pg.

1 |
 ao leitor

O
lá cidadão do nosso belo planeta terra, é um prazer ter você na
estreia da nossa tão amada revista. Mas você pensa, “ora bolas,
mais uma revista nesse mundo - suposto – plano?”, não! Veja bem,
queremos que você tenha uma experiência de leitura profunda e cheia de
entendimento desse universo que ganhou o coração de tantas pessoas
nos últimos tempos, o universo da cultura pop.

Então tudo o que podemos te dizer é que, sinta que essa revista não é fei-
ta por gente que não ama o que faz, pois nós somos apaixonados por esse
assunto, por isso talvez caia uma lágrima de emoção enquanto acompa-
nha. Queremos que você se sinta parte da família HYPE, até porque você
poderá pagar um churras para toda redação, não é mesmo caro humano?
(insira aqui risadas que eu dei).

Isso é tudo pessoal, fique à vontade e desvende nas próximas páginas o

universo pop abordado de maneira simples, porém com a profundidade
da deep web. Você acaba de ingressar não em uma revista pop, mas na
revista HYPE.

diretora de redação, Kauanne Piedra

| pg. 4
 SUMÁRIO

O que temos para hoje?

games
Mito ou verdade? A influência dos jogos digitais nos jovens | pg. 8
Uma década de League of Legends | pg. 11
Os jogos digitais e o mercado de trabalho | pg. 12
Card games: Um sucesso que atravessa gerações e se junta aos novos tempos | pg. 14

comportamento
O mágico universo do RPG na educação | pg. 20
Pai adota filho através do amor pelas histórias em quadrinhos | pg. 24
Nerd e preconceituoso? É claro que isso não combina! | pg. 26
Assessora de imprensa e cosplayer, sim! | pg. 30
Coringa: o reflexo que não queremos enxergar | pg. 32

tecnologia
Aplicativos a favor da sociedade | pg. 38

audiovisual
Depois de 25 anos de história, a série Friends ainda é um sucesso: e os fãs podem provar | pg. 44
Remakes de animes agradam? | pg. 48
O futuro do audiovisual | pg. 50

LITERATURA
Quadrinhos e suas histórias | pg. 56
HQs independentes caem nas graças dos leitores | pg. 58
Como a literatura infanto-juvenil influenciou os jovens na política | pg. 62
Aplicativos de leitura vêm fazendo sucesso entre autores e leitores | pg. 64

representatividade
O poder da representatividade | pg. 70
Itapetininganas exibem opiniões sobre os papeis direcionados às mulheres no cinema | pg. 74

pg. 5 |
| pg. 6
A editoria de GAMES tem como objeti-
vo mostrar as muitas histórias que vão
além dos monitores e tabuleiros. Ela
conta sobre pessoas que veem nos jo-
gos mais do que diversão ou hobbie,
mas também enxergam um jeito único
de encarar desafios e conquistas!

pg. 7 |

Mito ou verdade?
A influência dos jogos digitais nos jovens
Thatyane Milena
E
m março de 2019, o Brasil desperta
com a triste notícia da tragédia do
Massacre na escola ‘’Professor Raul
Brasil’’, na cidade de Suzano, local em
que dois jovens vitimaram sete pessoas, den-
tre estudantes e funcionários e, em seguida
cometeram suicídio ainda dentro da escola.
É notável a relação de inspiração dos ado-
lescentes com o caso de 20 de abril de 1999,
quando mundo inteiro é informado sobre o
Massacre de Columbine nos Estados Unidos,
onde outros dois jovens invadem uma escola
local (Columbine High School) e realizam o
que se tornaria o maior massacre escolar de
todos os tempos, deixando um professor e 12
alunos mortos e 24 pessoas feridas. Os res-
ponsáveis do massacre cometeram suicídio
logo após o tiroteio.
Após o acontecido, até os dias de hoje, são pro-
duzidos documentários, estudos e pesquisas
sobre esse tipo de comportamento de quem co-
mete tais atitudes violentas. Muito é coligado
com os jogos digitais, visto que a violência é o
maior meio de marketing para o impulsionamen-
to das vendas dos jogos. Segundo uma pesquisa
do Advancing Technology for Humanity (IEEE),
os jovens estão passando de cinco a oito horas
jogando sem parar. Apesar de ser um número
expressivo, deve-se comemorar, pois antes as
médias eram de dez a 15 horas.
Para Thífani Postalli, pesquisadora e professora
de jogos digitais, os jogos digitais não têm esse
poder de influência como as pessoas acreditam,
a exemplo outras mídias como o cinema, a tele-
visão, seriados ou quaisquer outras mídias que
trabalham com narrativas violentas. O que ocor-
re na verdade é a falsa impressão de que o joga-
dor se torna violento, pelo fato de ele tomar as
decisões dentro do jogo, que muitas vezes são
violentas. ‘’Porém, de acordo com Edgar Murin,
as pessoas têm consciência do que é ficção e do
que é a realidade, e sabem que na realidade, não
estão machucando ninguém’’, diz a pesquisado-
ra.
| pg. 8
GAMES
Entre 1994 e 2010, um fato comprovado pelo
governo americano é que crimes cometidos por
jovens diminuiram mais de 50%, justamente no
período em que os videogames se polarizaram e
os jogos digitais se diversificaram mais.
A semelhança de um dos autores do ataque de Suzano
com um personagem do jogo Free Fire fez com que mui-
tos analisassem o poder de influênc ia dos games sobre os
menores de idade.
Foto: Internet/divulgação
“Não é de hoje que se questiona sobre a influên-
cia, e não exclusivamente com os jogos, e sim de
qualquer mídia que estiver no auge da sociedade.
Desde os filmes (mesmo os sem diálogo), jornais,
novelas, já se abordava essa questão desde a
introdução de cada mídia na população”, relata
Postalli.
Sandra Mara de Souza, 47, radialista de Soroca-
ba, São Paulo e mãe de Daniel de Souza, de 14
anos e jogador de jogos digitais, diz que não há
malefícios perceptíveis causados pelos jogos. ‘’O
rendimento escolar também permanece o mes-
mo, e não há alterações no humor em relação ao
jogo, o que nós pais temos que ter é a malícia de
entender o problema, pois há diversas variáveis
que podem provocar a ira de um garoto de 14
anos. O que eu faço para manter esse controle
é procurar entender como é o mundo na mente
do meu filho, participar literalmente, saber o que
está jogando, como funciona, observar se reflete
em ações dentro de casa ou na escola. ’’, conta.
A psicóloga Letícia Cordeiro Salles de Sorocaba,
diz que cada indivíduo tem o seu condicionamen-
to psíquico, que é criado desde o momento de
sua primeira percepção. A realidade é que uma
somatória de fatores decorridos de suas experi-
ências vividas causam um transtorno.
MES
O que ocorre em relação aos jogos
é uma identificação para com o
personagem.
Contrariando as reportagens des-
ta mesma temática divulgadas, a
psicóloga ainda confirma que os
ataques escolares que ocorreram
recentemente, apesar da seme-
lhança com os famosos jogos digi-
tais, não teriam capacidade algu-
ma de estimular a ira e o prazer de
forma autônoma e singular para
reproduzir os acontecimentos.
Uma somatória de fatores podem
causar uns transtorno psíquico,
desta forma o indicado para os
pais é que em quaisquer sinais de
transtorno socialmente percep-
tível, busquem a ajuda de um pro-
fissional que venha buscar a raiz
dessa psiquê, e não diagnosticá-lo
prematuramente.
pg. 9 |
 GAMES
dic a de filme
Em 2044,

