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MOXATERAPIA

JAPONESA I

SENSEI VALÉRIO LIMA


PÓS-GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA JAPONESA
KANGENDÔ: Escola Brasileira de Terapias Japonesas

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Moxaterapia
Japonesa
SENSEI VALÉRIO LIMA

SENSEI VALÉRIO LIMA

VALÉRIO
- Acupuntura Japonesa - LIMA
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FICHA TÉCNICA

DIRETOR/FUNDADOR:
Sensei Valério Lima

PROFESSOR CONTEÚDISTA:
Prof. Sensei Valério Lima

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SUMÁRIO

MOXATERAPIA JAPONESA _______________________________________________________________ 5

MOXABUSTÃO ________________________________________________________________________ 8

CONTATO DOS OCIDENTAIS COM A MOXATERAPIA JAPONESA ________________________________ 13

INTERPRETAÇÃO OCIDENTAL PARA BOTÃO DE FOGO ________________________________________ 15

A IMPORTAÇÃO DA MOXABUSTÃO DA CHINA PARA O JAPÃO _________________________________ 16

A AÇÃO DA MOXATERAPIA SOBRE A FISIOLOGIA ENERGÉTICA DO CORPO _______________________ 22

USO CLÍNICO DA MOXATERAPIA _________________________________________________________ 25

DIFERENTES TIPOS E QUALIDADES DE MOXA _______________________________________________ 25

MOXATERAPIA JAPONESA TÉCNICAS DIRETAS E INDIRETAS ___________________________________ 30

ONKYU TÉCNICAS DE MOXA INDIRETA ____________________________________________________ 33

ANEXOS: TREINAMENTO DE TIRAS FINAS PARA MOXA_______________________________________39

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MOXATERAPIA JAPONESA
Onkyu - Técnicas de Moxa Indireta

Etimologia da palavra moxa

Infere-se que a palavra moxa deriva-se do francês mèche, que significa tufo de cabelos, pavio
ou do latim micca, palavra com mesmo significado, pois inicialmente, era uma mecha, um
pavio aceso à pele.

No japonês usa-se a palavra mókusa, contração de moe kusa, que significa erva para queimar.
Já a mogusa é a artemísia processada.

A primeira aparição dessa palavra foi em 1677.

A moxaterapia é mais antiga que a acupuntura (tratados sobre moxa foram encontrados
nas tumbas de Mawangdui).

O uso do calor com objetivos terapêuticos nasceu com a descoberta do fogo, o elemento
que mudou o rumo da história humana há 400 milhões de anos atrás. Estar em volta do
fogo serviu para aproximar os seres daquela época, iniciando o processo da construção da
sociedade que conhecemos hoje.
Em volta do fogo, foi introduzida a prática do uso do calor para o tratamento das dores. Do
calor adveio a compaixão, da compaixão pela dor alheia, a moxaterapia.
Assim nasceu a moxaterapia, de mãos dadas com os primórdios de nossa sociedade.

As primeiras moxas foram feitas de galhos de árvores.

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Ben Cao Jing:
“A Artemísia cura todas as doenças quando empregada em moxa.”
Aquece e circula o qi e o sangue;
Fortalece o yang dos rins;
Elimina o vento e dispersa o frio.
Refresca o calor e dissipa o veneno;
Vivifica o sangue e dissolve as estases.

"Onde os medicamentos e as agulhas não curam


deve-se aplicar a moxa”.
“Quando uma doença não pode ser tratada com
agulhas, deve-o ser com moxas.” (Cap.73 Ling Shu)

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A Artemísia, da família das compósitas, é mais abundante nas regiões áridas, frias e
temperadas do hemisfério norte, mas por serem muito resistentes, encontram-se
disseminadas por todo o globo. É uma erva viva, perene, comum nos lugares incultos, beiras
de caminho, sebes e moitas, suas hastes são cobertas parcialmente por uma penugem clara.

Suas folhas não têm pelo, são verdes por cima e prateadas por baixo.
“A artemísia é a matéria prima para o preparo dos cones usados em moxabustão.” (Tomio
Kikuchi)

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MOXABUSTÃO

A moxabustão é uma técnica terapêutica da Medicina Tradicional Chinesa. Baseia-


se nos mesmos princípios e conhecimentos dos meridianos de energia utilizados na
acupuntura, sendo amplamente utilizada em outros sistemas de Medicina Oriental
tradicionais como: Japão, Coreia, Vietnã, Tibete e Mongólia.
Esta prática, pela documentação antiga existente, parece ser anterior à acupuntura.

