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Clube das Palavras Reluzentes

TEXTO INFANTIL DE DALLVA RODRIGUES

PERSONAGENS

Franjinha - Gustavo Carminha Fru Fru - Anjinho - Davi


Gabriela
Louco - Caio Jeremias - George
Aninha – Anna Júlia
Mônica - Laura Do Contra – Pedro
Marina – Maria Giulia Tavares
Magali - Yasmim
Cascão - Ryan Chico Bento - Ailton
Denise – Ester
Cebolinha - Arthur Xaveco – Pedro Bispo

Franjinha está montando um projetor. Surge no telão...

FRANJINHA Turma da Mônica em: Aventuras e amizades.

MÔNICA Amizade é um relacionamento que junta as diferenças.

CEBOLINHA E não empolta a col, intelesses e as calactelisticas.

ANJINHO Não importa ser o anjo mais sapeca do mundo e também ser a pessoa mais criativa.

MARINA Falou comigo?

CEBOLINHA Não impolta ser golducha e dentuça.

MÕNICA Cebolinhaaaaaaaa...

MAGALI (comendo) Calma Mônica!

XAVECO E você também Cebolinha.

LOUCO Voltando para a nossa programação normal...

TODOS Vaza daqui!

MÔNICA Mas se tem uma coisa que toda criança gosta de fazer é brincar.

MAGALI (comendo) E juntos ler um bom livro.

NO PÁTIO DA ESCOLA, AS MENINAS ESTÃO OUVINDO A HISTÓRIA QUE MÔNICA ESTÁ


CONTANDO.

CASCÃO (entrando) – E aí, tudo bem?

TODAS – Pô, cara!

CASCÃO – Vocês vão ficar fazendo hora de mim até quando?

MÔNICA – Até tu tomar jeito...

MAGALI – Até tu tomar um banho!


CASCÃO – Banho? Sem chance! Tão lendo o quê?

DENISE – E desde quando tu tá se interessando por LEITURA?

CASCÃO – Tem livro que é interessante. Tem outros que eu quero passar longe. Esse que tu tá
lendo parece ser muito divertido: vocês estavam muito alegrinhas.

DENISE – E é muito divertido, sim. Alexandre e outros heróis. Um fazendeiro contando


histórias que são difíceis de acreditar.

CASCÃO – Histórias de um mentiroso.

MÔNICA – Mas “ai” de quem dissesse para ele que estava mentindo. Se fosse EU, batia até me
pedir perdão! Quem escreveu isso foi Graciliano Ramos. Ele e muitos outros

escritores escreveram histórias que o povo contava.

CASCÃO – E passaram para outras pessoas?

MARINA – Isso.

CASCÃO – Sabe... Eu estou tendo uma ideia...

MARINA – Não se esforça muito, pode fazer mal. Tu não tá acostumando. (ri do que acaba de
dizer)

MÔNICA (rindo do que a amiga disse) – Vai, diz...

CEBOLINHA (avistava de longe a conversa dos três, chama-o irritado) – CASCÃO!!!

CASCÃO – Diz, Cebolinha!

CEBOLINHA – O que você está fazendo aqui com essa golducha?

MÔNICA (levantando, brava) – Olha como fala comigo, seu...

MAGALI (levantando também, tenta apaziguar a confusão) – Calma, Mônica! Não vão começar
a brigar de novo!

CASCÃO – É que a MÔNICA e a Magali estavam lendo uma história bem legal, e foi me dando
umas ideias maneiras...

CEBOLINHA (confuso) – Como assim??? Você passou plo lado dela???

CASCÃO – Não é nada disso, Cebolinha! (Pras meninas) A ideia é a seguinte: E se a gente
criasse um clube das palavras?

MÔNICA – Clube das Palavras? Como seria isso?

CASCÃO – No lugar da gente catar histórias, a gente iria catar palavras.

MAGALI – Mas, não existem palavras demais?

CASCÃO – Eu falo de palavras especiais, palavras que fazem as histórias mais bonitas, outras

ficarem mais medonhas.

MÔNICA – Que mais a gente faria?

CASCÃO – A gente iria procurar palavras que estão escondidas.


MAGALI – Escondidas?

CASCÃO – Sim... Palavras que as pessoas pensam que estão mortas, mas que se escondem nas

fazendas, nos sítios, longe das cidades.

MÔNICA – Parece legal. Nós seríamos uma espécie de detetives...

CASCÃO – Isso!

MAGALI – Mas, o que faríamos com as palavras que a gente fosse juntando?

CASCÃO – Ah! Não sei, mas com certeza a gente ia usar. Como quem usa ouro.

