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2022 © Secretaria Nacional de Segurança Pública

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seja citada a fonte e não seja para venda ou qualquer fim comercial.

Esplanada dos Ministérios, Bloco “T”, Palácio da Justiça Raymundo Faoro, Edifício Sede, 5º andar,
sala 500, Brasília, DF, CEP 70.064- 900.

Edição e Distribuição Organização da Obra:


Ministério da Justiça e Segurança Pública Se- Victoria Ayelen Gomez
cretaria Nacional de Segurança Pública Sheila Giardini Murta
Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Daniela Sacramento Zanini
Sociais - CEPATS/UNB Cristiane Faiad
Sérgio Eduardo Silva De Oliveira
Thiago Gomes Nascimento

Direção e Coordenação
Professora Dra Cristiane Faiad
Coleta, Tratamento e Produção Estatís-
tica
GT Saúde - CEPATS - Termo de Execução Des-
Projeto Gráfico e Editoração centralizado Avaliação de Saúde e de Propo-
sições de Intervenção na Área de Segurança
Raimundo Marques Corrêa Filho Pública - Estudo Nacional

xxx.xxxx
Bxxx
Brasil. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Secretaria Nacional
de Segurança Pública.

Anuário estatístico dos dados nacionais de segurança pública (ano-


-base 2021) / Secretaria Nacional de Segurança Pública. -- Brasília :
Senasp, 2022 -v. : gráf., tab.

ISBN digital 978-65-87762-17-3


SUMÁRIO - F iguras

Capítulo 1
Figura 1 - Processos de triagem e elegibilidade das revisões identificada……............25

Capítulo 2
Figura 1 - Número de estudos internacionais sobre programas de promoção da
saúde…..........................................................................................................................70
Figura 2 - Localização geográfica dos países onde foram feitas as intervenções de
promoção da saúde……….........................................................................................…71
Figura 3 - Locais de implementação das intervenções de promoção da saúde….....…81
Figura 4 - Quantidade de estudos sobre promoção da saúde conduzidos com policiais e
bombeiros….…..........................................................................................................….82
Figura 5 - Número de estudos internacionais sobre programas de proteção
específica......................................................................................................................104
Figura 6 - Localização geográfica dos países onde foram feitas intervenções para
proteção específica…………….....................................................................................105
Figura 7 - Estudos de proteção específica conduzidos com as polícias e
bombeiros.....................................................................................................................107
Figura 8 - Locais de aplicação das intervenções para proteção específica.…........….114
Figura 9 - Número de estudos sobre programas de prevenção secundária….........…127
Figura 10 - Localização geográfica dos países em três continentes….....................…128
Figura 11 - Percentual de estudos conduzidos com as polícias e bombeiros…...........137

Capítulo 3
Figura 1 - Classificação desenvolvida pela análise de CHD........………….....………..182
Figura 2 - Análise fatorial de correspondência das palavras ativas das cinco classes
lexicais obtidas a partir da classificação hierárquica descendente…………………..…193
Figura 3 - Resultado da análise de similitude…………….…............................……......194
Capítulo 4
Figura 1 - Boas práticas em saúde por unidade federativa………....…………………...204
Figura 2 - Abrangência dos serviços prestados pelas intervenções de boas práticas em
saúde……………………………………………………………………………….....………208
Figura 3 - Nível de prevenção das intervenções de boas práticas em saúde........…...210
Figura 4 - Público-alvo das intervenções de boas práticas em saúde………….....…...212
Figura 5 - Abrangência do público-alvo das intervenções de boas práticas………......213
Figura 6 - Número de intervenções de boas práticas que atendem aos familiares dos
agentes de segurança pública por unidade da federação…..............................……...214
Figura 7 - Quem implementa as intervenções…………………………………………….216
Figura 8 - Contexto de implementação da intervenção…………………….....………....216

Capítulo 5
Figura 1 - Frequência de óbitos entre 2015 e 2020…………………………......……….225
Figura 2 - Causas de óbitos entre 2015 e 2020………………………………….....…….226
Figura 3 - Especificidades dos óbitos por suicídio entre 2015 e 2020………………....228
Figura 4 - Avaliação do número de instrumentos de higiene pessoal em relação a
quantidade de servidores…………………………..............………………………………241

Capítulo 6
Figura 1 - Proposições de intervenções em saúde para profissionais da segurança
pública………………………………………………………………….....…………………..247
Figura 2 - Modelo multidimensional de saúde…………………………….………………254
SUMÁRIO - Tabelas
Capítulo 1
Tabela 1 - Definição de critérios utilizados na codificação das revisões………...……...27
Tabela A - Características (metadados) das revisões sobre programas de intervenção
em saúde……………………………………………………......………………………….…..50
Tabela B - Características dos programas de intervenção em saúde selecionados e
analisados pelas revisões…………………………………………….................................56

Capítulo 2
Tabela 1 - Definição de critérios usados na codificação dos estudos…….........…...…68
Tabela 2 - Características de programas de intervenção classificados em promoção da
saúde………………………………………………………………...............……………….76
Tabela 3 - Características de programas de intervenção classificados em proteção
específica……………………………………………………………………...…………...…109
Tabela 4 - Características de programas de intervenção classificados em prevenção
secundária…………………………………………………………………...…………….….131
Tabela 5 - Instrumentos de medida utilizados……………………….....………….……..142
Tabela 6 - Principais limitações dos estudos de prevenção secundária………………151

Capítulo 3
Tabela 1 - Descrição do corpus: resultados da análise lexicográfica…………...….…..178
Tabela 2 - Resultados estatísticos da CHD………………………………………………..180
Tabela 3 - Evidências empíricas da Classe 1: principais problemas de saúde…....….185
Tabela 4 - Evidências empíricas da Classe 4: proposições para melhoria da saúde...187
Tabela 5 - Evidências empíricas da Classe 5: facilitadores para a promoção da
saúde............................................................................................................................189
Tabela 6 - Evidências empíricas da Classe 3: dificuldades para a promoção da
saúde…........................................................................................................................190
Tabela 7 - Evidências empíricas da Classe 2: programas existentes para a promoção
da saúde………………………………………………………………………………………192
Capítulo 4
Tabela 1 - Natureza das intervenções de boas práticas em saúde…….………………207

Capítulo 5
Tabela 1 - Exigência de exames toxicológicos e frequência de exames
toxicológicos…..............................................................................................................221
Tabela 2 - Utilização pelos servidores da assistência à saúde…………….......……….222
Tabela 3 - Existência de setor de saúde e gestão de saúde……………………..……..223
Tabela 4 - Proposição de políticas internas de saúde……………………...……........…224
Tabela 5 - Programa de prevenção ao suicídio…………………………......…………….230
Tabela 6 - Realização e frequência de homenagens…………………………….....……231
Tabela 7 - Disponibilização de assistência religiosa para colegas e familiares no
acompanhamento pós-óbito………………………………………………………………...232
Tabela 8 - Programa de acompanhamento para dependentes e colegas de trabalho.232
Tabela 9 - Disponibilização de assistência religiosa……………………………......…….233
Tabela 10 - Programa de assistência jurídica e avaliação sistemática…………......….233
Tabela 11 - Programa de preparação para a aposentadoria e percentual de servidores
aposentados que retornaram às atividades nos últimos 2 anos………………......……234
Tabela 12 - Programa de obtenção de moradia…………………………….........………235
Tabela 13 - Avaliações periódicas e melhorias baseadas nas avaliações……........….235
Tabela 14 - Frequência de reparos na infraestrutura e de reposição e manutenção dos
equipamentos…………………………………………………....………………………...…236
Tabela 15 - Local e leitos de descanso no ambiente de trabalho para os servidore.…237
Tabela 16 - Acessibilidade para portadores de deficiência física, visual e auditiva….........238
Tabela 17 - Infraestrutura do local de trabalho e frequência de manutenção no mobiliário...239
Tabela 18 - Locais saudáveis para o desenvolvimento do trabalho…………...……….240
Tabela 19 - Áreas para prática de atividades físicas………………………….........……241
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 10

PARTE I
EVIDÊNCIAS DA LITERATURA
CAPÍTULO 1.
Programas de Intervenção em Saúde para Policiais e Bombeiros
18

CAPÍTULO 2.
Programas de Prevenção Primária e Secundária para 60
os Profissionais da Segurança

PARTE II
EVIDÊNCIAS DO CONTEXTO LOCAL
CAPÍTULO 3.
Avaliação das Demandas, Barreiras e Propostas para Melhoria 170
da Saúde de Profissionais da Segurança Pública

CAPÍTULO 4. 202
Boas Práticas em Saúde na Área da Segurança Pública

CAPÍTULO 5.
Necessidades de Saúde do Trabalhador da Segurança Pública: 220
Uma Análise de Dados Institucionais

PARTE III
PROPOSIÇÕES DE INTERVENÇÕES
CAPÍTULO 6.
Proposições de Intervenções em Saúde para Trabalhadores 244
da Segurança Pública

ACESSO AO CURSO:
Abordagem do Mapeamento de Intervenções 266

SOBRE AS AUTORAS E OS AUTORES 270


APRESENTAÇÃO

10
11
É com satisfação que entregamos aos leitores e às leitoras

a obra Saúde na Segurança Pública: Indicadores e Diretrizes

para Intervenções no Âmbito do Programa Nacional de Qua-

lidade de Vida para os Profissionais de Segurança Pública

- Pró-Vida. Este livro é derivado do projeto Avaliação da Saúde

e de Proposições de Intervenção na Área de Segurança Públi-

ca: Estudo Nacional (TED 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP),

conduzido pelo Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias

Sociais (CEPATS), vinculado ao Instituto de Psicologia da Uni-

versidade de Brasília. Este projeto buscou investigar as neces-

sidades de atenção direcionadas aos operadores de Segurança

Pública de todas as regiões do Brasil e as vias potenciais para a

promoção da saúde, prevenção e cuidado desta categoria profis-

sional. Os achados e as proposições dele derivadas constituem,

precisamente, o objeto de discussão deste livro.

Este livro reúne seis capítulos agrupados em três partes.

A Parte I apresenta evidências da literatura brasileira e interna-

cional acerca de como são e quais resultados geram as inter-

12
venções em saúde para profissionais da segurança pública. O

capítulo 1, intitulado Programas de intervenção em saúde

para policiais e bombeiros, versa sobre uma análise de re-

visões da literatura internacional sobre intervenções de saúde

na segurança pública destinadas à categoria de profissionais já

citadas. O capítulo 2, Programas de promoção da saúde, pre-

venção primária e prevenção secundária para profissionais

da segurança pública, apresenta evidências oriundas da litera-

tura internacional sobre intervenções para promoção da saúde,

proteção específica à saúde e prevenção secundária à saúde

de profissionais da segurança pública. As características das

intervenções e suas evidências de eficácia são discutidas, forne-

cendo dados sobre experiências bem-sucedidas que poderiam

inspirar a implementação de intervenções em saúde no contexto

de Segurança Pública no Brasil.

A Parte II descreve evidências obtidas a partir da consulta

à realidade dos profissionais da Segurança Pública de todos os

estados brasileiros, incluindo: Polícia Militar, Corpo de Bombei-

13
ros Militar, Polícia Civil, Polícia Científica, Polícia Penal, Polícia

Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional. Os

resultados dessa pesquisa estão descritos nos capítulos 3, 4 e

5. O capítulo 3, intitulado Avaliação das demandas, barreiras e

propostas para melhoria da saúde de profissionais de se-

gurança pública, aborda o relato de participantes de 47 grupos

focais e oito entrevistas realizadas presencialmente em todos os

estados da federação. Os participantes foram ouvidos acerca do

que consideram problemas de saúde prioritários em suas cate-

gorias profissionais, barreiras para a oferta de intervenções em

saúde, soluções potenciais e recomendações para a melhoria

da saúde de seus grupos ocupacionais. O capítulo 4, nomea-

do Boas práticas em saúde na área da segurança pública,

apresenta achados de ações bem-sucedidas de promoção da

saúde na segurança pública no Brasil conforme a percepção de

entrevistados da polícia militar, corpo de bombeiros, polícia civil,

polícia científica e polícia penal. As entrevistas foram realizadas

14
por meio de visitas in loco em cada um dos 26 estados da fede-

ração, além do Distrito Federal. Na ocasião, foi possível identifi-

car alguns exemplos de intervenções, programas ou políticas em

andamento nas corporações que têm como objetivo promover

a saúde dos colaboradores. Por sua vez, o capítulo 5, Necessi-

dades de saúde do trabalhador da segurança pública: uma

análise de dados institucionais, aponta indicadores de saúde

coletados quantitativamente por meio de um questionário que

foi enviado a todas as instituições participantes da pesquisa. Ao

todo, 51 instituições completaram o preenchimento do questio-

nário. Não obstante, há necessidade de trabalhos que foquem

na saúde do grupo investigado e há lacunas a serem conside-

radas para a formulação de políticas, programas e intervenções

relevantes para o público-alvo. Um importante investimento na

maior participação das instituições no registro de seus dados

precisa ser acompanhado, visto a importância desse registro

para a formação de políticas efetivas.

15
Finalmente, a Parte III, composta pelo capítulo 6, intitulado

Proposições de intervenções em saúde para trabalhadores

da segurança pública, encerra a obra abordando ações para a

melhoria da saúde na segurança pública no Brasil baseadas nas

evidências discutidas nas Partes I e II do livro. As proposições

consideram barreiras contextuais, abrangência do público-alvo,

modalidades e foco das intervenções, agentes da implemen-

tação, níveis de atenção à saúde e medidas para favorecer o

desenho, a oferta e a sustentabilidade das ações propostas.

A despeito dos inúmeros obstáculos que se apresentam,

esperamos que este livro cumpra o destino para o qual foi ela-

borado, qual seja, o de inspirar políticas públicas em saúde

baseadas em evidência científicas e, ao fim e ao cabo, favorecer

a saúde das pessoas, organizações e coletividades. Espera-se

que o conjunto de dados ofertados possa oferecer importantes

reflexões aos gestores da área de segurança no país e, acima

de tudo, a materialização de propostas efetivas.

16
Coordenação do Projeto:

Profa Cristiane Faiad

Organizadores da Obra:

Victoria Ayelen Gomez

Sheila Giardini Murta

Daniela Sacramento Zanini

Sérgio Eduardo Silva De Oliveira

Thiago Gomes Nascimento

17
PARTE I
EVIDÊNCIAS DA
LITERATURA

18
19
CAPÍTULO 1
Programas de Intervenção em Saúde para
Policiais e Bombeiros

Victor Cezar de Sousa Vitor

Victoria Ayelen Gomez

Olivia Leone Morais

Amanda Vitoria Lopes

Ranielly Pereira Barbosa

Daniela Sacramento Zanini

Sheila Giardini Murta

Cristiane Faiad

O investimento em programas de intervenção em saúde

vem sendo cada vez mais evidenciados, visto sua importância

para os indivíduos, as instituições e a sociedade. Entre seus ga-

nhos, pode-se destacar a possibilidade de se desenvolver ações

de prevenção primária em saúde, buscando evitar a instalação

do processo de adoecimento; a construção de ações em promo-

ção da saúde, disponibilizando recursos para que os indivíduos

possam enfrentar adversidades; e, finalmente, a proposição de

ações que facilitam o tratamento em saúde quando o processo

saúde-doença já foi instalado.

Nos últimos anos, os estudos sobre programas de interven-

ção em saúde na segurança pública (Anderson et al., 2020; Di

Nota et al., 2021; Lassen et al., 2019) têm despertado atenção

20
acadêmica e social, considerando o aumento significativo de

problemas de saúde desse segmento ocupacional relacionados

ao estresse e riscos cardiovasculares (Magnavita et.al, 2018),

ideação suicida e comportamento suicida (Franco, 2018; Stanley

et al., 2016), estresse pós-traumático (Wagner et al., 2020), de-

pressão (Agrawal & Singh, 2020) e estresse ocupacional (Mari-

nho et al., 2018). O que mostra a importância de pesquisas que

dêem subsídios técnico-científicos para melhores intervenções.

Dessa forma, este capítulo tem o objetivo de identificar a

produção científica nacional e internacional sobre programas de

intervenção em saúde com foco em agentes da segurança públi-

ca (polícias e bombeiros) a partir de artigos científicos que apre-

sentaram revisões de literatura. Especificamente, serão descritos

os objetivos das revisões, as características das intervenções

abordadas e uma síntese dos principais resultados sobre os

programas de intervenção de saúde. Por fim, serão indicadas

as principais diretrizes de atuação para gestores na formulação,

implementação e avaliação de intervenções de boas práticas em

saúde para profissionais de segurança pública.

21
Método

O processo de busca e seleção das revisões estudadas

está dividido em quatro subseções. Primeiro, são apresentadas

as palavras-chave utilizadas no levantamento da literatura. Na

subseção seguinte, apresenta-se as bases bibliográficas utiliza-

das, bem como as estratégias de busca. Na terceira subseção,

encontra-se os critérios de seleção e exclusão de revisões. Por

fim, a quarta subseção apresenta a forma com que os estudos

foram analisados.

Procedimentos de busca
As palavras-chave adotadas nas ferramentas de busca da

literatura foram definidas a partir dos grupos focais realizados

com profissionais de segurança pública atuantes no campo da

saúde e dos recursos humanos em todas as unidades federa-

tivas, que consistiu em uma das etapas do projeto “Pesquisa

Nacional sobre as Condições de Saúde, Segurança, Valorização

e Qualidade de Vida dos Profissionais de Segurança Pública”.

Logo, foram definidos os seguintes termos de busca: “ansieda-

de”, “burnout”, “depressão”, “doenças físicas”, “estresse ocupa-

cional”, “saúde mental” e “suicídio”.

Com o intuito de manter uma simultaneidade operacional à

revisão foram incluídas as palavras-chave “programas de inter-

venção” e “estresse ocupacional” em todas as dez combinações

de busca, com base na variabilidade combinatória entre pala-

vras-chave e ferramentas booleanas. Por fim, as palavras-chave

foram traduzidas para o inglês, como estratégia de ampliação do

alcance de publicações nacionais e internacionais.

22
Estratégia de busca
A automatização da busca por publicações foi operacionali-

zada através da utilização do software Publish or Perish [Versão

8, Novembro de 2021], no qual foram selecionadas as platafor-

mas de pesquisa Crossref, Google Scholar e Pubmed. Tendo em

vista o caráter público de todos os dados utilizados, conforme

Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde¹, não foi ¹BRASIL. Ministério da


Saúde. Conselho Nacio-
necessário requerer autorização. Em síntese, as etapas de es- nal de Saúde. Resolução
no 510, de 7 de abril
tratégia de busca consistiram em: de 2016. Trata sobre as
diretrizes e normas regu-
1) Criar subgrupos de busca específicos, cada um, formula- lamentadoras de pesquisa
em ciências humanas e
do pela combinação entre cinco palavras-chave, utilizando- sociais. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 24
-se como base as dez palavras-chave divididas em tipologias maio de 2016.

temáticas (Público-alvo, Patologias e Ações). Foram elas:

• Público-alvo: “policiais” e “bombeiros”;

• Patologias: “ansiedade”, “burnout”, “depressão”, “do-

enças físicas”, “estresse ocupacional”, “saúde mental”

e “suicídio”;

• Ações: “programas de intervenção”.

2) Codificar os subgrupos utilizando operadores booleanos

de pesquisa, destinados a otimizar o processo de localiza-

ção, e a divisão das buscas em grupos temáticos, com base

nos dois grandes públicos-alvo:

• Grupo A (Bombeiros): Subgrupos: firefighter AND “in-

tervention program” AND mental health AND (occupa-

tional stress) AND anxiety [ou depression; ou burnout;

ou suicide; ou physical health] AND effectiveness AND

evaluation;

• Grupo B (Policiais): Subgrupos: police AND “interven-

tion program” AND mental health AND (occupational

stress) AND anxiety [ou depression; ou burnout; ou

23
suicide; ou physical health] AND effectiveness AND

evaluation.

Critérios de seleção
Os critérios de inclusão utilizados pela pesquisa consis-

tiram em:

a. Artigos destinados a exposição e análise de revisões

(sistemáticas, meta-análises, “metas sínteses” ou revisões

integrativas) de escopo;

b. Artigos de revisão focados em programas de intervenção

(ou na avaliação de programas de intervenção) em saúde

de profissionais (policiais e bombeiros) da segurança públi-

ca, nacionais e internacionais;

c. Artigos publicados no idioma inglês ou português nos

últimos 5 anos (de 2017 a 2022).

Em relação aos critérios de exclusão, foram adotadas as

seguintes diretrizes:

a. Publicações nos formatos tese, dissertação, livro ou Resu-

mos/trabalhos publicados em anais de congressos;

b. Publicações centradas em militares das Forças Armadas

como público-alvo, ou em demais segmentos ocupacionais não

listados nos critérios de inclusão;

c. Publicações que estivessem escritas em outro idioma que

não a língua inglesa ou portuguesa; ou

d. Publicações destinadas à apresentação de variáveis empíri-

cas cujos dados, gerais e específicos, não abordassem progra-

mas de intervenção destinados à saúde ou à qualidade de vida

de profissionais (policiais e bombeiros) da segurança pública.

Após a extração dos dados, disponibilizados pelo software

24
no formato de arquivo XML, padrão para Excel, as duplicatas

foram excluídas.

Procedimentos de análise
Foram encontrados 1.130 artigos. A partir da aplicação dos

critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 146 artigos

para leitura do resumo, dos quais 12 foram lidos na íntegra e

posteriormente classificados em revisões: sistemática (Clarke &

Oxman, 2000), narrativa (Oborn et al., 2010) e de escopo (Ark-

sey & O’Malley, 2005). Os procedimentos de classificação foram

criteriosamente discutidos junto à equipe de pesquisadores

especialistas na temática. O processo de triagem e elegibilidade

dos estudos está representado na Figura 1.

Busca no Publish or Perish


Etapa 1
(n° 1.130)

Exclusão de duplicatas,
Etapa 2 citações e publicações
diferentes de artigos
(n° 146)

Exclusão com base em


Etapa 3
títulos e resumos (n° 26)

Figura 1

Processos de triagem e
elegibilidade das revisões
identificadas
Artigos de revisão
Etapa 4 analisados na íntegra Nota. Elaborada pelos
autores.
(n°12)

25
A primeira etapa representa a busca inicial dos artigos, que

retornaram 1.130 documentos. Posteriormente, foram excluídos

os duplicados, os que não se enquadram na categoria de artigos

científicos, bem como as citações. Após esta fase, permanece-

ram 146 artigos. Na terceira etapa, realizou-se a leitura dos títu-

los e resumos, como forma de identificar os temas de interesse

da presente revisão. Do total de artigos, após exclusão, ficaram

26 artigos. A quarta e última etapa, revisou os 26 artigos na ínte-

gra, resultando em 12 artigos que contemplavam o conjunto de

parâmetros utilizados para a seleção dos manuscritos.

Em revisão da produção científica sobre os programas de

manejo de estresse ocupacional, Murta (2005) estabeleceu um

instrumento padronizado de análise de codificações. Esse mo-

delo tem sido instrumento de pesquisa de estudos recentes, sin-

tetizando campos específicos da literatura (Abreu et al., 2016).

No entanto, aqui, utilizou-se uma adaptação do instrumento de

análise de codificações para extrair as informações relevantes,

expostas na Tabela 1.

26
Tabela 1
Critério Definição
Definição de critérios
utilizados na codificação
das revisões
Autor/ano Autores e ano de publicação das revisões
Nota. Elaborada pelos
autores.
Formato das Estratégia de investigação adotada
revisões responsável por definir o processo de
busca, de análise e de exposição da
base documental localizada ao longo
da pesquisa

Banco de dados Quais foram as plataformas de busca e/ou


bases de dados voltadas à consulta e
seleção de publicações científicas?

Critérios de inclusão Critérios de inclusão utilizados para a


seleção das publicações

Resultados das Quais resultados foram identificados pelas


revisões revisões?

Nome e objetivo da Como foi nomeada a intervenção? Quais


intervenção desfechos esta intervenção pretende
mudar? (ex.: favorecer atividade
física ou reduzir tabagismo; favorecer
conhecimento sobre manejo de
finanças ou reduzir estigma relacionado
ao adoecimento mental)

Principais Resultados: quais resultados foram


resultados alcançados?
Estratégia de coleta de dados e tipo
de variável dependente avaliada,
como crenças sexistas, conhecimento
sobre direitos sexuais e reprodutivos,
habilidades de manejo de raiva etc

27
Resultados

A apresentação das informações coletadas nos estudos

revisionais foram sistematizadas em seções. Primeiro, foram

elencados os objetivos das revisões, de modo a entender qual a

direção das intervenções revisadas. Segundo os estudos foram

categorizados de acordo com o conteúdo das intervenções. Ter-

ceiro, as revisões foram classificadas conforme o tipo de abor-

dagem da intervenção estudada. Por fim, os estudos revisionais

foram agrupados de acordo com o resultado alcançado pelas

intervenções em análise.

Análise dos Objetivos das revisões


Nas revisões nacionais e internacionais, objeto desta análi-

se, foram identificados três tipos de objetivos para os trabalhos,

segundo o grau de abrangência adotada pelas abordagens.

Foram elas: (1) objetivos gerais; (2) objetivos revisionais dire-

cionados a intervenções com atividades físicas; e (3) objetivos

revisionais direcionados a intervenções em saúde mental.

Objetivos Gerais
Dentre as publicações cujas abordagens remetem a ob-

jetivos gerais, destacam-se as revisões literárias de práticas

baseadas em evidências para a utilização de plataformas de

força para profissionais de segurança pública (Merrigan et al.,

2021); revisões que identificam lacunas e sugestões de agendas

de pesquisa para o aperfeiçoamento de programas de saúde e

proteção laboral de profissionais da segurança pública (Bhojani

et al., 2018); e o exame de intervenções de promoção da saúde

para o estabelecimento de desenhos de programas, assim como

28
para a previsibilidade de seus possíveis impactos (MacMillan et

al., 2017).

Objetivos Revisionais Direcionados a Atividades Físicas


Sobre os objetivos revisionais direcionados a atividades físi-

cas, destacam-se a implementação de testes para perfis de de-

sempenho e adaptações de treinamento (Merrigan et al., 2021);

estudos randomizados sobre o impacto das intervenções no lo-

cal de trabalho para a promoção de alimentação mais saudável

e/ou atividade física entre pessoas que trabalham 24 horas por

dia (Lassen et al., 2018); a classificação e descrição de interven-

ções para a promoção de atividade física no local de trabalho

(Jirathananuwat & Pongpiru, 2017); definir funcionalmente o Hi-

gh-intensity functional training (HIFT) e revisar a literatura dispo-

nível sobre os seus benefícios metabólicos, cardiorrespiratórios

e de condicionamento físico (Feito el al., 2018).

Objetivos Revisionais Direcionados a Intervenções em


Saúde Mental
Já nos objetivos revisionais direcionados a intervenções em

saúde mental, destacam-se as revisões literárias de interven-

ções em saúde no local de trabalho (Edgelow et al., 2021); revi-

sões que identificam as razões pelas quais alguns profissionais

não buscam tratamento em saúde mental (Velazquez & Hernan-

dez, 2019); revisões que examinam os fatores que contribuem

para a complexidade da exposição ao trauma entre policiais,

com o intuito de descrever a Terapia Cognitivo-Comportamental

Focada no Trauma (TCC-FT) como um tratamento baseado em

evidências, além de ilustrar as formas de adaptação de trata-

mentos para o atendimento das necessidades dos profissionais

29
(Collazo, 2020); a identificação dos benefícios do mindfulness

(ou atenção plena) (Chopko et al., 2018); o exame de pesquisas

sobre o Tratamento do Estresse Pós-Traumático (TEPT) em po-

liciais visando o delineamento de recursos (Klimley et al., 2018);

e como incorporar o gerenciamento do estresse como um com-

ponente dos programas de bem-estar em contextos laborais de

segurança pública (Richardson, 2017).

Encontra-se anexo uma tabela que sistematiza o tipo de re-

visão (se sistemática, narrativa ou de escopo) de cada trabalho,

a base bibliográfica utilizada, os critérios de inclusão e os resul-

tados alcançados em cada revisão.

Conteúdo das intervenções


Para analisar o conteúdo das intervenções de saúde desti-

nadas aos agentes de segurança pública, elas foram agrupadas

em cinco categorias. A primeira delas é treinamento físico funcio-

nal, que reúne as intervenções voltadas ao treinamento físico de

agentes, gerando mais desempenho, qualidade de vida e redução

nos níveis de estresse dos agentes. A segunda categoria refere-

-se ao manejo de estresse ou terapia cognitiva, que consiste nas

intervenções destinadas ao diagnóstico e tratamento de TEPT e

quadros depressivos utilizando como referência a terapia cognitivo

comportamental. A terceira categoria versa sobre treinos de resili-

ência, que compreende nas intervenções voltadas ao treinamento

de resistência ao estresse. Na quarta categoria, adequação/ree-

ducação alimentar, foram agrupadas aquelas voltadas às práticas

alimentares que visam a melhora na saúde dos agentes. Por fim,

foi criada a categoria suporte entre pares, que consiste nas inter-

venções que tenham como objetivo desenvolver o sentimento de

cuidado e coletividade dos profissionais de segurança pública.

30
Treinamento Físico Funcional
Acerca do conteúdo de intervenções baseadas em treina-

mento físico funcional, as revisões selecionadas consistiram em

programas de dança aeróbica, treinamento de força, relaxamen-

to muscular, caminhada, treinamento de resistência, gerencia-

mento de tempo e ciclismo, desenvolvimento de capacidades de

se envolver com exercícios físicos, descrita em termos de defini-

ção de metas e automonitoramento/autogestão (Jirathananuwat

& Pongpiru, 2017); programas de exercícios físicos para a pre-

venção de doenças cardiovasculares e de morte cardíaca súbita

(Bhojani et al., 2018); movimentos multimodais focados na força,

energia, velocidade e agilidade; programas de treinos funcionais

três vezes por semana (Feito et al., 2018); programas de exercí-

cios focados no condicionamento físico, aeróbicos e anaeróbicos

em função de eventos estressantes; competição de perda de

peso em equipe; módulo de treinamento de condicionamento fí-

sico sobre fatores de risco cardiovasculares e exercícios especí-

ficos para a composição corporal e aptidão cardiovascular (Ma-

cMillan et al., 2017); e examinar o uso de uma plataforma para

medir performance e estratégias de movimento para caracterizar

e monitorar o condicionamento físico (Merrigan et al, 2022).

Manejo de Estresse e Terapia Cognitiva


Intervenções concentradas no manejo de estresse e na te-

rapia cognitiva buscaram analisar impactos do yoga no estresse

e no desenvolvimento da atenção plena (MacMillan et al., 2017);

tratamentos utilizando a exposição gradual de lembretes de

trauma, simultaneamente à construção de mecanismos e habili-

dades para o gerenciamento dos seus sintomas (Collazo, 2020);

programas de aconselhamento clínico desenvolvidos para abor-

31
dar problemas comportamentais no ambiente de trabalho, roteiro

de entrevistas estruturadas permitindo aos participantes compar-

tilharem experiências traumáticas entre colegas (em contraposi-

ção a busca por serviços externos especializados); desenvolvi-

mento de autogestão do sofrimento agudo relacionado ao TEPT

e à busca pela redução do estigma projetado em tratamentos

psicossociais (Velazquez & Hernandez, 2019).

Ainda nessa modalidade, os autores analisaram interven-

ções com base em aplicativo de internet desenvolvido para a

realização de triagem de sintomas relacionados a situações trau-

máticas; programas de gerenciamento de estresse em incidente

crítico como estratégia destinada a mitigar o sofrimento psicoló-

gico agudo associado a incidentes traumáticos (MacMillan et al.,

2017); e intervenções utilizando conhecimentos e informações

através da educação/informação em saúde, palestras, prestação

direta de informações, demonstrações de comportamento e vi-

sitas profissionais de coach (Jirathananuwat & Pongpiru, 2017).

Por fim, Klimley et al. (2018) relataram intervenções envolvendo

educação sobre habilidades de lidar com o estresse; normaliza-

ção e validação de reações ao estresse; promoção de proces-

samento emocional de eventos traumáticos e informações para

serem usadas como referências se necessário.

Treino de Resiliência
Sobre as intervenções envolvendo treino de resiliência, há

um destaque para programas de gerenciamento de estresse fo-

cados no desenvolvimento de resiliência e treinamento em grupo

(Edgelow et al., 2021); e treinamento mindfulness de resiliência

com duração de oito semanas (Chopko et al., 2018).

32
Adequação/Reeducação Alimentar
Dentre as intervenções focadas na adequação/reeducação

alimentar, foram identificadas ações de mudança na oferta de

refeição, via inclusão de porções de frutas e vegetais, buscando

a redução de riscos de infecções comuns, o aumento da ativi-

dade física, a redução de gordura e o melhoramento do balanço

energético (Lassen et al., 2018); comparar efeitos entre dietas

com dois suplementos protéicos distintos, junto ao treinamento

de resistência, comparar efeitos de um programa de saúde, que

conjuga nutrição, condicionamento físico e aeróbico em relação a

outros programas de educação nutricional (MacMillan et al., 2017).

Suporte entre Pares


Intervenções com base no suporte entre pares contaram

com programas visando o fornecimento de apoio social e emo-

cional direcionados à sensação de angústia por motivos pes-

soais e profissionais, dificuldades psicológicas no ambiente de

trabalho e à normalização de experiências traumáticas recorren-

tes no contexto laboral de profissionais da segurança pública;

programas de prevenção e tratamento do TEPT; treinamentos de

agilidade mental (MacMillan et al., 2017); programas de suporte

entre pares com fornecimento de informações e apoio à saúde

mental; formação de equipes de apoio em programa de treina-

mento voluntário de suporte entre pares, visando o fornecimento

de oportunidades de ajuda mútua em tempos de crise pessoal

e profissional e da minimização de problemas graves ou devido

à perda de um par (MacMillan et al., 2017); o desenvolvimento

de práticas didáticas de identificação de colegas passando por

dificuldades e as formas de conectá-los com cuidados à saúde

(Richardson, 2017).

33
Técnicas e instrumentos utilizados
Acerca das técnicas e instrumentos mencionados ao longo

das 12 revisões selecionadas, foi possível agrupá-las conforme:

Abordagens de entrega de informações e de reforço de práticas;

Abordagens mediadas por instrumentos avaliativos e tecnológicos;

e Abordagens de motivação com base no suporte entre pares.

Entrega de Informações e de Reforço de Práticas


As intervenções centradas na entrega de informações e de

reforço de práticas consistiram na distribuição de materiais de

auto-ajuda, como livretos de recomendações, além de disposi-

tivos de áudio, ambos tematizando o consumo de álcool, taba-

gismo, sintomas de estresse, exercícios físicos, ganho e perda

de peso e percepções sobre o contexto organizacional em geral

(MacMillan et al., 2017). Ainda nessa modalidade, foram identi-

ficadas intervenções com base em ações de aconselhamento e

fornecimento de educação em saúde (Jirathananuwat & Pongpi-

ru, 2017); exercícios olímpicos, agachamentos, supino e pull-

-ups, pliometria, movimentos focados na parte inferior do corpo,

treino em circuito incluindo exercícios aeróbicos, de força e de

treino funcional, de peso corporal e de resistência (Feito et al.,

2018); reserva de período do expediente para treinamento físico

durante cumprimento de plantão (Bhojani et al., 2018); e o ofe-

recimento de produto lácteo fermentado contendo lactobacillus

caseiros duas vezes ao dia, como suplemento do café da manhã

e do jantar (Lassen et al., 2018).

34
Mediadas por Instrumentos Avaliativos ou Tecnológicos
Dentre as intervenções mediadas por instrumentos avaliati-

vos ou pela delegação tecnológica, destacam-se: a utilização de

um aplicativo eletrônico que possui um checklist de identificação

do TEPT com base no Manual de Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5) e na escala de de-

pressão, de ansiedade e de estresse (Velazquez & Hernandez,

2019); utilização de Escala de Consciência de Atenção Plena

(MAAS) (Chopko et al., 2018); programas de realização de exa-

mes físicos médicos anuais e a implementação de testes máxi-

mos de tolerância em exercícios com foco na avaliação cardio-

vascular e na avaliação de potência aeróbia máxima (Bhojani et

al., 2018); adaptação da Trauma-Focused Cognitive Behavioral

Therapy (TF-CBT), elaborado originalmente para crianças en-

trarem em contato, gradualmente, com lembretes do trauma e

criarem habilidades para manejar sintomas (Collazo, 2020); e a

utilização de um programa que sumariza dados de medição do

melhoramento do condicionamento físico (Merrigan et al., 2021)

Motivação com Base no Suporte entre Pares


As abordagens de motivação com base no suporte entre

pares envolveram intervenções como o encorajamento de par-

ticipantes a verificarem uns aos outros de acordo com objetivos

semanais (comparando peso, massa de gordura, massa muscu-

lar, desempenho em teste de condicionamento físico muscular e

aeróbico) a fim de compartilharem dicas, recomendações aeró-

bicas (como aquecimento, corrida de rua) e anaeróbicas (como

aquecimento e treino de peso), ambas as sessões estruturadas

em grupo (MacMillan et al., 2017); intervenções com base em

treinos de atividade física entre pares (Bhojani et al., 2018);

35
escalação de policiais voluntários para reconhecerem sintomas

de TEPT, do uso de substâncias e de dificuldades relacionais,

visando também auxiliar profissionais aposentados a se reco-

nectarem à comunidade policial, assim como programas foca-

dos em autocuidado, bem-estar emocional e resiliência para o

combate ao estresse, para fins de compreensão da natureza e

das dificuldades associadas ao ambiente laboral da segurança

pública (Klimley et al., 2018); treinamentos que ensinam bom-

beiros a identificarem colegas em estresse e encaminharem aos

serviços de saúde (Richardson, 2017); assim como treinamentos

em grupo para promoção de saúde em organizações públicas

(Edgelow et al.,2021).

Resultados das intervenções


Nesta seção, os resultados das intervenções foram agru-

pados nas seguintes categorias: Treinamento físico funcional;

Manejo de estresse ou Terapia cognitiva; Treinos de resiliência;

Adequação/reeducação alimentar; e Suporte entre pares.

Treinamento Físico Funcional


Acerca dos resultados das intervenções focadas em treina-

mento físico funcional, Jirathananuwat e Pongpiru (2017) indica-

ram que programas de treinamento físico consistiram na estra-

tégia de implementação mais comum utilizada em intervenções

no local de trabalho, tendo como formato predominante, especi-

ficamente, a formação de grupos. No levantamento da literatura,

MacMillan et al. (2017) encontrou que intervenções que empre-

gam exercícios aeróbicos e anaeróbicos são eficazes na redu-

ção do estresse e na melhora da saúde e da qualidade de vida,

por aplicarem menor tempo de corrida cronometrada, gerando a

36
redução da frequência cardíaca. De forma mais específica, Feito

et al. (2018) levantou revisões sobre a aplicação de treinamentos

funcionais diferenciais aplicados a agentes de segurança pú-

blica, em específico o circuit-style HIFT (MEF). Na comparação

entre treinamentos tradicionais com o HIFT, os achados dos au-

tores apontam que, de acordo com a literatura, há um aumento

significativo dos recordes e metas estabelecidas pelos exercícios

realizados pelo grupo experimental (circuit-style HIFT (MEF), em

comparação ao grupo tradicional (Feito et al., 2018).

Manejo de Estresse ou Terapia Cognitiva


Em intervenções focadas no manejo de estresse ou base-

adas em terapia cognitiva, os Programas de Gerenciamento do

Estresse em Incidentes Críticos (CISM) reportaram a redução de

sintomas de depressão, de raiva e de sintomas de TEPT. Outros

resultados concluíram que apenas uma sessão somente não é

capaz de prevenir TEPT e nem de reduzir o estresse psicológi-

co, podendo, em alguns casos, potencializar sintomas (Klimley

et al., 2018). Além disso, foi indicado que o aumento no número

de sessões focadas em traumas está associado à diminuição

da gravidade dos sintomas de TEPT, concluindo que a Terapia

Cognitiva Comportamental Focada em Trauma (TF-CBT) pode

ser um tratamento eficaz para traumas complexos e TEPT em

policiais (Collazo, 2020).

O levantamento de Velazquez e Hernandez (2019) aponta

que o aplicativo SAM (Smart assessment on your mobile), cria-

do para auxiliar na triagem de sintomas de trauma, é eficaz na

identificação de TEPT e depressão em policiais. De acordo com

a revisão, a literatura valida a confiabilidade do aplicativo, que,

consequentemente, leva ao aumento da procura por entrevistas

37
diagnósticas pelos usuários. Por fim, Merrigan et al. (2021) ava-

liaram positivamente a utilização da plataforma de força como

medida de desempenho neuromuscular, embora avisem sobre a

necessidade de manejar a ferramenta de modo adequado para a

garantia de dados confiáveis.

Treinos de Resiliência
Nas intervenções conduzidas com base em treinos de resi-

liência, no programa denominado Treino Mindfulness de Resili-

ência (MBRT), conforme descrito em Chopko et al. (2018), foram

identificadas reduções dos sintomas de distúrbios do sono, de

burnout, da fadiga, dos problemas de regulação emocional, da

raiva, do estresse organizacional e operacional em policiais e do

estresse geral. Destaque para a constatação de que policiais com

melhor aceitação da modalidade mindfulness mostraram menores

níveis de TEPT. Já na intervenção denominada Programa de En-

frentamento e Bem-Estar (Coping Skills and Wellness Program),

descrita por Klimley et al (2018), houve melhoria geral nas estra-

tégias de enfrentamento mediante evitação (como, por exemplo,

remover-se fisicamente de uma ameaça percebida, filtrar ou igno-

rar informações), levando, assim, à minimização do estresse.

38
Adequação/ Reeducação Alimentar
Nas intervenções visando a adequação/reeducação alimen-

tar, os resultados obtidos com programas objetivando a mudan-

ça na oferta de refeição não constataram diferenças significa-

tivas na qualidade de vida entre o grupo controle (placebo) e o

grupo de intervenção. No entanto, foi notado um efeito positivo,

a partir da oferta de produtos lácteos fermentados, entre os dias

típicos de incidência e de acúmulo de febre entre os profissio-

nais, em comparação com o grupo controle (Lassen et al., 2018).

