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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

ADILSON GIROTO

Compósitos de polipropileno reforçados com


partículas de quartzo – Efeito de agentes
compatibilizantes nas propriedades mecânicas.

CAMPINAS
2016
ADILSON GIROTO

Compósitos de polipropileno reforçados com


partículas de quartzo – Efeito de agentes
compatibilizantes nas propriedades mecânicas.

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de


Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de
Campinas para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Mecânica, na Área de Materiais e
Processos de Fabricação.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO


FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO
ALUNO ADILSON GIROTO, E ORIENTADA PELO
PROF. DR. MARCOS AKIRA d’ÁVILA

___________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR

CAMPINAS
2016
À minha esposa e filha, Elaine e Catherine, que sempre
me apoiaram e incentivaram nesta minha jornada.

Aos meus pais Primo e Zaudira que de alguma forma,


em qualquer lugar que estejam, sinto a presença de suas
energias que me iluminam e me direcionam neste novo
caminho.
Agradecimentos

 Agradeço primeiramente a DEUS por ter permitido concluir este importante trabalho.
 Aos meus familiares, que sempre me apoiaram e incentivaram para crescer como pessoa e
como profissional. Obrigado por confiar sempre em mim.
 Ao o meu orientador, o Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila, pela motivação, paciência e
grande apoio durante todo o trajeto. Desde a primeira conversa de escolha do tema, no
direcionamento nos resultados e no artigo escrito..., enfim, até a última palavra escrita
neste trabalho. Pela dedicação de seu precioso tempo para me orientar... Por ter acreditado
no meu potencial.
 A todos os professores, especialmente ao Rafael Galindo Carvalho, Eduardo Garcia
Vargas, Paulo Eduardo Orlandi e Claudomiro Passos Nascimento, pelo processamento
dos compósitos na oficina de processamento do setor plástico da Escola SENAI - Jundiaí.
 A professora Adriana Costa Miguel pela caracterização dos materiais no laboratório de
ensaios mecânicos da Escola SENAI – Jundiaí.
 Ao professor Cassiano Lima pelo apoio e ajuda em todos os momentos que precisei de
seus conhecimentos e que contribuíram no desenvolvimento desta pesquisa.
 A escola SENAI – Jundiaí por ter doado o polipropileno homopolímero.
 Ao professor Reinaldo Suterio dos Santos, do Núcleo de Cerâmica da Escola SENAI
Mário Amato que doou o quartzo moído para as incorporações.
 A amiga Alexandrina Silva da empresa Borealis, por doar o Anidrido Maleíco e também
ajudar na indicação para a aquisição do VTES, que foi doado pela empresa Wacker
Chemie.
 A Claudinete Vieira Leal e José Luiz do Laboratório Multiusuário de Caracterização de
Materiais da FEM - UNICAMP, pela ajuda prestada durante as caracterizações
morfológicas e das propriedades mecânicas dos compósitos.
 Enfim, todos aqueles que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste
trabalho.
"Desistir de aprender é egoísmo. Este é um ditado que eu gosto muito.
Quando acalentamos o desejo de aprender mais, nossas vidas estarão repletas de
genuína vitalidade e brilho”.

Daisaku Ikeda
RESUMO

Neste trabalho foram estudados, de forma inédita, compósitos de polipropileno reforçados


com partículas de quartzo obtidas de resíduos de corte de pedras de mármore. Foram preparados,
através de mistura do polímero fundido utilizando extrusora monorosca, compósitos utilizando os
agentes compatibilizantes anidrido maleíco (MA) e viniltrietoxisilano (VTES), com diferentes
concentrações de partículas de quartzo, a fim de avaliar o efeito dos diferentes compatibilizantes
nas propriedades dos compósitos. Corpos de prova de tração, impacto e flexão foram obtidos por
moldagem por injeção. Foram realizados ensaios de calorimetria exploratória diferencial (DSC)
dos compósitos, bem como avaliadas suas propriedades mecânicas em tração, flexão e impacto.
Foi observado um aumento do módulo elástico em função da concentração de quartzo nos
ensaios de tração para os compósitos obtidos com MA e VTES, sendo um aumento de 70% no
módulo para o agente VTES e de 56% para o agente de acoplamento MA, em relação ao PP
Natural. Nos ensaios de flexão, houve um aumento da rigidez em relação ao PP Natural, de 53%
para os compósitos com os agentes de acoplamento VTES e de 42% para os compósitos com os
agentes de MA, no entanto, não foram observadas diferenças significativas entre o
comportamento mecânico dos compósitos contendo MA e VTES.

Palavras-chave: Polipropileno, compósitos, quartzo, anidrido maleíco, VTES.


ABSTRACT

In this work, composites of polypropylene reinforced with quartz particles obtained from
marble stones cutting were studied. The composites were obtained by melt mixing using a single
screw extruder, where composites with maleic anhydride polypropylene and polypropylene with
vinyltriethoxysilane (VTES) were obtained, with different quartz concentrations in order to
evaluate the effect of the coupling agents in the composites mechanical properties. Tensile,
flexure and impact samples were obtained from injection molding. Differential Scanning
Calorimetry (DSC) tests were performed over composite formulations and composites
mechanical properties were analyzed under tensile, flexural and impact tests. It was observed an
increase in the elastic modulus as a function of particle concentration for the composites prepared
with MA and VTES. There was an increase of 70% in elastic modulus for VTES and 56% for
MA bonding agents, related to Natural PP, under flexural tests, there was also an increase in
stiffness of 53% for VTES bonding agent and 42% for MA bonding agent, however, significant
differences in mechanical behavior between the composites prepared with MA and VTES were
not observed.

Keywords: Polypropylene, composites, quartz, maleic anhydride, VTES


Lista de Ilustrações

Figura 1.1 – Lagoa de resíduo de mármore (NETO, 2005) ................................................. 17


Figura 1.2 - a) Tanque de decantação do resíduo, b) Descarga da lama na barragem de
rejeito, ............................................................................................................................................ 17
Figura 2.1 Configurações estereoespecíficas do polipropileno............................................ 21
Figura 2.2 Exportações do setor de rochas ornamentais do período de 2013 -2015............ 22
Figura 2.3 Esquema do mecanismo de reações químicas de graftização do MA em PP..... 27
Figura 2.4 - Representação da interação do polímero modificado com agente de acoplagem
silano e a carga inorgânica............................................................................................................. 29
Figura 2.5 - Diagrama esquemático de uma extrusora......................................................... 33
Figura 2.6 - Diagrama esquemático de uma injetora. ......................................................... 35
Figura 3.1- Extrusora Wortex .............................................................................................. 39
Figura 3.2 - Corte na cabeça – Wortex ................................................................................ 40
Figura 3.3 - Perfil da Rosca ................................................................................................. 40
Figura 3.4 - Injetora onde foram injetados os corpos de prova............................................ 41
Figura 3.5 – Corpos de prova............................................................................................... 42
Figura 3.6 – Balança empregada para pesar as amostras. .................................................... 45
Figura 3.7 – Forno/mufla utilizado para os ensaios de calcinação ...................................... 45
Figura 3.8 – Plastômetro ...................................................................................................... 46
Figura 3.9 - Microscópio eletrônico de varredura (MEV). .................................................. 49
Figura 3.10 - Máquina Universal de ensaio (Tração e Flexão)............................................ 51
Figura 3.11 - Equipamento de ensaio de impacto ................................................................ 52
Figura 3.12 - Máquina de entalhe dos corpos de prova ....................................................... 53
Figura 4.1 – Curva de distribuição de tamanho das partículas de quartzo obtida por difração
a laser............................................................................................................................................. 54
Figura 4.2 – Superfície de fratura do PP Natural ................................................................. 59
Figura 4.3 - Superfície de fratura do PP MA ....................................................................... 60
Figura 4.4 - Superfície de fratura do PP MA + 10%Q......................................................... 60
Figura 4.5 - Superfície de fratura do PP MA + 20%Q......................................................... 60
Figura 4.6 - Superfície de fratura do PP MA + 30%Q......................................................... 61
Figura 4.7 - Superfície de fratura do PP VTES.................................................................... 61
Figura 4.8 - Superfície de fratura do PP VTES + 10%Q ..................................................... 62
Figura 4.9 - Superfície de fratura do PP VTES + 20%Q ..................................................... 62
Figura 4.10 - Superfície de fratura do PP VTES + 30%Q ................................................... 62
Figura 4.11 – Módulo de Elasticidade dos compósitos PP modificado com MA e VTES
obtidos nos ensaios de tração......................................................................................................... 64
Figura 4.12 – Tensão Máxima dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração. .................................................................................................................... 65
Figura 4.13 – Deformação na Ruptura dos compósitos PP modificado com MA e VTES
obtidos nos ensaios de tração......................................................................................................... 66
Figura 4.14 – Tensão de Escoamento dos compósitos PP modificado com MA e VTES
obtidos nos ensaios de tração......................................................................................................... 67
Figura 4.15 – Tensão Máxima dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de flexão. .................................................................................................................... 69
Figura 4.16 – Módulo de Elasticidade dos compósitos PP modificado com MA e VTES
obtidos nos ensaios de flexão. ....................................................................................................... 70
Figura 4.17 – Resistência ao Impacto dos compósitos PP modificado com MA e VTES
obtidos nos ensaios de impacto. .................................................................................................... 72
Lista de Tabelas

Tabela 2.1 -Principais características do polipropileno ....................................................... 20


Tabela 3.1 - Dados do fornecedor do PP HRV 140 utilizado neste trabalho....................... 36
Tabela 3.2 - Dados do quartzo fornecido pelo revendedor .................................................. 37
Tabela 3.3 - Propriedades do PP-MA fornecidos pelo fabricante........................................ 37
Tabela 3.4 - Propriedades do VTES..................................................................................... 38
Tabela 3.5 - Compósitos preparados neste trabalho............................................................. 39
Tabela 3.6 - Dados de processo da extrusora....................................................................... 41
Tabela 3.7 – Dimensional dos corpos de prova ................................................................... 42
Tabela 3.8 - Parâmetros de Processo de Injeção .................................................................. 43
Tabela 4.1 – Ensaio de calcinação de pellets ....................................................................... 55
Tabela 4.2 – Ensaio de calcinação de pedaços de corpos de prova ..................................... 56
Tabela 4.3 - Ensaio de fluidez.............................................................................................. 57
Tabela 4.4 - Ensaio de DSC ................................................................................................. 58
Tabela 4.5 - Resultados dos ensaios de tração ..................................................................... 63
Tabela 4.6 – Resultados dos Ensaios de Flexão................................................................... 68
Tabela 4.7 – Resultados dos Ensaios de Impacto ................................................................ 71
Lista de Abreviaturas e Siglas

Abreviações

PP Polipropileno
MA Anidrido Maleíco
VTES Viniltrietoxisilano
CPs Corpos de Prova
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
UV Ultravioleta
PE Polietileno
i-PP Polipropileno Isotático
Si Silício
O Oxigênio
X Grupos hidrolisáveis
Y Grupo organofuncional
CaCO3 Carbonato de Cálcio
L/D Razão comprimento pelo diâmetro da rosca
Psi Pressão de libra força por polegada quadrada
SIO2 Dióxido de Silício
AlO3 Óxido de Alumínio
Fe2O3 Hematita
CaO Óxido de Cálcio
PP-MA Polipropileno graftizado com anidrido maleíco
MFI Índice de Fluidez
Siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ASTM American Society for Testing and Materials
DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral
EUA Estados Unidos da América
ISO Organização Internacional para Padronização