Felip Caudet (2018, p.22) leciona:

A acupuntura e a moxabustão, como arte médica, foi exportada da China


para o Japão no século VI d.C. pelo médico Chiso. Já na primeira lei médica, a Ishitsu-rei, ficou determinado que a
acupuntura só poderia ser aplicada com a autorização do governo. Do período Azuchimomoyama (1568-1603) ao
período Edo (1603-1868) se fundaram muitas escolas novas, de alunos que haviam estudado na China e na Coreia e
que haviam criado novos estilos. Este tempo coincide com uma parte da dinastia Ming, em que a moxabustão
evoluiu substancialmente em sua prática.

A moxabustão originou-se no norte da China. Moxabustão – Jiú (pinyin) significa


literalmente, “longo tempo de aplicação do fogo”, sendo considerada uma espécie de
acupuntura térmica, feita pela combustão das ervas: Artemísia sinensis e Artemísia vulgaris.

A cauterização da artemísia, da qual deriva a moxa, foi um desenvolvimento que se


seguiu ao uso do fogo. Considerou-se que o aquecimento e a sensação de bem-estar que o
fogo propiciava à vida nas cavernas frias e úmidas, assim como as curas furtivas que
ocasionalmente aconteciam do toque de um carvão acesso ou pedaço de lenha em brasa,
foram os primórdios da cauterização.

ETIMOLOGIA DA PALAVRA MOXABUSTÃO NA ESCRITA JAPONESA (KANJIS)

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Mogussá

O Significado Kyú (灸) traz a ideia de um longo tempo de aplicação de fogo. No uso
terapêutico da moxabustão, faz-se a aplicação de fogo durante um longo tempo.

Ao submetermos o doente a uma extensa terapêutica de moxabustão obteremos


resultados fantásticos, tanto em casos crônicos quantos em casos agudos, referentes as
mais diversas patologias.

O primeiro dicionário japonês/português editado pela Companhia de Jesus “Vocabulário


da Língua de Iapam” (1603), na cidade de Nagasaki, encontramos pela primeira vez a
expressão mogusa, conceituando a moxabustão como a “erva com que se dão botão de
fogo”.

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A palavra MOXA, em japonês, é formada por dois ideogramas:

significa "capim"

significa "pai"

Seu significado, curiosamente, é expresso por estes dois símbolos - "capim"


e "pai". Moxa é, portanto, o "capim do pai". No idioma chinês, moxa tem como
significado original "longo tempo de aplicação de fogo".

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Desta forma, a palavra moxa vem expressar, em sua totalidade e de forma
peculiar, o aspecto severo da educação paterna, ou seja, a pedagogia da dor, que traz a
cura (aprendizado) pela submissão à dor do tratamento.

Método antigo de moxa na China, realizava-se a cauterização direta na pele.

Origem Arcaica do uso da Moxa na China

Os rituais de se queimar um ponto e


interpretar os seus efeitos resultantes foram
usados para tratamento dos doentes. Assim,
inscreviam-se desenhos e pinturas no corpo do
doente, com o objetivo de abrir a comunicação
com o plano sagrado (origem das pinturas
corporais e tatuagens), aplicava-se a moxa, isto
é, queimava-se certos pontos no corpo, sentia-
se os efeitos manifestados na forma do trajeto
do hibiki.

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QUEM VEIO PRIMEIRO A MOXA OU ACUPUNTURA?

Antes do Suwen e Ling Shu

Entre 1971 e 1974 foram descobertas na província Hunan – Centro-sul da


China, um sítio arqueológico denominado Mawangdui. Acima a foto da múmia de uma
mulher morta com cerca de 50 anos de idade, a múmia está muito bem conservada.
Estima-se que o túmulo venha do período de Khan, cerca de 200 a.C.

TRECHO DO TEXTO DESCOBERTO EM MAWANGDUI

Os títulos médicos encontrados referiam-se aos ONZE meridianos yin e yang


das mãos e pés, sempre os relacionando com moxa, sem citações ao uso da agulha.
Provavelmente são anteriores a Suwen/Lingshu.

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Há ainda o texto de 52 prescrições de patologias, com tratamentos
xamânicos da época, utilizando a moxa, por exemplo para hérnica umbilical e
hemorroidas.

Boneco de Laca

Em 1992, foi encontrado na


escavação arqueológica da cidade
de Mianyang, em Sichuan-China, um
boneco de Madeira, pintado de laca
preta, medindo de cerca de 25
centímetros de altura. Pela datação,
possibilitada por objetos diversos
que o acompanhavam, supõe-se que
seja da época de 179≅141 a.C.

Este boneco apresentava linhas verticais vermelhas em todo o corpo, que se


assemelham ao traçado de dos meridianos de acupuntura atualmente conhecidos.
Foram identificados os três meridianos yin e os três meridianos yang das mãos, três
meridianos yang dos pés e mais o meridiano do VG nas costas e cabeça. Estavam
ausentes os três meridianos yin dos pés e os meridianos do VC.

Em relação aos meridianos descritos nos livros encontrados em Mawangdui,


provavelmente escrito na mesma época da confecção do boneco de laca, há o acréscimo
do VG e de um dos meridianos yin das mãos.