Efeitos positivos também foram identificados no programa de-

nominado “Promovendo Estilos de Vida Saudáveis: Efeitos dos

Modelos Alternativos” (PHLAME). Nesse caso, houve aumento

da ingestão de frutas e legumes, ao passo em que fatores me-

diadores para a melhoria na ingestão de frutas e vegetais incluí-

ram um maior conhecimento dos benefícios da ingestão desses

alimentos (Lassen et al., 2018). Ainda nesse programa, Lassen

et al. (2018) constataram que o número de abdominais aumen-

tou após a intervenção. Com base em quatro anos de observa-

ção, os autores concluíram que os efeitos de um ano de pro-

grama não permaneceram ao longo do tempo, em comparação

com o grupo controle. Entretanto, o padrão de comportamento a

longo prazo em ambos os grupos (de intervenção e de controle)

sugeriu que os locais de trabalho, como um todo, continuaram a

implementar as medidas do estudo PHLAME (mudanças alimen-

tares e hábitos e atividades físicas) pelos anos seguintes. Tam-

bém observaram menor ganho de peso no grupo de intervenção

do que no grupo controle (melhora no equilíbrio energético) e

impacto significativo na redução dos pedidos de indenização e

nos custos médicos.

39
Suporte entre Pares
Por fim, entre os resultados identificados nas intervenções

com base no suporte entre pares, não foram localizados relatos

consensuais publicados sobre a eficácia dos programas – CISM,

EAP e Coping Skills and Wellness Program – na redução de co-

morbidades psiquiátricas em profissionais da segurança pública

(Klimley et al., 2018). Em outros registros revisionais, segundo

programa de promoção da saúde liderado por pares e baseado

em equipes, a motivação para a mudança foi identificada pelos

participantes como “externa ao trabalho”. Poucas mudanças

pessoais ou culturais ajudaram na manutenção de comporta-

mentos saudáveis. Ainda, prioridades concorrentes e mudan-

ças nas circunstâncias de execução do programa dificultaram

a adesão a longo prazo (MacMillan et al., 2017). Por sua vez,

resultados indicaram que o programa de treinamento que ensina

bombeiros a identificarem colegas em estresse relatou efeito po-

sitivo no aumento das intervenções realizadas em um acompa-

nhamento de três meses, conforme descreve Richardson (2017).

Já no denominado Programa de Assistência a Funcioná-

rios (EAP), foram identificadas preocupações com relação aos

programas sediados em agências de polícia, diante da deman-

da pela confidencialidade das informações, ao passo em que

40
terapeutas relataram o enfrentamento de conflitos de interesse

como, por exemplo, a exigência por reportar casos diagnostica-

dos à administração policial. Nesses casos, pacientes concebe-

ram negativamente o programa como uma outra forma de disci-

plinar comportamentos no contexto laboral (Klimley et al., 2018).

Segundo Velazquez e Hernandez (2019), através do Pro-

grama EAP, o apoio social recebido no local de trabalho permitiu

que os mesmos procurassem ajuda ou considerassem obter aju-

da adicional de outros profissionais. Já as intervenções utilizan-

do a aplicação do Relatório de Estresse de Incidentes Críticos

(CISD) tiveram pouco impacto na saúde mental e no bem-estar,

haja vista a identificação empírica de que policiais não relatam

com total transparência incidentes traumáticos vivenciados. Ain-

da, em relação a programas buscando prevenir doenças cardio-

vasculares e morte cardíaca súbita, melhorias estatisticamente e

clinicamente significativas foram constatadas entre participantes

acerca da frequência de exercícios, no tabagismo e no controle

do peso, via programa denominado Iniciativa Conjunta de Bem-

-Estar do Trabalho (WFI) (Bhojani et al., 2018). No anexo deste

capítulo, apresenta-se uma tabela que elenca e resume os objeti-

vos e resultados alcançados pelos programas de intervenção em

saúde observados nas revisões incluídas no presente estudo.

41
Discussão

Nos estudos revisionais sobre intervenções de promoção

da saúde destinadas a policiais e bombeiros, há duas preocu-

pações principais: cuidado com a saúde mental, principalmente

por meio do manejo do estresse; e a promoção de qualidade de

vida e prevenção de doenças, através da mudança de comporta-

mentos de saúde. Isso aponta que o bem-estar dos agentes de

segurança pública não se limita a questões de condicionamento

físico, mas também inclui a prevenção de comorbidades rela-

cionadas à saúde mental, que afetam diretamente a qualidade

de vida dessa população. Nesse sentido, os estudos revisionais

apontam algumas diretrizes que podem ser aproveitadas tanto

por estudiosos, quanto por gestores. Em relação ao treinamento

físico e à reeducação alimentar, a adoção de hábitos saudáveis é

beneficiada pelo suporte estrutural e dos pares (MacMillan et al.,

2017), salientando que um dos grandes desafios na adoção de

novos hábitos é a sua manutenção no tempo. Logo, não basta

promover a repetição de comportamentos, também é necessário

que o novo padrão esteja consolidado na rotina do indivíduo. Isto

é, a incorporação desses hábitos no ambiente de trabalho e o

aconselhamento contínuo de profissionais especializados é fun-

damental para o seu sucesso ao longo do tempo (Jirathananuwat

& Pongpiru, 2017). Especificamente quanto à população policial,

é imprescindível considerar as particularidades da rotina desses

indivíduos, que trabalham em horários estendidos e lidam diaria-

mente com estresse extenuante. Os estudos indicam um impacto

42
importante desse fator na adoção de hábitos saudáveis (Lassen

et al., 2018). O sucesso dessas medidas incide diretamente na

diminuição do adoecimento (Bhojani et al., 2018).

Em relação à saúde mental, os trabalhos revisionais apon-

tam um desafio no tratamento dessa questão com policiais e

bombeiros: os estudos mostram que policiais são avessos a

programas de assistência à saúde mental, pois acreditam que

esse tipo de intervenção pode funcionar como ação disciplinar,

justificado por não acreditarem no respeito ao sigilo das suas

necessidades (Klimley et al., 2018). Uma solução trazida por Ve-

lazquez e Hernandez (2019) foi o uso de aplicativo específico de

consulta e informação, que pode ajudar os indivíduos a se senti-

rem mais à vontade para decidir procurar ajuda adicional. Outra

ação que pode ser eficaz é o treinamento de forças policiais

para identificarem situações de perigo entre os pares, visando

o aconselhamento na procura por auxílio externo (Richardson,

2017). Ou seja, os indivíduos não se sentem confortáveis em

tratar de questões de saúde mental no contexto da polícia, o

que também é discutido por Rodríguez (2021). Apesar disso, os

estudos revisionais encontraram que intervenções preventivas

são eficazes no combate à TEPT, estresse e ansiedade. Isto é,

são eficazes as intervenções que auxiliam os indivíduos a per-

ceberem e a agirem diante de ambientes adversos, de modo a

diminuir o confronto e o estresse gerado pela situação de risco

(Chopko et al., 2018; Klimley et al., 2018).

43
Diretrizes para intervenções de boas práticas em
saúde para profissionais da segurança pública
• Intervenções continuadas e personalizadas de aconse-

lhamento de promoção de estilo de vida saudável:

◦ Atendimento individual;

◦ Atenção à rotina de trabalho em horários estendidos.

• Intervenções continuadas na corporação de apoio a

hábitos de vida mais saudáveis, como atividades físicas e

reeducação alimentar.

• Evitar programas de assistência à saúde mental do

agente que tenham um interlocutor direto. Esse tipo de ação

tende a funcionar de forma indireta:

◦ Treinamento dos agentes para identificar situação de

risco nos colegas para, a partir disso, aconselhar a procu-

rar ajuda externa.

• Intervenções de prevenção ao estresse e ansiedade:

◦ Intervenção que auxilia o indivíduo a perceber e agir

diante de ambientes adversos.

44
45
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Tabela A
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(2017) MEDLINE
(EBSCO); CINAHL
(EBSCO); and
(CENTRAL)

Klimley et al. (2018) Sistemática Google Scholar e


PsycInfo

50
Critérios de inclusão Resultados das revisões

Artigos de revisão sistemática ou Recursos e instrumentos, como material impresso e o


meta-análise incluindo ensaios pedômetro/acelerômetro foram os mais comuns na
de controle randomizado, promoção de atividades físicas; o uso de instrumentos
estudos quase experimentais baseados na internet no local de trabalho é eficaz; as
ou observacionais; publicados intervenções de incentivo como campanha/concorrência,
em inglês; e artigos sobre prêmios, dinheiro/incentivo financeiro e recompensas
Atividade Física (AF). apontaram que as recompensas ofereceram o maior
incentivo, enquanto prêmios e incentivos financeiros/
monetários foram os menos úteis para promover a atividade
física; os resultados mostraram que o apoio familiar foi o
mais útil nesse grupo; nas intervenções que utilizaram o
desenvolvimento ambiental, como o uso de cartões postais
em locais com alto tráfego de funcionários, uma revisão de
boa qualidade recomenda que a modificação ambiental
poderia evitar ganho de peso

Metanálises sobre intervenções Os indivíduos que participaram do programa de treinamento


de gerenciamento de estresse relataram um aumento significativo das intervenções e da
ocupacional e programas de eficácia da intervenção do pré-teste para o seguimento de 3
bem-estar organizacional meses em comparação ao grupo controle.
publicados entre 2008 a 2016.

População (policiais); Intervenção Intervenções direcionadas podem resultar em efeitos positivos,


(promoção da saúde); embora pequenos, na dieta, na qualidade do sono, no
Comparação (mudanças estresse e uso de tabaco, além de apontarem grandes
nos resultados ao longo do efeitos sobre a pressão arterial. O suporte de pares e a
tempo); Resultados (Qualquer incorporação do suporte à mudança de comportamento
medida do comportamento em combinação com o suporte estruturado parecem mais
do estilo de vida relacionado impactantes. Sugerem-se mais estudos necessários para
à saúde); Desenho do Estudo avaliar melhor as características da intervenção que são
(Projeto de medidas pré-pós ou sustentáveis e
​​ resultam em impactos de longo prazo
repetidas de duração crônica,
≥2 semanas).

Amostras focadas em grupos Os sintomas de TEPT diferem a depender da população, sendo


de primeiros socorros (ou os bombeiros os mais prevalentes (17-22%). Os sintomas
seja, policiais, bombeiros ou se combinam com problemas de saúde física e mental,
despachantes) tematizando além de altos níveis de hostilidade e raiva. Destacada a
medidas validadas de TEPT. necessidade de desenvolvimento de mais estudos que
avaliem os fatores de risco para cada população.

51
Autor/ano Formato Banco de dados Critérios de inclusão

Lassen et al. (2018) Sistemática PubMed, CINAHL População (Pessoas trabalhando


e Google em horários irregulares,
Acadêmico ou seja, 24 horas por dia);
Intervenção (Ambiente
de trabalho saudável);
Comparação (Cuidados
habituais); Resultados
(Hábitos alimentares e de
atividade física, qualidade
de vida, ritmo circadiano do
sono, desempenho cognitivo,
estresse psicológico, medidas
sanguíneas, composição
corporal, força muscular,
influência no desempenho
no trabalho, eventos adversos,
desistências);
Desenho do estudo (Ensaios
controlados randomizados,
ensaios controlados
randomizados em cluster
e estudos cruzados
randomizados);

Chopko et al. (2018) Narrativa Academic Search Não especifica


Complete,
Criminal Justice
Abstracts,
Criminal Justice
Periodicals,
Citation Indexes,
Cochrane Library,
Dissertation &
Theses Full Text,
JSTOR, MEDLINE
Psychology
and Behavioral
Sciences
Collection,
PsycINFO, Social
Sciences Citation
Index, and
SocINDEX

Merrigan et al. (2021) Narrativa Não especifica Não especifica

52
Resultados das revisões

Destaca a necessidade de desenvolver mais evidência de efetividade


para as intervenções que buscam promover saúde alimentar
e atividade física para a população que trabalha em horário
estendido.

Todos os artigos encontraram resultados positivos do treino de


mindfulness na população de policiais. De acordo com a
literatura, é eficaz para a prevenção de transtorno do estresse pós-
traumático.

Fornece exemplos gerais de métricas importantes para monitorar e


recomendações de treinamento com base nas alterações dessas
métricas de força-tempo, seguidas de exemplos específicos em
três estudos de caso.

53
Autor/ano Formato Banco de dados

Feito et al. (2018) Narrativa Não especifica

Bhojani et al. (2019) Narrativa Medline, PubMed e


PubMed Central,
e National Library
of Medicine

Velazquez e Sistemática EBSCO Host,


Hernandez (2019) Criminal Justice
Abstracts,
Proquest
Criminal Justice
Database,
JSTOR, APA
PsycNET and
Sage Premier
Collection.
Specifically

Collazo (2020) Sistemática Não especifica

Edgelow et al. (2021) Escopo MEDLINE e PsycInfo

54
Critérios de inclusão Resultados das revisões

Não especifica O HIFT é um treino derivado do HIIT que têm


demonstrado melhores resultados por incorporar
movimentos funcionais do corpo que são facilmente
reproduzidos, com pouca necessidade de uso de
equipamentos.

Não especifica Melhorias estatisticamente e clinicamente significativas


entre os participantes de programas de bem-estar na
frequência de exercícios, no tabagismo e no controle
do peso.

Foco primário na saúde física; A validade e a confiabilidade do aplicativo SAM atraem os


Público-alvo: Policiais e indivíduos que o acessam e determina a necessidade
Pesquisa realizada nos EUA de ajuda adicional, convenientes na medida em que
usuários não divulgam seus sintomas diretamente
a uma pessoa. Ter aplicativos que detectam TEPT e
sintomas depressivos pode ajudar os indivíduos a se
sentirem mais à vontade para decidir procurar uma
ajuda adicional

Não especifica Sugere-se que o aumento no número de sessões


focadas em traumas estão associadas à diminuição
da gravidade dos sintomas de TEPT. Extrapolando
o sucesso das abordagens de TCC para veteranos
militares e, de acordo com as diretrizes recomendadas
para essa população semelhante, o TF-CBT poderia ser
um tratamento eficaz para traumas complexos e TEPT
em policiais.

População (Segurança Pública), Há relatos sobre gerenciamento de estresse e


Conceito (Implementação de intervenções de resiliência para policiais e bombeiros,
estratégias em saúde mental) porém sugere-se um foco em uma variedade maior
e Contexto (Organizações de profissionais de segurança pública.Considera-se
de Segurança Pública), uma área em expansão e recomenda-se a avaliação
Redigidos em Inglês, de contínua da qualidade das intervenções e estratégias
Natureza Experimental, Quase- de implementação.
Experimental, Analítico e
Descritivo Observacional e
Estudos Qualitativos.

55
Tabela B
Autor/ano Nome e objetivo da intervenção
Características dos pro-
gramas de intervenção
em saúde selecionados e Jirathananuwat e Não especifica; Otimizar melhorias na atividade
analisados pelas revisões Pongpiru (2017) física em ambientes de trabalho;

Nota. Elaborada pelos


autores.

Richardson (2017) Stress Management Interventions (SMI`s); Ajudar


bombeiros a identificarem colegas em perigo
e conectá-los com cuidados à saúde;

Lassen et al. (2018) 1.Não especifica; Comparar produto lácteo


fermentado contendo lactobacillus casei
versus placebo para beber (100g) 2 vezes ao
dia;
2.”PHLAME”; Aumentar a atividade física, porções
de frutas e de vegetais, reduzir a gordura,
melhorar o balanço energético versus
informação (versão 6 meses, 1 ano e 7 anos).

Klimley et al. (2018) 1.CISM; Mitigar e prevenir o sofrimento associado


ao trauma
2.Employee assistance programs (EAP); Serviços
voltados a saúde mental;
3.Coping skills and wellness program; Não
especifica;

Feito et al. (2018) High-Intensity Functional Training (HIFT);


Melhorar os parâmetros de aptidão física geral
e desempenho.

56
Resultados das Intervenções

1.Combinar aconselhamento personalizado com a promoção de um


estilo de vida saudável pode ser uma estratégia promissora;
2.Uma revisão de “qualidade moderada” sugeriu que a definição de
metas pode aumentar os ganhos de condicionamento físico;
3.Uma revisão de “qualidade moderada” concluiu que um programa
de exercícios físicos impactou positivamente na redução de
gordura corporal. Segundo os autores, uma revisão de “boa
qualidade” sugeriu que os programas de exercícios físicos não
influenciaram o efeito dos programas de promoção da saúde no
local de trabalho;

Os resultados indicaram que os indivíduos que participaram do


programa de treinamento relataram um aumento significativo
das intervenções e da eficácia da intervenção do pré-teste para o
seguimento de 3 meses em comparação com o grupo controle;

1. Sem mudanças no bem-estar geral, não constatou redução do


estresse psicológico, significativa perda de peso na comparação
entre grupo controle e intervenção, efeito positivo nos dias
acumulados de febre, sem efeitos para dias acumulados de
infecções;
2. Melhoria do bem-estar geral e redução do ganho de peso e nos
custos com medicação para intervenção de 1 ano;

1.Resultados diversos. Alguns estudos reportam menos depressão,


raiva e sintomas de TEPT. Outros concluem que uma sessão não
previne TEPT ou reduz estresse psicológico, podendo em alguns
casos aumentar os sintomas;
2. Policiais têm a tendência de perceber o EAP como uma outra forma
de disciplinar. Preocupação com informação não sigilosa. Ausência
de estudos em bombeiros;
3.Melhoria geral nas estratégias de enfrentamento de evitação e
diminuição no estresse percebido entre os despachantes de
emergência;

Programa de treinamento classificado como apropriado para forças


táticas. Menor risco de lesão, comparado a outras metodologias.

57
Autor/ano Nome e objetivo da intervenção

MacMillan et al. 1. Não especifica; Comparar dois programas de


(2017) treinamento físico para condicionamento
corporal;
2. Não especifica; Comparar efeitos de dietas, com
dois suplementos proteicos diferentes, mais
treinamento de resistência ou dieta isolada na
composição corporal;
3. Não especifica; Comparar os resultados a longo
prazo de um programa de promoção da saúde
liderado por pares e baseado em equipes
versus ausência de intervenção;
4. Não especifica; Comparar o efeito de
intervenções de exercícios aeróbicos
e exercícios anaeróbicos em eventos
estressantes;
6. Não especifica; Comparar efeito de
um programa de saúde, nutrição e
condicionamento físico no condicionamento
aeróbico e obesidade versus currículo padrão.
7. Não especifica; Comparar mudanças
psicológicas após orientação de nutrição
e exercício físico versus ausência de um
programa estruturado
8. Não especifica; Comparar os carboidratos
consumidos no jantar versus durante todo o
dia na perda de peso;
9. Não especifica; Avaliar o impacto da entrevista
motivacional na aptidão física, lipídios no
sangue e adesão a exercícios físicos;
10. Não especifica; Avaliar o impacto do programa
de educação nutricional (junto a um programa
de bem-estar já existente) no peso e nos
lipídios do sangue;
11. Não especifica; Avaliar o impacto de um
programa de exercícios físicos;
12. Não especifica; Avaliar os impactos de
um módulo de treinamento de saúde e
condicionamento físico;
13. Não especifica; Avaliar os impactos do yoga no
estresse,

58
Resultados das Intervenções

1. Aumento da distância e potência do salto vertical e maior tempo


de sprint no grupo de treinamento de força e resistência versus
grupo periodizado ao longo de 6 meses;
2. Redução da gordura foi maior nos grupos caseína e whey versus
grupo dieta isolada; Aumento da massa magra foi maior nos
grupos caseína e whey versus dieta isolada;
3. Aumento no consumo de frutas, de vegetais e na qualidade do
sono. Redução no uso de tabaco e no estresse;
4. Redução no estresse, na duração da corrida cronometrada e na
frequência cardíaca;
6. Aumento na gordura corporal, no VO2max, na resistência muscular
e na flexibilidade;
7. Aumento no consumo de oxigênio, no autoconceito físico e nos
auto escores pessoais;
8. Redução do peso, das concentrações de insulina, da resistência à
insulina e no TNF-α. Aumento da saciedade e do colesterol “bom”
(HDL);
9. Redução no PAS, no PAD, na porcentagem de gordura corporal,
no colesterol total, no LDL, no VLDL e nos triglicerídeos. 88%
dos entrevistados avaliaram o programa como altamente
favorável. 100% dos participantes destacaram a importância do
reconhecimento de seus valores no comprometimento com o
programa. 100% dos participantes avaliaram positivamente seus
treinadores de desempenho. 88% dos participantes da entrevista
pretendiam manter a mudança de estilo de vida a longo prazo;
10. Redução no colesterol total, do peso nos 12 meses, da ingestão
energética e de quilocalorias e da porcentagem de energia
de gordura. Aumento de triglicerídeos em 12 meses e da
porcentagem de energia de carboidratos em 5 anos;
11. Aumento na agilidade ao longo de 8 semanas e de 16 semanas, na
velocidade de sprint ao longo de 16 semanas, na potência da parte
superior e inferior do corpo durante 8 semanas, na potência da
parte inferior do corpo em 12 semanas, na resistência do núcleo
e da parte superior do corpo em 8 semanas e 16 semanas na
resistência aeróbica por 16 semanas;
12. Redução no colesterol e no PAS. Aumento na aptidão aeróbica,
na força muscular, na resistência, na flexibilidade e na gordura
corporal em homens e mulheres com mais de 12 semanas;
13. Redução do estresse e melhora no humor. 5/24 dos formandos
acharam o programa benéfico, relaxante e aliviador de stress, 5/24
foram resistentes ao programa, ao considerarem o yoga como não
consistente com o treinamento policial;

59
Autor/ano Nome e objetivo da intervenção

Chopko et al. (2018) 1.Mindfulness-Based Cognitive Therapy (MBCT);


Reduzir estresse e sintomas depressivos ou de
transtornos em geral;
2.Acceptance and Commitment Therapy (ACT);
Auxiliar indivíduos a perceberem e a agirem
diante de informações internas e ambientes
adversos.

Bhojani et al. (2018) Management Wellness Fitness Initiative (WFI);


Prevenir doenças cardiovasculares e a morte
cardíaca súbita relacionadas ao ofício dos
bombeiros.

Velazquez e 1. Employee Assistance Programs (EAPs); Abordar


Hernandez (2019) problemas do ambiente de trabalho;
2. Critical incident stress debriefing (CISD);
Oferecer programas de apoio mútuo entre
colegas;
3. Smart assessment on your mobile (SAM); Triar
sintomas relacionados a TEPT e depressão;

Collazo (2020) Trauma‐Focused Cognitive Behavioral


Therapy (TF-CBT); Auxílio na construção
de mecanismos e habilidades para
gerenciamento de sintomas relacionados ao
trauma.

Merrigan et al. (2021) Force Plate Technology; Monitoramento da


capacidade tática do contingente

Edgelow et al. (2021) Não especifica; Gerenciar o estresse e promover


resiliência.

60
Resultados das Intervenções

1. Estudos empíricos mostram que a MBCT reduz significativamente


sintomas depressivos, diversas formas de ansiedade e outros
sintomas relacionados com o trabalho executado por first
responders (primeiro interventor/socorrista);
2.Estudo metanalítico sugeriu que a ACT é efetiva quando focada em
depressão e ansiedade. Outras pesquisas indicaram que também
é efetivo para adições e problemas de natureza somática. Outro
estudo sugeriu que ACT é superior na geração de satisfação e
medidas de qualidade.

Melhorias significativas entre os participantes do programa na


frequência de exercícios, no tabagismo e no controle do peso.

1.Permitiu que policiais buscassem ajuda ou considerassem obter


ajuda adicional de outros profissionais;
2. Não foi tão efetivo quanto se esperava, já que os policiais
não conversaram com total transparência sobre incidentes
traumáticos;
3.Correlação significativa entre o SAM e a entrevista diagnóstica,
indicando eficácia na avaliação do trauma;

A literatura é escassa quanto à eficácia desses tratamentos baseados


em evidências direcionados a forças policiais. Futuras pesquisas
devem incluir a adaptação transcultural.

As avaliações da plataforma de força são ferramentas valiosas para


implementar variações de monitoramento do desempenho
neuromuscular. Entretanto, a sua complexidade requer
precauções para garantir que dados confiáveis ​​e válidos sejam
coletados antes da ação.

A implementação da intervenção foi majoritariamente via programas


de treinamento (80%), sendo a maior parte deles em grupo (70%).
Sugere-se a inclusão de outros profissionais da Segurança Pública
e a expansão dos estudos.

61
CAPÍTULO 2
Programas de Promoção da Saúde, Prevenção
Primária e Prevenção Secundária para
Profissionais da Segurança Pública

Victoria Ayelen Gomez

Ana Gabriela Duarte Mauch

Elivaldo Ribeiro de Santana

Antonio Aisengart

Giulia Veiga de Leite Ribeiro Melo

Luiza Mariana Brito Soares

Ângela Oliveira de Sá

Ranielly Pereira Barbosa

Daniela Sacramento Zanini

Sheila Giardini Murta

A incidência de lesões ocupacionais, doenças e transtornos

relacionados ao trabalho tem aumentado em comparação às

estatísticas anteriores (Takala et al., 2014). Assim, tornam-se

necessárias intervenções em saúde e na qualidade de vida dos

trabalhadores objetivando a prevenção, redução de absenteísmo

e custos associados oriundos dessas intercorrências. Para que

sejam utilizadas de forma ampla as melhores intervenções e não

se desperdice recursos com métodos ineficientes, deve-se ava-

liar a efetividade das intervenções propostas (Rodríguez, 2021;

Wagner et al., 2016).

62
Em relação à segurança pública, intervenções são deman-

dadas em diferentes categorias profissionais, incluindo policiais,

bombeiros, trabalhadores do sistema prisional e na própria co-

munidade (Edgelow et al., 2021). O escopo dessas intervenções,

em geral, foca na saúde física, incluindo questões relacionadas

ao sono e à fadiga, e, principalmente, na saúde mental, como no

manejo de estresse e resiliência (Edgelow et al., 2021).

Para os profissionais policiais e bombeiros o panorama geral

é semelhante, sendo que a incidência de transtorno do estresse

pós-traumático (TEPT), por exemplo, é maior que na população

em geral (Klimley et al. 2018), já que na atuação profissional é

frequente presenciar ou participar de situações que induzem o

TEPT, como homicídios e incêndios (Dalgalarrondo, 2019). O

TEPT consiste em lembranças vívidas, emoções e sensações

físicas que remetem a um evento traumático (Dalgalarrondo,

2019), impactando a saúde mental. Assim, são demandadas

intervenções específicas para esse público.

As políticas, programas e intervenções no contexto ocupa-

cional podem se organizar em torno da promoção da saúde, pre-

venção primária, prevenção secundária e prevenção terciária. A

promoção da saúde consiste em ações intersetoriais que visam

favorecer o bem-estar de indivíduos e coletividades por meio

de políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde,

63
reorientação dos serviços de saúde, reforço da ação comunitária

e desenvolvimento de habilidades pessoais (World Health Orga-

nization, 1986). A prevenção primária refere-se a ações voltadas

para indivíduos ou coletividades que visam evitar o adoecimento

no trabalho por meio da redução de fatores de risco psicosso-

ciais, ergonômicos, físicos, químicos ou biológicos e fortaleci-

mento de fatores de proteção à saúde. Compreende a proteção

específica voltada para medidas educativas focadas em pro-

blemas de saúde específicos. A prevenção secundária engloba

ações de diagnóstico precoce e tratamento que visam curar uma

doença já instalada por meio de cuidado integral à saúde. A pre-

venção terciária abarca ações que visam maximizar a qualidade

de vida e conter prejuízos decorrentes de uma doença já instala-

da e irreversível. Compreende ações de reabilitação que podem

incidir sobre os indivíduos e os contextos em que vivem (Leavell

& Clark, 1965).

De acordo com o exposto, o objetivo geral deste capítulo

foi identificar a produção científica internacional sobre progra-

mas de intervenção em saúde com foco na segurança pública

(polícias e bombeiros), analisando os níveis de promoção da

saúde e prevenção de agravos à saúde. Dessa forma, os ob-

jetivos específicos do capítulo foram: i) descrever; ii) analisar

e iii) sintetizar os estudos que versam sobre os programas de

intervenção em saúde classificados em: i) promoção da saúde;

ii) prevenção primária; iii) prevenção secundária; e iv) prevenção

terciária, conforme definição supracitada. Os resultados serão

apresentados em três secções diferentes de acordo com o nível

de prevenção abordado.

64
Método

Busca e Critérios de Seleção da Literatura


Levantamento dos Artigos Científicos
A busca dos artigos em inglês foi conduzida com o uso

do software Publish or Perish, ferramenta que utiliza bases de

dados para obter os estudos pretendidos. A consulta foi empre-

gada junto aos principais indexadores da literatura especializada

da área, tais como Crossref, Google Acadêmico e, visando um

amplo acesso ao acervo bibliográfico disponível na internet. As

publicações em português foram localizadas no portal de perió-

dicos da CAPES.

Critérios de inclusão e exclusão dos artigos


Os critérios de inclusão neste capítulo foram: (1) artigos pu-

blicados em inglês ou português; (2) acerca de avaliação de pro-

gramas de saúde ; (3) com foco na segurança pública (polícias e

bombeiros); (4) artigos científicos e revisões; (5) publicados nos

últimos cinco anos; e (6) disponíveis na íntegra. Foi utilizado o

software Publish or Perish 7 (Harzing, 2007) para a busca dos

artigos em inglês indexados no Crossref, Google Scholar (ou

Google Acadêmico) e Pubmed. A busca foi realizada a partir de

dois grupos de palavras-chave:

• Grupo A (Bombeiros): firefighter AND “intervention pro-

gram” AND mental health AND (occupational stress) AND

anxiety [ou depression; ou burnout; ou suicide; ou physical

health] AND effectiveness AND evaluation;

65
• Grupo B (Policiais): police AND “intervention program”

AND mental health AND (occupational stress) AND anxiety

[ou depression; ou burnout; ou suicide; ou physical health]

AND effectiveness AND evaluation.

As publicações em português foram localizadas no portal de

periódicos da CAPES, utilizando as seguintes palavras-chave:

“policiais”, “bombeiros”, “programas”, “intervenção” e “saúde”. De

acordo com as ferramentas disponíveis na modalidade “busca

avançada” do portal, a pesquisa foi conduzida no seguinte forma-

to: [Qualquer campo que contém policial OU Qualquer campo

que contém bombeiros E Qualquer campo contém programa

E Qualquer campo que contém intervenção E Qualquer cam-

po que contém saúde]. Os filtros de delimitação dos resultados

consistiram na definição do “tipo de material” (artigos), “idioma”

(português) e “data de publicação” (últimos 5 anos).

Além dos filtros de delimitação citados, os critérios de in-

clusão e de exclusão utilizados durante a busca por artigos

em inglês foram igualmente aplicados na busca por artigos em

português. O programa Excel foi usado para a organização dos

estudos encontrados e exclusão de duplicatas.

Os critérios de exclusão utilizados foram: (1) artigos refe-

rentes a trabalhadores do sistema prisional e militares; (2) arti-

gos com outros segmentos ocupacionais; (3) artigos em outros

idiomas que não inglês e português; (4) artigos empíricos de

variáveis que não são de programas, ações ou intervenções em

saúde; (5) artigos teóricos; (6) teses de doutorado e dissertações

de mestrado; (7) protocolos; (8) intervenções farmacológicas.

66
Procedimentos de análise
Foram encontrados 1.130 artigos em inglês. A partir da apli-

cação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados

146 artigos para leitura do resumo. Após a leitura do resumo,

restaram 64 artigos que foram lidos na íntegra, os quais foram

classificados em: (1) artigos de revisões; (2) promoção da saú-

de; (3) prevenção primária; (3) prevenção secundária; e (4) pre-

venção terciária (Leavell & Clark, 1976). Os procedimentos de

classificação foram criteriosamente discutidos junto com equipe

de pesquisadores especialistas na temática.

Foram localizados 673 artigos em português. A partir da

aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, somente sete

artigos foram selecionados. Após a análise dos títulos e dos re-

sumos, seis artigos foram selecionados. Por fim, após a análise

do texto integral das publicações, somente um artigo foi identi-

ficado como correspondente aos critérios de inclusão adotados

pela seleção, classificado em prevenção primária e promoção de

saúde (Leavell & Clark, 1976).

Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, fo-

ram encontrados: 12 artigos de revisão; 15 artigos de promoção

da saúde; sete artigos de prevenção primária e nove artigos de

prevenção secundária. Cumpre ressaltar que não foi encontrado

nenhum artigo que atendesse aos critérios estabelecidos que

contivesse intervenção em prevenção terciária, por isso, este

nível de prevenção não será descrito neste capítulo.

Murta (2005), em sua revisão da produção científica sobre

os programas de manejo de estresse ocupacional, estabeleceu

um instrumento padronizado de análise de codificações. Este

modelo de codificação tem sido instrumento de pesquisa de

estudos recentes, sintetizando campos específicos da literatura

67
(Abreu et al., 2016). No presente capítulo, utilizou-se uma adap-

tação do instrumento de análise de codificações para extrair as

informações relevantes (Tabela 1). Dessa forma, foram estabe-

lecidos, neste instrumento, 15 critérios de codificação, dentre os

quais estão, por exemplo, características do estudo, contexto,

conteúdo da intervenção, formato da intervenção, avaliação de

resultados (Oldenburg et al., 1994), avaliação de necessidades

(Hawe et al. 1990) e avaliação de processo (Steckler & Linnan,

2002). Para fins de maior detalhamento das análises, os critérios

que versam sobre avaliações foram divididos em mais de um cri-

tério de codificação, a saber: avaliação de resultados foi dividido

em principais resultados, conclusões e limitações da interven-

ção; avaliação de necessidades foi dividido em objetivo geral,

público-alvo e objetivos do programa/intervenção; e avaliação de

processos foi divido em nome, responsável pela intervenção, ca-

nal, carga horária, e técnicas e instrumentos. Os dados relativos

a cada artigo foram codificados em uma tabela de fichamento do

Excel construída de acordo com os critérios de codificação.

Critério Definição Tabela 1

Definição de critérios
Estudo Autores, ano, periódico e país onde a
usados na codificação
intervenção foi implementada dos estudos

Objetivo geral do O que os autores pretendiam alcançar Nota. Elaborada pelos


autores.
artigo

Nome Como foi nomeada a intervenção? Nome das


atividades práticas desenvolvidas com o
público-alvo da intervenção

Objetivo do Quais desfechos esta intervenção pretende


Programa/ mudar? (Ex.: favorecer atividade
Intervenção/Ação física ou reduzir tabagismo; favorecer
conhecimento sobre manejo de finanças
ou reduzir estigma relacionado ao
adoecimento mental)

68
Critério Definição

Público-alvo A quem se destina esta intervenção? (Ex.: chefias, bombeiros,


familiares, equipes de saúde, etc.)

Responsável pela Equipe ou cargo de quem fez a intervenção (Ex.: equipes de saúde,
intervenção consultor externo, etc.)

Contexto Onde a intervenção foi implementada? (Ex.: centro de treinamento


da Corporação de Bombeiros). Tipo de ambiente ocupacional de
onde a amostra foi recrutada, como escolas, instituições de saúde,
indústrias, instituição financeira ou outros

Canal Qual o meio de entrega ou execução desta prática? (Ex.: face a face,
internet, guias impressos ou outros)

Carga horária Carga horária total da intervenção, número de sessões, duração de


cada sessão, periodicidade entre as sessões

Formato da Grupal, individual, outra. Frequência das sessões, duração da sessão


intervenção (em minutos), duração da intervenção (em semanas), número
total de sessões, número total de horas de contato

Conteúdo da Natureza da intervenção, incluindo temas discutidos (ex: informação


intervenção sobre estresse), técnicas usadas (ex: treino assertivo) ou ações
implementadas (ex: discussões sobre como construir rede de
suporte social)

Técnicas e Quais foram os procedimentos e técnicas usadas para produzir as


instrumentos mudanças previstas? Quais instrumentos usados? Avaliação prévia
à intervenção visando identificar alvos para a intervenção. Inclui
técnicas de coleta de dados usadas, como escalas, observação do
comportamento, análise documental, etc.

Avaliação de Quais resultados foram alcançados? Estratégia de coleta de dados


resultados: e tipo de variável dependente avaliada, como crenças sexistas,
principais conhecimento sobre direitos sexuais e reprodutivos, habilidades
resultados de manejo de raiva etc.

Avaliação de Conclusões alcançadas; Qual(is) foi(ram) as principais conclusões?


resultados:
conclusões

Avaliação de Limitações da intervenção/artigo


resultados:
limitações da
intervenção

69
Resultados Referentes a Programas
de Promoção da Saúde na Segurança
Pública

Esta seção contou com uma amostra final de 15 estudos

que versam sobre programas de promoção da saúde das forças

de segurança (polícias e bombeiros). Nos últimos cinco anos in-

teiramente decorridos houve uma tendência de estabilização no

número de estudos voltados ao tema, com um discreto aumento

em 2019, seguido de queda em 2021 e 2022. A Figura 1 de-

monstra a produção acadêmica internacional. Nota-se que nos

anos de 2017, 2018 e 2020 foram publicados três artigos. Em

2019 houve um discreto aumento, totalizando quatro artigos. Já

no ano de 2021, foram encontrados apenas dois artigos publica-

dos. Por fim, no ano de 2022 não houve publicações.

Figura 1
2019
Número de estudos 4
internacionais sobre
programas de promoção
da saúde
2017 2018 2020
3
Nota. Elaborada pelos
autores.

2
2021

2022
0

70
Características gerais da implementação dos
programas de promoção da saúde
Identificou-se que a maior parte dos estudos que continham

programas de intervenção na área de promoção da saúde foi

realizada na América do Norte e Europa. O Canadá é o país com

o maior número de artigos publicados neste recorte (Leduc et

al., 2021; Sommerfeld et al., 2017; Szeto et al., 2019; Leary et

al., 2020), com quatro artigos, o equivalente a aproximadamente

27% dos estudos. Os Estados Unidos seguem em segundo lugar,

com 20% das publicações, contabilizando três estudos (DeNyss-

chen et al., 2018; Stanek et al., 2017; Marks et al., 2017). Já


Figura 2
na Austrália, foram encontrados dois artigos (Joyce et al. 2018; Localização geográfica
dos países onde foram
Joyce et al., 2019), o equivalente a aproximadamente 13,3% dos feitas as intervenções de
promoção da saúde
achados. Seis países apresentaram apenas um estudo, o que
Nota. Elaborada pelos
equivale a 6,7% dos artigos encontrados, sendo eles: Bélgica autores.

71
(Milliard, 2020); Suíça (Stone et al., 2020); Índia (Chitra & Karu-

nanidhi, 2021); Grécia (Romosiou et al., 2019); Sérvia (Filip &

Aleksandar, 2019) e Itália (Maran et al., 2018). A Figura 2 mostra

a localização geográfica descrita de cada país nos continentes.

O interesse investigativo por esse campo é majoritariamen-

te na América do Norte, localidade de sete dos quinze estudos,

equivalente a aproximadamente 47% dos achados (DeNysschen

et al., 2018; Stanek et al., 2017; Marks et al., 2017; Leduc et al.,

2021; Sommerfeld et al., 2017; Szeto et al., 2019; Leary et al.,

2020). Foram encontrados cinco estudos no continente Europeu,

número equivalente a aproximadamente 33% dos artigos levan-

tados (Milliard, 2020; Stone et al., 2020; Romosiou et al., 2019;

Maran et al., 2018; Filip & Aleksandar, 2019). No continente da

Oceania, foram encontrados dois estudos, equivalente a apro-

ximadamente 13% dos artigos levantados (Joyce et al., 2018;

Joyce et al., 2019). Na Ásia encontrou-se apenas um artigo, o

equivalente a aproximadamente 7% dos estudos (Chitra & Karu-

nanidhi, 2021). Não constam na revisão estudos nos contextos

da África, América do Sul e América Central que preencham os

critérios estabelecidos.

As publicações que tiveram implementação no continente

Europeu ocorreram de forma dispersa entre os países, sendo

um estudo em cada um dos cinco países: Bélgica, Suíça, Grécia,

Sérvia e Itália. Todavia, as publicações que tiveram implementa-

ção na América do Norte ocorreram em apenas dois países, de

forma concentrada, três estudos nos Estados Unidos e quatro

no Canadá. Na Oceania houve concentração dos dois estudos

publicados, ambos na Austrália. Em relação à Ásia, com apenas

um artigo encontrado, o país de implementação da intervenção

foi a Índia.

72
Características das Intervenções de promoção da
saúde
Cada uma das intervenções descritas nos estudos encon-

trados a partir da revisão sistemática de literatura no escopo da

promoção da saúde foi nomeada ou apresentou sua temática

explorada e teve seus objetivos descritos. Em Leduc et al. (2021)

houve o desenvolvimento colaborativo, interativo e participativo de

dois programas de intervenção. Primeiramente, um programa de

intervenção de treinamento físico foi projetado para manter os ní-

veis de aptidão física dos bombeiros e atenuar o risco de lesões.

Posteriormente, foi desenvolvido um programa de intervenção em

educação psicossocial para mitigar o impacto dos fatores de risco

psicossociais, fomentar o engajamento no trabalho e diminuir o

estresse no trabalho, mesmo que em ambientes adversos.

O Programa de Treinamento de Resiliência (PTR) descrito em

Chintra et al. (2021) e em Joyce et al. (2019) visa promover melho-

rias de autoconsciência, atitude positiva, gestão emocional e habili-

dades interpessoais. Esse programa é desenvolvido para ajudar po-

liciais mulheres a se tornarem resilientes, a lidar de forma proativa

com a exposição ao estresse em sua ocupação, melhorar a satisfa-

ção no trabalho e, consequentemente, seu bem-estar psicológico.

