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A Menina que contava histórias! Teatro infantil.

SINOPSE
Uma menina muito criativa conta histórias para adultos, idosos e crianças, uma das suas
histórias coincide com a realidade vivida por um idoso e ela se torna admirada por
todos. Sendo incentivada a escrever um livro. O texto é cheio de musicalidade e
movimentos coreográficos construídos a partir da história contada pela menina.

PERSNONAGENS
Tina
Baby
Tuca
Enrico
Vovó Maria
Seu Bernô

PRÓLOGO – A CANÇÃO MAIS LINDA PARA VOVÓ MARIA


Tina, Tuca, Enrico e Baby entram cantando, carregam uma colcha de retalhos colorida e
estendem no chão.
Minha gente cantar junto
Pra Vovó Maria voltar
Ela foi fazer uns doces
Mas o açúcar vai queimar
Se ela não vier correndo
A história vai acabar
E o velho irritado
Vem aqui nos açoitar... (Sentam-se sobre a colcha)

Bernô – Vocês já vão começar essa brincadeira chata de contar histórias? Fora da gente
da minha casa, aqui não é lugar de contação de histórias... E você, dona Tina, vou
conversar com a sua avó Maria... você está muito desobediente! Onde já se viu, uma
cantoria uma hora dessas acordando todo mundo! Fora daqui! (Açoita as crianças com
uma bengala)
Baby – Corre, corre, seu Bernô vai bater na gente! (Congelam com a colcha nas mãos)
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CENA I – OS DOCES DA VOVÓ

Maria – (Com uma bandeja de doces) Crianças, a vovó Maria chegou, aqui estão os
quindins da vovó! Ah crianças vocês estão brincando de voar? Já sei, é uma prenda pra
vovó Maria adivinhar... Estão estendendo a colcha de retalhos? Ah já chega dessa
brincadeira, venha Tina, você precisa distribuir os docinhos com os seus amiguinhos...
O que é, vão ficar assim parados por quanto tempo? Vou falar o nome de um por um e
essa brincadeira vai acabar, está certo? Tina, Baby, Enrico e Tuca! (Descongelam)
Tina – Poxa vovó Maria, a senhora demorou de falar a senha!
Maria – Que senha minha netinha?
Tina – Eu já expliquei pra senhora que no mundo mágico das estórias encantadas
quando as crianças congelam elas só voltam ao movimento se uma pessoa mais velha
falar o nome de todo mundo! Esqueceu?
Maria – Eu pensava que era uma brincadeira...
Baby – Está tudo certo dona Maria, eu estou louca para comer um docinho, posso
pegar?
Tina – Nada disso Baby, nós combinamos que iríamos contar estórias e depois lanchar...
Tuca – Eu não concordo com essa regra!
Baby – Tuca, eu também não concordo e você Enrico?
Enrico – Vamos fazer uma votação! Quem concorda em comer pelo menos um docinho
agora e contar histórias depois?
Maria, Enrico, Baby e Tuca – Eu concordo!
Tina – Até a senhora, não é vovó Maria?
Maria – É que os meus doces são muito gostosos, se deixar pra depois não vai ter graça
e aqui tem uma quantidade grande...
Tuca – Isso mesmo, os doces da sua avó são os melhores dessa região!
Enrico – Podemos pegar um?
Maria – Tá faltando alguma coisa...
Tina – Esqueceram que devemos lavar as mãos?
Baby – Vamos! (Saem correndo)
Bernô – Cadê as crianças?
Maria – Foram lavar as mãos para comerem os doces que eu preparei...
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Bernô – A senhora é uma mulher caprichosa, não é dona Maria? Os seus doces são
muito famosos em toda a região...
Maria – O povo diz, mas eu sou apenas uma velha cozinheira...
Bernô – E por sinal, a melhor doceira dessas terras...
Maria – O senhor quer provar um quindim?
Tina, Enrico, Tuca e Baby – Não! Ele não pode comer doces!
Bernô – Mas eu não sou diabético...
Tina – O senhor nos expulsou da frente da sua casa...
Enrico – Seu Bernô não gosta de crianças...
Tuca – O senhor tratou a gente muito mal e nos atiçou para o congelamento...
Baby – Quem não gosta de crianças não pode gostar dos doces das crianças...
Bernô – Mas os doces são de dona Maria...
Maria – Os doces são das crianças! Eu não sabia dessa história...
Bernô – Eu explico tudo dona Maria! Eu estava cansado, com dor de cabeça, me
sentindo febril... as crianças chegaram cantando alto e...
Tina – Pois bem, seu Bernô, pode voltar pra sua casa, talvez a dor de cabeça e a febre
passe, quem está com dor de cabeça tem que evitar doces!
Maria – A minha neta está certa, o doce pode aumentar a sua dor de cabeça, passar bem
seu Bernô! (Bernô sai resmungando)
Tuca – Obrigado dona Maria por ter ficado do nosso lado!
Maria – Olhe Tuca, na verdade, eu fiquei do lado daquilo que é certo, nunca pergunto
quem está certo, mas sempre, o que é o certo! Podem pegar um docinho...