Letras Latinas

Tg Temperatura de transição vítrea [°C]


Tm Temperatura de fusão [°C]
Tc Temperatura de cristalização [°C]
Mw Massa molar [g/mol]
R Velocidade [mm/min]
Z Taxa de aplicação de esforços [0,1mm/mm.min]
D Deflexão máxima [mm]
L Distância entre os apoios [mm]
d Espessura média [mm]
r Deformação [%]
R Resistência ao impacto Charpy [J/m]
W Energia corrigida absorvida na ruptura [J]
h Espessura do corpo de prova [m]
b Largura do corpo de prova [m]
Χc Grau de cristalinidade [%]
∆Hm Entalpia de fusão [J/g]
∆Hc Entalpia de cristalização [J/g]
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16

1.1 Objetivos............................................................................................................................. 19
1.1.1 Objetivo Geral............................................................................................................. 19
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 19

2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................................... 20

2.1 Polipropileno ...................................................................................................................... 20


2.2 Rochas Ornamentais ........................................................................................................... 21
2.3 Quartzo ............................................................................................................................... 23
2.4 Compósitos ......................................................................................................................... 24
2.4.1 Agente de acoplamento ............................................................................................... 26
2.4.2 Efeito da adição de carga mineral nas propriedades do compósito........................... 30

2.5 Processamento de Termoplásticos...................................................................................... 32


2.5.1 Processo de Extrusão .................................................................................................. 32
2.5.2 Processo de Injeção .................................................................................................... 33

3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 36

3.1 Materiais ............................................................................................................................. 36


3.2 Preparação dos Compósitos................................................................................................ 38
3.3 Caracterização dos materiais e dos compósitos.................................................................. 43
3.3.1 Ensaio de análise por difração a laser de tamanho de partículas ............................. 43
3.3.2 Calcinação .................................................................................................................. 44
3.3.3 Índice de Fluidez ......................................................................................................... 46
3.3.4 Ensaio de DSC ............................................................................................................ 47
3.3.5 Ensaio de MEV............................................................................................................ 48
3.3.6 Ensaio de Tração ........................................................................................................ 49
3.3.7 Ensaio de Flexão......................................................................................................... 50
3.3.8 Ensaio de Impacto....................................................................................................... 51

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 54

4.1 Ensaio de Análise por difração a laser de tamanho de partículas....................................... 54


4.2 Ensaio de Calcinação.......................................................................................................... 55
4.3 Ensaio de Índice de Fluidez................................................................................................ 56
4.4 Ensaio de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) .................................................... 57
4.5 Análise Morfológica dos Compósitos (MEV).................................................................... 59
4.6 Ensaio de Tração ................................................................................................................ 63
4.7 Ensaio de Flexão................................................................................................................. 68
4.8 Ensaio de Impacto .............................................................................................................. 71

5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 73

6 SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS .......................................................... 75

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 76

Anexo ............................................................................................................................................ 88

Apêndice ....................................................................................................................................... 91
16

1 INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, o desenvolvimento sustentável de um país depende diretamente do quanto


se investe em novos projetos e métodos capazes de suprirem as necessidades das atuais gerações,
diminuindo a poluição, aumentando a produtividade, gerando empregos, respeitando e
preservando o meio ambiente. Confundir desenvolvimento sustentável com crescimento
econômico é muito comum, pois este depende exclusivamente do consumo crescente de energia e
recursos naturais, o que tende a ser insustentável ao longo do tempo, pois leva ao esgotamento de
tais recursos, comprometendo a diversidade biológica e o bem estar do ser humano. O
desenvolvimento sustentável requer qualidade em vez de quantidade com a utilização adequada
de matérias primas e produtos, que podem vir do aumento e incentivo da reutilização e ou da
reciclagem.
Neste trabalho, o enfoque foi o reaproveitamento ou reutilização de materiais, que consiste
em transformar um determinado material já beneficiado em outro. Desta forma, consegue-se, de
forma considerável, uma diminuição de resíduos que seriam descartados na natureza o que
poderia levar a desequilíbrio ecológico, poluição e danos aos seres humanos e ao meio ambiente.
A extração de rochas ornamentais normalmente geram resíduos nos mais variados volumes,
toxidades e graus de aproveitamento. As empresas chamadas marmorarias também geram
resíduos, onde a maior parte são fragmentos de diversos tipos de rochas, com formas irregulares e
espessuras variadas, resultantes de recortes e quebras que ocorrem durante o manuseio de chapas
e placas, e que são descartados e dispostos nem sempre de maneira correta (QUEIROZ, 2008).
A indústria de beneficiamento de mármore e granito vem despertando uma grande
preocupação em termos do impacto ambiental, pois em grande parte dos casos os rejeitos são
descartados em lagoas e rios, sem nenhum tratamento prévio, onde, apesar desses rejeitos não
serem consideradas um resíduo perigoso, eles constituem um sério problema ambiental
(QUEIROZ, 2008). As Figuras 1.1 e 1.2 mostram fotografias de resíduos provenientes do corte
de mármore.
17

Figura 1.1 – Lagoa de resíduo de mármore (NETO, 2005)

Figura 1.2 - a) Tanque de decantação do resíduo, b) Descarga da lama na barragem de rejeito,


c) Resíduo sólido seco no fundo de uma lagoa (PONTES,2000).

Neste trabalho foi abordada a utilização de resíduos de rochas ornamentais, especificamente


o quartzo (carga mineral), como fase dispersa em um compósito de matriz polimérica de
polipropileno (PP). A escolha do PP como matriz deveu-se ao fato deste material ser um
polímero termoplástico de baixo custo e amplamente utilizado em aplicações convencionais e de
18

engenharia. O PP é considerado um termoplástico do tipo commodity e um dos motivos de seu


grande uso se dá devido a sua fácil processabilidade e possibilidade de obtenção de uma grande
gama de propriedades, através do seu uso como matriz em compósitos particulados (MANRICH,
2013).
Compósitos de PP reforçados com fibras ou partículas são de interesse tecnológico, pois
pode-se obter produtos de baixo custo, e propriedades mecânicas e térmicas adequadas para
diversas aplicações (DALPIAZ, G.,2006). Dentro deste contexto, uma alternativa tecnológica é
utilizar como reforço cargas minerais particuladas. Ainda, partículas oriundas de resíduos de
corte de rochas ornamentais, como o mármore, podem ser aproveitadas em compósitos de matriz
termoplástica, acarretando em um uso racional de resíduos (BESCO, S. et al, 2013).
Neste trabalho utilizou-se partículas de quartzo de resíduos do corte de mármore. O quartzo
pertence a classe mineralógica dos silicatos, sendo formulado pelo dióxido de silício (SiO2). A
cristalização do quartzo ocorre no sistema romboédrico, onde seu cristal é formado por um
prisma hexagonal, composto por uma pirâmide hexagonal em cada extremidade, sendo conhecido
por possuir alta dureza, dentre outras propriedades características (LIMA, A. B. T.,2007).
Um dos problemas encontrados na obtenção de compósitos de PP é sua natureza apolar,
que faz com que a compatibilidade do polímero com o reforço, que geralmente é hidrofílico, seja
inadequada, resultando numa ação de reforço pobre (SHUBHRA,Q.T.;ALAM, A.; QUAIYYUM,
M.,2011; LIANG, JI-ZHAO,2001). Visando aumentar a compatibilidade matriz-reforço,
utilizam-se agentes de acoplamento, através da modificação superficial do reforço ou da resina.
Neste trabalho foram utilizados PP graftizado com anidrido maleico (MA) e o agente silano
viniltrietoxisilano (VTES), comumente utilizados na indústria de processamento de polímeros
(NACHTIGAL, S. M. B.; FELIX, A. H. O.; OJEDA, T.,1998).
Os efeitos desses agentes em compósitos de PP reforçados com partículas de quartzo foram Excluído: ,

avaliados em termos de suas propriedades mecânicas, bem como sua morfologia e


comportamento térmico. A incorporação das cargas e dos agentes compatibilizantes foi realizada
através de extrusora monorosca com perfil adequado à mistura e dispersão, e os corpos-de-prova
(CPs) de tração, impacto e flexão foram obtidos por moldagem por injeção. Foram preparados
compósitos com diferentes concentrações de partículas de quartzo (10, 20 e 30% em massa).
19

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito dos agentes de acoplamento anidrido maleíco
(MA) e viniltrietoxisilano (VTES) nas propriedades mecânicas de compósitos, utilizando como
matriz polimérica o polipropileno, e como carga, partículas de quartzo, obtidos de material de
descarte da indústria de mármore.

1.1.2 Objetivos específicos

Para atingir o objetivo do trabalho, os seguintes objetivos específicos foram realizados:


• Obtenção de compósitos de PP com partículas de quartzo provenientes de resíduos da
indústria de mármore, utilizando dois agentes compatibilizantes (MA e VTES).
• Processamento dos compósitos com diferentes concentrações de partículas por extrusão
monorosca e obtenção de corpos de prova para ensaios mecânicos por moldagem por
injeção.
• Caracterização das propriedades mecânicas dos compósitos através dos ensaios de tração,
flexão em três pontos e resistência ao impacto Charpy.

• Avaliação do comportamento térmico dos compósitos através da calorimetria exploratória


diferencial (DSC).

• Caracterização morfológica por microscopia eletrônica de varredura (MEV) nas seções


fraturadas dos corpos de prova.
20

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Polipropileno

O polipropileno (PP) é um material termoplástico que, embora ainda seja classificado como
commodity, pode apresentar características de material de engenharia quando suas propriedades
são modificadas pela adição de cargas e aditivos, ou copolimerização (CANEVAROLO
JUNIOR, 2006). O polipropileno se destaca devido o seu baixo custo de produção e versatilidade
de uso, onde o grande número de aplicações finais do PP é fruto da variedade de propriedades
que esse material pode alcançar (BRANDRUP. J., 1989),(MOORE JUNIOR,E, 1996). Algumas
propriedades características do PP são a hidrofobicidade, boa resistência química aos solventes
polares, baixa condutividade térmica e elétrica, alta resistência à fratura por flexão ou fadiga,
fácil moldabilidade, atoxicidade, estabilidade térmica, fácil pigmentação, sensibilidade à luz UV
e a agentes de oxidação e fácil reciclabilidade (CALLISTER W. , 2002).