A intervenção de treinamento elaborada por Filip e Aleksan-

der (2019) objetivou a perda de peso segura e saudável como

meta primária de treinamento, seguida pelo desenvolvimento da

capacidade aeróbica e resistência muscular local com policiais.

Já em DeNysschen et al. (2018) houve a implementação de uma

intervenção sobre a avaliação de exercícios direcionados ao

aperfeiçoamento da força muscular, força de velocidade e resis-

tência muscular de policiais, visando a qualidade de vida destes

profissionais a partir do contexto laboral.

73
Stanek et al. (2017) implementaram uma intervenção no

formato de um programa de exercício corretivo, progressivo e

individualizado, utilizando um instrumento de triagem chamado

Tela de Movimento Funcional (TMS). O objetivo da intervenção

foi aprimorar a qualidade dos movimentos laborais executados

por bombeiros e reduzir os riscos de lesão.

Por solicitação do corpo de bombeiros, Sommerfeld et al.

(2017), implementaram uma intervenção comportamental em

saúde para esses profissionais, objetivando alcançar o bem-

-estar. Na mesma vertente, Romosiou et al. (2019) procuraram

investigar a eficácia de uma intervenção integrativa, pautada na

abordagem centrada na pessoa, cognitivo-comportamental e psi-

cologia positiva, objetivando a melhoria da inteligência emocio-

nal, a empatia, a resiliência e o manejo de estresse de policiais.

A intervenção denominada Caminho para a Prontidão Men-

tal para Socorristas (CPMS) foi implementada por Szeto et al.

(2019) com policiais, bombeiros, socorristas, paramédicos e

trabalhadores dos serviços de emergência. Os objetivos do pro-

grama foram: (i) aumentar a habilidade de resiliência; (ii) prover

meios de reduzir o estigma sobre a saúde mental; (iii) compreen-

são sobre saúde mental no trabalho; (iv) disposição para discutir

sobre saúde mental, pedir ajuda e oferecer suporte relacionado

a saúde mental a colegas de trabalho; e (v) uso do conhecimen-

to aprendido no programa.

Joyce et al. (2018) implementaram o Programa de Atenção

Plena e Trabalho de Resiliência (PAPTR), cuja ênfase maior é

na autocompaixão e habilidade de aceitação. A intervenção foi

uma combinação de psicoeducação com treinos de mindfulness.

74
Marks et al. (2017) implementaram uma intervenção que teve

como objetivo promover a saúde psicológica entre pares. Para

isso, usaram um programa recém-projetado para socorristas e

bombeiros intitulado Reconhecer, Avaliar, Defender, Coordenar e

Acompanhar (nome original: REACT), desenvolvido em parceria

com órgãos de segurança pública.

Maran et al. (2018) pesquisaram uma intervenção que dispo-

nibilizou, pela gestão da polícia, cursos gratuitos, realizados fora

do horário e do local de trabalho. Os cursos foram categorizados

em duas áreas: prática física (ginástica postural, tai chi chuan,

condicionamento físico total) e bem-estar (treinamento autógeno,

yoga, meditação dinâmica). Os mesmos treinamentos ocorreram

várias vezes durante o ano. Os policiais podiam escolher realizar

um dos cursos e o objetivo era o aumento do bem-estar e a dimi-

nuição do sofrimento experienciado com colegas e cidadãos.

Um programa de treinamento de exercícios ocupacionais foi

implementado por Leary et al. (2020) com o objetivo de melhorar

a aptidão física dos bombeiros. Já na intervenção implementa-

da por Stone et al. (2020) o objetivo era comparar as mudanças

físicas após 11 semanas de treinamento em uma academia dos

bombeiros. No estudo conduzido por Milliard (2020), a partir de

Equipes de Apoio por Pares (EAP) levantaram-se os seguintes

objetivos, buscando o bem-estar de forma mais ampla: (i) pro-

porcionar uma escuta empática e atenta; (ii) fornecer intervenção

psicológica de baixo nível; (iii) identificar pares que possam estar

em risco para si ou para outros; e (iv) facilitar um canal para ajuda

profissional. A Tabela 2 sintetiza os dados dos artigos analisados.

75
Tabela 2

Características de pro-
gramas de intervenção
classificados em promo-
ção da saúde

Estudo, tema e objetivo da


Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Leduc et al., 2021; Programa de intervenção O cumprimento do


Programa de compromisso de treinamento programa requer níveis
para a boa forma; físico e Programa de condicionamento
Programa de de intervenção em físico acima da
intervenção de educação psicossocial. média, com muitos
treinamento físico fatores adicionais a
e Programa de considerar, incluindo:
intervenção em hidratação, nutrição e
educação psicossocial. termorregulação em
ambientes térmicos
O objetivo do artigo é
variáveis
descrever o processo
de desenvolvimento
colaborativo e
participativo de
dois programas de
intervenção humana,
visando a (i) aptidão
física; e a (ii) saúde
psicológica e bem-estar
de bombeiros

Chitra & Karunanidhi, A intervenção A análise por protocolo


2021; Programa de compreendeu 6 sessões constatou que, em
Treinamento de de treinamento online. comparação com o
Resiliência; Avaliar as Cada sessão levou cerca grupo controle, foram
repercussões no estresse de 20 a 25 minutos para observadas as maiores
ocupacional, resiliência, ser concluída. Houve melhorias na resiliência
satisfação no trabalho e uma pausa de 3 dias adaptativa entre aqueles
bem-estar psicológico, entre cada sessão para que completaram
a partir de um estudo incentivar a prática de a maior parte do
com duzentos e habilidades programa, ou seja, de 5 a
cinquenta policiais da 6 sessões
parte sul da Índia

76
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Filip & Aleksandar 2019; Uma sessão de treinamento Os efeitos do tratamento


Treinamento físico; de 2 horas foi realizada dependem mais
Investigar os efeitos cinco vezes por semana. do nível de controle
de um programa de Durante o treinamento, e autocontrole do
exercícios físicos e de os participantes que da duração do
palestras, seguidas de tiveram uma pausa tratamento, enquanto
um folheto contendo de 5 a 10 minutos para o nível de controle
informações sobre recuperação e refresco. (e especialmente o
nutrientes indicados Os treinamentos foram autocontrole) pode ser
segundo a qualidade de realizados no período melhorado aumentando
componentes, medidos da tarde (16:00 - 18:00) o conhecimento sobre a
pela aptidão física em condições externas e associação entre aptidão
relacionada à saúde internas física, junto a soluções
práticas

DeNysschen et al., 2018; Sessão de treinamento Diferenças significativas


Educação para a físico de 40 a 50 minutos foram observadas em 7
saúde e treinamento ao longo de 14 semanas de 14 exercícios físicos
físico; Determinar se e medidas antropométricas,
a conclusão bem- o que indicou
sucedida de um curso melhora na força
de educação em superior do corpo e
saúde e treinamento resistência muscular
físico de 14 semanas dos participantes.
aumentaria a aptidão Além disso, melhorias
física e as capacidades no poder muscular
dos participantes para ocorreram como
realizarem tarefas determinadas
essenciais de aptidão por resultados
física necessárias para estatisticamente
uma carreira policial significativos para os
testes de chutes de
interruptor e joelhos de
potência

Sommerfeld et al., 2017; O Kit de Bem-Estar Não houve mensuração de


Kit de bem-estar para possui 12 módulos; variáveis e os autores
veteranos; Aumentar o quatro módulos foram indicaram que há valor
bem-estar de bombeiros apresentados por nesse tipo de formato de
em atividade. horário de uma hora, oficina educativa para
totalizando três horas de grupos de bombeiros
intervenção por turno

77
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Stanek et al., 2017; O departamento não Uma média anual de


Treinamento com forneceu programação 2.520 lesões, ou 25%,
exercícios corretivos; e os bombeiros ocorreram durante as
Examinar os efeitos puderam desenvolver atividades de apoio à
de um programa de suas próprias rotinas supressão, uma média
treinamento de exercício de treino. Durante as 8 de 910 ocorreram
corretivo individualizado semanas de intervenção, durante outras
de 8 semanas na Tela de os bombeiros foram atividades de cena
Movimento Funcional convidados a iniciar seu de incidente, e uma
(FMS) direcionados a treino com o programa média de 370 ocorreram
bombeiros de exercícios corretivos durante as atividades de
e usar o tempo restante resgate
para completar suas
rotinas normais de
treino

Romosiou et al., 2019; Quatro sessões com Os resultados indicaram


Investigar a eficácia de duração de 4 horas, com melhorias significativas
uma intervenção em intervalo de 10 dias entre na inteligência
grupo com o objetivo de elas, em um período de emocional, empatia,
melhorar a inteligência 5 semanas resiliência e no manejo
emocional, a empatia, a de estresse do grupo
resiliência e o manejo de experimental em
estresse de policiais comparação ao grupo
controle. A eficácia
da intervenção foi
confirmada pelos dados

Szeto et al., 2019; Prontidão Versão reduzida de 4 horas O programa foi eficaz na
mental; Avaliar a eficácia ou versão estendida de 8 redução do estigma
do programa Caminho horas para supervisores sobre doenças mentais
para a Prontidão Mental e líderes e no aumento das
para socorristas; habilidades de resiliência
em todos os estudos

Joyce et al., 2018; Programa 6 sessões de 20 a 25 55% dos participantes


de trabalho com minutos (total de, no completaram mais da
Mindfulness para a mínimo, 2 horas de metade do programa.
resiliência; Examinar treinamento) 11 participantes
se um treinamento de completaram todas as 6
resiliência baseado no sessões
mindfulness é possível e
gera engajamento para
trabalhadores de alto
risco (bombeiros)

78
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Maran et al., 2018; Avaliar os Os cursos iniciaram Na pré-intervenção, os


cursos e o impacto deles em Outubro/2016 participantes dos
no sofrimento percebido e terminaram em cursos de atividade
e saúde geral dos Maio/2017. Cada curso física indicaram
participantes (policiais), possuía uma atividade como objetivos o
assim como a eficácia semanal, com duração aumento do bem-
de adicionar o uso de de 1 hora e meia estar e a diminuição
estratégias de coping; do sofrimento
experienciado com
colegas e cidadãos. Na
pós-intervenção, apenas
12,2% dos participantes
indicaram que o objetivo
foi alcançado “menos do
que o esperado”

Marks et al., 2017; O REACT foi um Sem diferenças


Avaliar um recém- reinamento de um dia significativas na
projetado treinamento inteiro que consistiu em variável conhecimento
para profisisonal quatro módulos, cada após a intervenção.
para socorristas e um com instrução e Houve um efeito
bombeiros intitulado prática principal significativo
Reconhecer, Avaliar, para o tempo na
Defender, Coordenar e autoeficácia relacionada
Acompanhar (REACT) ao treinamento.
Qualitativamente, a
resiliência e o self geral
permaneceram estáveis
ao longo do tempo

Leary et al., 2020 Programa Treinamento físico de 14 Não houve alterações


de treinamento de semanas; 20 sessões de significativas no peso,
exercícios ocupacionais treinamento IMC, percentual de
de bombeiros Avaliar gordura corporal,
efeitos no prazer dos pressão arterial sistólica,
participantes, mudanças VO 2máx estimado,
de comportamento no equilíbrio, amplitude de
estilo de vida e estrutura movimento do joelho
da equipe) com o ou flexibilidade dos
objetivo de fornecer isquiotibiais
recomendações para
programas futuros

79
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Milliard, 2020; Programa Não detalhado Diante da inexistência de


de Suporte por pares; um padrão denominado
Investigar os impactos “provincial” para
do programa suporte por pares
ou qualquer outro
programa de saúde
mental, a pesquisa
revelou que não ter um
padrão provincial pode
representar um certo
nível de risco, já que
o apoio por pares em
organizações policiais é
muito diferente do apoio
por pares no mundo civil

Stone et al., 2020; 3 sessões por semana Aumento da aptidão e


Programa de força adicionais ao do IMC, uma medida
e condicionamento treinamento da associada ao risco
físico; Investigar os academia de bombeiros, cardiovascular,
efeitos de 11 semanas de sendo duas de auxiliando assim na
treinamento formal de resistência e uma mitigação da principal
força e condicionamento aeróbica causa de mortalidade
realizado durante nestes futuros
o treinamento nas bombeiros
características de
aptidão física de
bombeiros em
treinamento

Contextos de Implementação de intervenções de pro-


moção da saúde
Das intervenções descritas nos artigos que fizeram parte do

levantamento, 20% foram implementadas apenas nas bases po-

liciais ou do corpo de bombeiros (Leduc et al., 2021; Sommerfeld

et al., 2017; Milliard, 2020). Aproximadamente 47% das inter-

venções foram realizadas apenas em academias ou centros de

treinamento vinculados à segurança pública (Chitra, et al., 2021;

Joyce et al., 2019; Filip & Aleksander, 2019; DeNysschen et al.,

2018; Stanek et al., 2017; Maran et al., 2018; Stone et al., 2018).

80
Um dos artigos (Joyce et al., 2018) descreveu uma intervenção

que foi aplicada no contexto virtual, ou seja, aproximadamente

7% do total das intervenções aplicadas. Uma das intervenções

(7%) foi aplicada em uma academia e, também, em uma Uni-

versidade (Leary et al., 2020). Por fim, em três dos artigos, o

equivalente a 20% do total (Romosiou et al., 2019; Szeto, 2019; Figura 3

Locais de implementa-
Marks, 2017), não há especificação do local de aplicação da ção das intervenções de
promoção da saúde
intervenção. A Figura 3 apresenta o local de intervenção.
Nota. Elaborada pelos
autores.

0
Base Academia/ Academia e Online Não Sabe
Centro de Universidade
Treinamento

Público-alvo e Responsáveis pelas Intervenções de pro-


moção da saúde
Nos resultados, as duas forças encontram equilíbrio numé-

rico no conjunto total dos trabalhos. A atenção dada às deman-

das de promoção de saúde, nas forças de segurança, é próxima

entre as categorias de policiais e bombeiros. Nos estudos encon-

trados, sete deles ou 47% (Leduc et al., 2021; Joyce at al., 2018;

Stanek et al., 2017; Sommerfeld et al., 2017; Joyce et al., 2019;

Leary et al., 2020; Stone et al., 2020) foram conduzidos apenas

com bombeiros, enquanto que 40% dos estudos foram condu-

81
zidos apenas com policiais (Filip & Aleksandar, 2019; DeNyss-

chen et al., 2018; Milliard, 2020; Romosiou et al., 2019; Maran

et al., 2018; Chitra & Karunanidhi, 2021). Um estudo (Szeto et

al., 2019) foi realizado com policiais, bombeiros, paramédicos e

trabalhadores de serviço de emergência, equivalente a aproxima-

damente 7% dos estudos. Por fim, um último estudo (7%) foi con-
Figura 4
duzido apenas com bombeiros e socorristas (Marks et al., 2017).
Quantidade de estudos
sobre promoção da saúde
conduzidos com policiais
e bombeiros Trabalhadores de serviço de
emergência
Nota. Elaborada pelos
autores. (Bombeiros, Policiais e Paramédicos)

Bombeiros e
Socorristas

Policiais

Bombeiros

Alguns estudos, cerca de 20% (Stanek et al., 2017; Joyce

et al., 2018; Leary et al. 2020), foram conduzidos exclusivamen-

te por pesquisadores vinculados a universidades. Quatro inter-

venções (Chitra & Karunanidhi, 2021; Joyce et al., 2019; Maran

et al., 2018; Stone et al., 2020), equivalentes a aproximadamen-

te 27% da amostra, foram conduzidas pelos próprios bombeiros

ou policiais. Ainda, alguns estudos (Leduc et al., 2021; Som-

merfeld et al., 2017; Romosiou et al., 2019) foram implemen-

tados sob responsabilidade de cooperações entre a Segurança

Pública e pesquisadores de universidades, representando 20%

dos artigos levantados.

82
Uma das intervenções (Filip & Aleksander, 2019) foi condu-

zida por uma equipe que compunha um Projeto Científico Nacio-

nal da Sérvia, enquanto que também uma intervenção ocorrida

nos Estados Unidos (DeNysschen et al., 2018) foi implementada

por uma Organização Sem Fins Lucrativos; cada uma delas re-

presenta aproximadamente 7% dos estudos. Três artigos (Szeto

et al., 2019; Marks et al., 2017; Milliard, 2020), o que equivale a

20% dos estudos encontrados, não contemplam a informação

sobre qual o responsável pela intervenção.

Métodos das Intervenções de promoção da saúde


Os Métodos das Intervenções serão descritos por meio dos

seguintes critérios de codificação: (i) canal; (ii) carga-horária; (iii)

formato; (iv) conteúdo; e (v) técnicas e instrumentos. Por exem-

plo, em Leduc et al. (2021) foram desenvolvidos dois programas

de intervenções presenciais, sendo aplicados individualmente:

um físico e um psicológico. As intervenções seguiram quatro

dimensões: contexto, conteúdo, processo e desfechos. Para tan-

to, os autores relatam que a consulta às partes interessadas foi

fundamental para informar o desenvolvimento de procedimentos

de intervenção; com consideração dada à resposta ao fogo; dis-

ponibilidade de pessoal; acesso aos próprios bombeiros de terra

selvagem. Para fornecer conteúdo relevante, foi dada a devida

consideração ao desenvolvimento de materiais de oficina e trei-

namento, que foram empiricamente conduzidos, como também

para garantir que fossem apresentados de forma visualmente

atraente e acessível aos bombeiros. Além disso, foram desen-

volvidos dois programas de intervenção de construção de recur-

sos guiados por princípios de pesquisa de ação participativa.

83
O programa de treinamento implementado por Chitra e

Karunanidhi (2021) utilizou uma abordagem experiencial que

incluiu psicoeducação, reflexão, role-playing game (RPG), mo-

delagem, automonitoramento de respostas e relaxamento guia-

do por imagem. No início de cada sessão presencial, o treinador

analisou o aprendizado da sessão anterior. Ao final de cada

sessão, o treinador deu os últimos 10 minutos aos participantes

para refletir sobre seus aprendizados, além de motivar os partici-

pantes a perceber e refletir sobre as experiências e não apenas

aprender intelectualmente com o programa. A intervenção de

resiliência incluiu sessões em grupo de 20 horas de duração,

que variavam entre 1 hora e 30 minutos, realizadas três vezes

por semana por um período de aproximadamente dois meses no

centro de treinamento.

Joyce et al. (2019) implementaram uma intervenção que

compreende seis sessões de treinamento online e individual,

sendo que cada sessão leva cerca de 20 a 25 minutos para ser

concluída. Houve uma pausa de três dias entre cada sessão para

incentivar a prática de habilidades. Portanto, o tempo mínimo

em que um participante poderia completar o treinamento foi de

3,5 semanas e o máximo de 6 semanas. Os participantes tam-

bém tiveram a oportunidade de se inscrever para mensagens de

texto e/ou lembretes de e-mail. Os conteúdos das intervenções

em cada um dos encontros foram os seguintes: (i) introdução à

atenção plena, resiliência e bem-estar psicológico; (ii) habilidades

de mindfulness, compreensão de sua mente reativa versus mente

sábia, reconhecendo conversas mentais inúteis e gerenciando

pensamentos desconfortáveis e inúteis (desfusão cognitiva),

reconhecendo seus valores de exercício; (iii) revisão da desfu-

são cognitiva; introdução ao mindfulness com emoções, a mente

84
reativa e a evasão, entendendo como os valores estão ligados

às emoções, verificação de ação valorizada; (iv) o problema com

evitar, reconhecer estratégias de evasão versus estratégias adap-

tativas; (v) autocuidado e apoio, o mito da compaixão, barreiras

ao acesso à compaixão, fadiga da compaixão, ações de auto-

compaixão e resiliência, identificação do apoio consciente (com-

passivo, não julgado e consciente), verificação de ação valoriza-

da; (vi) compaixão focada no mindfulness, prática de gratidão,

otimismo e resiliência, identificar e celebrar os marcos, criando

um plano de ação personalizado para praticar habilidades.

No estudo de Filip e Aleksandar (2019), a intervenção con-

sistiu em uma sessão de treinamento de duas horas, realizada

cinco vezes por semana. Durante o treinamento, os participantes

tiveram uma pausa de cinco a dez minutos para recuperação e

refresco. Os treinamentos foram realizados no período da tarde

(entre 16 horas e 18 horas) em ambientes externos e internos,

inicialmente de maneira individual e posteriormente em grupo.

Foram analisadas medidas básicas de aptidão física relaciona-

das à saúde dos policiais em condição de obesidade consistindo

em: quantidade relativa de componente de lastro da composição

corporal, resistência muscular local da parte superior do corpo

e resistência aeróbica. A quantidade relativa de tecido de las-

tro foi avaliada utilizando uma máquina InBody 720 (Biospace,

Co., Ltd, Seul,Coreia), seguindo os procedimentos previamen-

te explicados em estudos (Kukić & Dopsaj, 2017; Kukic et al.,

2018b) e expressos como a porcentagem de gordura corporal

(PBF). A resistência muscular local da parte superior do corpo foi

medida por um teste de um minuto push-up (PU) e um minuto

sit-up (SU) de acordo com procedimentos previamente explica-

dos (Čvorović et al., 2018a). A resistência aeróbica foi medida

85
usando um teste incremental de 20m de transporte em um bloco

de borracha interior, seguindo os procedimentos recentemente

explicados em pesquisa (Kukic et al., 2018b). Além das sessões

regulares de treinamento, duas vezes por semana, os participan-

tes tiveram palestras de 30 minutos sobre estilo de vida saudá-

vel, estratégias de emagrecimento, nutrição adequada, manu-

tenção de peso saudável ao longo da vida, dentre outras.

DeNysschen et al. (2018) conduziram uma intervenção em

que os participantes completaram um teste de aptidão de nove

exercícios para avaliar força muscular, força de velocidade e re-

sistência muscular. O teste foi realizado presencialmente em um

ambiente de grupo, e os exercícios atribuídos a cada um foram

ao longo de 60 segundos com um descanso de 30 segundos

entre os exercícios. Cada exercício foi demonstrado da forma

adequada e os participantes praticavam até se sentirem con-

fortáveis com o exercício específico. Houve também palestras

de educação em saúde em sala de aula, incluindo temas de um

curso universitário introdutório em saúde, bem-estar e fitness;

tais como: princípios de exercício, doenças cardiovasculares,

gerenciamento de estilo de vida, definição de metas, gerencia-

mento do estresse, importância do sono, alongamento muscular

e prevenção de lesões. Houve um ciclo repetido de duas pales-

tras e uma sessão de fitness de 40 a 50 minutos usando bandas

de resistência e exercícios cardiovasculares concluídos a cada

semana ao longo das primeiras 12 semanas do semestre.

A intervenção descrita no estudo de Stanek et al. (2017) foi

um treino presencial com o programa de exercícios corretivos,

não houve uma determinação sobre programação específica

pelos comandantes, portanto, os bombeiros puderam desenvol-

ver suas próprias rotinas de treino. Durante as oito semanas de

86
intervenção, os bombeiros foram convidados a iniciar seu treino

de forma individual com o programa de exercícios corretivos e

usar o tempo restante para completar suas rotinas normais de

treino. A Tela de Movimento Funcional (TMF) consiste em sete

padrões de movimento para testar a mobilidade e a estabilidade:

o agachamento profundo, teste de obstáculos, pulmão em linha,

mobilidade do ombro, elevação ativa da perna reta, flexão de

estabilidade do tronco e estabilidade rotativa.

O Kit de Bem-Estar (intervenção em saúde mental, com-

portamental e interações focadas nas relações conjugais de

bombeiros) foi aplicado por Sommerfeld et al. (2017) presencial-

mente com grupo de bombeiros e possui 12 módulos. Quatro

módulos foram apresentados, totalizando pelo menos três horas

de intervenção por turno. As oficinas de intervenção foram rea-

lizadas durante os blocos de treinamento, normalmente progra-

mados pela corporação, baseando-se no Kit de Bem-Estar dos

Veteranos. As informações do Kit Bem-Estar foram apresenta-

das em um formato de workshop dinâmico, utilizando técnicas

educativas interativas, como: definição de metas, escrita, role-

-playing e slides do PowerPoint.

Romosiou et al. (2017) implementaram uma intervenção

presencial com 50 policiais das duas divisões de polícia do

distrito de Epirus (região administrativa na Grécia), escolhidas

pela proximidade com a universidade de filiação dos pesquisa-

dores. Foram alocados 23 policiais no grupo experimental e 27

no grupo controle. A intervenção grupal foi: integrativa, pautada

na abordagem centrada na pessoa, cognitivo-comportamental

e psicologia positiva; “broad targeting” (diversificação de assun-

tos); intensiva, com quatro sessões de quatro horas de duração,

aplicadas em intervalos de dez dias, cujos temas dos encontros

87
eram: (i) inteligência emocional - encontros 1 e 2 ; (ii) empatia -

encontro 3; e (iii) resiliência e manejo de estresse- encontro 4.

Nessas sessões, utilizam-se recursos como: leituras curtas, ce-

nários hipotéticos, roleplays, discussões em grupo, leituras e tra-

balhos individuais ou em subgrupos, apresentações de Power-

Point e folhetos. Ainda, foram utilizadas as seguintes escalas: (i)

Schutte Emotional Intelligence Scale; (ii) Interpersonal Reactivity

Index; (iii) Perceived Stress Scale; e (iv) Connor-Davidson Resi-

lience Scale.

Em Szeto et al. (2019) a intervenção abordou os seguintes

temas: resiliência, estigma sobre doenças mentais e conheci-

mento sobre saúde mental. Foi aplicada em uma versão redu-

zida de quatro horas ou versão extendida de oito horas para

supervisores e líderes. Utilizaram-se escalas para a mensuração

desses construtos, a saber: (i) estigma sobre doenças mentais:

Opening Minds Scale for Workplace Attitudes (OMS-WA); e (ii)

resiliência: escala de cinco itens desenvolvida especificamente

para essa mensuração. Ainda, foram elaboradas quatro ques-

tões sobre compreensão de saúde mental após o programa e

disposição para discutir sobre saúde mental; pedir ajuda e ofere-

cer suporte sobre saúde mental a colegas de trabalho, além de

uma questão de resposta sim ou não, sobre o uso do conheci-

mento aprendido no programa, bem como a solicitação de deta-

lhamento da resposta.

De maneira semelhante a Joyce et al. (2019), mas anterior,

a intervenção realizada por Joyce et al. (2018) consistiu em seis

sessões de treinos de mindfulness, feitas de forma individual

e online. Cada sessão tinha a duração de 20 a 25 minutos (to-

talizando, no mínimo, duas horas de treinamento). Os temas

abordados nas sessões foram os seguintes: (i) introdução ao

88
mindfulness, resiliência e bem-estar psicológico; (ii) habilida-

des de mindfulness, sua mente reativa versus sua mente sábia,

reconhecendo pensamentos “inúteis” e desconfortáveis e seu

manejo (desfusão cognitiva), exercício de reconhecimento de

seus valores; (iii) revisão de desfusão cognitiva, ao mindfulness

com emoções, a mente reativa e evitação, e como os valores

estão ligados às emoções, verificação de ação valorizada; (iv)

o problema da evitação, e conhecendo estratégias de evitação

vs. estratégias adaptativas; (v) cuidados pessoais e suporte, o

mito da compaixão, barreiras para acessar a compaixão, fadiga

da compaixão, autocompaixão e resiliência identificando suporte

atencioso (com compaixão, sem julgamentos e atencioso), ve-

rificação de ação valorizada; e (vi) mindfulness focado na com-

paixão prática de gratidão, otimismo e resiliência, identificando e

celebrando os “milestones”, criação de um plano de ação perso-

nalizado para praticar as habilidades.

Os autores Maran et al. (2018) conduziram uma intervenção

na qual havia a disponibilização de cursos gratuitos, realizados

fora do horário e do local de trabalho. Os cursos foram catego-

rizados em duas áreas: prática física (ginástica postural, tai chi

chuan, condicionamento físico total) e bem-estar (treinamento

autógeno, yoga, meditação dinâmica). Os mesmos treinamentos

ocorreram várias vezes durante o ano, com atividades semanais

que duravam uma hora e trinta minutos. Os policiais podiam

escolher realizar um dos cursos. Foram aplicados questionários,

na pré-intervenção, dez dias antes do início dos cursos e cole-

tados sete dias depois, visto que eles ficavam à disposição dos

participantes nos vestiários e, após o preenchimento, eram guar-

dados em uma caixa selada. Na pós-intervenção, foi utilizado o

mesmo procedimento e os questionários foram aplicados três

89
meses após o término dos cursos. Foram usadas quatro esca-

las, a saber: (i) Goal Attainment Scale (GAS) que versa sobre

objetivos pessoais; (ii) General Health Questionnaire-12 (GHQ-

12), que versa sobre saúde mental; (iii) Distress Thermometer

(DT) que versa sobre nível de sofrimento; e (iv) Brief COPE que

versa sobre estratégias de coping.

O REACT (Reconhecer, Avaliar, Defender, Coordenar e

Acompanhar) foi um programa desenvolvido em parceria com

órgãos de segurança pública para abordar a necessidade de

promover a saúde psicológica entre pares. No estudo de Marks

et al. (2017), houve a aplicação do REACT, de forma grupal e

online, para bombeiros e socorristas. Consistiu em um treina-

mento de um dia inteiro desenvolvido em quatro módulos, cada

um com instrução e prática. Foram usados os seguintes instru-

mentos: (i) questionário de conhecimentos (baseado nos módu-

los da intervenção); (ii) REACT PSP self-efficacy, uma escala

de eficácia generalizada; (iii) escala breve de resiliência; e (iv)

escala sobre atitudes e expectativas.

Leary et al. (2020) conduziram uma intervenção presencial

de treinamento físico de 14 semanas com bombeiros. Quatro

alunos estagiários treinaram, individualmente, de três a quatro

bombeiros cada. Os alunos estagiários desenvolveram e pres-

crevem exercícios direcionados a melhorar os resultados fun-

cionais em bombeiros (por exemplo, entrar e sair do caminhão,

carregar cargas pesadas para cima e para baixo de escadas,

etc.) e que incorporaram exercícios de força, resistência mus-

cular, cardiovascular, flexibilidade e agilidade. Ao final da inter-

venção, os bombeiros participaram de grupos focais para captar

impressões sobre a intervenção.

90
Os autores Stone et al. (2020) implementaram um treina-

mento formal de força e condicionamento, realizado na acade-

mia de bombeiros, que consistia em um cronograma de quatro

dias por semana. Em três desses dias, o treinamento tinha

duração de doze horas e, em um dos dias, de quatro horas. Ao

menos duas vezes por semana, os treinados ficavam sob su-

pervisão de pelo menos um Certified Strength and Conditioning

Specialist (CSCS) e um dia por semana focado em condiciona-

mento aeróbico. A fim de comparar as mudanças físicas após 16

semanas de treinamento em uma academia de treinamento de

fogo, várias medidas antropométricas e de desempenho foram

avaliadas nas semanas 4 e 15.

Por fim, Milliard (2020) implementou uma intervenção para

investigar as experiências de policiais que atuam como mem-

bros da equipe de apoio de pares, particularmente no que diz

respeito aos impactos do apoio de pares. Em razão do estigma

associado à procura de ajuda, por parte de policiais, tendo como

causa os elevados níveis de suicídio e outros problemas de

saúde mental. Para se tornar um membro da equipe de apoio

de pares da referida polícia, os membros devem ter pelo menos

cinco anos de serviço, ser nomeados por um colega, participar

de uma entrevista formal com dois membros da equipe de pares

e um psicólogo clínico e passar por uma avaliação de salvaguar-

da para garantir a adequação. O outro critério principal é que

o membro deve ter vivido experiência (pessoal ou profissional)

com um evento traumático.

91
Avaliação de Resultados de intervenções de pro-
moção da saúde
Os principal resultado encontrado por Leduc et al. (2021)

foi que o cumprimento das demandas exigidas para o trabalho

requer níveis de condicionamento físico acima da média, com

muitos fatores adicionais a serem considerados, incluindo: hidra-

tação, nutrição e termorregulação em ambientes térmicos variá-

veis. Os resultados encontrados por Chitra e Karunanidhi (2021)

revelaram que o treinamento de resiliência foi eficaz no aumento

da resiliência, satisfação no trabalho e bem-estar psicológico das

policiais mulheres, além da redução do estresse ocupacional. O

feedback qualitativo foi positivo em relação ao programa de trei-

namento de resiliência, apoiando as evidências empíricas para

a eficácia do programa de treinamento de resiliência. O estudo

oferece implicações para teoria e prática em pesquisa policial.

Joyce et al. (2019) constataram que ao longo de seis me-

ses, o grupo que recebeu a intervenção apresentou um aumento

médio em seu escore de resiliência de 1,3, o que equivale a um

tamanho de efeito moderado a grande, em comparação com o

grupo controle de 0,73. A análise por protocolo constatou que, em

comparação com o grupo controle, foram observadas as maiores

melhorias na resiliência adaptativa entre aqueles que completa-

ram a maior parte do programa, ou seja, de 5 a 6 sessões.

Os autores Filip e Aleksander (2019) encontraram que os

efeitos do tratamento dependem mais do nível de controle e

autocontrole do que da duração do tratamento, enquanto o nível

de controle (e especialmente o autocontrole) pode ser melhora-

do aumentando o conhecimento sobre a associação entre apti-

dão física, junto a soluções práticas. Szeto et al. (2019) fizeram

a análise de 5.598 participantes da intervenção e constataram

92
que o programa foi eficaz na redução do estigma sobre doenças

mentais e no aumento das habilidades de resiliência.

De modo geral, o curso de treinamento de saúde, bem-estar

e fitness implementado por DeNysschen et al. (2018) alcançou

seu objetivo de melhorar a aptidão geral de seus participantes

com base em análises pré e pós-teste. Diferenças significativas

foram observadas em 7 de 14 exercícios físicos e medidas an-

tropométricas, o que indicou melhora na força superior do corpo

e resistência muscular dos participantes. Além disso, melhorias

no poder muscular ocorreram no encontro de resultados estatis-

ticamente significativos para os testes de chutes de interruptor e

joelhos de potência. Outras medidas de poder muscular e resis-

tência mostraram aumentos do pré ao pós-teste, que incluíram

tomadas de potência, saltos de potência, saltos quadrados e

saltos suicidas. No entanto, esses achados não foram estatis-

ticamente significativos, assim como quedas em tomadas de

prancha e pulmões de sprint por minuto.

Stanek et al (2017) constataram que uma média anual de

2.520 lesões, ocorreram durante as atividades de apoio à su-

pressão, o que corresponde a 25% do total. Além disso, uma

média de 910 ocorreram durante outras atividades de cena de

incidente, e uma média de 370 ocorreram durante as atividades

de resgate. Embora nem todas as lesões sejam evitáveis, essas

informações mostram que a preparação física aumentada é uma

necessidade para que os bombeiros não só cumpram suas fun-

ções adequadamente, mas minimizem o potencial de lesões. Os

resultados desse estudo mostram os benefícios dos indivíduos

pré-triagem para disfunção musculoesquelético, particularmente

aqueles submetidos aos rigores do combate ao fogo.

93
Na pesquisa conduzida por Sommerfeld et al. (2017), os resul-

tados mostraram oito temas primários, relacionados à provisão do

modelo de intervenção: (i) há valor nesse tipo de formato de oficina

educativa para grupos de bombeiros; (ii) o uso de materiais de ofi-

cina que foram endossados pela Veterans’s Affairs ou Associação

Internacional de Bombeiros (IAFF) forneceu uma via de validade

para as oficinas e parecia aumentar a entrada dos membros; (iii)

foi necessário um forte apoio organizacional para ter boa participa-

ção, em virtude dos membros estarem preocupados sobre como

as chamadas seriam feitas enquanto participavam; (iv) a entrada

do capitão no processo foi considerada essencial; (v) conteúdo do

workshop precisava variar de acordo com as exigências do depar-

tamento específico; (vi) a informalidade das oficinas parecia ser

um componente importante; (vii) o reconhecimento e o respeito

pela necessidade de resposta dos membros devem ser fornecidos

durante a conclusão das oficinas; (viii) a visão facilitadora da ofici-

na sobre profissões de emergência também foi considerada útil.

Romosiou et al. (2019) perceberam como resultados em

relação à inteligência emocional (empatia) do grupo experimen-

tal aumento significativo do pré ao pós; aumento significativo do

pré ao follow-up; diminuição significativa do pós ao follow-up,

enquanto que o grupo controle não teve diferenças significativas.

Já em relação à fantasia, preocupação empática e resiliência,

constatou-se que no grupo experimental houve aumento signifi-

cativo do pré ao pós; aumento significativo do pré ao follow-up;

sem diferenças significativas do pós ao follow-up, enquanto que

no grupo controle não houve mudanças significativas. As variá-

veis angústia pessoal e manejo de estresse não apresentaram

diferenças significativas no grupo controle, mas ambas apresen-

taram diferenças significativas no grupo experimental.

94
Em relação à avaliação qualitativa da intervenção implemen-

tada por Romosiou et al. (2019), todos relataram ter sido uma

experiência construtiva; gostaram da intervenção ter sido focada

na prática dos conceitos; relataram ganho de habilidades em

resolução de problemas e manejo de estresse; relataram que,

durante o grupo, se sentiram mais familiarizados com os colegas

e compartilharam experiências em comum, além de avaliarem

que a intervenção auxiliou a se tornar mais competente/eficaz

no desempenho de suas funções - devido ao fato de se sentirem

mais capazes de controlar suas emoções negativas e aprende-

ram a responder de forma empática às necessidades dos outros;

relataram sentir mais empatia pelas dificuldades alheias.

Os resultados descritos por Joyce et al. (2018) mostraram

que: (i) houve aumento da resiliência após a intervenção; (ii)

houve redução da evitação e da inflexibilidade psicológica após

a intervenção; (iii) redução da desfusão cognitiva após a inter-

venção. Ainda, 55% dos participantes completaram mais da me-

tade do programa e apenas 11 participantes completaram todas

as seis sessões.

Os pesquisadores Maran et al. (2018) encontraram como

resultados na pré-intervenção que os policiais dos cursos de

atividade física indicaram como objetivos: o aumento do bem-es-

tar e a diminuição do sofrimento experienciado com colegas e

cidadãos. Na pós-intervenção, apenas 12,2% dos participantes

indicaram que o objetivo foi alcançado “menos do que o espe-

rado”; a maioria deles relatou ter alcançado seu objetivo. Na

pré-intervenção, os policiais dos cursos de bem-estar indicaram

os mesmos objetivos do grupo que fez os cursos de atividade

física, a saber, o aumento do bem-estar e a diminuição do sofri-

mento experienciado com colegas e cidadãos. Na pós-interven-

95
ção, apenas 3,6% dos participantes indicaram que o objetivo foi

alcançado “menos do que o esperado”; a maioria deles relatou

ter alcançado seu objetivo. Os resultados do GHQ-12 mostraram

uma melhoria no bem-estar. Os resultados do DT indicaram uma

diminuição no sofrimento percebido.

Marks et al. (2017) perceberam como resultado que não

houve diferenças significativas na variável conhecimento após a

intervenção. Houve um efeito principal significativo para o tempo

na autoeficácia relacionada ao treinamento. Qualitativamente,

a resiliência e o self geral permaneceram estáveis ​​ao longo do

tempo. Qualitativamente, as atitudes e expectativas dos partici-

pantes eram altas antes do treinamento e permaneceram altas

imediatamente após o treino.

Quatorze bombeiros do sexo masculino completaram 20

sessões de treinamento implementadas por Leary et al. (2020).

Não houve alterações significativas no peso, IMC, percentual de

gordura corporal, pressão arterial sistólica, VO2máx estimado,

equilíbrio, amplitude de movimento do joelho ou flexibilidade dos

isquiotibiais. Houve uma diminuição significativa na pressão arte-

rial diastólica e aumentos significativos na flexibilidade do ombro

e no volume máximo de uma repetição do leg press. Os partici-

pantes relataram melhorias na saúde geral, resistência, flexibi-

lidade e humor, bem como melhorias no ambiente da equipe e

nos comportamentos de saúde ao redor da estação; no entanto,

houve um declínio na superação de barreiras à atividade física.

Stone et al. (2020) encontraram como resultados que não só

a aptidão aumentou, mas o IMC - uma medida associada ao risco

cardiovascular - foi melhorado, auxiliando assim na mitigação da

principal causa de mortalidade nos futuros bombeiros. Os resulta-

dos encontrados por Milliard (2020), converge no sentido de que

96
diante da inexistência de um padrão denominado “provincial”, para

suporte por pares ou qualquer outro programa de saúde mental, a

pesquisa revelou que não ter um padrão provincial pode represen-

tar um certo nível de risco, já que o apoio por pares em organiza-

ções policiais é muito diferente do apoio por pares no mundo civil.

Limitações de estudos de interven-


ções de promoção da saúde

A principal limitação encontrada na intervenção de Chitra e

Karunanidhi (2021) foi a especificidade da amostra - dificultando

generalizações - já que a amostra foi limitada a policiais mulhe-

res com baixos níveis de resiliência, excluindo aquelas que apre-

sentassem doenças físicas ou que estivessem gestantes. Joyce

et al. (2019) também encontraram a limitação da dificuldade de

generalizações, já que a força de trabalho era um grupo de alto

risco dominado por homens, limitando assim a generalização

dos achados a grupos ocupacionais de menor risco e equilibra-

dos entre os gêneros.

As limitações elencadas por Milliard, (2020) são: (i) dificul-

dade de generalização pelo fato da intervenção ter sido imple-

mentada em apenas um batalhão de polícia; (ii) a intervenção

foi realizada em uma cidade que tem um programa de apoio por

pares robusto e bem-sucedido, com apoio de chefes; e (iii) o

pesquisador é policial e membro da equipe de apoio aos pares.

Filip e Aleksandar (2019) encontraram como limitações: (i)

a incapacidade de monitorar a dieta após as atividades de trei-

namento, especialmente durante os finais de semana, quando

a maioria dos participantes viajava para suas cidades natal; (ii)

amostra do estudo foi relativamente pequena e apenas com

97
homens, dificultando generalizações; (iii) os efeitos das palestras

não foram testados, portanto, as conclusões não podem ser fei-

tas com base na análise quantitativa; e (iv) o treinamento poderia

ser aprimorado com a aplicação de tecnologias modernas, moni-

torando índices fisiológicos, como frequência cardíaca, pressão

arterial, nível de açúcar, qualidade do sono, calorias, etc.

