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A SAÚDE

QUE TODO HOMEM


DEVERIA LER
Dr. Felipe Vasconcelos

São Paulo
2022
SUMÁRIO
Prefácio 5

1. Porque os homens vivem menos? 6

2. Entenda o papel do urologista na sua vida 13

3. Coceira no pênis: uma queixa comum no 16


universo masculino

4. Fimose: o que é? Quando se preocupar? 19


Quando operar?

5. Vasectomia: O que é? Quando fazer? Respostas 22


para as principais dúvidas

6. Examine seu testículo: saiba como e quando 25

7. Aumento peniano: descubra toda a verdade 28

8. O pênis pode quebrar? Saiba o que é a fratura 33


peniana

9. Pênis torto: tudo o que você precisa saber! 37

3 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
10. Ejaculação precoce: o que é? 43

11. Priapismo: a ereção que dura muito tempo 55

12. Disfunção erétil (impotência sexual) 59

13. 4 dicas para melhorar seu desempenho sexual 66

Conclusão 73

Notas sobre o autor 74

4 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
PREFÁCIO
Você, leitor, que está prestes a iniciar a leitura deste livro, me deixa muito con-
tente, não apenas por ter adquirido este conteúdo, mas também por demonstrar
grande interesse no autoconhecimento. Durante anos de estudo e formação em
Medicina, mais especificamente na área de saúde masculina, percebo o desafio
que é trazer o homem ao sistema de saúde.

Isso se mostra em números dolorosos, principalmente para nós que lidamos


com os homens em nosso dia-a-dia. Morremos mais cedo e por causas evitá-
veis, não fazemos exames preventivos, não conhecemos nosso próprio corpo,
as mudanças que vão acontecendo, e o pior: não procuramos ajuda!

Nosso trabalho aqui é de formiguinha, mas sinto que aos poucos as coisas vão
mudando. Um exemplo disso é o próprio canal do YouTube, que cresce em nú-
mero de inscritos e visualizações, demonstrando o grande interesse e curiosida-
de que nosso público tem - mesmo que de forma anônima-, ali no canto da sala
sozinho, vendo aquele vídeo escondido de todo mundo.

Minha expectativa é que cresçamos ainda mais, que mais homens procurem
se conhecer e que com isso que vivam mais e melhor! Espero que você desfru-
te da leitura deste, que é o primeiro livro de uma série que pretendemos lançar
aqui na TESTO - SAÚDE MASCULINA, com uma visão de atingir e impactar o
maior número de homens no Brasil!

5 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
1 PORQUE OS
HOMENS VIVEM
MENOS?

6 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Vamos começar então por um tema que nos motiva a estar aqui falando sobre
saúde masculina: você sabia que os homens vivem em média 7 anos a menos do
que as mulheres? São 7 anos a menos que você deixa de passar com sua família
e com as pessoas de que você gosta!

E o pior de tudo: na maior parte das vezes, você pode evitar que isso aconteça.
Então, vamos lá saber como!

A pergunta que fica é: o que as mulheres fazem de diferente para viverem mais?
Será que elas possuem algum tipo de diferença genética para isso?

Para entender o porquê isso acontece, precisamos olhar para a dinâmica social
que vivemos.

Os homens costumam pensar e agir mais ou menos assim:

1- “Eu estou bem, logo não tenho nada que me preocupar.”

Queria falar um pouco dessa lógica. Se você está bem, que ótima notícia! O que
quero te falar é que existem muitas doenças que começam de maneira silencio-
sa. Vou te dar alguns exemplos: pressão alta, diabetes, colesterol aumentado,
entre outras.

Portanto, esperar até sentir alguma coisa não é uma opção muito inteligente.
Consultar-se, mesmo sem ter nenhuma queixa, é importante para identificar o
que não está indo bem e começar a corrigir eventuais problemas.

Às vezes, mudanças de hábitos, como atividade física e alimentação, já surtem


ótimos resultados!

2- Alguns homens têm medo de descobrir que estão doentes:


veja, têm medo!

Todos nós temos medo em algum momento da vida ou em alguma situação es-
pecífica, isso é normal, e nos faz humanos. Existe particularmente um medo em
específico em minha rotina como médico.

7 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Percebo que muitos pacientes têm medo de descobrir alguma doença, prefe-
rem a ignorância. Mas, muitas vezes, agir assim pode ser muito pior.

Além do medo gerar ansiedade e permanecer contigo o tempo todo - o que por
si só já é uma situação ruim -, há a possibilidade de você perder o prazo para se
cuidar. Muitas doenças, quando diagnosticadas e tratadas desde o início, podem
ser curadas com mais facilidade. Ao passo que, quando deixamos para depois,
além de não conseguirmos tratá-las adequadamente, as opções podem ser mais
dolorosas e sofridas.

Por isso, não tenha medo de se descobrir, de saber o que há no seu organismo.
Cuide-se sempre!

3- Utilizam mais álcool e drogas:

O hábito de beber é comum em muitos países - incluindo o Brasil. Beber em si


não é um problema: quem aí não ouviu um dia que uma taça de vinho poderia
prevenir doenças cardíacas? Embora seja muito debatido, o álcool está e sem-
pre estará em nossos círculos sociais.

8 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Falando especificamente sobre álcool e drogas, percebemos que há certa ten-
dência por parte dos homens de consumirem mais quando comparados com as
mulheres. Isso leva a uma série de comportamentos que podem trazer riscos à
própria vida: acidentes de trânsito, brigas e vários transtornos relacionados ao
seu consumo - como cirrose hepática e doenças respiratórias.

Trata-se realmente de um problema de saúde pública no Brasil. Entender as ra-


zões para o alto consumo de álcool e drogas não é fácil, mas é importante se
quisermos ter um país com menos mortes!

4- Expõem-se mais a situações de risco para contágio de


HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis

Hoje vivemos numa época em que há tratamento e controle para o vírus HIV.
Foi-se a época em que viver com HIV era sinônimo de um atestado de óbito. Isso
trouxe para muitas pessoas a percepção de que a infecção e o tratamento são
fáceis de administrar, e que não há problemas em se contaminar com o vírus.

No entanto, sabemos que isso não é verdade. As infecções sexualmente trans-


missíveis são sim problemas de saúde que podem impactar diretamente sua
vida.

Proteger-se durante uma relação sexual pode evitar sua contaminação, bem
como prolongar seus dias por aqui. Não se iluda ao achar que caso pegue uma
infecção sexualmente transmissível é “só tomar um remedinho” que logo passa.

5- Comem mal:

Quem aí já ouviu a frase “você é o que você come”? Pois é, isso de fato tem um
fundo de verdade.

Nossos hábitos alimentares podem ditar - e muito! - nosso estado de saúde. Co-
mer de maneira saudável pode ser bom não apenas para prevenir doenças, mas
também para contribuir com sua função sexual e a qualidade de suas ereções.

9 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
6- Não seguem os tratamentos prescritos:

É impressionante como os homens têm a capacidade de não seguir uma orien-


tação médica. É até engraçado quando vêm com a acompanhante e são brutal-
mente desmascarados.

Ele tenta por vezes dizer que seguiu tudo direitinho, que tomou as medicações,
que fez a dieta, que fez exercícios. Mas ela já vem e fala toda a verdade!

São algumas barreiras que temos que vencer. A primeira é se convencer de que
você precisa de fato ir ao médico. A segunda é tomar coragem, sair da inércia e
começar a fazer aquilo que foi orientado.

Mudar dói, e não é só na saúde. Em todos os sentidos. Isso implica que temos
que nos mover, sair da procrastinação.

Por isso, coragem! MUDE seus hábitos e viva uma vida melhor! Quem agradece
é o seu “eu mais velho”.

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Entendendo isso, vamos ver as principais causas de mortalidade dos homens:

1. Causas externas: acidentes, brigas

2. Doenças do aparelho circulatório: infarto, AVC

3. Neoplasias: por exemplo o câncer de próstata (2° neoplasia mais fre-


quente nos homens e que tem prevenção)

4. Doenças do aparelho digestivo: hérnias, úlceras

5. Doenças infecciosas e parasitárias: ISTS (HIV/AIDS)

11 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
E o que então as mulheres fazem de diferente? Elas, de uma forma geral, têm
comportamento oposto ao do homem.

Elas fazem seus exames periódicos, cuidam mais do próprio corpo, envolvem-se
em menos confusões. Ou seja, nós, homens, estamos perdendo vidas puramen-
te por não nos cuidarmos mais.