Realidade
Wade Watts,
assim como
o resto da

virtual
humanidade,
prefere a
realidade
virtual do
jogo OASIS
Kauanne Piedra ao mundo

O realismo virtual parece real.

complexo, né?

#SQÑ
Nosso cérebro pode se enganar
facilmente com ilusões, pois to-
dos os sentidos são dados in-
terpretados que facilmente se-
riam manipulados.

estereoscópica
vr usa visão estereoscópica
Espera! Visão o que?
Estereoscopia é uma técnica usada para se obter informações do espaço tridi-
mensional, através da análise de duas imagens obtidas em pontos diferentes. É
um fenómeno natural que ocorre em muitos animais com dois pontos de visão e
também no ser humano, quando uma pessoa observa em seu redor uma cena
qualquer.

REALIDADE
VIRTUAL É
COM MOVIMENTOS INCLUSOS NA MENTE
3D
| pg. 10
 Uma década de
league of legends

U
Vander Deziderio
m dos games mais consagrados da his-
tória dos jogos e dos esportes eletrôni-
cos comemorou recentemente seus 10
anos de existência. Se trata do “LOL-
zinho” ou League of Legends, MOBA (arena de
batalha m ultijogador online) da renomada Riot
Games. Disponível oficialmente no dia 27 de ou-
tubro de 2009, podemos dizer que o jogo mudou
muito nos quesitos de jogabilidade, estética, me-
cânica de jogo, entre outros aspectos durante
esses anos, mas não perdeu a sua essência ca-
racterística que fez uma multidão se apaixonar.
Hoje o game ultrapassa a marca de 100 milhões
de jogadores ativos no mundo, é um dos prin-
cipais fomentadores do cenário mundial de eS-
ports e todos os anos bate recordes de audiên-
cia.
“Nós tentamos criar uma empresa que buscava
criar uma boa relação com os jogadores, que ou-
viria e entenderia quando as coisas não estives-
sem dando certo e melhoraria, mesmo nas vezes
que não concordávamos. Nós sempre quisemos
ser a empresa que faz essas coisas”, comentou
Marc Merrill, em entrevista para o The Enemy.
Temos que concordar, todos esses fatores re-
sultaram no sucesso mundial. Após 10 anos, a
comunidade de League of Legends se mantém
ativa no fórum, nas redes sociais e tantos ou-
tros meios que fazem essa ligação entre joga-
dor e empresa. Essa relação vai muito além, e
para a Riot Games é um marco, pois toda essa
interação é capaz de unir pessoas, de diferentes
países, classes, mas que compartilham a mesma
experiência.

No meio dos eSports, League se tornou um fe-
nômeno pelos números gigantescos. Com gran-
des competições pelo mundo todo, tanto regio-
nal quanto mundial, os campeonatos batem de
frente com estatísticas de grandes competi-
ções de esportes tradicionais, como Super Bowl,
campeonato da NFL, principal liga de futebol
Apesar de estar disponível para o público desde
2009, foi na terceira temporada, em 2013, que o
jogo explodiu no mundo todo. O salto é gigante
quando comparamos os números.
"Houve um salto muito grande entre esse tempo.
Nossos campeonatos eram torneios pequenos

pica
americano dos Estados Unidos. em eventos, até que estávamos no Galen Cen-
ter, todos estavam torcendo e foi uma produção
Para se ter uma ideia, é estimado que as receitas enorme. E league of legends não arava de cres-
globais dos esportes eletrônicos atinjam neste cer. Absolutamente ninguém esperava aquilo. Eu
ano um total de US$1,1 bilhão (R$ 4,5 bilhões), mesma não esperava",
um crescimento de 27% sobre o ano anterior. Na
soma dessa montanha de dinheiro, estão patro-
cinadores, direitos de imagem, publicidade entre
outros tantos investimentos que são feitos na
modalidade.

