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ADILSON GIROTO
CAMPINAS
2016
ADILSON GIROTO
___________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
CAMPINAS
2016
À minha esposa e filha, Elaine e Catherine, que sempre
me apoiaram e incentivaram nesta minha jornada.
Agradeço primeiramente a DEUS por ter permitido concluir este importante trabalho.
Aos meus familiares, que sempre me apoiaram e incentivaram para crescer como pessoa e
como profissional. Obrigado por confiar sempre em mim.
Ao o meu orientador, o Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila, pela motivação, paciência e
grande apoio durante todo o trajeto. Desde a primeira conversa de escolha do tema, no
direcionamento nos resultados e no artigo escrito..., enfim, até a última palavra escrita
neste trabalho. Pela dedicação de seu precioso tempo para me orientar... Por ter acreditado
no meu potencial.
A todos os professores, especialmente ao Rafael Galindo Carvalho, Eduardo Garcia
Vargas, Paulo Eduardo Orlandi e Claudomiro Passos Nascimento, pelo processamento
dos compósitos na oficina de processamento do setor plástico da Escola SENAI - Jundiaí.
A professora Adriana Costa Miguel pela caracterização dos materiais no laboratório de
ensaios mecânicos da Escola SENAI – Jundiaí.
Ao professor Cassiano Lima pelo apoio e ajuda em todos os momentos que precisei de
seus conhecimentos e que contribuíram no desenvolvimento desta pesquisa.
A escola SENAI – Jundiaí por ter doado o polipropileno homopolímero.
Ao professor Reinaldo Suterio dos Santos, do Núcleo de Cerâmica da Escola SENAI
Mário Amato que doou o quartzo moído para as incorporações.
A amiga Alexandrina Silva da empresa Borealis, por doar o Anidrido Maleíco e também
ajudar na indicação para a aquisição do VTES, que foi doado pela empresa Wacker
Chemie.
A Claudinete Vieira Leal e José Luiz do Laboratório Multiusuário de Caracterização de
Materiais da FEM - UNICAMP, pela ajuda prestada durante as caracterizações
morfológicas e das propriedades mecânicas dos compósitos.
Enfim, todos aqueles que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste
trabalho.
"Desistir de aprender é egoísmo. Este é um ditado que eu gosto muito.
Quando acalentamos o desejo de aprender mais, nossas vidas estarão repletas de
genuína vitalidade e brilho”.
Daisaku Ikeda
RESUMO
In this work, composites of polypropylene reinforced with quartz particles obtained from
marble stones cutting were studied. The composites were obtained by melt mixing using a single
screw extruder, where composites with maleic anhydride polypropylene and polypropylene with
vinyltriethoxysilane (VTES) were obtained, with different quartz concentrations in order to
evaluate the effect of the coupling agents in the composites mechanical properties. Tensile,
flexure and impact samples were obtained from injection molding. Differential Scanning
Calorimetry (DSC) tests were performed over composite formulations and composites
mechanical properties were analyzed under tensile, flexural and impact tests. It was observed an
increase in the elastic modulus as a function of particle concentration for the composites prepared
with MA and VTES. There was an increase of 70% in elastic modulus for VTES and 56% for
MA bonding agents, related to Natural PP, under flexural tests, there was also an increase in
stiffness of 53% for VTES bonding agent and 42% for MA bonding agent, however, significant
differences in mechanical behavior between the composites prepared with MA and VTES were
not observed.