As limitações encontradas por DeNysschen et al. (2018)

foram no escopo do controle da intervenção. Ao longo da exe-

cução dos exercícios, não houve monitoramento das contagens,

ficando sob responsabilidade dos participantes, além de não ter

havido método formal para avaliar a precisão no relato quando

os participantes indicaram que apresentavam lesão ou dor que

adiaram seu desempenho durante o teste de atividade física. No

mesmo sentido, Stanek et al. (2017) encontraram como limita-

ção a ausência de alguém fisicamente presente durante cada

sessão de exercício do treinamento para garantir que os exercí-

cios corretivos fossem realizados como prescritos.

A pesquisa sobre a intervenção implementada por Sommer-

feld et al. (2017) indica que há diversas limitações, incluindo a

perda do controle da pesquisa ditada pela natureza ativa e apli-

cada dessa pesquisa. Além disso, o artigo afirma que os dados

atuais da pesquisa são incapazes de auxiliar com conclusões

sobre os resultados da intervenção e só podem aconselhar con-

clusões sobre viabilidade ou aceitabilidade da intervenção com

uma população de combate a incêndios.

O desenho quase-experimental do estudo proposto por Ro-

mosiou et al. (2019) não permite generalização do resultado. Os

dois grupos podem ter sido compostos por policiais motivados

que colaboraram com o líder e aproveitaram muito a intervenção.

Szeto et al. (2019) elencam como limitação que o tempo de follow-

98
-up não foi sempre o mesmo em todos os estudos, não havendo

estudo follow-up após o período de três meses. Joyce et al. (2018)

identificaram como limitações: (i) a ausência de grupo controle; (ii)

amostra pequena e homogênea; (iii) ausência de estudo follow-up;

e (iv) uso de medidas de autorrelato para resiliência e técnicas.

Maran et al. (2018) elencaram como limitações: (i) ausên-

cia de um grupo controle; (ii) não houve mensuração de outras

variáveis, como mudanças organizacionais e ocupacionais; (iii)

pouca amostra em uma das aplicações dos questionários, devi-

do ter sido aplicados no período de retorno das férias, quando

os níveis de estresse estão diminuídos; (iv) não foram conside-

radas variáveis como gênero e sensação de pertencimento; e (v)

a maior parte dos participantes são mulheres, enquanto metade

dos policiais da instituição são homens.

Dentre as limitações do programa REACT, implementado

por Marks et al. (2017), está a falta de poder estatístico, que limi-

tou a oportunidade de relatar o impacto do treinamento REACT

nas variáveis: de autoeficácia geral, resiliência e atitudes. Além

disso, pessoas que optaram por participar desse treinamento

provavelmente são as mesmas que participaram em momento

anterior, assim não haveria variabilidade na amostra. Esse viés

de seleção também se estende às variáveis ​​testadas, além dis-

so, nem todos os participantes completaram as avaliações.

Os resultados do estudo de Leary et al. (2020) podem não

ser generalizáveis ​​para outros ambientes, como áreas rurais

com recursos limitados, populações minoritárias ou empresas

de bombeiros que não têm o compromisso da liderança com o

programa. Além disso, uma limitação significativa desse estudo

piloto foi o pequeno tamanho da amostra. Por fim, dois estudos

não citaram limitações (Leduc et al. 2021; Stone et al., 2020).

99
Discussão referente a programas de
promoção da saúde na Segurança Pú-
blica

Os programas de intervenção de promoção de saúde en-

contrados nesta revisão centram-se no desenvolvimento de

habilidades pessoais, enquanto ações relativas à construção

de ambientes saudáveis, fortalecimento comunitário e políticas

públicas saudáveis não foram identificados. Os estudos iden-

tificados se mostraram eficazes em diversos âmbitos, tanto no

desenvolvimento de competências, quanto na promoção de

bem-estar físico e psicológico. Os estudos encontrados descre-

vem intervenções em promoção da saúde mental e em diversos

âmbitos da saúde física.

Como desenvolvimento de competências, há o treinamento

de resiliência, que ocorreu por meio de diferentes intervenções

e em diferentes contextos (Chitra & Karunanidhi, 2021; Joyce et

al., 2018; Joyce et al., 2019; Marks et al., 2017; Romosiou et al.,

2019; Szeto et al., 2019). Em todos os achados, o treinamento

de resiliência contribuiu para o bem-estar psicológico. Dessa

forma, esse tipo de intervenção pode ser utilizada visando a pro-

moção de saúde mental.

Algumas intervenções (DeNysschen et al., 2018; Filip & Alek-

sandar, 2019; Leary et al., 2020; Leduc et al., 2021; Maran et al.,

2018; Stanek et al., 2017; Stone et al., 2020) foram feitas visando

a promoção da saúde física e, em todas elas, houve melhoria em

aspectos relacionados à qualidade de vida dos participantes. Esse

fato é interessante, já que o público-alvo dessas intervenções,

policiais e bombeiros, muitas vezes, já possuem um treino de ap-

tidão física regular. Contudo, os achados das intervenções nessa

100
área da promoção da saúde física ilustram a importância, dadas

as melhorias encontradas, de um treino orientado e constante.

As intervenções visando ao bem-estar psicológico (Joyce et

al., 2018; Leduc et al., 2021; Marks et al., 2017; Milliard, 2020;

Romosiou et al., 2019; Sommerfeld et al., 2017) foram desenvol-

vidas por meio de muitos métodos diferentes, mas se mostram

eficazes na melhoria de componentes relacionados à qualidade

de vida. Dentre esses componentes se destacam: (i) o apoio

entre pares; (ii) mudanças na autoeficácia; (iii) habilidade de

aceitação; e (iv) empatia. Quando mensurados, houve melhora

nesses componentes, que favorecem o bem-estar tanto laboral,

quanto extra-laboral.

Sugere-se que as intervenções sejam mais difundidas

institucionalmente, de forma que haja ampla divulgação e enco-

rajamento dos comandantes para a participação dos programas,

dado que muitas pesquisas (Chitra & Karunanidhi, 2021; Joyce

et al., 2018; Joyce et al., 2019; Leary et al., 2020; Milliard, 2020,

) tiveram como limitação a amostra reduzida e pouco generalizá-

vel. Sommerfeld et al. (2017) ressaltam a importância de que as

intervenções de bem-estar sejam específicas para a categoria

profissional e focadas em programas endossados por organi-

zações ligadas aos bombeiros e apoiadas por supervisores de

gestão e linha de frente.

Ressalta-se que os números de artigos encontrados nesta

revisão de literatura nos anos de 2021 e 2022 podem ser consi-

derados reduzidos se comparados aos anos anteriores. No en-

tanto, uma variável que pode ter contribuído para esse número

pouco expressivo é a pandemia da COVID-19, que foi declarada

em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde.

101
Dessa forma, pode ter havido atraso nos resultados e na imple-

mentação das intervenções, especialmente durante o início da

pandemia, em que houve acentuado isolamento social e neces-

sidade de adaptação dos processos de trabalho.

Na realidade da Segurança Pública brasileira, há literatura

que reforça a importância de estratégias para promover o bem-

-estar, assim como o fortalecimento da rede de apoio social,

consequentemente, aumentando a qualidade de vida (Babolim

et al., 2019; Souza et al., 2012). Estes achados corroboram os

achados da presente revisão de literatura.

A revisão de literatura elaborada no presente capítulo con-

tribuiu no sentido de descrever, analisar e sintetizar o que vem

sendo feito nos últimos cinco anos em relação à promoção de

saúde com profissionais da segurança pública em âmbito global.

As descrições e análises feitas podem auxiliar de forma teórica e

prática para a estruturação de intervenções na área da seguran-

ça pública em contexto brasileiro, já que detalham os métodos,

além de evidenciarem tanto os aspectos positivos, quanto os

aspectos desafiadores das intervenções implementadas. Per-

mitem, ainda, a consulta aos manuscritos referenciados, como

forma de melhorar a compreensão das intervenções e seus mé-

todos. Isto pode ensejar a realização de estudos de replicação e

viabilidade de implementação.

102
Propostas de Intervenção para promo-
ção da saúde dos profissionais da se-
gurança pública

Propõe-se como intervenção que sejam instaurados Pro-

gramas de Apoio entre Pares, visto que essa é uma ação promo-

tora de bem-estar, de forma que os próprios profissionais estejam

em um papel protagonista no próprio cuidado. Ademais, esse pro-

grama poderia contribuir para reduzir estigmas relativos à saúde

mental, ainda muito presentes na área da segurança pública, bem

como na população em geral.

Sugere-se que treinos de aptidão física sejam implemen-

tados no sentido de promover saúde, já que os dados encontra-

dos corroboram com a ideia de que os treinos feitos de maneira

adequada e com supervisão têm impactos importantes no bem-

-estar físico e, também, no bem-estar psicológico. Além disso, os

momentos dos treinos podem ser utilizados como espaço para a

formação e estreitamento de vínculos e, por consequência, forta-

lecimento da rede de apoio social.

103
Resultados Referentes a Programas
de Prevenção Primária em Saúde na
Segurança Pública

Esta seção contou com uma amostra final de 7 estudos

(Beer et al., 2017; Burgess et al., 2020; Getty et al., 2018; La

Reau et al., 2018; Pollack et al., 2017; Poplin et al., 2018; Rasdi

et al., 2018) que versam sobre programas de prevenção primária

das forças de segurança (policiais e bombeiros) voltados para a

proteção específica de condições particulares ou específicas. O

número de estudos voltados ao tema foi maior no ano de 2018,

com quatro artigos (Getty et al., 2018; La Reau et al., 2018; Po-

plin et al., 2018; Rasdi et al., 2018), seguido de 2017, com dois

artigos (Beer et al., 2017; Pollack et al., 2017) e 2020, com um

artigo (Burgess et al., 2020). Não foram encontrados artigos nos

anos de 2019 e 2021. A Figura 5 demonstra a produção acadê-

mica internacional.

Figura 5
2018
Número de estudos 4
internacionais sobre
programas de proteção
específica
3
Nota. Elaborada pelos
autores.

2017
2

2020
1

2019 2021
0

104
Figura 6 Características gerais da implementação dos pro-
Localização geográfica
dos países onde foram gramas de prevenção primária
feitas intervenções para
proteção específica Os estudos abordando programas de proteção específica
Nota. Elaborada pelos foram realizados na América do Norte, Europa e Ásia. Os Esta-
autores.
dos Unidos é o país com o maior número de estudos com 71,4%

(Burgess et al., 2020; Getty et al., 2018; La Reau et al., 2018;

Pollack et al., 2017; Poplin et al., 2018) abordando programas de

proteção específica. Os dois países restantes nos quais foram

localizados estudos com o recorte mencionado foram a Holan-

da (Beer et al., 2017) e a Malásia (Rasdi et al., 2018), com um

estudo em cada país totalizando 14,3%. A Figura 6 demonstra a

localização espacial de cada país nos continentes.

105
Percebe-se que o interesse investigativo por esse campo

é predominante na América do Norte, conforme apresentado,

já que contempla mais da metade dos estudos encontrados;

todos nos Estados Unidos (EUA). Não consta na amostra se-

lecionada qualquer estudo no contexto de países da América

Central, América do Sul, África ou Oceania que preencham os

critérios estabelecidos.

Ao todo, 28,6% das publicações reunidas (Beer et al., 2017;

Rasdi et al., 2018) ocorreram em um país de continentes diver-

sificados: Malásia (Ásia) e Holanda (Europa). Apesar da baixa

representatividade individual dos países em que se implemen-

taram intervenções relacionadas à proteção específica, a diver-

sidade de continentes pode demonstrar uma tendência de cres-

cimento global na preocupação com o aspecto preventivo das

forças de segurança.

Os achados para as duas forças de segurança já descritas

demonstram uma tendência numérica maior nas intervenções

de proteção específica com as forças de segurança da catego-

ria bombeiros em relação à categoria policial. A intervenção de

proteção específica com a categoria policial foi feita na Malásia

(Rasdi et al., 2018), enquanto todas as outras publicações, que

englobam a América do Norte e a Europa, foram feitas com a ca-

tegoria bombeiros (Beer et al., 2017; Burgess et al., 2020; Getty

et al., 2018; La Reau et al., 2018; Pollack et al., 2017; Poplin et

al., 2018).

A questão costuma ser dimensionada por um número ex-

pressivo de pesquisadores. Geralmente, o processo investigati-

vo conta, em média, com aproximadamente sete pesquisadores,

mas variando de três a 17 colaboradores nos trabalhos. Em

casos isolados, a contribuição de terceiros pode ser muito su-

106
perior, especialmente, quando todo um grupo de pesquisa está

envolvido na concepção do desenho da pesquisa. Em termos

de coautoria, a maioria possui vínculo direto com as instituições

acadêmicas. Um razoável percentual advém das próprias forças

de segurança, enquanto que um pequeno percentual de pesqui-

sadores advém de empresas privadas.

Características das Intervenções de prevenção pri-


mária
Cada uma das intervenções descritas nos estudos encon-

tradas no escopo da proteção específica foi nomeada ou apre-

sentou sua temática explorada e teve seus objetivos descritos. A

Figura 7 apresenta graficamente as intervenções implementadas

por meio de categorias.

Dos achados, 42,9% dos artigos são relacionados à prote-

ção específica de lesões físicas (La Reau et al., 2018; Pollack et

al, 2017; Poplin et al, 2018). Uma das intervenções encontradas

foi denominada O2X Training Program (La Reau et al., 2018) e

os objetivos desta intervenção eram: i) favorecer condicionamen-

to físico e saúde de bombeiros ativos; ii) diminuir prevalência de

lesões em bombeiros ativos; e iii) contribuir para redução de cus-

tos. Outros dois artigos encontrados usavam como temática das

intervenções o termo Risk Management (RM), que será traduzido

como Gestão de Risco. O primeiro deles em ordem cronológica

de publicação (Pollack et al, 2017) teve como objetivos: i) estu-

dar a implementação de gestão de riscos para futura replicação;

e ii) documentar mudanças no conhecimento, atitudes e compor-

tamentos dos bombeiros relacionados às estratégias de controle

selecionadas que foram implementadas como parte do processo

de gestão de riscos. A segunda intervenção na temática da Ges-

107
tão de Risco (Poplin et al, 2018) teve como objetivos principais: i)

avaliar a eficácia de um programa de gestão de risco proativo do

corpo de bombeiros destinado à redução de lesões de bombei-

ros e ii) os custos associados a essa intervenção.

Em relação ao manejo de estresse e quadros de transtornos

mentais, 28,6% (Rasdi et al., 2018; Beer et al., 2017) dos artigos

encontrados abordaram essa temática. A intervenção foi deno-

minada Occupational Safety and Health website (Rasdi et al.,

2018) e teve como objetivos principais i) determinar fatores de

risco do clima de segurança psicossocial e ii) mensurar a eficá-

cia de um site de segurança personalizado na melhora do clima

de segurança. Por fim, a intervenção com a temática denomina-

da Virtual agent-mediated appraisal training (Beer et al., 2017)

teve como objetivos: i) estimar mudança no estilo de processa-

mento orientado a dados (associado ao TEPT) para o processa-

mento conceitual e ii) melhorar as classificações subjetivas de

habilidade e confiança dos indivíduos.

Foi encontrada uma intervenção (14,3%), com a temática

definida pelo seguinte termo: Circuit Training (Getty et al., 2018)

cujo objetivo principal foi focar na saúde vascular e na redução

dos riscos de doenças cardiovasculares. Ainda, foi encontrado

um estudo (14,3%) sobre a implementação de uma intervenção

com a temática definida por Evaluation of Interventions (Burgess

et al., 2020) cujos objetivos principais foram: i) reduzir ou mitigar

a exposição a agentes cancerígenos e ii) redução da concentra-

ção de biomarcadores tóxicos no corpo dos bombeiros.

108
Redução de doenças cardiovasculares

Redução de exposição a agentes


cancerígenos

Saúde Mental

Prevenção de lesões

Figura 7

Estudos de proteção es-


pecífica conduzidos com
as polícias e bombeiros

Nota. Elaborada pelos


autores.

A Tabela 3 sintetiza os dados dos artigos analisados, enfati- Tabela 3

zando a autoria dos estudos, o tema, objetivo e conteúdo das in- Características de pro-
gramas de intervenção
tervenções implementadas e os principais resultados encontrados. classificados em proteção
específica

Nota. Elaborada pelos


autores.

Estudo, tema e objetivo da


Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Rasdi et al., 2018; Website Os policiais selecionados O clima de segurança


com informações sobre previamente foram psicossocial
segurança ocupacional; abordados e informados (CSP) aumentou
Melhoria do clima de da pesquisa sendo significativamente
segurança psicossocial fornecido acesso ao após a intervenção. A
website via login. A segurança psicológica
intervenção consistiu da equipe e o clima
no acesso ao website de segurança física
com informações foram positivamente
sobre segurança e correlacionadas com o
saúde ocupacional CSP, sendo que somente
relacionadas às o clima de segurança
atividades de policiais, física explicou a CSP
bem como vídeo com
informações sobre
estresse

109
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Beer et al., 2017; Promover Apresentação de 24 Não foi verificada


avaliações mais positivas vídeos de situações mudança no estilo de
pelos participantes potencialmente processamento e no
após a apresentação de traumáticas, que podem número de palavras
vídeos sobre situações induzir a manifestação (sendo observada
de risco, bem como reflexivas de sintomas tendência de diminuição
induzir mudança no de TEPT e de memórias por análise gráfica). Foi
estilo de processamento intrusivas, sendo verificada melhora nas
orientado a dados informado o contexto e medidas de habilidade
(associado ao TEPT) perspectiva a se ter em
para o processamento conta durante a sessão
conceitual (mais e posterior avaliação
saudável) das situações pelos
participantes

Burgess et al., 2020; 1- Utilização de Aparelho As medidas foram efetivas


Propuseram duas Respiratório Isolante no geral: na intervenção
intervenções, uma de Circuito Aberto 1, a redução foi de 40%
direcionada à atuação por engenheiros e na variável medida para
no campo de fogo e investigadores da engenheiros, um pouco
procedimentos após a causa do incêndio, menos em combatentes
saída dos bombeiros e limpeza superficial e não significativa
outra consistia em fazer dos equipamentos em capitães. Para a
sauna após exposição antes de sua retirada, intervenção 2, a redução
ao fogo. Objetivou-se descontaminação foi de 40%, porém não
promover redução da da pele e isolamento significativa
exposição a agentes dos equipamentos
cancerígenos ou contaminados no
mitigação pós exposição retorno à base, bem
como limpeza adicional
do equipamento na
base;
2- Permanência durante
20 minutos em sauna
a 49ºC e ducha após a
saída do campo de fogo

110
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Getty et al., 2018; Três treinos por semana O treinamento promoveu


Treinamento físico durante 4 semanas melhora nas medidas
(circuito); Promoção da com 6 estações feitas de saúde vascular
saúde vascular e aptidão 3 vezes por treino. (dilatação mediada por
de bombeiros e não Houve período de fluxo da artéria braquial,
bombeiros familiarização com os espessura íntima-média
exercícios previamente da artéria carótida e
ao início dos treinos. As pressão de pulso), sendo
6 estações consistiram maior o efeito no grupo
em: carregar peso de dos bombeiros; redução
18,14 kg por 30,48 m; da pressão sanguínea
subir degraus por 3 min; braquial e central em
postura de prancha ambos os grupos de
por 45 s; carregar peso forma semelhante
de 9,07 kg andando
rápido por 30,48 m; ficar
em um pé só com as
duas pernas de forma
alternada até cessar o
equilíbrio; subir e descer
30 degraus carregando
peso de 6,8 kg

La Reau et al., 2018; Programa de treinamento Melhora na aptidão física


Treinamento físico de 90 min durante em mais de 89% dos
físico; Aumentar a 4 dias por semana por casos, sendo que em
performance e níveis de 16 semanas. Cada sessão 8 semanas já havia
indicadores de saúde consistia em períodos melhora de forma não
em bombeiros e, a de preparação (ativação exaustiva; redução nas
longo prazo, diminuir isométrica, ativação lesões; benefícios do
prevalência de lesões de cadeias musculares programa superaram os
e diminuir custos com e alinhamento custos
saúde anatômico), treino
de resistência e força
(movimentos para
aumentar a velocidade
de extensão tripla,
de empurrar-puxar
as partes inferior e
superior do corpo e
de condicionamento
horizontal e vertical
que demandam os
sistemas de energia
aeróbica e anaeróbica) e
recuperação (rolamento
em rolo de espuma e
alongamento estático)

111
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Pollack et al., 2017; Gestão São 3 fases deste processo Por meio do estudo
de riscos; Reduzir a de intervenção que buscou-se avaliar se
ocorrência de lesões durou 3 anos: definição as medidas foram
ocupacionais nos do escopo de perigo, percebidas ou passaram
trabalhadores do corpo avaliação de risco e a ser utilizadas pelos
de bombeiros durante a implementação de integrantes do corpo
execução de exercícios controles de prevenção de bombeiros durante
físicos, transporte de (por ao menos 2 anos) As o desempenho de suas
pacientes e combate à estratégias de controle atividades por meio
incêndios consistiram em: atualizar de questionários, mas
e retirar equipamentos não houve mensuração
de exercício, bem como da efetividade das
realizar manutenção medidas na redução
mensal, alteração no da ocorrência de
programa de exercícios lesões ocupacionais.
e ampliação da A percepção sobre
atuação do treinador as medidas variou de
físico, atualização 60 a 85% e adesão às
dos requisitos de medidas variou de 14,6
condicionamento físico; a 51,3% considerando as
introdução de prancha 3 pesquisas feitas após
de deslizamento e cinto a implementação das
para carregar/transferir medidas
pacientes; instalação
de mecanismo
elevatório para colocar
pacientes em macas das
ambulâncias; mudanças
no procedimento
de ressuscitação
cardiopulmonar;
empoderamento do
oficial de segurança
para retirada do serviço
de membro que não
estivesse utilizando
o equipamento de
proteção individual
corretamente;
mudanças nos
procedimentos pós
exposição ao fogo;
colocação de avisos para
alertar sobre os riscos;
estratégias educacionais,
como atualizações
durante as conversas
matinais e novo website

112
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Poplin et al., 2018; Gestão São 3 fases deste processo Houve redução média anual
de riscos; Reduzir a de intervenção que pós-intervenção nas
incidência de lesões e durou 3 anos: definição lesões (13%), indenização
custos associados do escopo de perigo, dos trabalhadores
avaliação de risco e (30%) e custos de
implementação de sinistros (21%). As taxas
controles de prevenção. médias mensais de
As medidas para lesão comparando
prevenção de incidência o período pós-
de lesões consistiram intervenção em relação
na adaptação e à pré-intervenção não
reformulação de apresentaram alterações
procedimentos estatisticamente
operacionais padrões significativas
e foram: melhoria
dos equipamentos e
instalações para a prática
de exercícios físicos,
aumento do papel dos
treinadores físicos e
revisão e atualização
dos procedimentos
operacionais padrões
dos exercícios
físicos; testagem
dos dispositivos
de transferência
de pacientes,
estabelecimento de
rodízio durante os
procedimentos de
compreensão peitoral
durante ressuscitação
cardiorespiratória e
atualização do módulo
educacional sobre
transporte de pacientes
para bombeiros durante
o período probatório;
melhoria nos protocolos
e implementação de
medidas para promover
a adesão dos bombeiros
nos procedimentos
de recuperação pós
exposição ao fogo e
instalação de lembretes
visuais acerca da saúde
e segurança

113
Contextos de Implementação das intervenções de
prevenção primária
Das intervenções descritas nos artigos que fizeram parte do

levantamento 57,1% foram implementadas apenas no próprio

local físico do trabalho (Burgess et al., 2020; Getty et al., 2018;

Pollack et al., 2017; Poplin et al., 2018). Em um dos artigos (La

Reau et al., 2018) foi descrita uma intervenção que foi aplicada

no ambiente domiciliar e no próprio trabalho, ou seja, apenas

14,3% do total das intervenções aplicadas. Uma das interven-


Figura 8

Locais de aplicação das ções (14,3%) foi aplicada em um contexto virtual, por meio de
intervenções para prote-
ção específica um website (Rasdi et al., 2018). Por fim, em um dos artigos (Beer
Nota. Elaborada pelos et al., 2017) não há especificação do local de aplicação da inter-
autores.
venção (14,3%,). A Figura 8 apresenta o local de intervenção.

0
Trabalho Domicílio e Não Informado Online
Trabalho

114
Público-alvo e Responsáveis pelas Intervenções
de prevenção primária
O público-alvo das intervenções foram, em sua maioria,

bombeiros, com seis estudos (85,7%; Beer et al., 2017; Burgess

et al., 2020; Getty et al., 2018; La Reau et al., 2018; Pollack et

al., 2017; Poplin et al., 2018), e um estudo (14,3%) foi voltado a

policiais na Malásia (Rasdi et al., 2018). Não foi encontrada apli-

cação de medidas para as duas forças conjuntamente em ne-

nhum dos estudos. Das intervenções realizadas com bombeiros,

cinco foram feitas nos Estados Unidos da América (Burgess et

al., 2020; Getty et al., 2018; La Reau et al., 2018; Pollack et al.,

2017; Poplin et al., 2018) e uma na Holanda (Beer et al., 2017).

Alguns estudos (Getty et al., 2018; Poplin et al., 2018; Rasdi

et al., 2018; 42,9%) foram conduzidos por pesquisadores vincu-

lados a universidades, duas das intervenções (Getty et al., 2018;

Poplin et al., 2018) foram conduzidas por pesquisadores de

mais de uma Universidade dos Estados Unidos; um outro estudo

(Rasdi et al., 2018) foi conduzido por pesquisadores da Universi-

ti Putra Malaysia.

Uma das intervenções (La Reau et al., 2018) foi conduzida

por uma empresa privada dos Estados Unidos, enquanto que

também uma intervenção ocorrida na Holanda (Beer et al., 2017)

não contempla a informação sobre o responsável pela interven-

ção. Duas intervenções foram conduzidas pelos próprios corpos

de bombeiros, ambas ocorreram nos Estados Unidos (Burgess

et al., 2020; Pollack et al., 2017).

115
Métodos das Intervenções de prevenção primária
Em Beer et al. (2017) a intervenção foi feita por meio da

apresentação de 24 vídeos de situações potencialmente traumá-

ticas, que podem induzir a manifestação reflexiva de sintomas de

TEPT e de memórias intrusivas, sendo informado o contexto e

perspectiva a se ter em conta durante a sessão e posterior ava-

liação das situações pelos participantes. Burgess et al. (2020)

implementaram duas intervenções, uma direcionada à atuação

no campo de fogo e procedimentos após a saída dos bombeiros;

outra consistia em fazer uma sessão de sauna infravermelha

após exposição ao fogo. Objetivou-se promover redução da

exposição a agentes cancerígenos ou mitigação pós exposição.

Os instrumentos utilizados e procedimentos adotados nas inter-

venção foram os seguintes: i) Aparelho Respiratório Isolante de

Circuito Aberto por engenheiros e investigadores da causa do

incêndio, limpeza superficial dos equipamentos antes de sua re-

tirada, descontaminação da pele e isolamento dos equipamentos

contaminados no retorno à base, bem como limpeza adicional do

equipamento na base e ii) permanência durante 20 minutos em

sauna a 49ºC e ducha após a saída do campo de fogo.

A intervenção conduzida por Getty et al. (2018) consistia em

três treinos por semana, durante quatro semanas, com seis es-

tações feitas. Cada uma dessas estações foi repetida três vezes

por treino. Houve período de familiarização com os exercícios

previamente ao início dos treinos. As seis estações consistiram

em: carregar peso de 18,14 kg por 30,48 minutos; subir degraus

por três minutos; postura de prancha por 45 segundos; carregar

peso de 9,07 kg andando rápido por 30,48 minutos; ficar em um

pé só com as duas pernas de forma alternada até cessar o equi-

líbrio; subir e descer 30 degraus carregando peso de 6,8 kg.

116
Um programa de treinamento físico foi conduzido por La

Reau et al. (2018). Foram treinos de 90 minutos, realizados

em quatro dias por semana, durante o período de 16 semanas.

Cada sessão consistia em períodos de preparação (ativação

isométrica, ativação de cadeias musculares e alinhamento

anatômico), treino de resistência e força (movimentos para

aumentar a velocidade de extensão tripla, de empurrar-puxar as

partes inferior e superior do corpo e de condicionamento hori-

zontal e vertical que demandam os sistemas de energia aeróbica

e anaeróbica) e recuperação (rolamento em rolo de espuma e

alongamento estático).

Os pesquisadores Pollack et al. (2017) desenvolveram uma

das partes de um processo de intervenção que durou três anos:

definição do escopo de perigo, avaliação de risco e implementa-

ção de controles de prevenção (período mínimo de dois anos).

As estratégias de controle consistiram em: atualizar e retirar

equipamentos de exercício, bem como realizar manutenção

mensal, alteração no programa de exercícios e ampliação da

atuação do treinador físico, atualização dos requisitos de condi-

cionamento físico; introdução de prancha de deslizamento e cin-

to para carregar/transferir pacientes; instalação de mecanismo

elevatório para colocar pacientes em macas das ambulâncias;

mudanças no procedimento de ressuscitação cardiopulmonar;

empoderamento do oficial de segurança para retirada do servi-

ço de membro que não estivesse utilizando o equipamento de

proteção individual corretamente; mudanças nos procedimentos

pós exposição ao fogo; colocação de avisos para alertar sobre

os riscos; estratégias educacionais, como atualizações durante

as conversas matinais e novo website.

117
Na intervenção realizada por Poplin et al. (2018), há a con-

tinuidade do processo de intervenção descrito no parágrafo

anterior. As medidas para prevenção de incidência de lesões

consistem na adaptação e reformulação de procedimentos ope-

racionais padrões e foram: melhoria dos equipamentos e insta-

lações para a prática de exercícios físicos, aumento do papel

dos treinadores físicos, revisão e atualização dos procedimentos

operacionais padrões dos exercícios físicos; testagem dos dis-

positivos de transferência de pacientes, estabelecimento de rodí-

zio durante os procedimentos de compreensão peitoral durante

ressuscitação cardiorespiratória e atualização do módulo edu-

cacional sobre transporte de pacientes para bombeiros durante

o período probatório; melhoria nos protocolos e implementação

de medidas para promover a adesão dos bombeiros nos proce-

dimentos de recuperação pós exposição ao fogo e instalação de

lembretes visuais acerca da saúde e segurança.

Rasdi et al. (2018) selecionaram policiais previamente e os

abordaram, informando da pesquisa e fornecendo o acesso ao

website via login. A intervenção consistiu no acesso ao website

com informações sobre segurança e saúde ocupacional relacio-

nadas às atividades de policiais, bem como vídeos com informa-

ções sobre estresse.

118
Avaliação de Resultados dos estudos de preven-
ção primária
Foram encontradas relações com significância em diversas

intervenções apresentadas (Beer et al., 2017; Burgess et al.,

2020; Getty et al., 2018; La Reau et al., 2018; Poplin et al., 2018;

Rasdi et al., 2018); apenas uma não cita o nível de significância

da intervenção (Pollack et al., 2017).

Em relação à proteção específica, La Reau et al. (2018)

trazem achados relacionados à redução nas seguintes áreas:

chamadas médicas (39%); nos custos com doenças cardiovascu-

lares e câncer (33,3% e 23,4%, respectivamente); lesões no pes-

coço (20%) e lesões mensais (19%). Poplin et al. (2018) encon-

traram reduções nas seguintes áreas: indenizações (30%); em

sinistros (21%); e em lesões (13%). Getty et al. (2018) percebe-

ram redução na pressão braquial após a intervenção implementa-

da com os participantes. Após a intervenção realizada por Bur-

gess et al. (2020) houve redução nas taxas de PAH-OH urinários

nos grupos pesquisados, todavia, a intervenção realizada com as

saunas infravermelhas precisa de informações complementares.

Ainda, Rasdi et al. (2018) encontraram forte relação entre

clima de segurança físico e a intervenção realizada, apesar

de não terem encontrado resultados com significância entre a

intervenção, resultados sociodemográficos e patentes. Na inter-

venção realizada por Beer et al. (2017) não foram identificadas

repercussões negativas dos filmes de horror nas emoções ou

humor dos participantes da pesquisa. Pollack et al. (2017) perce-

beram que ocorreram esforços coletivos das guarnições parti-

cipantes para aprender sobre o projeto visando a redução da

ocorrência de lesões ocupacionais em atividades específicas.

119
Limitações de estudos de intervenções de preven-
ção primária
Em relação às limitações, 28,6% dos estudos (Beer et al.,

2017; Rasdi et al., 2018) elencam como limitação a amostra ser

composta por um número pequeno. Outros dois estudos (Bur-

gess et al., 2020; Getty et al., 2018), o equivalente também a

28,6% dos achados, citam limitações relacionadas a variáveis

confundidoras. Pollack et al. (2017) elencam como limitações as

barreiras ao uso de estratégias, como melhor necessidade de

preparo em relação aos novos protocolos; treinamento para o

uso de equipamentos ou mesmo falta de acesso ou de disponi-

bilidade dos equipamentos. Poplin et al. (2018) encontram como

limitações a introdução de medidas individuais, que foi feita de

forma progressiva ao longo da intervenção, não de forma simul-

tânea. La Reau et al. (2018) elencam como limitações a ausên-

cia de coleta de dados referentes a medidas individuais, tanto

de lesões, quanto de custos. As limitações encontradas em cada

um dos três estudos (Pollack et al., 2017; Poplin et al., 2018;

La Reau et al., 2018) são equivalentes a 14,3% das limitações

encontradas nas intervenções.

120
Discussão referente a programas de
prevenção primária na Segurança Pú-
blica

Os programas de intervenção de proteção específica en-

contrados nesta revisão obtiveram resultados interessantes na

medida em que se mostraram eficazes em diversos âmbitos,

tanto na própria prevenção a riscos ou patologias, quanto na

questão orçamentária, já que, em muitos deles, há evidências de

redução de custos como ganho secundário à prevenção. Há, no

entanto, limitações encontradas. Nesta seção, os resultados das

intervenções serão amplamente discutidos.

Os estudos encontrados descrevem intervenções em prote-

ção específica abarcando diversas áreas dessas proteções: pre-

venção em saúde mental, prevenção de lesões, prevenção de

doenças cardiovasculares e prevenção de câncer. Os resultados

que foram mais contundentes, talvez por avaliarem construtos

que são mais facilmente medidos, são aqueles sobre prevenção

de lesões. Percebe-se a importância da adoção de programas

que aprimorem a aptidão física como preventores de lesões em

ambientes laborais.

Considerando os artigos desta revisão, indica-se a necessi-

dade de estabelecer medidas objetivas para avaliação de inter-

venções, e não apenas avaliação da percepção dos sujeitos da

pesquisa acerca da intervenção, como em Pollack et al. (2017),

de forma a subsidiar decisões ou replicações pela comunidade

científica ou promotores de políticas públicas. Em estudo recen-

te, Civilotti et al. (2022) trazem informações preocupantes acer-

ca do estado de saúde mental de policiais, avaliando o construto

desesperança por meio de escalas psicométricas.

121
Como desafio para o desenho de intervenções, destaca-se

a dificuldade de conseguir engajamento quando a participação

é voluntária. Em uma das intervenções, foram apenas 11 parti-

cipantes (Beer et al.. 2017). Dessa forma, um fator a ser levado

em consideração é a inclusão da intervenção na rotina laboral.

No caso de programas de intervenções voluntárias, deve-se pro-

mover métodos que tenham maior potencial de adesão e manu-

tenção do profissional no programa. Ainda, como são poucas as

intervenções na segurança pública, pode haver resistência por

parte de potenciais participantes. Assim, a sensibilização prévia

ao recrutamento pode contribuir para maior adesão ou perma-

nência de participantes.

Ressalta-se que o número de artigos encontrados nesta revi-

são de literatura, apenas sete, pode ser considerado reduzido pelo

período de tempo levantado. No entanto, uma variável que pode

ter contribuído para este número pouco expressivo é a pandemia

da COVID-19, que foi declarada em 11 de março de 2020 pela

Organização Mundial da Saúde. Assim, eventuais intervenções

programadas podem ter sido adiadas, atrasando a publicação dos

resultados. Durante o início da pandemia, devido à necessidade

de ajuste aos novos moldes de distanciamento e teletrabalho, mui-

tas revistas científicas pausaram as publicações até que estives-

sem ajustadas ao novo funcionamento, majoritariamente online.

Intervenções que versam sobre a implementação de pro-

gramas por empresas privadas não se aplicam ao contexto

brasileiro, já que a Segurança Pública no Brasil conta com corpo

técnico capacitado para conseguir desenvolver intervenções

122
de formas menos onerosas ao Estado. Além disso, há integra-

ção entre outros âmbitos, como por exemplo as parcerias entre

órgãos públicos e universidades, de forma que as intervenções

científicas e tecnológicas de prevenção não precisem de investi-

mentos privados em larga escala.

Para a replicação ou redesenhos dos estudos na realidade

brasileira, deve-se buscar informações junto à equipe gestora

das corporações, que, por conhecerem a realidade do cotidiano

laboral e dos trabalhadores, podem contribuir na indicação das

intervenções com maior potencial de sucesso. Além disso, é fun-

damental avaliar o custo de implementação e informar o potencial

de economia com redução de absenteísmo e custos com saúde

ao se indicar intervenções para policiais ou bombeiros, principal-

mente em contextos recorrentes de restrições orçamentárias.

Destaca-se que não foram encontrados artigos em por-

tuguês com os critérios definidos. No entanto, ao se ampliar

a janela temporal, alguns artigos foram encontrados (Murta &

Tróccoli, 2007; Ronzani et al., 2007), indicando que há interesse

na área de produção nacional. O público-alvo destes dois arti-

gos foram bombeiros, em consonância com a revisão em tela,

na qual seis dos sete artigos tiveram profissionais do corpo de

bombeiros como público alvo das intervenções.

123
A intervenção na modalidade online pode ser um recurso

potencialmente favorável, especialmente no que tange o mane-

jo de estresse e prevenção de psicopatologias específicas. As

funcionalidades do virtual permitem que as intervenções sejam

feitas, inclusive, no horário livre, sem que os profissionais preci-

sem se deslocar. Nesse sentido, o relato de experiência (Melo

& Carlotto, 2017) de uma intervenção realizada na modalidade

online com bombeiros no Brasil versa sobre a importância de um

número de sessões adequado para a efetividade da intervenção.

Além disso, elenca-se como limitação o fato de que há a possi-

bilidade de que os bombeiros com maior risco de acometimento

por estresse não aceitem participar, portanto, estratégias devem

ser pensadas de forma que se alcance o público-alvo.

A revisão de literatura elaborada no presente capítulo con-

tribuiu no sentido de descrever, analisar e sintetizar o que vem

sendo feito nos últimos cinco anos em relação à proteção espe-

cífica com profissionais da segurança pública em âmbito global.

As descrições e análises feitas podem contribuir de forma teóri-

ca e prática para a estruturação de intervenções na segurança

pública em contexto brasileiro, já que fazem descrição detalhada

dos métodos, permitindo replicação, além de evidenciarem tanto

os aspectos positivos, quanto os aspectos desafiadores das

intervenções implementadas.

124
Propostas de intervenção para pre-
venção primária para profissionais da
segurança pública

Inicialmente, sugere-se um levantamento das demandas

dos próprios profissionais da segurança pública, de forma que

as intervenções estabelecidas tenham sentido para os próprios

participantes, situação que favorece a adesão às intervenções,

reduzindo o desafio do número de participantes. Esse levanta-

mento de demandas pode ser feito de forma simples, por meio

de questionários aplicados online, que podem ser enviados aos

e-mails e divulgados nos sites institucionais. Dessa forma, é

possível avaliar qual área de proteção específica é mais deman-

dada pelos profissionais: manejo de estresse, psicopatologias,

lesões ou outras.

É possível concluir que intervenções online para a área de

proteção específica de manejo de estresse e psicopatologias

têm sido eficazes, portanto, essas intervenções podem ser de-

senvolvidas em grupos fixos, com turmas, mediados por equipe

interprofissional, de forma que além dos benefícios das próprias

intervenções terapêuticas em saúde dos profissionais, haja

fortalecimento da rede de apoio institucional dos próprios traba-

lhadores. O modelo online permite que esses grupos ocorram

frequentemente e que tenham número expressivo de encontros.

Sugere-se que a periodicidade e quantidade de encontros do

grupo passe por avaliação dos próprios participantes.

As psicopatologias em questão poderiam ser definidas a

partir dos achados deste Livro, como: Transtorno Depressivo,

Transtorno de Ansiedade, Transtorno de Estresse Pós-Traumá-

tico, Burnout. Dessa forma, a intervenção teria como finalidade

125
a proteção ao surgimento ou intensificação dessas psicopatolo-

gias, podendo reduzir períodos de licença médica, absenteísmo,

gastos com saúde, além de poder propiciar maior qualidade de

vida no trabalho.

Destaca-se também a saúde física, sendo que intervenções

em forma de programas de exercício para prevenção de lesões

e doenças cardiovasculares são indicadas. O treinamento físico

é rotineiro na atividade laboral de profissionais da segurança

pública. Porém, deve ser avaliado se o que é praticado condiz

com as melhores práticas para a prevenção ou se são necessá-

rias modificações para obtenção de maior eficácia. Dessa forma,

sugerem-se programas de treinamento supervisionados por

equipe técnica capacitada, além destes serem desenvolvidos

no próprio horário de expediente, de forma que os profissionais

sejam encorajados a participar.

Neste capítulo são apresentadas intervenções que podem

ser utilizadas como modelos para replicação ou aplicação com

adaptações à realidade brasileira. O potencial desses programas

é a promoção da saúde física e mental, além de reduzir custos e

despesas médicas e hospitalares, reduzir períodos de licença e

promover qualidade de vida no trabalho.

