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FUNÇÕES

SINTÁTICAS

Retoma de conteúdos do
Ensino Básico
Funções sintáticas

As frases são constituídas por unidades de


natureza diversificada, que formam grupos de palavras com
diferentes funções na organização dessas mesmas frases.

A maçã é verde. A maçã que eu comi é verde.


Sujeito simples Sujeito simples

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Sujeito

Sujeito substituível por um pronome pessoal


(ele/ela/eles/elas/…) ou por isto/isso

 O João/ele pintou o quadro.

 Surgiram dificuldades inesperadas/elas.

 Dói-me a cabeça/ela.

 O João/ele conhece a Maria.

 O que me sucedeu/ isto foi inesperado

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Sujeito simples e composto
Sujeito simples Sujeito composto

Constituído por um só Constituído por dois ou


grupo nominal: mais grupos nominais:

O Miguel comeu o O Miguel e o João


comeram o bolo.
bolo.
Tu e a Maria
A Maria comeu o comeram o bolo.
bolo.
Eu e tu comemos o
Tu comeste o bolo. bolo.
Elas comeram o bolo.

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Sujeito nulo
 Sujeito nulo expletivo  ( ) Choveu muito hoje.

 Sujeito nulo subentendido  (Nós) Queremos sair daqui.


O Miguel foi para a praia. (O
Miguel - ele) Nadou e (o
Miguel - ele) apanhou sol.

(As pessoas – alguém)


Disseram que estavas doente.
 Sujeito nulo indeterminado 

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Vocativo
Miguel, queres ir ao cinema?

Meninos, vamos para casa!

Maria, estou farta de te avisar!

Vocativo:

- função sintática que é utilizada quando queremos chamar


pelas pessoas;

- surge muitas vezes em frases interrogativas, imperativas e


exclamativas.

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Sujeito e vocativo
Sujeito Vocativo
Nunca se coloca uma Coloca-se sempre uma
vírgula entre o sujeito e vírgula a seguir ao
o predicado. vocativo.
O Miguel quer ir ao Miguel, queres ir ao
cinema. cinema?

O sujeito concorda em O Vocativo não


pessoa e número com o concorda em pessoa e
verbo. número com o verbo.
O Miguel vai ao Miguel, vamos ao
cinema. cinema?

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PREDICADO
 Função sintática desempenhada pelo grupo
verbal (verbo + complemento(s) +
modificador(es))

O João pôs os brinquedos na caixa ontem.

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FUNÇÕES SINTÁTICAS
INTERNAS AO GRUPO
VERBAL (PREDICADO)

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Complemento direto
O Miguel viu o cão.
O Miguel viu o cão.
O Miguel viu o cão.
O Miguel e o Pedro viram o cão.
Complemento direto:

- complemento selecionado pelo verbo;

- tem a forma de um grupo nominal.

Sujeito Complemento direto

Concorda com o verbo. Não concorda com o


verbo.
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Complemento indireto
O Miguel falou ao Pedro.
O Miguel falou ao Pedro.
O Miguel falou ao Pedro.

Complemento indireto:

- complemento selecionado pelo verbo;

- tem a forma de um grupo preposicional.

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Complemento direto e indireto
Complemento
Complemento direto indireto
 O Miguel comeu um bolo.  O Miguel escreveu ao
Pedro.
 O Miguel comeu-o.
 O Miguel escreveu-lhe.
 O Miguel escreveu uma carta.

 O Miguel escreveu-a.

 O Miguel comprou os livros.  O Miguel escreveu ao Pedro


e ao João.
 O Miguel comprou-os.
 O Miguel escreveu-lhes.
 O Miguel baralhou as cartas.

 O Miguel baralhou-as.
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Complemento direto e indireto
Complemento
Complemento direto indireto

É selecionado pelo É selecionado pelo


verbo (transitivo verbo (transitivo
direto). indireto).

Tem a forma de grupo Tem a forma de grupo


nominal. preposicional.