Os criadores do jogo, Brandon Becke e Marc

Merrill, sempre falam em entrevistas que são
apaixonados por jogos, e pelo fato de saber a
frustação que os jogadores sentem quando não
são ouvidos pelos responsáveis dos games, bus-
caram construir League junto à comunidade.

No documentário especial de 10 anos, “League of

Legends: A Origem” disponível na Netflix, vemos
que desde o início a Riot, mostrava um interesse
verdadeiro de se comunicar com a comunidade.
Isso é um dos marcos no mundo dos jogos, pois
a relação empresa e jogador até os dias de hoje
se mantem forte.
pg. 11 |
 “
GAMES
Os jogos digitais
e o mercado de trabalho
Como a Geração Z e os Milleniuns transformaram os
conceitos de trabalho do século XXI.

to, sempre ao som de Charlie

Brown Jr. Ao ver aquela cena Nem tudo
tão esperada, os meninos
expiram levemente o ar pelo são flores!
nariz e dão um leve sorriso de
Assim como no mercado tra-
canto. Olham fixamente so-
dicional, conquistar o seu es-
bre o vidro insufilmado, e es-
paço e reconhecimento não é
Vinicius Rocha cutam o forte ruído do freio

G
tarefa fácil. E para qualquer
rande parte das crian- de mão puxado com força início de carreira o apoio dos
ças brasileiras nasci- (a espera acabou!). “Vieram pais é sempre muito impor-
das em entre os anos bater o cartão? Esses são tante. Mas como situa-los
70/80, tinham uma rotina meus meninos!”. diante de uma profissão tão
muito agitada. Brincavam moderna e que a primeiro
com os amigos até tarde na Naquela lan house, os garo- gera estranheza e insegu-
rua, era repleto de interação tos passavam horas e horas, rança por parte daqueles que
e sujeira, sempre correndo conforme elas iam passando, mais nos ama.
com os pés descalços, e es- mais eles queriam ficar. Os
peravam ansiosamente pela dedos já estavam todos sujos
frase na manhã seguinte “Alô de salgadinhos e chocolates,
criançada, o Bozo chegou!”. ficavam testando diversos
jogos onlines. Warcraft, MU,
Com a chegada da tecnolo- Gunbound, Half-Life durante
gia no final dos anos 80 e iní- todo o dia. Começava ali um
cio dos anos 90, muita coisa momento que mudaria para
mudou. As bagunças foram sempre a vida de uma da-
ficando de lado, e a interação quelas crianças, aconteceu
passava a ser cada vez mais o inesperado, o que qualquer
com um monitor. pessoa na época o chamaria
de louco se ele dissesse qual
Chegamos nos anos 2000. E seria a sua carreira no futu-
quem disse que criança não ro. Sua profissão? Editor de
gosta de rotina? Sábado, vídeo de CounterStrike.
08h30min da manhã, lá es-
tavam 4 garotos, sentados Mateus de Abreu Antunes,
no chão de asfalto, com os para os íntimos Matt, para dic a de
curtos shorts azul marinho o mundo digital, Xips. “Eu
A estudante
todo acinzentado na parte percebi que poderia traba-
Vee, pressiona-
traseira, comendo pastel de lhar com CS, porque eu tinha da pelos amigos,
queijo e dividindo uma tuba- vontade de ajudar a galera, decide partic-
ína. queria aprender. Sempre fiz ipar do jogo
vídeos de graça, e em uma online Nerve,
que faz desafi-
Após os longos 30 minutos dessa s fui contratado por os reais aos
de espera, sobe pela calçada uma empresa chamada Or- seus jogadores.
o tão esperado Audi A3 pre- ganização Brasileira de Ga- Porém, o jogo
mes” lembra ele no início de toma um rumo
sua jornada. assustador .
| pg. 12
s

“
“Não foi muito fácil expli- formada pela Faculdade In- “Para se destacar no setor de
car para os meus pais no tegradas Einstein de Limei- jogos digitais, existem duas
ra. “Para que os pais possam formas: O primeiro é o por-
início. Eles achavam que
o eu ficava o dia todo em
entender seus filhos, é ne- tifólio e o segundo é a inova-
cessário que haja empatia ção”, é o que explica o profes-
frente ao computador e conhecimento para iniciar sor Randolph coordenador do
jogando, mas na verda- um diálogo e entender, antes curso de jogos digitais da Uni-
de não era isso, eu esta- de julgar, qualquer decisão do versidade de Sorocaba.
va trabalhando”, afirma filho e as razões pelas quais
fizeram tais escolhas.” “Para se destacar no setor de
Xips.
jogos digitais, existem duas
“É uma área que está cres- formas. A primeira é o porti-
Quebrar esta barreira não é
cendo muito, sempre vai ter fólio e a segunda é a inova-
nada fácil, exigirá do profis-
demanda, sempre vai ter coi- ção”, diz
sional um diálogo aberto com
sa nova para fazer. Eu não
os pais que demonstre segu-
me via trabalhando com isso, Além do mercado formal (a
rança no que está fazendo.
mas hoje eu não penso em famosa CLT), o profissional
Além dos jovens, também é
sair daqui tão cedo”, Mateus deste segmento também
papel dos pais se inteirarem
Abreu conta com uma opção que
nas novas possibilidades que
Randolph faz questão de res-
a tecnologia e a digitalização
vêm oferecendo, é o que ex-
plica a psicóloga Dayane Oli-
Especiali- saltar, o empreendedorismo.
“O profissional também pode