Abreviações
PP Polipropileno
MA Anidrido Maleíco
VTES Viniltrietoxisilano
CPs Corpos de Prova
DSC Calorimetria Exploratória Diferencial
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
UV Ultravioleta
PE Polietileno
i-PP Polipropileno Isotático
Si Silício
O Oxigênio
X Grupos hidrolisáveis
Y Grupo organofuncional
CaCO3 Carbonato de Cálcio
L/D Razão comprimento pelo diâmetro da rosca
Psi Pressão de libra força por polegada quadrada
SIO2 Dióxido de Silício
AlO3 Óxido de Alumínio
Fe2O3 Hematita
CaO Óxido de Cálcio
PP-MA Polipropileno graftizado com anidrido maleíco
MFI Índice de Fluidez
Siglas
Letras Latinas
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16
1.1 Objetivos............................................................................................................................. 19
1.1.1 Objetivo Geral............................................................................................................. 19
1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 19
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 73
7 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 76
Anexo ............................................................................................................................................ 88
Apêndice ....................................................................................................................................... 91
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito dos agentes de acoplamento anidrido maleíco
(MA) e viniltrietoxisilano (VTES) nas propriedades mecânicas de compósitos, utilizando como
matriz polimérica o polipropileno, e como carga, partículas de quartzo, obtidos de material de
descarte da indústria de mármore.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Polipropileno
O polipropileno (PP) é um material termoplástico que, embora ainda seja classificado como
commodity, pode apresentar características de material de engenharia quando suas propriedades
são modificadas pela adição de cargas e aditivos, ou copolimerização (CANEVAROLO
JUNIOR, 2006). O polipropileno se destaca devido o seu baixo custo de produção e versatilidade
de uso, onde o grande número de aplicações finais do PP é fruto da variedade de propriedades
que esse material pode alcançar (BRANDRUP. J., 1989),(MOORE JUNIOR,E, 1996). Algumas
propriedades características do PP são a hidrofobicidade, boa resistência química aos solventes
polares, baixa condutividade térmica e elétrica, alta resistência à fratura por flexão ou fadiga,
fácil moldabilidade, atoxicidade, estabilidade térmica, fácil pigmentação, sensibilidade à luz UV
e a agentes de oxidação e fácil reciclabilidade (CALLISTER W. , 2002).
2.3 Quartzo
O quartzo é um dos minerais mais abundantes na crosta terrestre, sendo o mais comum de
todos os minerais, aparecendo principalmente nas rochas ígneas (principalmente graníticas), nas
sedimentares e metamórficas. Historicamente, a palavra “quartzo” significa “dura”, que surgiu de
uma antiga palavra alemã de origem desconhecida e inicialmente aplicada por Georgius Agricola,
em 1530. O cristal de quartzo pode ser encontrado na natureza (jazidas) ou por crescimento
hidrotérmico (cultured quartz) na indústria de cristais cultivados.
O Brasil é o principal detentor de reservas mundiais de grandes cristais naturais, embora
existam reservas quartzíferas em outras regiões do mundo, como em Madagascar, Austrália,
China, África do Sul, Canadá, Colômbia, Guatemala e EUA. As informações, do quartzo, sobre
as reservas mundiais são insuficientes. Sabe-se que o Brasil é detentor de 95% das reservas
mundiais, o que equivale a 78 milhões de toneladas, pelas estatísticas oficiais do Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM). No estado do Pará estão as maiores reservas medidas do
país, cerca de 64% das jazidas, seguida de 17% em Minas Gerais, 15% em Santa Catarina e 2%
na Bahia. (DNPM, 2012)
O quartzo pertence à classe mineralógica dos silicatos, sendo formulado pelo dióxido de
silício (SiO2), cuja composição é de 46,75% de Si e de 53,25% de O, em porcentagem em massa.
A partir da sílica em condições diferentes de temperatura e pressão, originam-se diferentes
substâncias polimórficas. (SBQ, 2009).
A cristalização do quartzo ocorre no sistema trigonal (romboédrico), onde seu cristal é
formado por um prisma hexagonal, composto por uma pirâmide hexagonal em cada extremidade.
