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REVISTA

Maria...Felipa
O zine informativo CPM
1° edição - 03/2023 - BA
Maria Felipa
Em referência ao mês das mulheres e ao bicentenário de
independência da Bahia, o Zine informativo CPM, em sua
primeira edição, homenageia Maria Felipa de Oliveira.
Natural da ilha de Itaparica nasceu sob a condição de
escravizada, quando livre, aprendeu a colocar a liberdade
como maior tesouro de sua vida.

Marisqueira de profissão, aprendeu no


trabalho árduo a conquistar seu espaço e
sustento. Hoje Maria Felipa é sinônimo
de luta e resistência, sendo
refererenciada na história pelo
protagonismo e liderança popular na luta
armada por independência na Bahia.

A historicidade de Maria Felipa é


marcada por diversas controvérsias,
principalmente no que diz respeito ao
choque de informações das fontes
documentais e fontes orais. Mesmo
assim a simbologia presente nesse
personagem caracteriza a luta e
poder de um povo.
Contexto Histórico:
A ilha de Itaparica era uma ponto importante e
estratégico para os portugueses e bahianos, pois está no
caminho entre a foz do Rio Paraguaçu e a Baía de Todos os
Santos, por onde entrava a maior parte dos víveres que
abasteciam a cidade de Salvador.

Durante a guerra de independência a ocupação da ilha se


tornou indispensável para os portugueses, principalmente
para que tivessem acesso a alimentos que já não chegavam
do sertão por terra, pois os baianos, liderados por Pedro
Labatut, general francês contratado para comandar as tropas
brasileiras, haviam formado uma barreira em Pirajá.
É Nesse cenario de guerra,
que Maria Felipa teria se
destacado. Conta a tradição
oral, que a marisqueira teria
se alistado na Campanha da
independência, que reunia
indígenas, negros livres e
escravizados — africanos e
brasileiros e até alguns
portugueses, que eram a
favor da independência.
Maria Felipa teria liderado um grupo na
Campanha chamado "Vedetas", sendo um
grupo de sentinelas que protegiam e
vigiavam a ilha de possíveis furtos ou
ataques dos portugueses. A atuação da
personagem também é retratada em dois
momentos em confronto direto com os
inimigos, durante a batalha de 7 de Janeiro
de 1823.

Ao contrário do que acontece com relação a Joana


Angélica e Maria Quitéria, não dispomos de documentos
de arquivo que atestem a atuação de Maria Felipa, é a
tradição oral que vem fundamentando a história da
personagem, dando palco e luz aos seus feitos.

O primeiro relato de referência a Maria Filipa


na batalha, é o incêndio de navios
portugueses. O relato diz que, liderados por
Maria Felipa, um grupo popular teria
conseguido atear tochas e flechas contra os
navios, impondo assim a derrota ao inimigo.
O segundo relato, relacionado a personagem
conta que, um grupo de mulheres lideradas
por Maria Felipa, em festejo na praia de
Itaparica, atraíram os portugueses.
Seduzidos pelo momento, as mulheres
atiram-se sobre eles com molhos de
Cansanção.
A estrategia das mulheres, foi de camuflar os molhos de
Cansanção, sendo enfeitados com outras plantas ou
escondidos sob alguns panos, onde estavam escondidas
também outras armas, como peixeiras (facas), que elas
usavam no trabalho. Foram desferidos golpes profundos
contra os portugueses, que sucumbiram ao ataque.

Muitos estudiosos questionam as narrativas que


caracterizam a história de Maria Felipa, por não haver
nenhuma fonte documental que atesta a sua
veracidade. O único registro oficial, prova que, navios
portugueses foram incendiados e destruídos por
forças itaparicanas, que estavam militarmente
organizadas em volta da ilha.
Mesmo com diversas controvérsias presente nas
narrativas dessa personagem, Maria Felipa se
popularizou nas últimas décadas como referência de
luta e resistência. É muito comum hoje nos festejos
populares, nas apresentações escolares e nas
discussões acadêmicas a presença da personagem
Maria Felipa.

Tendo existido ou não, e mesmo com a história


praticamente desconhecida, Maria Felipa de Oliveira foi
declarada, em 26 de julho de 2018, Heroína da Pátria
Brasileira pela Lei Federal nº 13.697, tendo seu nome
inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que se
encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo
Neves, em Brasília.

Sendo lenda ou real, para muitos estudiosos Maria Felipa não


deixa de ter importância histórica. Uma mulher do povo,
negra, marisqueira, transpõe o limite de sua condição de
subalternidade e se constitui como sujeito político
proeminente. um símbolo maior das classes oprimidas, na
disputa eterna que é o passado.

Reconhecer a participação
dela e da 'gente comum' do
Recôncavo Baiano nessa
luta, é fundamental para a
construção de um país que
quer superar o racismo e a
misoginia.
Referencial bibliográfico:
Imagens retiradas da galeria de pesquisa do Google

SILVEIRA, Evanildo da. "Quem foi Maria Felipa, a escravizada liberta que
combateu marinheiros portugueses e incendiou navios". BBC News
Brasil. Vera Cruz - RS, 6 de agosto de 2022. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62353785. Acesso em:
03/2023
.

Este projeto tem como base, o cumprimento e fomento das Leis


10.639/2003 e 11.645/2008.

Material de ação pedagógica, produzido para cumprimento e


desenvolvimento do Programa "Partiu Estágio" do Governo do Estado
da Bahia.

Produçâo, edição e texto:


ISAQUE DE JESUS OLIVEIRA
Orientação: Apoio:
COLÉGIO DA POLICIA MILITAR
ANGELA GREGÓRIO FRANCISCO PEDRO DE OLIVEIRA

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