126
Resultados Referentes aos Programas
de Prevenção Secundária em Saúde
na Segurança Pública

Esta seção contou com uma amostra final de nove artigos

que versam sobre programas de prevenção secundária das for-

ças de segurança (polícias e bombeiros). Nos últimos cinco anos

inteiramente decorridos, o número de estudos voltados ao tema

se manteve relativamente estável. Com exceção do observado

para o ano de 2019, nos dois anos imediatamente anteriores e Figura 9

Número de estudos sobre


posteriores, a produção acadêmica foi constante com dois ar- programas de prevenção
secundária.
tigos em cada ano. A Figura 10 mostra a produção acadêmica
Nota. Elaborada pelos
associada aos programas de prevenção secundária. autores.

2017 2018 2020 2021


2
n° de artigos

2019

127
Características Gerais da Implementação dos Pro-
gramas de prevenção secundária
A maior parte dos estudos abordando programas de preven-

ção secundária foi realizada em países dos continentes ameri-

cano e europeu. No continente americano, os Estados Unidos é

o país que apresenta o maior número de estudos (n = 3; 33,3%)

com essa temática, seguido pelo Brasil (n = 1; 11,1%), acumu-

lando 44,4% dos casos. Na Europa, a Holanda é o país com

mais estudos (n = 2; 22,2%), acompanhada pelo Reino Unido

com 11,1% (n = 1), representando 33,3% dos artigos.

Países da Ásia e África, especificamente a Coréia do Sul

e a Nigéria, respectivamente, apresentam um número modesto


Figura 10

Localização geográfica de estudos que exploraram os programas de acolhimento orien-


dos países em três conti-
nentes. tados à atenção secundária (n = 1; 11,1%). Os percentuais são
Nota. Elaborada pelos valores aproximados. A Figura 11 mostra a localização espacial
autores.
de cada país nos continentes.

128
Objetivo Geral dos Artigos de prevenção
secundária
Entre os objetivos estabelecidos nos programas de preven-

ção secundária em saúde implementados com policiais e bom-

beiros, na amostra estudada, duas estratégias de evidenciação

sobressaem, podendo eventualmente se subdividirem. Primeiro,

prevalecem as intervenções com foco na saúde mental dos

profissionais. Esses somam sete estudos (Cardoso et al., 2019;

Gramlich & Neer, 2018; Hoeve et al., 2021; Jang et al., 2020;

Kaplan et al., 2017; Onyishi et al., 2021; Wood et al., 2021), ou

seja, aproximadamente 77,8% (n = 7) dos casos. Nessa primeira

estratégia, os estudos buscam fazer um exame de intervenções

adaptadas (Hoeve et al., 2021; Jang et al., 2020; Kaplan et al.,

2017; Onyishi et al., 2021; Wood et al., 2021), visando estrita-

mente os fatores de saúde mental (Hoeve et al., 2021; Jang et

al., 2020) e fatores que envolvem a saúde mental e ocupacional

(Kaplan et al., 2017; Onyishi et al., 2021; Wood et al., 2021).

Além disso, alguns trabalhos buscaram descrever canais de

intervenções terapêuticas (Cardoso et al., 2019; Gramlich &

Neer, 2018). Segundo, além da questão da saúde mental, dois

trabalhos trataram de questões de saúde física e ocupacional

(22,2%), objetivando avaliar os resultados de saúde e trabalho

entre trabalhadores com risco cardiovascular aumentado (Kou-

wenhoven-Pasmooij et al., 2018) após avaliações de saúde e

aconselhamento. E ainda, investigar a eficácia de um programa

de intervenção sobre o risco de lesões e o uso do tempo de

incapacidade (Sullivan et al., 2017).

129
Temas e Objetivos das Intervenções de prevenção
secundária
Em geral, o tema das intervenções propaga a prática de

saúde adotada com os participantes. Aproximadamente 22,2%

(n = 2; Hoeve et al., 2021; Kaplan et al., 2017) adotaram o trei-

namento de resiliência baseado em atenção plena (mindfulness

- MBRT). O outro meio mais frequente de intervir na saúde dos

indivíduos foi através do coaching de comportamento emotivo

racional (REBC), com cerca de 22,2% (n = 2; Onyishi et al.,

2020; Wood et al., 2020). Em conjunto, as duas terapias de

assistência em saúde foram direcionadas prioritariamente às

forças policiais.

Entre as formas mais esparsas de intervenção, há situações

de saúde mediadas por terapia de exposição baseada na expo-

sição imaginária, cognitiva para depressão e a ativação compor-

tamental (Gramlich & Neer, 2018); intervenção prospectiva em

nível de estação randomizada, baseada em campo no âmbito

de um programa de saúde do sono (PSE) (Sullivan et al., 2017);

terapia do bombeiro para insônia e pesadelos (FIT-IN) (Jang et

al., 2020); grupo terapêutico para manejo de estresse (Cardoso

et al., 2019), e ainda, intervenção de estilo de vida de cuidados

mistos (PerfectFit) (Kouwenhoven-Pasmooij et al., 2018). A Ta-

bela 4 sintetiza os artigos considerando a autoria dos estudos, o

nome, objetivo e conteúdo das intervenções implementadas e os

principais resultados encontrados.

130
Tabela 4

Características de pro-
gramas de intervenção
classificados em preven-
ção secundária

Nota. Elaborada pelos


autores.

Estudo, tema e objetivo da


Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Cardoso et al. (2019). Apresentações, reflexões Redução dos sintomas de


Temas: Estresse, e discussões sobre estresse, quanto das
manejo do estresse, os temas, respiração temáticas trabalhadas e
habilidades sociais diafragmática, formato do grupo.
e de comunicação e resumos dos encontros
assertividade. anteriores, ensino de
automonitoramento,
Objetivo: Buscar por um
exercícios de
melhor enfrentamento
mindfulness, folha
dos indivíduos perante
de orientações sobre
situações estressoras.
mindfulness, dinâmicas
e exercícios.

Hoeve et al. (2021) Escaneamento corporal, Após a intervenção, os


Tema:Manejo de estresse meditação sentada, policiais melhoraram
meditação “object”, significativa e
Objetivos: O objetivo
meditação caminhada, substancialmente o
principal da intervenção
meditação através do estresse (resultado
foi diminuir os níveis
olhar, sons e meditação primário), as facetas
de estresse. Em
guiada, meditação da consciência
consequência disso,
através da respiração, plena (variáveis
esperava-se mudanças
espaçamento da explicativas) e os
na atenção e em
respiração em 3 resultados secundários
habilidades de aceitação
minutos, ioga de relacionados, incluindo
(autocompaixão, não-
atenção plena, áudio- queixas somáticas,
julgamento e não-
livro com informações distúrbios do sono, afeto
reatividade). Como
adicionais sobre atenção positivo, felicidade e
objetivos secundários,
plena e deveres de casa. capacidade de trabalho,
têm-se efeitos positivos
enquanto em período
na resiliência, nos
de linha de base, as
distúrbios de sono,
medidas de resultado
nos afetos positivos,
não mudaram. Os
nos sentimentos
efeitos permaneceram
de felicidade e na
significativos ou
habilidade de trabalho.
melhoraram ainda mais
Além disso, esperava-
durante o período de
se uma melhora na
acompanhamento.
consciência plena,
na atenção e na
autocompaixão.

131
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Gramlich et al. (2018) Terapia de Exposição Os sintomas de TEPT medidos


Temas: Valores pessoais, Imaginal, Ativação pela Lista de Verificação
eventos traumáticos Comportamental e [PTSD Checklist] de TEPT para
vividos, depressão e Terapia Cognitiva para DSM-5 (PCL-5) apresentaram
pensamentos invasivos. Depressão. uma redução clinicamente
significativa de 25 no pré-
Objetivos: Fortalecer
tratamento para 3 em 2 meses
a conexão entre
de seguimento, indicando
atividades, recompensa
que Ryan não atendia mais
e motivação, bem como
aos critérios diagnósticos
ajudar os indivíduos a
para TEPT. Além disso, Ryan
viver de acordo com
alcançou uma redução
seus valores (Ativação
clinicamente significativa no
Comportamental);
que diz respeito a imagens
Extinção do medo
traumáticas de 21 por semana
(Terapia de Exposição
no pré-tratamento para 0 em
Imaginária); Aumentar
2 meses de seguimento. Os
a conscientização sobre
sintomas depressivos medidos
os antecedentes ou
pelo Inventário Beck depressão-
gatilhos que levaram à
segunda Edição [Beck
ruminação - meditação
Depression Inventory–Second
- e consequências
Edition] (BDI-II) demonstraram
associadas.
uma diminuição clinicamente
significativa de 18 no pré-
tratamento para 1 em 2 meses
de seguimento, indicando
que Ryan não atendia mais
aos critérios diagnósticos para
depressão.
- A Terapia de Exposição Imaginal
pode ter reduzido o número
de sessões necessárias para
alcançar a extinção do medo
e reduzir a ansiedade fora da
terapia, em comparação com
uma abordagem graduada e
mais longa. Segundo, o plano
de tratamento teve como alvo
seu evento traumático e depois
expandiu-se para imagens
“horríveis” generalizadas. No
caso de Ryan, seu trauma
de índice envolvia seu medo
central de não ser capaz de
salvar seu filho e suas imagens
horríveis de outros entes
queridos sendo seriamente
prejudicados eram seus medos
generalizados.”

132
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Jang et al. (2020) Preenchimento de diário do O programa FIT-IN produziu


Temas: Educação do sono, sono, sessões em grupo melhorias nos índices
pesadelos e manter a e sessão individual via de sono. Houve um
mudança. telefone. aumento significativo na
eficiência do sono (p <
Objetivo Melhora
0,01), e uma diminuição
dos distúrbios do
na latência do início
sono comumente
do sono, número de
encontrados em
despertares e tempo
bombeiros coreanos
na cama (p < 0,05),
(insônia e pesadelos).
conforme derivado
de diários de sono
semanais. Além disso,
reduções significativas
foram mostradas para
insônia (p < 0,001) e
gravidade do pesadelo
(p < 0,01).

Kaplan et al. (2017) Escaneamento corporal, Os resultados indicaram


Temas: Estressores inerentes meditação sentada e que mudanças na
ao trabalho policial, caminhada, movimentos resiliência mediaram
incluindo incidentes de atenção plena e parcialmente
críticos, insatisfação outras práticas da a relação entre
no trabalho, escrutínio Redução de Estresse mindfulness e burnout
público e desafios Baseada na Atenção e que o aumento
interpessoais, afetivos e Plena (MBSR), do mindfulness foi
comportamentais. discussões e deveres de relacionado ao aumento
casa. da resiliência, o que, por
Objetivo: Reduzir os
sua vez, foi relacionado
resultados negativos
à diminuição do
de saúde, como o
esgotamento.
esgotamento.

133
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Onyishi et al. (2021) Coaching (avaliações, A análise dos efeitos de


Temas: Saúde ocupacional, identificação interação indicou
satisfação de vida, e formulação ganho significativo
felicidade, afetos de problemas, ao longo do tempo e
positivos, manejo de estabelecimento tratamento segundo
riscos e psicologia de metas, disputas, a Escala de bem-estar
positiva. deveres de casa, subjetiva (SWBS) e da
tarefas, discussões, Capacidade de Trabalho
Objetivo: O REOHC tem
resolução de problemas, Percebida (PWAI) dos
como objetivo combater
declarações de participantes do grupo
percepções negativas
enfrentamento racional, de intervenção, que
das experiências de
autoaceitação, análise receberam REOHC
trabalho, substituindo
de consequências, em comparação
cognições negativas
reestruturação com aqueles na
por mais positivas e
cognitiva, imaginação condição de controle
funcionais, facilitando
guiada, técnicas de não intervenção.
o auto-coaching
de racionalização, O efeito positivo-
para a gestão de
reenquadramento, negativo aumentou
futuros desafios
técnica de relaxamento, significativamente,
ocupacionais através
hipnose, tomada de indicando uma redução
da teoria da Terapia
decisão, meditação, no afeto negativo e
Comportamental
humor e ironia, conflitos aumento do afeto
Emotiva Racional
e testes) e manual com positivo. A intervenção
(REBT). O principal
estratégias terapêuticas, validou com sucesso a
objetivo do REOHC
tais quais: técnicas eficácia do REOHC na
é usar a REBT para
cognitivas, afetivas e elevação da satisfação
desafiar e questionar
emotivas, treinamento com a vida, emoções
crenças irracionais
de relaxamento positivas, capacidade
e disfuncionais
e habilidades de de trabalho percebida
presentes no trabalho
treinamento cognitivo e redução das emoções
dos funcionários,
negativas associadas
substituindo-as por
ao trabalho entre
crenças mais sensatas e
policiais por meio de
funcionais.
um ensaio de controle
randomizado. O uso de
grupos experimentais e
de controle permitiu aos
pesquisadores comparar
fatores dentro do grupo
e fatores entre grupos.

134
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Kouwenhoven-Pasmooij et Avaliação de risco de saúde, A análise interna do grupo


al. (2018) sugestões de atividades mostrou que no extenso
Temas: Risco de saúde e de promoção de saúde, grupo de intervenção
estilo de vida saudável. boletim eletrônico e o peso corporal (- 3,1
coaching (perguntas kg; IC 95% -2,0 a - 4,3)
Objetivo: Promover a saúde
abertas, reflexões, foi estatisticamente
e a produtividade no
suporte, aumento da reduzido
trabalho.
ambivalência). significativamente,
enquanto o peso
corporal manteve-se
estável no grupo de
intervenção limitada
(+0,2 kg; IC 95% -1,4
a 1,8). Em ambos os
grupos randomizados, a
perda de produtividade
e a atividade física
aumentaram e o
uso excessivo de
álcool diminuiu
significativamente aos 12
meses.

Wood et al. (2021) Intervenções psicológicas Os dados mostraram


Temas: Comportamento (Rational Emotive que o REBC trouxe
racional e emotivo Behavior Coaching reduções mantidas nas
(não foi citado - REBC), deveres crenças irracionais de
especificamente o que de casa e medição desempenho. Os dados
é tratado na intervenção de biomarcadores de validação social
REBC). inovadores do estresse, também indicaram
como a Concentração de que o REBC ajudou os
Objetivos: Reduzir
Cortisol Capilar (CCH). participantes a superar
crenças irracionais
melhor as adversidades
de desempenho,
dentro e fora do
presenteísmo e estados
local de trabalho. Os
emocionais como
resultados sugeriram
depressão, ansiedade e
que o REBC não teve
estresse;
um efeito significativo
Aumentar a resiliência nos
no CHC, sintomas de
pontos de linha de base
depressão, ansiedade e
e pós-intervenção;
presenteísmo
Ajudar os participantes
a superar melhor as
adversidades dentro e
fora do local de trabalho;
Manutenção dos resultados
em um período de 3
meses

135
Estudo, tema e objetivo da
Conteúdo da intervenção Principais resultados
intervenção

Sullivan et al. (2017) Educação para a saúde Usando registros


Temas: Mortalidade de do sono (estratégias departamentais, em
bombeiros, riscos à de higiene do sono, uma análise de intenção
saúde relacionados à dicas sobre o uso de de tratar, bombeiros
fadiga e importância cafeína e efetividade das designados para
fisiológica do sono. sonecas, distribuição estações de intervenção
de máscaras para olhos, que participaram de
Objetivo: Melhorar a saúde
protetores auriculares sessões de educação e
e a segurança dos
e informativos sobre tiveram a oportunidade
bombeiros.
saúde do sono), triagem de completar a triagem
de distúrbios do sono de distúrbios do sono
e encaminhamentos relataram 46% menos
para clínicas do sono dias de incapacidade
para participantes com do que os atribuídos
triagem positiva. aos postos de controle.
Não houve diferenças
significativas nos
departamentos taxas
de lesões ou acidentes
automobilísticos entre
os grupos. Na análise
post hoc contabilizando
a exposição da
intervenção, os
bombeiros que
participaram de sessões
de educação foram
24% menos propensos
a registrar pelo menos
um relatório de lesão
durante o estudo
do que aqueles que
não compareceram,
independentemente da
randomização.
Não houve mudanças
significativas pré
versus pós-estudo no
sono ou sonolência
autorrelatada naqueles
que participaram da
intervenção”

136
Público-alvo e Responsável pelas Intervenções de
prevenção secundária
Em cerca de 56% (n = 5) dos casos, os esforços de análise

buscavam descrever intervenções voltadas à saúde dos bombei-

ros, seguido por 33% (n = 3) voltados às polícias. A implementa-

ção de programas de prevenção secundária para as duas forças

de forma conjunta não é comum; a amostra contou com apenas

11,1% (n = 1). A Figura 12 ilustra os achados para as duas ca-

tegorias. Não foi observada qualquer menção de destinação da

intervenção aos familiares dos participantes.

Figura 11 Policiais e Bombeiros


Percentual de estudos
conduzidos com as polí-
cias e bombeiros

Nota. Elaborada pelos Bombeiros


autores.

Policiais

1; 11%

3; 33% 5; 56%

137
Uma das possibilidades de dimensionamento dos respon-

sáveis pelas intervenções implementadas é através do perfil de

quem responde pela autoria dos estudos, pois são eles quem

fornecem a aprovação final da versão a ser publicada. Ao lon-

go do desenvolvimento das ações interventivas, várias funções

podem ser desempenhadas. Por exemplo, são assumidas tare-

fas como contribuição para a concepção, implementação, coleta

e análise de dados do estudo e redação do artigo; concepção,

desenho do estudo e revisão crítica do artigo; coordenação da

coleta de dados e realização das análises dos dados.

O corpo técnico de profissionais responsáveis pelas inter-

venções se mostra bastante variável. Geralmente, o processo

investigativo conta em média com quatro, mas pode variar de

um a onze colaboradores nos trabalhos. Em termos de coauto-

ria, a maioria possui vínculo direto com as instituições acadê-

micas e um pequeno percentual advém das próprias forças de

segurança. Também é possível identificar um formato de cola-

boração de coautores de departamentos distintos daqueles dos

autores, inclusive de instituições distintas.

Na maioria dos estudos (55,6%; n = 5), o vínculo profissional

do autor principal está relacionado a departamentos de psicolo-

138
gia das universidades. As demais unidades organizacionais são

sub representadas. Essas unidades incluem: Departamento de

Saúde Ocupacional; Departamento de Medicina e Neurologia e

Instituto de Saúde do Sono; Instituto de Pesquisa de Desenvolvi-

mento Infantil e Educação; e Faculdade de Ciências.

Contextos de Implementação das intervenções de


prevenção secundária
Em relação ao contexto ocupacional, as intervenções são

desenvolvidas com maior frequência nas próprias unidades de

polícias e bombeiros; o percentual aproximado foi de 55,6% dos

estudos que compõem a amostra (Cardoso et al., 2019; Jang et

al., 2020; Onyishi et al., 2020; Sullivan et al., 2017; Wood et al.,

2021). Nesse caso, a implementação é realizada nos espaços

dos quartéis de bombeiros e departamentos de polícias. Entre

os outros locais escolhidos para a execução dos programas, in-

cluem-se: os ambientes universitários como hospital e centro de

bem estar comunitário (Kaplan et al., 2017; Kouwenhoven-Pas-

mooij et al., 2018), representando cerca de 22,2% dos estudos.

Os serviços de tratamento ambulatorial e as instalações de

sindicatos laborais da categoria (Gramlich & Neer, 2018; Hoeve

et al., 2021) são os recursos menos utilizados.

139
Conteúdo da Intervenção de prevenção secundária
Dentre os desfechos prioritários das intervenções, na ava-

liação de condições prevenidas exploradas apenas como saúde

mental, os estudos abarcaram três dimensões: a) sintomas de

estresse - sentimentos gerais de estresse e tensão, estresse

físico, ideação suicida, depressão, frustração, estresse ocupa-

cional durante o trabalho e os relacionados a evento traumáti-

co (TEPT); b) distúrbios do sono - dificuldade em adormecer,

acordar cedo, sono inquieto ou perturbado e pesadelos; e c) as

facetas da atenção plena - observar, descrever, agir com consci-

ência, não julgar, não reatividade, automonitoramento e habilida-

des sociais (Cardoso et al., 2019; Gramlich & Neer, 2018; Hoeve

et al., 2021; Jang et al., 2020).

Os estudos sobre a saúde mental e ocupacional mostraram

alguns dos fatores de pré-julgamento pessoal da disposição para

trabalho. Os principais problemas mediados pelas intervenções

foram o estresse, depressão, ansiedade, sofrimento emocional,

satisfação com a vida, incidentes críticos, esgotamento, resiliên-

cia, crenças irracionais e disfuncionais de desempenho, insa-

tisfação no trabalho, presenteísmo, escrutínio público, desafios

interpessoais, afetivos e comportamentais e a capacidade para

o trabalho decorrentes das experiências ocupacionais (Kaplan et

al., 2017; Onyishi et al., 2020; Wood et al., 2021).

Em relação à saúde física e ocupacional dos membros das

duas forças de segurança, foram adotadas algumas medidas

antropométricas de peso corporal e índice de massa corporal

(IMC). E medidas de produtividade no trabalho “tempo de res-

posta”, desempenho no tempo de liberação “início e finalização

do atendimento prestado à população”, comportamentos de saú-

de, mortalidade, riscos associados ao esgotamento, importância

140
fisiológica do sono e acidentes com veículos e lesões (Kouwe-

nhoven-Pasmooij et al., 2018; Sullivan et al., 2017).

Técnicas e Instrumentos dos estudos de prevenção


secundária
O ponto de partida das intervenções foi marcado por proce-

dimentos de pré-triagem do estado clínico dos participantes. Na

maioria dos casos (77,8%; 7 estudos), a triagem realizada reuniu

amostras de indivíduos que testaram positivo para algum distúrbio

mental ou alteração fisiológica dos parâmetros físicos (Cardoso et

al., 2019; Gramlich & Neer, 2018; Jang et al., 2020; Kaplan et al.,

2017; Kouwenhoven-Pasmooij et al., 2018; Onyishi et al., 2020;

Sullivan et al., 2017). Dos sete estudos que utilizaram participantes

com estado clínico positivo, nem toda a amostra se encontrava

nessa condição, cerca de 42,8% deles (n = 3) continham uma

proporção de participantes não clínico (Cardoso et al., 2019; Jang

et al., 2020; Sullivan et al., 2017). Assim, no estudo de Hoeve et al.

(2021) e Wood et al. (2021), os participantes com sintomas ou his-

tórico de saúde mental existente foram descartados da intervenção.

A promoção de mudanças no estado de saúde contou com téc-

nicas variadas. Além do contato presencial estabelecido entre quem

ministra e quem recebe a intervenção, o comprometimento com as

atividades extraclasse foram recorrentes. Uma perspectiva educa-

cional baseada em tarefas de casa entre as sessões foi adotada

(Hoeve et al., 2021; Kouwenhoven-Pasmooij et al., 2018; Onyishi

et al., 2020; Wood et al., 2021). Recursos informativos como news-

letter e e-mail foram utilizados para motivar os participantes a se

manterem engajados nos objetivos dos programas. Além disso,

no início de cada sessão, o praticante e o participante revisavam a

sessão anterior, refletindo sobre a tarefa entre sessões.

141
Independentemente do reforço planejado para garantir o

ímpeto das sessões, em todas as intervenções, as condições

prevenidas passam pela aferição de seu estado inicial e sua

evolução ao longo do treinamento, incluindo o tempo de duração

dos efeitos alcançados (Cardoso et al., 2019; Gramlich & Neer,

2018; Jang et al., 2020; Kaplan et al., 2017). Para isso, são utili-

zados os seguintes instrumentos conforme Tabela 5.

Autores Instrumentos utilizados

Wood et al. (2021) Irrational Performance Beliefs Inventory


(iPBI);
Connor Davidson Resilience Scale (CD-
RISC-10);
Depression Anxiety Stress Scale-21 (DASS-
21);
Tabela 5
World Health Organization Health and
Performance Questionnaire (HPQ); Instrumentos de medida
Questionário de Validação Social. utilizados.

Nota. Elaborada pelos


autores.
Kouwenhoven- Questionário sobre demandas para
Pasmooij et al. trabalho terapêutico;
(2018) Inventário de Sintomas de Stress para
Adultos de Lipp (ISSL);
Questionário final avaliativo.

Onyishi et al. (2020) Questionário demográfico;


Subjective Well-Being Scale (SWBS);
Escala de afeto positivo/experiência
negativa (SPNE);
Escala de florescimento (FS);
Perceived Work Ability Index (PWAI).

142
Autores Instrumentos utilizados

Gramlich & Neer Posttraumatic Stress Disorder Checklist for


(2018) DSM-5 (PCL-5);
Clinician-Administered PTSD Scale for
DSM-5 (CAPS-5);
Beck Depression Inventory–Second Edition
(BDI-II);
Anxiety and Related Disorders Interview
Schedule for DSM-5–Lifetime Version
(ADIS-5L);
Generalized Anxiety Disorder 7-Item (GAD-
7).

Hoeve et al. (2021) Questionário sociodemográfico;


Depression Anxiety and Stress Scale
(DASS-21);
Somatization Subscale of the Four-
Dimensional Symptom Questionnaire
(4DSQ);
Operational Police Stress Questionnaire
(PSQ-Op);
Impact of Event Scale (IES);
Brief Resilience Scale (BRS);
Sleep Difficulties Subscale from the
Symptom Checklist-90-Revised (SCL-
90);
Positive and Negative Affect Scale (PANAS);
Subjective Happiness Scale (SHS);
Work Ability Index (WAI);
Short Form of the Five Facets of
Mindfulness Questionnaire (FFMQ-SF);
Attentional Control Scale (ACS);
3-item Self-Compassion Scale Short Form
(SCS-SF).

Sullivan et al. (2017) Diário do Sono;


Índice de Gravidade da Insônia (ISI);
Índice de Gravidade do Sonho Perturbador
e Pesadelo (DDNSI);
Escala de Sonolência de Epworth - Versão
Coreana (ESS);
PTSD Checklist-5 (PCL-5);
Inventário de Sintomas Depressivos -
Subescala de Suicídio (DSI - SS);
Questionário de Saúde do Paciente-9
(PHQ-9).
143
Autores Instrumentos utilizados

Kaplan et al. (2017) Five Facet Mindfulness Questionnaire-


Short Form (FFMQ-SF);
Brief Resilience Scale (BRS);
Oldenburg Burnout Inventory (OLBI).

Jang et al. (2020) Short Form 36 Health Survey (SF-36);


Body Mass Index (BMI);
Work Ability Index (WAI) Questionnaire;
Work Limitations Questionnaire (WLQ-8)
Short Version;
Questões sobre atividade física, consumo
de frutas e vegetais, hábitos de fumo e
uso de álcool.

Cardoso et al. (2019) Sleep Disorders Screening Questionnaire.

Canal, Carga Horária e Formato das Intervenções


de prevenção secundária
A entrega ou execução das práticas de prevenção ocorre

basicamente por meio de cinco canais. A intermediação face a

face é a mais frequente, correspondendo a 66,7% dos casos

(n = 6), há ainda a face a face com o uso de telefonemas aos

participantes com 22,2% (n = 2). O contato com os pacientes via

internet e guias impressos é menos frequente, esse recurso foi

utilizado em apenas um estudo (11,1%).

O formato das intervenções foi organizado em três modelos

de atendimento dos profissionais, o individual prevaleceu com

55,6% (n = 5). O modo grupal ocorreu com a segunda maior fre-

quência (33,3%; n = 3), enquanto que, intervenções em um for-

mato misto, empregando o modo individual e grupal são pouco

144
utilizadas (11,1%; n = 1). O tamanho amostral dos estudos com

participantes que completaram todas as intervenções apresentou

uma média de 229 pessoas atendidas por programa, variando

de 1 a 1.189 indivíduos. Essa variação se deve ao fato de haver

estudo de caso individual ou o atendimento se estender a quase

toda a população censitária local da força de segurança alvo da

ação preventiva. No entanto, em números absolutos, aproxima-

damente 77,8% (n = 7) dos estudos possuem amostras que se

distribuem abaixo da média geral, estando entre um e 151.

No tocante às características biológicas dos participantes,

a média de homens que participam das intervenções gira em

torno de 203, principalmente bombeiros. Esse valor é sete ve-

zes maior que o valor médio de participantes do sexo feminino,

a média de mulheres ficou em 26. Nesta revisão, em 8 estudos

havia a informação de profissionais “homens” e “mulheres” de

cada uma das forças de segurança pública – bombeiros e poli-

cias –, a partir disso, o cálculo das médias revela que entre os

profissionais do sexo masculino, mais bombeiros participaram

das intervenções. Por outro lado, entre as profissionais do sexo

feminino, mais policiais participam, superando a média de bom-

beiros em 12 vezes.

A frequência de sessões mais observada é a semanal, poden-

do haver os modos mistos associados ao quinzenal e diário. Logo,

os participantes podem ser submetidos a regimes de intervenção

flexível ou austero no trato das suas questões de saúde. Isso

ocorre quando o público alvo dos programas é levado a dispor de

parte do tempo não laboral para a dedicação parcial às atividades

planejadas da intervenção. Em relação à duração das interven-

ções, o tempo médio observado foi de 12 semanas, mas variando

de 3 a 54 semanas de intervenção. Nesse quesito, a maioria dos

145
valores absolutos (77,8%; n = 7) concentram-se abaixo da mé-

dia, ou seja, a média é influenciada por casos isolados. A dura-

ção média das sessões gira em torno de 83 minutos. Os valores

absolutos variam entre 25 e 120 minutos e se concentram acima

da média. Destaca-se que em alguns casos (33,3%; n = 3), os

valores possuem um tempo mínimo fixo das sessões e um tempo

mais elevado. Nesses casos específicos, a última intervenção pro-

gramada é marcada por aulas com um tempo mais estendido.

O número total de sessões varia pouco, em média são

realizadas pouco mais de 9 sessões por programa. Mas, cerca

de 75% (n = 6) estão abaixo da média em valores absolutos.

O total de horas a que os participantes estiveram submetidos

aos programas de intervenção apresenta um valor médio de 13

horas, já incluídas as horas adicionais das aulas mais longas de

conclusão das intervenções. Nos critérios de duração da sessão

(minutos) e número total de horas de contato, não foram encon-

trados três registros em cada uma. No número total de sessões,

há um registro omisso.

Avaliação de Resultados dos estudos de preven-


ção secundária
De modo geral, os resultados dos estudos indicaram que as

intervenções surtem efeitos positivos na prevenção dos quadros

de saúde apreciados. Em aproximadamente 55,6% (n = 5) dos

relatos de avaliações, as condições prevenidas foram plenamen-

te atendidas. Em outros 44,4% (n = 4) dos casos, as mudanças

nas condições prevenidas foram apenas parcialmente atendidas.

Portanto, algumas medidas de saúde perseguidas pelos progra-

mas de intervenção podem não ser alcançadas, fato que precisa

ser ponderado tendo em vista as barreiras que surgem.

146
Entre as intervenções onde as condições prevenidas foram

parcialmente atendidas, os quatro estudos utilizaram técnicas

de intervenção distintas: Coaching Comportamental Racional

Emotivo (REBC), Mindfulness e o coaching motivacional ou

aconselhamento de estilo de vida. A técnica de terapia cognitiva

comportamental (TCC) “REBC” não se mostrou efetiva no trata-

mento de sintomas de depressão, ansiedade e presenteísmo, ou

seja, não favoreceu o bem-estar psicológico daqueles que ope-

ram nos serviços de emergência e ambientes ocupacionais mais

extremos (Wood et al., 2021). Por outro lado, foram observadas

reduções prolongadas nas crenças irracionais de desempenho.

A capacidade de adaptação a transtornos psicológicos foi

estimulada em bombeiros e policiais com o uso da técnica Trei-

namento de Resiliência Baseado em Mindfulness (MBRT). No

entanto, a intervenção não foi suficientemente capaz de fazer

com que os indivíduos recuassem de suas experiências difí-

ceis. O estudo de Kaplan et al. (2017) indicou que o aumento da

atenção plena (Mindfulness) conduz ao aumento da resiliência, e

consequentemente, à redução do burnout. Porém, com relação a

três facetas individuais de Mindfulness e burnout, mudanças na

não reatividade, mas não no “não julgar” ou no “agir com consci-

ência”, mostraram-se significativas e indiretamente relacionadas

às mudanças no burnout e resiliência.

No estudo de Hoeve et al. (2021), uma intervenção feita com

as forças policiais aplicando a mesma técnica (Mindfulness), os

resultados comparativos no pós teste indicaram que a melhora

nas facetas da consciência: “agir com consciência” e “não julgar”

estava associada a reduções em todos os tipos de estresse.

Também foram encontrados efeitos significativos e na direção

esperada para distúrbios do sono, afeto positivo e sentimentos

147
de felicidade, mas os efeitos não foram significativos para resili-

ência e capacidade de trabalho.

Múltiplos fatores afetam a capacidade de trabalho, não

apenas os psicológicos, mas os físicos também. Uma interven-

ção dividida em níveis de exposição (limitada ou extensa) foi

aplicada a policiais. Aos 12 meses, a intervenção extensa não foi

estatisticamente diferente da intervenção limitada para autoava-

liação de saúde, índice de massa corporal e peso corporal dos

participantes (Kouwenhoven-Pasmooij et al., 2018). Os autores

acrescentam que: i) na análise intragrupo (mesmo grupo antes

e após a intervenção), o peso corporal na intervenção extensa

reduziu significativamente, enquanto no grupo de intervenção li-

mitada, permaneceu estável; ii) em ambos os grupos, a perda de

produtividade e a atividade física aumentaram e o uso excessivo

de álcool diminuiu significativamente; iii) a proporção de indiví-

duos com “saúde insatisfatória” permaneceu estável ao longo do

tempo no grupo extenso, mas aumentou ligeiramente no grupo

limitado; e iv) após 12 meses, observou-se que o IMC e o peso

corporal apresentavam diferenças significativas a favor da inter-

venção extensa.

Nos estudos em que as condições prevenidas foram ple-

namente atendidas, os programas trataram essencialmente do

baixo bem-estar (Onyishi et al., 2021), estresse (Cardoso, et al.,

2019; Gramlich, et al., 2018) e saúde do sono (Jang et al., 2020;

Sullivan et al., 2017). O uso da TCC “REOHC” (Coaching Racio-

nal Emotiva em Saúde Ocupacional) com policiais se mostrou

efetiva. A interação foi positiva nos fatores de bem-estar subje-

tivo, reduzindo o afeto negativo e aumentando o afeto positivo.

Foi observada a elevação da satisfação com a vida, emoções

positivas, capacidade de trabalho percebida e redução das emo-

148
ções negativas associadas ao trabalho (Onyishi et al., 2021).

A admissão e adaptação de uma nova técnica para trata-

mento de problemas psicológicos associados ao distúrbio do

sono também foi efetiva. Um programa de intervenção baseado

na Brief Behavior Therapy for Insomnia (BBTi) produziu melho-

rias nos índices de sono numa amostra de bombeiros (Jang et

al., 2020). Os principais destaques foram: i) a eficiência do sono

aumentou significativamente; ii) a latência do início do sono, o

número de despertar e o tempo na cama diminuíram; e iii) houve

redução significativa da insônia e na gravidade dos pesadelos.

Ainda sobre a saúde do sono, no estudo de Sullivan et al.

(2017), constatou-se que após participarem de sessões de edu-

cação do sono, os profissionais bombeiros relataram diminuição

de 46% na incapacidade para o trabalho em comparação aos

que não passaram pela intervenção. Os participantes das ses-

sões educativas são 24% menos propensos a relatar lesões que

aqueles que não compareceram, independentemente do grupo

randomizado. Não houve mudanças significativas pré versus

pós-estudo no sono ou sonolência autorrelatada naqueles que

participaram da intervenção.

No tocante ao estresse, seja em um estudo de caso com

atendimento individualizado ou aplicando treinamento para mais

de um participante, como em Gramlich et al. (2018) e Cardoso et

al. (2019), respectivamente, as técnicas utilizadas favoreceram os

desfechos positivos. Numa intervenção multifacetada incluindo te-

rapia de exposição imaginária, ativação comportamental e terapia

cognitiva para depressão, a redução de manifestações clínicas

de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), das imagens

indesejadas constantemente relembradas pelo paciente e os sin-

tomas depressivos foram significativas (Gramlich et al., 2018).

149
Os autores destacaram que a viabilidade e efetividade da

técnica de Terapia de Exposição Imaginária ficou demonstrada

ao possibilitar a extinção do medo e redução da ansiedade com

um baixo número de sessões terapêuticas. O formato de inter-

venções via grupo terapêutico também potencializa diversas te-

máticas. A intervenção conduzida por Cardoso et al. (2019), com

bombeiros, reduziu os sintomas de estresse adotando como foco

o desenvolvimento de automonitoramento, habilidades sociais,

relaxamento e mindfulness.

Algumas intervenções têm importantes implicações em polí-

ticas públicas, não apenas para os dois grupos ocupacionais ora

analisados. Por isso, recomendações foram feitas de determina-

das técnicas interventivas para outras populações de trabalha-

dores cujas ocupações são tipicamente estressantes. Ademais,

há indicações de que para uma intervenção ser efetiva é exigível

que o facilitador assuma uma postura franca e sem julgamentos

com os participantes, pois isso transmite segurança. Foi igual-

mente indicado o formato multifacetado ou multicêntrico, incluin-

do medição de acompanhamento, medidas de diferentes tipos e

a análise de uma variedade de resultados secundários.

Limitações dos estudos de prevenção secundária


Dentre as limitações indicadas, a maioria está relacionada

à própria intervenção. No entanto, em um menor grau de ocor-

rências, foram observadas designações de dificuldades encon-

tradas em relação à metodologia, instrumentos e participantes. A

Tabela 6 mostra as principais limitações destacadas.

150
Categorias Principais limitações

Tabela 6
Intervenção I. Intervenção tipicamente de provisão
Principais limitações dos corretiva (por exemplo, lidar com
estudos de prevenção
problemas) e normalmente entregue
secundária
individualmente, podendo ser
Nota. Elaborada pelos trabalhosa para os profissionais;
autores.
II. Uma limitação potencial é que a
intervenção falhou em atingir indivíduos
que mais precisavam, com base na
baixa capacidade de trabalho e na alta
perda de produtividade no trabalho;
III. A intervenção pode não ser suficiente
para mudar o comportamento,
resultando em uma subestimação do
efeito;
IV. Usar dados apenas de autorrelato
para avaliar a eficácia, sem considerar
os efeitos moderadores de variáveis
demográficas como gênero, nível de
renda, etnia, anos de experiência, status
de classificação e estado civil, e traços
de personalidade.

Metodologia I. Amostra não aleatória;


II. Não foi possível realizar um desenho
duplo-cego, pois, devido à prática
de trocas comerciais e realocações
temporárias de rotina com base nas
necessidades operacionais, alguma
mistura ocorreu entre os bombeiros
designados para a intervenção aleatória
e estações de controle;
III. Tamanho da amostra pequeno,
impactando o poder e a generalização.

Instrumentos I. A confiabilidade das escalas de


autocompaixão e não reatividade em
duas medidas foi bastante baixa e,
portanto, os resultados relacionados a
essas variáveis explicativas devem ser
interpretados com cautela;
II. O estudo não usou ferramentas de
medição objetivas.

Participantes I. Os participantes perceberam que os


colegas os tratariam negativamente
se falassem sobre problemas de saúde
mental;
II. Baixa adesão (taxa de resposta à
pesquisa).

151
Discussão referente a programas de
prevenção secundária na Segurança
Pública

Esta revisão identificou e sintetizou evidências positivas

de uso de intervenções para a promoção da saúde, prevenção

primária e prevenção secundária aplicadas a duas forças de

segurança pública (policiais e bombeiros). Os dados sugerem

que as intervenções em saúde implementadas junto às duas

forças – bombeiros e policiais – são pouco exploradas pela

literatura acadêmica, visto que a quantidade de artigos encon-

trados não foi muito expressiva. De modo geral, isso dificulta a

disseminação de práticas interventivas baseadas em evidências

para promoção da saúde, prevenção e cuidado com a saúde dos

profissionais de segurança pública.

Considerando a amostra de estudos incluídos nesta revisão,

dois pontos merecem destaque. Primeiro, problemas associa-

dos a potenciais barreiras enfrentadas pelo campo de estudo,

envolvendo especialistas na área, grupos demandantes e os

formuladores de políticas públicas podem estar influenciando

negativamente o número de iniciativas na temática. Segundo, a

maioria dos estudos foram realizados em países desenvolvidos,

o fato pode estar relacionado aos casos de adoecimento popula-

cional e a atenção dada aos indivíduos nesses contextos espe-

cíficos (geográfico e situação de saúde). Segundo Nishi et al.

(2019), nos EUA e Europa, a incidência de transtornos mentais

comuns é mais elevada e o uso de serviços de saúde mental

está aumentando. As disparidades apresentadas na distribui-

152
ção dos estudos pelos contextos socioculturais traduzem uma

maior incidência de implementação dos programas em países

de alta renda de cada continente representativo, a maioria até

com projeção global. Os países de alta renda são significativa-

mente mais propensos a ter um alto número de profissionais de

saúde mental, políticas e legislação de saúde mental, autoridade

independente de saúde mental e programas de prevenção do

suicídio (Andoh-Arthur & Adjorlolo, 2021; Nishi et al., 2019). A in-

fluência de barreiras locais remete a questões pontuais. O tema

pode não despertar o interesse de muitos especialistas, pois não

há muitos trabalhos investigando a apreensão de profissionais

da segurança pública sobre o que lhe adoece (Breda & Moraes,

2020). Essas análises situacionais são essenciais para planejar

a pesquisa e a implementação de intervenções em saúde, in-

cluindo a mental (Murphy et al., 2019).