O PP é obtido pela polimerização do monômero propeno (também chamado de propileno) e


suas características estão resumidas na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 -Principais características do polipropileno


Monômero Polímero
Propeno Polipropileno
Gás Sólido
Tg = 0ºC (transição vítrea)
Ponto de Ebulição = -48ºC
Tm = 165ºC (fusão cristalina)
Massa Molecular = 42 g/mol Mw = 200000 a 700000 g/mol
Fonte: HARTIKAINEN (2005).
21

A aplicação do PP ganhou espaço somente após Natta formular sua polimerização


estereoespecífica em 1954, baseado no sistema de Ziegler para a polimerização do polietileno
(PE), onde é obtido o polipropileno estereoespecífico isotático (i-PP). Atualmente os processos
industriais estão baseados em catálise heterogênea, com catalisadores Ziegler-Natta de quarta
geração: os sistemas MgCl2/TiCl3 ou o organometálico. A maior parte do polipropileno comercial
é do tipo i-PP, em que a maioria das unidades de propeno está encadeada na estrutura
cabeça/cauda. Esta estrutura do i-PP favorece o desenvolvimento de regiões cristalinas que,
dependendo das condições de processamento, permitem obter uma cristalinidade entre 40 e 70%.
A figura 2.1 mostra a estrutura química do polipropileno de acordo com a sua configuração
estereoespecífica.

Figura 2.1 Configurações estereoespecíficas do polipropileno.


Fonte: (APICHATACHUTAPAN W. , 1998)

2.2 Rochas Ornamentais

O Brasil é reconhecido mundialmente pela sua geodiversidade mineral, em destaque


quartzitos, granitos e rochas similares (materiais silicáticos). A partir da década de 90 iniciou-se
22

um notável crescimento na produção e exportação de rochas ornamentais em destaque mármores,


granitos, calcários, quartzitos e ardósias.
Com o aumento das exportações de rochas ornamentais, houve um avanço na extração e
beneficiamento, incluindo o país no grupo dos maiores produtores e exportadores mundiais.
Segundo Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), rocha ornamental é uma substância
rochosa natural que, pode ser utilizada com uma função de estética qualquer a partir de diferentes
graus de modelamento e beneficiamento. (ABNT, 1995)
A American Society for Testing and Materials (ASTM), órgão normatizador americano,
define pedra ornamental (dimension stone) como qualquer material proveniente de rochas
naturais, cortadas em chapas, serradas, fatiadas em placas, com ou sem acabamento mecânico,
compostos de fragmentos e pedras moídas e quebradas. (ASTM, 2003). A figura 2.2 mostra os
dados das exportações brasileiras de rochas ornamentais.

Figura 2.2 Exportações do setor de rochas ornamentais do período de 2013 -2015


Fonte: (ABIROCHAS, 2015).
23

2.3 Quartzo

O quartzo é um dos minerais mais abundantes na crosta terrestre, sendo o mais comum de
todos os minerais, aparecendo principalmente nas rochas ígneas (principalmente graníticas), nas
sedimentares e metamórficas. Historicamente, a palavra “quartzo” significa “dura”, que surgiu de
uma antiga palavra alemã de origem desconhecida e inicialmente aplicada por Georgius Agricola,
em 1530. O cristal de quartzo pode ser encontrado na natureza (jazidas) ou por crescimento
hidrotérmico (cultured quartz) na indústria de cristais cultivados.
O Brasil é o principal detentor de reservas mundiais de grandes cristais naturais, embora
existam reservas quartzíferas em outras regiões do mundo, como em Madagascar, Austrália,
China, África do Sul, Canadá, Colômbia, Guatemala e EUA. As informações, do quartzo, sobre
as reservas mundiais são insuficientes. Sabe-se que o Brasil é detentor de 95% das reservas
mundiais, o que equivale a 78 milhões de toneladas, pelas estatísticas oficiais do Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM). No estado do Pará estão as maiores reservas medidas do
país, cerca de 64% das jazidas, seguida de 17% em Minas Gerais, 15% em Santa Catarina e 2%
na Bahia. (DNPM, 2012)
O quartzo pertence à classe mineralógica dos silicatos, sendo formulado pelo dióxido de
silício (SiO2), cuja composição é de 46,75% de Si e de 53,25% de O, em porcentagem em massa.
A partir da sílica em condições diferentes de temperatura e pressão, originam-se diferentes
substâncias polimórficas. (SBQ, 2009).
A cristalização do quartzo ocorre no sistema trigonal (romboédrico), onde seu cristal é
formado por um prisma hexagonal, composto por uma pirâmide hexagonal em cada extremidade.
A rede cristalina do quartzo possui duas formas diferentes: o quartzo alfa, conhecido
simplesmente por quartzo, que se forma em temperatura abaixo de 573°C, encontrado em veios
hidrotermais, e o quartzo beta, formado entre as temperaturas de 573°C à 870°C, encontrado em
algumas rochas ácidas. (BIOQUIMICA, 2014)
O quartzo destaca-se pela sua dureza, 7 na escala Mohs, densidade de 2,65g/cm3, alta
resistividade elétrica, 1015 ohm-cm, índice de refração de 1,544 e 1,553 e ponto de fusão entre
1710°C e 1756°C, alta pureza química, resistência à radiação e à corrosão, capacidade de
24

polarizar a luz, de emitir e captar ultrassons, geralmente é incolor ou branco, mas frequentemente
colorido devido à presença de impurezas. (ECOSEIXOS, 2013)
No Brasil não é comum a produção do quartzo cultivado (cultured quartz), entretanto os
grandes cristais naturais que são utilizados como sementes para a produção de quartzo cultivado
só são produzidos no país. O quartzo de menor pureza tem uma grande aplicação nas indústrias
de vidro (vidraçaria especial em geral) e em siderúrgica (aços especiais e ligas especiais). No
Brasil, a maior parte do quartzo produzido é aplicado na produção de ligas de silício: cálcio-
silício, ferro-silício-magnésio, ferro silício e silício metálico (LUZ, LINS, PIQUET, COSTA, &
COELHO, 2003).

2.4 Compósitos

Os materiais compósitos podem ser definidos como misturas heterogêneas, não solúveis e
vistos em escalas macroscópicas ou microscópicas de dois ou mais componentes ligados entre si,
formado por um componente estrutural, ou reforço, e outro componente matricial, ou matriz.
O componente estrutural ou reforço é descontinuo e tem como função proporcionar
resistência ao esforço, enquanto que a matriz é um componente continuo que atua como meio
para transferência desse esforço (MANO & MENDES, 1999). O reforço apresenta-se,
normalmente, sob a forma de partículas, fibras longas, fibras curtas ou placas (KELLY, 2001). Os
compósitos são classificados conforme a natureza de sua matriz, podendo ser de matriz
polimérica, metálica ou cerâmica.
Nas últimas décadas têm-se estudado formas de combinar vários metais, cerâmicas e
polímeros para produzir uma nova geração de materiais, muitas vezes para melhorar as
combinações de características mecânicas como: rigidez, tenacidade, resistência a altas
temperaturas e à temperatura ambiente (WIEBECK & HARADA, 2012).
As propriedades dos compósitos variam em função de suas fases constituintes, de suas
quantidades relativas e da geometria da fase dispersa, isto é, de sua forma, tamanho, distribuição
e orientação (ACOSTA, RODRIGUEZ, LINARES, & JURADO, 1990).
25

O polipropileno carregado com cargas minerais tem sido usado em grandes quantidades,
em várias áreas, nas últimas décadas. As maiores aplicações encontram-se nas indústrias
automobilísticas, de móveis e de eletrodomésticos. A grande vantagem desse compósito está na
relação preço/volume/desempenho. O talco e o carbonato de cálcio são os materiais particulados
mais usados em PP. (RABELLO, 2000), (PUKANSZKY, BELINA, ROCKENBAUER, &
MAURER, 1994).
As cargas minerais, nos primeiros estudos, eram adicionadas aos polímeros apenas para
reduzir custos. Porém, com o passar dos anos, notou-se que a adição de partículas minerais nas
resinas poliméricas resultava, geralmente, no aumento do módulo de elasticidade e a temperatura
de deflexão térmica, diminuindo a contração no molde, podendo diminuir o calor especifico e
aumentar a condutividade térmica. Outras propriedades, como as elétricas, a degradação
ambiental, a retardação de chama, a permeabilidade aos gases, etc., podem ser influenciadas pelas
cargas.
Uma maneira bastante utilizada para se avaliar as propriedades de um compósito é através
do seu comportamento térmico. O polímero com a adição de carga mineral faz com que,
geralmente, a temperatura de transição vítrea (Tg) aumente. Os efeitos dependem, levando em
conta a mesma carga, das suas propriedades de superfície e da energia de superfície do polímero.
As forças de adesão carga/polímero que passam a existir concorrem para o aumento da Tg.
(LIMA, A. B. T., 2007). Segundo PAIVA apud LIU e WU (2001), em estudo de nanocompósitos
de polipropileno com argila, a adição de argila não afetou a estrutura cristalina do polipropileno,
mas altera a faixa de cristalização, pois o PP apresentou temperatura de cristalização de 110,5°C,
enquanto nos nanocompósitos foi de 122,7°C e 119,2°C respectivamente, para concentrações de
1 e 3% de argila. Em concentrações maiores de argila, 5 e 7%, a temperatura de cristalização foi
de 120,8 e 118,3°C. Esses resultados de DSC mostram que a adição de pequenas quantidades de
argila na matriz de polipropileno aumenta a temperatura de cristalização do polímero, efeito que
pode ser explicado pela suposição de que as camadas de argila agem como agentes nucleantes
para a cristalização do PP. No caso de compósitos com partículas micrométricas, o efeito
nucleante das partículas nem sempre é observado.
26

2.4.1 Agente de acoplamento

Um dos pontos que devemos ressaltar na produção de compósitos poliméricos com cargas
minerais inorgânicas é a adesão entre as fases, que influenciará nas suas propriedades mecânicas.
Como o compósito é um material multifásico, ele mostra além das propriedades inerentes de cada
constituinte, propriedades intermediárias decorrentes da formação de uma região interfacial. Por
isso é necessário que exista uma boa afinidade entre os materiais que serão unidos, para que
possam resistir em conjunto aos esforços físicos do meio. Dessa forma, é muito importante
conhecer as propriedades químicas e físicas dos diferentes materiais que serão unidos, tendo em
vista que a natureza das interações está associada à afinidade química entre a matriz e a fase
dispersa. Como geralmente as cargas (fase dispersa) apresentam natureza hidrofílica e polar,
enquanto que o polímero (matriz) tem natureza hidrofóbica e apolar, a interação pode ser
melhorada através da modificação química da superfície de um dos componentes, ou através do
uso de agentes de acoplamento (PAOLI & RABELO, 2013).
O agente de acoplamento promove a união química entre as fases ou altera a energia
superficial da carga, a fim de permitir um molhamento eficiente. Dessa forma reduzirá as tensões
interfaciais e melhorará a adesão entre as fases, interferindo nas propriedades e aplicações do
compósito. O uso desses agentes em compósitos de matrizes inertes, como o polipropileno, e sua
relação custo/desempenho mecânico, contribuiu para sua competitividade perante aos
termoplásticos de engenharia (SANTANA, 2012). Do ponto de vista mecânico, os agentes de
acoplamento em compósitos particulados atuam no sentido de evitar o processo de
desacoplamento da matriz polimérica, que ocorre por incompatibilidade química,
comprometendo o reforço do compósito devido à transferência ineficiente de esforços na
interface (SATO, 2008). Os tipos mais comuns de agentes compatibilizantes utilizados para
compósitos termoplásticos junto a cargas minerais, celulósicas e hibridas são o anidrido maleíco
e os silanos.
27

2.4.1.1 Anidrido maleíco

O anidrido maleíco proporciona um melhor acoplamento polímero/carga por meio da


modificação superficial da matriz polimérica através de graftizações desta com materiais que
contenham grupos polares reativos.
O polipropileno, por apresentar uma estrutura inerte e baixo controle de reação de radical
livre, ao graftizar com anidrido maleíco, envolve também reações secundárias indesejáveis, como
cisão-beta, transferência de cadeia e acoplamentos. A incorporação do anidrido maleíco,
normalmente, é inversamente proporcional a massa molar do polímero resultante (CHUNG,
1999). A Figura 2.3 mostra o mecanismo de graftização do anidrido maleico em PP.