Nós, homens, precisamos entender que a preocupação com a saúde deve estar
no mesmo nível que a preocupação com o trabalho, o futebol ou qualquer outra
prioridade. E veja, não digo que precisa ser uma paranoia, tendo que ir ao médico
todos os meses. Mas é preciso fazer o mínimo, ir ao seu médico periodicamente,
pelo menos 1x ao ano e fazer seus exames. Às vezes é preciso ir mais de uma
vez, dependendo do seu estado de saúde.

Vejo essa realidade todos os dias: pacientes que chegam com doenças que po-
deriam ter sido diagnosticadas mais precocemente.

Em 99% dos casos o paciente se arrepende de não ter procurado


ajuda antes. É sobre o tempo que você poderia passar com os seus! É
sobre ver seu filho crescer, poder curtir seus netos, ou simplesmen-
te ter mais tempo para fazer aquilo que você gosta, aproveitar mais
a vida, sem estar doente ou incapacitado por questões de saúde!

Não deixe de se cuidar. Procure hábitos de vida saudáveis e faça seus exames! A
vida é única e você pode vivê-la em sua plenitude!

12 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
2 ENTENDA O PAPEL
DO UROLOGISTA
NA SUA VIDA

13 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Aqui eu queria deixar algumas informações para vocês a respeito da especiali-
dade de Urologia. Muitos pacientes têm dúvidas sobre o que fazemos, em quais
doenças podemos ajudar, enfim!

Nós, médicos urologistas, tratamos todos os órgãos por onde a urina passa, des-
de os rins até a uretra. Nossa especialidade é muito conhecida por tratar o cân-
cer de próstata, e como este é um órgão que somente os homens possuem, aca-
bamos por ficar conhecidos como médicos responsáveis pela saúde do homem.

Não que isso não seja uma verdade. Afinal, tratamos da saúde do homem como
um todo, mas nossa utilidade vai muito além do exame de toque! Tanto que é
muito comum as mulheres virem à consulta com certo receio de estarem no lu-
gar errado.

14 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Vou listar aqui para vocês algumas doenças que tratamos com bastante
frequência:

Cálculos Renais

Problemas urinários: incontinência urinária, dificuldade para urinar

Infertilidade (tem vídeo no canal falando sobre isso)

Impotência (tem vídeo no canal falando sobre isso)

Ejaculação precoce (também tem vídeo aqui no canal falando sobre isso)

Cânceres: rim, bexiga, próstata

Deformidades penianas

Infecção de urina

Transplante renal

Então, vejam que são doenças que podem atingir homens e mulheres, adultos e
crianças.

Uma dúvida muito comum também é confundir nossa especialidade com a proc-
tologia. A proctologia cuida de doenças relacionadas ao intestino, principalmen-
te a parte do intestino grosso e ânus. Portanto, se você têm hemorroidas, doen-
ça inflamatória intestinal ou alguma queixa anal, a especialidade mais correta
seria a do proctologista.

Particularmente em relação à saúde do homem, recomendamos que se façam


exames periódicos pelo menos 1 vez ao ano. Com relação ao tão falado exame
de toque, este deve ser feito após os 50 anos no geral, e para aqueles que têm
antecedentes familiares de câncer de próstata, eles devem iniciar a investiga-
ção a partir dos 45 anos de idade.

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COCEIRA NO PÊNIS:
UMA QUEIXA COMUM
NO UNIVERSO
MASCULINO

16 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Você já teve aquela coceira no pênis, que te incomodava demais? Às vezes até
perto das pessoas era difícil controlar a vontade de coçar? Alguns homens so-
frem com esse problema, levando por vezes muito tempo até resolverem a situ-
ação.

O pênis pode ficar todo avermelhado e até mesmo com uma descamação bran-
ca ao redor. A cabeça do pênis, assim como toda a parte genital masculina, é
bem sensível. Com isso, muitos fatores podem causar coceira nesta região.

O mais comum é a candidíase, causada por um fungo que normalmente faz parte
da região íntima das mulheres. Isso não significa que somente homens heteros-
sexuais terão candidíase. Pelo contrário, pode acontecer com todos.

No entanto, também existem outras causas, como alergias, infecções por bacté-
rias ou vírus e até problemas de imunidade.

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O primeiro passo é procurar se higienizar de preferência com um sabonete neu-
tro. Isso ajuda a manter a pele limpa e sem irritação.

Fungos no geral gostam de ambientes quentes e úmidos. A região genital é per-


feita para isso. Portanto, após ir ao banheiro procure se secar bem.

Depois de ter uma relação, também procure se higienizar. Alguns homens dei-
xam pra tomar banho no dia seguinte. Não faça isso!

Um ponto importante também é cuidar da saúde mental. O estresse e a ansieda-


de podem fazer com que sua imunidade diminua, o que significa que você estará
mais predisposto a ter infecções. Alguns homens com quadros de estresse e an-
siedade mais intensos podem manifestar essas infecções com mais frequência.

Se mesmo assim nada disso resolver, pode ser que você precise de
medicamentos para se curar. Algumas opções são pomadas que
contêm antifúngicos e corticoides, além de outros medicamentos.
Mas para isso seria bom você se consultar com seu médico para ter
a orientação se a medicação é necessária ou não.

Alguns homens têm essas infecções com muita frequência. Passa um tempo e a
coceira volta - de novo. Quando isso acontece, muitas vezes indicamos a cirurgia
de postectomia, que é aquela cirurgia de fimose. Após a cirurgia a pele fica mais
resistente e com menor chance de infecções.

O tratamento de uma forma geral pode ser bastante desafiador, e por vezes
pode requerer muita paciência por parte do paciente! A inflamação pode dificul-
tar o diagnóstico, principalmente nos casos em que muitos outros tratamentos
foram feitos.

18 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
4
FIMOSE: O QUE
É? QUANDO SE
PREOCUPAR?
QUANDO OPERAR?

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Bom pessoal, vamos falar a respeito da fimose. Na verdade, o que é fimose?

Todos os homens nascem com uma pele recobrindo a cabeça do pênis, que se
chama prepúcio. Nada de problemas até aí.

Já na infância podemos ter um problema relacionado a essa pele, quando ela por
algum motivo causa um estreitamento da saída do canal da urina, podendo até
mesmo dificultar a exposição da glande (a cabeça do pênis).

A essa situação, damos o nome de FIMOSE. A depender do grau desse estrei-


tamento, indicamos a correção cirúrgica, com a retirada desse excesso de pele.

A cirurgia em si consiste então na retirada desse excesso de pele, sendo dados


pontos para unir a cicatriz. Geralmente nos primeiros dias há o inchaço local e
maior incômodo. Os pontos “caem sozinhos” após cerca de 21 dias do procedi-
mento. Sempre bom lembrar que durante os primeiros 30 dias não é recomen-
dada atividade sexual!

GRAUS DE FIMOSE

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4 Grau 5

Grau 1: Leve retração sem que se veja a glande.


Grau 2: Exposição do meato uretral com retração ligeiramente maior do prepúcio.
Grau 3: Exposição da glande até a sua parte média.
Grau 4: Exposição da glande até a coroa.
Grau 5: Exposição fácil de toda a glande, incluindo o sulco balano-prepucial, sem as
aderências encontradas nos graus anteriores.

20 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Muitos acham que fimose é coisa de criança e que só elas são operadas. Muito
pelo contrário.

Essa pele nos adultos pode gerar processos infecciosos de repetição, uma situ-
ação chamada de balanopostite. Quando isso ocorre, também indicamos a reti-
rada do excesso de pele.

É importante dar bastante atenção à higiene do local, pois quanto mais limpa es-
tiver a região, menor será a chance de ocorrer algum problema local. Basicamen-
te se você possui esse excesso de pele e ele nunca te gerou nenhum problema,
não há com que se preocupar.

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5
VASECTOMIA: O QUE
É? QUANDO FAZER?
RESPOSTAS PARA AS
PRINCIPAIS DÚVIDAS

22 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Um procedimento muito comum na população masculina é a vasectomia. Hoje
no Brasil, por lei, homens que tenham 2 filhos ou mais de 25 anos podem fazê-la.

Essa cirurgia nada mais é do que a interrupção da passagem dos espermatozoi-


des. É como se eles ficassem presos na região dos epidídimos, lá no testículo.

Existe todo um processo que antecede a realização do procedimento, que pou-


cos pacientes conhecem. Por lei, existe a necessidade de preenchimento de um
termo de consentimento livre e esclarecido, que deve ser assinado com firma
reconhecida, assim como aguardar um prazo de 60 dias entre a manifestação
do desejo e a cirurgia.