Dado o foco prioritário dos estudos em programas voltados

para a saúde mental, como foi revelado nesta revisão, o público

alvo costuma mostrar uma baixa percepção da necessidade,

resistindo a procurar assistência especializada. As barreiras de

domínio atitudinal e/ou comportamental são os principais empe-

cilhos para buscar e permanecer em tratamento entre indivíduos

com transtornos mentais comuns em todo o mundo (Andrade

et al., 2014; Lempp et al., 2018; Murphy et al., 2019). Sobre

os estudos menos frequentes, as questões de saúde física e

153
ocupacional são pouco priorizadas, isso com base no número

de estudos encontrados. A partir disso, percebe-se que pouca

atenção é dada à condição física e ao cuidado com lesões dos

profissionais das forças de segurança. Em algumas situações

críticas, a imobilização, a perseguição e o trabalho prolongado

em casos excepcionais visando conter ameaças imediatas e o

restabelecimento do ordenamento social, demandam resistência

física adequada.

Aos policiais e bombeiros, a aptidão física é um padrão de

emprego para as atividades de trabalho correspondentes (Scar-

lett et al., 2021; Taylor et al., 2015) intimamente correlacionado

ao equilíbrio da saúde mental e física de forma dinâmica, princi-

palmente, ao considerar que o desgaste de saúde costuma afe-

tar mais fortemente o público do sexo masculino e os com idade

mais elevada (Kesavayuth et al., 2022; Ohrnberger et al., 2017),

guardando estreita consonância com outros achados nesta revi-

são. O contexto laboral das forças de segurança foi o ambiente

prioritário para desenvolver as intervenções. A estratégia possui

pontos críticos, o principal argumento dessa aproximação preza

pela garantia da máxima adesão. No entanto, quem planeja a

intervenção está considerando apenas o recurso que é a infraes-

trutura para ministração da intervenção. O ambiente ocupacional

interfere no aproveitamento sob vários aspectos: i) a participa-

ção do profissional na intervenção pode ser interrompida mo-

mentaneamente para atender a demandas do trabalho; e ii) nos

dias de folga do trabalho, o profissional não clínico vai preferir

usar seu tempo em outras prioridades.

154
Propostas de intervenção para pre-
venção secundária para os profissio-
nais da segurança pública

Alinhando-se aos desfechos de saúde concretizados e

evidenciados na literatura revisada, algumas ações estruturan-

tes de cuidados em saúde física, saúde mental e ocupacional

são apresentadas:

• Incorporar um programa específico de educação em

saúde do sono e triagem de risco de distúrbios do sono às

iniciativas de saúde e bem-estar no local de trabalho para

reduzir a carga física, mental e econômica de lesões evitá-

veis relacionadas à sonolência no local de trabalho.

• Desenvolver programas de apoio entre pares com vistas

a favorecer bem-estar, reduzir o estigma e prevenir agravos

à saúde mental.

• Considerar um processo de triagem de pessoal para

priorizar àqueles que apresentam maior necessidade e/ou

que se beneficiariam do recebimento de Treinamento de

Comportamento Racional Emotivo (REBC: Rational Emotive

Behavior Coaching). Dados de validação social indicam que

o REBC ajuda os participantes a superar melhor as adver-

sidades dentro e fora do local de trabalho, os benefícios

psicológicos são amplos e positivos.

• Monitorar o risco de saúde baseado em avaliação das

medidas antropométricas dos profissionais.

155
• Incluir aconselhamento personalizado e treinamento

presencial sobre os resultados clínicos e sociais e a ava-

liação da sustentabilidade por monitoramento contínuo. O

coaching motivacional é uma medida promissora, principal-

mente, para reduzir o peso corporal.

• Avaliar a implementação do Coaching Racional Emotiva

em Saúde Ocupacional (REOHC) para elevar o bem-estar

subjetivo e a capacidade de trabalho dos profissionais. A

medida interventiva melhora significativamente a satisfação

com a vida, o afeto positivo e capacidade de trabalho e,

reduz o afeto negativo.

• Adotar intervenções multifacetadas e de entrega maciça

ou intensiva. Essa técnica acelera a recuperação de adoe-

cimentos como TEPT. Além disso, programas de tratamento

intensivo podem acomodar horários de equipes que preci-

sam retornar aptos para o serviço mais cedo.

• Organizar intervenções baseadas em atenção plena

(Mindfulness). Essa abordagem reduz os sentimentos de

estresse (tensão, impaciência e irritabilidade) e os proble-

mas de sono. A sensação de felicidade, os sentimentos

positivos (afeto positivo) e a capacidade de trabalho aumen-

tam substancialmente.

156
157
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169
PARTE II
EVIDÊNCIAS
DO CONTEXTO
LOCAL

170
171
CAPÍTULO 3
Avaliação das Demandas, Barreiras e
Propostas para Melhoria da Saúde de
Profissionais da Segurança Pública

Victoria Ayelen Gomez

Caio de Melo

Alice Miranda Bentes

Daniela Sacramento Zanini

Sheila Giardini Murta

Os problemas e queixas de saúde dos trabalhadores de

segurança pública são o foco deste capítulo. Aqui é apresentado

um levantamento das principais demandas de saúde relatadas

pelos próprios profissionais, bem como proposição de melhorias

frente às demandas encontradas. Ademais, foram ainda feitas

propostas de intervenções diante das necessidades relatadas.

Os dados abordados neste capítulo são resultados de grupos

focais, técnica de coleta de dados que se baseia nas interações

de um grupo envolvido na discussão de alguma temática es-

pecífica, tornando possível conhecer as impressões pessoais

sobre o assunto, percepções, atitudes e representações sociais

(Gondim, 2003). Dessa forma, a proposição de um tópico para

discussão em grupo permite a definição de um foco de estudo,

bem como o levantamento de opiniões e experiências advindas

das trocas, comparações e interações que acontecem entre os

participantes (Morgan, 1997).

172
Para conhecer os principais desafios relacionados à saúde

enfrentados pelos trabalhadores da segurança pública é funda-

mental escutá-los em profundidade, permitir que se expressem

e pontuem as questões do seu cotidiano laboral. Para isso foram

realizados grupos focais em 26 unidades federativas do território

nacional, cujos resultados serão apresentados ao longo deste ca-

pítulo. Para compreender os resultados, é importante esclarecer

os objetivos desta etapa da pesquisa. De maneira geral preten-

deu-se examinar a percepção dos profissionais da segurança

pública sobre os problemas de saúde mais relevantes que os

acometem. De forma específica, foram objetivos: i) obter informa-

ções sobre os problemas e queixas de saúde mais relevantes

do segmento ocupacional; ii) identificar as proposições para

melhorar os problemas de saúde segundo os próprios atores

da segurança pública; e iii) avaliar a viabilidade de implementa-

ção dessas proposições (entender quais são as barreiras e os

facilitadores das soluções propostas pelos próprios participantes).

173
Método

Para a realização desta etapa da pesquisa, duplas de pes-

quisadores(as) visitaram pessoalmente as instituições de se-

gurança pública das 27 capitais brasileiras. Além da realização

dos grupos focais, buscou-se conhecer as instalações e dialogar

com os pontos focais (que são profissionais de referência dos

órgãos de segurança de cada capital) sobre as boas práticas de

saúde já existentes, como projetos, centros, campanhas e ações

em geral. O mapeamento detalhado das boas práticas a nível

nacional é discutido no capítulo 4 deste livro.

Para a realização dos grupos focais, a SENASP enviou pre-

viamente um ofício às instituições, solicitando aos pontos focais

que organizassem o local e os participantes. Quando a quantida-

de de participantes foi insuficiente para um grupo focal (menos

de quatro indivíduos), optou-se por realizar entrevistas individu-

ais. Ao todo foram realizados 47 grupos focais e oito entrevistas

² Durante as viagens às em 25 estados brasileiros² e no Distrito Federal, entre outubro e


capitais, as instalações
das instituições do estado novembro de 2021, com a participação da Polícia Militar, Corpo
de Pernambuco foram
visitadas, tendo sido de Bombeiros Militar, Polícia Civil, Polícia Científica e Polícia
realizado o diálogo sobre
as boas práticas com os Penal.
profissionais. No entanto,
não foi possível realizar Em cada estado foram realizados dois grupos focais, sen-
grupos focais ou entre-
vistas.
do um às 9h com profissionais de saúde e o outro às 14h com

profissionais do setor de recursos humanos. Foi solicitado a

cada força da segurança pública a presença de pelo menos

dois representantes por grupo focal. Para cumprir os requisitos

metodológicos, era necessária a presença de quatro a 10 par-

ticipantes no total. Quando os requisitos não foram cumpridos,

174
optou-se pela realização de entrevistas, mantendo as mesmas

orientações e perguntas norteadoras.

Uma vez que o grupo estava reunido, os pesquisadores

explicaram que os resultados da análise desta pesquisa seriam

a base para propor planos nacionais de ação para melhoria da

qualidade de vida e valorização dos profissionais da seguran-

ça pública. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), os participantes receberam as instruções

de serem claros, objetivos e concisos ao expor suas ideias;

respeitar e ouvir as opiniões dos colegas; compreender que não

existem opiniões corretas ou erradas; perceber que a participa-

ção de todos é igual e não há hierarquia entre os participantes;

manter sigilo das informações; e participar ativamente das ativi-

dades. Uma vez que todos estavam de acordo com a participa-

ção, as perguntas norteadoras obedeceram a seguinte ordem:

1. Na opinião dos senhores e das senhoras, quais são os

problemas de saúde mais relevantes dos trabalhadores da

segurança pública no geral?

2. Pensando em cada uma das forças, há problemas de saú-

de que são mais específicos do tipo de força e desta região?

3. Existem programas e/ou ações para melhorar estes pro-

blemas de saúde? Quais proposições poderiam ser realiza-

das para melhoria destes problemas de saúde?

4. Na opinião dos senhores e das senhoras, quais são as

barreiras para implementação dessas soluções?

5. Quais são os facilitadores da implementação dessas solu-

ções? (O que poderia ajudar a implementar essas soluções?)

175
6. Considerando estes facilitadores e estas barreiras, quais

seriam as propostas prioritárias para melhoria da saúde das

suas forças de trabalho?

O tempo médio de duração dos grupos focais e entrevistas

foi de duas horas, em um total de 4.315 minutos de gravação. As

gravações foram transcritas e analisadas com auxílio do softwa-

re IRAMuTeQ.

Análise dos Dados


A análise baseou-se no método de Análise de Conteúdo de

Bardin (1997) e os dados foram processados com o software de

Interface de R pour les Analyzes Multidimensionnelles de Textes

et de Questionnaires (IRAMuTeQ) (Ratinaud, 2014). Para Bardin

(2011), a análise do conteúdo é um método empírico que tem

como objetivo analisar o que é dito utilizando a investigação do

discurso. A autora faz referência a um conjunto de técnicas de

análise da fala que faz uso de procedimentos sistemáticos pre-

viamente formulados que têm como objetivo a compreensão do

conteúdo das mensagens. O IRaMuTeQ é um software gratuito,

ancorado no ambiente estatístico do software R e na linguagem

Python, que oferece diferentes tipos de análise estatística de

dados qualitativos, possibilitando, por exemplo, a comparação

dos dados em função de variáveis e características do produtor

do texto (Carmargo & Justo, 2013). Assim, o material transcrito

das gravações dos grupos focais e entrevistas serviu como texto

passível de análises, descrições e comparações.

176
Obedecendo às exigências do IRAMuTeQ, as transcrições

foram unificadas em um único arquivo de texto, denominado

corpus textual, e salvo em formato Unicode Transformation

Format 8 bit code units (UTF-8). Posteriormente o corpus foi

revisado gramaticalmente e decodificado para padronizar siglas,

palavras compostas e termos que apresentam relevância para a

pesquisa. O recurso underline foi utilizado para manter o sentido

semântico de expressões relevantes, para que o programa não

analise cada palavra separadamente, mas sim o seu significado

em conjunto (a expressão “clima organizacional”, por exemplo,

foi decodificada como clima_organizacional).

As análises estatísticas do IRAMuTeQ e o método de aná-

lise de conteúdo de Bardin (1977) servem como subsídio para

desenvolver os resultados encontrados na realização dos grupos

focais, que também conta com a expertise dos pesquisadores e

a revisão da literatura. Assim, garantimos a descrição de resulta-

dos com o devido rigor científico e contextualização das realida-

des estudadas.

177
Resultados

O corpus textual foi submetido a três métodos de análises

no IRaMuTeQ: i) Análise Lexicográfica; ii) Estatísticas Textuais e

Classificação Hierárquica Descendente; e iii) Análise de Similitude.

Análise lexicográfica
Os resultados da análise lexicográfica apresentam caracte-

rísticas gerais do corpus textual, que podem ser vistos na Ta-

bela 1. É um tipo de análise de dados textuais mais básica, que

envolve o cálculo da quantidade, frequência e distribuição das

palavras (Camargo & Justo, 2013; Mendes, et al, 2019). Portan-

to, resulta em dados como o número de textos, número de ocor-

rências, formas lexicais e o número de hapax, ou seja, palavras

com frequência um (Camargo & Justo, 2013).

Resultados

Tabela 1
Textos 26
Descrição do corpus:
Segmentos de texto 9.578 resultados da análise
lexicográfica.
Ocorrências 338.912 Nota. Elaborada pelos
autores.
Formas lexicais 13.796

Hapax 5.824 (42,22% das formas - 1,72% das


ocorrências)

178
O corpus textual analisado possui 26 diferentes textos de

língua portuguesa (Brasil) e um total de 338.912 ocorrências

(quantidade total de palavras) com 13.796 diferentes formas

lexicais (redução das palavras em suas raízes), de acordo com

a lematização. Cada texto (unidades do corpus) representa o

conjunto de transcrições dos grupos focais e entrevistas realiza-

das em uma unidade federativa brasileira. Lematizar o corpus

consiste em deflexionar as palavras para determinar seu lema, a

partir do radical, considerando o contexto. Esse processo elimina

o final flexionado da palavra para normalizar o texto, diminuindo

sua complexidade sem comprometer a precisão (Mendes, et al,

2019). Assim, formas como “avaliei” e “avaliará” são considera-

das frequências da forma comum “avaliar”. O número de hapax

observado foi de 5.824, ou seja, 42,22% das ocorrências foram

mencionadas apenas uma vez no corpus, considerando a corre-

ção prévia de erros ortográficos.

179
Estatísticas Textuais e Classificação Hierárquica
Descendente (CHD) do Corpus Textual
A Classificação Hierárquica Descendente (CHD), ou método

de Reinert, é um processo de agrupamento de segmentos de

texto que dá origem a uma classificação (Sousa, et al., 2020).

Assim, o corpus textual é separado em diferentes classes. Seg-

mentos de texto (STs) são partes do texto que possuem uma

mesma coerência semântica, usualmente de até três linhas, con-

siderando o ambiente das palavras (Camargo & Justo, 2016).

Nesse tipo de análise, os segmentos de texto são classificados

com base na semelhança vocabular (Camargo & Justo, 2013). A

CHD é uma análise importante para a interpretação dos dados

como forma de identificar temáticas que permeiam o conjunto de

textos (Sousa, et al., 2020).

Resultados

Textos 26

Segmentos de texto 9.578 Tabela 2

Resultados estatísticos da
Formas lexicais 13.796
CHD.

Ocorrências 338.912 Nota. Elaborada pelos


autores.
Lemas 7.698

Formas ativas 7.027

Formas suplementares 656

Formas ativas com a frequência >= 5 2.395

Classes 5

Segmentos classificados 8.584 (89,62%)

180
Conforme a Tabela 2, após o processamento da CHD, o cor-

pus foi dividido em 26 textos e 9.578 STs de aproximadamente

três linhas cada, com 7.027 formas ativas e índice de retenção

de 89,62 % (segmentos classificados). O dimensionamento para

determinar a extensão dos STs foi realizado de forma padrão

pelo próprio software. Foram considerados apenas substantivos,

adjetivos e verbos como formas ativas na CHD, em atenção à

maior relevância semântica para o entendimento do contexto

analisado. Quanto ao índice de retenção, resultados maiores

que 75% são considerados um bom aproveitamento e bem

aceitos para análises no IRaMuTeQ (Ratinaud, 2014; Camargo &

Justo, 2016).

A Figura 1 apresenta um dendograma que ilustra a divisão

entre as classes propostas. A força de associação entre as pala-

vras ativas e sua respectiva classe é medida através do teste de

qui-quadrado (χ2) de Pearson com resultado maior que 3,84, re-

presentando um valor de p < 0,05 (Salviati, 2017). Quanto maior

o seu valor, mais provável a hipótese de dependência entre a

palavra ativa e a classe (Carvalho et al., 2020). Os retângulos

coloridos representam a organização do material de texto em

classes que possuem relações entre si, sinalizadas pelas retas

de ligação. As palavras no topo da lista e com maior tamanho

possuem mais influência na classe.

181
Classe 1 Classe 3 Clas
Principais problemas de saúde Dificuldades para a promoção Programas exi
da saúde promoçã

17,3% 18,4% 11,5

Figura 1
A análise pela CHD do corpus textual revelou cinco diferen-
Classificação desenvolvi-
da pela análise de CHD.
tes classes, que foram nomeadas por consenso entre os pesqui-
Nota. Elaborada pelos
autores. sadores com base na composição das palavras e dos discursos

Legenda. Palavras unidas predominantes, representando os temas centrais de cada clas-


com underline (_) devem
ser entendidas conforme se. As classes lexicais receberam as seguintes nomeações:
o sentido semântico da
expressão (doença_men- Classe 1: Principais problemas de saúde
tal, consulta_psicológica,
concurso_público, etc.). Classe 2: Programas existentes para a promoção da saúde

Classe 3: Dificuldades para a promoção da saúde

Classe 4: Proposições para a melhoria da saúde

Classe 5: Facilitadores para a promoção da saúde

Uma primeira análise nos permite observar que a classe 1

(principais problemas de saúde) aparece destacada das demais,

182
sse 2 Classe 5 Classe 4
istentes para a Facilitadores para promoção Proposições para a melhoria
ão de saúde de saúde da saúde

5%
24,6% 26,2%

mostrando seu caráter protagonista no discurso, que se ramifi-

ca em quatro outras classes. Enquanto as classes 2 e 3 / 4 e 5

apresentam conteúdos mais próximos, a classe 1 está relacio-

nada a todas de maneira mais ampla. Lembrando que o tema

central de discussão é a saúde dos servidores, o tema saúde é o

principal eixo de correlação entre todas as classes.

A seguir apresentamos detalhes sobre as interpretações

provenientes da CHD. As evidências empíricas (EE) que su-

portam as interpretações foram agrupadas em quadros resumo

conforme categoria de interesse e mais altos valores de escore

de cada ST em cada classe.

183
Classe 1: Principais problemas de saúde
A classe 1 aparece ressaltada das demais e indica o princi-

pal foco do discurso dos servidores. Seu conteúdo remete aos

principais problemas de saúde enfrentados pelas instituições,

que estão relacionados à saúde mental, problemas osteomuscu-

lares, cardiopatias, diabetes, obesidade e dependência química.

Apesar de encontrarem correlação desses problemas com a

natureza do seu trabalho, os profissionais se questionam como

poderiam ser minimizados ou evitados, o que aparece também

nas outras classes identificadas pela CHD.

Entre os problemas relacionados à saúde mental destacam-

-se a depressão, crises de ansiedade, estresse, suicídio e bur-

nout. Contextualizando algumas palavras que se destacam na

Figura 1, as doenças acabam levando ao “afastamento”, o que

prejudica a instituição como um todo e reforça a necessidade de

programas preventivos. As demais palavras estão diretamente

relacionadas a doenças específicas. Foram observados tam-

bém discursos onde doenças mentais estavam relacionadas a

problemas osteomusculares (Tabela 3). Essa relação pode ser

entendida de forma direta, quando o corpo é prejudicado pelo

excesso de estresse, por exemplo, elevando a pressão arterial

e a presença de hormônios agressivos; e de forma indireta,

quando a depressão diminui o empenho do profissional e facilita

a ocorrência de lesões. Além da saúde física e mental estarem

estreitamente relacionadas, deve-se considerar a saúde de

forma ampla em sua multidimensionalidade, que também abarca

temas familiares, de valorização e de sobrecarga no trabalho. A

sobrecarga de trabalho ocorre principalmente pelo efetivo redu-

zido das instituições, que acaba sendo insuficiente para atender

a todas as demandas, segundo os entrevistados.

184
Escore por ST Evidência Empírica

4128.59 são as cardiopatias problemas de hipertensão gravíssimos


depressão estresse ansiedade e suicídio só complementando
é basicamente o que ele falou mais a doença_mental que é a
ansiedade toda doença_mental

4057.16 lá na instituição é um pouco diferente nós temos problema com


dependência_química muito muito álcool mesmo temos
doença_mental temos burnout ansiedade depressão estresse
muito muito muito mesmo

4027.28 problemas_osteomusculares, doença_mental ansiedade e


depressão juntando isso tudo aqui a gente percebe muito que
problemas psiquiátricos e doença_mental não são específicos
só da nossa junta_médica de modo geral no país inteiro tem esse
problema

3907.20 então isso gera toda uma questão de doença_mental, doença_


mental e o que mais aparece é depressão e ansiedade, mas
tem outras questões falando de saúde_mental que às vezes
aparecem, mas muito raramente uma esquizofrenia doenças
mesmo do adoecimento em relação a sobrecarga_de_trabalho

3895.96 nós temos o maior índice de afastamento por problemas_


osteomusculares problemas relacionados a coluna e joelho 35%
de afastamentos nas juntas são relacionados à doença_mental,
mas percebemos que os problemas_osteomusculares estão
relacionados à doença_mental estão interligados

Tabela 3
Classe 4: Proposições para a melhoria da saúde
Resultados estatísticos da
O principal tema abordado na Classe 4 (melhor exemplificado CHD.

na Tabela 4) é a necessidade de políticas de promoção da saúde, Nota. Elaborada pelos


autores.
a qual compreende propostas feitas pelos participantes para a
Legenda. Cada classe
melhoria da saúde dos trabalhadores, justificando sua nomencla- possui distinta variação
de escore. O negrito
aponta ênfase dada pelos
tura. Os participantes destacam a necessidade de maior investi-
pesquisadores(as).
mento na área de promoção da saúde, além de que a utilização

dos recursos já existentes seria facilitada se houvesse uma verba

específica direcionada para a saúde. A implementação dessas

políticas também seria facilitada com a criação de comissões de

qualidade de vida, para que haja permanência das ações inde-

pendente da gestão, uma vez que a falta de interesse do gestor é

apontada como um grande dificultador de sua implementação.

185
O efetivo reduzido, outro empecilho apontado, seria resol-

vido com a criação de mais concursos públicos, expressão que

aparece em destaque na Figura 1, assim como palavras a ela

correlacionadas, como “entrar”, que se refere a entrar na insti-

tuição, “ano” (de entrada), “curso” (de formação), “sair” (referen-

te à alta evasão), “passar” (aprovação no concurso), “querer”

(vontade de permanecer), “salário” (como fator decisivo de

permanência ou desistência), “preparar” (necessidade de melhor

preparo para exercer a função). Assim, percebe-se a complexi-

dade envolvida com o tema da contratação. Os profissionais se

queixam que trabalham sempre muito abaixo do efetivo ideal e

os concursos públicos costumam ser insuficientes para suprir

as necessidades da corporação, pois a quantidade de novos

ingressantes é inferior ao desfalque no momento da contratação.

Além disso, comentam que muitos aprovados permanecem por

pouco tempo porque costumam usar o concurso como “ponte

para algo melhor”, o que em alguns casos reflete as condições

de trabalho precárias que são insuficientes para despertar inte-

resse em continuar na instituição.

Outro aspecto diz respeito à necessidade de um melhor

processo de seleção, para aprovar pessoas que tenham carac-

terísticas adequadas ao ofício, pois muitas pessoas selecionada,

com pouco tempo de serviço, entram com atestados médicos

relacionados à falta de aptidão para o cargo, como depressão

ou transtorno de ansiedade por vivenciar experiências comuns

no cotidiano, por exemplo, situações de violência. Essas foram

as principais problemáticas relacionadas ao tema “concurso

público”, que aparece como uma solução ao efetivo reduzido,

desde que se tenha em conta a discussão mencionada. Ou seja,

não basta fazer mais concursos, é preciso melhorar o processo

186
de seleção dos profissionais e oferecer melhores condições de

trabalho para que queiram permanecer na instituição, incluindo

ações preventivas e de manutenção da saúde, diminuindo assim

os pedidos de exoneração e atestados. Os problemas de saúde

aparecem, portanto, de forma multidimensional, parte podendo


Tabela 4
ser solucionados por políticas de saúde internas, que sejam Evidências empíricas da
Classe 4: proposições
perenes, ajudando os profissionais nos desafios do ofício; parte para melhoria da saúde.

sendo solucionados por selecionar profissionais com recursos Nota. Elaborada pelos
autores.
psicológicos compatíveis ao cargo e oferecer condições de
Legenda. Cada classe
possui distinta variação
trabalho que despertem o desejo de permanência, o que acaba
de escore. O negrito
aponta ênfase dada pelos
afetando a saúde positivamente. pesquisadores(as).

Escore por ST Evidência Empírica

828.14 acho que objetivamente os prós é você ter uma política de


promoção_de_saúde gestão de saúde os planos táticos os planos
estratégicos das instituições para promoção_de_saúde isso é
positivo dentro das nossas instituições porque existem projetos
existem planos já inclusive a nível estratégico de comando

822.96 não talvez até essa falta de prioridade de alguns gestores com
relação ao bem estar dificulta essa realocação não que eles não
achem importante mas há demandas que digamos são mais
relevantes pra gestão dele deixando outras em segundo plano
pela situação_financeira

790.69 acho que a barreira é a falta de interesse do gestor e o facilitador é


ser criado uma comissão para fazer um estudo e ver que tem de
interessante e criar algo para melhorar essa qualidade_de_vida
de cada um e com isso dos necessitados

786.61 vontade política de fato detida por uma lei o olhar uma gestão a
nível micro e macro eu acho que falta de gestão falta um olhar
diferenciado porque material para se levantar as demandas já
tem é só olhar

786.61 sem esse investimento a gente não consegue trabalhar e aí isso é


uma reclamação no nível de gestores contemplar uma verba
específica para saúde isso é muito importante outra questão
de obstáculos é o efetivo_reduzido falta de pessoal da área_da_
saúde dinheiro

187
Classe 5: Facilitadores para a promoção da saúde
A classe 5 (com evidências descritas na Tabela 5) está es-

treitamente ligada à classe 4, como observado na Figura 1, mas

o discurso está mais centrado nos facilitadores para a imple-

mentação das proposições. Observa-se, portanto, relatos sobre

cursos de formação internos das instituições (Tabela 5), seja

para ascensão profissional (o que se converte em valorização

profissional e melhores condições de trabalho) ou para trabalhar

diretamente a qualidade de vida, como educação financeira (aju-

dando ao não endividamento) e preparação para a aposenta-

doria. Entendemos que os cursos de formação são práticas que

facilitam a promoção da saúde de forma direta ou indireta.

As palavras de destaque no dendograma da CHD (Figura

1) para a classe 5 nos ajudam a entender melhor o contexto dos

cursos de formação. “Política” e “gestor” denotam como esses

cursos dependem do interesse da gestão, o que é visto como

“obstáculo” e “oportunidade” ao mesmo tempo. Assim, para o

bom andamento de programas de saúde vê-se a necessidade

de se criar uma “política institucional” para garantir sua estabi-

lidade e manutenção; ficando menos suscetíveis às variações

de gestores. “Saúde” e “importante” são palavras que ressaltam

a importância dessas formações para a saúde, mas para isso é

necessário “recurso”. Os cursos são vistos como uma “oportu-

nidade” para “melhorar” a “saúde”, mas dependem da “vontade”

do “gestor” ou “político”, e por vezes também são dificultados

pelo excesso de “burocracia”. Vemos mais uma vez como a ins-

tabilidade dos projetos de promoção da saúde afetam negativa-

mente os servidores da segurança pública, que veem nos cursos

de formação uma oportunidade positiva.

188
Escore por ST Evidência Empírica

695.90 “agora no curso de formação oficial e o cfc o cfs, aí realmente se é


cobrado a cada 10 anos pra poder fazer o chc ou chs e tem uma
ascensão se você não passou em nenhum concurso_público”

673.57 “então a partir daí eu vou usar a minha profissão como exemplo o
cara conseguiu concluir o curso de medicina e por situações da
vida ele resolveu fazer o concurso_público pra praça combatente
lá no quartel e aí entrou como soldado”

655.23 “não é coisa pra fazer no curso de progressão que você está fazendo
de forma obrigada é envolvendo para que as pessoas cheguem
a essa conclusão eu já tenho alguns anos de polícia então eu não
sei te falar como que ficou de lá pra cá”

653.88 “é exatamente porque quando a gente passa num curso de


formação e assume ganha o primeiro salário é pra se endividar
não é pra sair do endividamento então é uma bola de neve que
não vai ter volta nunca”

605.92 “faltando dois anos para o profissional de reserva se aposentar ele


vai passar por um curso com aulas sobre empreendedorismo
aulas psicológicas e sobre psicologia com o objetivo de trabalhar
o que o servidor vai fazer após a aposentadoria”

Tabela 5
Classe 3: Dificuldades para a promoção da saúde
Evidências empíricas da
Os discursos predominantes na classe 3 se referem à falta Classe 5: facilitadores
para a promoção da
de equipes especializadas de saúde (Tabela 6), o que entende- saúde,

-se como uma dificuldade para sua promoção. Devido à quanti- Nota. Elaborada pelos
autores.
dade insuficiente de profissionais, o atendimento muitas vezes
Legenda. Cada classe
possui distinta variação
limita-se a um caráter emergencial curativo e deriva em trata- de escore. O negrito
aponta ênfase dada pelos
mentos externos, o que dificulta a adesão. Podemos observar pesquisadores(as).

na Figura 1 o destaque das palavras “psicólogo”, “atendimento”,

“psiquiatra”, “assistência social”, “fisioterapeuta” e “enfermeiro”,

que reforçam a necessidade desses profissionais.

A adesão a tratamentos de saúde mental apresenta dificul-

dades específicas, visto a importância do vínculo entre paciente

e terapeuta. Além disso, também se observa um elevado escore

para o discurso referente à identidade institucional. Muitos agen-

189
tes da segurança pública relatam que a analogia de sua função

com o heroísmo é negativa para a saúde, com pensamentos

como “superiores ao tempo”, quando os operadores de segurança

pública precisam enfrentar diversas situações, sem que possam

reclamar, como por exemplo, as intempéries climáticas, frio, sol

intenso, chuva, dentre outras, sendo impedimentos da busca por

auxílio médico, principalmente em temas relacionados à saúde


Tabela 6

Evidências empíricas da mental. A postura pejorativa dos colegas inibe o pedido por ajuda,
Classe 3: dificuldades
para a promoção da o que é agravado quando o local de atendimento é próximo a ou-
saúde
tros setores, colocando em evidência o paciente. Nesse sentido,
Nota. Elaborada pelos
autores. locais de atendimento distantes da corporação, em ambiente es-
Legenda. Cada classe
pecífico para o tratamento, facilitam sua adesão e eficácia, assim
possui distinta variação
de escore. O negrito
aponta ênfase dada pelos
como campanhas de conscientização sobre temas relacionados à
pesquisadores(as).
saúde mental, como suicídio, depressão e ansiedade.

Escore por ST Evidência Empírica

2459.16 “não só administrativo o pessoal de atendimento psicólogo,


enfermeiro assistente social médico eles estão piores a gente
percebe que essa identidade institucional que está sendo criada
ela está muito vinculada à polícia”

2393.58 “assistência_social só tem eu nós temos quatro psicólogos nós temos


três médicos cada um na sua área específica é um clínico geral
uma que atende a saúde da mulher e o outro que é o psiquiatra”

2347.20 “nós precisamos de psiquiatra com urgência onde nós temos nossa
perícia lá temos também um atendimento ambulatorial não
temos justamente os psiquiatras e os psicólogo para acolher e
atender os profissionais”

2243.82 “como já foi falado de manhã nós não temos psiquiatra nós temos
duas psicólogas que têm dado conta do atendimento pelo
menos o atendimento curativo mas nós não temos psiquiatra às
vezes a psicóloga atende e indica que ele precisa de tratamento
medicamentoso”

2172.98 “a respeito do que já existe nós temos atendimento aos servidores


de fisioterapia de psicologia tanto no sistema mesmo como tem
um psicólogo que atende no consultório dele e ”

190
Classe 2: Programas existentes para a promoção da
saúde
Na classe 2 (com evidências apresentadas na Tabela 7) pro-

posta pela CHD, vê-se discursos relacionados aos programas de

promoção da saúde já existentes nas instituições, com ênfase na

oferta de serviços de assistência social e psicológica. Vale res-

saltar que na maioria das instituições esses serviços aparecem

de forma isolada, sem uma estrutura sólida que permita abarcar

as reais necessidades da instituição, acabando por caracterizar-

-se como paliativos. Assim, sugere-se que “poderiam ser institu-

cionalizados programas e ações”, para que ganhem perenidade

e amplitude para contemplar todos os profissionais. Também

ressaltam projetos e programas em parceria com universidades

públicas e privadas, tanto a nível de produção de conhecimento

para fundamentar novas práticas, como para facilitar atendimen-

tos médicos por meio de estágios ou convênios.

Pelas palavras destacadas na Figura 1, contextualizando-as

no discurso, observa-se que “centro” se refere ao núcleo de dife-

rentes programas já existentes, “prevenção” aparece ao mesmo

tempo como uma necessidade e atual dificuldade, por razões já

descritas na classe 3, devido ao fato de os programas assumi-

rem um caráter mais “curativo”. Alguns projetos existentes estão

relacionados à facilitação e incentivo a exercícios físicos, através

de eventos de “corrida” e construção de “academia”, por exem-

plo. “Primário” reforça a necessidade de se trabalhar a saúde

primária ou básica, o que só é possível mediante “parceria” com

outras instituições.

191
Escore por ST Evidência Empírica

1029.28 “um programa específico não tem mas nós temos ações isoladas
uma é um centro de atenção integrado de saúde assistência_
social e psicológica”

997.92 “e na minha humilde opinião acredito que poderiam sim ser


institucionalizados programas e ações e criado um centro de
atenção psicossocial ao profissional de segurança_pública e
complementasse o que já temos representado aqui fazendo
com que toda a tropa de profissionais de segurança_pública do
estado fosse contemplado”

991.47 “as universidades onde que nasce o conhecimento científico


é dentro das universidades temos programas e projetos
maravilhosos nas universidades temos escolas de governo com
poder incrível de ação porque essa comunicação não é mais
facilitada”

986.37 “quais são os trâmites em relação a um centro de veteranos e


pensionistas onde é que trava esse processo o programa
consegue reunir atores que facilitam pra que ações e programas
possam de fato coexistirem”

953.51 “seria uma coordenação clínica onde temos a ação do projeto


terapêutico, mas ali dentro tem muita coisa nós temos uma
coordenação de prevenção que tem tudo que os senhores
trouxeram aqui como necessidade como possibilidade como
ação que já está sendo efetivada”

Tabela 7
Análise Fatorial de Correspondência (AFC)
Evidências empíricas
da Classe 2: programas A partir do resultado da CHD é possível derivar uma Análise
existentes para a promo-
ção da saúde Fatorial por Correspondência (AFC), em que as classes são re-
Nota. Elaborada pelos
autores. presentadas em um plano fatorial (Sousa et al., 2020). Portanto,

Legenda. Cada classe a Figura 2 apresenta as classes e suas palavras corresponden-


possui distinta variação
de escore. O negrito tes de modo a permitir visualizar as relações entre elas. Nota-
aponta ênfase dada pelos
pesquisadores(as). -se que a independência da classe 1 (principais problemas de

saúde) com relação às outras classes é confirmada na Figura 2.

Além disso, também se confirma a interação entre as quatro ou-

tras classes, ressaltando principalmente a proximidade da classe

4 (proposições para melhoria da saúde) com a classe 5 (facilita-

dores para a promoção da saúde) e da classe 2 (programas exis-

192
Figura 2
tentes para a promoção da saúde) com a classe 3 (dificuldades Análise fatorial de
correspondência das
para a promoção da saúde). Dessa maneira, observa-se como palavras ativas das cinco
classes lexicais obtidas
o discurso dos participantes mostra as dificuldades enfrentadas a partir da classificação
hierárquica descendente
pelos programas de promoção da saúde (relação entre as clas-
Nota. Classe 1: Princi-
pais problemas de saúde;
ses 2 e 3) e indica sugestões de melhoria e facilitadores (relação
Classe 2: Programas
existentes para a pro-
entre as classes 4 e 5). Deve-se lembrar que esta separação moção da saúde; Classe
3: Dificuldades para a
assume uma função didática de entendimento do discurso, e que promoção da saúde: Clas-
se 4: Proposições para a
em diferentes níveis as cinco classes estão inter relacionadas. melhoria da saúde; Classe
5: Facilitadores para a
promoção da saúde.

193
Análise de similitude
A análise de similitude permite que seja identificada a estru-

tura do corpus por meio da indicação de conexões entre as pa-

lavras (Camargo & Justo, 2013). A Figura 3 é construída a partir

da teoria dos grafos, que leva em consideração a co-ocorrência

de palavras em segmentos de texto e demonstra como o con-

teúdo dos grupos focais e entrevistas se estruturou (Camargo

& Justo, 2013; Sousa et al, 2020). Assim, o objetivo da análise

de similitude é a identificação de estruturas e núcleos centrais

nas narrativas analisadas. A análise foi realizada com adjetivos

e substantivos, tendo em conta o interesse do estudo, e foram

consideradas as 70 primeiras palavras com maior frequência. Na

Figura 3, as palavras que estão próximas entre si em cada rami-


Figura 3

Resultado da análise de ficação estão representadas por diferentes cores, ou seja, cinco
similitude
comunidades de palavras.

194
Entende-se que o núcleo azul representa temas gerais mais

diretamente ligados às instituições, que no discurso dos partici-

pantes apareceram próximos à fala da corporação em que traba-

lham. Assim, observam-se ressaltadas: a necessidade de realiza-

ção de concurso público para aumento do efetivo; de contratação

de equipe especializada de saúde; de maior oferta de serviços e

melhor infraestrutura; além de comentários sobre os programas

e ações existentes. A palavra “interior” remete às especificidades

das regiões mais distantes dos grandes centros, que foram rela-

tadas como mais carentes de infraestrutura e serviços.

Um de seus núcleos vizinhos, de cor verde, destaca a pa-

lavra “problema”, conectada com palavras como “grande”, “saúde

mental”, “doença mental”, e “instituição”. A palavra “grande”, por

sua vez, conecta-se a vocábulos como “dificuldade” e “deman-

da”. Infere-se que o discurso acerca dos problemas de saúde

dos profissionais da segurança pública perpassou por relatos

acerca da grande dimensão das demandas e dificuldades envol-

vidas. Além disso, os participantes deixaram nítida a preocupa-

ção com problemas de saúde mental dos servidores. Interessan-

te notar como “policial” se ramifica em “atividade”, “vida polícia” e

“família”. A atividade policial é considerada por si mesma exigen-

te a nível físico, mental e emocional, o que alerta a importância

para um melhor processo seletivo e cursos de formação. O tema

familiar também foi abordado pelos participantes. Muitos relatam

como as relações familiares são prejudicadas por diversas carac-

terísticas da atividade policial, como a vivência diária de perigo,

os plantões noturnos e o excesso de estresse. Muitos servidores

são a principal fonte de sustento de uma família extensa, levan-

195
do-os a buscarem trabalhos extras, o que também prejudica sua

saúde e relações.

O núcleo amarelo, muito próximo ao verde, ressalta a do-

ença mental como principal problema, ramificando-se depois em

problemas osteomusculares, ambos como causas de afastamen-

to. De forma mais específica, vemos como a depressão, a ansie-

dade e o estresse são destacados em cadeia. A evidência de pro-

blemas específicos nos auxilia a pensar propostas de intervenção

que atendam às demandas reais dos profissionais de segurança

pública, de acordo com os relatos de suas vivências cotidianas.

O núcleo vermelho, também vizinho do núcleo azul, trata

da saúde de forma mais ampla. Destacam-se subtópicos como

“importante”, “gestor” e “projeto”. Como já evidenciado anterior-

mente na CHD, essas palavras remetem à importância do apoio

da gestão e de recursos adequados para a implementação e con-

tinuidade de ações de promoção de saúde. Por fim, percebe-se

como o núcleo lilás faz um gancho com o núcleo vermelho no que

se pode entender como a saúde do servidor de segurança pública.

A partir dessa compreensão observa-se que as questões se re-

petem com relação à importância do apoio da gestão e de equipe

especializada em saúde para maior oferta de atendimentos.

196
Conclusão

Os resultados indicam que os profissionais de segurança

pública percebem como problemas de saúde mais relevantes as

questões relacionadas à saúde mental, como depressão, ansie-

dade, burnout e estresse; doenças osteomusculares; doenças

cardiovasculares; dependência química; diabetes e obesidade.

Tais problemas podem atingir dimensões significativas, poden-

do levar a afastamentos, conflitos familiares e até suicídio, em

casos mais graves. Na tentativa de minimizá-los, diversas ações

de promoção de saúde são desenvolvidas, favorecendo também

o desenvolvimento social. No entanto, os programas atravessam

dificuldades para sua implementação e manutenção, como a

falta de equipe especializada para atendimento, a instabilidade

devido à dependência da gestão e a falta de recursos humanos,

estruturais e financeiros. Além disso, os profissionais também

relatam que para muitos companheiros pedir ajuda é sinal de

fraqueza, evidenciando estigmas com relação ao processo saú-

de-doença que dificultam a procura por cuidados, principalmente

relacionados à saúde mental.

A parceria com instituições públicas e privadas, como uni-

versidades, é vista como um facilitador da promoção da saúde.

Nesse sentido, ressaltam a necessidade de políticas voltadas

para o maior investimento em programas de prevenção e aten-

ção primária, que sejam independentes de práticas específicas

de gestões, para garantir sua continuidade. Também se vê

necessário o aumento do efetivo, de forma estratégica, conside-

rando uma melhor seleção de pessoal e incentivos relacionados

a boas condições de trabalho.

