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Mãe eu te amo

Os filhos esqueceram que era dia das mães. Esta é uma descontraída encenação de uma
situação comum, os filhos ligados nas suas atividades e a mãe mantendo a ordem e a limpeza
da casa. Os filhos lembram (atrasados) da data comemorativa e prestam uma homenagem à
personagem principal (a mãe).

(PASSA UMA JOVEM SENHORA DE VASSOURA, AVENTAL E LENÇO NA CABEÇA -


CANTAROLANDO E VARRENDO - SENTE DORES NAS COSTAS).

DONANA: Quanto mais a gente limpa mais sujeira aparece! Quem é dona de casa entende
perfeitamente o que eu digo. Bem, se for uma dona de casa prendada como eu! E olha que eu
deixo essa casa brilhando, sem precisar jogar sujeira pra debaixo do tapete. (olha tímida a
igreja, como se estivesse sendo filmada) É que sou limpinha! Eu me chamo Ana, mas pra todo
mundo da redondeza é Donana. (mexendo nas unhas) Espia só! Se tiver precisando assim... de
uma faxina, uma limpadinha na sua casa, não se acanhe não, tá? Pode falar comigo que eu
ensino direitinho o caminho pra comprar uma boa vassoura, uma escova de roupa e bastante
material de limpeza pra a senhora deixar sua casa limpinha, igualzinha a minha. Olha só, não
precisar nem de academia mais. Vai queimar toda a gordura nos afazeres domésticos. (T) A
minha ginástica é no tanque, na vassoura. Ah! E tem o sobe e desce da ladeira pra comprar
mantimento fiado na mercearia do seu Joaquim. Compro na caderneta e pago certinho, todo dia
cinco. (T) Não posso esquecer-me de falar dos meus filhos. São tão dedicados! Eles me ajudam
arrumar a casa no dia das mães. (chateada) Uma vez no ano, mas ajudam tá? (crítica) Tem filho
que nem isso faz! (continua limpando e cantando).

MARQUINHO: Mãe, cadê a minha meia branca?

DONANA: (ao público) É o Marquinho, meu menino! (T) Tá na corda, acabando de secar.

MARQUINHO: Vou sair com ela, mãe!

DONANA: Mamãe vai secar no ferro já, já, filho.

MARQUINHO: Ela tava limpa, mãe!

DONANA: Duas semanas com a mesma meia e ainda diz que estava limpa! Saiu tanta água
preta que parecia que eu tava lavando o coador de café! Esse menino tem cada uma!

MARQUINHO: Atchim! Ô mãe!

DONANA: Fala, coisa rica da mãe. O que foi dessa vez?

MARQUINHO: Eu tô espirrando!

DONANA: (igreja) Isso todos nós ouvimos!

MARQUINHO: Deve ser esse quarto empoeirado.

DONANA: Ah não, filho! Mas não é mesmo! A mamãe tirou todo o pó ontem à noite desse
quarto. (com as mãos nas costas, fala à igreja) Tô quebrada! (alto) Deve ser perfume demais,
não?

MARQUINHO: (entrando) Peguei no quarto da senhora.

DONANA: Meu perfume da Avon! (ele fica sem graça) Você pegou o “toque de amor’ ou
“charisma”, filho?
MARQUINHO: Na dúvida em saber qual era o melhor, coloquei os dois. To indo nessa!

DONANA: Vai sair sem meia?

MARQUINHO: Esquenta não!

DONANA: Pode se resfriar filho.

MARQUINHO: Mãezinha do coração!

DONANA: (igreja) Pronto! Ele disse mãezinha do coração!

MARQUINHO: (coçando a cabeça) Tem dinheiro aí, mãezinha?!

DONANA: (varrendo) Tava demorando. (T) Ta em cima da geladeira, debaixo do pinguim.


Cuidado pra não quebrar meu pinguim... É relíquia, filho! Pega cinco reais e não esquece do
troco.

MARQUINHO: Mãe... (ela não responde). Ô mãe, responde!

DONANA: (irritada) Fala, filhinho da mamãe!

MARQUINHO: Alguém me ligou?

DONANA: (pausadamente) Alice, Beatriz, o Marcelo e... Esqueci.

MARQUINHO: Existe papel e caneta pra quê, mãe?!

DONANA: Pra escrever, né, filho?! (resmungando) Pra que eu ia querer....

MARQUINHO: Falando sozinha, mãe?

DONANA: É a idade, filho! (cantarolando)

(ENTRA MONIQUE)

MONIQUE: Parabéns, minha mãe!

DONANA: Obrigada, filha! (olhando em volta) Ta ficando limpinho, né, filha?!

MONIQUE: Não é pela limpeza, mãe!

DONANA: Ah, filha, obrigada! (beija a filha). Obrigada mesmo, mas o meu aniversário foi
mês passado!

(ENTRA MARQUINHO)

MARQUINHO: Fala maninha!

MONIQUE: Marquinho, a mamãe tá limpando a casa hoje?

DONANA: Pelo cheirinho, o frango já está assado. Marquinho, você não vai sair agora. Espere
o almoço. Depois a gente sai junto pro ensaio na igreja. (e sai)

MARQUINHO: Não entendi, Monique. Fala!

MONIQUE: (explica com clareza) Hoje é o dia das mães, logo, a mamãe não faz nada, não
trabalha... A gente deveria ter ido almoçar fora. (nervosa) Eu vi a mamãe limpando a casa no
dia das mães!
MARQUINHO: Lembrei cedo, mas a mamãe tava tão feliz na limpeza que eu não quis
contrariar.

MONIQUE: Pensa, cabecinha!

MARQUINHO: Não tô a fim de pensar não!

MONIQUE: Não! A minha cabecinha. Pensa rápido... Legal! Vamos cantar uma música pra
mamãe.

MARQUINHO: Cantar eu gosto, maninha!

MONIQUE: Fique quieto pra não estragar a surpresa! (ele sinaliza que sim, sacudindo os
dedos empolgado) Mãe!

DONANA: Fala, minha lindinha!

MARQUINHO: (nervoso) Não, mãe! A senhora precisa vir até a sala, se não a surpresa não
tem graça.

DONANA: O quê? Já to indo, bebezinho da mamãe!

MONIQUE: Fique quieto. Eu sabia!!

DONANA: Tá brigando com o Marquinho! O que acontece? (coloca um de frente para o outro)
Menina, peça desculpa já! (tira a sandália do pé e ameaça a dar umas “chineladas”) Monique,
peça desculpa pro Marquinho.

MONIQUE: Desculpa!

DONANA: Fale assim: “Desculpa, Marquinho”.

MONIQUE: Desculpa Marquinho.

DONANA: (autoritária) Sua vez, Marquinho.

MARQUINHO: (pausadamente) Desculpa, Monique. Assim, mãe?

DONANA: Foi rápido o meu menino! Eita menino inteligente da mamãe.

MONIQUE e MARQUINHO: (sorrindo) Mãe!

DONANA: (chateada, pega a sandália) Tá rindo da mãe. (olhando os dois) O que eu fiz de
engraçado?

MONIQUE: A gente ama a senhora.

MARQUINHO: Ela ta falando a verdade mãe. A gente ama a senhora.

MARQUINHO e MONIQUE: Feliz dia das mães!

DONANA: Dia das mães! (T) Pensei que tivessem esquecido! Obrigada, meus amores. Eu amo
muito vocês. Eu aqui triste por dentro, pensando...

MONIQUE: Senta aqui, mãezinha! (a colocam no centro)

DONANA: Sento!

(OS FILHOS CANTAM “EU SEI QIE VOU TE AMAR”)

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