23 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Queria aqui responder a algumas dúvidas que são muito comuns no con-
sultório:

1. A vasectomia deixa impotente? Não, a vasectomia não altera sua pro-


dução de testosterona, tampouco altera sua libido e ereção.

2. Após a vasectomia deixo de ter esperma? Não, o que você deixa de


ter é o espermatozoide no sêmen. Boa parte do volume seminal não con-
tém espermatozoides.

3. Vou sentir orgasmo da mesma forma? Sim! Você continuará a sentir o


orgasmo, sem interferências.

4. Posso ter filhos mesmo depois da vasectomia? As chances de acon-


tecer naturalmente são menores de 1%. No entanto, se houver desejo
de gravidez, há possibilidade de reversão do procedimento, assim como
reprodução assistida (a fertilização in-vitro).

5. Quando posso ter relação sem preservativo? Após 60 dias do proce-


dimento você deve fazer um espermograma. Caso não existam esperma-
tozoides viáveis, você estará liberado para ter relações sem preservativo.

6. Quanto tempo dura o procedimento? Geralmente não mais do que 20


minutos.

É sempre bom pensar na vasectomia como sendo um procedimento irreversível


(embora existam técnicas de reversão) no sentido de se ter certeza daquilo que
se propõe a fazer. Portanto, pense bem antes de realizá-la. Caso seja realmente
seu desejo, vá em frente, é um procedimento seguro e eficaz!

24 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
6 EXAMINE SEU
TESTÍCULO: SAIBA
COMO E QUANDO

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Você sabia que o câncer de testículo é o câncer mais frequente na população
entre 20 e 40 anos de idade? Uma das primeiras alterações que aparecem é o
nódulo testicular e o autoexame pode identificar a doença no começo.

Infelizmente, é comum receber no consultório jovens que perceberam o aumen-


to, mas que ficaram com medo de falar com pessoas próximas ou procurar aju-
da. Quando isso acontece é muito triste, porque a doença é imprevisível e pode
ganhar força indo pra outros locais e dificultar o tratamento.

A gente ainda não sabe muito bem o que causa os tumores de testículo, por isso
não existe uma forma de prevenção, apenas o diagnóstico precoce.

Como fazer então o seu próprio exame testicular?

Primeiro ponto: vou te mostrar como seria um testículo normal. O testículo pare-
ce literalmente um ovo e tem o comprimento de 4cm e 3cm de largura. O volume
gira em torno de 15 a 25cm³.

26 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Normalmente a porção inferior é lisa e não tem nenhuma irregularidade. Já a par-
te superior contém o epidídimo, que é uma estrutura que armazena os esperma-
tozoides. Essa parte pode não ser muito regular.

O que você deve perceber: nessa parte inferior, mais lisa, não deve haver nenhu-
ma irregularidade. Caso você note alguma alteração ou aumento testicular, você
deve procurar o seu médico para tirar a dúvida.

O testículo saudável, não dói, não fica vermelho e não aumenta de tamanho. Co-
mece a examinar um lado e depois o outro.

Não existe uma regra de quanto em quanto tempo seria necessário o autoexa-
me. Mas pelo menos uma vez ao mês, examine-se pra ver se está tudo bem, ok?
No menor sinal de dúvida, não hesite em procurar seu médico. Essa atitude pode
fazer muita diferença na sua vida!

27 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
7 AUMENTO PENIANO:
DESCUBRA TODA A
VERDADE

28 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Uma das perguntas que mais são feitas no consultório é sobre o aumento peniano.
Homens insatisfeitos com o seu pênis e que procuram métodos de ter um pênis
maior.

Se você é homem, você sabe o que eu vou falar. Desde pequenos, lá na adolescên-
cia, os homens se referem à própria genitália com piadas e com tiração de sarro
entre amigos. Isso já não vem de hoje. Em muitas culturas, ter o pênis grande re-
mete a poder, fertilidade, força e por aí vai!

Existe uma preocupação muito grande dos homens com respeito a esse aspecto.
Um dos assuntos mais procurados na internet são técnicas para aumento penia-
no. Cirurgias, preenchimento, dispositivos, muitos desses métodos são pesquisa-
dos como um meio de aumentar o pênis.

Falando sobre tamanho, quero começar falando sobre o micropênis, que de fato é
um pênis pequeno. De acordo com a classificação mais aceita, seria considerado
um pênis pequeno aquele com comprimento de 4cm flácido ou 7,5cm centíme-
tros esticado.

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Já um pênis de tamanho habitual ficaria em torno de 12,3cm esticado e 12,7cm
ereto.

A maioria dos estudos usa como parâmetro a medida desse ossinho que temos
na base do pênis, chamado pube, até ao término da glande, a cabeça do pênis.
Então todos os números que falei é com essa padronização.

Embora 85% das mulheres estejam satisfeitas com o tamanho peniano do par-
ceiro, apenas 50% dos homens estão satisfeitos com o seu pênis, seja em com-
primento, seja em espessura.

70% dos homens que procuram consulta por esse motivo e descobrem que seu
pênis é normal, desistem de procurar terapias para aumento peniano, que mui-
tas vezes não são indicadas para ele e em alguns casos podem ter efeitos terrí-
veis na estética e funcionalidade peniana.

Alguns homens são tão preocupados com a aparência peniana, que


desenvolvem distúrbios de ansiedade por conta disso. Há uma pa-
tologia chamada Distúrbio Dismórfico Peniano, que é quando essa
preocupação fica além do saudável.

Esses homens são os mais propensos a adquirir soluções milagrosas, sem evi-
dência científica e que podem causar danos irreversíveis ao pênis. Por vergonha
e falta de acesso à saúde adquirem produtos sem evidência científica.

Quando se fala em aumento peniano, podemos dividir as técnicas em não-cirúr-


gicas e cirúrgicas.

Vamos começar falando sobre as técnicas não cirúrgicas:

1. Extensores penianos

2.Dispositivos a vácuo

3. Preenchimento

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Dessas três, a que teve a melhor evidência foi o extensor peniano. No entanto, o
ganho adquirido foi de cerca de 2 cm em comprimento. Só que o uso precisa ser
feito corretamente: são 4 a 9h ao dia por um período de 3 a 6 meses. Durante o
acompanhamento, muitos pacientes desistiram por conta de não se adaptarem
ao uso, além das complicações, que são: hematoma, dor local e impossibilidade
de adequar o método ao seu dia a dia.

O dispositivo a vácuo aplica uma pressão negativa na região peniana e tem utili-
dade em outros cenários, como a reabilitação peniana após cirurgia da próstata
e no tratamento da disfunção erétil. Mas não possui qualquer evidência de que
funcione a título de aumento peniano.

No preenchimento são utilizadas algumas substâncias, como o ácido hialurôni-


co, que podem ser introduzidas abaixo da pele do pênis, podendo aumentar o
diâmetro peniano. Ainda faltam estudos para validar esta técnica; para aqueles
que já foram publicados, não temos ainda bons níveis de segurança e uma meto-
dologia padronizada para seguimento, podendo ter como complicações a rejei-
ção do organismo e a necessidade de outras cirurgias reparadoras.

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Quanto às opções cirúrgicas:

Temos a incisão do ligamento suspensor do pênis, enxertos e outros procedi-


mentos mais complexos. Dentre eles, vamos falar um pouco sobre a incisão do
ligamento suspensor do pênis.

Esse ligamento fica na porção da base do pênis e liga o órgão ao pube. A técnica
consiste na incisão desse ligamento com a liberação do pênis, ganhando com-
primento. Nos estudos publicados até o momento, não se encontra metodologia
adequada de avaliação e padronização da técnica. Por isso, também não pode
ser recomendada para todos os pacientes.

De acordo com a International Society for Sexual Medicine (ISSM), não há técni-
ca de aumento peniano disponível e que possa ser empregada com segurança.
Todos os pacientes que forem submetidos a esses tratamentos deveriam estar
em estudos clínicos, dentro de protocolos de pesquisa, pois são técnicas experi-
mentais. Felizmente, a maioria dos pacientes não precisa de procedimento cirúr-
gico, e sim de aconselhamento, reforçando que não há problema nenhum com
eles. A busca pelo aumento peniano pode trazer muitas consequências, que por
vezes podem ser irreversíveis.

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8 O PÊNIS PODE
QUEBRAR? SAIBA
O QUE É A FRATURA
PENIANA

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O pênis não é um osso, e acho que você nunca conheceu ninguém que precisou
usar uma tala na parte íntima. Mas saiba que sim, o pênis pode ser fraturado!

