o GTB (P008) eo GTB
S/2 (Figura 6), outras versões e protótipos também foram desenvolvidos, porém, sem
a mesma expressividade no mercado.

Figura 9 - Série Puma GTB

Fonte: Puma Campinas (2015)


26

5.1.1 GTB S/2 (Série 2)

Em 1978 é apresentado no Salão do Automóvel, o PUMA GTB S/2 (Figura 7),


com novo desenho e acabamento mais requintado com a utilização de couro, e itens
de conforto de série como: Direção Hidráulica e Ar-Condicionado, uma inovação era
a utilização de cintos de segurança retráteis, até então era uma novidade no mercado
nacional. O motor era o 250-S, com 171cv do Opala.

Figura 10 - Puma GTB S/2 Frente

Fonte: Jornal do Carro, Estadão (2017)

Figura 11 - Puma GTB S/2 Traseira

Fonte: Jornal do Carro, Estadão (2017)


27

O estilo Muscle Car do GTB S/2 chamou atenção quando o modelo entrou no
mercado, com sua esportividade, motor potente e mais itens de série que o anterior o
modelo conquistou muitas pessoas. Atualmente, famoso em clubes de proprietários e
encontros, o S/2 ainda é desejado por muitas pessoas. Mais raro, se comparado com
outros modelos da Puma, alguns exemplares bem conservados podem ser encontra-
dos, o que mostra o cuidado que seu proprietário tem com o veículo.

Todos esses elementos marcantes, em conjunto com a importância do modelo


na história da Puma, criam um cenário fértil para o desenvolvimento de uma nova
proposta que transcende apenas aspectos estéticos e formais, valorizando o passado
da marca.

5.2PÚBLICO-ALVO

Diferente de um projeto convencional da indústria automotiva, modelos concei-


tuais buscam atingir públicos específicos que não necessariamente fazem parte de
uma demanda atual do mercado. O desenvolvimento do conceito do presente projeto
teve como público-alvo os mesmos indivíduos que adquiriram um Puma GTB S/2 no
passado e admiradores da empresa e seu contexto histórico. Portanto, não foi neces-
sário a utilização de personas, ou de pesquisas aprofundadas com relação ao público.
28

6 ESTUDO DE CASO

Na indústria automotiva, por diversas vezes, empresas optaram por resgatar as


linhas de modelos mais antigos e traduzí-las para a atualidade. Buscar uma referência
de design retrô foi importante para guiar a evolução do projeto de redesign do GTB
S/2.

6.1 EQUUS BASS 770

Utilizado como referência do estilo retrô para o presente projeto, o Equus Bass
770 (Figura 11) deixa claro o quão possível é reviver os tempos de glória dos muscle
cars nos dias atuais, sem perder suas raízes. Diferente de outros modelos conhecidos
o projeto Bass 770 não possui um ancestral e foi criado a partir da soma de elementos
marcantes em outros modelos considerados ícones da categoria.

Figura 12 - Equus Bass 770 Frente

Fonte: Flatout (2016)


29

Figura 13 - Equus Bass 770 Traseira

Fonte: Flatout (2016)

Segundo a própria montadora, o Bass 770 nasce de uma paixão permanente


pelos muscle cars genuínos dos anos 60 e 70. O raro poder sedutor dessas belezas
lendárias, trazidas por sua assinatura única de fastback, arrebatam e encantam até
hoje.Segundo aEquus o Bass770 define um novo segmento na classe de automóveis
de luxo de construção manual como um novo muscle car que reúne caracteristicas
marcantes dos clássicos e o melhor da tecnologia presente no mercado automotivo
do século XXI.

Diferente do Mustang e do Camaro, que ao longo dos anos se distanciam cada


vez mais de seus antecessores, o Bass 770 foi criado para possibilitar uma
experiência próxima da vivenciada pelos proprietarios de veiculos do passado. Sua
forma marcante, proporções claramente inspiradas em modelos icônicos destacam o
carro no mercado, em um cenário de carros conceitos com formas cada vez mais
variadas.