A rede cristalina do quartzo possui duas formas diferentes: o quartzo alfa, conhecido
simplesmente por quartzo, que se forma em temperatura abaixo de 573°C, encontrado em veios
hidrotermais, e o quartzo beta, formado entre as temperaturas de 573°C à 870°C, encontrado em
algumas rochas ácidas. (BIOQUIMICA, 2014)
O quartzo destaca-se pela sua dureza, 7 na escala Mohs, densidade de 2,65g/cm3, alta
resistividade elétrica, 1015 ohm-cm, índice de refração de 1,544 e 1,553 e ponto de fusão entre
1710°C e 1756°C, alta pureza química, resistência à radiação e à corrosão, capacidade de
24
polarizar a luz, de emitir e captar ultrassons, geralmente é incolor ou branco, mas frequentemente
colorido devido à presença de impurezas. (ECOSEIXOS, 2013)
No Brasil não é comum a produção do quartzo cultivado (cultured quartz), entretanto os
grandes cristais naturais que são utilizados como sementes para a produção de quartzo cultivado
só são produzidos no país. O quartzo de menor pureza tem uma grande aplicação nas indústrias
de vidro (vidraçaria especial em geral) e em siderúrgica (aços especiais e ligas especiais). No
Brasil, a maior parte do quartzo produzido é aplicado na produção de ligas de silício: cálcio-
silício, ferro-silício-magnésio, ferro silício e silício metálico (LUZ, LINS, PIQUET, COSTA, &
COELHO, 2003).
2.4 Compósitos
Os materiais compósitos podem ser definidos como misturas heterogêneas, não solúveis e
vistos em escalas macroscópicas ou microscópicas de dois ou mais componentes ligados entre si,
formado por um componente estrutural, ou reforço, e outro componente matricial, ou matriz.
O componente estrutural ou reforço é descontinuo e tem como função proporcionar
resistência ao esforço, enquanto que a matriz é um componente continuo que atua como meio
para transferência desse esforço (MANO & MENDES, 1999). O reforço apresenta-se,
normalmente, sob a forma de partículas, fibras longas, fibras curtas ou placas (KELLY, 2001). Os
compósitos são classificados conforme a natureza de sua matriz, podendo ser de matriz
polimérica, metálica ou cerâmica.
Nas últimas décadas têm-se estudado formas de combinar vários metais, cerâmicas e
polímeros para produzir uma nova geração de materiais, muitas vezes para melhorar as
combinações de características mecânicas como: rigidez, tenacidade, resistência a altas
temperaturas e à temperatura ambiente (WIEBECK & HARADA, 2012).
As propriedades dos compósitos variam em função de suas fases constituintes, de suas
quantidades relativas e da geometria da fase dispersa, isto é, de sua forma, tamanho, distribuição
e orientação (ACOSTA, RODRIGUEZ, LINARES, & JURADO, 1990).
25
O polipropileno carregado com cargas minerais tem sido usado em grandes quantidades,
em várias áreas, nas últimas décadas. As maiores aplicações encontram-se nas indústrias
automobilísticas, de móveis e de eletrodomésticos. A grande vantagem desse compósito está na
relação preço/volume/desempenho. O talco e o carbonato de cálcio são os materiais particulados
mais usados em PP. (RABELLO, 2000), (PUKANSZKY, BELINA, ROCKENBAUER, &
MAURER, 1994).
As cargas minerais, nos primeiros estudos, eram adicionadas aos polímeros apenas para
reduzir custos. Porém, com o passar dos anos, notou-se que a adição de partículas minerais nas
resinas poliméricas resultava, geralmente, no aumento do módulo de elasticidade e a temperatura
de deflexão térmica, diminuindo a contração no molde, podendo diminuir o calor especifico e
aumentar a condutividade térmica. Outras propriedades, como as elétricas, a degradação
ambiental, a retardação de chama, a permeabilidade aos gases, etc., podem ser influenciadas pelas
cargas.
Uma maneira bastante utilizada para se avaliar as propriedades de um compósito é através
do seu comportamento térmico. O polímero com a adição de carga mineral faz com que,
geralmente, a temperatura de transição vítrea (Tg) aumente. Os efeitos dependem, levando em
conta a mesma carga, das suas propriedades de superfície e da energia de superfície do polímero.
As forças de adesão carga/polímero que passam a existir concorrem para o aumento da Tg.