CONTATO DOS OCIDENTAIS COM A MOXATERAPIA JAPONESA

Em 1584, o padre português Lourenço Mexica,


em uma carta, dirigida ao Padre Miguel de Souza,
seu superior do Colégio de Coimbra, durante a
viagem do Japão a Macau (China) descreveu
detalhadamente sobre a saúde do povo japonês.

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“Os japoneses são em
geral muito saudáveis, talvez devido
ao clima ameno daquela região. Eles
normalmente se alimentam pouco e
nunca bebem uma água fria. Quando
adoecem recuperam-se em
pouquíssimo tempo. Há um costume
entre eles de receberem o tratamento
com agulhas feitas de prata na
barriga, nas costas e nos braços. Ao
mesmo tempo recebem o tratamento
com um botão de fogo feito de uma
erva.”

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INTERPRETAÇÃO OCIDENTAL PARA BOTÃO
DE FOGO
Entretanto esta expressão “botão de fogo” foi entendida na Europa como
um ferrete com que se marcavam escravos e animais.

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A IMPORTAÇÃO DA MOXABUSTÃO - DA CHINA
PARA O JAPÃO

A moxabustão foi trazida para o Japão por Kobo Daishi, monge budista da escola
Shingon, na era Heian (794 a 1185).
O tratamento era inicialmente praticado por monges, dentro dos templos budistas que
funcionavam como hospitais, este conhecimento era passado dentro dos monastérios. Foi
na era Edo (1688 a 1703) que a moxabustão se tornou uma medicina popular praticada pelo
povo em casa.
Sanju Tiba, um mestre da espada, aprendeu a moxabustão nos templos e foi um dos
primeiros a abrir uma escola de moxabustão para o povo, dentre os seus alunos estava o
famoso samurai, Sakamoto Ryoma.

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MOXA SAGRADA

A moxaterapia é uma terapêutica


tradicional nos países asiáticos, é
aplicada em templos budistas e
xintoístas, com o objetivo de cura do
corpo e do espírito. A Moxa Okyu (灸)
também era chamada antigamente de
Yaito (やいと).

Foto de aplicação da benção com moxa Horokukyu Xintoísta, em um prato de


barro, no ponto sagrado VG20, com um cone grande, no alto da cabeça.

Aplicação do Horokukyu no Templo Budista Nichiren.

Esta técnica de aplicação, no ponto do Selo Divino VG 20, foi trazida da China pelo
Monge Kobo Daichi.

Felip Caudet (2018, p.25) traz em sua obra a história do ritual de Horokukyu:

Na cidade de Tóquio, no Templo de Myoen-JI, e na semana


de Doyo-no-Ushi (normalmente no final de julho), se celebra o Horokukyu. Este ritual, com mais de 350
anos de existência, consiste em colocar um prato de cerâmica no alto da cabeça e, no seu ponto central,
que coincide com o ponto de VG20 (localizado na intersecção da linha média da cabeça e da linha que
une as duas orelhas), um grande cone de moxa. Este cone em combustão proporciona ao praticante uma
mente calma e serena, assim como combate o Natsubate (cansaço de verão).

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Outro exemplo de moxa
ritualística Horokukyu,
utilizando-se ao invés de um
cone grande de moxa, três
cones em pontos especiais e
espirituais, na cabeça, em
conjunto com a recitação de
sutras em templo budista
japonês.

Os pratos de barro Horoko, possuem inscrições de orações budistas para


saúde em seu interior, para proteção e renovação da energia interior dos seus fiéis

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praticantes. Observe a combinação da moxa com o esoterismo religioso.

Outra demonstração do esoterismo na aplicação da moxa é o tradicional e


popular tratamento de moxa a distância, chamado de moxa de caixa de areia (砂灸),
muito utilizada em templos budistas japoneses. Dizem também ter sido idealizada pelo
monge Kobo Daishi.

Após o paciente pisar na areia e deixar a marca de sua pegada na caixa, os


monges aplicam moxa no ponto sagrado R1 (Yusen), recitando sutras durante a semana,
com o objetivo de tratar a distância qualquer doença que o fiel possua. Este tratamento
misterioso é muito concorrido pelos fiéis budistas, pelo reconhecimento terapêutico
infalível.
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Tradicional ocasião da benção
com moxa Hitotsu Yaito (Moxa
Única) empregada no Templo
Budista Soto Zen, em Takaoka,
para aliviar as doenças e gerar
saúde nos fiéis, em um ponto
especial sagrado, abaixo da
patela, nos dois joelhos.

A moxa Okyu faz parte da


tradição budista desde
quando veio importada da
China, junto com o Budismo,
por Kobo Daishi.

Há uma grande fila de fiéis para receber


este tratamento em conjunto com a recitação
de sutras budistas, para saúde e proteção
contra energias maléficas, pelos monges
budistas zen.