Figura 2.3 Esquema do mecanismo de reações químicas de graftização do MA em PP.


Fonte: (NAQVI, CHOUDHARY, & J.M.S., 1996)
28

A razão de reatividade para homopolimerização do anidrido maleíco durante a reação é


pequena, porque a temperatura da funcionalização normalmente ultrapassa o limite superior para
a polimerização do anidrido maleíco e este processo exige condições muito controladas de
reação, nem sempre gerando um produto uniforme. Um dos fatores limitantes da graftização do
anidrido maleíco em hidrocarbonetos é sua insolubilidade nestes compostos (SAKAHARA,
2012).
YUAN et al. (2008) em seu estudo sobre compósito, utilizaram 3% de anidrido maleico
como agente de acoplamento e constataram que houve um aumento de 60% na resistência ao
impacto em relação ao compósito reforçado com fibras de madeira sem compatibilizante. KIM et
al. (2008) na comparação entre compósitos de fibras de algodão e com farinha de madeira,
utilizaram 5% de anidrido maleico como agente de acoplamento e observaram uma melhoria na
interação entre as fibras naturais e a matriz de polipropileno. Houve uma redução da resistência à
tração com o aumento do teor de farinha de madeira, mas com as fibras de algodão com a
incorporação de 20% a 30% em peso de PP apresentou um aumento da resistência à tração.
HRISTOV et al. (2004) também em seu estudo com compósito de PP com carga de madeira entre
10 a 30%, utilizaram o anidrido maleico como agente de acoplamento e verificaram que a
resistência ao impacto foi superior em relação aos compósitos sem agente de acoplagem.

2.4.1.2 Silanos

Outros tipos de agentes de acoplamento muito utilizados e eficazes são os silanos. Esses
apresentam estruturas do tipo X3SiRY, onde X são os grupos hidrolisáveis e Y é um grupo
organofuncional (PLUEDDEMAN, 1982). Tais compostos apresentam parte inorgânica (grupos
hidrolisáveis), que se ligam às cargas, proporcionando um excelente acoplamento polímero/carga,
enquanto que a parte orgânica (grupo organofuncional) é capaz de formar ligação química ou
interagir com a matriz polimérica unindo-se fortemente a ela.
O mecanismo de acoplamento de um organossilano é dependente do grupo organofuncional
e dos grupos hidrolisáveis. A escolha do grupo funcional é em função da sua reatividade e da sua
compatibilidade com o polímero, enquanto que a carga é meramente um intermediário na
formação de grupos silanol. A velocidade de condensação e a velocidade de hidrólise é
29

dependente de alguns fatores, como a natureza do grupo hidrolisável e do grupo organofuncional


ligado ao silício, pH, temperatura, concentração e presença de catalisador. (PLUEDDEMAN,
1982).
Ótimos resultados foram obtidos com a utilização dos silanos como agentes de
acoplamento, principalmente quando as cargas com características superficiais reativas são
usadas, como as sílicas, as fibras de vidro, a mica em pó, o quartzo, etc. (CHIANG, 1998).
Estudos realizados na adesão entre as fibras de vidro e a resina epóxi apresentaram um
importante papel na eficiência do reforço de uma matriz. Para a obtenção deste reforço, o silano
utilizado promoveu a formação de ligações covalentes entre grupos amino contidos no silano e
grupos epóxido da resina epóxi, além da ligação entre grupos alcóxidos do silano e grupos
silanóis da superfície da fibra de vidro. (WANG, D; JONES, Fr, 1993).
Através de vários estudos já realizados e do auxílio da literatura, pode-se concluir que os
compósitos tratados apenas com agente silano apresentam melhor desempenho mecânico
(resistência à tração e à flexão) que aqueles compósitos não tratados (SATO, 2008).

Figura 2.4 - Representação da interação do polímero modificado com agente de acoplagem silano
e a carga inorgânica.
Fonte: (PAOLI & RABELO, 2013).
30

2.4.2 Efeito da adição de carga mineral nas propriedades do compósito.

Das várias características da carga mineral, destacam-se dentre elas a granulometria,


composição química e dureza, que exercem algum efeito nas propriedades físicas ou químicas do
compósito. A pureza da carga mineral e a composição química influenciam direta e indiretamente
nas possibilidades de aplicações e desempenho do compósito.
A tendência à agregação da carga aumenta com o decréscimo do tamanho da partícula,
levando à insuficiente homogeneidade, rigidez e menor resistência à compressão do compósito
(SUETSUGU, KIKATANI, KYU, & WHITE, 2005). Partículas de carga agregadas atuam com
iniciadores de rupturas pontuais quando o compósito sofre impacto (SVEHLOVA &
POLOUCEK, 1987).
A distribuição granulométrica está diretamente relacionada com a área de superfície
especifica da carga, influenciando diretamente nas propriedades do compósito. A principal
função da área de superfície especifica é a adsorção de aditivo de tratamento (SCHLUMPF &
BILOGAN, 1981).
Trabalhos realizados por (RIBINIKAR, 1991), mostraram que mudanças na superfície
química da carga mineral interferem diretamente no seu comportamento, como nos tratamentos
da superfície de calcita com produtos químicos diferentes que levam a diferenças no efeito do
agente de nucleação. Já em outros trabalhos há exemplos onde os tratamentos superficiais não
influenciam a nucleação (YUE & CHEUNG, 1991), enquanto que em outros casos ele faz
decrescer ou cessar totalmente tais efeitos (VARGA, 1991). Mudanças na estrutura do polímero
não influenciam nas propriedades relativas ao impacto do compósito e o fator determinante é a
força de interação entre carga e polímero (KENDALL, 1978).
As cargas minerais apresentam propriedades térmicas diferentes das propriedades dos
polímeros, apresentando vantagens na produtividade e no processamento, e desvantagens na
capacidade térmica e aumento na condutividade térmica influenciando no tempo de resfriamento,
por exemplo (SCHLUMPF & BILOGAN, 1981). Essas diferenças resultam em mudanças na
morfologia cristalina de dentro para fora da massa do compósito e, assim, nas suas propriedades
de injeção, podendo levar ao stress térmico, influenciando no desempenho do compósito sob
esforços externos (STOKLASA, TOMIS, & NAVRATIL, 1985). Alguns polímeros, dependendo
31

da aplicação, necessitam incorporar algumas cargas para que este adquira propriedades térmicas,
como resistência a chama e condutividade térmica (HORNSBY & WATSON, 1989); (ACOSTA,
RODRIGUEZ, LINARES, & JURADO, 1990). Estudos realizados por (WEIDENFELLER,
HOEFER, & SCHILLING, 2004) verificaram que a condutividade térmica dos compósitos está
também diretamente relacionada ao tamanho, forma e interconectividade das partículas.
Outro aspecto importante a analisar na carga mineral é a necessidade de submeter a um
tratamento superficial com o objetivo do melhoramento de sua molhabilidade pelo polímero. A
tensão superficial do polímero que normalmente é baixa, oposta à da carga mineral que é
normalmente mais alta, é compatibilizada com o tratamento, resultando em uma melhor adsorção
da carga pelo polímero. Assim a viscosidade é reduzida e a dispersão da carga é aumentada
(GUILLET, 2003).
Segundo (FEKETE & PUKANSZKY, 1997), a quantidade certa do agente de tratamento
superficial do CaCO3 com ácido esteárico para compósito com polipropileno tem que ser
determinada, pois quantidades inferiores fazem com que os efeitos não sejam alcançados,
enquanto que quantidades superiores levam a problemas de processamento, redução das
propriedades mecânicas e custos elevados.
O principal ponto a observar no processo de interação carga/polímero é a dispersão da
carga mineral dentro da matriz do compósito. Estudo realizado por (RICHARD, HING, &
SCHREIBER, 2004) submeteu a tratamento superficial mica e CaCO3, visando esclarecer a
importância do tratamento na dispersão da carga, assim como nas propriedades mecânicas do
compósito.
A tensão de ruptura de vários compósitos é totalmente dependente do grau de interações
estabelecidas nas interfaces carga/polímero (BIGG, 2004).
Na análise de esforços, a incorporação da carga mineral no polímero resulta na formação de
um sistema heterogêneo, onde esforços externos induz a concentração de esforços diferentes, cuja
magnitude depende da geometria de inclusão da carga, das propriedades relativas de seus
componentes e da adesão interfacial (KOWALEWSKI, GALESKI, & KRYSSZEWSKI, 1984).
A distribuição homogênea de partículas finas de carga mineral leva ao aumento de absorção de
energia e à um aumento da resistência a compressão (MICHLER & TOVMASJAN, 1988).
32

2.5 Processamento de Termoplásticos

2.5.1 Processo de Extrusão

O processo de extrusão é um processo de moldagem de material termoplástico viscoso, sob


pressão, através de uma matriz com um orifício. Uma rosca transportadora transfere o material
em forma de pellets através de uma câmara, o qual é sucessivamente compactado, fundido e
transformado em uma carga contínua de fluido viscoso (CALLISTER W. D., 2008)
A rosca transportadora é um dos componentes mais importantes de uma extrusora pelo fato
de, além de transportar o material, ela tem a função de fundir ou amolecer, homogeneizar e
plastificar o material termoplástico. A rosca gira dentro do canhão e este movimento relativo
entre a rosca e o canhão gera o arraste do polímero, ocasionando o aquecimento que se dá por
atrito, e através de resistências acopladas no canhão, gerando o transporte do polímero a partir do
funil da extrusora até sair na matriz, assumindo o formato do orifício da matriz, podendo produzir
fibras, tubos, chapas, fios, etc. (MANRICH, 2013).