zação não
buscar criar jogos para alguns
veira,
nichos, alguns deles não são
tão explorados pelo merca-
é só por do, um exemplo são os jogos
educacionais. Se comparado
tutorial! aos jogos de entretenimen-
to ainda são uma fatia muito
Ferramentas como o YouTu- baixa”.
be, viabilizam uma nova for-
ma de aprendizagem para Apesar de ser um segmento
essas pessoas se inserirem novo, é um mercado que tem
no mercado, mas em muitos oferece e oferecerá muita
casos os tutoriais não são o oportunidade. Em 2018, o site
suficiente. Para aqueles que de notícias G1, publicou uma
desejam realmente viver dos matéria sobre os “profissio-
jogos, é necessário buscar um nais do amanhã” e apresen-
diferencial. tou uma pesquisa realizada
pela empresa Newzoo, que
estuda dados do mercado
digital ao redor do mundo.
O estudo apresenta o seg-
dic a de filme mento já movimentou mais
udante de US$ 130 bilhões ao redor
siona- do mundo. No maior país da
migos,
partic-
América do Sul não é diferen-
do jogo te, na data da publicação, o
Nerve, Brasil possuia mais de 75 mi-
desafi- lhões de jogadores que aque-
ais aos cem o mercado com mais de
dores.
o jogo
US$ 1,5 bilhão.
m rumo
tador .
pg. 13 |
 GAMES
Card games
Um sucesso que atravessa gerações
e se junta aos novos tempos
Luiz Alves
O jogo de cartas dificilmen-
te não conquistou alguém de
quem teve sua infância no
início do século 21, seja pelos
jogos e estratégias alucinan-
tes do anime “Yu-Gi-Oh!”, ou
pelo grande fanatismo por
Pokémon, que invadiu todas
as plataformas (jogos, dese-
nho animado, bonecos, etc).
Dentro desse universo por
alguns anos essa indústria
viu crescer um mercado de
potencial, que funciona até
hoje.
Raphael Ortiz, que viveu essa
infância, jogando com seus
amigos por longas horas, de-
cidiu aos 27 anos juntar as
economias e montar a sua
própria loja de card game. Ele
que durante toda a vida cole-
cionou e participou de vários
campeonatos resolveu tor-
nar sua grande diversão em
negócio. “Nunca passou pela
minha cabeça montar qual-
quer comércio, nunca gostei
da burocracia que isso tem,
porém, o apoio de minha famí-
lia e o meu gosto pelo univer-
so do TCG me encorajaram a
abrir a loja”. A “Ginásio Are-
na” tem pouco mais de 1 ano,
e Raphael diz que o público
é fiel ao local: “praticamen-
te todos os fins de semana
criamos pequenos campeo-
natos, e alguns deles valem
pontos para um ranking na-
cional para disputar outros
torneios maiores...”. As pes-
| pg. 14
soas que frequentam a loja jogava de um jeito diferen-
são na maioria meninos de 15
te”, e aí ele me explicou que
a 20 anos, curiosamente um depois da escola ele passava
público que não viveu o auge
comprar os pacotinhos na
nas bancas de jornais. expectativa de vir as cartas
boas... Eu fiquei curioso para
Mas o que chama tan- saber como era, e ele me le-
ta atenção nessa nova vou para uma loja que ele
frequentava na infância, e eu
geração que não viveu
vi um monte de gente jogan-
o auge nos anos 2000? do lá, e fiquei super empolga-
do, e desde então jogo quase
Quando tinha 14 anos Ma- todos os fins de semana aqui.
theus Henrique, hoje com
19, conheceu o universo do Em 2011 a Dire Wolf Digital
card game através dos ami- junto a Pokemon company,
desenvolveram o “Pokémon
TCG Online”, que é a versão
do tradicional jogo criado em
1996, para os computadores
e tablets, onde o jogador nem
precisa sair de casa para jo-
gar com os amigos, além de
o custo inicial para montar
um baralho inicial ser zero.
Porém é interessante notar
que a empresa produziu uma
forma interessante de inte-
ragir aqueles que preferem o
jogo na sua forma física. Ao
comprar os boosters (paco-
Fachada da loja Ginásio Arena
tes onde geralmente contém
gos que o apresentaram ao 10 cards aleatórios) o joga-
HeartStone (jogo de car- dor ainda ganha um código
tas online, desenvolvido pela que lhe dá um booster crian-
Blizzard, com personagens do um interesse pelas duas
referentes ao World of War- plataformas do jogo. Para
craft, um dos jogos mais fa- Raphael isso é ótimo por que
mosos do mundo): a plataforma online é bem di-
dática para novos jogadores,
Eu baixei o jogo no meu ta- contendo ferramentas que
blet e meu pai, quando viu, auxiliam na montagem de um
disse que na época dele “se deck (baralho de cartas).
De alguns anos para cá vá-
rias desenvolvedoras cria-
ram versões de seus jogos
para o mundo das cartas. A
desenvolvedora Projekt Key,
por exemplo, viu sucesso no
mundo do card game quando
dentro de seu jogo “The Wi-
tcher 3” lançou um mini-ga-
me chamado GWENT, que
dentro da história do jogo
era uma forma de distração
dentro das tavernas, e devi-
do a pedidos dos fãs do jogo,
em 2016, a empresa resolveu
lançar o card game em sua
versão solo.
É um bom negócio?
ção de quanto gastei na épo- pionship de 2001 e vem com
ca, mas hoje em dia eu acabo um certificado autografado
gastando cerca de 50 reais por Kazuki Takahashi, criador
por semana, já que as trocas do anime.
de cartas me fazem econo-
mizar bastante”. Os pacotinhos com cartas
aleatórias variam de 5 a 10
As cartas físicas geralmente reais dependendo do jogo,
têm valores variados na hora além de em muitos dos casos
de fazer as trocas. Vários fa- você também pode comprar
tores determinam o valor de um pack com 50 boosters
um card, seja pela raridade por um valor mais em conta.
de encontrá-la, poder dentro O valor não varia muito para
do jogo, se é um item de co- os jogos online, mesmo não
lecionador, além de claro da havendo a possibilidade de
necessidade da pessoa em troca em muitos deles, po-
ter a carta para montar um rém, os jogos sempre pro-
porcionam formas de ganhar
boosters sem que se gaste 1
centavo.

