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- Mãe, porque é que o André não se está a divertir como eu, aqui
a vislumbrar a paisagem tão bonita que a praia nos tem para oferecer?
- Mas ele sendo cego, porque é que ele também não se pode divertir?
Como a mãe do rapaz viu que ele era muito curioso, explicou, de uma forma
simplificada:
- Filho, o André como nasceu prematuro, houveram alguns dos seus órgãos que
não se formaram muito bem, tendo sido esse o facto pelo qual ele ficou cego, não
podendo, desta forma, vislumbrar, ou seja, visualizar o que tu vês. A única forma que
ele tem de o fazer, é usando os outros sentidos.
- Sentidos?
- Sim. Por exemplo, se tu lhe deres algo para a mão e lhe perguntares o que é,
ele usa o tato ou o paladar para descobrir, caso se trate de comida. Já se esse objeto
não for acessível ao tato, tens que o descrever, transformando em palavras tudo o que
vês com os olhos.
- Sendo um bom observador. Por exemplo, se tivesse que lhe descrever tudo o
que existe à nossa volta, dizia-lhe que estamos numa praia cheia de gente, com o
tempo ensolarado. À nossa esquerda vemos um menino, com os seus dois anos,
vestido com uma camisola branca a brincar com legos, construção essa que se
assemelha à medida que as peças vão sendo encaixadas a um telhado de uma casa.
Já tanto à nossa direita como à nossa frente, é possível ver um grupo de pessoas a
apanharem sol, com o mar ao fundo com a bandeira verde, repleto de gente.
- Este meu amigo queria experimentar fazer surf, uma vez que ele é cego.
- Desculpa, mas agora estou muito ocupado para lhe poder proporcionar essa
oportunidade – disse o nadador salvador.
Como o Hugo era um rapaz muito inteligente, apercebeu-se que ele estava ocupado,
não a fazer algo de importante, mas sim a olhar para o mar. Como o rapaz queria que o
seu amigo se divertisse tal e qual como os outros rapazes, voltou a insistir:
- Vá lá, senhor nadador. Acho que não lhe custa nada perder cinco minutos do
seu tempo para fazer alguém feliz, nomeadamente uma pessoa com algum tipo de
incapacidade. Sabe, ele mesmo não vendo, pode sim fazer surf com alguma ajuda, mas
acredite que este momento vai-lhe ficar marcado.
- Ele pode sim ter essa experiência, mas vais ser tu a ajudá-lo a reconhecer a
prancha e a se deitar em cima dela?
Depois de ter falado com o nadador salvador, o Hugo foi buscar o seu amigo que,
depois de terem chegado ao mar, este disse-lhe:
- André, vou fazer com que tu te divirtas como os outros rapazes que veem.