Nos dias 26 e 27 de julho de cada ano, ocorre o festival de Moxa: Yaito Nakasendo na cidade
de Harajuku em Kashiwara, Shiga Maibara. Tradicional festa dos antigos fabricantes de erva
moxa (mogusa) de Ibuki. Há tendas de demonstração de aplicação de moxa yaito e venda de
moxa "Kameya Sakyo Hall Ibuki", a última das tradicionais lojas existentes.

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Lojas de saquê e comidas típicas e outros eventos.

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A AÇÃO DA MOXATERAPIA SOBRE A
FISIOLOGIA ENERGÉTICA DO CORPO

O Wei Qi, também conhecido como Yang Qi, nasce no aquecedor inferior
(nos rins), é nutrido pelo aquecedor médio e distribuído graças à função do aquecedor
superior; circula fora dos canais, entre a pele e os músculos, suas funções são proteger
o corpo da entrada do Qi perverso (Jaki) - causa da maioria dos transtornos; aquecer a
musculatura e se misturar ao suor, controlando a abertura e o fechamento dos poros.

É uma das energias mais rápidas do corpo, seu estímulo produz efeitos rápidos e
surpreendentes. O Okyu aplicado sem técnicas que favoreçam seu aprofundamento e o
Okyu aplicado com baixa intensidade estimulará apenas o Wei Qi.

O ying Qi, ou Qi nutritivo, nasce no aquecedor médio e se encarrega de nutrir órgãos


Zang Fu, assim como as estruturas que estão sob a responsabilidade e controle destes.

Tem relação muito íntima com o sangue, o ying Qi circula conjunto ao sangue dentro
dos vasos sanguíneos, banhando os meridianos. O estímulo deste tipo de Qi é de vital
importância nos casos onde há alterações crônicas ou orgânicas, assim como nas
pessoas que sofrem de grande debilidade ou estão se recuperando de grandes
convalescências.

A MOXA E O CAMINHO DA LONGEVIDADE


Muita moxa e pouco saquê é sinônimo de boa saúde
Segundo registros históricos na era Edo (1603-1867) um agricultor de nome
Manpei tornou-se famoso, pois viveu até a idade de 243 anos. Seu grande segredo para
longevidade: queimar moxa diariamente no ponto Ashi no Sanri (E36). Seu filho continuou
a tradição e viveu 242 anos.

O Dr. Shimetaro Hara, buscando comprovar a veracidade do registro, iniciou os


estudos científicos da terapia de moxabustão, aplicando em si mesmo a moxa, no ponto
E36.

Suas pesquisas, além de levá-lo a viver até os 108 anos de idade, trouxeram uma
nova concepção sobre o uso da moxaterapia; descartando a ideia tradicional da
necessidade de deixar escaras e bolhas nos pontos, suas pesquisas levaram-no a perceber
que podem ser retirados os cones de moxa antes da brasa alcançar a pele.

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Dr. Shimetaro Hara, na sua pesquisa em coelhos, também constatou o aumento de
leucócitos resultante da aplicação da moxaterapia e concluiu que não se trata de um
simples efeito do estímulo calórico, mas que a queimadura provocada pela moxa resulta
na produção de proteínas do estresse (1925).

Podemos considerá-lo como o precursor da descoberta de Heat Shock Protein


(Proteínas de choque térmico - PCT; também conhecido por seu acrônimo HSP, do
inglês heat shock protein, são um grupo de proteínas induzidas por choque térmico)
oficialmente atribuída ao geneticista Italiano Ferruccio Rittosa, em 1962.

Estudos sobre os tipos de leucócitos, mostraram que nas primeiras cinco horas
após a moxa direta, aumentam nitidamente a quantidade de neutrófilos e eosinófilos
(Tokieda, 1926, Nihon Yakubutsugaku Zasshi), e após esta fase tem-se o aumento de
linfócitos (Shimetaro Hara, 1929, Revista Fukuoka Ikadaigaku Zasshi).

AS COMPROVAÇÕES CIENTIFICAS DA MOXA E SEUS EFEITOS FISIOLÓGICOS

Aumento da produção de eritrócitos no sangue

A contagem de glóbulos brancos aumenta imediatamente após a aplicação


da moxa direta e alcança a sua taxa de pico oito horas mais tarde.

Aumento da produção de hemácias e hemoglobina no sangue

Com um tratamento regular de 08 semanas a taxa de hemoglobina pode subir


entre 10 e 15%.

Aumento da circulação sanguínea e linfática

Devido ao calor intenso produzido pela queima da moxa nos pontos, os impulsos
neurais na pele causam dilatação de capilares, aumentando a circulação sanguínea e
linfática.

É mais efetiva no tratamento de doenças crônicas do que a acupuntura

Conforme os fortes efeitos produzidos nas taxas bioquímicas, especialmente nos


componentes sanguíneos e sistema imunológico, a moxa direta torna-se mais efetiva em
várias doenças crônicas.