O pênis possui uma estrutura interna composta por um tipo de musculatura lisa,
chamada de sinusoides. Esse espaço é preenchido por sangue quando há uma
ereção.

Ao redor do pênis existe um tecido feito de fibras colágenas, que traz a rigidez ne-
cessária para a ereção. Esse tecido é conhecido como túnica albugínea e, no pênis
ereto, tem a espessura de 0,25mm.

Chamamos de fratura peniana, quando essa camada de revestimento do pênis so-


fre um rompimento. Essa é uma condição rara, com uma incidência de 1 para cada
175mil homens! Mas é claro que você vai pensar: vou ser esse 1 aí, doutor, me fala
logo o que é a fratura!

Esse rompimento ocorre durante a relação sexual. Na hora, a pessoa ouve um es-
talo, a ereção desaparece e começa a doer. A depender do tamanho da fratura,
ocorre também o extravasamento de sangue, que estava na parte interna do pê-
nis, dando um aspecto arroxeado e inchado.

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O pênis dessa forma é chamado de pênis em berinjela (porque realmente lembra
uma berinjela).

O que promove essa fratura é o excesso de força axial no pênis. Algumas po-
sições podem forçar demais as estruturas que são responsáveis pela rigidez e
fazer com que a fratura aconteça com maior facilidade. Geralmente, quando a
parceira ou parceiro está por cima, ou em situações de movimentos vigorosos.

Outras causas menos comuns por aqui são a masturbação e a fratura durante
o sono, quando o paciente, ao se virar com o pênis ereto, pode rompê-lo. Existe
também uma técnica chamada Taqnaadan, comum no oriente médio, que con-
siste em induzir o desaparecimento da ereção aplicando uma pressão na glande,
forçando-a para baixo.

E não preciso dizer que com essa fratura fica impossível ter uma relação, certo?
Mas, e aí? O que você faz? Corre pro hospital com o pênis fraturado? Espera pra
ver se melhora sozinho?

O que é importante você saber é que a fratura peniana é uma urgência médica.
Na hipótese de ter fraturado seu pênis, procure um pronto-atendimento imedia-
tamente para ser examinado.

Quando a fratura ocorre, pode haver o rompimento de estruturas


próximas, como a uretra. Nesses casos, há grande dificuldade para
urinar, ou a urina passa a vir com sangue, podendo também haver
retenção urinária. Além disso, o rompimento do revestimento pe-
niano pode fazer com que durante o processo de cicatrização ocor-
ra uma tortuosidade peniana. Em cerca de 30% dos casos pode ha-
ver também disfunção erétil associada.

De modo geral, quando diagnosticamos uma fratura peniana, precisamos corri-


gir o problema na hora, fechando aquela abertura. Para o diagnóstico, no pronto-
-atendimento podem ser feitos exames de imagem como o ultrassom ou resso-
nância magnética, que vão identificar o local exato onde ocorreu aquela fratura.

35 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
A correção é feita com a exposição do local fraturado, sendo retirados os coágu-
los e dados pontos, para fechar o fluxo de sangue.

Não é necessária nenhuma imobilização do pênis. No dia seguinte o curativo já


é retirado.

A recuperação pode ser um pouco dolorosa no começo, muito por conta da fra-
tura e da cirurgia, mas depois de alguns dias o desconforto já vai passando. Após
o procedimento cirúrgico, é necessário acompanhamento pra ver se aquela re-
gião vai cicatrizar normalmente e se aparecerá algum tipo de curvatura no lugar.

Bom pessoal, de tudo isso que falei, o que eu queria que vocês gravassem é que
ninguém obviamente espera ter uma fratura peniana, mas se acontecer, você
já sabe o que fazer. Procure um hospital o mais rápido possível. Não fique com
vergonha, porque a fratura pode prejudicar (e muito!) sua qualidade de vida mais
pra frente!

36 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
9 PÊNIS TORTO:
TUDO O QUE VOCÊ
PRECISA SABER!

37 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
A Doença de Peyronie (DP) pode ter consequências negativas na vida de sexual
de um homem. Aqui, vamos falar sobre como podemos corrigir esse problema!

Mas afinal de contas, o que é a Doença de Peyronie?

A verdadeira causa ainda não está muito bem definida. O que temos como dados
indicam que são possivelmente pequenos traumas na região peniana que pro-
vocam uma série de estímulos, que vão determinar a calcificação de uma parte
da túnica albugínea e uma curvatura voltada para o lado dessa calcificação. Essa
túnica envolve toda a haste peniana, o corpo do pênis e pode sofrer com estas
calcificações.

O pênis pode se entortar em todas as direções, dependendo de onde essa placa


vai se localizar. A DP é comum em pacientes acima de 50 anos e pode atingir até
20% da população masculina, segundo alguns estudos. Em termos de fatores de
risco, sabe-se que a DP segue os mesmos fatores basicamente que a disfunção
erétil, ou seja, diabetes, hipertensão, sedentarismo, tabagismo e alterações de
triglicérides e colesterol.

Além de atrapalhar nas relações, quando a doença está se iniciando pode ocor-
rer também a dor, independentemente de ter relação ou não. Pode haver tam-
bém a disfunção erétil acompanhando todo o quadro clínico.

O diagnóstico é feito principalmente pela história do paciente e exa-


me físico, onde podemos palpar a placa e visualizar a tortuosidade.
Eventualmente um exame que pode ser pedido é a ultrassonografia
que, associada ao doppler, pode fornecer informações importantes
a respeito da doença.

Existem duas fases da Doença de Peyronie: fase ativa e fase estável. É de suma
importância que haja diferenciação entre elas, tendo em vista o tratamento, que
difere substancialmente.

A doença ativa se caracteriza principalmente pela presença de dor associada ao


início da curvatura. Já a doença estável é tida como um quadro de 3 meses sem
apresentar dor. Normalmente temos um prazo de 1 ano desde o início dos sinto-
mas até termos um quadro estável.

38 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Vamos começar então a falar sobre o tratamento da doença ativa!

O primeiro passo é tratar os sintomas. Com relação às dores, temos os antiinfla-


matórios por via oral e, para aqueles pacientes que apresentem disfunção erétil
associada, iniciamos também medicamentos estimulantes da ereção, como o Via-
gra® ou a Tadalafila.

Outro objetivo é interromper o processo de curvatura. Para isso, temos as inje-


ções intralesionais, que seria a aplicação de medicamentos diretamente na placa,
visando desacelerar ou interromper o processo de curvatura. Existe uma infinida-
de de produtos que podem ser aplicados na região para diminuir a progressão da
calcificação.

Cada um tem sua própria dosagem, e a preferência por um ou outro produto varia
de acordo com o profissional.

A maioria dos estudos fala que há melhora com essas medicações, mas pode não
haver resolução completa. É ideal para aqueles pacientes com curvaturas peque-
nas e que não desejam realizar o tratamento cirúrgico.

39 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
As melhores opções são os bloqueadores de canal de cálcio, a colagenase e o
interferon.

Recentemente, saíram estudos também a respeito do plasma rico em plaquetas


(PRP). Os dados ainda são conflitantes, mas são promissores. Pode ser que um
dia teremos mais opções para o tratamento.

Muitos pacientes perguntam sobre medicações por via oral, como a vitamina E,
POTABA, entre outros. No entanto, a maioria dos estudos não comprovou real-
mente a melhora esperada. O que temos de dados disponíveis são que os esti-
mulantes da ereção poderiam contribuir de alguma maneira com a retificação
do pênis.

Além desses tratamentos que mencionei, podemos também utilizar as ondas de


choque de baixa intensidade. O objetivo desse tratamento é auxiliar no controle
da dor, não havendo tanta interferência no processo de curvatura.

Alguns autores defendem o uso do dispositivo a vácuo nesta fase


também! A bomba a vácuo estaria associada ao remodelamento
peniano. Seriam algumas sessões durante o dia - geralmente 2 ses-
sões.

Particularmente, nesse cenário, prefiro utilizar tanto as medicações injetáveis


quanto mecanismos de tração. Segundo a literatura médica é o que traria me-
lhores resultados.

40 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
INDICAÇÕES CIRÚRGICAS:

Quando temos o cenário da doença estável, ou seja, já se passaram 3 meses


sem que haja dor significativa, temos outras opções de tratamento além daque-
las que foram comentadas anteriormente. Entre o início dos sintomas até esse
momento passam-se 12 meses na maioria dos casos.

Aqui podemos lançar mão de opções cirúrgicas! E aqui vão detalhes importan-
tes para vocês saberem.