6.2 ANÁLISE ESTÉTICO FORMAL DO BASS 770

A análise a seguir foi feita em três partes, uma para cada vista de maior rele-
vância no carro: vista lateral, vista frontal, e vista posterior. Todas as linhas marcantes
30

do veículo foram demarcadas e comparadas com suas possíveis inspirações, com o


intuito de evidenciar sua tradução para o contexto atual.

a) Bass 770 – Vista Lateral

Na lateral do veículo podemos encontrar grandes referências do Mustang Fas-


tback conforme a Figura 14,as linhas marcantes dessa vista podem ser encontradas
facilmente no modelo de 1968. Traços que antes eram mais robustos ganharam cur-
vas suaves no Bass 770, conferindo-lhe um aspecto mais aerodinâmico e atualizado.

Figura 14 – Análise 1 Bass 770

Fonte: Elaboração Própria

b) Bass 770 – Vista Frontal

A vista frontal do modelo traz referências de outro veículo clássico (Figura 15).
Nas Linhas 1 e 2 é possível evidenciar a semelhança com detalhes encontrados no
31

Camaro, como a grade frontal em uma peça única, englobando os faróis arredonda-
dos. Já no detalhe número 3 encontramos faróis de neblina circulares semelhantes ao
do Camaro, porém seu posicionamento é diferente.

Todas as linhas no Bass 770 foram suavizadas e detalhes como os faróis dian-
teiros ganharam tecnologia superior a utilizada nos modelos que o inspiraram.

Figura 15 – Análise 2 Bass 770

Fonte: Elaboração Própria

Bass 770 – Vista Posterior

Na última parte da análise do Bass 770, os elementos encontrados na traseira


do carro foram comparados com suas possíveis inspirações (Figura 16).
32

Na traseira, o Bass 770 tem elementos que podem ser encontrados em muitos
carros da categoria. As linhas 1 e 2 seguem a forma do Mustang Fastback apresen-
tado na primeira análise.

Já as linhas 3 e 4 podemos encontrar em carros como o Dodge Charger 1969


com lanternas traseiras horizontais marcantes localizados em uma moldura trapezoi-
dal.

Figura 16 – Análise 3 Bass 770

Fonte: Acervo Próprio

6.3 CONCLUSÃO DA ANÁLISE

O Bass 770, mostrou-se um exemplo de design retrô, com suas linhas inspira-
das em modelos antigos, porém atualizadas cuidadosamente, ele cumpre a tarefa de
resgatar memórias construídas no passado. Apesar da grande semelhança com suas
inspirações, ele entrega algo novo para o usuário, em termos de estética e forma.
33

No projeto do GTB S/2, essa tradução suave, respeitando as origens do dese-


nho do carro é de grande importância e o exemplo do Bass 770 auxiliou o direciona-
mento do projeto.
34

7 ANÁLISE ESTETICO FORMAL DO GTB/S2

Para o desenvolvimento de uma alternativa de design coerente é necessária


uma análise completa dos elementos estéticos e das proporções do veículo. Para tal,
todos os pontos característicos do carro foram listados e analisados isoladamente,
possibilitando o desenvolvimento de alternativas dentro dos padrões estabelecidos
pelo modelo original.

7.1 ANATOMIA DO GTB S/2

Devido a linguagem em inglês adotada na indústria, todos os elementos citados


na análise seguem com esse idioma, no entanto, para possibilitar um a leitura mais
clara da análise, todas as nomenclaturas utilizadas foram traduzidas de forma livre na
tabela a seguir.