(LIMA, A. B. T., 2007). Segundo PAIVA apud LIU e WU (2001), em estudo de nanocompósitos
de polipropileno com argila, a adição de argila não afetou a estrutura cristalina do polipropileno,
mas altera a faixa de cristalização, pois o PP apresentou temperatura de cristalização de 110,5°C,
enquanto nos nanocompósitos foi de 122,7°C e 119,2°C respectivamente, para concentrações de
1 e 3% de argila. Em concentrações maiores de argila, 5 e 7%, a temperatura de cristalização foi
de 120,8 e 118,3°C. Esses resultados de DSC mostram que a adição de pequenas quantidades de
argila na matriz de polipropileno aumenta a temperatura de cristalização do polímero, efeito que
pode ser explicado pela suposição de que as camadas de argila agem como agentes nucleantes
para a cristalização do PP. No caso de compósitos com partículas micrométricas, o efeito
nucleante das partículas nem sempre é observado.
26
Um dos pontos que devemos ressaltar na produção de compósitos poliméricos com cargas
minerais inorgânicas é a adesão entre as fases, que influenciará nas suas propriedades mecânicas.
Como o compósito é um material multifásico, ele mostra além das propriedades inerentes de cada
constituinte, propriedades intermediárias decorrentes da formação de uma região interfacial. Por
isso é necessário que exista uma boa afinidade entre os materiais que serão unidos, para que
possam resistir em conjunto aos esforços físicos do meio. Dessa forma, é muito importante
conhecer as propriedades químicas e físicas dos diferentes materiais que serão unidos, tendo em
vista que a natureza das interações está associada à afinidade química entre a matriz e a fase
dispersa. Como geralmente as cargas (fase dispersa) apresentam natureza hidrofílica e polar,
enquanto que o polímero (matriz) tem natureza hidrofóbica e apolar, a interação pode ser
melhorada através da modificação química da superfície de um dos componentes, ou através do
uso de agentes de acoplamento (PAOLI & RABELO, 2013).
O agente de acoplamento promove a união química entre as fases ou altera a energia
superficial da carga, a fim de permitir um molhamento eficiente. Dessa forma reduzirá as tensões
interfaciais e melhorará a adesão entre as fases, interferindo nas propriedades e aplicações do
compósito. O uso desses agentes em compósitos de matrizes inertes, como o polipropileno, e sua
relação custo/desempenho mecânico, contribuiu para sua competitividade perante aos
termoplásticos de engenharia (SANTANA, 2012). Do ponto de vista mecânico, os agentes de
acoplamento em compósitos particulados atuam no sentido de evitar o processo de
desacoplamento da matriz polimérica, que ocorre por incompatibilidade química,
comprometendo o reforço do compósito devido à transferência ineficiente de esforços na
interface (SATO, 2008). Os tipos mais comuns de agentes compatibilizantes utilizados para
compósitos termoplásticos junto a cargas minerais, celulósicas e hibridas são o anidrido maleíco
e os silanos.
27
2.4.1.2 Silanos
Outros tipos de agentes de acoplamento muito utilizados e eficazes são os silanos. Esses
apresentam estruturas do tipo X3SiRY, onde X são os grupos hidrolisáveis e Y é um grupo
organofuncional (PLUEDDEMAN, 1982). Tais compostos apresentam parte inorgânica (grupos
hidrolisáveis), que se ligam às cargas, proporcionando um excelente acoplamento polímero/carga,
enquanto que a parte orgânica (grupo organofuncional) é capaz de formar ligação química ou
interagir com a matriz polimérica unindo-se fortemente a ela.
O mecanismo de acoplamento de um organossilano é dependente do grupo organofuncional
e dos grupos hidrolisáveis. A escolha do grupo funcional é em função da sua reatividade e da sua
compatibilidade com o polímero, enquanto que a carga é meramente um intermediário na
formação de grupos silanol. A velocidade de condensação e a velocidade de hidrólise é
29
Figura 2.4 - Representação da interação do polímero modificado com agente de acoplagem silano
e a carga inorgânica.
Fonte: (PAOLI & RABELO, 2013).