Prêmios milionários,
dentro e fora das
telas!
Naturalmente os Card Ga-
mes tem competições com
premiações bem interessan-
tes para aqueles resolvem in-
vestir nisso. A oportunidade
de viajar para outros países,
O jogo Pokemon TCG Online tenta ser mais fiel ao modelo tradicional.
ganhar grandes quantias em
dinheiro e ser reconhecido
no cenário, são fatores que
deck. Há quem prefira com- sempre chama a atenção, e
Haja vista que o objetivo de prar essas cartas individual- esse é um fator que coinci-
qualquer empresa é o lucro, mente, o que também faz ser de tanto quem joga frente a
o fator financeiro também um bom negócio, já que mui- frente com seu adversário,
chama atenção desde quem tas pessoas vivem de vender quanto quem joga na frente
desenvolve o jogo, até os e comprar cartas pela inter- do computador.
vendedores finais. “O inves- net onde apenas uma carta
timento inicial varia de quan- pode chegar na casa dos mi- Com a crescente dos e-S-
tos jogos diferentes você lhares de reais. ports os campeonatos online
vai trabalhar loja, e de quais estão cada vez mais concor-
deles você vai priorizar, mas Segundo o Estadão, em Tó- ridos, porém também estão
ainda assim o investimento quio no Japão, uma loja está pagando mais. Em 2018 o
com a mobília (mesas e ca- vendendo uma edição espe- jogo HeartStone pagou cer-
deiras para os jogadores) cial da carta Dragão Supre- ca de 1,5 milhão em premia-
acaba sendo mais pesado mo de Olhos Azuis por 45 ções no seu principal campe-
que as cartas”, cita Rapha- milhões de ienes (aprox. R$ onato internacional.
el. “Quando comecei a jogar 1,7 milhão). A carta é única
meu pai que comprava as e foi entregue ao vencedor
cartas então, não tenho no- do Asian Yu-Gi-Oh! Cham-
pg. 15 |
CONFIRA MAIS EM NOSSO SITE
https://kauannepiedra.wixsite.com/hype

| pg. 16
 seu celular é seu
melhor amigo curta os seus melhores
momentos com ele

mantenham-se
estude com ele informados
infografico
aproveite e visite Saturno
mas não se esqueça de reaproveitar
o jornal com seu animal de estimação

mais que amigos

friends
aproveite os dias com ele na alegria e na tris-
teza, até que a falta de bateria os separe

peguem a
estrada
coloque o cinto e não atropele a Sa- vejam filmes
mara (O Grito), pode dar muito errado talvez você demore mais para escolher qual filme assistir, mas
não perca a esperança, uma hora você acha

pg. 17 |
| pg. 18
A editoria de comportamento tem como foco principal,
partindo de pautas presentes no segmento geek/nerd,
levantar discussões perante assuntos que devem ser
revistos ou repensados por todos os membros dessa
incrível comunidade. Com isso abordamos os meios de
inclusão do entretenimento como vias educativas, com-
portamentos danosos e modos de vivência!