Tabela 3 - Anatomia Automotiva - Tradução e Definição


Nomenclatura Tradução Livre Definição
original
Silhouette Silhueta Desenho que repre-
senta o perfil do veículo, de
acordo com os contornos que a
sua sombra projeta.
DLO Conjunto de aberturas Janelas laterais do veí-
laterais culo.
A-Line Linhas laterais Todas as linhas mar-
cantes presentes na lateral do
veículo e que são, normal-
mente, utilizadas para valorizar
esteticamente o veículo, porem
em alguns casos específicos
podendo ser um elemento ae-
rodinâmico.
Overhang Extensão do veículo Porção do veículo que
além das rodas se estende além das rodas,
tanto na parte frontal, quanto
na parte traseira.
35

Dash to Axie Para-brisas até o eixo Distância entre o cen-


tro da roda e o início do para-
brisas
Belt Line Linha de cintura Linha localizada
abaixo da janela do veículo,
normalmente utilizada para de-
finir a forma das janelas late-
rais.
Header Teto Porção superior do ve-
ículo.
Facia Frente Porção frontal do veí-
culo, incluindo a região do
capô.
Air Intake Entrada de ar Aberturas utilizadas
para o resfriamento de compo-
nentes do carro ou para fins es-
téticos.
Spoiler Aerofólio Asa com função aero-
dinâmica ou meramente esté-
tica.
Wheel Arch Paralamas Diâmetro da abertura
lateral que circunda as rodas
do veículo.
Taillight Farol traseiro/ lanterna Componentes de sina-
traseira lização e iluminação localiza-
dos na parte traseira do veiculo

Fonte: adaptado de Marrocco e Hubers (2011)

Para facilitar o processo de coleta de dados a análise foi dividida em quatro


partes, cada uma delas contendo um conjunto de elementos característicos baseados
no estudo da anatomia dos carros. (MARROCCO; HUBERS, 2011)
36

7.1.1 GTB S/2 – Vista lateral

Os elementos analisados na primeira etapa foram:

1. Silhouette

Linha marcante do carro que define sua forma geral. No caso do Puma GTB
S/2 a silhueta segue uma forma característica de esportivos da época, iniciando-se no
capo alongado, subindo acompanhando a linha do para-brisas com um ângulo de
aproximadamente 40° e terminando em uma suave curva que termina na extremidade
oposta do carro.

2. DLO

Região também conhecida como “Daylight Opening”, referente à forma geral


da abertura lateral do carro. No GTB S/2 podemos observar um DLO que segue as
linhas da silhueta e segmentado em duas partes sem grandes extravagâncias, porém
fiel a forma do carro.

3. A-Line

Região também conhecida como “Character line”, referente a linhas caracterís-


ticas na lateral do carro. No GTB S/2 é possível destacar duas linhas em especial, a
primeira que percorre a lateral do carro por completo, partindo do farol dianteiro até o
farol traseiro, sendo esta a linha mais importante; e uma segunda linha posicionada
abaixo que liga as duas extremidades do veículo. Ambas são extremamente simples,
seguindo os padrões estéticos da época e as limitações de produção.
37

Figura 17 - GTB S/2 Análise 1 - Vista Lateral

Fonte: Imagem adaptada de Jornal do Carro, Estadão (2017)

7.1.2GTB S/2 – Vista Lateral 2

Os elementos analisados na segunda etapa foram:

1. Overhang

Distância que o veículo se estende além dos pneus. Assim como outros espor-
tivos e muscle Cars, o GTB S/2 possui uma distância maior no overhang traseiro o
que lhe confere maior esportividade, uma vez que a diferença entre a distância frontal
e traseira cria uma sensação de movimento.

2. Dash to Axie

Região referente a distância entre o para-brisas e o centro da roda dianteira.


Em carros esportivos, o capô alongado cria uma distância maior entre os dois pontos
se comparados a um carro comum e essa disposição dos elementos confere uma
sensação de movimento e robustez ao veículo.
38

3. Belt Line

Linha característica posicionada abaixo da janela do veículo. Um elemento sim-


ples no design do Puma GTB S/2, partindo do início da janela alinhada com o capô e
seguindo em linha reta até a traseira do veículo.

Figura 18 - GTB S/2 Análise 2 - Vista Lateral 2

Fonte: Imagem adaptada de Jornal do Carro, Estadão (2017)

De maneira geral, a lateral do GTB S/2 é simples, com linhas limpas e pratica-
mente paralelas, tornando a proporção do veículo como um todo mais marcante do
que seus pequenos detalhes.