Pode ser substituído Pode ser substituído


pelo pronome pessoal pelo pronome pessoal
“o”, “a”, “os”, “as”. “lhe”, lhes”.

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COMPLEMENTO OBLÍQUO
 O Miguel foi para casa. * O Miguel foi.

 O Miguel mora aqui. * O Miguel mora.

 O Miguel gosta de bolos. * O Miguel gosta.

 O Miguel rompeu com os amigos. * O Miguel rompeu.

 O Miguel implicou com o seu colega.

 O Miguel mudou de casa. * O Miguel implicou.

* O Miguel mudou.

Complemento oblíquo:
- complemento selecionado pelo verbo;
- pode ter a forma de grupo preposicional ou adverbial.
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COMPLEMENTO INDIRETO E OBLÍQUO
Complemento Complemento
indireto oblíquo
O Miguel escreveu ao O Miguel foi a casa.
Pedro.
 O Miguel escreveu- * O Miguel foi-lhe.
-lhe.

O Miguel escreveu ao
Pedro e ao João. O Miguel gosta de
bolos.
 O Miguel escreveu-
-lhes. * O Miguel gosta-lhes.

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COMPLEMENTO INDIRETO E COMPLEMENTO
OBLÍQUO
Complemento Complemento
indireto oblíquo
É selecionado pelo É selecionado pelo verbo
verbo (transitivo (transitivo indireto).
indireto).

Tem a forma de
grupo preposicional. Tem a forma de grupo
preposicional ou de grupo
adverbial.

Pode ser substituído


pelo pronome pessoal Não pode ser substituído
“lhe”, “lhes”. pelo pronome pessoal
“lhe”, “lhes”.

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Alguns verbos que necessitam de complemento oblíquo para completar o seu sentido:

assistir (a)  O Mário assistiu a tudo.

acabar (com)  Aquele filme acaba com qualquer crítica.

beneficiar (de)  Portugal vai beneficiar de ajuda externa.

brindar (a)  Ele brindou ao sucesso dos alunos.

candidatar-se (a)  A Rita e a Joana candidataram-se a este emprego.

chocar (com)  Ela chocou com o João.

colocar (em)  O aluno colocou o livro em cima da mesa.

concordar (com)  Eu concordo contigo.

discordar (de)  Eu discordo dos teus argumentos.

encarregar-se (de)  O delegado de turma encarregou-se de apagar o quadro.

falar (de)  Hoje, falo-vos de gramática.

gostar (de)  As crianças gostam de brincar.

guardar (em)  Os alunos guardam as mochilas nos cacifos.

interessar-se (por)  Aquele aluno sempre se interessou por Física.

ir (a)  Eu vou a Viseu.

ocupar-se (de)  Eu ocupo-me dos alunos durante a tarde.

residir (em)  A Maria reside no Porto. 17


Modificador do grupo verbal
Função sintática desempenhada por um constituinte do grupo
verbal que, não sendo selecionado pelo verbo, acrescenta
informação sobre o predicado; exprime diferentes valores, como
lugar, tempo/duração, modo, causa, fim.

O Miguel trabalhou de O Miguel trabalhou.


manhã.
O Miguel correu.
O Miguel correu bem.
O Miguel lia.
O Miguel lia no quarto.

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Modificador do grupo verbal
Pode ser realizado por:

Grupo adverbial - Ex.: O Marco correu devagar.

Grupo preposicional - Ex.: Ele viu o filme com emoção.

Oração:

- subordinada adverbial causal

Ex.: O Gaspar não veio, porque teve de estudar.

- subordinada adverbial temporal

Ex.: Quando os encontrei, já tinham almoçado.

- subordinada adverbial final

Ex.: Abri a janela para arejar o quarto.

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COMPLEMENTO OBLÍQUO E
MODIFICADOR DO GRUPO VERBAL
Complemento Modificador do
oblíquo grupo verbal
É selecionado pelo Não é selecionado pelo
verbo (transitivo verbo, mas relaciona-se
indireto). com ele.

