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Análise de um filme

Como a História descobre a verdade?


Título do filme: Meu tio matou um cara
Ano de produção: 2004
Tempo de duração: 84 minutos
Local de produção: Brasil
1. Os personagens

Duca Isa Kid

Éder Soraia Laerte Cléia

a) Duca e Kid não são apenas melhores amigos. São também rivais na
disputa do amor de Isa... e têm diferenças de personalidade. Em
várias cenas, o filme mostra claramente tais diferenças. Qual são
elas?
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b) Uma das principais características de Duca está sempre sendo


utilizada por ele para descobrir a verdade nas coisas do dia a dia
que não lhe contam ou que ele não tem coragem de perguntar. Qual é
essa característica?
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2. Mentira versus verdade
c) Éder, tio de Duca, aparentemente cometeu um crime e esse é o problema
que move a trama do filme a partir daí. Mas será verdade isso que
Éder conta?
SIM, ELE É O CULPADO NÃO, ELE É INOCENTE
Quais as provas de que ele é Quais as provas de que ele é
culpado? inocente?

d) Em visita à Soraia, Duca percebe que há um homem no apartamento. Isso


o incentiva a procurar um detetive particular – e faz isso com a
ajuda de Isa. O detetive lhe entrega fotos que fazem crer que Soraia
está traindo Éder com um dos personagens principais. Vamos analisar
as provas fornecidas pelo filme e pensar nas duas possibilidades.
HIPÓTESE SORAIA TRAIU ÉDER
1
Amante – suposição 1 Amante – suposição 2
Com quem?

Lista de ________________________ ________________________


provas ________________________ ________________________
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HIPÓTESE 2 SORAIA NÃO TRAIU ÉDER
Lista de _________________________________________________
provas _________________________________________________
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e) Uma das características do filme é nos deixar em dúvida quanto ao que


realmente aconteceu: quem mesmo teria cometido o crime? Soraia traiu
Éder? Se traiu, com quem? Ao mesmo tempo, o próprio filme dá dicas de
como se pode descobrir a verdade. Essas dicas estão claras no game de
detetive e nas características mais marcantes de Duca e Isa. Escreva
três dicas que o filme fornece sobre como se pode descobrir a verdade.
1ª.dica:________________________________________________________________
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2ª.dica:________________________________________________________________
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3ª.dica:________________________________________________________________
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E para que serve estudar assuntos assim?
Pensar sobre assuntos desse tipo não é apenas um exercício de escola. É uma
maneira de refletir sobre acontecimentos verdadeiros, sobre possibilidades de
acontecimentos. O texto abaixo ajudará a você a entender melhor tudo o que discutimos
até agora.
Que medidas poderiam ser tomadas
para evitar que casos assim se repitam?

corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e


ONZE ANOS DO com um mandato de busca e apreensão, dirigiu-
se ao apartamento de Saulo e Mara Nunes,
CASO ESCOLA BASE acompanhado de seis policiais, Cléa e Lúcia. No
apartamento nada encontraram além de uma
cama retangular, uma fita de vídeo com um
Passo-a-passo sobre como a mídia grande show do cantor Fábio Jr. e filmes da máquina
destruiu a vida de duas famílias fotográfica do casal. Na escola encontraram uma
coleção com fitas de Walt Disney. "Eram 17h30
Por Thiago Domenici da tarde, mais ou menos, estávamos lá dentro
jornalista da revista Caros Amigos conversando. De repente toca a campainha e
thiagodomenici@carosamigos.com.br desci para abrir o portão. Abri o portão e a rua
tava cheia. Delegado me segurou: polícia!",
Foi numa segunda-feira, 28 de março relata Icushiro Shimada. Sem provas eles
de 1994, que a mídia iniciou uma série de retornaram com as mães para a delegacia. (...)
erros e mentiras na falta de conduta ética e Já na delegacia Cléa Parente telefonou para a
jornalística mais clássica da década de 90. O Rede Globo e com a chegada da reportagem a
caso da Escola de Educação Infantil Base, polícia resolve escutar os acusados.
referência negativa para o meio jornalístico, Um erro após o outro
fatídico para os envolvidos foi o episódio negro A barbárie noticiosa começou pelo
do que se convencionou chamar de jornalismo jornalismo do Jornal Nacional e a mídia grande
sensacionalista. (...) bebeu as denúncias sem duvidar da veracidade.
No dia 30 um telex do IML já adiantava o
O fio da meada
resultado parcial do exame do menino Fábio,
Antes do "circo da mídia" duas mães, filho de Lúcia: "Referente ao laudo nº 6.254/94
Cléa Parente de Carvalho e Lúcia Eiko Tanoue, do menor F.J.T. Chang, BO 1827/94, informamos
procuram a polícia na região da Aclimação, que o resultado do exame é positivo para a
São Paulo, no 6º Distrito, com uma denúncia prática de atos libidinosos. (...)". O resultado
de abuso sexual contra seus filhos de 4 anos, parcial bastou. Mesmo sem provas e percebendo
alunos da Escola Base. A queixa era contra os a sede dos jornalistas pelo episódio o delegado
donos da escola, Icushiro Shimada e sua Edélcio virou celebridade. De um lado a
esposa Aparecida Shimada e o casal de sócios imprensa, com o passar dos dias, criou um viés
Paula e Maurício Alvarenga. Segundo elas, sensacionalista para as denúncias de abuso
essas pessoas organizavam orgias sexuais sexual e de outro Edélcio passava informações
com a participação de seus filhos, filmando e sem embasamento. Mais três denúncias
fotografando tudo. Além destes, outro casal foi surgiram. Os jornais se adiantavam ao inquérito
acusado pelas duas mães, Saulo e Mara policial, ou até traziam informações que nem lá
Nunes, pais de outro aluno da Base. À época, constavam. Como na matéria do dia 31 de março
a TV Cultura noticiou: "Lúcia ouviu seu filho do Jornal Nacional, que sugere o consumo de
dizer que, junto de Carla, foi à casa de um drogas durante as supostas orgias, ou a
coleguinha da escola, Ronaldo, 4 anos, filho do possibilidade de contágio com o vírus HIV, em
casal Saulo e Mara Nunes. Contou ter visto decorrência dos abusos. O caso ficou conhecido.
filmes de 'gente pelada', que batiam 'fotos' e Inicialmente com acusações de molestar
havia cama redonda. Tudo isso aconteceria sexualmente duas crianças, os acusados
durante o horário das aulas, e as crianças terminaram a semana drogando, e,
seriam levadas para fora da escola na Kombi possivelmente, transmitindo Aids para as
de Maurício". mesmas. Quando os acusados ganham espaço o
O circo estava armado delegado já se sentia confortável nas atitudes
O delegado de plantão era Antonio que tomava. Em 5 de abril ele pede a prisão
Primante, mas quem o substituiu no caso foi preventiva de todos os suspeitos - mas isso não
Edélcio Lemos. Primante fez o dever de casa: foi divulgado, a intenção era prendê-los de
encaminhou as duas crianças para exame de surpresa. Saulo e Mara são presos ao se
apresentar para o suposto depoimento. São Os dias atuais
soltos três dias depois. A advogada do casal Em 1995, Shimada, Paula e Maurício moveram
teve acesso ao laudo final do IML. A vista uma ação por danos morais contra a Fazenda
aconteceu acidentalmente uma vez que Pública (Estado). Eles ganharam nas duas
Edélcio não mostrava para ninguém a pasta do primeiras instâncias e aguardam até hoje a
inquérito. O resultado do exame final: (...) As sentença final que virá de Brasília. Isso pode
lesões encontradas poderiam ser atribuídas levar mais alguns anos. Em 2003, foram
tanto a coito anal [relação sexual anal] quanto processados também por danos morais os
a problemas intestinais (mais tarde, a segunda veículos Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo,
explicação seria confirmada). Lemos foi Globo, SBT, Record, Rádio e TV Bandeirantes,
afastado do caso. Em seu lugar assumiram revistas Veja e IstoÉ. Shimada teve três enfartes
Jorge Carrasco e Gérson de Carvalho. A desde 1994, fuma bastante e tem medo de
investigação foi reiniciada. andar na rua. Atualmente toca a vida numa
(...) xerox no centro de São Paulo. Sua esposa faz
Enfim, inocentes tratamento psicológico desde o episódio. Os
No dia 22 de junho, Gérson inocentou outros acusados se mudaram para o interior. Os
os seis acusados. Ao contrário do que Edélcio repórteres que cobriram o caso continuam suas
disse quando perguntado sobre as provas: vidas profissionais normalmente. Nenhum veículo
"Vocês ficam falando de provas, provas, o foi punido, nenhuma desculpa foi dada com o
inquérito é a prova". O inquérito do Caso mesmo espaço das acusações.
Escola Base foi arquivado, pois é um 30 de julho de 2005.
documento de apuração e investigação e ele
Acessível em:
nada continha que incriminasse os sete
http://www.fazendomedia.com/novas/educacao3
acusados. A conclusão do delegado: "se houve
00705.htm
crime, este ocorreu em outro lugar e tendo
Acesso em: abr. 2007
outros personagens".
A opinião pública e a Escola Base
Onze anos após a absolvição legal, os
acusados nunca mais tiveram paz. Suas vidas
foram destruídas e nenhuma compensação
financeira foi paga até hoje. (...) A seqüência
da história foi um assassinato social: todos
tiveram que abandonar suas casas para não
receber castigos físicos, a escola foi depredada
e saqueada, a casa de Maurício e Paula teve o
muro pichado - "Maurício estuprador de
criancinhas" - e seus rostos ficaram marcados
como molestadores de crianças.
Será que não perceberam?
Três detalhes chamam a atenção
para os equívocos da mídia no caso: um
delegado afirma que tem fotos e fitas de vídeo
que mostram adultos fazendo sexo com os
alunos, mas não mostra o material alegando
que poderia prejudicar as investigações. As
crianças foram interrogadas (crianças de
quatro anos) sem a presença de um psicólogo
e suas declarações tomadas como verdades
absolutas e noticiadas sem o menor critério de
apuração. E o laudo do Instituto Médico Legal
(IML), ambíguo, e utilizado pelo delegado
como prova cabal dos abusos quando, na
realidade, as lesões no ânus de uma das
crianças era compatível com a excreção de
fezes ressecadas e, mais tarde, se confirmaria,
eram conseqüência de um sério problema
intestinal do garoto.

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