7.1.3 GTB S/2 – Vista Frontal

Os elementos analisados na terceira etapa foram:


39

1. Header

Teto do veículo, painel estrutural localizado acima do para-brisas. No GTB S/2


ele é baixo, o que confere maior esportividade, porém não possui detalhes marcantes.

2. Facia

Porção frontal do veículo.O GTB S/2 possui uma frente característica, quatro
faróis circulares posicionados em uma área de material diferente da carroceria, des-
tacando o logo e criando um visual forte.

3. Air Intake

O GTB S/2 possui uma entrada de ar frontal simples, sem grandes detalhes,
cumprindo sua função de refrigeração interna.

Figura 19 - GTB S/2 Análise 3 – Frontal

Fonte: Imagem adaptada de Jornal do Carro, Estadão (2017)

A porção frontal do veículo, apesar de simples, traz formas geométricas passí-


veis de exploração na etapa de geração de alternativas. Suas formas bem definidas
40

direcionaram o desenvolvimento das novas linhas adotadas no conceito que será


mostrado mais afrente no projeto.

7.1.4 GTB S/2 – Vista Posterior

Os elementos analisados na quarta etapa foram:

1. Spoiler

Acompanhando a forma do carro, o GTB S/2 possui um pequeno spoiler tra-


seiro, isto é, um ressalto que serve de apoio aerodinâmico para o carro, mantendo a
estabilidade da traseira. Apesar de não ser tão marcante, confere maior esportividade
ao veículo.

2. Wheel Arch

Também conhecido como Paralamas, é a peça que envolve as rodas, no caso


do GTB S/2 ela é bastante evidente, criando uma sensação de robustez marcante no
carro.

3. Taillight

O GTB S/2 possui um par de lanternas traseiras retangulares, com frisos hori-
zontais e lanternas de sinalização integradas.
41

Figura 20 - GTB S/2 Análise 4 - Traseira

Fonte: Imagem adaptada de Jornal do Carro, Estadão (2017)

7.1.5Dimensões

A tabela a seguir destaca as dimensões gerais do Puma GTB S/2

Tabela 4 - Dimensões do GTB S/2


Elemento Dimensão

Largura 1840mm

Altura 1285mm

Distância entre eixos 2420mm

Comprimento total 4290mm

Bitola Dianteira 1410mm

Bitola Traseira 1410mm

Vão livre do solo 150mm

Peso 1180kg

Fonte: Puma Automóveis


42

7.2CONCLUSÃO DA ANÁLISE

O modelo possui características marcantes de um muscle car, design simples,


porém com caráter robusto e esportivo. Apesar de não possuir grandes inovações
formais para a época, o conjunto dos elementos que compõe o veículo consegue criar
uma estética única, podendo ser reconhecido facilmente. Diferente de outros carros
que possuem muitos detalhes, o GTB S/2 consegue entregar um resultado estético
agradável para sua época sem sobrecarregar sua estética com elementos desneces-
sários e enfeites. Sem dúvidas, um dos desafios de sua releitura é a preservação de
sua simplicidade.

A porção frontal do veículo traz formas geométricas passíveis de exploração na


etapa de geração de alternativas, por outro lado, com relação a porção traseira, o
modelo tem menor atenção a detalhes com formas geométricas simples nas lanternas
que se encaixam em meio a linhas paralelas sem muita expressão. Tal característica
possibilitou uma exploração maior da vista posterior no desenvolvimento da nova al-
ternativa conceitual, que teve o intuito de valorizar mais a traseira do veículo.

Complementando a análise, Eduardo Oliveira, atual designer da Puma Auto-


móveis e responsável pelo projeto do Puma GT 2.4 Lumimari, descreveu em entre-
vista realizada durante a vista a empresa o Puma GTB S/2 como um modelo com
linhas simples, com a frente quadrada, uma tendência da época. Ele enfatiza os faróis
duplos como um detalhe que chama a atenção no carro, apesar desse elemento se-
guir na contramão da tendência do final dos anos 90, que foi marcada pela utilização
de faróis quadrados. Para um fabricante independente como a Puma, ele considera
uma boa saída, além de uma boa economia, pois um projeto próprio de faróis tinha
um custo muito elevado. Apesar disso o conjunto de faróis deu uma aparência sofis-
ticada e exclusiva. Já do capô para trás, Eduardo destaca as linhas bastante limpas,
que de certo modo inspiraram um pouco o P018 (Figura 21).
43