30
da aplicação, necessitam incorporar algumas cargas para que este adquira propriedades térmicas,
como resistência a chama e condutividade térmica (HORNSBY & WATSON, 1989); (ACOSTA,
RODRIGUEZ, LINARES, & JURADO, 1990). Estudos realizados por (WEIDENFELLER,
HOEFER, & SCHILLING, 2004) verificaram que a condutividade térmica dos compósitos está
também diretamente relacionada ao tamanho, forma e interconectividade das partículas.
Outro aspecto importante a analisar na carga mineral é a necessidade de submeter a um
tratamento superficial com o objetivo do melhoramento de sua molhabilidade pelo polímero. A
tensão superficial do polímero que normalmente é baixa, oposta à da carga mineral que é
normalmente mais alta, é compatibilizada com o tratamento, resultando em uma melhor adsorção
da carga pelo polímero. Assim a viscosidade é reduzida e a dispersão da carga é aumentada
(GUILLET, 2003).
Segundo (FEKETE & PUKANSZKY, 1997), a quantidade certa do agente de tratamento
superficial do CaCO3 com ácido esteárico para compósito com polipropileno tem que ser
determinada, pois quantidades inferiores fazem com que os efeitos não sejam alcançados,
enquanto que quantidades superiores levam a problemas de processamento, redução das
propriedades mecânicas e custos elevados.
O principal ponto a observar no processo de interação carga/polímero é a dispersão da
carga mineral dentro da matriz do compósito. Estudo realizado por (RICHARD, HING, &
SCHREIBER, 2004) submeteu a tratamento superficial mica e CaCO3, visando esclarecer a
importância do tratamento na dispersão da carga, assim como nas propriedades mecânicas do
compósito.
A tensão de ruptura de vários compósitos é totalmente dependente do grau de interações
estabelecidas nas interfaces carga/polímero (BIGG, 2004).
Na análise de esforços, a incorporação da carga mineral no polímero resulta na formação de
um sistema heterogêneo, onde esforços externos induz a concentração de esforços diferentes, cuja
magnitude depende da geometria de inclusão da carga, das propriedades relativas de seus
componentes e da adesão interfacial (KOWALEWSKI, GALESKI, & KRYSSZEWSKI, 1984).
A distribuição homogênea de partículas finas de carga mineral leva ao aumento de absorção de
energia e à um aumento da resistência a compressão (MICHLER & TOVMASJAN, 1988).
32
fluxo de arraste, o qual puxa o material do ponto de entrada (conhecido como zona de
alimentação) até a matriz.
Para que o material possa ser arrastado, é necessário que não gire com a rosca ou, pelo
menos, que gire com velocidade reduzida (In Apostila SENAI PTF I, Características de máquinas
injetora e extrusora, 2005).
O mesmo princípio aplica-se ao processo de extrusão: à medida que o material é
transportado para a frente do cilindro, é gerada uma força (pressão) que faz a rosca se
movimentar axialmente na direção oposta. Uma vez que a quantidade de material na frente do
cilindro atinge o valor pré-estabelecido, a rosca funcionará como pistão, forçando o material
plastificado a preencher o molde. (HARADA & UEKI, 2012).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
O polipropileno (PP Natural) utilizado como matriz polimérica foi o HRV 140, um
homopolímero, fabricado pela empresa Sasol. Segundo o fabricante, o polipropileno é indicado
para o processo de injeção e contém um agente de nucleação que assegura a cristalização rápida.
Os dados do fornecedor deste material constam na Tabela 3.1.
A carga incorporada no polipropileno foi o quartzo, doado pela Escola SENAI “Mário Amato”.
Segundo o revendedor MINASOLO, este apresenta as seguintes características, conforme
mostrado na Tabela 3.2. A Data Sheet do material se encontra em anexo B.
37
O Viniltrietoxisilano (VTES) Silan GF56, fabricado e doado pela empresa Wacker Chemie.
As características do produto estão descritas na Tabela 3.4.
38
A rosca monofiletada é constituída de dois estágios, que por sua vez estão divididos em
várias zonas:
No primeiro estágio tem-se quatro zonas:
a) Alimentação, composta por oito canais;
b) Compressão, composta por três canais;
c) Bombeamento, composta por seis canais;
d) Mistura, composta por um homogeneizador helicoidal.