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INDICAÇÕES DA MOXATERAPIA

Prevenção e manutenção da saúde;


•Desportistas - melhora o rendimento;
•Enfermidades crônicas, deficiências, idosos e crianças debilitadas;
•Doenças por vento, frio e umidade;
•Tratamento de vertigens, anemia, amenorreia, agalactia (pouco ou nenhum leite na
amamentação) – por deficiência de Qi e Xue;
•Diarreia crônica, enurese, prolapsos – tonifica Qi do Jiao médio e recupera Yang;
•Mastite, furúnculos não purulentos – elimina estagnação.

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USO CLINICO DA MOXATERAPIA

O aquecimento dos pontos fornece calor e energia para o corpo.

Por isso, a moxabustão é utilizada para as doenças provocadas pelo frio e


pela umidade e para situações com deficiência de energia (convalescentes), doenças
crônicas, pessoas fracas e pacientes idosos. O calor realmente produz vasodilatação,
efeito anti-inflamatório e analgésico.

Como princípio terapêutico, o calor torna-se mais eficaz quanto mais próximo estiver da
região aplicada. É mais eficiente quando aplicado em um ponto focal (ponto de
acupuntura) do que numa região extensa, como as lâmpadas de raios infravermelhos,
por exemplo.

Clinicamente, há três métodos de aplicação: os cones da moxa, os pequenos bastões e


as agulhas aquecidas. A metodologia mais prática e difundida é a do bastão de artemísia.

DIFERENTES TIPOS E QUALIDADES DE MOXA

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BOA QUALIDADE BAIXA QUALIDADE

COR: CLARA AMARELADA COR: ESCURA ESVERDEADA

POUCO PÓ MUITA MISTURA DE PÓ

MACIO ÁSPERA

FIBRAS CURTAS FIBRAS LONGAS

POUCO CHEIRO CHEIRO FORTE

FÁCIL COMBUSTÃO DIFÍCIL COMBUSTÃO

POUCA FUMAÇA E CINZA MAIS FUMAÇA E CINZAS

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Transformação da Artemísia em Moxa para Aplicação

Artemísia vulgaris

Nome Comum: artemísia, artemijo, losna-brava, moxa, erva-dos-viajantes, erva de são


joão.

Família: Asteraceae ou Compositae.


Parte usada: folhas e sumidades floridas.
Energia: morna, amarga, aromática/pungente.
Orgãos Afectados: baço, rins e fígado.

Constituíntes activos: óleos voláteis, cineol, tujona, resinas, taninos e princípios amargos.

Usada em: MTC, Medicina Tradicional, Ayurveda, Essências Florais, Medicina Popular,
Homeopatia, Culinária, Alquímia.

Regida por: Lua e Vênus.

Características

É uma planta herbácea, perene, possui raízes fortes e persistentes e apresenta diferentes
formas durante o seu crescimento. Não conseguimos avistá-la no inverno, apenas no
começo da primavera, os caules pilosos ainda tenros aparecem e a planta mostra-se
rasteira, de folhas lobadas, em que cada segmento é lanceolado e pontiagudo. As folhas
são um verde-vivo e mais arredondadas nesta fase.

Com a chegada do verão, a planta cresce rapidamente em direção à floração, que se


desenvolve entre julho e setembro; as folhas tornam-se mais pontiagudas, verde-escuras,
com a parte inferior de um prateado que lhe é característico, os caules estriados e pilosos
começam a aparecer mais avermelhados, a planta chega a atingir 1 metro de altura. As
flores são pequenas, cerca de meio centímetro e de coloração amarela e vermelho-escuro.

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ARTEMÍSIA E ÁRTEMIS

A deusa Ártemis, divindade venerada na Grécia Antiga, conhecida como Diana no


Império Romano é, sem dúvida, quem inspirou a nomeação desta espécie, aliás deste
gênero: artemísia. É considerada uma planta lunar, reveladora de sonhos, excelente para
os distúrbios ginecológicos como dismenorreia e amenorreia, além das cólicas menstruais.

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COLHEITA SECAGEM E PREPARO

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MOXATERAPIA JAPONESA - TÉCNICAS
DIRETAS E INDIRETAS

A moxabustão japonesa pode ser dividida em dois grandes grupos: técnicas de


moxabustão direta (okyu) ou com cicatriz (yukonkyu) e técnicas de moxabustão indireta
(onkyu) ou sem cicatriz (mukonkyu).
Os termos direta e indireta são utilizados em função de haver ou não contato direto com a
pele (podendo provocar queimadura) ou, se é realizada a distância ou com alguma medida
de isolamento.

A moxabustão direta compreende o shoshakukyu, danokyu e o tonetsukyu em seus


diferentes tamanhos de cone e formas de aplicação. O estilo de Fukaya pertence ao
tonetsukyu, embora os cones utilizados tenham um tamanho específico e superior aos
tradicionais.