Figura 21 - Puma P018 - Linhas Semelhantes ao GTB S/2

Fonte: Puma Classic (2013)


44

8 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS

Com base nas etapas anteriores se iniciou o processo de geração de alternati-


vas, que teve como objetivo o desenvolvimento das linhas que foram utilizadas para
a criação do modelo final do projeto. A geração das alternativas se dá por meio de
sketches (desenhos a mão livre) em diferentes vistas, explorando diferentes possibili-
dades de elementos que poderiam ser adotados a nova proposta de exterior do GTB
S/2.

8.1 DESENVOLVIMENTO DE SKETCHES

O Objetivo dessa etapa foi gerar diversas releituras das linhas originais do GTB
S/2 buscando uma alternativa que melhor traduz suas linhas para um contexto atual
sem perder suas características marcantes. Para tal, foram utilizadas como referên-
cias as linhas evidenciadas na análise formal do modelo apresentada anteriormente.

A seleção das alternativas se deu por meio da comparação entre o GTB S/2 e
suas releituras. Durante o processo de sketch, muitas linhas desenvolvidas resultaram
em designs muito atuais, contrastando com a proposta retrô inicial. Por esse motivo,
durante a geração, foram selecionados sketches com linhas mais conservadoras,
mantendo características antigas presentes na modelo base do conceito.

Em conjunto com o orientador do projeto, os sketches foram organizados jun-


tos, possibilitando uma visualização completa das alternativas (Figura 22). Partindo
desse processo, foram escolhidos aqueles que de fato, remetiam as linhas originais.
Devido ao teor conceitual do projeto, ferramentas convencionais de seleção de alter-
nativas de produto, não foram adotadas, deixando a seleção decorrer de maneira sub-
jetiva, baseando-se no reconhecimento da essência formal do GTB S/2 em suas re-
leituras.
45

Figura 22 – Alternativas

Fonte: Elaboração Própria

A seguir, sketches produzidos em diferentes vistas seguindo as características


evidenciadas durante a seleção com o orientador.

8.1.1 Vista Frontal

Alternativas que traduzem as linhas características encontradas na porção fron-


tal do veículo (Figura 23).
46

Figura 23 – Sketches Vista Frontal

Fonte: Elaboração Própria

Apesar do GTB S/2 possuir linhas simples, foi possível explorar os elementos
marcantes do carro. Detalhes como a grade frontal e faróis arredondados guiaram a
geração de sketches.

Algumas das alternativas exploraram a grade frontal escondendo os faróis, com


o intuito de transmitir uma sensação de robustez maior. O posicionamento das lanter-
nas de sinalização permaneceu semelhante ao modelo original em todos os sketches,
47

por serem elementos muito característicos. O para-choque dianteiro do GTB S/2 ga-
nhou formas mais modernas, com sua geometria sendo adaptada para assemelhar-
se a grade frontal. Elementos antes sem grandes detalhes, como o capô ganharam
um maior destaque com a exploração de entradas de ar, que seguem linhas simples,
assim como as encontradas nas demais vistas do veículo. Além dos detalhes no capo,
foram adotadas saias dianteiras, com o objetivo de transmitir maior esportividade ao
modelo.

8.1.2 Vista Lateral

Alternativas que traduzem as linhas características encontradas na porção la-


teral do veículo (Figura 24).

Figura 24 – Sketches Vista Lateral

Fonte: Elaboração Própria


48

Considerando as linhas horizontais, a silhueta característica de um Fastback e


suas proporções robustas, foi possível desenvolver alternativas que transmitem a es-
sência da categoria muscle car.

Nos sketches laterais, saias com contraste de material foram adotadas, tra-
zendo maior esportividade ao veículo. Além disso, a região conhecida como A Pillar
(coluna posicionada entre a janela lateral e o para-brisa) passou a ser explorada com
material de coloração semelhante às saias laterais, tal alteração traz um aspecto mais
amplo às janelas do veículo, pois visualmente o para-brisa e a janela lateral tornam-
se uma peça única.