Antes de indicarmos um tratamento cirúrgico é importante avaliar o caso com


muito cuidado. É preciso estabelecer o grau da curvatura e também se há dis-
função erétil grave, que não responde aos tratamentos convencionais.

41 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Para fazer essa avaliação - particularmente prefiro fazer no consultório - com
a aplicação de uma medicação que estimula as ereções, utilizando também o
ultrassom com Doppler peniano. Nessa avaliação medimos a curvatura peniana,
sendo que esta é avaliada de acordo com o próprio eixo do pênis. Uma curvatura
é considerada acentuada, quando ela tem mais do que 60° em relação ao pró-
prio eixo do pênis.

Quando falamos de opções cirúrgicas, podemos apenas fazer uma plicatura, que
seria corrigir a curvatura com pontos exatamente no local onde ela está. Outra
opção seria a de remover a placa calcificada e utilizar um enxerto, que pode ser
um tecido sintético no local.

Para curvaturas menores do que 60° em geral é possível fazer ape-


nas a plicatura, os pontos na haste peniana para a correção. Já para
curvaturas maiores, somente os pontos não conseguem corrigir.
Para isso é preciso, além da incisão da placa, também a colocação do
enxerto, a fim de que não haja comprometimento do tamanho do pê-

Independente da técnica utilizada nos casos que comentei, mesmo assim pode
haver comprometimento do tamanho peniano, com redução não muito grande,
mas pode reduzir sim.

Por último, e não menos importante, quando temos um caso de doença de Peyro-
nie, associado a impotência grave, temos indicação de colocação da prótese pe-
niana. Porque mesmo que consigamos corrigir a curvatura, a disfunção erétil irá
permanecer. Nesses casos, às vezes somente a prótese peniana já é suficiente
para corrigir a deformidade. Lembrando que essa prótese pode ser tanto a inflá-
vel quanto a semirrígida.

No acompanhamento de pacientes com doença de Peyronie é muito comum


que eles fiquem ansiosos e estressados com essa situação, e isso pode atrapa-
lhar muito a qualidade sexual do casal.

Se você possui algum sinal de curvatura peniana, procure ajuda profissional!


Você não precisa sofrer calado e, como mencionado acima, existem muitos tra-
tamentos possíveis que trarão melhora para sua qualidade de vida.

42 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
10 EJACULAÇÃO
PRECOCE: O QUE É?

43 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
O que é a ejaculação precoce? Afinal o que é a ejaculação?

De maneira bem simples, a ejaculação é o resultado do estímulo sexual, onde te-


mos a liberação do sêmen. É importante não confundir com o orgasmo, que é a
sensação de prazer que ocorre junto com a ejaculação na maioria das vezes.

Mas é possível ter ejaculação sem orgasmo? Sim!!! É possível.

Então você está lá, com sua namorada(o), ficante, companheiro(a), parceiro(a), en-
fim… nas preliminares… a coisa vai esquentando… até que, no momento da pene-
tração ou dentro de 1 minuto após a penetração, você ejacula!

Que situação, não? Afinal de contas, estava começando a ficar bom e você não
conseguiu segurar por um tempo maior.

Nesse momento fica aquele clima meio estranho, você com uma cara de vergo-
nha, sem saber pra onde olhar, a pessoa com você também meio desconcertada...
você não consegue emendar uma outra tentativa... enfim, fica um climão.

44 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Pode ser que você consiga emendar uma outra tentativa no mesmo encontro e
consiga um desempenho melhor. Ou pode ficar a impressão de que foi só daque-
la vez que isso aconteceu. Nesse momento você já fica preocupado: não posso
falhar de novo!

Alguns homens enfrentam essa situação em todas as relações sexuais. Você já


imaginou como é o relacionamento de uma pessoa assim?

A ejaculação precoce pode ser muito ruim para o relacionamento. Muitos ho-
mens sentem que não são homens o suficiente para satisfazer a pessoa com
quem eles estão se relacionando.

A(O) parceira(o) pode interpretar como se o homem fosse egoísta, ficando com
raiva ou frustrado.

Embora seja um problema muito importante, poucos homens pe-


dem ajuda. Há pesquisas mostrando que 80% dos homens que têm
EP não procuram auxílio médico, em sua maioria por conta de ver-
gonha ou por acharem que não há tratamento.

Boa parte dos profissionais de saúde também não está devidamente treinada
para lidar com o problema. Isso acaba por deixar esses pacientes ainda mais de-
sassistidos.

O estudo sobre a ejaculação precoce teve início muitos anos atras. Um autor
americano chamado Shapiro, mostrou uma prevalência de 1 para cada 1000 nor-
te-americanos em 1943.

Mas todos os estudos são difíceis de analisar, por conta dos critérios diagnósti-
cos. Como falar que um paciente tem ejaculação precoce?

Só em 2008 que a International Society for Sexual Medicine, estabeleceu os se-


guintes critérios:

45 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
1. Ejaculação que ocorre sempre ou quase sempre dentro do primeiro mi-
nuto após a penetração;

2. Inabilidade de controlar a ejaculação em todas ou quase todas as rela-


ções;

3. Comprometimento social, com estresse, ansiedade, problemas conju-


gais ou isolamento sexual.

Vejam que apenas o tempo não é suficiente para classificar a ejaculação preco-
ce. Precisamos também do contexto social!

Uma pergunta que fica: qual seria o tempo que a média de homens leva para
atingir o orgasmo? Você sabe? Segundo um estudo de 2005 de um autor cha-
mado Montorsi, o tempo médio dos homens foi algo em torno de 7 a 14 minutos.

46 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Lembrando que esses são dados de apenas um estudo que levou em conta as
populações dos Estados Unidos e parte da Europa, nenhum brasileiro foi estuda-
do. Mas já podemos ter uma ideia do valor que seria!

Agora, o que será que causa a ejaculação precoce? Será que é um problema in-
curável? Uma característica sua? Será que tem tratamento?

Existem várias teorias pra explicar o tema. No geral, na medicina, quando isso
acontece é porque nenhuma delas explica por completo um determinado pro-
blema.

Para ejaculação precoce, causas como distúrbios de ansiedade; hipersensibili-


dade peniana; disfunção do receptor da serotonina tentam justificar os sinto-
mas. Existe grande chance desse problema ter uma relação com tudo isso junto.

Agora, sem complicar muito as coisas, vamos falar um pouquinho


sobre como funcionam alguns dos mecanismos do nosso organis-
mo que ajudam a explicar como acontece a ejaculação. Aí a gente
consegue entender por que nós usamos alguns tipos de medica-
mentos voltados pra controlar esses sintomas

Quem dá a ordem para o pênis ejacular é o cérebro. Pra ele conseguir fazer isso
ele utiliza algumas partes do sistema nervoso que tem uns nomes complicados:
sistema nervoso simpático, parassimpático e somático.

Para as células do sistema nervoso se comunicarem, elas usam mensageiros


químicos que nós chamamos de neurotransmissores. São muitos tipos de neu-
rotransmissores! Mas um que interessa aqui para gente é um que se chama se-
rotonina

Para serotonina conseguir passar sua mensagem, ela se liga nos neurônios num
lugarzinho bem específico, que nós chamamos de receptor de serotonina. Quan-
to mais tempo a serotonina fica lá ativando esses receptores, mais intensa será
a mensagem para a célula vizinha.

47 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
O neurotransmissor mais estudado sobre esse assunto é a serotonina (5HT). Exis-
tem 14 tipos de receptores desse neurotransmissor, mas o que importa pra nós
aqui são os tipos 5HT-1A, 5HT-1B e 5HT-2C que estariam envolvidos no controle
ejaculatório.

O 5HT1A estaria relacionado ao estímulo e 5HT1B E 5HT2C ao atraso da ejacula-


ção. A serotonina é liberada por um neurônio para agir no neurônio seguinte.

Uma parte dessa serotonina é colocada de novo para dentro desse neurônio que a
liberou, fenômeno que chamamos de recaptação de serotonina.

Os tratamentos disponíveis para EP focam principalmente nesse mecanismo,


atrasando a recaptação de serotonina, fazendo com que ela atue por mais tempo
nos neurônios.

Então, falando de EP, seria interessante que tivéssemos medicamentos que atu-
am principalmente nos receptores 5HT1B e 5HT2C para que a ejaculação demore
a acontecer.

48 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Essa é a base que temos no tratamento medicamentoso. Mas será que esses
medicamentos ajudariam todos os homens? Será que só existe 1 tipo de ejacu-
lação precoce?…

Hoje sabemos que existem pelo menos 4 tipos. Vamos conferir então quais se-
riam esses tipos:

EP primária: Manifesta-se desde o início da atividade sexual, ocorrendo


na maior parte das relações, não tendo relação com um relacionamento
específico. É a ejaculação precoce do jovem, que pode durar a vida toda.