CENA II – A HISTÓRIA DA MENINA QUE SE PERDEU E VIROU BORBOLETA


Baby – Senta dona Maria, Tina vai contar a história da menina que se perdeu e virou
borboleta...
Maria – Que história é essa minha netinha, você nunca me contou...
Tina – Então escuta vovó Maria! Vamos fazer o barulho do vento? (Barulho ritmado e
coreografia)
Todos – Vamos!
Tina – Então fiquem de pés...
Zum, parará, zum parará, zum parará...
Todos - Zum, parará, zum parará, zum parará...
Tina – Rasp, rasp, rasp ti bum, rasp ti bum, rasp ti bum, rasp ti bum...
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Todos - Rasp, rasp, rasp ti bum, rasp ti bum, rasp ti bum, rasp ti bum...
Tina – Trololó tantan, trololó tantan, trololó tantan, trololó tantan, trololó tantan...
Todos - Trololó tantan, trololó tantan, trololó tantan, trololó tantan, trololó tantan...
Tina – Panstupim, panstupim, panstupim, panstupim, panstupim, pim, pim, pim...
Todos - Panstupim, panstupim, panstupim, panstupim, panstupim, pim, pim, pim...
Maria – Cadê a história? Eu já estou ficando cansada...
Tina – É o barulho e a dança do vento na floresta, vovó Maria... podem sentar-se!
Baby – Eu adorei o barulho e a dança do vento...
Tuca – É muito maneiro, não dá vontade de parar...
Enrico – Se seu Bernô fizesse uma dança dessa aí que ele não ia aguentar mesmo...
Tina – Nós não devemos desfazer das pessoas, todos nós temos as nossas limitações!
Enrico – Desculpa aí pessoal...
Baby – Vai Tina e depois do barulho do vento?
Tina – Era uma vez, uma menina muito linda, muito linda mesmo! O nome dela era
Dandara, ela tinha o cabelo crespo, sabe desses blacks que parecem uma coroa? Era
assim! Dandara adorava cantar, ela tinha oito anos, um dia ela saiu com a sua mãe para
fazer compras na feira...
Enrico – Como era o nome da mãe dela?
Tina – Maria Domingas, as duas eram muito lindas...
Tuca – Elas foram comprar o quê?
Tina – Frutas, verduras e legumes...
Baby – E Dandara gostava de verduras?
Tina – Dandara gostava de tudo, porque ela sabia a importância das frutas, verduras e
legumes para a sua saúde!
Maria – Se vocês ficarem perguntando a toda hora, Tina não vai terminar de contar a
história...
Tina – É assim mesmo vovó Maria, as crianças são muito curiosas e gostam de fazer
perguntas!
Baby – Dandara estudava?
Tina – Sim, era uma ótima aluna e gostava muito de ler...
Maria – E o que aconteceu com ela?
Tina – Quando ela estava na feira, apareceu uma linda borboleta colorida, Dandara
ficou encantada, soltou a mão da sua mãe e foi seguindo a borboleta colorida, sem
perceber ela foi cantando e se afastando da feira... a canção era assim: Vem, vem, vem
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minha borboletinha, vem, vem, para brincar, tão lindas suas asinhas, você pode até me
levar... Vem, vem, vem minha borboletinha, vem, vem, para brincar, tão lindas suas
asinhas, você pode até me levar! Quando Dandara deu por si, já estava dentro de uma
linda floresta cheia de flores....
Tuca – Ela não teve medo?
Tina – Não! Porque ela estava muito encantada com aquela borboleta colorida que
sorria sempre pra ela...
Enrico – E borboleta sorri?
Tina – Na estória tudo é possível! Depende da imaginação das pessoas!
Maria – Eu não estou gostando porque Maria Domingas, a mãe de Dandara deve ter
ficado muito triste...
Tina – Ela ficou muito preocupada, vovozinha, mas ela começou a procurar na feira, nas
ruas, nos mercados e nada de encontrar Dandara, aí ela lembrou que viu Dandara
brincando com uma borboleta colorida e ela correu até a floresta....
Baby – A mãe de Dandara era muito inteligente, não é Tina?
Tina – Bota inteligente nisso, ela deixou as compras em um lugar seguro e correu para a
floresta das flores...
Maria – Conta logo Tina, eu já estou ficando aflita...
Tina – Quando Dandara e a borboletinha colorida estavam brincando apareceu um
dragão azul...
Tuca – A minha mãe disse que dragões não existem!
Baby – Nas estórias tudo pode existir, não é Tina?
Tina – Quando o dragão correu atrás de Dandara, a borboletinha derramou um pozinho
brilhante, parecendo purpurina, aí Dandara se transformou em uma linda borboleta e
começou a voar, voar, voar bem rápido até chegar no refúgio das borboletas onde
nenhum animal poderia entrar, nem dragões...
Tuca – O Dragão expeliu fogo?
Enrico – Dragões não existem, meu querido Tuca!