8.1.3 Vista Posterior

Alternativas que traduzem as linhas características encontradas na porção pos-


terior do veículo (Figura 25).
49

Figura 25 – Sketches Vista Posterior

Fonte: Elaboração Própria

Um dos maiores desafios do projeto, uma vez que a falta de detalhes marcantes
na traseira do veículo possibilitou uma variação maior entre as alternativas. Novos
elementos foram testados com a intenção de valorizar a vista posterior, que original-
mente não chamava tanta atenção quanto as demais vistas do GTB S/2.

Apesar de muito diferentes, as alternativas ainda trazem como referência o po-


sicionamento dos elementos do GTB S/2, como faróis e posição do para-choque. Além
disso, elementos como refletores de neblina, difusores traseiros, e escape duplo foram
explorados nessa vista, com o objetivo de trazer mais esportividade ao veículo.
50

8.1.4 Vista ¾ (Perspectiva)

Alternativas em perspectiva do veículo, levando em consideração as linhas de-


senvolvidas nas vistas anteriores (Figura 26).

Figura 26 – Sketches em perspectiva

Fonte: Elaboração Própria

A vista ¾, caracteriza-se por enfatizar parte da porção da lateral do veículo


juntamente com a frente ou a traseira. O intuito dessas alternativas é demonstrar uti-
lizando uma perspectiva mais avançada, como as linhas das duas vistas se conectam,
51

possibilitando assim uma visualização mais clara de como são as proporções do veí-
culo.

Elementos diferentes também foram explorados nessa perspectiva como, dife-


rentes saias laterais, forma dos para-lamas e curvatura da porção frontal do veículo.

8.2 SKETCHES FINAIS

As vistas que melhor traduziam as linhas do GTB S/2 foram selecionadas (Fi-
gura 27), para iniciar o processo de modelagem 3D. Elementos como, saias laterais,
utilização de diferentes matérias em peças aerodinâmicas e pequenos detalhes foram
adotados.

Figura 27 – Sketches Escolhidos

Fonte: Elaboração Própria

Inicialmente o processo de geração de alternativas se deu de maneira aproxi-


mada às proporções originais do GTB S/2, porém as alternativas finais foram desen-
volvidas com base nas dimensões reais do modelo, com isso as linhas experimenta-
das foram readaptadas para o design final.
52

9 MODELAGEM AVANÇADA

Após o processo de geração de alternativas inicia-se a modelagem virtual do


conceito, que tem como objetivo gerar o detalhamento técnico, proporções e medidas
gerais, que posteriormente são utilizadas na modelagem física.

9.1 MODELO VIRTUAL

Modelo desenvolvido combinando diferentes fermentas de modelagem virtual,


possibilita a visualização das novas linhas do GTB S/2, adaptadas dos sketches ma-
nuais.

As dimensões da proposta foram guiadas por imagens do GTB S/2 original,


com intuito de preservar suas características (Figura 28).

Figura 28 – Base da Modelagem 3D

Fonte: Elaboração Própria

Seguindo os conceitos abordados, o modelo final foi finalizado com linhas se-
melhantes ao modelo original, porém com adição de elementos mais modernos que
não deixaram de lado o visual retrô. Ainda seguindo com linhas paralelas, grade frontal
característica, faróis e lanternas de sinalização respeitando seu princípio.
53

A seguir, modelo 3d final batizado de GTB RC (Retro Concept) em alusão a


proposta do projeto (Figura 29).