No segundo estágio tem-se três zonas:
a) Degasagem ou descompressão, para eliminação de voláteis, composta
por cinco canais;
b) Compressão, composta por quatro canais;
c) Bombeamento, composta por quatro canais.
120 1192 100 160 165 165 165 170 185 175
Os corpos de prova foram moldados em uma injetora de marca Pavan Zanetti, modelo HXF
90 (Figura 3.4), com força de fechamento de 90 toneladas e injetados na Escola SENAI – Jundiaí.
A temperatura de processamento tanto por extrusão quanto por injeção foi superior aos
160°C que conforme estudado por (MUÑOZ, 2010) apud (ROOVER et al., 1996) favorece a
formação de PP-MA para melhoria da interface com cargas minerais. Nenhum estudo térmico
sobre graftização de VTES com PP foi encontrado.
3.3.2 Calcinação
Este ensaio determina o teor de cinzas, isto é, o teor de cargas e reforços em materiais
plásticos. Os ensaios de calcinação foram realizados conforme a norma ASTM D 297. Os corpos
de prova foram utilizados na forma de grânulos (pellets) e também em pequenos pedaços
cortados diretamente dos corpos de prova. A balança de marca Shimadzu, modelo UW 4200 H,
(figura 3.6), onde foi pesado 5g de cada amostra, de um total de 10 amostras para cada material
incorporado. O aquecimento foi realizado em um forno/mufla, marca Quimis, modelo Q-318-
M24 (Figura 3.7), em uma temperatura de 600°C, durante um período de 1h 30 min.
O cálculo foi realizado de acordo com a fórmula abaixo:
Carga Massa3 -Massa1
% = x 100% (Equação 3.1)
Reforço Massa2
Onde:
Massa 1 = massa do cadinho vazio
Massa 2 = massa da amostra
Massa 3 = massa após a calcinação
45
∆HAmostra
XC = . 100% (Equação 3.2)
∆Hf . w
Os ensaios de tração foram realizados conforme norma ASTM D638, a qual preconiza a
velocidade de ensaio como sendo de 50 mm/min. (FERNANDES & DOMINGUES, 2007). O
equipamento utilizado foi uma máquina Universal de ensaio EMIC modelo DL 3000 (Figura
3.10), utilizando uma célula de carga de 20KN. Realizou-se a medição da espessura com um
paquímetro digital e calculou-se o valor de cada corpo de prova, que foi utilizado para calcular a
área transversal, multiplicando seu valor pela largura. No total foram realizados dez ensaios para
cada tipo de compósito, calculando-se a média de cada propriedade mecânica com seu desvio-
padrão.
50
Os ensaios foram executados de acordo com a norma ASTM D790, utilizando o método de
flexão 3 pontos, cujo equipamento foi a máquina Universal de ensaio EMIC modelo DL 3000 e
uma célula de carga de 2KN. A distância entre os apoios foi de 100 mm e a velocidade foi
calculada em função da espessura do corpo de prova, conforme equação 3.3. Foram realizados 10
ensaios para cada material compósito e calculada a média e o desvio-padrão da Força Máxima e
do Módulo de Flexão. Para a finalização de ensaio foi considerada uma deformação Máxima de
5% das fibras externas, conforme equação 3.4.
Equação da velocidade
2
Z.L
R= (Equação 3.3)
6.d
Onde:
R – Velocidade [mm/min]
Z – Taxa de aplicação de esforços [0,1 mm/mm.min]
L – Distância entre os apoios [mm]
d – Espessura média [mm]
2
r.L
D=
6.d
(Equação 3.4)
Onde:
D – Deflexão Máxima [mm]
L – Distância entre os apoios [mm]
d – Espessura média [mm]
r – 5% de deformação
51
de material, que forneceram os valores médios da resistência ao impacto com seus respectivos
desvios-padrão. De acordo com a equação 3.5, calculou-se a resistência ao impacto.