Dessa maneira, com base no estudo realizado com os gru-

197
pos focais, percebe-se que existem diversas dimensões a serem

consideradas para a proposição de diretrizes de intervenção

na saúde da segurança pública. Descrevemos abaixo algumas

sínteses:

• Formular e implementar políticas institucionais de saúde

voltadas principalmente para os problemas de saúde mais

relevantes do segmento ocupacional: saúde mental, proble-

mas osteomusculares, hipertensão, diabetes e dependência

química;

• Desenvolver programas com enfoque na prevenção e

promoção de saúde, incluindo acompanhamentos, não ape-

nas no atendimento curativo emergencial;

• Designar recursos financeiros específicos para sustentar

a institucionalização de políticas de promoção da saúde,

garantindo sua continuidade e abrangência;

• Criar e/ou ampliar equipes multiprofissionais de saúde

preparadas para a oferta de serviços de prevenção primária,

secundária e terciária à saúde;

• Melhorar as condições de trabalho por meio da amplia-

ção do número de trabalhadores e sua capacitação profis-

sional para lidar com estressores e demandas ocupacionais,

o que poderá reduzir a sobrecarga e amenizar riscos à

saúde ocupacional;

• Idealizar e implementar estratégias que proponham a

reflexão acerca da importância do trabalhador da segurança

pública buscar ajudar nos diversos âmbitos da saúde e vida

pessoal;

• Desenvolver estratégias para sensibilização de gesto-

res acerca da importância de projetos focados na saúde do

trabalhador.

198
199
Referências

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pdf

201
CAPÍTULO 4
Boas Práticas em Saúde na Área da
Segurança Pública

Amanda Vitoria Lopes

Dionne Rayssa Cardoso Correa

Ana Carolina Silva Coelho

Ranielly Pereira Barbosa

Daniela Sacramento Zanini

Sheila Giardini Murta

O objetivo deste capítulo é apresentar uma síntese das boas

práticas em saúde, que são consideradas ações, intervenções,

programas ou políticas em andamento na corporação e perce-

bidas pelos participantes como relevantes para o próprio con-

texto de trabalho, ainda que sem as necessárias evidências de

viabilidade, eficácia e efetividade identificadas. As boas práticas

em saúde foram coletadas por meio de visitas in loco realizadas

nas corporações de algumas unidades da Polícia Militar, Corpo

de Bombeiros, Polícia Civil, Polícia Científica e Polícia Penal de

todas as capitais do país. A coleta foi realizada pela equipe de

pesquisadores do Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnolo-

gias Sociais - CEPATS, vinculados ao Instituto de Psicologia da

Universidade de Brasília. A seguir, é apresentado como foi rea-

lizada a coleta de dados, como esses dados foram analisados

e de que forma as boas práticas em saúde estão presentes nas

corporações de agentes de segurança pública em todo o país.

202
Levantamento dos Dados
Este capítulo foi construído a partir da perspectiva dos

pesquisadores que realizaram visitas in loco nas instituições de

segurança pública participantes do estudo. Na ocasião, cada

dupla de pesquisadores confeccionou um relatório tendo em vis-

ta a experiência vivenciada em cada local, destacando as boas

práticas de saúde mencionadas durante as visitas e/ou grupos

focais. A partir desses relatórios foi construída uma planilha iden-

tificando as ações, intervenções ou programas focados na saúde

que existiam na organização local. Durante as visitas, os pesqui-

sadores tinham dois objetivos principais: a) conhecer as insta-

lações dialogando com os pontos focais (isto é, profissionais

de referência destacados para representar as instituições nas

respectivas UFs) sobre as boas práticas de saúde desenvolvidas

nesses ambientes visitados; e b) realizar os grupos focais com

os servidores de segurança pública convidados, cujos resultados

foram objetos do capítulo 3.

203
Foram realizadas visitas de Boas Práticas em Saúde em

todas as capitais do país, com exceção de Natal (RN), Palmas

(TO), Salvador (BA) e Macapá (AP). A Figura 1 apresenta o nú-


Figura 1
mero de intervenções de boas práticas por Unidade Federativa
Boas práticas em saúde
identificadas após levantamento. por unidade federativa

Nota. Elaborada pelos


autores.

Santa Catarina 1
Rio Grande do Sul
Sul

1
Paraná 7
São Paulo 5
Suldeste

Rio de Janeiro 2
Minas Gerais 7
Espírito Santo

Tocantins 2
Roraima 8
Rondônia 4
Norte

Pará 7
Amazonas 2
Acre 8
Sergipe 4
Rio Grande do Norte 7
Piauí 3
Pernambuco 4
Nordeste

Paraíba 3
Maranhão 3
Ceará 6
Bahia 4
Alagoas 3
Mato Grosso do Sul
Centro-Oeste

5
Mato Grosso 2
Goiás 9
Distrito Federal 12

N° de intervenções de boas práticas em saúde

204
Resultados

Serviços prestados pelas intervenções


A seguir são relatadas as intervenções de boas práticas em

saúde organizadas em 14 categorias:

• Aposentadoria: intervenções voltadas para o preparo dos

profissionais de segurança pública prestes a se aposentar.

• Assistência jurídica: intervenção que presta assistência

jurídica aos profissionais de segurança pública.

• Atendimento infantil: intervenções voltadas para o aten-

dimento dos filhos dos profissionais de segurança pública,

como creche, espaço de convivência e educação odontoló-

gica infantil.

• Atendimento multiprofissional em saúde: intervenções

que contam com mais de um serviço em saúde tendo como

exemplos mais recorrentes: policlínicas, hospitais e con-

vênios que consistem no atendimento com clínicos gerais;

especialistas e outros profissionais de saúde, como dentista,

nutricionista, fisioterapeuta, entre outros.

• Atendimento psicossocial: intervenções que atuam,

exclusivamente, no atendimento psicológico e/ou social dos

agentes de segurança pública.

• Atividade física: intervenções voltadas à promoção da

saúde física dos agentes de segurança pública.

• Fisioterapia: intervenções que realizam, exclusivamente,

o atendimento terapêutico voltada para aspectos físicos,

como o tratamento de lesões. Além de tratamentos físicos

alternativos, como equoterapia e acupuntura.

• Campanhas de conscientização: intervenções destinadas

a algum tipo de conscientização da tropa, principalmente,

205
à prevenção de doenças, como as campanhas Setembro

Amarelo e Outubro Rosa.

• Educação financeira: intervenções destinadas a ensinar

e auxiliar os agentes de segurança pública em lidar com as

finanças pessoais.

• Pesquisa: intervenções destinadas ao levantamento de

riscos à saúde no ambiente de trabalho ou demandas dos

agentes da corporação.

• Programa habitacional: intervenção voltada aos agentes

da corporação como forma de mediar questões vinculadas à

habitação.

• Rede de apoio: intervenções voltadas à convivência so-

cial e o acolhimento da tropa e dependentes.

• Religiosidade: intervenções relacionadas à espiritualida-

de dos agentes, como o serviço de capelania e a construção

de capela.

• Voluntariado: Programa que promove a seleção de volun-

tários das mais diversas áreas para a prestação de serviços

aos profissionais de segurança pública.

A seguir, na Tabela 1 é apresentada a frequência e a por-

centagem de intervenções de acordo com as categorias pro-

postas em ordem decrescente. De acordo com a Tabela 1,

atendimento multiprofissional em saúde (26%) e atendimento

psicossocial (20,5%) representam, juntas, quase metade das

intervenções de boas práticas em saúde. Esse é um resultado

esperado, visto que ambos estão voltados para a prevenção

específica e pronto atendimento dos agentes de segurança pú-

blica. Já em outro extremo, assistência jurídica (0,8%), progra-

ma habitacional (0,8%) e voluntariado (0,8%) têm apenas uma

intervenção cada. Verificou-se a ocorrência de assistência jurí-

206
dica em São Paulo, sendo a intervenção prestada a todos pro-

fissionais pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Em

relação ao programa habitacional foi citado o Programa Lares

Gerais da Polícia Civil de Minas Gerais, voltado aos agentes da

corporação. Na categoria voluntariado, verificou-se o Programa

Tabela 1 Voluntariar da Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania do


Natureza das interven- Estado de Rondônia, que promove a seleção de voluntários das
ções de boas práticas em
saúde
mais diversas áreas para a prestação de serviços aos profissio-
Nota. Elaborada pelos
autores. nais de segurança pública.

Categorias N %

Atendimento Multiprofissional em Saúde 33 26,0

Atendimento Psicossocial 26 20,5

Campanhas de Conscientização 16 12,6

Atividade Física 13 10,2

Pesquisa 10 7,9

Rede de Apoio 8 6,3

Aposentadoria 4 3,1

Educação Financeira 4 3,1

Religiosidade 4 3,1

Atendimento Infantil 3 2,4

Fisioterapia 3 2,4

Assistência Jurídica 1 0,8

Programa Habitacional 1 0,8

Voluntariado 1 0,8

Total 127 100

207
Abrangência dos serviços prestados pelas inter-
venções
Nesta seção, as intervenções de boas práticas em saúde

foram classificadas de acordo com a abrangência dos serviços

prestados e foram classificadas em duas categorias:

• Concentradas: são aquelas que prestam apenas um tipo

de serviço, por exemplo, apenas atendimento psicológico.

• Difusas: são aquelas em que há, ao menos, a prestação

de dois ou mais serviços, como policlínicas e hospitais ou até

intervenções que prestam atendimento psicossocial.

De acordo com a Figura 2, a frequência das duas categorias

são praticamente iguais: concentradas (49,6%) e difusas (50,4%).

Figura 2
Difusa
Abrangência dos serviços
prestados pelas interven-
ções de boas práticas em
saúde Concentrada
Nota. Elaborada pelos
autores.

50,4% 49,6%

208
Níveis de prevenção das intervenções
As intervenções de boas práticas em saúde foram classifica-

das de acordo com o modelo teórico História Natural da Doença

proposto por Leavell e Clark (1976). De acordo com o modelo, as

doenças vão se desenvolver ou não de acordo com a Tríade Eco-

lógica, ou seja, a depender da interação entre o agente etiológi-

co, o ambiente e o hospedeiro. Essa relação ditará se a doença

será desencadeada e, em caso positivo, como será o processo

(Westephal, 2014). O modelo é classificado em três níveis:

• Nível de Prevenção Primária: não há ainda uma doença

em desenvolvimento, aqui são previstas intervenções de

promoção da saúde e proteção específica.

• Nível de Prevenção Secundária: há hipótese de doença

em curso ou diagnóstico definido e tratamentos previstos.

São realizados exames de modo a verificar a existência de

possíveis doenças e em casos afirmativos de prontamente

iniciar o tratamento adequado minimizando ao máximo o

agravamento do quadro de saúde.

209
• Nível de Prevenção Terciária: a atuação prevista será

de reabilitação, sendo realizadas intervenções em casos de

saúde mais agravados e morte.

De acordo com a Figura 3, apresentada a seguir, a maioria

das intervenções, 50,4% (n = 64), foram identificadas como pre-

venção primária; 27,6% (n = 35) das intervenções foram identifi-

cadas como nível de prevenção secundário; 9,4% (n = 12) foram

classificadas em prevenção primária e prevenção secundária,


Figura 3
sendo realizadas intervenções em ambos os níveis; por fim,
Nível de prevenção das
intervenções de boas 12,6% (n = 16) foram identificadas permeando todos os níveis
práticas em saúde
de prevenção.
Nota. Elaborada pelos
autores.

64
N° de intervenções

35

16
12

Primária Primária Secundária Todos os Níveis


e Secundária

Níveis de prevenção

210
A pandemia da COVID-19
Em março de 2020, a Organização Mundial de Saúde

(OMS) declarou o estado de pandemia da Covid-19. Por se

tratar de um vírus com um alto grau de transmissão foram toma-

das diversas medidas, principalmente, a adoção do isolamento

social. Com exceção das atividades essenciais, o mundo todo,

incluindo o Brasil, entrou em isolamento social por longos perí-

odos em 2020 e 2021. Como prestador de serviço essencial, os

profissionais de segurança pública não tiveram suas atividades

interrompidas. Estando em exposição ao vírus, as corporações

também sofreram com os impactos da contaminação da doença.

De acordo com levantamento do Monitor da Violência, em 2020,

cerca de um quarto do efetivo de todo o país foi afastado da

função em razão da Covid-19 (Silva et al., 2021).

Apesar do grande impacto causado pela pandemia no país,

em apenas dois Estados (Minas Gerais e Roraima) houve inter-

venções de boas práticas de saúde destinadas ao atendimento

desses profissionais no período de pandemia. São eles:

• Roraima:

◦ Protocolo de acompanhamento de luto, que acompanha

os servidores e/ou familiares que passaram por luto devi-

do a Covid-19;

◦ Grupo de Apoio Covid, que oferece suporte e acolhi-

mento aos infectados pela Covid-19;

◦ Acompanhamento Covid, que disponibiliza os profissionais

de saúde da Polícia Militar para atendimento de Covid-19.

• Minas Gerais:

◦ Acompanhamento dos casos de Covid-19, que prestava

suporte médico e pessoal para os militares que testaram

positivo para a Covid.

211
Público-alvo das intervenções
Foram mapeadas as corporações que são alvo das interven-

ções identificadas nas visitas de boas práticas em saúde. Para

Figura 4 isso, verificou-se o número de vezes que a corporação foi citada


Público-alvo das inter- como público-alvo da intervenção, conforme demonstra a Figura 4.
venções de boas práticas
em saúde

Nota. Elaborada pelos


autores.

70

55
49
N° de intervenções

30

18

Polícia Militar Corpo de Polícia Civil Polícia Polícia Penal


Bombeiros Científica

Corporação

De acordo com os resultados da Figura 4, a Polícia Militar

foi a corporação com o maior número de citações como públi-

co-alvo das intervenções de boas práticas em saúde, foram 70

ocorrências. Ainda, as intervenções de boas práticas em saúde

foram categorizadas de acordo com o nível de abrangência do

público-alvo:

• Limitado: intervenções que tiveram como foco apenas

uma corporação.

• Abrangente: intervenções que tiveram como fim mais de

uma corporação.

212
Na Figura 5, observa-se que as intervenções têm um públi-

co-alvo majoritariamente limitado, posto que 65,4% das interven-

ções são concentradas em apenas uma corporação. As interven-

ções com atendimento abrangente correspondem a um terço do

total. Ou seja, a maior parte das intervenções atendem apenas

uma corporação. Não foram obtidas informações sobre o público-

-alvo de três intervenções, o que correspondeu a 2,4% do total.

Figura 5

Abrangência do público-
Sem informação
-alvo das intervenções de
boas práticas
Abrangente Nota. Elaborada pelos
autores.
Limitado

2,4%

32,3%

65,4%

Também foram mapeadas as intervenções que atendem os

familiares dos agentes de segurança pública. Assim, encon-

trou-se 32 intervenções dessa natureza. A Figura 6 apresenta a

quantidade de intervenções com essa característica por Unidade

Federativa, reunidas de acordo com a macrorregião.

213
Em todas as macrorregiões, ao menos uma Unidade Fede-

rativa possui intervenções destinadas aos familiares dos agentes

de segurança pública. Logo, essa é uma prática que aparente-

mente está sendo difundida no território nacional. Dos 32 progra-

mas, três são destinados ao atendimento infantil. Na visita a São

Paulo, foi citado um centro de convivência infantil que atende os

filhos dos profissionais de segurança pública de todas as corpo-

rações. No Ceará, também foi citada intervenção semelhante.

É uma creche que recebe os filhos dos policiais em estabeleci-

mento próprio, com equipe pedagógica e de saúde com um cus-

to baixo para os agentes. No Distrito Federal, os pesquisadores


Figura 6
levantaram um programa de promoção da saúde odontológica,
Número de intervenções
de boas práticas que
atendem aos familiares
que inclui também, a educação infantil.
dos agentes de segurança
pública por unidade da
federação

Nota. Elaborada pelos


autores.

Paraná
Sul

4
São Paulo 1
Suldeste

Rio de Janeiro 2
Minas Gerais 1
Espírito Santo 1
Roraima 2
Norte

Pará 3
Acre 2
Sergipe 1
Rio Grande do Norte 1
Piauí 1
Nordeste

Paraíba 1
Maranhão 3
Ceará 2
Bahia 1
Mato Grosso do Sul
Centro-

2
Oeste

Distrito Federal 3
214
Quem e onde são implementadas as intervenções?
As intervenções de boas práticas em saúde foram classifica-

das em relação ao agente executor:

• Agente interno: foram incluídas as ações implementadas

pelos próprios profissionais da corporação ou por órgão liga-

do à Secretaria de Segurança Pública do Estado.

• Agente externo: foram reunidas as intervenções imple-

mentadas por agentes de fora da corporação ou da estrutu-

ra da segurança pública do Estado, como, universidades e

cooperativas particulares.

As intervenções são melhor visualizadas na Figura 7, per-

cebe-se que são majoritariamente, implementadas por agentes

internos, o que representa 74,8% do total. Enquanto isso, 14,2%

das intervenções são implementadas por agentes externos. Ou

seja, a maior parte das intervenções são implementadas pela

própria corporação ou por um órgão da corporação. Em 14 ocor-

rências não houve informação sobre o agente executor da inter-

venção, o que corresponde a 11% do total.

As intervenções de boas práticas em saúde foram classifica-

das de acordo com o contexto de implementação separadas em

duas categorias:

215
• Dentro da unidade policial: são aquelas em que o local

de realização da intervenção é na própria unidade policial

• Fora da unidade policial: são aquelas que o espaço de

implementação é externo, por exemplo, tendo como local

uma universidade.

De acordo com a Figura 8, 74% das intervenções são imple-

mentadas dentro da unidade policial. As intervenções implemen-


Figura 7
tadas fora da unidade policial correspondem a 10,2% do total.
Quem implementa as
intervenções Em 15,7% das ocorrências não foi possível acessar a informa-
Nota. Elaborada pelos
autores. ção sobre o local de implementação da intervenção.

Sem informação

Agente Externo
11,0%

14,2% Agente Interno

74,8%

15,7%

10,2%

Fora da unidade
policial
74,0%

Sem informação

Dentro da unidade
policial

Figura 8

Contexto de implementa-
ção da intervenção

Nota. Elaborada pelos


autores.

216
Conclusão

Os dados analisados permitem concluir que:

• O Distrito Federal (DF) foi a Unidade Federativa na qual

foi citado o maior número de intervenções de boas práticas

em saúde.

• Das intervenções mapeadas neste estudo, nas que há

mais de um serviço, destacam-se numericamente, as que

prestam um atendimento multiprofissional em saúde, o que

reúne clínicos gerais, especialistas, dentistas, nutricionistas

e demais profissionais.

• Observa-se que a preocupação com a saúde mental dos

agentes de segurança pública é uma motivação constante

nas intervenções de boas práticas. São frequentes interven-

ções que envolvem o atendimento psicológico dos agentes,

campanhas de conscientização e prevenção, além de ativi-

dades tangenciais, mas menos frequentes, como educação

financeira e preparação para a aposentadoria.

• As intervenções oferecidas são, majoritariamente, de

promoção da saúde e/ou prevenção específica, indicando

um atendimento de nível de prevenção primário.

• A implementação das intervenções é feita majoritaria-

mente pela própria corporação ou órgão ligado à Secretaria

de Segurança Pública do Estado, logo, elas ocorrem dentro

do contexto da corporação.

• A Polícia Militar foi a corporação mais citada como be-

neficiária das intervenções de boas práticas em saúde. Em

segundo lugar foi o Corpo de Bombeiros Militar. Esse acha-

do indica um possível engajamento da corporação na pro-

moção de boas práticas em saúde.

217
• A Secretaria de Segurança Pública do Estado foi mape-

ada como o agente executor das intervenções que tem um

atendimento amplo, isto é, que são destinadas aos profissio-

nais de segurança pública de todas as corporações.

• A atuação da Secretaria de Segurança Pública do Estado

em formular intervenções de boas práticas em saúde aos

agentes de todas as corporações é imprescindível para que

os profissionais sejam beneficiados de forma equânime.

• Um quarto do total das intervenções oferece atendimento

aos familiares e dependentes dos agentes de segurança pú-

blica. Há mais de um exemplo em todas as regiões do país,

indicando uma difusão de intervenções dessa natureza.

• Os achados apontam baixa implementação de inter-

venções destinadas ao tratamento de contaminados pela

Covid-19 e/ou ao auxílio de policiais infectados e familiares;

além das ocorrências terem sido muito localizadas em Minas

Gerais e Roraima.

218
Referências

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sil.

Silva, C. R., Grandin, F., Caesar, G. & Reis T. (2021, 23 de Abril). Número de policiais

mortos com Covid-19 é mais que o dobro dos que foram assassinados nas ruas

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-de-policiais-mortos-com-covid-19-e-mais-que-o-dobro-do-de-assassinados-nas-ru-

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219
CAPÍTULO 5
Necessidades de Saúde do Trabalhador
da Segurança Pública: Uma Análise de
Dados Institucionais

Caio de Melo

Tatiele Souza de Oliveira

Diana Verônica Suárez Naranjo

Gustavo Salgueiro Rocha

Mariana da Cruz Pinto

Adrielli Santos de Santana

O presente capítulo tem por objetivo apresentar os resulta-

dos de uma pesquisa que teve por finalidade identificar dados de

gestão de saúde a partir de uma perspectiva institucional junto

a organizações da segurança pública nacional. Para isso, foram

enviados questionários para 125 instituições de segurança públi-

ca das 27 Unidades Federativas e do Distrito Federal. O objetivo

do questionário foi levantar dados referentes à gestão da saúde,

causas de óbitos, infraestrutura e assistências oferecidas aos

profissionais, de modo a identificar demandas relacionadas à

saúde do trabalhador. Foi feito também um levantamento acerca

de aspectos importantes que influenciam a prevenção e pro-

moção da saúde relacionados à esfera institucional. Ao final, 56

instituições responderam ao questionário. As questões que não

foram respondidas pela instituição ou que não havia informação

foram desconsideradas na contabilização das respostas, por isso

há uma variação no número de respostas nas diferentes pergun-

220
tas. O presente capítulo discutirá os resultados dessa pesquisa,

agrupando as informações obtidas em quatro grandes blocos: (1)

Gestão da saúde dos servidores; (2) Óbitos: frequência e causas;

(3) Programas de assistência; e (4) Infraestrutura.

Gestão da Saúde dos Servidores


Nesta seção serão apresentadas respostas a questões

como: a instituição exige que seus servidores realizem exames

toxicológicos em razão do seu trabalho? Com que frequência é

exigido que os servidores da instituição façam exames toxico-

lógicos em razão do seu trabalho? Observa-se, pela Tabela 1,

que a maioria das instituições não exige a realização de exames

toxicológicos de seus servidores, mas as poucas que exigem os

Tabela 1 realizam com uma alta frequência. Esse é um dado relevante


Exigência de exames to-
uma vez que a dependência química foi citada como um dos
xicológicos e frequência
de exames toxicológicos
principais problemas de saúde enfrentados pelas corporações
Nota. Elaborada pelos
autores. (ver Capítulo 3).

Exigência de exames N % Frequência de exames N %


toxicológicos toxicológicos

Sim 9 16,1 Quinzenalmente 1 11,1

Não 47 83,9 Somente antes do 7 77,8


ingresso na instituição
na maior parte das
situações

Outros 1 11,1

N 56 100 N 9 100

221
Os servidores utilizam a assistência à saúde oferecida
pela instituição?
Quanto ao uso dos serviços de saúde oferecidos pela ins-

tituição, apesar da maioria dos respondentes afirmarem que os

servidores utilizam tais serviços, atenta-se ao número elevado

de respostas para “ninguém usa” e “a minoria usa” (Tabela 2).

Deve-se questionar as razões para o não uso dos serviços,

uma vez que visam facilitar o acesso a tratamentos. Infere-se

a partir dos grupos focais (descritos no Capítulo 3) que alguns

profissionais podem se sentir incomodados em usar os serviços

oferecidos pela instituição, devido ao estigma que a busca por

ajuda gera no contexto da segurança pública, principalmente

tratando-se de saúde mental. Também houve relatos indicando a

desistência pela falta de profissionais suficientes, o que gerava

uma grande espera para o atendimento.

Tabela 2
Utilização assistência à N %
saúde Utilização pelos servido-
res da assistência à saúde
Sim Ninguém usa 14 25
Nota. Elaborada pelos
autores.
A minoria usa 13 23,2

Cerca de metade usa 4 7,1

A maioria usa 24 42,9

Todos usam 1 1,8

N 56 100

222
A Tabela 3 sumariza as respostas obtidas às perguntas:

A instituição possui um setor de saúde? A instituição realiza a

gestão da saúde de seus servidores? A maioria das instituições

afirma possuir um setor específico de saúde, no entanto, muitos

parecem não realizar a gestão da saúde dos servidores. Esta

informação é relevante para ressaltar a importância da criação


Tabela 3
de equipes de saúde especializadas dentro das instituições a fim
Existência de setor de
saúde e gestão de saúde de favorecer o desenvolvimento de ações de promoção, monito-
Nota. Elaborada pelos
autores.
ramento e intervenção em saúde.

Existência de setor de N % Gestão de saúde N %


saúde

Sim 38 67,9 Sim 27 48,2

Não 18 32,1 Não 29 51,8

N 56 100 N 56 100

223
A Tabela 4 apresenta a resposta à pergunta: a instituição

avalia os dados da gestão de saúde para a proposição de políti-

cas internas de saúde? A maioria das instituições não utiliza os

dados da gestão de saúde para a proposição de políticas inter-

nas de saúde. Acredita-se que isso esteja relacionado à instabi-

lidade das políticas de saúde, que dependem dos interesses da

gestão e não têm garantia de continuidade. Além disso, como

se observa na pergunta anterior, a maioria das corporações não

realiza a gestão da saúde de seus servidores, o que seria funda-

mental para a proposição de políticas internas.

Proposição de políticas Tabela 4


N %
internas de saúde Proposição de políticas
internas de saúde
Sim 22 39,3
Nota. Elaborada pelos
autores.
Não 34 60,7

N 56 100

Óbitos: frequência e causas


Nota-se que a quantidade de óbitos fora do horário de trabalho

é consideravelmente superior aos óbitos em horário de trabalho,

assumindo uma média de 295 mortes por ano (Figura 1, item a)

em comparação a 16 mortes por ano (item b), aproximadamente.

Ao analisar as causas dos óbitos entre 2015 e 2020, nota-se

como as doenças físicas (Figura 2, item b) assumem o prota-

gonismo, apresentando grande crescimento desde 2018 e uma

média de 240 mortes por ano. Em muitos casos essas doenças

224
poderiam ser tratadas com os atendimentos adequados e um

acompanhamento da saúde do servidor poderia auxiliar, inclusi-

ve, na prevenção. Vale ressaltar que algumas causas de óbito,

como as doenças mentais, apesar de aparecerem com incidên-

cia relativamente baixa, prejudicam com grande intensidade a


Figura 1 qualidade de vida dos servidores. Óbitos por suicídio (Figura 2,
Frequência de óbitos
entre 2015 e 2020 item e) aparecem com a segunda maior frequência (média de

Nota. Elaborada pelos 31 suicídios por ano). A Figura 3 detalha as especificidades dos
autores.
óbitos por suicídio.

553

340
297

200 206
172

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(a) Óbitos fora do horário de trabalho

23
21
17
16

10
8

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(b) Óbitos em horário de trabalho

225
Figura 2

Causas de óbitos entre


2015 e 2020

Nota. Elaborada pelos


autores.

23

14
11 12
9 9

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(a) Óbitos por homicídio

17
16

13 13
12 12

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(d) Óbitos por função do serviço

226
392
387

267

145
137
113

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(b) Óbitos por doenças físicas

15 15 15

9 10
8

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(c) Óbitos por transtornos mentais

38 38

34
28
25 26

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(e) Óbitos por suicídio

227
Figura 3

Especificidades dos
óbitos por suicídio entre
2015 e 2020

Nota. Elaborada pelos 29


autores. 26
24 24

18
16

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(a) Suicídios com arma de fogo

11
10
8
6 6 6

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(d) Suicídios em ambiente de trabalho

228
10
8 8
7
6 6

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(b) Suicídios dentro do horário de trabalho

30
27
26

22
20 20

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(c) Suicídios fora do horário de trabalho

31 31
29
27

23
20

2015 2016 2017 2018 2019 2020

(e) Suicídios fora do ambiente de trabalho

229
Existe algum programa de prevenção ao suicídio na
sua instituição?
De acordo com os respondentes, a maior incidência de

suicídios ocorre fora do ambiente (Figura 3, item c) e do horário

de trabalho (Figura 3, item d). Em muitos casos, com o uso de

arma de fogo (Figura 3, item a). É importante refletir sobre as

possíveis causas do suicídio, bem como ações preventivas para

evitá-lo. Algumas instituições relatam ações nesse sentido, com

palestras e equipes de saúde mental especializada, mas em âm-

bito nacional percebemos que ainda existe uma grande carência

na prevenção ao suicídio, o que pode ser observado na Tabela

5. O suicídio tem causas multifatoriais como o excesso de es-

tresse, superendividamento e conflitos familiares, problemas

que foram relatados nos grupos focais (Capítulo 3). No entanto,

deve-se evitar fazer associações deterministas e entender o

profissional em sua multidimensionalidade.

Programa de prevenção Tabela 5


N %
ao suicídio Programa de prevenção
ao suicídio
Não existe 31 59,6
Nota. Elaborada pelos
autores.
Outros 21 40,4

N 52 100

230
Programas de assistência pós-óbito
Com relação aos programas de assistência pós-óbito, verifi-

ca-se que a maioria das instituições oferece homenagem ao fa-

lecido (Tabela 6), mas uma minoria oferece assistência religiosa

(Tabela 9) e acompanhamento a familiares e colegas (Tabelas 7

e 8). Essas ações podem ser reforçadas visando contribuir para

o bem-estar familiar e institucional, além de também ajudar a

prevenir doenças, principalmente relacionadas à saúde mental.

Quanto à assistência religiosa, alguns participantes da pesquisa

reforçaram sua importância como proposição para melhora da

saúde em geral. Na Tabela 6 são apresentadas as respostas às


Tabela 6
perguntas: A instituição realiza alguma homenagem ao servidor
Realização e frequência
de homenagens falecido em serviço? Se sim, com que frequência isto ocorre?
Nota. Elaborada pelos
autores.

Realização de N % Frequência de N %
homenagem homenagem

Sim 31 59,6 Em todas as situações 28 90,3

Não 21 40,4 Na maior parte das 3 9,7


situações

N 52 100 N 31 100

231
A Tabela 7 apresenta as respostas para a questão: A institui-

ção disponibiliza assistência religiosa/de credo para prestar algum

tipo de acompanhamento pós-óbito para colegas e familiares?

Disponibilização de Tabela 7
N %
assistência religiosa Disponibilização de
assistência religiosa
Não existe 16 30,8 para colegas e familiares
no acompanhamento
pós-óbito
Outros 36 69,2
Nota. Elaborada pelos
autores.

N 52 100

Já as Tabelas 8 e 9 mostram as respostas às seguintes per-

guntas: Tabela 8 - Existe algum programa de acompanhamento

com intenção de assistir o(s) dependente(s) pós-morte do servi-

dor? Existe algum programa de acompanhamento com intenção Tabela 8

de assistir os colegas de trabalho pós-morte do servidor? Tabela 9 Programa de acompa-


nhamento para depen-
- A instituição disponibiliza assistência religiosa/de credo de algu- dentes e colegas de
trabalho
ma natureza? Como, por exemplo, capelães, padres, pastores, etc. Nota. Elaborada pelos
autores.

Programa para N % Programa para colegas N %


dependentes

Sim 21 40,4 Sim 18 34,6

Não 31 59,6 Não 34 65,4

N 52 100 N 52 100

232
Tabela 9 Assistência religiosa N %
Disponibilização de
assistência religiosa
Sim 19 36,5
Nota. Elaborada pelos
autores.
Não 33 63,5

N 52 100

No caso da Tabela 10, são apresentadas as respostas para

os questionamentos apresentados: Existe algum programa de

assistência jurídica com intenção de assistir os integrantes da

instituição? Em caso positivo, o programa de assistência jurídica

é avaliado de maneira sistemática? Conforme observado, pou-

cas instituições oferecem assistência jurídica aos seus integran-

tes (apenas 6 dos 48 respondentes), cabendo avaliar o impacto

que maior assistência teria no bem-estar e qualidade de vida

dos profissionais, uma vez que problemas jurídicos podem ser

Tabela 10 um grande fator de estresse e a assistência despertaria também


Programa de assistên- maior sensação de acolhimento institucional.
cia jurídica e avaliação
sistemática

Nota. Elaborada pelos


autores.

Assistência jurídica N % Avaliação sistemática N %

Sim 6 12,5 Sim 3 50,0

Não 42 87,5 Não 3 50,0

N 48 100 N 6 100

233
Na Tabela 11 são apresentadas respostas para os ques-

tionamentos: Existe algum programa de preparação para a

aposentadoria na sua instituição? Nos últimos 2 anos, qual o

percentual de servidores aposentados que retornaram às ativi-

dades? Poucos participantes relatam haver programas de pre-

paração para a aposentaria em suas instituições. Sabemos que

a preparação para a aposentadoria é um programa de sucesso

nas instituições que o fomentam, conforme o mapeamento de

boas práticas (Capítulo 4). Também se observa que o percentual

de retorno às atividades após a aposentadoria é baixo. Entende-


Tabela 11
-se que os programas de preparação ajudam os profissionais a
Programa de preparação
ressignificarem suas vidas em um momento importante de sua para a aposentadoria e
percentual de servidores
trajetória pessoal, favorecendo hábitos saudáveis que repercu- aposentados que retor-
naram às atividades nos
tem em seu bem-estar pessoal e familiar. Também favorece o últimos 2 anos

Nota. Elaborada pelos


sentimento de pertencimento e acolhimento institucional. autores.

Programa de Porcentagem de
preparação para a N % servidores que N %
aposentadoria retornaram

Sim 12 25,5 Sim 43 91,5

Não 35 74,5 Não 2 4,3

Não 2 4,3

N 47 100 N 47 100

As respostas à pergunta: “Existe algum programa para

obtenção de moradia ou casa própria voltado à sua instituição?”

estão apresentadas na Tabela 12. Observa-se que os programas

para obtenção de moradia são quase inexistentes nas institui-

ções de segurança pública a nível nacional.

234
Tabela 12 Programa de obtenção N %
Programa de obtenção de de moradia
moradia
Sim 2 4,3
Nota. Elaborada pelos
autores.
Não 45 95,7

N 47 100

Infraestrutura
Neste tópico, buscou-se identificar o quanto que as insti-

tuições de segurança pública possuem recursos institucionais

de infraestrutura satisfatórios. Isso porque o desequilíbrio entre

recursos e demandas tende a afetar negativamente a qualidade

de vida e saúde global de servidores. Na Tabela 13 são apresen-

tadas as respostas para as seguintes questões: Existem avalia-

ções periódicas dos ambientes de trabalho da sua instituição?

Em caso afirmativo, são realizadas melhorias baseadas nessas

avaliações quando necessário? Poucas instituições realizam

avaliações periódicas dos ambientes de trabalho, o que pode

facilitar acidentes de trabalho e problemas de saúde relacio-


Tabela 13
nados à insalubridade e periculosidade das instalações. Das
Avaliações periódicas e
melhorias baseadas nas
instituições que afirmam realizar avaliações periódicas, todas as
avaliações

Nota. Elaborada pelos utilizam para promover melhorias.


autores.

Avaliações periódicas N % Melhorias baseadas nas N %


avaliações

Sim 9 22,0 Sim 9 100,0

Não 32 78,0 Não 0 0

N 41 100 N 9 100

235
A Tabela 14 apresenta as respostas às perguntas: Com

que frequência são realizados reparos na infraestrutura de sua

instituição? Com que frequência é realizada reposição e manu-

tenção dos equipamentos na unidade? A maioria das instituições

realiza reparos, reposição e manutenção sempre que necessá-

rio. No entanto, o número de respostas para “apenas em caso

de extrema necessidade” também é elevado. Assim, salienta-se

a necessidade de maior atenção para esse tópico, uma vez que


Tabela 14
a manutenção tardia de instalações pode deixar os profissio- Frequência de reparos
na infraestrutura e de
nais em condições pouco favoráveis para a realização de suas reposição e manutenção
dos equipamentos
atividades profissionais, aumentando o estresse e diminuindo a
Nota. Elaborada pelos
qualidade de vida no trabalho. autores.

Frequência de reparos N % Frequência de reposição N %


na infraestrutura e manutenção

1 vez ao ano 1 2,4 1 vez ao ano 3 7,3

Sempre que necessário 21 51,2 Sempre que necessário 23 56,1

Menos de uma vez ao 2 4,9 Apenas em casos de 15 36,6


ano extrema necessidade

Apenas em casos de 17 41,5


extrema necessidade

N 41 100 N 41 100

236
As respostas às perguntas “Os servidores de sua instituição

possuem local para repouso/descanso no ambiente de traba-

Tabela 15 lho se/quando necessário? Há leitos suficientes para repouso/


Local e leitos de descan- descanso dos servidores?” estão apresentadas na Tabela 15.
so no ambiente de traba-
lho para os servidores Nota-se que a maioria das instituições dispõe de local adequado
Nota. Elaborada pelos
autores.
para descanso e leitos suficientes para o efetivo.

Possui local de % Disponibilidade dos %


N N
descanso leitos de descanso

Possui 30 73,2 Não há leitos (ou estão 1 3,3


quebrados ou
indisponíveis para
manutenção)

Não possui 11 26,8 Os leitos que existem 9 30,0


são insuficientes

Os leitos que existem 19 63,3


são suficientes

Existem mais leitos do 1 3,3


que o necessário

N 41 100 N 30 100

A Tabela 16 apresenta as respostas às perguntas: Em que

medida as unidades de sua instituição em seu estado, possuem

acessibilidade para portadores de deficiência física, visual e au-

ditiva? As respostas indicam a pouca acessibilidade às deficiên-

cias física, visual e auditiva para a maioria das instituições. Entre

as três, o mais frequente é encontrar alguma acessibilidade à

deficiência física, mas chama atenção que a total acessibilidade

é praticamente inexistente.

237
Deficiência física Deficiência visual Deficiência auditiva
Acessibilidade
N % N % N %

Nenhuma 1 2,4 15 36,6 21 51,2


acessibilidade

Pouca acessibilidade 15 36,6 18 43,9 16 39,0

Algumas acessibilidade 22 53,7 7 17,1 3 7,3

Muita acessibilidade 2 4,6 - - - -

Total acessibilidade 1 2,4 1 2,4 1 2,4

N 41 100 41 100 41 100

Tabela 16
A Tabela 17 apresenta as respostas para as perguntas: Os
Acessibilidade para
servidores da instituição possuem boa infraestrutura no local de portadores de deficiência
física, visual e auditiva
trabalho? Com cadeiras, mesas, armários e viaturas ergonômi-
Nota. Elaborada pelos
cas e confortáveis para o uso? Com que frequência são realiza- autores.

das manutenções nos mobiliários da instituição? Os resultados

mostram que a infraestrutura do local de trabalho parece precá-

ria ou insuficiente em muitas instituições, e que a manutenção

sistemática do mobiliário é inexistente para a maioria das institui-

ções participantes.

238
Infraestrutura do local N % Manutenção do N %
de trabalho mobiliário

Definitivamente não 1 2,3 Anualmente 16 39,0

Na maioria dos casos 6 13,6 Não existe manutenção 25 61,0


não para os mobiliários

Em alguns casos não e 20 45,5


em outros sim

Na maioria dos casos 13 29,5


sim

Definitivamente sim 4 9,1

N 44 100 N 41 100

Tabela 17 As respostas à pergunta “De maneira geral, a instituição


Infraestrutura do local de
trabalho e frequência de dispõe de locais saudáveis, amplos e arejados para o desen-
manutenção no mobili-
ário volvimento do trabalho dos servidores?” estão apresentadas na

Nota. Elaborada pelos Tabela 18. Os resultados mostram que a maioria das instituições
autores.
dispõe de locais saudáveis para o desenvolvimento do trabalho.

É válido ressaltar que instalações saudáveis com boa infraestru-

tura são fundamentais para a qualidade de vida no trabalho e a

prevenção de doenças ocupacionais.

239
Dispõe de locais saudáveis N %
Tabela 18
Definitivamente não 2 4,9 Locais saudáveis para
o desenvolvimento do
trabalho
Na maioria dos casos não 2 4,9
Nota. Elaborada pelos
autores.
Em alguns casos não e em outros sim 21 51,2

Na maioria dos casos sim 15 36,6

Definitivamente sim 1 2,4

N 41 100

A Figura 4 mostra as respostas à pergunta: a quantidade de

bacias/vasos sanitários, mictórios, lavatórios/pias, bebedouros e

chuveiros/duchas é adequada para a quantidade de servidores

na instituição? Totalizando 41 respostas válidas, a maior parte

dos representantes das instituições de segurança pública consi-

derou suficiente a quantidade de bacias/vasos (16 – 9,9%), mic- Tabela 18


Locais saudáveis para
tórios (11 – 6,8%), bebedouros (16 – 9,9%), chuveiros/duchas o desenvolvimento do
trabalho
(14 – 8,6%) e lavatórios/pias (19 – 11,7%).
Nota. Elaborada pelos
autores.

240
Definitivamente sim 7 6 5 3 6

Na maioria dos casos sim 16 11 16 14 19

Em alguns casos não e outros sim 10 11 11 10 11

Na maioria dos casos não 5 10 6 10 2

Definitivamente não 3 3 3 3 3

Bacias/vasos Mictórios Bebedouros Chuveiros/ duchas Lavatórios/pias


(para o sexo
masculino)

Na Tabela 19 são apresentadas as respostas à pergunta: Figura 4

Avaliação do número de
As unidades de sua instituição de segurança dispõem de áreas instrumentos de higiene
pessoal em relação a
destinadas para a prática de atividades físicas? O incentivo à quantidade de servidores

atividade física é importante para a promoção da saúde global Nota. Elaborada pelos
autores.
das pessoas. Além de campanhas, é importante a existência de

infraestrutura adequada para sua prática. De acordo com a Ta-

bela 19, a maioria das instituições respondentes não dispõe de

áreas adequadas para essas atividades.