pg. 19 |

O mágico universo
do RPG na educação
Profissionais estão apostando neste método que mistura a
diversão com o conhecimento
Caroline Manfré
O
s jogos de tabuleiro
promovem um mo-
mento de lazer e di-
versão para os seus
jogadores. Sendo assim, eles
continuam sendo produzi-
dos e lançados, marcando
geração em geração. Estes
jogos são populares até hoje
por permitirem que o jogador
imagine e pense qual é a me-
lhor saída, possibilitando um
poder de escolha mais amplo
que em um videogame, por
exemplo. Um dos jogos de
tabuleiro que ganhou o co-
ração dos jovens, foi o Role
Playing Game, mais conheci-
do como RPG.
Neste jogo cabe ao jogador
assumir o papel de um per-
sonagem e, junto com os de-
mais, montar uma narrativa.
Portanto, todos os partici-
pantes são os responsáveis
pelo andamento da história,
que pode ser curta, durando
uma única sessão, ou longa,
com diversas sessões. Es-
sas sessões são os encon-
tros do grupo para jogar e
dar andamento na aventura.
Os jogadores são orientados
o tempo todo por um narra-
dor, conhecido como mes-
tre. Cabe a ele o desenvol-
vimento do espaço, conflito
e dos personagens que não
pertencem aos jogadores. O
mestre não joga contra os
jogadores, mas sim junto a
eles. É um jogo que estimula
| pg. 20
a cooperação e o raciocínio.
Hoje em dia, o RPG vem ga-
nhando cada vez mais espa-
ço no mercado. Um exemplo
seria a edição especial do
Dungeons & Dragons, lança-
da neste ano. O jogo foi re-
tratado na série ‘Stranger
Things’, da rede de stream
Netflix. Fãs da série tiveram
a oportunidade de comprar
e conhecer um pouco mais
dessa vertente de jogos de
tabuleiro. O role playing game um bom comportamento na
mistura alguns elementos da
série, como os personagens
inventados pelo Mike, inter- O professor de inglês disse
pretado pelo jovem ator Finn que o clube é uma forma dos
Wolfhard, com a dinâmica do alunos superarem a sua timi-
RPG.
Apesar de muitos jovens es-
tarem conhecendo esta di-
nâmica só agora, existem
adultos que já tiveram a sua
vida marcada pelo jogo, que é
o caso do professor Luís Al-
berto. Ao jogar seu primeiro
RPG de mesa, o 3D&T, o pe-
queno Luís de 9 anos ficou
encantado com a liberdade
de escolha que ele tinha, di-
ferente dos jogos digitais
que ele jogava. A partir da-
quela partida, o Role Playing
Game passou a ser a paixão
dele para sempre. Após 20
anos tendo essa experiên-
cia, Luís decidiu partilhar
essa aventura com os seus
alunos. E foi aí que surgiu o
Clube de RPG da Escola Es-
tadual "Senador Vergueiro",
em Sorocaba.
compor
tamento
Depois de observar que al-
guns de seus alunos sabiam
o que era RPG, mas nunca
haviam jogado, o professor
decidiu levar um pouco des-
sa emoção para dentro das
salas de aula. Fundado em
agosto de 2018, o clube fun-
cionava como uma atividade
extracurricular, aberta para
alunos do ensino fundamen-
tal e ensino médio da escola.
Uma das regras para parti-
cipar dos encontros era ser
um aluno sem reprova e ter
escola.
“Fiquei encantado
com o jogo, suas
possibilidades e
seu conteúdo ri-
quíssimo”,
disse Fernando Carvalho
dez, pois ao assumir o papel
de um personagem, o aluno
acaba se soltando. O grupo
também estimulava o jovem
aprender mais sobre as fi-
guras históricas do jogo e a
trabalhar em equipe. O clube
jogava com os livros de Dun-
geons & Dragons, que são em
inglês. A partir disso, o aluno
também acabava aprenden-
do um outro idioma enquan-
to se divertia com seus cole-
gas de classe.
Haviam duas turmas do en-
sino médio e duas turmas do
ensino. Porém o clube entrou
em pausa, muitos desses
participantes se formaram,
ou mudaram de escola, ou
começaram a fazer ensino
técnico. Questionado sobre
o futuro do clube, Luís disse
que tem planos de voltar com
essa atividade ano que vem.
A expectativa do professor é
que tenha uma participação
ainda maior dos alunos.
Ao compartilhar um pouco da
sua história com o clube, ele
revelou que foi a primeira vez
em que narrou para crian-
ças. “Foi muito legal ver o jei-
to que elas (crianças) jogam.
A criança tem que desenhar,
mostrar como que é a perso-
nagem. O adulto é chato, ele
pega e mostra uma imagem
que acha ‘da hora’ na inter-
net”, revelou Luís.
Em dezembro de 2018, o clu-
be foi convidado para levar
este mundo do RPG para a
Escola Estadual Professor
Renato Sêneca de Sá Fleury.
Os alunos tiveram a opor-
tunidade de entrar em uma
aventura com figuras histó-
ricas, além de ter a chance
de jogar o Star Wars X-Wing.
O convite foi feito pelo pro-
fessor Fernando Carvalho,
amante do RPG desde dos
anos 90.
Fernando conheceu o Role
Playing Game na casa de um
amigo, jogando o Hero Quest,
O clube de RPG da E.E Senador Vergueiro durou aproxi-
Crédito: Fernando Carvalho/ Reprodução
da marca de brinquedos Es-
trela. Encantado com este
novo universo, o jovem co-
meçou a procurar mais sobre
e acabou conhecendo novos
sistemas, que logo passaram
a ser seus mundos favoritos.
A paixão de Fernando com
jogos de tabuleiro começou
cedo. Com incentivo de seu
pai, o garoto conhecia e jo-
gava jogos como Xadrez e o
Go.
“No Xadrez ou Go, apesar de
extremamente refinados, há
um número possível de joga-
das existentes, e um número
determinado de finalizações.
No RPG, a única limitação
está no conhecimento e na
imaginação dos jogadores”,
revela Fernando. Forma-
do em Educação Artística,
com especialização na área
de Design de Móveis, o pro-
fessor decidiu incluir o RPG
no conteúdo ministrado de
suas classes.
Lecionando aulas na rede
estadual desde 2004, Fer-
nando disse que sempre
acreditou no poder educa-
cional presente no RPG, pois
através dele o aluno vivencia
madamente 4 meses.
o tema proposto pelo pro-
fessor. Durante a sua facul-
dade, ele sempre acreditou
nisso e, devido ao seu vasto
conhecimento sobre este
tema, acabou se tornando
referência no espaço univer-
sitário, dando entrevistas e
palestras.
Para o professor, o Role
Playing Game funciona com
qualquer disciplina escolar e
para alunos de qualquer fai-
xa etária. Ele comenta que
os adolescentes acabam se
engajando com a atividade
por achar legal este modo de
ensino, sendo algo diferente
das aulas tradicionais. O RPG
não serve para substituir a
forma tradicional de ensino,
mas sim para complementar
o método educacional das
instituições.
“O aprendizado tem que
ter relevância para a pes-
soa. Quando associamos um
aprendizado com sentimen-
tos, sensações, histórias, a
probabilidade de realmente
assimilarmos este conteúdo
é muito maior, porque ele ga-
pg. 21 |
nha significância para quem O problema citado pelo pro- Logo após, o profissional le-
você é”, complementa Fer- fessor é que a geração atual vou uma série de testes so-
nando. tem uma facilidade de aces- bre os signos junguianos e
so às tecnologias, mas gran- aplicou o RPG. Entretanto,
RPG na educação: de parte dela utiliza esse após essa análise, ele encon-
Digital ou analógico? acesso de maneira fútil. “Se trou a forma.
o RPG é um meio de dar sig-
Segundo uma pesquisa reali- nificado e relevância para a O Role Playing Game junta o
zada pelo Censo da Indústria tecnologia onipresente dos fator, que seria o conteúdo,
Brasileira de Jogos Digitais dias de hoje, vejo como uma com a diversão. Com isso os
(IBJD), entre os anos de 2014
a 2018, o número de desen-
volvedores de jogos cresceu
164% no Brasil. Essa cres-
cente é resultado da grande
procura no mercado nacional
por games digitais. A Pes-
quisa Game Brasil (PGB) di-
vulgou este ano que a maio-
ria dos brasileiros, cerca de
66,3%, jogam jogos digitais.