W
R= (Equação 3.5)
h.b
Onde:
R – Resistência ao impacto Charpy (J/m)
W – Energia corrigida absorvida na ruptura (J)
h – Espessura do corpo de prova (m)
b – Largura do corpo de prova (m)
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A Figura 4.1 mostra a distribuição de tamanho das partículas de quartzo. Pode-se observar
que se trata de um sistema polidisperso, com tamanho médio de aproximadamente 30 µm. A
curva de análise completa do tamanho de partículas encontra-se no anexo A. Segundo
(DALPIAZ, 2007) apud (SAHNOUNE, 1998) existe uma relação entre tamanho das partículas e
a resistência à tração do compósito relacionada com a área superficial da carga e a concentração
de tensões na interação carga-matriz. Devido à maior área superficial, cargas de tamanhos
menores tendem a promover aumento mais significativo no módulo, bem como na tensão de
escoamento. Conforme (LIMA, 2007) cargas minerais com tamanho de partícula inferior a 45 µm
misturadas a polímero no estado fundido tende-se a aglomerar, pois as forças de atração entre
elas superam o próprio peso das partículas e prejudicam a resistência mecânica. No presente
estudo quase 90% das partículas situam-se nesta faixa, além disso o processo tende a cisalhar as
partículas promovendo uma cominuição ainda maior destas.
Figura 4.1 – Curva de distribuição de tamanho das partículas de quartzo obtida por difração a
laser.
55
As Tabelas 4.1 e 4.2 apresentam os resultados obtidos no ensaio de calcinação dos pellets e
dos corpos de prova, respectivamente. Pode-se observar que para os compósitos contendo VTES
apresentaram teores de quartzo próximos aos valores nominais (10, 20 e 30%). No entanto, para
os compósitos contendo MA, os valores obtidos são menores do que os valores nominais,
apresentando, para o caso do PP MA - 10% Q, um valor 25% menor do que o esperado.
A Tabela 4.3 mostra os resultados obtidos no ensaio de índice de fluidez. Pode-se observar
uma diminuição no índice de fluidez nos compósitos contendo VTES em comparação com o PP
natural evidencia um possível efeito de graftização do VTES na cadeia de PP. Os índices de
fluidez dos compósitos apresentados indicam que os compósitos contendo VTES apresentou um
maior tempo de residência no equipamento de processamento, o que, consequentemente,
acarretou num maior cisalhamento destes compósitos durante o processamento.
57
A Figura 4.2 mostra imagens de MEV da superfície de fratura do PP natural. As Figuras 4.3
a 4.6 mostram as imagens de MEV dos compósitos contendo MA com diferentes concentrações
de quartzo. Comparando com a micrografia de fratura criogênica do PP, as cargas de quartzo
presentes nas formulações parecem não possuir uma afinidade grande com a matriz, pois não há
formação de meniscos indicando um molhamento efetivo da carga. As composições com MA
aparentam quebra da partícula de carga em regiões não paralelas e deslocamentos bruscos da
frente da trinca, indicando uma propagação do impacto através das partículas (que é pouco
provável devido aos baixos rendimentos mecânicos com aumento do teor de carga), apesar de ser
uma carga frágil.
As Figuras 4.7 a 4.10 apresentam as imagens de MEV dos compósitos contendo VTES com
diferentes concentrações de quartzo. A superfície de fratura dos compósitos contendo VTES é
similar ao dos compósitos contendo MA, apresentando buracos de decapagem (ou soltura) das
partículas de quartzo, deixando buracos com paredes bem planas, e as cargas com formato
íntegro (sem trincas).
Os resultados dos ensaios de tração das amostras estudadas neste trabalho estão
apresentados nas figuras 4.11 a 4.14 e resumidos na tabela 4.5.
Figura 4.11 – Módulo de Elasticidade dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração.
Figura 4.12 – Tensão Máxima dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos nos
ensaios de tração.