EP adquirida: Essa é a ejaculação precoce daquele homem que nunca


teve nenhum problema até chegar à idade adulta, ali por volta dos 50
anos. Que é quando as ereções podem estar mais difíceis. Acontece que
numa determinada relação ele não consegue a ereção. Aí já fica preocu-
pado... “será que tenho algum problema? o que será que ela(e) vai pensar
de mim?”.

Quando vai pra outra relação, já vem aquela pressão… “não posso falhar de novo”
... e nesse medo a ereção vai embora!!!

EP subjetiva: É quando o paciente não tem EP, mas acha que tem. Ele
tem uma relação de 15 minutos ou 10 minutos e acha que isso é ser pre-

Tudo bem querer prolongar o tempo de relação, mas são questões diferentes.

EP intermitente: É aquela em que a ejaculação precoce acontece uma


vez, depois não acontece mais. A pessoa fica bem por um tempo, mas
logo em seguida tudo volta de novo.

Então, quando vamos falar de tratamento, tudo isso importa. Nós definimos onde
o paciente se encaixa para então passar algum tratamento. E existem muitos tra-
tamentos, como técnicas comportamentais, medicamentos, terapia sexual. Va-
mos começar falando um pouco sobre os tratamentos comportamentais... o que
seria isso?

Os primeiros tratamentos comportamentais datam da década de 50 do século


passado. Como não existiam remédios para isso na época, foram os primeiros tra-
tamentos que surgiram. Teve um urologista, chamado James Semans, que come-
çou tudo.

49 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Cansado de ter pacientes com ejaculação precoce, começou a sugerir algumas
técnicas.

Ele sugeriu por exemplo a técnica:

Técnica Stop-Start: que é quando o homem, durante a relação, pára com


o movimento de vai-e-vem com o pênis introduzido. Isso ajuda a inibir
os impulsos e a liberação daqueles neurotransmissores que já falamos
antes.

Squeeze technique: consiste na(o) parceira(o) manter uma leve pressão


na região da glande ou freio balanoprepucial, que é aquela pelezinha que
os homens tem na parte de baixo da glande. Essa pressão é leve, sufi-
ciente para levar a atenção do homem para outra região. Também blo-
queia os estímulos para a ejaculação.

Técnica da respiração: onde o homem treina exercícios respiratórios pra


fazer durante a relação. Foca a atenção na respiração!

50 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Terapia Sexual: que é um trabalho complexo e que pode levar algum
tempo, onde o homem vai poder entender as raízes de sua ejaculação
precoce, os motivos que o levam a ejacular rápido. Um tratamento muito
útil no entendimento dos gatilhos que levam a ejaculação rápida.

Esses são alguns dos tratamentos comportamentais que temos.

Não poderia de deixar de falar também a respeito dos medicamentos. São um


grande aliado no cuidado do paciente com ejaculação precoce.

A grande maioria das opções disponíveis são os Inibidores da Recaptação da


Serotonina, a Clomipramina e os derivados de opioides (como o Tramadol).

As dosagens podem ser variáveis, indo desde o uso contínuo ou uso sob deman-
da, que seria somente quando for ter alguma relação.

Existem os spray e cremes com anestésicos locais que são aplica-


dos antes da relação. Eles diminuem a sensibilidade do pênis, fazen-
do com que a ereção dure mais tempo, porque os estímulos são blo-
queados em sua intensidade.

É bom saber também que alguns sprays ou cremes podem diminuir também a
sensibilidade da mulher. Portanto, siga exatamente as orientações do seu médi-
co ou do fornecedor.

Nos homens mais experientes é sempre bom saber se o que está por trás da
ejaculação precoce é um problema de ereção. Se o problema for esse, existem
medicamentos para melhorar a ereção e com isso aumentar a confiança na hora
de uma relação.

De tudo que falamos aqui, o que eu gostaria que vocês levassem é que a ejacu-
lação precoce não precisa ser temida pelos homens e, se você tem o problema,
procure seu médico e saiba das opções que você pode utilizar.

Os tratamentos são todos individualizados, cada paciente deve receber um tra-


tamento por aquilo que sente.

51 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
QUANTO TEMPO VOCÊ DEVERIA
AGUENTAR ANTES DE EJACULAR?

A ejaculação ocorre no clímax de uma relação sexual, geralmente junto com o


orgasmo. Agora, quanto tempo você deveria aguentar antes de ejacular?

Muitos homens se perguntam quanto tempo deveria durar uma relação sexual.
E ficam preocupados se estão na mesma média que os outros homens, como se
fosse uma competição.

Ficam preocupados também se estão satisfazendo a pessoa com quem estão


se relacionando. É uma coisa difícil de saber também, não é? Difícil até pra per-
guntar pra outras pessoas sobre o assunto.

52 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Ao mesmo tempo, com o acesso cada vez mais difundido da pornografia, onde
os filmes tem duração longa, fica aquela ideia de que os homens ejaculam após
um grande período de penetração. Mas será que é assim mesmo?

Esses dados todos que a gente vai comentar dizem respeito ao tempo da pene-
tração, que é um parâmetro mais objetivo para analisar.

Vou citar aqui um dos poucos estudos sobre o assunto, publicado no


ano de 2005 sobre o tema. Esse estudo foi publicado numa das re-
vistas mais importantes sobre o assunto, que é o Journal of Sexual
Medicine¹.

Nesse estudo foram avaliados 500 casais heterossexuais de 5 países diferen-


tes, que eram maiores de idade e que tinham pelo menos 6 meses de relaciona-
mento estável.

Os casais foram acompanhados por 4 semanas e anotaram o IELT, que é o parâ-


metro mais correto para se avaliar o tempo de ejaculação. IELT é uma sigla em
inglês que pode ser traduzida como tempo de latência ejaculatória intravaginal,
basicamente seria o tempo que se leva para ejacular após a penetração.

Você pode estar se perguntando: como que eles anotaram esse tempo? E é des-
se jeito mesmo que você está pensando. Logo após terminar a relação, eles iam
até o relógio e anotavam o tempo que tinha durado a penetração até a ejacula-
ção.

Estranho, não é? Mas em medicina sexual muitas pesquisas são feitas dessa for-
ma mesmo.

Então vamos lá para os resultados desse curioso estudo. O tempo médio de pe-
netração vaginal foi de 5.4 minutos, considerando todos os países. E um detalhe
importante, quanto maior era a idade do paciente, menor foi o tempo de latência.

1
Artigo utilizado: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16422843/

53 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
Na faixa etária entre 18 e 30 anos, o tempo foi de 6,5 minutos, já na faixa acima de
51 anos o tempo foi de 4.3 minutos.

Outro ponto analisado pelo estudo também foi a relação entre uso de preservati-
vo e a circuncisão com o tempo de ejaculação. Por esse estudo não foi encontrada
nenhuma relação entre esses dois fatores e o tempo de relação, ou seja, não afe-
taram em nada.

Garanto que a maioria de vocês deve estar pensando assim: “mas Felipe, só isso?
Eu imaginava que a maioria dos homens ejaculava em bem mais tempo!” Pois é,
veja só como é o imaginário e o que a propaganda faz com nossa cabeça.

Esse tempo é considerado normal e esperado. E veja, esses casais são da vida real,
em situações do cotidiano, levando uma vida igual a minha e a sua.

Queria falar de uma coisa muito importante quando se fala em ter-


mos de tempo de relação ou de penetração. Vocês já devem ter es-
cutado muito isso, mas não custa relembrar. O tempo é apenas um
fator dentro dos vários que envolvem uma relação.

Além disso, quando falamos de relação sexual, existem outros fatores além da pe-
netração que também são importantes para a satisfação de ambos.

Mais importante que isso é se as duas pessoas estão felizes com a vida sexual que
estão levando. Não existe uma regra, cada casal deve conversar sobre o assunto e
chegar a uma conclusão que é muito individual.

Por outro lado, há pacientes que sofrem com a ejaculação precoce, podendo atra-
palhar e muito o relacionamento.

54 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
11 PRIAPISMO: A
EREÇÃO QUE DURA
MUITO TEMPO

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Chamamos de priapismo quando a ereção dura mais do que 4h contínuas. Você
sabia que essa ereção duradoura pode trazer consequências irreversíveis para a
sua potência?