É indispensável ao É dispensável ao sentido


sentido da frase. da frase.
Ex.: Ele vai para Paris
Ex.: Ele gosta de amanhã. (Ele vai para
morangos. (*Ele gosta) Paris.)
Tem a forma de grupo Tem a forma de grupo
preposicional ou preposicional ou
adverbial. adverbial.
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PREDICATIVO DO SUJEITO

Função sintática desempenhada pelo constituinte que ocorre em


frases com verbos copulativos. Este constituinte predica algo
sobre o sujeito.

O João é professor de Matemática. grupo nominal

Os alunos estão muito interessados.  grupo adjetival

A Joana ficou na escola.  grupo preposicional

A minha casa é aqui.  grupo adverbial

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Predicativo do sujeito:
- atribui uma propriedade, uma característica ou
uma localização ao sujeito;
- - pode ter a forma de um grupo nominal, de um
grupo adjetival, de um grupo preposicional ou de
um grupo adverbial.

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Complemento direto e Predicativo do sujeito

Complemento direto Predicativo do sujeito

É selecionado por um É selecionado por um


verbo transitivo direto. verbo copulativo:
ser, estar, parecer, ficar, permanecer,
Não atribui uma continuar, tornar-se, revelar-se, ...
propriedade,
característica ou Atribui uma propriedade,
característica ou
localização ao sujeito. localização ao sujeito.
Tem sempre a forma de Pode ter a forma de grupo
grupo nominal. nominal, adjetival,
preposicional e adverbial

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Predicativo do complemento direto
É selecionado por um verbo transitivo-predicativo (achar, chamar,
considerar, eleger, julgar, nomear, tratar…)

Predica algo sobre o complemento direto;

Concorda em género e número com o complemento direto;

Na pronominalização do CD, o constituinte com a função de


predicativo do complemento direto (a vermelho) não integra a
pronominalização do CD.
Exemplo: Eles acharam a rapariga bonita.
Eles acharam-na bonita.
* Eles acharam-na.
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Predicativo do complemento direto:
Pode ter a forma de um grupo nominal (i), adjetival (ii)
ou preposicional (iii)

Ex.: (i) Ele considera o João um ótimo amigo.

(ii) Ele acha a Maria bonita.

(iii) Ele considera o filme sem interesse nenhum.

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Geralmente, o complemento direto e o predicativo do
complemento direto podem ser parafraseados por
uma oração completiva finita (em que o complemento
passa a sujeito da oração completiva e o predicativo
do complemento direto passa a predicativo do
sujeito):

Ex.: O João acha a namorada bonita.

O João acha que a namorada é bonita. (oração

completiva)

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Complemento direto e
Predicativo do complemento direto

Complemento direto Predicativo do CD


É selecionado por um verbo É selecionado por um verbo
transitivo direto; transitivo- predicativo (achar, chamar,
considerar, eleger, julgar, nomear,
tratar…);
Não atribui uma propriedade,
característica ou localização Predica algo sobre o complemento
ao sujeito; direto;
Tem sempre a forma de Pode ter a forma de um grupo
grupo nominal; nominal, adjetival ou preposicional;

Pode ser substituído pelo Geralmente, o complemento direto e


pronome pessoal “o”, “a”, o predicativo do complemento direto
“os”, “as” podem ser parafraseados por uma
oração completiva finita;
Ex.: Ele leu o livro. // Ele lê-o.
Ex.: O João acha a namorada bonita.
// O João acha que a namorada é
27 bonita.
Predicativo do sujeito e
Predicativo do complemento direto