Figura 29 – Modelo 3D Perspectiva

Fonte: Elaboração Própria

Ainda seguindo os padrões de sua inspiração, linhas retas compõem o modelo,


porém com ângulos mais arrojados e detalhes mais modernos baseados nas caracte-
rísticas do modelo original. A cor amarela, foi escolhida em referência a identidade da
marca e conferiu um ar esportivo ao GTB RC.
54

Figura 30 – Modelo 3D Perspectiva posterior

Fonte: Elaboração Própria

Figura 31 – Modelo 3D Perspectiva Topo

Fonte: Elaboração Própria


55

Figura 32 – Modelo 3D lateral

Fonte: Elaboração Própria

Elementos que anteriormente não possuíam muitos detalhes foram repensados


para contribuir com a composição das linhas do modelo como um todo, dessa ma-
neira, aqueles detalhes não considerados marcantes no GTB S/2 receberam elemen-
tos que valorizam os mesmos.

9.2 MODELO FÍSICO

Na indústria, modelos de clay em escala real são produzidos com o objetivo de


possibilitar um entendimento tridimensional do carro. Em muitos casos, modelos vir-
tuais e sketches, dão origem a linhas que não causam o efeito esperado no observa-
dor, ou até mesmo não são factíveis. Com isso, alterações no design do automóvel,
são parte do processo de modelagem em clay, que possibilita o refinamento do design
do carro.

Para o desenvolvimento do modelo físico do Puma GTB S/2, a proporção ado-


tada foi de 1/6, devido à natureza conceitual e limitantes do projeto. Apesar de não
possibilitar a evolução de detalhes finos, a dimensão do modelo possibilitou uma com-
preensão mais clara da silhueta do modelo.

O processo de iniciou com a estruturação do modelo, utilizando como base para


o clay uma estrutura de madeira e um bloco de poliuretano (Figura 33).
56

Figura 33 – Estrutura base do clay

Fonte: Elaboração Própria

A partir da estrutura, iniciou-se o processo de modelagem e refinamento da


superfície do conceito. Adicionando o clay e posteriormente removendo o material in-
desejado com auxílio de ferramentas. (Figura 34).

Figura 34 – Processo

Fonte: Elaboração Própria


57

Com a repetição do processo, a superfície torna-se mais precisa, evidenciando as


linhas do conceito e possibilitando o entendimento tridimensional do modelo (Figura
35).

Figura 35 – Superfície refinada

Fonte: Elaboração Própria

Após a evolução das superfícies do modelo, o mesmo foi finalizado e recebeu aplica-
ção de pintura (Figura 36).

Figura 36 – Superfície Final

Fonte: Elaboração Própria


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O processo de modelagem física foi um dos maiores desafios do projeto, a falta


de ferramentas adequadas e equipamentos dificultaram o processo e impossibilitaram
um detalhamento mais profundo, porém o resultado foi positivo em termos de enten-
dimento do volume do conceito.

10 COMPARAÇÃO GTB S/2 E GTB RC

A seguir, uma comparação entre o GTB RC e o GTB S/2, com o intuito de evi-
denciar as semelhanças entre as linhas, bem como os detalhes adicionados ao mo-
delo.

1. Vista Frontal

Sua frente característica foi repensada, porém mantendo sua geometria de re-
ferência. O par de faróis arredondados ainda presentes, porém agora levemente re-
duzidos e representados apenas por círculos mais finos de LED, trazendo um pouco
mais de modernidade ao veículo. Lanternas de sinalização (setas) posicionadas
abaixo dos faróis ainda posicionados em um robusto para-choque frontal, que serve
de moldura juntamente com a grade frontal e detalhes como a entrada de ar frontal,
foram levemente alteradas, porém seguem uma forma semelhante à original.
59

Figura 37 – Comparação Frontal

Fonte: Elaboração Própria


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2. Vista Lateral

Lateral simples e posições de elementos característicos que seguem a natu-


reza do modelo original ganharam um visual mais arrojado e dinâmico, porém sem
perder a seriedade das linhas originais. Detalhes como abertura dos para-lamas se-
guem com as mesmas dimensões do original, bem como a carroceria fastback.

Figura 38 – Comparação Lateral.

Fonte: Elaboração Própria


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3. Vista Posterior

A traseira do GTB S/2 é simples, sem elementos muito característicos, além é


claro de sua proporção robusta. Por esse motivo, ela recebeu mais detalhes, que ape-
sar de não estarem presentes no original, contribuem na composição da vista como
um todo e seguem os padrões de detalhes adotados na frente do veículo.