Diante desse índice, muitas

empresas que fabricavam jo-
gos de tabuleiro, começaram
a se reinventar para não cair
no esquecimento do públi-
co. Alguns RPGs começaram
a migrar para a indústria do
digital. Hoje em dia é possí-
vel encontrarmos vários Role
Playing Games na App Store,
no Google Play, ou em qual-
quer plataforma digital de
aplicativos. Mas para aplicar
este jogo nas escolas, ele
deve ser digital ou analógico?
Em entrevista com o profes-
sor Luís Alberto, o profis-
sional revelou que o RPG de
mesa é mais tátil, mais fácil e
ainda estimula a criatividade
da criança. “Eu acho bom ti-
rar um pouco as crianças do
digital, elas ficam vidradas o
tempo todo no celular”, dis-
se Luís. Já o professor Fer-
nando Carvalho acredita que
a versão digital do RPG na
educação não funciona, mas
mesmo assim ele não des-
merece a iniciativa.
boa alternativa, tanto para
o aprendizado quanto para
a apropriação da tecnologia
como ferramenta”, explica o
profissional sobre o RPG di-
gital na educação.
Durante a conversa, o pro-
fessor Fernando reforçou
a importância desse méto-
do ser acolhido pelas insti-
tuições de ensino. Segundo
ele, a forma e o conteúdo
devem estar sempre juntos.
Mas o que seria essa forma?
Fernando explica que como
educador, ele tem um papel
importante na formação do
cidadão que o aluno vai se
tornar.
Inicialmente, ele começou a
incluir aspectos do RPG e
da psicologia em suas aulas.
O professor acredita que
quando o RPG é aplicado com
o método tradicional de ensi-
no, o jogo ajuda a melhorar a
concentração e o desempenho
geral do aluno.
Crédito: Caroline Manfré
jovens começam a se inte-
ressar mais pelos estudos,
quebrando a ideia de que a
escola é um lugar chato.
A aplicação deste jogo nas
escolas transforma o apren-
dizado em algo acessível. “E
em tempos de uma discus-
são cada vez mais crescen-
te sobre o ensino acessível,
educação especial, se torna
imprescindível o conheci-
mento de cada vez mais es-
tratégias para o processo de
ensino-aprendizagem”, diz
Fernando.

| pg. 22
capas nesta edição
confira nossa galeria e escolha sua preferida no site

https://kauannepiedra.wixsite.com/hype

pg. 23 |
 compor
Pai adota filho através do amor pelas tamento
histórias em quadrinhos
O amor pode nascer de diversas formas, porém o amor dessa família se iniciou
através da força do Hulk e da bondade do Capitão América