Predicativo do sujeito Predicativo do CD


É selecionado por um verbo copulativo: É selecionado por um verbo transitivo-
predicativo (achar, chamar, considerar,
ser, estar, parecer, ficar, permanecer, eleger, julgar, nomear, tratar…);
continuar, tornar-se, revelar-se
Concorda em género e número com o
• Atribui uma propriedade, característica complemento direto.
ou localização ao sujeito.
Predica algo sobre o complemento direto;
• Concorda em género e número com o
sujeito. Pode ter a forma de um grupo nominal,
adjetival ou preposicional;
• Pode ter a forma de grupo nominal, Geralmente, o predicativo do complemento
adjetival, preposicional e adverbial direto pode ser parafraseado por uma
oração completiva finita;
• O predicativo do sujeito só pode ser
substituído pelo pronome demonstrativo Ex.: O João acha a namorada bonita. // O
átono “o” e não admite passiva: João acha que a namorada é bonita.
(O João era feliz, mas o irmão não o era.)
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Complemento agente da passiva
O texto é lido pelo aluno.
O Primeiro-Ministro é eleito pelo Povo.
A viagem será decidida pela família.

Complemento agente da passiva:


- geralmente é introduzido pela preposição “por”;
- tem a forma de um grupo preposicional, na voz
passiva;
- na frase ativa correspondente passa a grupo nominal
com a função de sujeito.
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CONSTRUÇÃO DA FRASE PASSIVA:
sujeito Complemento direto
O marido ofereceu um colar de pérolas à esposa.

Um colar de pérolas foi oferecido à esposa pelo marido.

sujeito Complemento agente da passiva

“foi” = verbo ser > verbo auxiliar da voz passiva (fica no


tempo verbal do verbo principal na voz ativa)
“oferecido” = verbo principal > particípio passado

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Modificador de frase
Função sintática desempenhada por um constituinte opcional que,
não sendo selecionado por nenhum outro constituinte, projeta o
seu valor semântico na totalidade da frase em que ocorre.
Pode ser realizado por:

Grupo adverbial
Ex.: Tecnicamente, o projeto é admirável.
Grupo preposicional
Ex.: Na realidade, esse problema é mais complicado do que
parece.
Oração:
- subordinada adverbial concessiva
Ex.: Mesmo que esteja frio, vou à praia.
- subordinada adverbial condicional
Ex.: Se tiveres tempo, lê este livro.

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Modificador do nome
Função sintática desempenhada por um constituinte do grupo
nominal, que, não sendo selecionado por ele, lhe modifica o
sentido.

Pode ser:

-modificador do nome restritivo,

OU

-modificador do nome apositivo.

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Modificador do nome restritivo: quando restringe/limita a
referência do nome; não surge isolado por pontuação.

Pode ser constituído por:

- Um grupo adjetival:

Ex.: A casa amarela é a mais bonita.

- Um grupo preposicional;

Ex.: Gato de luvas não caça ratos.

- Uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva:

Ex.: A tecnologia que vai surgindo facilita-nos a vida.

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Modificador do nome apositivo: quando não limita a referência do nome;
surge sempre isolado entre vírgulas, parêntesis ou travessões.

Pode ser constituído por:

-Um grupo nominal:

Ex.: Os cães, nossos amigos, são encantadores.

-Um grupo adjetival:

Ex.: O poeta, criativo e paciente, tinha uma vida atribulada.

-Um grupo preposicional;

Ex.: As viagens, de importância vital na vida, são sempre memoráveis.

- Uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa:

Ex.: Os arcaísmos, que são frequentes na poesia medieval, enriquecem a


cultura geral dos leitores mais atentos.

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Bibliografia
Dicionário Terminológico (em Linha)

AMORIM, Clara et SOUSA, Catarina, Gramática da


Língua Portuguesa, 2009, Areal Editores, s.l.ed.

AZEREDO, M. Olga, PINTO, M. Isabel Freitas M. et LOPES, M.


Carmo Azeredo, (cconsultor científico João Costa), Gramática
Prática de Português. Lisboa, Raiz Editora, 2013.

MATEUS, Maria Helena Mira, BRITO, Ana Maria, DUARTE,


Inês, FARIA, et alli, Gramática da Língua Portuguesa. Lisboa,
Editorial Caminho, 2003.

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