2.5.1.1 Extrusora típica para termoplásticos

As máquinas extrusoras são normalmente dimensionadas em função do diâmetro da rosca,


cujos tamanhos variam de 25 a 250 mm. Outra forma de expressar o tamanho das extrusoras é em
função da razão comprimento pelo diâmetro da rosca, conhecida como razão L/D, na qual os
valores típicos variam de 20 a 30.
No processo de extrusão, as interações básicas são praticamente as mesmas para todos os
tipos de equipamentos. Primeiro, a matéria-prima (na forma de partículas ou fitas), entra na
máquina através de um funil; essas partículas são puxadas e compactadas pela ação de uma rosca
sem fim; em seguida, tem início o processo de mistura e homogeneização do fluxo com
devolatização ou degasagem e, finalmente, a extrusão propriamente dita, que consiste na
passagem do material fundido através da matriz. A extrusora é um equipamento que gera um
33

fluxo de arraste, o qual puxa o material do ponto de entrada (conhecido como zona de
alimentação) até a matriz.
Para que o material possa ser arrastado, é necessário que não gire com a rosca ou, pelo
menos, que gire com velocidade reduzida (In Apostila SENAI PTF I, Características de máquinas
injetora e extrusora, 2005).
O mesmo princípio aplica-se ao processo de extrusão: à medida que o material é
transportado para a frente do cilindro, é gerada uma força (pressão) que faz a rosca se
movimentar axialmente na direção oposta. Uma vez que a quantidade de material na frente do
cilindro atinge o valor pré-estabelecido, a rosca funcionará como pistão, forçando o material
plastificado a preencher o molde. (HARADA & UEKI, 2012).

Figura 2.5 - Diagrama esquemático de uma extrusora.


Fonte: (CALLISTER W. D., 2008)

2.5.2 Processo de Injeção

O processo de injeção consiste basicamente em transformar material plástico através de


temperatura e pressão.
34

O processo se dá pelo transporte do material plástico através da rosca transportadora. Ao


ocorrer o transporte, gera-se atrito, que junto com o aquecimento através de um sistema de
aquecimento, funde o material sólido. Nesse momento efetiva-se o processo de injeção, onde a
rosca se movimenta com velocidade e pressão determinada e transfere o material derretido para
dentro de um molde refrigerado ou não, dando forma ao produto. O fechamento do molde pode
ocorrer através de acionamentos mecânicos, elétricos, pneumáticos e/ou hidráulicos. Após o
resfriamento, o molde se abre, e retira-se o produto obtido (MANRICH, 2013).
A moldagem por injeção é, sem dúvidas, o método mais usado para transformar
termoplásticos em artigos para uso final. Estima-se que 35% dos artigos plásticos para o uso
sejam produzidos por este processo. É um processo simples, rápido, preciso e, hoje em dia,
razoavelmente econômico.
As máquinas injetoras são em regra geral, máquinas universais. Sua função abrange a
produção descontinuada de peças, preferencialmente a partir de fundidos macromoleculares,
apesar de a moldagem ocorrer sob pressão. Normalmente são utilizadas pressões que variam de
5.000 a 20.000 psi e por este motivo o molde deve manter uma força de fechamento superior a
pressão utilizada durante a injeção e o resfriamento.
Na moldagem por injeção, são produzidas peças com uma grande precisão e com
tolerâncias de medidas muito pequenas. Esta precisão é alcançada com a fabricação de moldes
específicos e utilizando-se o material termoplástico adequado ao produto que se deseja
confeccionar (FLAVIA, 2008). Os moldes podem ser fabricados em aço endurecido ou alumínio,
quando se necessita de altos ciclos de produção, ou em outros materiais, quando o ciclo de
produção não for grande. Por isso, tem que se levar em consideração a quantidade de peças a
produzir para determinar o tipo de material que se irá fabricar o molde, para não tornar o
processo muito caro, compensando o custo de sua fabricação (BLASS, 1988).
35

Figura 2.6 - Diagrama esquemático de uma injetora.


Fonte: (In Apostila SENAI PTF I, Características de máquinas injetora e extrusora, 2005)
36

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

O polipropileno (PP Natural) utilizado como matriz polimérica foi o HRV 140, um
homopolímero, fabricado pela empresa Sasol. Segundo o fabricante, o polipropileno é indicado
para o processo de injeção e contém um agente de nucleação que assegura a cristalização rápida.
Os dados do fornecedor deste material constam na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Dados do fornecedor do PP HRV 140 utilizado neste trabalho.


Propriedades Unidades Valores Normas
Índice de fluidez (230°C/2,16kg) g/10min 21 ISO 1133
Densidade g/cm³ 0,905 ISO 1183-1
Dureza por pressão de bola – HB N/mm² 73 ISO 2039-1
Resistência à tração no escoamento MPa 34 ISO 527-2/1A/50
Alongamento no escoamento % 8,0 ISO 527-2/1A/50
Resistência ao impacto Charpy à 23°C kJ/m² 3,0 ISO 179-1/1eA
Módulo de flexão secante a 1% MPa 1550 ISO 178
Módulo de elasticidade MPa 1600 ISO 527-2/1A/1
Ponto de fusão – DSC °C 163 ISO 11357-3

A carga incorporada no polipropileno foi o quartzo, doado pela Escola SENAI “Mário Amato”.
Segundo o revendedor MINASOLO, este apresenta as seguintes características, conforme
mostrado na Tabela 3.2. A Data Sheet do material se encontra em anexo B.
37

Tabela 3.2 - Dados do quartzo fornecido pelo revendedor


Características Unidades Valores
Retenção µm 200
SiO2 % 99,80
AlO3 % 0,15
Fe2O3 % 0,02
CaO % 0,01
Perda ao fogo % 0,14

Foram empregados dois tipos de agentes de acoplamento com o objetivo de melhorar o


desempenho do compósito: o polipropileno graftizado com anidrido maleico (PP-MA) e o agente
silano viniltrietoxisilano (VTES).
O polipropileno graftizado com anidrido maleíco (PP-MA), com nome comercial Bondyram
1010, produzido pela Polyram, foi doado pela empresa Borealis Brasil S.A (Ver Tabela 3.3). A
Data Sheet do material se encontra em anexo C.

Tabela 3.3 - Propriedades do PP-MA fornecidos pelo fabricante.


Propriedades Unidades Valores Normas
3
Densidade g/cm 0,90 ASTM-D 792
MFI g/10 min 200 ASTM-D1238
190°C/2.16
Ponto de fusão °C 160 ASTM-D 3417

O Viniltrietoxisilano (VTES) Silan GF56, fabricado e doado pela empresa Wacker Chemie.
As características do produto estão descritas na Tabela 3.4.
38

Tabela 3.4 - Propriedades do VTES


Características Unidades Valores Normas
Ponto de ebulição/ebulição a 1013 hPa °C 158 ---
Ponto de Inflamação °C 37 ISO 3679
Temperatura de Ignição (líquidos) °C 265 DIN 51794
Pureza % >98 GC
3
Densidade à 25°C g/cm 0,91 DIN 51757
Índice de Refração (25°C) --- 1,397 DIN 51423
Cloreto Hidrolisável (como HCl) Mg/Kg < 10 ---

3.2 Preparação dos Compósitos

Os materiais foram pesados em uma balança analítica em relação à massa do polipropileno


(PP Natural) e homogeneizados manualmente em um recipiente plástico, conforme as
composições presentes na Tabela 3.5.
O teor de 1% para o agente de compatibilização VTES foi sugerido por (FELIX, 2002) para
um sistema PP/VTES/Fibras de vidro, devido ao alto teor de silício no quartzo.
39

Tabela 3.5 - Compósitos preparados neste trabalho


Amostra Composições
1 PP Natural
2 PP com 1% de Anidrido Maleíco Graftizado (PP-MA)
3 PP com 1% de Viniltrietoxisilano (PP-VTES )
4 Compósito de PP - MA com 10% de Quartzo
5 Compósito de PP - MA com 20% de Quartzo
6 Compósito de PP - MA com 30% de Quartzo
7 Compósito de PP-VTES com 10% de Quartzo
8 Compósito de PP-VTES com 20% de Quartzo
9 Compósito de PP-VTES com 30% de Quartzo

Os compósitos foram preparados em uma extrusora monorosca universal, fabricada pela


Wortex, modelo WEX, com diâmetro de rosca de 60 mm e razão L/D = 34 (Figura 3.1), com
alimentação manual pelo funil principal. Os materiais fundidos e homogeneizados no cilindro de
plastificação são empurrados através da rosca transportadora até o cabeçote, onde ocorre o corte
na cabeça (figura 3.2) e ao mesmo tempo o resfriamento num tanque com água em recirculação.
Os pellets formados são transportados até a centrifuga, ocorrendo a secagem e o transporte até o
funil de armazenamento (silo). A extrusão dos compósitos foi realizada na Escola SENAI -
Jundiaí. (Figura 3.1).

Figura 3.1- Extrusora Wortex


Fonte: O Autor.
40

Figura 3.2 - Corte na cabeça – Wortex


Fonte: O autor.

A rosca monofiletada é constituída de dois estágios, que por sua vez estão divididos em
várias zonas:
No primeiro estágio tem-se quatro zonas:
a) Alimentação, composta por oito canais;
b) Compressão, composta por três canais;
c) Bombeamento, composta por seis canais;
d) Mistura, composta por um homogeneizador helicoidal.
No segundo estágio tem-se três zonas:
a) Degasagem ou descompressão, para eliminação de voláteis, composta
por cinco canais;
b) Compressão, composta por quatro canais;
c) Bombeamento, composta por quatro canais.

Figura 3.3 - Perfil da Rosca


Fonte: O autor.
41

Tabela 3.6 - Dados de processo da extrusora


Rotação Corte na Vazão Cilindro Cilindro Cilindro Cilindro Cilindro Troca Tela Cabeçote
Rosca cabeça (Kg/h) Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 Zona 5 Zona 6 Zona 7
(RPM) (RPM) (°C) (°C) (°C) (°C) (°C) (°C) (°C)

120 1192 100 160 165 165 165 170 185 175

Os corpos de prova foram moldados em uma injetora de marca Pavan Zanetti, modelo HXF
90 (Figura 3.4), com força de fechamento de 90 toneladas e injetados na Escola SENAI – Jundiaí.

Figura 3.4 - Injetora onde foram injetados os corpos de prova


Fonte: O autor.

Foram injetados aproximadamente 40 corpos de prova para cada compósito, sendo 20


corpos de prova para ensaios de tração e 20 corpos de prova para ensaios de flexão e impacto,
resultantes de 10 injeções com 04 corpos de prova por ciclo, eliminando sempre os primeiros que
foram moldados para evitar contaminação. As dimensões dos corpos de prova utilizadas para os
ensaios de tração foi de 12,7x3,25x167mm e para os ensaios de flexão e impacto foi de
12,7x3,25x125mm, conforme norma especificada na tabela 3.7. Os corpos de prova estão
ilustrados na figura 3.5.
42

Tabela 3.7 – Dimensional dos corpos de prova


Corpos de Prova Comprimento Largura Espessura
(mm) (mm) (mm)
Tração Min. 165 13 ± 0,5 Máx. 7.0
ASTM – D 638 ( Tipo 1)
Flexão
124,5 / 127 12,7 ± 0,15 3,17 / 12,7
ASTM D 790
Impacto
ASTM D 256 124,5 / 127 12,7 ± 0,15 3,17 / 12,7
(Método B - Charpy)

Figura 3.5 – Corpos de prova


Fonte: O autor.