Um pensamento muito comum dos homens é querer que as ereções durem o má-
ximo de tempo possível. Alguns preferem até que, mesmo após o orgasmo, man-
tenham o pênis duro pra continuar uma próxima relação.

Só que esse desejo pode se tornar um verdadeiro pesadelo pra alguns homens.
Acontece quando as ereções duram mais de 4 horas contínuas. Além da ereção,
um detalhe que chama bastante atenção é a dor no pênis.

Essa situação é conhecida como priapismo.

O priapismo tem esse nome, com inspiração no Deus grego chamado Priapus, que
é o Deus da Fertilidade. Ele era filho de Afrodite, a deusa do amor, e era conhecido
por ter um pênis grande e que ficava ereto o tempo inteiro.

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A incidência do priapismo é de 1 para cada 100.000 homens.

Existem muitas causas para o priapismo, como medicamentos (antipsicóticos e


injeção intracavernosa), uso de drogas, algumas doenças, como anemia falcifor-
me, e alguns tipos de câncer.

E existem também dois tipos de priapismo, o de alto fluxo e o de baixo fluxo. Aqui
nós vamos comentar sobre o de baixo fluxo, que é o mais comum, responsável por
95% dos casos.

Qual seria o mecanismo do priapismo de baixo fluxo então?

O que ocorre é a parada da circulação na região peniana. Há então um grande fluxo


sanguíneo para o pênis, que promove a ereção, sem que esse sangue consiga sair
de lá. E qual é o problema do priapismo?

A ereção, quando ultrapassa o limite de 4 horas, começa a danificar


as delicadas estruturas que geram a chegada de sangue ao pênis,
podendo causar a isquemia, ou seja, a morte de células importan-
tíssimas para a ereção. Com o passar do tempo, os tecidos sofrem
com a falta de oxigênio e ficam danificados permanentemente.

Em 12 horas ocorre o dano à parte interna dos vasos que promovem a ereção.
Com 48 horas começam a aparecer os trombos (coágulos) e a necrose (morte)
desses tecidos. Por isso, caso aconteça de aparecer uma ereção muito prolonga-
da e dolorosa, você deve procurar imediatamente o hospital!

Existem algumas técnicas que usamos para fazer com que a ereção vá embora.

As mais comuns de serem feitas são a drenagem, a lavagem dos corpos caverno-
sos e a aplicação de medicações vasoconstritoras. A primeira técnica nada mais
é do que a punção peniana, na parte lateral, com aspiração do sangue preso. Por
vezes isso já é o suficiente.

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No entanto, há casos em que temos que lavar de fato a parte interna do pênis,
com soro fisiológico. Em outros casos, temos a necessidade de aplicação de uma
medicação vasoconstritora no pênis, que promove a diminuição da chegada de
sangue.

Na maior parte das vezes esses procedimentos são eficazes na resolução do pria-
pismo. No entanto, em alguns pacientes, mesmo fazendo tudo isso, a ereção in-
siste em continuar. Nesses casos, está indicada a drenagem da região peniana no
centro cirúrgico. São técnicas mais agressivas, mas que possibilitam uma drena-
gem mais significativa.

Uma informação muito importante é que quanto mais tempo o pênis fica ereto,
mais difícil é conseguir que ele volte ao normal. Por isso, ao perceber que a ereção
está durando mais do que o normal, procure seu urologista ou vá para o hospital
pra ser avaliado o quanto antes.

Resumindo bem, pessoal, o priapismo é uma condição não muito frequente, mas
que pode acontecer com qualquer homem. Fique ligado aos sinais agora que você
já sabe o que é e o que fazer!

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12 DISFUNÇÃO ERÉTIL
(IMPOTÊNCIA
SEXUAL)

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A disfunção erétil é uma condição comum na população masculina, havendo es-
tudos que demonstram uma prevalência superior a 50% na população acima
dos 40 anos. Dizemos que há disfunção erétil quando o homem é incapaz de
conseguir ou de manter uma ereção durante uma relação sexual.

A sexualidade é de extrema importância para o homem, tendo repercussão em


sua saúde mental, nos relacionamentos e em sua qualidade de vida.

Ao mesmo tempo, há certa dificuldade em procurar auxílio médico especializa-


do, seja em função da escassez de profissionais, seja por conta do alto custo do
sistema de saúde brasileiro, ou até mesmo por vergonha em se consultar. Este
último motivo é bem frequente, afinal o homem tem uma ideia de que a ereção é
uma obrigação, é como se perdesse parte de sua dignidade.

60 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
COMO DESCOBRIMOS A CAUSA DA
DISFUNÇÃO ERÉTIL?

Muitos homens com problemas de ereção têm dúvidas sobre a causa dessa
disfunção erétil, da impotência. As causas mais comuns da disfunção erétil são
problemas relacionados a doenças pré-existentes, bem como o estilo de vida de
cada homem.

Outra questão importante é que as ereções começam naturalmente a ficar mais


difíceis após os 40 / 50 anos de idade.

Doenças como a pressão alta, diabetes e obesidade são alguns exemplos. Ou-
tros hábitos ruins que têm bastante relação com a impotência são o tabagismo,
etilismo, uso de drogas e o sedentarismo.

61 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
O fato é que para alguns casos esses fatores não estão tão evidentes, e há casos
em que a disfunção erétil não pode ser atribuída a uma causa tão clara. Para esses
casos existem exames que podem ajudar no diagnóstico.

Vamos nos ater aqui, pessoal, aos exames que são feitos com mais frequência,
ok? Exames menos frequentes de serem pedidos, não vou abordar aqui (caverno-
sometria e o teste de tumescência peniana, que são pedidos com menos frequ-
ência). Queria comentar com vocês sobre dois exames simples e frequentemente
pedidos para avaliação da disfunção erétil.

O primeiro e mais simples desses exames que eu gostaria de falar


é o Teste de Ereção. Esse teste consiste na aplicação de uma medi-
cação que estimula a ereção na região do pênis para avaliar o resul-
tado.

Quando obtemos um resultado satisfatório, implica em dizer que a parte estru-


tural do pênis está funcionando muito bem. Ou seja, o pênis recebeu o estímulo
e conseguiu reagir. Exemplos que podem explicar esse caso são: causas psicoló-
gicas (estresse e ansiedade) e após o tratamento do câncer de próstata, quando
há lesão da inervação responsável por liberar os fatores que promovem a ereção.

Agora quando não temos a ereção, pode significar que haja algum problema rela-
cionado à parte da circulação peniana. Alguma obstrução arterial ou o que chama-
mos de fuga venosa, que vou comentar mais pra frente.

Outro exame que temos disponível é o ultrassom doppler do pênis com ereção
fármaco-induzida. O que é isso? Basicamente seria o teste de ereção, com a utili-
zação do ultrassom.

Nesse exame podemos avaliar como está a vascularização do pênis, assim como
as estruturas que o compõem. É possível identificar calcificações, medir o tama-
nho real do pênis, avaliar deformidades, etc.

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Podemos diagnosticar obstruções nas artérias cavernosas, que trazem o san-
gue para o pênis, assim como a fuga venosa, que seria a incapacidade do pênis
em manter o sangue em seu interior.

Um detalhe importante e que pode afetar o desempenho desses exames é a


parte psicológica. A situação do exame pode deixar o paciente constrangido e
com isso inibir as ereções.

Em alguns casos há quem defenda o uso associado de estimulação visual. Que


basicamente seria deixar o paciente à vontade, com acesso a algum vídeo eróti-
co e com liberdade para se manipular e se masturbar, sem - é claro - que chegue
ao orgasmo.

Particularmente prefiro o exame com estimulação visual. Na prática, vejo que há


melhores resultados quando comparamos os dois modos.

De uma forma geral, a avaliação e o tratamento da disfunção erétil é bem com-


plexo e deve ser individualizado. Tudo começa com uma boa conversa, onde o
foco é entender onde mora o seu problema. Que caminho você percorreu até
chegar à situação atual.

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TRATAMENTOS DISPONÍVEIS

Para o tratamento da disfunção erétil existem muitas opções hoje em dia. Des-
de o advento dos inibidores da 5 fosfodiesterase, como o Viagra® e a tadalafila,
muitas opções surgiram. Opções como as injeções intracavernosas, medica-
ções uretrais, bomba a vácuo e a prótese peniana são amplamente disponíveis e
utilizadas por muitos pacientes.

Precisamos entender que para a ereção acontecer é preciso que se tenha fluxo
sanguíneo para o pênis. Com o passar dos anos, e dependendo do estilo de vida
de cada um, podemos ter uma redução desse fluxo sanguíneo, o que prejudica a
ereção.