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As técnicas consideradas como moxabustão indireta são o onkyu, biwakyu,
daizakyu, chinetsukyu e kyutoshin (esta última é uma técnica que inclui agulha combinada
com moxa, mas por suas características merece estar nesse grupo).

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MOXABUSTÃO Objetivo Técnica

Farmacológica/isolante Alho, gengibre, sal,


missô e Daizakyu

Aquecimento Onkyu, Biwakyu,


Hakokyu, Bokyu,
Ontake
MOXABUSTÃO INDIRETA

Agulhamento Kyutoshin

Aquecimento

Suplementação/ Drenagem Chinetsukyu

Cauterização Shoshakukyu

MOXABUSTÃO DIRETA
Danakyu

Calor que penetra Tonetsukyu

(Estilo de Fukaya)

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ONKYU TÉCNICAS DE MOXA INDIRETA
O onkyu compreende as técnicas de moxabustão mais seguras, consiste em aplicar
calor de maneira indireta, ou seja, a uma determinada distância da pele ou através de
algum meio isolante. Esta distância é suficientemente segura para evitar qualquer
possibilidade de lesão ou queimadura. Suas formas de aplicação são fáceis e acessíveis
para que possam ser aplicadas em domicílio.
O onkyu é uma maneira de promover calor de forma generosa em áreas de grandes
dimensões. Tem uma notável ação sobre o sistema parassimpático e sobre a circulação
sanguínea local, provocando assim, um grande relaxamento na zona tratada. É utilizado,
sobretudo, em tratamentos de natureza muscular ou digestiva.
As formas de onkyu isolante são semelhantes às formas da MTC, ou seja, pequenas fatias
de alho, gengibre ou uma camada de sal servem para evitar que a moxa em combustão
toque a pele, assim como favorecem o calor gerado, sabendo que as substâncias e a
natureza quente dos elementos isolantes complementam o efeito do calor.
Podemos encontrar até cinco formas diferentes de aplicação de onkyu a distância,
variando de acordo com os utensílios que acompanham a moxa.

ONKYU KAMAYA
É uma das formas mais clássicas de onkyu e utiliza um aplicador de madeira com alça.
Neste aplicador se coloca um bastão de mogusa aceso. Costuma-se utilizar bastões de
artemísia de baixa qualidade, pois possuem alto poder calorífico. Estes bastões são,
geralmente, provenientes da China. O aplicador permite ao praticante aproveitar ao
máximo o bastão de mogusa sem queimar-se.
Pode-se aplicar suavemente sobre a pele, em grandes áreas como o abdômen ou a zona
interescapular. Uma aplicação antes incomum, e que tem se tornado cada vez mais
popular no Japão, é o tratamento de animais domésticos.

HAKOKYU
Esta forma de moxabustão também é comum na China. Consiste numa caixa de madeira
que possui uma rede metálica em seu interior, que serve de filtro, permite colocar a mogusa
acesa, evitando que ela caia sobre o paciente. O calor passará pela rede até chegar à pele.
A vantagem dessa ferramenta é que se pode usar muita mogusa (de baixa qualidade) para
gerar calor; tendo, porém, o inconveniente de produzir muita fumaça. Em alguns casos, tem
uma tampa que permite regular o calor em função do quanto se fecha a caixa. Uma vez a
mogusa acesa, pode-se deixar a caixa na região em que se quer tratar. Regiões que recebem

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bem a caixa são a lombar e o baixo ventre.

ONTAKE

O Ontake, também conhecido como tantakekyu ou takenowakyu é a forma mais simples


de onkyu.
Requer um tubo de bambu de uns cinco centímetros de comprimento por 2,5 centímetros
de diâmetro, aberto dos dois lados. Em seu interior é colocada a mogusa de qualidade
média, apertando-a para que fique suficientemente compacta e não caia sobre o paciente.
Acende-se com uma vareta de incenso em apenas um dos lados. Pode-se soprar
suavemente em seu interior para que a combustão seja mais rápida e potente.
É aplicada realizando pequenos golpes, do lado onde há a combustão, sobre a região a ser
tratada, deixando cinco segundos em um ponto desejado. Uma vez que o tubo esteja
quente, pode ser usado como um rolo sobre a região tratada.
O bambu curto promove um calor suave, por isso é indicado em tratamentos que
requerem um estímulo suave e progressivo, A tensão muscular responde muito bem a esta
técnica; trabalhando as regiões dos trapézios e dorsais podemos ativar a função
parassimpática e conseguir importante grau de relaxamento. Pode ser utilizada em
crianças, controlando-se a temperatura do bambu.