Os parâmetros de processo de injeção, para todas as composições, estão descritos na tabela


3.8, sendo que os valores foram definidos de forma empírica, através de pesquisas na literatura e
trabalhos realizados anteriormente.
43

Tabela 3.8 - Parâmetros de Processo de Injeção


Pressão Pressão Tempo Pressão Bico Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4
injeção Recalque Ciclo Dosagem Injeção (°C) (°C) (°C) (°C)
(Bar) (Bar ) (s ) (Bar ) (°C)
65 40 48 100 205 200 200 195 190

A temperatura de processamento tanto por extrusão quanto por injeção foi superior aos
160°C que conforme estudado por (MUÑOZ, 2010) apud (ROOVER et al., 1996) favorece a
formação de PP-MA para melhoria da interface com cargas minerais. Nenhum estudo térmico
sobre graftização de VTES com PP foi encontrado.

3.3 Caracterização dos materiais e dos compósitos

3.3.1 Ensaio de análise por difração a laser de tamanho de partículas

A técnica de análise por difração a laser de tamanho de partículas é muito empregada em


diversas áreas industriais devido à sua facilidade de operação, rapidez e amplitude de leitura. As
partículas são dispersas num fluido em movimento causando descontinuidades no fluxo do fluido,
que são detectadas por uma luz incidente, e correlacionadas com o tamanho de partícula.
Atingindo uma quantidade de partículas, a luz incidente sofre uma interação segundo quatro
diferentes fenômenos (difração, refração, reflexão e absorção) formando um invólucro
tridimensional de luz (IZIDORO, 2011) apud (PAPINI, 2006).
O tamanho e o formato do invólucro são influenciados pelo índice de refração relativo da
partícula no meio dispersante, através do comprimento de onda da luz, e pelo tamanho e formato
da partícula. Através de detectores estrategicamente posicionados medem a intensidade e o
ângulo da luz espalhada. O sinal dos detectores é convertido para a distribuição de tamanho de
partícula através de algoritmos matemáticos (ALLEN, 1993).
44

A distribuição granulométrica das partículas de quartzo foi determinada por difratometria a


laser utilizando um analisador de partículas Mastersizer 2000 (Malvern Instruments, Reino
Unido), realizado no laboratório da UNICAMP.

Os ensaios mecânicos de resistência à tração, resistência à flexão e resistência ao impacto,


foram realizados no laboratório da Escola SENAI - Jundiaí, em um ambiente climatizado com
temperatura de 23°C e umidade relativa de 50%, conforme norma ASTM D 648.

3.3.2 Calcinação

Este ensaio determina o teor de cinzas, isto é, o teor de cargas e reforços em materiais
plásticos. Os ensaios de calcinação foram realizados conforme a norma ASTM D 297. Os corpos
de prova foram utilizados na forma de grânulos (pellets) e também em pequenos pedaços
cortados diretamente dos corpos de prova. A balança de marca Shimadzu, modelo UW 4200 H,
(figura 3.6), onde foi pesado 5g de cada amostra, de um total de 10 amostras para cada material
incorporado. O aquecimento foi realizado em um forno/mufla, marca Quimis, modelo Q-318-
M24 (Figura 3.7), em uma temperatura de 600°C, durante um período de 1h 30 min.
O cálculo foi realizado de acordo com a fórmula abaixo:
Carga Massa3 -Massa1
% = x 100% (Equação 3.1)
Reforço Massa2
Onde:
Massa 1 = massa do cadinho vazio
Massa 2 = massa da amostra
Massa 3 = massa após a calcinação
45

Figura 3.6 – Balança empregada para pesar as amostras.


Fonte: O autor.

Figura 3.7 – Forno/mufla utilizado para os ensaios de calcinação


Fonte: O autor.
46

3.3.3 Índice de Fluidez

A determinação do Índice de Fluidez auxilia na caracterização dos materiais poliméricos, assim


como é um indicativo da sua aplicação. O índice de fluidez (MFI) é expresso em g/10 min. Os valores
obtidos mostram a quantidade de material que atravessa um orifício calibrado em condições de
pressão, temperatura e tempo, conforme recomendado pela norma ASTM D 1238. O plastômetro
utilizado foi de marca DSM e modelo MI – 3P (figura 3.8), sendo considerado o tempo de corte do
polímero de 10s, temperatura de 230°C e carga de 2,160 Kg.

Figura 3.8 – Plastômetro


Fonte: O autor
47

3.3.4 Ensaio de DSC

O ensaio de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) tem como objetivo acompanhar a


variação de energia entre a amostra e um material de referência (termicamente inerte), em função
da temperatura. As alterações de energia na amostra, em relação à referência, ocorrem devido a
transições endotérmicas ou exotérmicas. Quaisquer transições que ocorrerem na amostra são
registradas na forma de pontos de máximo e inflexões num gráfico de saída de sinal do
equipamento.
A transição vítrea (Tg) ocorre como uma variação brusca do calor específico do material
pois deixa de haver nas cadeias apenas movimentos vibracionais e passa a existir movimentos
conformacionais num ciclo de aquecimento. Na região da transição observa-se uma flexão na
linha base calibrada que por extrapolação das linhas formadas, obtém-se em seu ponto médio o
registro da Tg. No Polipropileno a transição vítrea normalmente não é muito evidente por essa
técnica de análise.
A fusão ocorre com a formação de um largo pico endotérmico no qual o pico mínimo é
definido como temperatura de fusão cristalina (Tm). Semelhantemente a cristalização ocorre
formando um largo pico exotérmico cujo ponto máximo corresponde com a temperatura de
cristalização (Tc). Nestes picos a integração da área interna é proporcional a entalpia dos
processos de fusão e cristalização, respectivamente. Esta integração é realizada pelo software do
equipamento de análise e é identificada como ∆H.
Os ensaios foram realizados no equipamento Netzsch DSC 200F3 240-20-0905 L, que
opera por fluxo de calor sobre amostra e referência, em atmosfera protetiva de nitrogênio, em
taxa de aquecimento/resfriamento de 10°C/min, operando numa faixa de -50°C à 200°C, em 5
etapas, a saber:
a) Resfriamento até -50°C
b) 1° Aquecimento de -50°C até 200°C
c) Resfriamento de 200°C até -50°C
d) 2° Aquecimento de -50°C até 200°C
e) Resfriamento até a 30°C
48

Os valores de temperatura de cristalização, temperatura de fusão e as entalpias foram


determinados a partir do segundo aquecimento. O grau de cristalinidade (Χc) foi
determinado a partir da entalpia de cristalização do PP, conforme equação 3.2, utilizando
um valor de ∆Hf = 190 J/g para o PP isotático 100% cristalino e os valores de entalpia de
fusão foram corrigidos para a fração volumétrica (w) de PP presente no compósito.
(AMASH, A.; ZUGENMAIER, P., 1997)

∆HAmostra
XC = . 100% (Equação 3.2)
∆Hf . w

O equipamento utilizado está instalado no Laboratório Multiusuário de Caracterização de


Materiais da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP.

3.3.5 Ensaio de MEV

Para o estudo da morfologia dos compósitos foi utilizado um microscópio eletrônico de


varredura (MEV). As análises foram realizadas em amostras recobertas com uma liga de ouro-
paládio, fraturadas após congelamento em nitrogênio liquido. O equipamento utilizado foi o
ZEISS, modelo EVO MA15, (figura 3.9), instalado no Laboratório Multiusuário de
Caracterização de Materiais da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP.
49

Figura 3.9 - Microscópio eletrônico de varredura (MEV).


Fonte: O autor

3.3.6 Ensaio de Tração

Os ensaios de tração foram realizados conforme norma ASTM D638, a qual preconiza a
velocidade de ensaio como sendo de 50 mm/min. (FERNANDES & DOMINGUES, 2007). O
equipamento utilizado foi uma máquina Universal de ensaio EMIC modelo DL 3000 (Figura
3.10), utilizando uma célula de carga de 20KN. Realizou-se a medição da espessura com um
paquímetro digital e calculou-se o valor de cada corpo de prova, que foi utilizado para calcular a
área transversal, multiplicando seu valor pela largura. No total foram realizados dez ensaios para
cada tipo de compósito, calculando-se a média de cada propriedade mecânica com seu desvio-
padrão.
50

3.3.7 Ensaio de Flexão

Os ensaios foram executados de acordo com a norma ASTM D790, utilizando o método de
flexão 3 pontos, cujo equipamento foi a máquina Universal de ensaio EMIC modelo DL 3000 e
uma célula de carga de 2KN. A distância entre os apoios foi de 100 mm e a velocidade foi
calculada em função da espessura do corpo de prova, conforme equação 3.3. Foram realizados 10
ensaios para cada material compósito e calculada a média e o desvio-padrão da Força Máxima e
do Módulo de Flexão. Para a finalização de ensaio foi considerada uma deformação Máxima de
5% das fibras externas, conforme equação 3.4.

Equação da velocidade
2
Z.L
R= (Equação 3.3)
6.d
Onde:
R – Velocidade [mm/min]
Z – Taxa de aplicação de esforços [0,1 mm/mm.min]
L – Distância entre os apoios [mm]
d – Espessura média [mm]

Equação da Deflexão Máxima

2
r.L
D=
6.d
(Equação 3.4)
Onde:
D – Deflexão Máxima [mm]
L – Distância entre os apoios [mm]
d – Espessura média [mm]
r – 5% de deformação
51

Figura 3.10 - Máquina Universal de ensaio (Tração e Flexão)


Fonte: O autor

3.3.8 Ensaio de Impacto

O principal objetivo do ensaio de impacto é de avaliar quantitativamente a capacidade de


um material absorver energia, ou seja, avaliar a capacidade desses compósitos em suportar cargas
dinâmicas. Os ensaios de impacto Charpy foram realizados conforme norma ASTM D 256 no
equipamento de marca EMIC modelo AIC -1 (Figura 3.11), utilizando um pêndulo de 5,4J. Os
corpos de prova foram entalhados na máquina de entalhes EMIC, (Figura 3.12), cuja largura e
espessura foram medidas com um paquímetro digital. Foram realizados 10 ensaios para cada tipo
52

de material, que forneceram os valores médios da resistência ao impacto com seus respectivos
desvios-padrão. De acordo com a equação 3.5, calculou-se a resistência ao impacto.

W
R= (Equação 3.5)
h.b

Onde:
R – Resistência ao impacto Charpy (J/m)
W – Energia corrigida absorvida na ruptura (J)
h – Espessura do corpo de prova (m)
b – Largura do corpo de prova (m)

Figura 3.11 - Equipamento de ensaio de impacto


Fonte: O autor.
53

Figura 3.12 - Máquina de entalhe dos corpos de prova


Fonte: O autor.
54

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Ensaio de Análise por difração a laser de tamanho de partículas

A Figura 4.1 mostra a distribuição de tamanho das partículas de quartzo. Pode-se observar
que se trata de um sistema polidisperso, com tamanho médio de aproximadamente 30 µm. A
curva de análise completa do tamanho de partículas encontra-se no anexo A. Segundo
(DALPIAZ, 2007) apud (SAHNOUNE, 1998) existe uma relação entre tamanho das partículas e
a resistência à tração do compósito relacionada com a área superficial da carga e a concentração
de tensões na interação carga-matriz. Devido à maior área superficial, cargas de tamanhos
menores tendem a promover aumento mais significativo no módulo, bem como na tensão de
escoamento. Conforme (LIMA, 2007) cargas minerais com tamanho de partícula inferior a 45 µm
misturadas a polímero no estado fundido tende-se a aglomerar, pois as forças de atração entre
elas superam o próprio peso das partículas e prejudicam a resistência mecânica. No presente
estudo quase 90% das partículas situam-se nesta faixa, além disso o processo tende a cisalhar as
partículas promovendo uma cominuição ainda maior destas.