MAGALI – Vixe! Que coisa mais ridícula uma pessoa cheia de anel, pulseiras, brincos... Deus me

livre...

MÔNICA – A gente pode usar as palavras que a gente descobrisse só na hora certa.

CASCÃO – Às vezes a gente precisa de muitas palavras mesmo. Para contar bem uma história
meu

avô usava várias palavras bacanas.

MÔNICA – Então, a gente poderia começar a coleção com as palavras do teu avô.

CEBOLINHA (se intrometendo) – NÃÃÃOO!!!

MÔNICA – Não porque, coisinha insuportável???

CASCÃO (confuso) – O quê houve, Cebolinha?

CEBOLINHA (puxando Cascão para um canto) – Eu tenho um plano infalível para acabar com
essa

pose de estudiosa da dentuça! Vamos sim caçar essas palavlas que tu disse! Quem achar mais
vence!!!

Que tu acha???

CASCÃO – Boa! Mas, será que elas topam?

CEBOLINHA – Vamos ver! (pras meninas) É o seguinte, Baixinha...

MÔNICA (irritada) – Baixinha é a vovozinha!!!

MAGALI (impaciente) – Fala logo, Cebolinha!

CEBOLINHA (abraçando o Cascão) – Eu e meu amigo, Cascão, quelemos plopor uma


competição.

MÔNICA (gostando da ideia) – Hum... COMPETIÇÃO?

CEBOLINHA – Sim! Vence quem conseguir achar mais palavlas especiais... (para Cascão) Não é

isso, meu amigo Cascão?

CASCÃO – Sim. Pode ser.


MAGALI – E qual será o prêmio para quem ganhar?

CEBOLINHA – Boa, Magali! Chegou aonde eu queria! Se a gente vencer... Eu me tolno,


finalmente, o‘dono da lua’...

MAGALI (interrompendo) – Você quis dizer da ‘rua’?

CEBOLINHA (concordando) – Sim, da ‘lua’... E a golducha aí... Vai ter que me dá esse coelho
azul lidículo!

MÔNICA (furiosa) – O Sansão!!! NUNCA!!!

MAGALI – Calma, Mônica! Agora é a nossa vez de escolher o prêmio! (saem para um canto
para combinar, voltando em alguns segundos):

MÔNICA – Pois muito bem... A Magali exige como prêmio, um caminhão cheio de melancias...

(achando um absurdo) É isso mesmo???

MAGALI (esperançosa, sorrindo) – Sem dúvidas!!!

MÔNICA – Quanto a mim... Meu prêmio será.... (gritando, com raiva) Uma inesquecível surra
que darei em você com a ajuda de meu querido coelhinho Sansão... (Mais calma) E
finalmente... Daremos um necessário BANHO no Cascão!!! (as duas começam a rir)

CASCÃO (apavorado) – NÃÃÃÃOOO! Banho, não! Cebolinha! Onde você me meteu??? Banho é

golpe baixo!

CEBOLINHA (tentando acalmar o amigo) – Calma, Cascão! Elas não são páleo pala nós! Confia
em mim!

MÔNICA (empolgada) – Vamos! Estou louca para começar!

CASCÃO – Tá. Mas, Mônica, por favor! Eu que dei a ideia... (ajoelha, implorando) Esquece essa

história de banho!

CEBOLINHA – CASCÃO! Que é isso?! (levantando o amigo) Seja homem! (encarando a Mônica)

Colajoso, como EU!

MAGALI – Gente!!! Já tenho nossa primeira palavra! Que tal “reluzente”? Significa que brilha,
uma coisa que reluz.

MÔNICA – Reluzente... É uma palavra especial, sim...

CASCÃO – E que tal... Clube das Palavras Reluzentes?

MAGALI – Muito bom: Clube das Palavras Reluzentes... (repetindo para pegar) Clube das
Palavras Reluzentes...

CEBOLINHA – Legal! Pois acabamos de cliar o...

OS QUATRO – ...Clube das Palavras Reluzentes! (os três batem as mãos no ar e saem.
Lembrando que Cebolinha grita: ‘Clube das Palavlas Leluzentes!’)

LUSCO-FUSCO
E OUTRAS PALAVRAS RELUZENTES

CASCÃO ENTRA COM UMA CADERNETA NA MÃO. FALANDO SOZINHO:

CASCÃO – Esqueci de anotar, agora tenho que lembrar. Vai tropeçando e repondo um trava-
línguas:

Olha o sapo dentro do saco,

O saco com sapo dentro,

O sapo batendo papo

E o papo soltando vento.