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BIWAKYU

Uma prática que está inclusa nas formas de moxabustão indireta. Técnica, originalmente
derivada de uma abordagem espiritual, segue sendo utilizada de forma terapêutica, já que
são conhecidas as propriedades de um dos seus componentes básicos: a folha de nêspera.
Em seus ensinamentos, Buda se referia a árvore de nêspera (biwa, em japonês) como a
rainha das plantas medicinais. No Sutra Nirvana, Buda fazia referência ao uso medicinal da
nêspera (frutos, folhas, ramos e sementes) como remédio para manter a saúde.
Buda considerava suas folhas como "um leque que sopra afastando o corpo humano
qualquer mal existente". Ele dizia que a nêspera tem o poder de salvar a vida. Quando o
budismo foi introduzido na China, a nêspera foi incorporada às artes locais de moxaterapia
e ao repertório fitoterapêutico.
Na metade do século VI a medicina budista chegou ao Japão, sendo incorporada ao
sistema terapêutico existente.
A forma tradicional de aplicação desta técnica consiste em utilizar um bastão de mogusa
diretamente sobre a folha de nêspera fresca colocada sobre o ponto de um Sutra
(oração/pedido) escrito em uma folha de papel.
O calor do bastão penetra no corpo, enquanto a combustão permite elevar o Sutra e
favorecer a entrada das substâncias curativas da folha de nêspera.
O biwakyu, em sua forma tradicional, foi e continua sendo utilizado pelos monges nos
templos do Japão. A versão moderna consiste na aplicação do calor com o bastão de
moxa, sem tocar a pele, com a prévia colocação de um extrato líquido na folha da nêspera.
O uso do extrato aperfeiçoa a técnica, terapeuticamente falando, mas, se quisermos
utilizar as folhas, podemos colhê-las, armazená-las em um saco plástico envolto em papel
jornal e guardá-las no congelador. Desta maneira, irão durar até quatro meses, em bom
estado. Uma variante pouco conhecida consiste em aquecer no fogo, suavemente, as
folhas de nêspera e aplicá-las sobre o abdômen ou região lombar.

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biwakyu costuma ser utilizada em casos de dor (não inflamatória), cefaleia, tosse, diarreia
ou constipação, ou ainda, para sofrimento espiritual.

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DAIZAKYU

Esta forma de moxa é muito popular não somente no Japão, mas também em todos os
países onde se pratica a moxabustão. Consiste na aplicação de cones pré-fabricados presos
a uma superfície adesiva, evitando assim, que o paciente se queime.
O daizakyu é utilizado para realizar tratamentos em pontos determinados. Não é um
tratamento local, embora possa ser empregado em situações específicas. Eficaz em
tratamentos onde se deseja suplementar o Qi do corpo ou aquecê-lo mediante o estímulo
de pontos adequados para isso. Zonas frias ou frias ao tato, pacientes com o baixo ventre
frio ou debilidade no aquecedor inferior e problemas digestivos ou ginecológicos serão
beneficiados por esta terapia.
Podemos considerá-la também, uma técnica interessante para tratar tensão muscular de
maneira suave.

CHINETSUKYU
Esta técnica foi desenvolvida por um dos fundadores da terapia meridiano, Keiri Inoue, daí
a sua natureza suave. É ideal para crianças, pessoas que sofrem de grandes debilidades,
pessoas com medo de agulhas ou muito sensíveis ao agulhamento.
Este é considerado um método de moxa indireta, haja visto que ao acender o cone, esse
deve ser retirado no exato momento em que o paciente tenha sentido suavemente o início
do calor. Esta suave sensação de calor deve chegar quando o cone tiver queimado entre o
primeiro e o segundo terço. O último terço atuará como o alho ou o gengibre utilizado na
moxabustão indireta como meio isolante. Este aspecto é crucial para que a técnica seja
efetiva.

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Esta técnica é muito utilizada dentro da terapia de meridiano, devido seu suave
estímulo que contempla aspectos de suplementação ou drenagem. Sendo muito útil para
fortalecer o yang ki ou movê-lo de um lugar para outro, com o intuito de desobstruir
meridianos e liberar o yang ou, ainda, drenar os líquidos estagnados. O chinetsuhyu atua,
sobretudo, no nível mais superficial, estimulando o Wei Qi (Qi defensivo). Quando nos
referimos ao aspecto de drenagem e dispersão, dizemos que o chinetsukyu pode tratar
endurecimentos, tensão muscular, edemas, estimular a transpiração e reduzir o calor. Este
aspecto dispersivo é muito particular e inovador, pois classicamente, a moxa não era
considerada como uma forma de drenagem ou dispersão e seu uso não era recomendado em
quadros de calor ou febre. O uso em modo dispersivo acontece quando se deixa a combustão
dos cones ocorrer mais tempo sobre o paciente.