Figura 4.1 – Curva de distribuição de tamanho das partículas de quartzo obtida por difração a
laser.
55

4.2 Ensaio de Calcinação

As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam os resultados obtidos no ensaio de calcinação dos pellets e
dos corpos de prova, respectivamente. Pode-se observar que para os compósitos contendo VTES
apresentaram teores de quartzo próximos aos valores nominais (10, 20 e 30%). No entanto, para
os compósitos contendo MA, os valores obtidos são menores do que os valores nominais,
apresentando, para o caso do PP MA - 10% Q, um valor 25% menor do que o esperado.

Tabela 4.1 – Ensaio de calcinação de pellets


AMOSTRA MASSA MASSA MASSA PORCENTAGEM
CADINHO AMOSTRA FINAL QUARTZO
PP MA 27,77 g 5,01 g 27,80 g 0,6 %
PP MA – 10%Q 26,41 g 5,00 g 26,79 g 7,60 %
PP MA – 20%Q 25,32 g 5,00 g 26,33 g 20,20 %
PP MA – 30%Q 27,78 g 5,00 g 29,09 g 26,20 %

PP VTES 26,84 g 5,01 g 26,85 g 0,2%


PP VTES – 10%Q 28,39 g 5,05 g 28,93 g 10,7 %
PP VTES – 20%Q 28,39 g 4,99 g 29,38 g 19,84 %
PP VTES – 30%Q 26,82 g 5,01 g 28,30 g 29,50 %
56

Tabela 4.2 – Ensaio de calcinação de pedaços de corpos de prova


AMOSTRA MASSA MASSA MASSA PORCENTAGEM
CADINHO AMOSTRA FINAL QUARTZO
PP MA 27,77 g 5,01 g 27,78 g 0,2%
PP MA – 10%Q 26,65 g 5,05 g 27,03 g 7,53 %
PP MA – 20%Q 27,77 g 5,01 g 27,74 g 19,4%
PP MA – 30%Q 27,78 g 5,05 g 29,09 g 26 %

PP VTES 26,84 g 5,01 g 26,86 g 0,4%


PPVTES – 10%Q 28,42 g 5,04 g 28,99 g 11,3 %
PPVTES – 20%Q 26,89 g 5,02 g 27,88 g 19,72 %
PPVTES – 30%Q 26,82 g 5,03 g 28,29 g 29,3 %

4.3 Ensaio de Índice de Fluidez

A Tabela 4.3 mostra os resultados obtidos no ensaio de índice de fluidez. Pode-se observar
uma diminuição no índice de fluidez nos compósitos contendo VTES em comparação com o PP
natural evidencia um possível efeito de graftização do VTES na cadeia de PP. Os índices de
fluidez dos compósitos apresentados indicam que os compósitos contendo VTES apresentou um
maior tempo de residência no equipamento de processamento, o que, consequentemente,
acarretou num maior cisalhamento destes compósitos durante o processamento.
57

Tabela 4.3 - Ensaio de fluidez


AMOSTRA Índice de fluidez (g/10 min)
PP NATURAL 24,4 ± 0,008
PP MA 23,4 ± 0,018
PP MA – 10%Q 26,0 ± 0,015
PP MA – 20%Q 26,5 ± 0,009
PP MA – 30%Q 25,5 ± 0,026

PP VTES 20,4 ± 0,009


PP VTES – 10%Q 20,1 ± 0,022
PP VTES – 20%Q 18,6 ± 0,006
PP VTES – 30%Q 21,7 ± 0,01

O aumento no IF do polipropileno com o acréscimo de carga no MA, dá indícios que o


material sofreu redução de sua massa molar, uma vez que o IF é uma medida relativa do inverso
da viscosidade do material, que por sua vez se encontra ligada à massa molar deste. (MUÑOZ,
P.A.R., 2010).
Outra possibilidade para o aumento da fluidez estaria no afastamento das cadeias pela
presença da carga com baixa interação desta com o polímero. Com o acréscimo de carga haveria
maior afastamento e maior fluidez, a geometria da carga pode influenciar esse resultado
diminuindo a fluidez. Haja vista tenha ocorrido flutuações na fluidez houve cominuição do
diâmetro médio das cargas causada por cisalhamento no processamento. O VTES apresentou uma
maior interação com a carga que o MA, representado por menores valores de índice de fluidez.

4.4 Ensaio de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

A Tabela 4.4 mostra os valores de temperatura de fusão Tm, temperatura de cristalização


Tc, entalpias de fusão e cristalização e grau de cristalinidade. Resultados de Tg não estão
apresentados, pois a transição vítrea não foi observada nos termogramas (ver Apêndice E a M).
Isso ocorreu provavelmente devido à taxa de aquecimento/resfriamento utilizada.
58

Tabela 4.4 - Ensaio de DSC


AMOSTRA Tm (°C) Tc (°C) ∆Hm (J/g) ∆Hc (J/g) Χc (%)
PP NATURAL 170 122 75,4 96,1 50,6
PP MA 170 122 74,5 102 54,3
PP MA – 10%Q 172 125 73,1 96,6 56,5
PP MA – 20%Q 170 124 67,5 86,2 56,7
PP MA – 30%Q 169 128 62,9 73,7 55,5

PP VTES 171 121 78,4 101 53,5


PPVTES–10%Q 170 121 64,6 82,1 48,0
PPVTES–20%Q 170 122 63,2 83,0 54,6
PPVTES–30%Q 170 123 55,8 70,4 53,0

Quanto a temperatura de fusão dos compósitos com os agentes de acoplagem MA e VTES


com a adição de carga mineral, nota-se que não houve uma variação significativa da temperatura
de fusão referente ao PP natural para os dois compósitos com os agentes de acoplagem MA e
VTES. Os valores de entalpia de fusão (∆Hm) do PP natural para os compósitos PP MA e PP
VTES foram 75,4 J/g, 74,5 J/g e 78,4 J/g, respectivamente. Esta diferença também é pequena,
mostrando que não houve alteração significativa no comportamento de fusão do PP devido a
presença dos compatibilizantes e partículas.
Os valores de temperaturas de cristalização demonstram uma tendência de aumento da
temperatura de cristalização para os dois agentes de acoplamento referente ao PP natural, com o
aumento de carga, porém não tão significativo, mas, mais pronunciado para o agente MA,
também demonstrado por outros estudos realizados, conforme descritos anteriormente. Os
valores de entalpia de cristalização (∆Hc) do PP natural e dos compósitos de PP MA e PP VTES
foram 96,1 J/g, 102 J/g e 101 J/g, respectivamente.
59

4.5 Análise Morfológica dos Compósitos (MEV)

A Figura 4.2 mostra imagens de MEV da superfície de fratura do PP natural. As Figuras 4.3
a 4.6 mostram as imagens de MEV dos compósitos contendo MA com diferentes concentrações
de quartzo. Comparando com a micrografia de fratura criogênica do PP, as cargas de quartzo
presentes nas formulações parecem não possuir uma afinidade grande com a matriz, pois não há
formação de meniscos indicando um molhamento efetivo da carga. As composições com MA
aparentam quebra da partícula de carga em regiões não paralelas e deslocamentos bruscos da
frente da trinca, indicando uma propagação do impacto através das partículas (que é pouco
provável devido aos baixos rendimentos mecânicos com aumento do teor de carga), apesar de ser
uma carga frágil.

Figura 4.2 – Superfície de fratura do PP Natural


60

Figura 4.3 - Superfície de fratura do PP MA

Figura 4.4 - Superfície de fratura do PP MA + 10%Q

Figura 4.5 - Superfície de fratura do PP MA + 20%Q


61

Figura 4.6 - Superfície de fratura do PP MA + 30%Q

As Figuras 4.7 a 4.10 apresentam as imagens de MEV dos compósitos contendo VTES com
diferentes concentrações de quartzo. A superfície de fratura dos compósitos contendo VTES é
similar ao dos compósitos contendo MA, apresentando buracos de decapagem (ou soltura) das
partículas de quartzo, deixando buracos com paredes bem planas, e as cargas com formato
íntegro (sem trincas).

Figura 4.7 - Superfície de fratura do PP VTES


62

Figura 4.8 - Superfície de fratura do PP VTES + 10%Q

Figura 4.9 - Superfície de fratura do PP VTES + 20%Q

Figura 4.10 - Superfície de fratura do PP VTES + 30%Q


63

4.6 Ensaio de Tração

Os resultados dos ensaios de tração das amostras estudadas neste trabalho estão
apresentados nas figuras 4.11 a 4.14 e resumidos na tabela 4.5.

Tabela 4.5 - Resultados dos ensaios de tração


TENSÃO MÓDULO TENSÃO DEFORMAÇÃO
AMOSTRA MÁXIMA ELÁSTICO RUPTURA RUPTURA
(MPa) (MPa) (MPa) (%)
PP NATURAL 31,15 ± 0,27 1697,78 ± 0,03 29,84 ± 0,16 103,51 ± 56,8
PP MA 33,18 ± 0.6 1877,98 ± 0,1 31,58 ± 0,61 90,71 ± 52
PP 10%Q MA 33,04 ± 0,14 2251,1 ± 0,08 30,91 ± 0,17 18,45 ± 4,6
PP 20%Q MA 29,21 ± 0,22 2488,2 ± 0,09 27,28 ± 0,28 19,6 ± 2,9
PP 30%Q MA 27,11 ± 0,20 2653,86 ± 0,07 25,34 ± 0,28 20,06 ± 4,3
PP VTES 29,76± 0,48 1712,56 ± 0,08 26,87 ± 4,06 128,34 ± 42,1
PP 10%Q VTES 27,42 ± 0,52 2103,1 ± 0,1 25,86 ± 0,54 48,27 ± 12,7
PP 20%Q VTES 25,2 ± 0,49 2208,47 ± 0,09 23,26 ± 0,63 38,23 ± 13
PP 30%Q VTES 26,47 ± 0,16 2885,8 ± 0,07 24,25 ± 0,31 17,11 ± 3,3

Comparando-se o PP natural com as misturas dos agentes modificadores de interface MA e


VTES, pode-se observar um aumento considerável no módulo em comparação ao PP natural em
todos os parâmetros estudados, sendo que os melhores resultados ocorreram com o agente VTES
com um ganho de 70% no módulo e com o MA valores inferiores, em torno de 56% em
comparação ao PP natural.
Com a incorporação da carga mineral, os valores de módulo elástico aumentaram com o
aumento da concentração de carga para o MA e o VTES, como pode ser observados na figura
4.11, a seguir:
64

Figura 4.11 – Módulo de Elasticidade dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração.