MÔNICA E MAGALI ENTRAM CADA UMA DE CADA LADO E SE ENCONTRAM LEVANTANDO E

BATENDO A PALMA DAS MÃOS. ESTÃO MUITO ALEGRES, NEM VIRAM CASCÃO, QUE
CONTINUA

SUAS ANOTAÇÕES.

MÔNICA – Tu não vai acreditar! Investiguei em todo o Bairro Limoeiro, e consegui várias
palavras interessantes.

CASCÃO (se aproximando) – E eu, fui conversar com o velho Tião. Ele ficou muito alegre com a

visita! Conversou muito. Aprendi até adivinhação: O que é o que é... Dois bois na sombra de
três bois atrelados numa carreta, cavando terra branca para plantar semente preta.

MÔNICA – Difícil. Sei não.

CASCÃO – É a mão escrevendo. Os dois bois são os dedos escrevendo. A carreta é a caneta. A
terra branca é o papel. E a semente preta é a tinta!

MÔNICA – Muito boa! Mas eu não ia adivinha nunca.

CEBOLINHA (se aproximando, vibrante) – BOA, Cascão! Um ponto pla nós!!!

MÔNICA (ameaçando) – Há há... Comemorar antes da hora pode ser muito prejudicial aos
dentes, sabia, Cebolinha???

CEBOLINHA (provocando) – Só se for pala os seus, dentuça!!!

(Mônica quer partir para cima dele...)

MAGALI (cortando a briga) – Parem os dois!!! Vamos mudar de assunto! Tô doida para saber:
(para os meninos) Acharam palavras reluzentes?

CEBOLINHA (preocupado, pergunta baixinho para Cascão) – Achamos???

CASCÃO (baixinho, para as meninas não ouvirem) – EU achei, né? O senhor não deu as caras! É
o meu BANHO que está em jogo, esqueceu??? (para Magali, com sorriso sem graça) Achamos
sim!

CEBOLINHA - Nossa dupla é infalível!!! (os dois se olham e sorriem, sem graça)

MÔNICA – Nós dizemos uma e vocês dizem outra. Que tal?


CASCÃO – OK. Comece.

MÔNICA – Qui pro quó. Veja que palavra bonita: Qui pro quó. Significa confusão, trocar uma
coisa por outra.

CASCÃO – Qui pro quó... Foi o maior Qui pro quó na festa... É uma palavra reluzente, com
certeza.

MÔNICA – Vez de vocês. Digam uma palavra.

CASCÃO – Vaqueirar. O nome diz tudo.

MAGALI – Fazer o trabalho de vaqueiro, né?

CASCÃO – Quando crescer, eu quero vaqueirar palavras.

MÔNICA – Vaqueirar palavras... Parece poesia... Minha vez: A palavra escondida era... Lusco-
fusco!

CEBOLINHA – Lusco-fusco... Que palavla difelente... É um bicho?

MÔNICA – Não, ignorante! É o amanhecer... Ou o entardecer... Já reparou como o céu fica


diferente?

CASCÃO – Eu já vi! É muito bonito o céu na hora do pôr-do-sol.

MÔNICA – Pois isto que tu acha bonito é o lusco-fusco.

CASCÃO – Lusco-fusco... Lusco-fusco... – Cascão se alegra em aprender uma palavra tão


reluzente.

MÔNICA – Deixa eu ver tuas outras palavras. Veja as minhas... (trocam as cadernetas)

CASCÃO – Engurujado... Cama-de-gato... Calundu...

MÔNICA – Fabuloso... Badulaque... Vazante...

CASCÃO – Acho que a nossa coleção de palavras reluzentes está começando muito bem.

CEBOLINHA (provocando novamente) – E acho também que estamos ganhando. Não é???

(Mônica encara Cebolinha, que se esconde atrás de Cascão.)

MAGALI (cortando o clima chato) – Agora a gente poderia procurar algumas palavrinhas novas.

CASCÃO – Palavras novinhas?

MAGALI – Sim. Palavras que nasceram a menos tempo... Que nem todo mundo conhece ainda.

CASCÃO – Entendi. Internet, por exemplo?

MAGALI – Isso.

CASCÃO – Então fica combinado: Vamos procurar palavras novinhas e trazer na próxima
reunião.

(saem.)

PÉ DE BRIGA
CEBOLINHA E CASCÃO VOLTAM COM UM LIVRO. CEBOLINHA ESTÁ TENTANDO LER, MAS

NÃO CONSEGUE.

CEBOLINHA (gaguejando) – Mau... lí... cio de Sou... ssa... (fala com som de ‘ss’)

CASCÃO (corrigindo-o) – É Sousa, Cebolinha! Com som de ‘z’ porque escreve apenas com um
‘s’, entendeu?