Falando sobre os medicamentos, a maioria atua no relaxamento da musculatura


peniana, aumentando também a liberação de algumas substâncias que aumen-
tam a chegada de sangue ao pênis.

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Existem algumas formulações disponíveis. As mais comuns são de 5 e 20 mg.
A de 5mg é de uso diário e mantem os níveis do medicamento constantes no
sangue. Já a formulação de 20mg deve ser usada em torno de 2 a 3 h antes das
relações.

É sempre bom lembrar que essas medicações são prescritas após avaliação mé-
dica, sempre avaliando os riscos e benefícios.

E quando as medicações não funcionam?

Existem casos em que as medicações prescritas não surtem os efeitos deseja-


dos. Isso acontece porque quando há mais fatores envolvidos na disfunção eré-
til, como cirurgias, tabagismo de longa data e doenças como diabetes, a ereção
pode ser comprometida gravemente, requerendo outras terapias.

Nesses casos, um dos tratamentos disponíveis é a prótese peniana. “Mas Felipe,


como assim prótese peniana?”

Vou tentar ser o mais breve e objetivo possível, ok?

A prótese peniana, seja ela inflável ou semi-rígida, é uma estrutura


que faz as vezes dos corpos cavernosos do pênis. Elas ocupam o es-
paço que antes era preenchido por sangue, mantendo o pênis ereto.

Mas e a sensibilidade e o prazer? São afetados?

Não! Tanto a sensibilidade quanto o prazer são mantidos com o uso da prótese
peniana. É claro que existe uma fase adaptação ao uso da prótese, mas conse-
gue-se manter as relações e as sensações da mesma forma que anteriormente.

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13 4 DICAS PARA
MELHORAR SEU
DESEMPENHO
SEXUAL

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PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS:

A prática de exercícios físicos tem impacto direto na função erétil. Além de ser
responsável pela liberação de diversos hormônios que produzem um estado de
felicidade, a atividade física também promove redução dos níveis de colesterol,
triglicérides e açúcares no sangue.

Sabe-se que o depósito de gordura nos vasos sanguíneos ocorre de maneira


sistêmica, ou seja, em todo organismo. Da mesma maneira que há depósito nas
artérias do coração (as coronárias), há também o entupimento nas artérias que
levam o sangue à região peniana. Com isso, há dificuldade de enchimento penia-
no e, consequentemente, de ereção.

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Portanto, recomenda-se a prática de exercícios físicos, sendo algo em torno de
150 minutos por semana. Pode-se dividir em algumas formas: 30 minutos 5x na
semana ou 50 minutos 3x na semana.

A atividade ideal depende de cada um. Pode ser uma caminhada mais rápida,
uma corrida, andar de bicicleta, enfim, cada um escolhe aquilo que gosta.

CULTIVE HÁBITOS DE VIDA SAUDÁVEIS:

Outra medida importante é cuidar dos hábitos de vida, e isso inclui: alimentação
adequada; evitar os exageros com o álcool; parar com o tabagismo; não consumir
drogas. Há certos alimentos que prejudicam nosso organismo. Com a correria do
nosso dia-a-dia, é comum consumirmos alimentos de fácil preparo, porém, estes
nem sempre são os mais saudáveis. Alimentos embutidos e enlatados possuem
aditivos, conservantes, corantes e altas concentrações de sódio. Portanto, de-
vem ser evitados.

68 A S AÚ D E Q U E TO D O HO M E M D EVE R IA LER
O tabagismo é extremamente prejudicial às ereções. Inclusive aqui vai um alerta
que nem todo mundo sabe. Antes de acometer o coração, o cigarro acomete a
região genital.

Traduzindo, antes de manifestar sintomas de doença cardíaca, os pacientes de-


monstram disfunção erétil, sendo um indicativo de que pode haver também o
entupimento parcial das artérias do coração.

Assim como o cigarro, o álcool e outras drogas também prejudicam as ereções.

Você já ouviu histórias de alguém que não conseguiu ter uma ereção (“brochou”)
em um momento de embriaguez? Pois é, o álcool prejudica os mecanismos que
promovem a ereção.

MASTURBAÇÃO É SAUDÁVEL:
Muitos homens ficam em dúvida se a masturbação é algo saudável e se ela po-
deria contribuir para a disfunção erétil.

A resposta é não!

A masturbação é algo natural e deve ser praticada. É claro que há


excessos. Existem homens que se masturbam com alta frequência,
e que acabam por perder o desejo no próprio relacionamento. Não
há um limite máximo de vezes ao dia ou na semana indicado por es-
tudos, deve-se ter a sensibilidade de identificar aquilo que é saudá-
vel para cada um.

Deve-se ter o cuidado também com o consumo de conteúdo pornográfico, pois


a idealização do que é visto pode gerar expectativas que não ocorrem na vida
real. De qualquer modo, a masturbação desempenha um papel importante na
vida dos homens.

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CUIDAR DA MENTE E DO RELACIONAMENTO:

Deixei por último este tópico por notar que grande parte dos pacientes apresen-
tam queixas relacionadas a essa questão!

Nossa vida está cada dia mais corrida, coberta por informações a todo tempo.
Somos pressionados a atingir objetivos que às vezes nunca desejamos, o que
pode gerar estresse e ansiedade. Já ouviu dizer que a ansiedade é o mal do sé-
culo?

Pois é, distúrbios mentais como a depressão e os mencionados acima contri-


buem sobremaneira para o desenvolvimento de disfunção sexual. A relação se-
xual é um reflexo do que é nossa vida pessoal. Não conseguimos aproveitar o
momento se na hora “H” surgem preocupações, estresse e sentimentos como
culpa, medo, insegurança e tristeza.

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O que fazer então para que isso não nos atrapalhe?

Há casos em que a ajuda de um profissional é necessária, como por exemplo


psiquiatras ou psicólogos. No entanto, visando diminuir as chances de ter esses
problemas, precisamos estar sempre atentos às respostas de nosso corpo. Mui-
tas vezes o que sentimos pode ser:

irritabilidade fácil

alteração de humor (de um momento para o outro surge um aperto no


peito, uma vontade de chorar)

brigas conjugais por problemas pequenos

baixo interesse em realizar atividades que se gosta

insônia

distúrbios alimentares

E afinal, o que podemos fazer para lidar com essa situação?

Primeiro ponto: saber identificar que algo não está normal;

Segundo ponto: identificar as razões pra que isso esteja acontecendo


(isso depende da vida de cada um).

Após esse início, o ideal seria trazer para sua realidade estratégias para lidar com
a situação da melhor maneira possível.

Outro ponto de extrema importância é TRAZER A PESSOA QUE ESTÁ CONTIGO


para junto de você. Explicar que algo não anda bem e que você precisa de ajuda.

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Muitas vezes tentamos lidar com os problemas sozinhos, e isso é um fardo que é
melhor ser carregado em dois. Não menospreze a ajuda que você pode receber!

Há diversas outras técnicas que podem ajudar a lidar com o estresse, como por
exemplo o Mindfullness. Trata-se de uma técnica de respiração e foco que auxi-
lia na autopercepção e controle das emoções.

Há no YouTube diversos canais com o tema, que oferecem conteúdo gratuito!


Aproveite para conhecer!

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CONCLUSÃO

Bom, se você chegou até aqui lendo e se interessando por sua saúde, meus Pa-
rabéns! Meu intuito neste livro não é definitivamente esgotar o assunto, mas te
instigar a buscar mais conteúdos sobre o seu corpo e sua saúde.

Que este livro sirva para te impulsionar a querer uma vida com mais saúde e
bem-estar. Cuide de seu bem mais precioso e que não tem volta.

Como dissemos lá no início, nossa ideia é mudar o paradigma da saúde do ho-


mem em nosso país. Este é apenas o início de muitas ideias que temos em men-
te para atingir a população masculina.

HOMEM! NÃO DEIXE SUA SAÚDE DE LADO. CURTA A VIDA EM SUA


PLENITUDE!

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NOTA SOBRE O AUTOR

Dr. Felipe Vasconcelos é médico urologista, com atuação na área de andrologia.


É responsável pelo setor de andrologia da Clínica Reproferty e Clínica Lattere,
em São José dos Campos, e responsável Técnico da Testo - Saúde Masculina.

Formação Acadêmica:

• Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar

• Residência em Cirurgia Geral e Urologia no Hospital do Servidor Público Es-


tadual - HSPE

• Título de especialista em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia

• Membro da Confederação Americana de Urologia - CAU;

• Membro da Associação Europeia de Urologia (EAU);

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