Já com VTES, sua incorporação simples não trouxe reforço ao material e ainda apresentou
queda das tensões com o aumento do teor de quartzo. Comparando as formulações com MA e
VTES, observa-se que o VTES reduz a resistência à tração do material de forma mais
significativa. Observamos que, da mesma forma que no gráfico anterior, o aumento do teor de
quartzo reduz a resistência à tração do material, com pequena flutuação dentro da margem de erro
para a formulação com 30% Q e VTES.
66
Figura 4.13 – Deformação na Ruptura dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração.
As deformações de ruptura tiveram pouca variação para o sistema com MA, indicando um
sistema relativamente frágil, pouco sensível ao teor de quartzo, possivelmente a quantidade de
anidrido maleíco incorporada foi insuficiente para impedir a propagação catastrófica da trinca na
matriz já com baixo teor de carga. Para o sistema com o VTES indica melhores valores de
deformação de ruptura, mostrando-se um sistema mais tenaz, porém bastante sensível ao teor de
quartzo incorporado, sendo o último valor de deformação de ruptura bastante semelhante ao
obtido para o sistema com MA, sugerindo que para 30%Q e VTES o teor de agente de interface
também tenha sido insuficiente para melhorar a propriedade.
67
Figura 4.14 – Tensão de Escoamento dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de tração.
Pode-se observar que no sistema com adição do agente de acoplamento VTES praticamente
não houve alteração no valor da tensão de escoamento com o aumento do porcentual de quartzo,
já para o sistema com anidrido maleico verifica-se uma tendência de queda com o aumento do
teor de quartzo.
68
Figura 4.15 – Tensão Máxima dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos nos
ensaios de flexão.
A figura 4.16 apresenta o crescimento da resistência à flexão com o aumento da
incorporação de quartzo na matriz do PP. Com 30% em massa de quartzo com MA, observa-se
um aumento de 42% dessa propriedade em relação ao polímero natural. Já com 30% em massa de
quartzo com VTES, observa-se um melhor desempenho na propriedade em torno de 53% em
relação ao polímero natural, indicando que a incorporação do quartzo com o PP é bastante eficaz
na melhoria da propriedade de módulo de flexão do PP.
70
Figura 4.16 – Módulo de Elasticidade dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de flexão.
71
Figura 4.17 – Resistência ao Impacto dos compósitos PP modificado com MA e VTES obtidos
nos ensaios de impacto.
73
5 CONCLUSÃO
No comportamento térmico não foi possível observar grandes diferenças entre os dois
sistemas estudados, sendo que em ambos o teor de carga e agente de acoplamento não
interferiram no comportamento de fusão e cristalização em relação ao PP natural;
Maiores valores de rigidez são esperados pois no ensaio de flexão em 3 pontos, parte das
moléculas de PP são solicitadas em tração e metade em compressão, ficando dessa maneira
menos solicitado que no ensaio simples de tração.
Comparando os resultados de tensão máxima suportada pelo material nos ensaios de tração e
flexão, foi observado que com o aumento do teor de quartzo, houve uma redução da
resistência à tração do material mais significativa com o agente VTES em relação ao MA,
74
Nos testes de resistência ao impacto foi observado uma redução gradativa da tenacidade do
material com o aumento de carga mineral, mais pronunciado com o agente VTES do que com
o MA.
75
7 REFERÊNCIAS
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jan. 1991.
88
ANEXO
APÊNDICE
S tre s s (M P a )
40
30
1
2
3
20 4
5
6
[7 ]
10
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
S t ra in (% )
92
AMOSTRA REFERÊNCIA
PP NATURAL 1.3
PP MA 2.5
PP 10%Q MA 3.5
PP 20%Q MA 4.5
PP 30%Q MA 5.5
PP VTES 6.5
PP 10%Q VTES 7.5
PP 20%Q VTES 8.5
PP 30%Q VTES 9.5
94
AMOSTRA REFERÊNCIA
PP NATURAL 1.2
PP MA 2.2
PP 10%Q MA 3.2
PP 20%Q MA 4.2
PP 30%Q MA 5.2
PP VTES 6.2
PP 10%Q VTES 7.2
PP 20%Q VTES 8.2
PP 30%Q VTES 9.2
95