CEBOLINHA – Aff! Tá bem!... (continua) É um dos fa...mo... (trava novamente)

CASCÃO (interrompendo de novo) – Sos... (fala com som de ‘z’) FAMOSOS... (olhando a frase
no livro) Famosos cartunistas do Brasil, criador da “Turma da Mônica” e... (cansado, cortando a
leitura) Cebolinha, eu não aguento mais essa sua leitura. Você precisa melhorar com urgência.
Senão, vai ser uma tragédia: meu BANHO vai mesmo acontecer!!!

MÔNICA (chegando com Magali, escuta o final da conversa) – Arrá!!! Então é isso! Nós
descobrimos que o Cebolinha, esse INÚTIL, NÃO está pesquisando palavras... E muito menos
saber LER!!!

CEBOLINHA (choroso) – Ai ai! Lá se foi meu plano infalível!...

CASCÃO (também com cara de choro) – E eu vou ter que tomar banho!!!

MAGALI (tendo uma ideia) – Calma, meninos! (Pra Mônica) O jogo não precisa acabar agora.
Podemos ensinar ele a ler, fazer contas...

CASCÃO – OBRIGADO, Magali! Por isso que eu gosto de você! (tenta abraçar ela, que se afasta
com o dedo no nariz, dizendo: Sai pra lá, Sujeira!!!)

MÔNICA (chateada) – Mas, Magali! Nós já tínhamos o jogo na mão!

MAGALI (insistindo) – Mas, é por uma causa nobre!

MÔNICA (gananciosa, olha ameaçadora para os meninos) – E os meus prêmios???

OS TRÊS (gritando) – Vão esperar!!!

(retomam a reunião.)

NAS ASAS DA IMAGINAÇÃO

CASCÃO (entregando livro a Cebolinha) – Pronto, Cebolinha! Você cantou todo o refrão com a
gente. Então, já sabe ler!

MÔNICA (em tom ameaçador) – Eu só quero ver!!!

MAGALI (encorajando) – Vamos, Cebolinha! O que você vai ler pra gente?

CEBOLINHA (ainda meio envergonhado, e também com medo da Mônica, engasga no começo,
mas logo ler o texto para a turma e para o público):

Mau... licio... de Sou... sa é... Um dos mais famo...sos caltu...nis...tas do Blasil! Cliador da
"Tulma da Mônica" (Mônica vibra e sorri)... E memblo da Academia Paulista de Letlas. Sua
plimeira escola foi o extelnato São Flancisco, ao lado da Faculdade, no centlo de São Paulo.
Tlabalhou também como lepólter policial no jolnal Folha da Manhã, mas lalgou o jolnalismo
pala se dedicar à sua veldadeila paixão: a alte.
MÔNICA (se aproximando, toma o livro das mãos de Cebolinha, que corre, e se esconde
novamente atrás de Cascão) – Que lindo! (relendo) Largou o jornalismo para se dedicar à sua
verdadeira paixão: a arte! (suspira) Ele é o máximo, não é???

MAGALI (chegando junto, lê também) – Olha! Ele escreveu a opinião dele sobre a leitura!

MÔNICA (observando) – É mesmo!

CASCÃO (interessado) – Vamos ler, gente!

CEBOLINHA – É. Vamos ler todos! (eles se olham, sorriem, e iniciam.) Opinião do cartunista
sobre a leitura.

MÔNICA - Desde que nasci numa casa cheia de livros.

MAGALI - Desde que mamãe me ensinou as primeiras letras nas historinhas dos gibis.

CASCÃO - Desde que encontrei professores conscientes do seu papel.

CEBOLINHA - Desde que fui celcado por poetas, esclitoles, músicos e ilustladoles.

MÔNICA - Desde que me habituei a ler. E muito. De tudo.

MAGALI - Desde que pude viver do texto e da arte.

CASCÃO - Agradeço por ter recebido a Educação nas suas diversas formas.

TODOS - E agradeço mais, ainda, pela oportunidade de retribuir aos que chegam.

(sorriem para o público. Inicia a última música, encerrando a peça .

Lembrando que a última frase, Cebolinha ler: ‘E agladeço mais, ainda, pela opoltunidade de
letlibuir aos que chegam.’ )

APLAUSOS DA PLATÉIA, MÔNICA SE LEMBRA QUE GANHOU A

COMPETIÇÃO E GRITA PARA OS DOIS QUE QUER OS PRÊMIOS COMBINADOS. OS DOIS SAEM

CORRENDO, E AS DUAS ATRÁS, COBRANDO AS MELANCIAS, A SURRA E O BANHO.

Fim

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