Figura 39 – Comparação Posterior

Fonte: Elaboração Própria


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Com base nas comparações acima, é possível perceber que toda a linha ado-
tada no GTB RC tem inspiração no modelo referência, com alterações que o caracte-
rizam como um conceito diferente e com uma visão pessoal do projetista de determi-
nados detalhes.
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11 CONCLUSÃO

O design automotivo no contexto nacional, infelizmente ainda é um território de


difícil acesso. Estudando o amplo universo do design de produto foi possível desen-
volver técnicas que se aplicam ao desenvolvimento de veículos. As possibilidades que
o curso de design do Instituto Federal de Santa Catarina me proporcionou foram de-
cisivas para minha compreensão desse complexo cenário do design de automóveis.

Apesar de ainda distante do ideal, a instituição foi peça chave para outros des-
dobramentos que me levaram a compreender melhor e evoluir minhas habilidades.
Tive a possibilidade cursar Design de transporte nos Estados unidos, onde aprendi
todas as técnicas que apliquei no presente projeto. Obviamente, tais técnicas ainda
devem ser evoluídas, porém foi um excelente exercício de design conceitual.

Muitos desafios surgiram ao longo do projeto, escassez de informações e ma-


terias relacionados a área fizeram com que boa parte do processo se baseasse em
minha experiência no exterior, mas creio que isso potencializou meu aprendizado pos-
sibilitando um aprofundamento maior durante a busca de materiais relevantes. Muitos
campos de estudo surgiram ao longo do processo, deixando abertas portas que po-
derei explorar futuramente.

Além de minhas experiências pessoais, a presença de meu orientador foi de


extrema importância no projeto, pois pude ser guiado de maneira clara e construtiva
em todo o processo. Foi necessário um acompanhamento próximo de toda a pesquisa
e estruturação do trabalho, tal acompanhamento me fez aprender e evoluir em pontos
antes não muito explorados.

Exercitar as técnicas adquiridas durante o curso em conjunto com a Puma Au-


tomóveis foi uma experiência de muita importância, não apenas profissional, como
também pessoal. A marca que teve uma história de glórias no passado, retorna à
atividade paralelamente ao meu crescente desejo de me aproximar do design auto-
motivo, por esse motivo o projeto passou a ter um valor simbólico muito grande.
64

O desenvolvimento do trabalho não foi simples e me possibilitou evoluir minhas


habilidades com as ferramentas de criação. A escolha de finalizar o curso com um
trabalho relacionado a automóveis não se deu apenas no final, foi um objetivo, claro
e imutável durante todo o curso.

Valorizo a iniciativa da empresa, em retornar à atividade, principalmente por


saber o quão complexo é competir em seu mercado. Iniciativas como essa, aproxi-
marão não somente eu, mas outros que buscam seguir seu aprendizado na área sem
ter que buscar oportunidades, quase exclusivamente, no exterior.

O presente projeto foi de grande importância em minha evolução como profis-


sional e contribuiu com minha caminhada em direção a meus objetivos.
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12 DETALHAMENTO TÉCNICO GTB RC

Devido à natureza conceitual do projeto nenhum material será especificado,


pois todas as cores e materias aplicados ao modelo 3D são utilizadas para fins esté-
ticos.

A seguir, desenhos técnicos com as medidas gerais do GTB RC (Figura 36).

Figura 40 – detalhamento técnico 1

Fonte: Elaboração Própria


66

Figura 41 – Detalhamento Técnico 2


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Fonte: Elaboração Própria

Figura 42 – Detalhamento Técnico 3


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Fonte: Elaboração Própria


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13 REFERÊNCIAS

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ponível em: <http://automotivabr.com/muscle-cars-o-que-sao-ainda-sao-fabricados/>.
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70

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RIBEIRO, Rita Aparecida da Conceição. Em busca da subjetividade não vivida:


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SANTOS, Artur Tranzola. Abertura comercial na década de 1990 e os impactos


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VARO, Guilherme Henrique Baroni. Design automotivo, os desafios da ins-


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Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, 2013.

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