Baby – Parem de brigar, se existem ou não, essa é uma história muito linda, conta Tina!
Maria – O Dragão pegou Dandara?
Tina – Não! Ele chocou-se contra uma árvore e ficou desmaiado, dona Domingas
quando viu aquele dragão enorme tomou um susto e gritou: Dandara! Vamos lá, gritem
comigo: Dandaraaaaaaa...
Maria – Corre Dandara a sua mãe está te procurando, saia logo desse lugar...
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Tina – Calma vovozinha! A borboleta colorida chamou Dandara e as duas voaram até
dona Domingas, quando ela viu aquela linda borboleta reconheceu imediatamente a sua
filha e começou a cantar a música para quebrar o encanto, vamos cantem comigo: Oh
Dandara do meu coração, venha comigo dai-me a sua mão, vamos sair e andar por aí
sem se assustar sem medo do dragão, vamos sair e andar por aí sem se assustar sem
medo do dragão... Aí Dandara voltou a ser uma linda menina, as duas se abraçaram e
foram embora para casa!
Maria – Faltou você dizer que elas foram felizes para sempre...
CENA III – CONTO DE FADA OU REALIDADE?
Bernô – Ela não pode dizer que foram viver felizes para sempre!
Todos – Seu Bernô? O senhor ouviu a história todinha?
Bernô – Sim, eu ouvi tudo e vejo que Tina é uma menina muito poderosa!
Maria – Poderosa por que, seu Bernô?
Bernô – Se ela quiser, eu posso terminar de contar essa história, ela aconteceu comigo!
Tuca – Como assim, eu não estou entendendo nada!
Enrico – O senhor quer dizer que Tina roubou a sua história?
Baby – Ou o senhor está querendo dizer que Tina não sabe contar história?
Maria – Olhe aqui, seu Bernô, o senhor respeite a minha neta, ela...
Tina – Calma gente, desse seu Bernô falar!
Bernô – Era uma vez, uma menina Chamada Maria Domingas, ela era uma princesa da
Guiné Bissau e veio para o Brasil com o seu avô, um grande guerreiro africano chamado
Bernardino, quando eles chegaram no Brasil o guerreiro tratou de esconder a sua neta
em uma mata fechada e ele entregou a menina aos cuidados de uma borboleta azul, a
borboleta cuidou daquela princesinha como se fosse sua cria, mas um dia, o guerreiro
Bernardino teve que fugir para um quilombo e ficou muito distante da sua netinha, mas
a borboleta azul criou Maria Domingas e a levou até o quilombo, sendo perseguidas por
homens fortemente armados...
Baby – Essa história é muito parecida com a de Tina!
Tina – Eu já sei, Dandara é a bisneta do guerreiro Bernardino, é isso?
Bernô – É isso! E o guerreiro Bernardino sou eu!
Todos – Meu Deus!
Maria – Como as histórias se encontraram?
Bernô – A sua neta é uma menina dotada de muita sensibilidade, por isso a cidade toda
sabe que ela é a menina que conta histórias! As melhores histórias!
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Tina – Meu Deus! Seu Bernô é o guerreiro avô de Maria Domingas que é a mãe de
Dandara, uau!
Tuca – Tina, você precisa escrever um livro...
Enrico – Boa ideia, Tuca! Poderia ser A menina que contava histórias!
Maria – A minha netinha vai ficar muito famosa!
Tina – Eu posso terminar a história?
Baby – Não acabou?
Tina – Não, falta dizer que assim que Dandara chegou em casa, ela pediu para a mamãe
fazer uns quindins porque ela adorava muito, muito, muito mesmo!
Tuca – E a mãe de Dandara fez os doces?
Maria – Isso é truque, vocês combinaram o fim dessa história pra todo mundo comer os
meus quindins...
Bernô – Menos eu, porque idoso não pode!
Tina – Agora pode seu Bernô! (Comem e dançam coreografando a música de Ary
Barroso, Os Quindins de Iaiá)
Os Quindins de Iaiá
Os quindins de Iaiá
Cumé, cumé, cumé?
Os quindins de Iaiá
Cumé, cumé, cumé?
Os quindins de Iaiá
Cumé?
Cumé que faz chorar
Os zóinho de Iaiá
Cumé, cumé, cumé?
Os zóinho de Iaiá
Cumé, cumé, cumé?
Os zóinho de Iaiá
Cumé?
Cumé que faz penar
O jeitão de Iaiá
Me dá, me dá
Uma dor
Me dá, me dá
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Que não sei


Se é, se é
Se é ou não amor
Só sei que Iaiá tem umas coisas
Que as outras mulher não tem
O que é?
Os quindins de Iaiá
Os quindins de Iaiá
Os quindins de Iaiá
Os quindins de Iaiá
Tem tanta coisa de valor
Nesse mundo de Nosso Senhor
Tem a flor da meia-noite
Escondida no terreiro
Tem música e beleza
Na voz do boiadeiro
A prata da lua cheia
No leque dos coqueiros
O sorriso das crianças
A toada dos vaqueiros
Mas juro por Virgem Maria
Que nada disso pode matar...
O quê?
Os quindins de Iaiá

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