Áreas para atividades físicas N %


Tabela 19

Áreas para prática de Definitivamente não 17 41,5


atividades físicas

Nota. Elaborada pelos Na maioria dos casos não 10 24,4


autores.

Em alguns casos não e em outros sim 6 14,6

Na maioria dos casos sim 2 4,9

Definitivamente sim 6 14,6

N 41 100

241
Considerações Finais

Por meio do estudo aqui realizado, os principais resultados

encontrados apontam para certa precariedade no acompanha-

mento da saúde dos servidores e a falta de políticas internas

para a sua promoção. Com relação ao número de óbitos chama

atenção o elevado índice de causas por doenças físicas, o que

leva a dúvida se essas poderiam ser evitadas com programas

efetivos de monitoramento e promoção da saúde. O número de

suicídios, apesar de consideravelmente menor, aparece como

segunda maior causa de falecimento entre os agentes de segu-

rança pública, ressaltando a importância de se trabalhar a saúde

mental dentro das corporações.

Em geral, notam-se poucos programas de assistência ao

servidor, tanto a nível jurídico, religioso, de moradia ou pós-óbito,

o que pode dificultar uma sensação de acolhimento da instituição

por parte do trabalhador. As respostas sobre a infraestrutura apa-

recem bem divididas entre satisfatórias e não satisfatórias, cha-

mando atenção a avaliação e manutenção insuficientes, a falta de

espaços destinados à atividade física e a falta de acessibilidade.

Com base nos resultados encontrados, podem-se elencar

algumas propostas para a melhoria da saúde e da qualidade de

vida do servidor de segurança pública:

• Buscar aumentar a adesão dos servidores aos serviços

de saúde, fazendo campanhas de conscientização e am-

pliando o efetivo especializado;

• Consolidar um departamento para realizar a gestão da saú-

de dos servidores e utilizar as informações para propor interven-

ções de modo a suprir as demandas específicas da instituição;

242
• Ampliar a oferta de programas de assistência a nível jurí-

dico, religioso, habitacional, familiar e para a aposentadoria;

• Realizar avaliações periódicas do ambiente de trabalho

para identificar e executar as manutenções necessárias, prin-

cipalmente no que diz respeito à segurança e salubridade;

• Incentivar a prática de atividade física para prevenir do-

enças físicas e mentais através de campanhas e da criação

de espaços destinados a praticá-las.

243
PARTE III
PROPOSIÇÕES DE
INTERVENÇÕES

244
E

245
CAPÍTULO 6
Proposições de Intervenções em Saúde
para Trabalhadores da Segurança Pública

Sheila Giardini Murta

Cristiane Faiad

Sérgio Eduardo Silva de Oliveira

Thiago Gomes Nascimento

Este capítulo almeja apresentar proposições para a promo-

ção da saúde, proteção específica e cuidados com a saúde de

operadores da segurança pública com base nas evidências oriun-

das das revisões sistemáticas da literatura e da avaliação de ne-

cessidades apresentadas nos capítulos anteriores deste livro. As

proposições aqui formuladas surgem a partir de uma abordagem

multimétodo de coleta de dados realizada por meio de questio-

nários, grupos focais e visitas in loco abrangendo todo o território

nacional. As proposições apresentadas a seguir avançam de ele-

mentos contextuais para as intervenções e suas especificidades

e estão sumarizadas na Figura 1.

246
Diversificando Superando
os agentes de as barreiras
implementação contextuais

08 01
Ofertando atenção
Potencializando
à saúde em
07 02 recursos
múltiplos níveis

Ampliando as 03 Integrando
06
modalidades das ações em
intervenções políticas

05 04

Refinando o foco Abrangendo todos


das intervenções os públicos

Figura 1
Superando as barreiras contextuais
Proposições de inter-
venções em saúde para Os achados da presente obra indicam ser ponto de partida
profissionais da seguran-
ça pública a superação de barreiras contextuais que banalizam as neces-
Nota. Elaborada pelos
autores. sidades de saúde dos operadores de segurança pública ou as

invisibilizam em meio a uma cultura organizacional construída

em torno do ideal de invulnerabilidade, ou mito do “herói”, central

na construção da identidade do profissional da segurança pú-

blica. Essa cultura organizacional foi identificada como a maior

barreira contextual, a um só tempo cultural e política, a partir da

qual outras barreiras emergem, como a ausência de uma polí-

tica institucional de promoção da saúde, proteção específica e

cuidados com a saúde de operadores da segurança pública e de

infraestrutura humana e financeira para sua implementação. A

afirmação da ausência de políticas não pode ser generalizada,

visto a existência de algumas propostas em regiões específicas

247
do país. Contudo, não atenta-se para a necessidade de uma

proposta nacional e transversal que vise o enfrentamento dos

problemas de saúde tão evidenciados nos indicadores de relató-

rios e pesquisas na área.

A suplantação dessas barreiras implica a priorização da

saúde na agenda política, a alocação orçamentária para a

saúde e a formação continuada de lideranças que sejam prepa-

radas para considerar as múltiplas identidades do profissional

da segurança pública, incluindo aí sua suscetibilidade ao adoe-

cimento. É preciso identificar janelas de oportunidade para que

o tema saúde do operador da segurança pública encontre espa-

ço na agenda política, condição determinante para a previsão

de orçamento para a composição ou fortalecimento do setor de

saúde nas várias corporações e o investimento continuado na

formação profissional.

E, a partir das definições da agenda política, a governan-

ça emerge como uma expectativa de se oferecerem respostas

conceituais e um conjunto de estratégias, que definem meios e

modos de atuação por parte das lideranças da segurança pú-

blica para a resolução dos múltiplos problemas apresentados. A

governança enfrenta, assim, diferentes maneiras de pactuação

política, que independem do marco temporal, por meio de instru-

mentos diferenciados para implementação dos resultados que

se revelam como possíveis.

248
Potencializando recursos
A formação e manutenção de parcerias é uma possível via

potencializadora dos recursos disponíveis para superação das

barreiras contextuais, como é o caso de fóruns de compartilha-

mento entre os profissionais do setor saúde das corporações

mais experientes no tema – reconhecidamente a Polícia Militar e

o Corpo de Bombeiros – e das menos experientes. Essas trocas

podem disseminar boas práticas de saúde e oportunizar advoca-

cy em prol da saúde na segurança pública, ampliando a visibili-

dade do tema e o acesso ao conhecimento sobre intervenções

potencialmente efetivas, viáveis e sensíveis à cultura local.

Integrando ações em políticas


A institucionalização de uma política de saúde na segurança

pública emergiu como tema de destaque nos grupos focais, indi-

cando que os esforços no provimento de ações de saúde devem

ser dirigidos por uma política institucional e coordenados entre

si, ao invés de ações isoladas ou inconstantes. Isso compreende

a criação do setor de saúde, sobretudo na Polícia Penal, Polícia

Científica e Polícia Civil, ou fortalecimento do setor de saúde

quando este já existe, como é mais frequente no Corpo de Bom-

beiros e Polícia Militar. Decorre daí a tarefa de compor ou am-

pliar equipes multiprofissionais de saúde, cujo conhecimento e

competência profissional seja focado não apenas na remediação

de problemas de saúde, mas também em sua prevenção.

Destaca-se, ainda, que a política de saúde deve guardar

estreita relação com a política de gestão de pessoas, podendo

compreender ações conjuntas com objetivos comuns, visto que

os processos de seleção, treinamento e desenvolvimento de

pessoas podem prover oportunidades para incrementar a saúde

249
ou aumentar riscos para o adoecimento. Os dados desse estu-

do também revelam que especial atenção deve ser dada ao pro-

fissional ao longo de sua carreira, o que reitera a pertinência da

articulação entre as políticas de gestão de pessoas e de saúde.

Um exemplo de intervenção sensível ao momento da carreira é

o planejamento da aposentadoria, ainda pouco comum na segu-

rança pública no Brasil, embora muito necessária, como visto no

número substancial de profissionais da reserva que retornam ao

trabalho. Seria recomendável sua adoção numa perspectiva de

“educação para a aposentadoria”, com desenhos customizados

para os profissionais recém-ingressos, os que se encontram no

meio da carreira, os que estão a um prazo curto da aposenta-

doria e os que estão já em vias de se aposentar, dado que cada

público dispõe de recursos específicos (como o tempo hábil para

planejamento financeiro para os que estão mais distantes da

aposentadoria) e estressores distintos (como o risco de esvazia-

mento da identidade para os que estão próximos de se aposen-

tar e sem planos para o pós-aposentadoria).

Abrangendo todos os públicos


É evidente, segundo os dados coletados, que a Polícia Mili-

tar e o Corpo de Bombeiros apresentam o setor de saúde mais

amadurecido, ao passo que a Polícia Civil, a Polícia Científica e

250
a Polícia Penal apresentam-se mais desassistidas nesse que-

sito. Portanto, a formulação e a implementação de uma política

institucional que considere, com equidade, os diversos segmen-

tos da segurança pública despontam como uma das iniciativas

mais urgentes.

Refinando o foco das intervenções


As equipes multiprofissionais de saúde devem direcionar

suas ações, sejam remediativas ou preventivas, para os pro-

blemas mais comumente encontrados na segurança pública, a

saber: doenças esteomusculares, transtornos mentais (transtor-

nos de ansiedade, depressão e suicídio), cardiopatias e abuso

de substâncias. Para tanto, a análise das causas de atestados

e afastamentos do trabalho e a avaliação periódica dos riscos

ocupacionais podem ser recomendadas para uso eficiente dos

recursos das equipes de saúde. Tais causas chamam a atenção

para a construção de uma política de registro e acompanha-

mento dos dados. Ainda que os custos da realização de exames

periódicos possam ser altos, os problemas da falta de dados po-

dem ensejar a utilização equivocada dos recursos escassos, que

podem ser empregados em políticas ou práticas não prioritárias

e que não se relacionem aos principais problemas de saúde

enfrentados pelos operadores de segurança pública.

Ampliando as modalidades das intervenções


Os achados deste estudo reforçam a urgência de se for-

mular e implementar políticas de saúde que concebam a saúde

251
em sua integralidade. Nessa linha, programas “fora” do setor

de saúde, como programas focados em educação financeira,

assistência religiosa, como no caso dar organizações militares,

assistência jurídica e moradia, são tão relevantes quanto os

tradicionalmente considerados “dentro” do setor de saúde, como

iniciativas para prevenção e pósvenção de suicídio, prevenção

de transtorno de estresse pós-traumático, educação para a saú-

de mental e melhoria em infraestrutura física para redução de

riscos ergonômicos à saúde.

Ofertando atenção à saúde em múltiplos níveis


Como visto nas revisões de literatura que abrem este livro,

há um número considerável de estudos internacionais acerca

de intervenções para promoção da saúde, proteção específica à

saúde e prevenção secundária à saúde de profissionais da se-

gurança pública. Os estudos revisados indicam que a promoção

da saúde neste segmento ocupacional pode se dar, por exem-

plo, por meio de reeducação alimentar, treinamento físico, treino

de resiliência, manejo de estresse em incidentes críticos, treino

de pares para apoio em saúde mental e treino de gestores de

equipes. A proteção específica à saúde pode se dar, por exem-

plo, através de intervenções para prevenção de agravos à saú-

de mental, lesões, doenças cardiovasculares e câncer, dentre

outras formas de adoecimento passíveis de prevenção primária.

A prevenção secundária pode ser feita, por exemplo, por meio

do treinamento de resiliência, educação do sono e terapia de

exposição imaginária, ativação comportamental e terapia cogni-

tiva para depressão e transtorno de estresse pós-traumático e

terapia cognitivo comportamental focada em trauma. A oferta de

ações nesses múltiplos níveis de atenção à saúde seria, por cer-

252
to, o ideal, com provável efeito na redução na incidência e preva-

lência de doenças ocupacionais e prevenção dos custos sociais,

organizacionais e individuais decorrentes do adoecimento.

Diversificando os agentes de implementação


Nem sempre a equipe de saúde precisa ser o agente res-

ponsável pela implementação das intervenções em saúde.

Conforme revelam os estudos revisados ao início deste livro, os

pares podem ser agentes de promoção da saúde muito eficazes.

Eles podem atuar como fontes de ajuda aos colegas de trabalho,

se devidamente treinados para perceber sinais de alerta em saú-

de mental, aconselhar e encaminhar para outras fontes de aju-

da, se necessário. Tais ações podem ter início desde os cursos

de formação, pós seleção dos profissionais, quando instrutores

do curso podem ser treinados para avaliarem possíveis sinali-

zadores de saúde. Gestores igualmente treinados podem fazer

papel similar. Nessa direção, cabe considerar a viabilidade de

intervenções oferecidas via computador ou dispositivos móveis,

a exemplo de intervenções personalizadas mediadas por inter-

net (computer tailored interventions), que podem ser úteis como

estratégia para educação em saúde, vantajosas por alcançarem

um vasto público sem mediação humana.

Proposta Multidimensional de Promoção da Saúde


Considerando todos os aspectos discutidos neste livro, en-

253
tende-se que a elaboração de uma política (que inclui as esferas

nacional e estadual) de monitoramento e de promoção da saúde

de servidores da segurança pública seja o caminho promissor

para a promoção da qualidade de vida desses profissionais. Os

dados desta pesquisa nacional apontam para a multidimensiona-

lidade da saúde, o que está em acordo com a definição de saú-

de proposta pela Organização Mundial da Saúde (1978, p. 1), a

qual entende a saúde como um estado de “[...] completo bem-

-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença

ou enfermidade”. De fato, no presente estudo esse conceito é

ampliado para dimensões de saúde ambiental e institucional, as

quais serão melhor descritas adiante.

Recomenda-se a construção de uma política nacional de

promoção da qualidade de vida, de saúde e de valorização do

profissional de segurança pública que contemple de forma dinâ-

mica e integrada as cinco dimensões identificadas neste estudo.

A Figura 2 sintetiza o modelo multidimensional de saúde identifi-


Figura 2

Modelo multidimensional cado nesta pesquisa.


de saúde
Considerando as diversas realidades e necessidades esta-
Nota. Elaborada pelos
autores. duais e regionais, uma política flexível, que possibilite o fortaleci-

Saúde Saúde Saúde Saúde Saúde


Fisica Mental Social Ambiental Institucional

-Condicionamento -Desmistificação -Investimento em -Moradia -Demandas vs.


fisico e combate ao cultura e lazer -Transporte recursos
-Saúde orgânica estigma -Fortalecimento -Ergonomia e
-Endividamento
-Alimentação -Desenvolvimento das relações infraestrutura
de recursos familiares -Assistência jurídica
-Sono
psicológicos -Fortalecimento das
-Saúde oral/bucal -Preparação para
positivos relações entre aposentadoria
-Prevenção de saúde pares
-Assistência a
-Intervenção em dependentes
saúde mental

254
mento de programas já existentes e que permita que cada esta-

do estabeleça as prioridades e o planejamento de curto, médio

e longo prazos, seria uma proposta que compartilha responsa-

bilidades e que respeita as diferenças e necessidades especí-

ficas de cada região. De todo o modo, diretrizes nacionais para

o monitoramento do programa tendem a gerar indicadores de

avaliação do programa que são transversais às especificidades

e necessidades de cada estado. É importante que a compreen-

são multidimensional seja implementada, pois ações focadas em

apenas um ou dois domínios tendem a não impactar a percep-

ção de saúde geral dos servidores.

De modo geral, definimos as dimensões e sinalizamos algu-

mas ações que podem ser implementadas com base nos dados

coletados por esta pesquisa.

255
Saúde física
A dimensão saúde física diz respeito à sensação de bem-

-estar relacionada ao bom funcionamento orgânico e corporal.

É importante que os servidores da segurança pública tenham

condições físicas para realizarem suas atividades. Para tan-

to, recomendam-se programas que visem o fortalecimento do

condicionamento físico (cardiorrespiratório e muscular), incluin-

do profissionais das áreas da Educação Física, Fisioterapia e

Terapia Ocupacional. Além disso, ações de monitoramento do

funcionamento orgânico, como por exemplo, check-up anual,

possibilita a identificação e tratamento de alterações no funcio-

namento orgânico, como por exemplo, diabetes, hipertensão e

outros agravos de saúde. As diferentes especialidades médicas

são parte dessa ação, como a oftalmologia, a traumatologia e

a cardiologia, por exemplo. Ainda, programas que visem o apri-

moramento da qualidade alimentar tendem a contribuir dinami-

camente com as ações de condicionamento físico e de saúde

orgânica. A presença de profissionais da área da nutrição podem

contribuir para ações de educação alimentar, de forma preven-

tiva, ou mesmo de reeducação alimentar, de forma corretiva.

Programas que tenham por objetivo melhorar a qualidade do

sono tendem a ser muito necessários no contexto da segurança

pública devido aos diferentes turnos de trabalho. Profissionais

da Psicologia e da Psiquiatria podem colaborar nesse processo

com intervenções comportamentais de higiene do sono e/ou me-

dicamentosas. Por fim, ações que visem a promoção da saúde

oral/bucal, que podem contar com profissionais da Odontologia e

Fonoaudiologia, completam o ciclo da saúde física.

256
Saúde mental
O domínio saúde mental se refere à sensação de bem-es-

tar subjetivo e psicológico. É fundamental que os servidores da

segurança pública tenham um funcionamento mental saudável

para que possam exercer adequadamente suas atividades pro-

fissionais. Para tanto, programas psicoeducativos de desmistifi-

cação e de combate ao estigma de transtornos mentais parece

ser primordial nesse contexto. A ausência de busca de ajuda

psicológica passa por essa questão. Ainda, ações de promoção

e de desenvolvimento de recursos psicológicos sadios tendem a

fortalecer as habilidades e competências socioemocionais indi-

viduais e coletivas. Assim, a promoção da empatia, compaixão,

resiliência, engajamento, relações positivas, sentido de vida,

emoções positivas, esperança, otimismo, realização e gratidão,

por exemplo, podem fortalecer as experiências psicológicas

positivas. Ainda, ações de prevenção e de tratamento de saúde

mental tendem a favorecer a saúde psicológica dos servidores

da segurança pública. Em termos de prevenção, podem-se pen-

sar em ações de prevenção ao suicídio e ao uso de substâncias,

dois agravos de saúde mental identificados nesta pesquisa. Em

termos de tratamento, ações de intervenção em saúde mental

para aqueles profissionais que já se encontram com sintomas

e/ou quadros psicopatológicos é fundamental para o adequado

restabelecimento da saúde e reinserção nas atividades laborais.

Nesse domínio, os profissionais da área psi (psicólogos e psi-

quiatras) tendem a ser os protagonistas.

257
Saúde social
O domínio da saúde social é aqui entendido como a sen-

sação de bem-estar comunitário. É importante que as pessoas

tenham momentos de lazer, de socialização com familiares,

amigos e colegas de serviço. Investimentos em lazer tendem a

gerar sentimentos de alegria e satisfação que se contrapõem

aos sentimentos de estresse e tensão, muito típicos nas tarefas

desempenhadas por operadores da segurança pública. Desse

modo, é importante fomentar a vivência de experiências emocio-

nais positivas. Para tanto, ações de incentivo ao lazer e a cultura

podem favorecer essas vivências positivas. Assim, a busca por

convênios e descontos, bem como a formulação de outras ações

de incentivo ao lazer e cultura podem ser práticas regulares

das instituições. Ainda, ações que visam o fortalecimento das

relações familiares, como por exemplo, workshops e palestras,

podem contribuir para o senso de bem-estar familiar. O fortale-

cimento das relações entre pares, por meio de ações de treina-

mento de habilidades sociais e de comunicação, bem como por

meio da promoção de atividades de lazer entre os servidores,

podem contribuir com o desenvolvimento desse senso de bem-

-estar social. Profissionais da psicologia, administração e assis-

tência social podem contribuir com o planejamento, execução e

avaliação de ações nesse domínio.

258
Saúde ambiental
O domínio de saúde ambiental está relacionado à sensa-

ção de segurança. A segurança é uma necessidade psicológica

importante na Teoria das Necessidades de Maslow (1942). Essa

necessidade diz respeito à percepção de se sentir seguro em

diferentes aspectos: emocional, econômico, físico, patrimonial,

etc. Nesse domínio, vê-se importante a formulação de ações

que visem o fortalecimento dessa sensação de segurança. As-

sim, programas de assistência à moradia podem contribuir com

isso, uma vez que as inseguranças relacionadas ao ambiente

de moradia dos servidores podem deixá-los em constante esta-

do de tensão. Ainda, servidores que residem muito distantes do

local de trabalho e que gastam muitas horas no trânsito podem

ser contemplados em programas relacionados ao transporte.

Nota-se que o transporte aqui pode ser compreendido de forma

ampla, como por exemplo, estabelecer a jornada de trabalho

com base no pico de trânsito para servidores que podem ficar

duas ou mais horas em locomoção para o trabalho. A seguran-

ça financeira é outra variável importante, sendo que ações de

educação para o adequado gerenciamento monetário podem ser

positivas. Para o planejamento de ações nesse domínio, profis-

sionais da administração, da economia e da assistência social

podem oferecer contribuições significativas.

259
Saúde institucional
Por fim, nesse último domínio, está o papel da instituição /

organização na promoção da qualidade de vida. Esse domínio

representa a sensação de bem-estar proporcionada pela pela

instituição em si. Nesse sentido, tratam-se de trabalhadores

satisfeitos com os processos de trabalho, com o ambiente e

recursos disponibilizados pela instituição e com os programas

de valorização profissional. Para tanto, um monitoramento para

o estabelecimento do equilíbrio entre demandas versus recursos

precisa ser feito de forma constante. A análise de demandas

versus contingente disponível para executá-las e a identificação

das atividades necessárias versus materiais disponíveis são

exemplos de ações que podem ser implementadas. Aqui inclui-

-se o planejamento de contratação (concurso) de profissionais,

de planejamento de aquisição de equipamentos e insumos, etc.

Ainda, a manutenção de um ambiente bem cuidado, com ins-

talações apropriadas, com equipamentos ergonômicos tendem

a favorecer o senso de bem-estar institucional. Sentir-se parte

ativa e valorizada da instituição também tendem a favorecer

esse senso de bem-estar. Assim, ações de valorização profissio-

nal, tais como, programas de assistência jurídica, de preparação

para a aposentadoria e de assistência a dependentes podem

cumprir seus objetivos específicos bem como favorecer o senso

de bem-estar institucional.

260
A Interdependência das Dimensões de Saúde
A hipótese formulada a partir dos estudos aqui apresenta-

dos é de que as dimensões de saúde tendem a ser relacionadas

entre si, sendo que a promoção de uma dimensão tende a afetar

outras dimensões. Da mesma forma, um déficit importante em

uma dimensão tende a afetar negativamente as demais dimen-

sões. Por exemplo, pouco adianta fazer programas intensivos de

promoção da saúde mental, se nenhuma intervenção tem sido

feita na saúde institucional. Em outras palavras, a instituição pode

oferecer psicoterapia e tratamento psiquiátrico para seus servi-

dores, e essas ações podem ter pouco efeito se por outro lado a

instituição não investe na saúde institucional, isto é, fazendo de-

mandas excessivas, sem oferta de infraestrutura e de condições

de trabalho. Desse modo, é importante pensar em uma política

de curto, médio e longo prazos que contemplem as diferentes

dimensões de saúde aqui definidas de modo a mitigar os proble-

mas relacionados à saúde no contexto da segurança pública.

261
Considerações Finais
Em síntese, as proposições ora apresentadas abarcam não

apenas intervenções propriamente ditas, mas também os con-

textos que as demandam, facilitam ou sustentam. E, mais do

que nomear intervenções necessárias indicadas pelos achados

deste estudo, faz-se vital considerar os processos e estratégias

pelas quais são implementadas, por quem pode implementá-las,

com qual qualidade devem ser implementadas e a quais outras

intervenções se conectam, de modo a compor uma política, sis-

tema ou programa que compreenda um conjunto coordenado de

intervenções de saúde. Os contextos geográfico, epidemiológi-

co, sociocultural, ético, legal e político que envolvem os diversos

segmentos que compõem a segurança pública no Brasil serão,

por certo, definitivos na tomada de decisão acerca de quais inter-

venções das aqui indicadas podem passar do nível propositivo ao

prático, uma vez que atendam aos critérios da viabilidade, rele-

vância ou urgência conferidos pela realidade local.

Neste sentido, os dados ora alarmantes que vem subsidiando

a definição de um perfil de saúde que requer cuidados, evidencia

a necessidade da construção de propostas substanciais, basea-

das em evidências e vinculada a políticas nacionais que possam

identificar a transversalidade no sistema. Por esse motivo, espe-

ra-se que essa obra possa ser mais uma contribuição que subsi-

diem futuras e necessárias ações de gestão. Com o marco da pu-

blicação do Decreto nº 11.107, de 29 de junho de 2022, que altera

o Decreto nº 9.489 de 30 de agosto de 2018, para dispor sobre o

Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de

Segurança Pública, que de fato sejam construídas articulações

institucionais, monitoramento e avaliação dos servidores de segu-

rança e a busca pela melhoria dos indicadores de saúde no país.

262
263
Referências

Maslow, A. H. (1942). The dynamics of psychological security-insecurity. Character &

Personality; A Quarterly for Psychodiagnostic & Allied Studies, 10, 331–344. https://

doi.org/10.1111/j.1467-6494.1942.tb01911.x

Organização Mundial da Saúde (1987). Declaração de Alma-Ata: primeira conferência

internacional sobre cuidados primários de saúde. Genebra.

264
265
ACESSO
AO CURSO:
Abordagem do
Mapeamento
SOBRE de
Intervenções
AS AUTORAS
E OS AUTORES
266
267
Para ter acesso ao curso sobre Abordagem do Mapeamento de Intervenções, mi-

nistrado pela Professora Dra Sheila Giardini Murta, clique no QR Code.

Este curso tem como objetivo desenvolver conhecimentos introdutórios acerca da

abordagem de mapeamento de intervenções e suas várias etapas de planejamento

de programas para promoção da saúde, prevenção e cuidado em saúde. O curso foi

promovido pelo Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais - CEPATS, do

Instituto de Psicologia, da Universidade de Brasília (www.cepats.unb.br)

268
269
SOBRE
AS AUTORAS
E OS AUTORES
270
271
Adrielli Santos de Santana
Aluna do programa de pós-graduação em Economia pela

Universidade de Brasília (UnB), doutoranda. Mestra pelo Progra-

ma de Pós-Graduação em Economia Regional e Políticas Públi-

cas da Universidade Estadual de Santa Cruz (PERPP/UESC) e

Bacharela em Ciências Econômicas pela UESC. Pesquisadora

do Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais

(CEPATS/IP/UnB), pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/

CGPP/DPSP/SENASP) entre UnB e o Ministério da Justiça/

Secretaria Nacional de Segurança Pública (MJ/SENASP). En-

dereço: UnB, FACE, Campus Darcy Ribeiro. Asa Norte - Brasília

- DF. CEP: 70.910-900. Email: adrielli_santana@outlook.com -

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2001-4488?lang=pt

Alice Miranda Bentes


Psicóloga e Licencianda em Psicologia pela Universidade

de Brasília (UnB). Bolsista de iniciação científica do Centro de

Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/

UnB), pela Finatec, vinculado ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/

SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Na-

cional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: Cen-

tro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais - Cepats,

sala BT 016/63. Instituto de Psicologia, Campus Darcy Ribeiro,

Universidade de Brasília, Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-

900. E-mail: alicembentes@gmail.com - ORCID: https://orcid.

org/0000-0002-4992-7849

272
Amanda Vitoria Lopes
Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política

pela Universidade de Brasília (UnB), doutoranda. Pesquisado-

ra do Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais

(CEPATS/IP/UnB), pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/

CGPP/DPSP/SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/

Secretaria Nacional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Ende-

reço: Endereço: Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias

Sociais - Cepats, sala BT 016/63. Instituto de Psicologia, Cam-

pus Darcy Ribeiro, Universidade de Brasília, Asa Norte, Brasília

- DF. CEP: 70.910-900 - E-mail: amanda_vilopes@hotmail.com

- ORCID: https://orcid.org/ 0000-0002-9906-0622

Ana Carolina Silva Coelho


Graduada em Psicologia pela Universidade de Brasília

(UnB) e aluna de graduação em licenciatura em Psicologia pela

Unb. Bolsista de iniciação científica do Centro de Pesquisa em

Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela Fina-

tec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP) entre

a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de Segu-

rança Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB, IP, Campus Darcy

Ribeiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais

Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP:70.910-

900 - E-mail: anacscoelhopsi@gmail.com - ORCID: https://orcid.

org/0000-0003-3243-7453?lang=pt

273
Ana Gabriela Duarte Mauch
Psicóloga e Bacharela em Psicologia pela Universidade

de Brasília (UnB), Especialista em Saúde Mental Infantojuvenil

pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e aluna do

Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura

(PsiCC) pela UnB, mestranda. Pesquisadora do Centro de Pes-

quisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB),

pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SE-

NASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional

de Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB, IP, Cam-

pus Darcy Ribeiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnolo-

gias Sociais - Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF.

CEP: 70.910-900 - E-mail: anagabimauch@gmail.com - ORCID:

https://orcid.org/0000-0003-2805-4150

Ângela Oliveira de Sá
Aluna de graduação em Ciência Política pela Universida-

de de Brasília (UnB). Bolsista de iniciação científica do Centro

de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/

UnB), pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/

SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Na-

cional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Possui graduação

em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade de Brasília.

Endereço: UnB, Campus Darcy Ribeiro, IPOL, Prédio IPOL/

IREL, Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70904-970 - E-mail: angela.

unbgpp@gmail.com - ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5253-

7000

274
Antonio Aisengart
Aluno de graduação em Psicologia pela Universidade de

Brasília (UnB). Bolsista de iniciação científica do Centro de

Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/

UnB), pela Finatec, vinculado ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/

SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Na-

cional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB,

IP, Campus Darcy Ribeiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e

Tecnologias Sociais - Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasí-

lia - DF. CEP: 70.910-900 - E-mail: antonioaisengart@gmail.com

- ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4272-9735

Caio de Melo
Aluno do programa de pós-graduação Psicologia do De-

senvolvimento e Escolar (PGPDE) pela Universidade de Brasí-

lia (UnB), mestrando (bolsista CNPq). Pesquisador do Centro

de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/

IP/UnB), pela Finatec, vinculado ao TED n° 009/2019/CGPP/

DPSP/SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secreta-

ria Nacional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Especialista

em Saúde Mental Perinatal pelo Instituto Europeu de Saúde

Mental Perinatal. Psicólogo pela Universidade Federal do Rio de

Janeiro. Endereço: SQS 104, Bl.D, Ap.606 - Asa Sul, Brasília -

DF. CEP: 70.343-040 - E-mail: caiodems@gmail.com - ORCID:

https://orcid.org/0000-0001-6287-3120

275
Cristiane Faiad
Doutora e Mestre em Psicologia Social, do Trabalho e das

Organizações (PSTO) pela Universidade de Brasília (UnB). Do-

cente do Departamento de Psicologia Clínica e dos Programas

de Pós-Graduação: PSTO e PPG-PsiCC da UnB. Coordenadora

do Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (Ce-

pats/IP/UnB). Endereço: UnB, IP, Campus Darcy Ribeiro, Centro

de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais - Cepats, sala

BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-900 - E-mail:

crisfaiad@gmail.com - ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8012-

8893

Daniela Sacramento Zanini


Psicóloga, possui doutorado em Psicologia Clínica e da

Saúde (2003) e pós-doutorado pela Universidad de Barcelo-

na-Espanha (2008) e Universidade do Porto-Portugal (2020).

Atualmente é professora da Pontifícia Universidade Católica de

Goiás na graduação e Pós-graduação em Psicologia (mestrado

e doutorado). Atua também como Psicóloga clínica e da saúde.

É membro da Comissão Consultiva de Avaliação Psicológica

(CCAP/SATEPSI), presidente do Instituto Brasileiro de Avalia-

ção Psicológica (Ibap, gestão 2021-2023). Endereço: Centro de

Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais - Cepats, sala BT

016/63. Instituto de Psicologia, Campus Darcy Ribeiro, Univer-

sidade de Brasília, Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-900

E-mail: dazanini@yahoo.com - ORCID: https://orcid.org/0000-

0003-2515-2820

276
Diana Verônica Suárez Naranjo
Mestra em Geografia pela Universidade de Brasília; Enge-

nheira Geógrafa em Planejamento Territorial na Pontifícia Uni-

versidade Católica do Equador. Profissional com experiência

relacionada em Planejamento, Desenvolvimento Territorial e

Geoprocessamento de Dados. Pesquisadora do Centro de Pes-

quisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (Cepats/IP/UnB), pela

Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP)

entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de

Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB, IP, Campus

Darcy Ribeiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias

Sociais - Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP:

70.910-900 - E-mail: diany.suarez1@gmail.com - ORCID: ht-

tps://orcid.org/0000-0001-9655-9543

Dionne Rayssa Cardoso Corrêa


Psicóloga e aluna do programa de pós-graduação em Psico-

logia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB), mes-

tranda . Pós-graduanda em Neuropsicologia do Envelhecimento

pelo Child Behavior Institute of Miami. Pesquisadora do Centro

de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/

UnB), pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/

SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Na-

cional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB,

IP, Campus Darcy Ribeiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e

Tecnologias Sociais - Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasí-

lia - DF. CEP: 70.910-900 - E-mail: cardosorayssad@gmail.com

- ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3811-7744

277
Elivaldo Ribeiro de Santana
Aluno do programa de pós-graduação em Gestão Pública

pela Universidade de Brasília (UnB), mestrando. Graduado em

Gestão Ambiental pela UnB e possui especialização em Geo-

grafia e Análise Ambiental pela Universidade Estadual de Goiás.

Pesquisador do Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias

Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela Finatec, vinculado ao TED n°

009/2019/CGPP/DPSP/SENASP) entre a UnB e o Ministério

da Justiça/Secretaria Nacional de Segurança Pública (MJ/SE-

NASP). Endereço: UnB, IP, Campus Darcy Ribeiro, Centro de

Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais - Cepats, sala BT

016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-900 - Email: eli-

valdogaunb@gmail.com - ORCID: https://orcid.org/ 0000-0003-

0911-5675

Giulia Veiga de Leite Ribeiro Melo


Psicóloga e bacharela em Psicologia pela Universidade de

Brasília. Pesquisadora do Centro de Pesquisa em Avaliação e

Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela Finatec, vinculada

ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP) entre a UnB e o

Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de Segurança Públi-

ca (MJ/SENASP). Endereço: UnB, IP, Campus Darcy Ribeiro,

Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais - Ce-

pats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-

900 - E-mail: giulia.veiga.15@gmail.com - ORCID: https://orcid.

org/0000-0002-4648-6494

278
Gustavo Salgueiro Rocha
Aluno de graduação em Psicologia pela Universidade de

Brasília (UnB). Bolsista de iniciação científica do Centro de Pes-

quisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB),

pela Finatec, vinculado ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SE-

NASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional

de Segurança Pública (MJ/SENASP). Staff do departamento de

recursos humanos da Green Owls. Endereço: Q.S 11 Conjunto

F Casa 17 CEP: 71979-720 - E-mail: gustavosalgueiro0@gmail.

com - ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5921-0593

Luiza Mariana Brito Soares


Aluna do programa de pós-graduação e mestra em Psicolo-

gia Social, do Trabalho e das Organizações (PSTO) pela Univer-

sidade de Brasília (UnB), doutoranda. Pesquisadora do Centro

de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/

UnB), pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/

SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Na-

cional de Segurança Pública (MJ/SENASP). Docente do Depar-

tamento de Administração - FACE/UnB e Professora Assistente I

do Curso de Psicologia do Centro Universitário do Distrito Fede-

ral. - e-mail: luiza.mariana@yahoo.com.br - ORCID: https://orcid.

org/0000-0002-4078-6437

279
Mariana da Cruz Pinto
Aluna de graduação em psicologia pela Universidade de

Brasília (UnB). Bolsista de iniciação científica do Centro de Pes-

quisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB),

pela Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SE-

NASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional

de Segurança Pública (MJ/SENASP). Integrante do grupo de

Pesquisa Clínica sobre Gestação e Maternidade. Interesse nas

áreas de Psicologia Social e Psicologia da Saúde. Email: ma-

riicruzz2208@gmail.com - ORCID: https://orcid.org/0000-0003-

4940-3209

Olivia Leone Morais


Aluna de graduação em psicologia pela Universidade de

Brasília. Bolsista de iniciação científica do Centro de Pesquisa

em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela

Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP)

entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de

Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB, IP, Campus

Darcy Ribeiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias

Sociais - Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP:

70.910-900 - E-mail: olivialeonemorais@gmail.com - ORCID:

https://orcid.org/0000-0002-0147-8722

280
Ranielly Pereira Barbosa
Aluna de graduação em Serviço Social pela Universidade

de Brasília. Bolsista de iniciação científica do Centro de Pesqui-

sa em Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela

Finatec, vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP)

entre a UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de

Segurança Pública (MJ/SENASP). Endereço: Centro de Pesqui-

sa em Avaliação e Tecnologias Sociais - Cepats, sala BT 016/63.

Instituto de Psicologia, Campus Darcy Ribeiro, Universidade

de Brasília, Asa Norte, Brasília - DF - CEP: 70.910-900. E-mail:

ranielly99@hotmail.com - ORCID: https://orcid.org/0000-0003-

2715-4301

Sérgio Eduardo Silva De Oliveira


Psicólogo (UNILAVRAS), Especialista em Avaliação Psicoló-

gica (UFRGS e CFP), Mestre e Doutor em Psicologia (UFRGS),

Professor Adjunto do Departamento de Psicologia Clínica (PCL)

e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cul-

tura (PsiCC) na Universidade de Brasília (UnB). Coordenador do

Núcleo de Estudos em Avaliação Psicológica Clínica (NEAPSIC)

e do Serviço de Avaliação Psicológica (SAPsi). Vice-coordena-

dor do Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais

(CEPATS). Coordenador do Grupo de Trabalho Avaliação Psi-

cológica e Psicopatologia (GT-APP) da Associação Nacional de

Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) nos biê-

nios 2018-2019 e 2020-2021. Endereço: Campus Darcy Ribeiro,

ICC Sul, Sala A1 028/4. Asa Norte, Brasília-DF. CEP: 70.910-

900. E-mail: sergioeduardos.oliveira@gmail.com - ORCID:

https://orcid.org/0000-0003-2109-4862

281
Sheila Giardini Murta
Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das Organiza-

ção e Mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universi-

dade de Brasília (UnB). Docente do Departamento de Psicologia

Clínica e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clíni-

ca e Cultura da UnB. Endereço: UnB, Campus Darcy Ribeiro,

Instituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Clínica, Asa

Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-900 - Email: giardini@unb.br -

ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5515-5219

Tatiele Souza de Oliveira


Aluna do programa de pós-graduação Psicologia Social,

do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília

(UnB). Graduada em Psicologia pela Universidade de Rio Verde.

Pesquisadora no Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnolo-

gias Sociais (Cepats/IP/UnB), vinculada ao TED n° 009/2019/

CGPP/DPSP/SENASP) entre a UnB e o Ministério da Justiça/

Secretaria Nacional de Segurança Pública (MJ/SENASP). En-

dereço: Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais

- Cepats, sala BT 016/63. Instituto de Psicologia, Campus Darcy

Ribeiro, Universidade de Brasília, Asa Norte, Brasília - DF. CEP:

70910-900. E-mail: tatiele.oliveira@outlook.com.br - ORCID:

https://orcid.org/0000-0003-0495-1447

282
Thiago Gomes Nascimento
Doutor em Ciências de Gestão pela Universidade de Aix-

-Marseille (França) e Doutor em Administração pela Universida-

de de Brasília (UnB). Docente do Departamento de Processos

Psicológicos Básicos e do Programa de Pós-graduação em Ci-

ência do Comportamento (PPG-CdC). Pesquisador do Centro de

Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais (Cepats/IP/UnB).

Endereço: UnB, IP, Campus Darcy Ribeiro, Centro de Pesquisa

em Avaliação e Tecnologias Sociais - Cepats, sala BT 016/63.

Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-900 - E-mail: tgn.1980@

gmail.com - ORCID: https://orcid.org/​0000-0002-2432-3117

Victor Cezar de Sousa Vitor


Mestre e Aluno do programa de pós-graduação em Antro-

pologia Social pela Universidade de Brasília (PPGAS/UnB),

doutorando. Pesquisador do Centro de Pesquisa em Avaliação

e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela Finatec, vincu-

lado ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP) entre a UnB

e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de a Pública (MJ/

SENASP). Membro do Laboratório de Antropologia da Ciência

e da Técnica (LACT/DAN/UnB). Endereço: Departamento de

Antropologia, Instituto de Ciências Sociais, Campus Universitário

Darcy Ribeiro (ICS/DAN/UnB), Asa Norte, Brasília - DF. CEP:

70.910-900 - E-mail: victorcsvitor@gmail.com - ORCID: https://

orcid.org/0000-0003-1622-7368

283
Victoria Ayelen Gomez
Doutora em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação

em Psicologia Clínica e Cultura PPGPsiCC do Instituto de Psi-

cologia da Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Psicologia

Social do Trabalho, das Organizações e Clínica do Trabalho pela

UnB. Graduação em Psicologia pela Universidade Nacional de

Córdoba (Argentina). Pesquisadora do Centro de Pesquisa em

Avaliação e Tecnologias Sociais (CEPATS/IP/UnB), pela Finatec,

vinculada ao TED n° 009/2019/CGPP/DPSP/SENASP) entre a

UnB e o Ministério da Justiça/Secretaria Nacional de Segurança

Pública (MJ/SENASP). Endereço: UnB, IP, Campus Darcy Ri-

beiro, Centro de Pesquisa em Avaliação e Tecnologias Sociais

- Cepats, sala BT 016/63. Asa Norte, Brasília - DF. CEP: 70.910-

900 - E-mail: victoria.ayelen.gomez@gmail.com ORCID: https://

orcid.org/0000-0001-5753-6429

284
ISBN n° 978-65-87762-17-3
286

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