Os resultados de tensão máxima em tração se mostraram mais eficientes para o sistema


modificado com anidrido maleíco, porém com tendência decrescente com o aumento do teor de
quartzo incorporado para o sistema com MA (sugerindo que o quartzo não tem afinidade com
sistema polimérico, crescente com aumento da superfície da carga, ou que o teor de MA
incorporado foi insuficiente para reforçar maiores teores de carga), e praticamente não houve
variação com o teor de quartzo para o sistema com VTES, indicando uma possível baixa
concentração de VTES, não permitindo maior interação com a carga.
65

Figura 4.12 – Tensão Máxima dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos nos
ensaios de tração.

Já com VTES, sua incorporação simples não trouxe reforço ao material e ainda apresentou
queda das tensões com o aumento do teor de quartzo. Comparando as formulações com MA e
VTES, observa-se que o VTES reduz a resistência à tração do material de forma mais
significativa. Observamos que, da mesma forma que no gráfico anterior, o aumento do teor de
quartzo reduz a resistência à tração do material, com pequena flutuação dentro da margem de erro
para a formulação com 30% Q e VTES.
66

Figura 4.13 – Deformação na Ruptura dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração.

As deformações de ruptura tiveram pouca variação para o sistema com MA, indicando um
sistema relativamente frágil, pouco sensível ao teor de quartzo, possivelmente a quantidade de
anidrido maleíco incorporada foi insuficiente para impedir a propagação catastrófica da trinca na
matriz já com baixo teor de carga. Para o sistema com o VTES indica melhores valores de
deformação de ruptura, mostrando-se um sistema mais tenaz, porém bastante sensível ao teor de
quartzo incorporado, sendo o último valor de deformação de ruptura bastante semelhante ao
obtido para o sistema com MA, sugerindo que para 30%Q e VTES o teor de agente de interface
também tenha sido insuficiente para melhorar a propriedade.
67

Figura 4.14 – Tensão de Escoamento dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração.

Pode-se observar que no sistema com adição do agente de acoplamento VTES praticamente
não houve alteração no valor da tensão de escoamento com o aumento do porcentual de quartzo,
já para o sistema com anidrido maleico verifica-se uma tendência de queda com o aumento do
teor de quartzo.
68

4.7 Ensaio de Flexão

Tabela 4.6 – Resultados dos Ensaios de Flexão


TENSÃO MÁXIMA MÓDULO ELASTIC.
AMOSTRA (MPa) (MPa)
PP NATURAL 34,21 ± 0,64 1553 ± 67,14
PP MA 38,11 ± 1,0 1774 ± 89,71
PP 10%Q MA 38,78 ± 1,0 1742 ± 67,59
PP 20%Q MA 39,03 ± 1,0 2011 ± 39,67
PP 30%Q MA 37,99 ± 1,17 2214 ± 91,28
PP VTES 30,56 ± 0,89 1365 ± 63,52
PP 10%Q VTES 31,36 ± 1,69 1536 ± 74,73
PP 20%Q VTES 32,12 ± 0,63 1696 ± 53,34
PP 30%Q VTES 38,72 ± 0,27 2383 ± 27,53

O comportamento mecânico por flexão do sistema PP/MA/Q seguiu a tendência esperada


com aumento gradativo da resistência com o teor de carga incorporada, conforme a tabela 4.6 e
figura 4.15, até esta se tornar um empecilho para o movimento da matriz, que aparentemente
ocorre em 30% Q com MA, apesar de ser uma flutuação dentro dos parâmetros de erro da
medida.
O comportamento de flexão teve aumento mais expressivo com a carga e com o agente de
acoplamento de VTES, conforme evidenciado na tabela 4.6 e figura 4.15.
69

Figura 4.15 – Tensão Máxima dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos nos
ensaios de flexão.
A figura 4.16 apresenta o crescimento da resistência à flexão com o aumento da
incorporação de quartzo na matriz do PP. Com 30% em massa de quartzo com MA, observa-se
um aumento de 42% dessa propriedade em relação ao polímero natural. Já com 30% em massa de
quartzo com VTES, observa-se um melhor desempenho na propriedade em torno de 53% em
relação ao polímero natural, indicando que a incorporação do quartzo com o PP é bastante eficaz
na melhoria da propriedade de módulo de flexão do PP.
70

Figura 4.16 – Módulo de Elasticidade dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de flexão.
71

4.8 Ensaio de Impacto

Tabela 4.7 – Resultados dos Ensaios de Impacto


RESISTÊNCIA AO IMPACTO
AMOSTRA (J/m)
PP NATURAL 96,32 ± 5,04
PP MA 92,13 ± 13,23
PP 10%Q MA 82,63 ± 5,11
PP 20%Q MA 73,28 ± 3,64
PP 30%Q MA 76,86 ± 9,54
PP VTES 101,33 ± 8,70
PP 10%Q VTES 76,74 ± 6,71
PP 20%Q VTES 71,89 ± 3,71
PP 30%Q VTES 78,19 ± 8,58

Novamente observa-se comportamento oposto pela adição de MA e VTES como agentes


modificadores de interface em relação à matriz de PP natural, porém com a adição crescente de
carga de quartzo, o sistema com MA apresentou uma queda inicial mais suave, bastante
dependente do teor de carga rígida de quartzo, ora evidenciada na redução do valor médio, ora no
erro da medida. Já no sistema com VTES, a queda inicial pela adição da carga rígida foi maior,
entretanto, as adições subsequentes não afetaram significativamente a tenacidade do material,
suportando a análise que o teor de VTES esteja abaixo do ideal para o sistema, conforme
demonstrado na figura 4.17.
(SAKAHARA, 2012) apud (JACOBY, 2007; COWIE, 1993; BILMEYER, 1971)
comentou que a melhoria da resistência ao impacto nas blendas do PP apenas com o agente de
interface se deve a nucleação de uma fase cristalina beta repleta de microvazios que impedem a
propagação catastrófica de uma trinca. Ou ainda a uma menor cristalização alfa devido à presença
do agente. Como o teor de agente de interface é bem baixo, a primeira hipótese é mais sensata.
72

Figura 4.17 – Resistência ao Impacto dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de impacto.
73

5 CONCLUSÃO

Foram obtidos compósitos de polipropileno carregado com partículas de quartzo, oriundo


de resíduos de marmorarias, contendo os agentes de acoplamento anidrido maleíco e
viniltrietoxisilano, visando o aproveitamento desses resíduos.
Assim sendo, com base nos resultados obtidos nesta dissertação é possível fazer as
seguintes conclusões:

 No comportamento térmico não foi possível observar grandes diferenças entre os dois
sistemas estudados, sendo que em ambos o teor de carga e agente de acoplamento não
interferiram no comportamento de fusão e cristalização em relação ao PP natural;

 Nos testes de tração os compósitos apresentaram valores superiores de módulo em relação ao


PP natural. Comparando a eficiência dos agentes de acoplagem no compósito, os melhores
resultados ocorreram com o agente de acoplamento VTES com um ganho de 70% na rigidez
enquanto que, com o agente MA, valores permaneceram com um acréscimo em torno de 56%
referente ao PP natural.

 Maiores valores de rigidez são esperados pois no ensaio de flexão em 3 pontos, parte das
moléculas de PP são solicitadas em tração e metade em compressão, ficando dessa maneira
menos solicitado que no ensaio simples de tração.

 Nos testes de flexão, o compósito também apresentou valores superiores de rigidez em


relação ao PP natural. Os melhores resultados também ocorreram com o agente de acoplagem
VTES em torno de 53% na rigidez, já com o agente MA, valores inferiores, mas que
superaram ao PP natural em torno de 42%.

 Comparando os resultados de tensão máxima suportada pelo material nos ensaios de tração e
flexão, foi observado que com o aumento do teor de quartzo, houve uma redução da
resistência à tração do material mais significativa com o agente VTES em relação ao MA,
74

entretanto, essas resistências aumentaram gradativamente com o teor de carga incorporada


nos ensaios de flexão, tanto para com o agente VTES como o MA.

 Nos testes de resistência ao impacto foi observado uma redução gradativa da tenacidade do
material com o aumento de carga mineral, mais pronunciado com o agente VTES do que com
o MA.
75

6 SUGESTÕES PARA PRÓXIMOS TRABALHOS

 Verificar as propriedades mecânicas dos compósitos preparados em outras condições de


processamento, utilizando uma extrusora dupla rosca;

 Realizar estudo do sistema PP/Q sem agentes de acoplamento;

 Estudar a influência da incorporação de diferentes porcentagens de agentes de acoplamento


nas propriedades mecânicas, conforme estudado por (GARTNER, 2008) para a blenda
PP/PET com anidrido maleíco, sugerindo que outros sistemas possuam também
quantidades ideais de agentes de acoplamento;

 Avaliar o comportamento de dispersão do polipropileno na presença de quartzo com


maiores partículas (granulometria);

 Estudar o comportamento de cristalização do polipropileno na presença do quartzo;

 Estudar outras técnicas de mistura e homogeneização do PP com as cargas minerais e os


agentes de acoplamento;

 Estudar a influência nas propriedades mecânicas da incorporação de quartzo com o


Polipropileno, com valores acima de 30% em massa;

 Estudar com maior detalhamento a influência da granulometria do quartzo para este


compósito.
76

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88

ANEXO

ANEXO A - Tamanho da Partícula de Quartzo.


89

ANEXO B – Data Sheet do Quartzo


90

ANEXO C – Data Sheet do PP graftizado com MA


91

APÊNDICE

APÊNDICE A – Relatório de ensaio e curvas de tensão e deformação do ensaio de Tração


do PP Natural.

S tre s s (M P a )
40

30

1
2
3
20 4
5
6
[7 ]

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
S t ra in (% )
92

APÊNDICE B – Relatório de ensaio e curvas de tensão e deformação do ensaio de Flexão


do PP Natural.
93

APÊNDICE C – Gráfico de ensaio e curvas de DSC da Temperatura de Cristalização (Tc).

AMOSTRA REFERÊNCIA
PP NATURAL 1.3
PP MA 2.5
PP 10%Q MA 3.5
PP 20%Q MA 4.5
PP 30%Q MA 5.5
PP VTES 6.5
PP 10%Q VTES 7.5
PP 20%Q VTES 8.5
PP 30%Q VTES 9.5
94

APÊNDICE D – Gráfico de ensaio e curvas de DSC da Temperatura de Fusão (Tm).

AMOSTRA REFERÊNCIA
PP NATURAL 1.2
PP MA 2.2
PP 10%Q MA 3.2
PP 20%Q MA 4.2
PP 30%Q MA 5.2
PP VTES 6.2
PP 10%Q VTES 7.2
PP 20%Q VTES 8.2
PP 30%Q VTES 9.2
95

APÊNDICE E – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP Natural.

APÊNDICE F – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP MA.


96

APÊNDICE G – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP MA 10%Q

APÊNDICE H – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP MA 20%Q


97

APÊNDICE I – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP MA 30%Q

APÊNDICE J – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP VTES


98

APÊNDICE K – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP VTES 10%Q

APÊNDICE L – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP VTES 20%Q


99

APÊNDICE M – Gráfico de ensaio e curvas de DSC do PP VTES 30%Q

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