TAMANHO E FORMATO DOS CONES DE CHINETSUKYU


Quando nos referimos ao tamanho dos cones de chinetsukyu, falamos de cones grandes
quando comparados aos que se utilizam no okyu de grão de arroz, desenvolvido mais adiante,
pois seu perímetro de base pode chegar a 1,5 centímetro (koyubi kashira dai - a primeira parte
do dedo mínimo).
Estes cones queimam lentamente e isso nos permitem manipulá-los sem problemas. A
qualidade da moxa deve ser considerada.
Quando a intenção for a dispersão, devemos utilizar a moxa de alta qualidade, pois seu tempo
de combustão é demasiado rápido - comparando com a moxa semi pura (Wakakusa) -
portanto, seu calor será mais rápido e mais perceptível.
Os cones devem ser confeccionados nas formas piramidal ou cônica (de bala), manualmente,
utilizando os dedos polegar, indicador e médio em forma de pinça, de modo que sua base seja
plana e sua forma piramidal, uniforme. Há que se apertar bem o cone, caso contrário poderia
queimar muito rápido. De qualquer forma, os cones maiores e macios emitem sensação de
calor mais agradável que os cones pequenos e muito apertados, que produzem calor menos
confortável. Para alisar a base, podemos comprimi-los na eminência tenar da mão ou em uma
superfície dura. A prática de fazer estes cones é muito importante, pois, se não for perfeita,
pode interferir na forma em que o cone é queimado.

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ONTAKE - MÉTODO DE MOXA NO BAMBU.
Tratamento com bambu quente é uma técnica de moxabustão com dois componentes
adicionais: a aplicação de (1) pressão e (2) ritmo. Um pequeno pedaço de bambu é preenchido
com lã de moxa. Quando a moxa é acesa, o bambu fica quente e pode ser aplicado sobre a
pele. O bambu pode ser: batido, pressionado ou rolado ritmicamente na pele. Além disso, com
a utilização de um metrônomo (foto), estas técnicas podem ser aplicadas a frequências
específicas de batimentos por minuto. O tratamento pode ser utilizado como um tratamento
de ramo para aumentar o tratamento de raiz da acupuntura ou como um tratamento de raiz
padrão. A aplicação rítmica de calor provou ser extremamente relaxante e pode ser usada para
aliviar o estresse, para suavizar os músculos tensos, aliviar a dor e melhorar a circulação e a
função do ki e sangue.

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O bambu quente é simplesmente um pedaço de bambu, com cerca de 2,5 centímetros de
comprimento, preenchido com a queima de moxa lã. Ele é usado para aplicar calor e pressão
no ponto ou área a ser tratada. Isto está de acordo com as tradições da moxabustão japonesa
que favorecem a aplicação de calor diretamente na pele sobre os métodos indiretos.

Histórico.
As origens do tratamento com bambu aquecido não são claras, aparenta ser uma técnica
relativamente nova.
Ito Zuiho foi o primeiro a ensinar a técnica. No Japão, é chamado de Takenowa Kyu que
significa anel de bambu moxa. Ito Zuiho foi um dos discípulos de Yanagiya Sorei, um mestre de
acupuntura no início da era Showa (1925-1989).
Mas quem começou realmente a utilizar foi Makoto Yamashita que já estava praticando a
técnica de moxa no Bambu curto em 1960. Não encontramos nenhuma informação sobre
Bambu quente curto antes de 1868, que foi o ano da revolução no Japão. Ficou conhecido
também pelo nome Tantakekyu. Oran Kiviti (foto) começou a chamar este método de Ontake
Warm Bamboo.

TÉCNICAS DO ONTAKE BAMBU


1- Tapping Dakyu (batendo)
Aplique o bocal quente do bambu sobre o
local, ponha e retire repetidas vezes.

2-Touching and Closing (toca e fecha).


Aplique o bocal quente na pele e quando tira,
tape o local com a palma da mão.

3- Rolling (rolando).
Aplique o bambu quente deitado e role para
frente e trás atrás com ritmo.

4- Standing (parado).
Coloque o bocal quente no ponto conte
4segs. e mude de local...

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OKYU - CONES DE MOXA

Existem seis medidas tradicionais das


técnicas de cone de moxa
1. Shijokyu:
medida da largura de fio de linha
2. Gomatsubudai:
medida de uma semente de gergelim.
3. Hanbeiryudai:
medida do meio grão de arroz
4. Beiryudai:
medida de uma grão um grão de arroz.
5. Bakuryudai:
medida de um grão de trigo.
6. Nezumifundai:
medida das fezes de rato

PENETRAÇÃO DO CALOR DA MOXA DE ACORDO COM O TAMANHO

Tanto o tamanho quanto a base do cone de moxa determinam o nível de


penetração e profundidade do calor no corpo e nos canais.
Cones com base menor produzem uma sensação suave similar à de uma agulha, cones
com bases maiores provocam sensação de queimação.

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TAMANHO DA MOXA MEIO GRÃO DE ARROZ

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Treinamento tradicional

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