Kauanne Piedra co caro leitor,

E
vamos começar
m uma sala não muito do jeito certo,
grande, rodeada de do começo.
brinquedos e livros,
tinha em um canto Um casal sen-
um sofá pequeno e alaran- tia o dever de
jado, no centro uma mesa de ajudar o mundo
madeira gasta com lápis e em que vivem,
papeis espalhados, no outro mas não sabiam
canto o Pai - vamos o cha- como fazer isso.
mar assim, já que a história Pesquisas após
se passará no anonimato por pesquisas, co-
conta de processos judiciais nheceram o lar
-, lendo quadrinhos do Hulk de acolhimento,
com seu filho, quer dizer, eles esse lar recolhe
ainda não sabem que são pai crianças que
e filho. não tiveram
uma história tão agradável turo pai já começava a sentir
Essa história se passa den- em sua juventude, foram re- que um pequeno garoto, com
tro de um lar de acolhimen- colhidas pelo estado, algu- cabelos negros, enrolados,
to de menores, em um bairro mas impossibilitadas de vol- corpo frágil, porém muito
silencioso na cidade de Soro- tar aos pais ou responsáveis. agitado e falante, era mais do
caba, interior de São Paulo. A Um começo de vida um tanto que uma criança comum, ele
sala onde estávamos no pri- quanto conturbado. sentia como se aquele rapa-
meiro parágrafo é a bibliote- zinho fosse seu melhor ami-
ca, os nossos protagonistas O casal começou a ser vo- go, seu próprio filho.
são reais. Uma família que luntario, lendo histórias, aju-
começou com quadrinhos de dando na casa, doando seu Foi dentro daquela pequena
super-heróis, gerou um he- tempo para os pequenos, que biblioteca que ambos encon-
rói para o pequeno garoto de mostram no olhar a trajetó- traram um amor em comum,
8 anos. Mas espere um pou- ria turbulenta. Porém o fu- histórias em quadrinhos. O
favorito do Pai era o Capitão
América, mas o do peque-
no era o Hulk, que conforme
as conversas e amizade iam
evoluindo, o pai fez o menino
entender que o Hulk gerava
violência, então ambos agora
gostavam do mesmo perso-
nagem, o Capitão.

A biblioteca é o lugar mais

aconchegante da casa.
| pg. 24 Foto: Arquivo Pessoal
mpor
mento O casal ficou apaixonado
pelo garoto, um amor reci-
proco entre os três, se fosse
só pelo coração, já eram uma
família. Eles perguntaram
sobre a situação da crian-
ça, o lar disse que ele estava
impossibilitado de voltar aos
pais, portanto, poderia ser
adotado.
As famílias geralmente tem
um padrão comum, mesmo
com as mudanças culturais
e as diferenças, existe ain-
da muitos tabus envolvendo
a tão famosa adoção, porém
nosso casal herói não desis-
tiu da ideia de ganhar um fi-
lho tão especial. Com os olhos
cheios de água nos contando
essa parte da saga, o Pai diz
detalhes sobre os processos
do estado, muita burocracia
e sofrimento a cada estágio,
especialmente na hora de
deixa o garoto de volta no lar,
pois só podiam se ver finais
de semana.
“Toda vez que eu tinha que
deixar ele no lar, dizer tchau,
era uma tortura para nós e
principalmente para ele, já
era meu filho”, conta o pai
limpando as lágrimas sob os
óculos quadrados.
Depois de um ano inteiro de
idas e vindas ao fórum, pa-
peis para formar uma mon-
tanha, assinaturas e lágrimas
a cada despedida, finalmente
o casal poderia chamar ofi-
cialmente o pequeno de filho.
A história de amor que dessa
vez não é sobre um casal, é
sobre uma família que se for-
mou primeiro no coração, se
deu inicio graças ao amor em
comum de pai e filho pelas
histórias em quadrinhos. São
histórias de amor como es-
sas, que tiram lágrimas e nos
fazem acreditar que ainda há
amor em SP. Hoje a família
vive feliz, o casal teve mais
uma filha, o pequeno garoto
ganhou uma irmã, uma famí-
lia, e uma coleção completa
dos quadrinhos do Capitão
América. O sorriso em seu
rosto durante a entrevista
mostra o quando eles estão O herói que influencia
felizes. toda uma história
Foto: Divulgação
A força do Hulk era a inspiração do pequeno
Foto: Marvel Comics/divulgação
pg. 25 |

Nerd e preconceituoso?
É claro que isso não combina!
Hoje os nerds, que representam grande parte da indústria de entretenimento, podem estar
se tornando aqueles que ditam as padronizações?
Wellington Torres
P
or muito tempo fo-
ram excluídos ao
ponto de esconde-
rem sua paixão por
heróis e tudo aquilo que vi-
nha junto no universo do en-
tretenimento, onde o termo
Nerd, usado de forma pejo-
rativa, fomentava ainda mais
o estereótipo do garoto(a) tí-
mido(a) e reservado(a), muito
diferente do que ocorre hoje,
fazendo com que a palavra
adquira novos significados e
até mesmo um status mo-
derno para quem acompanha
essa “onda”.
Transformação que o produ-
tor de conteúdo da página
AfroNerd, Thiago Carneiro,
levanta que se deu graças ao
grande investimento na pro-
dução de filmes e séries dos
personagens de quadrinhos.
“A definição de Nerd mudou
muito com o tempo, princi-
palmente com a populari-
| pg. 26
compor
tamento
dade de produtos e licenças ceiramente independente
que antes eram coisas que ao somar 26% de casados.
só esse grupo desfrutava. Sem padronização de classe
Na minha época, dos anos 90 social, sua maioria se con-
para os 2000, ser nerd era centra na região Sudeste do
sinônimo de um cara tímido e Brasil (48%).
estudioso, que consumia coi-
sas como quadrinhos, games, Contudo, com o crescimento
animações de super-herói ou do grupo e ao darmos uma
anime. Não era algo da moda passada pelas redes sociais,
ou considerado legal”, relata.e aos debates gerados nas
caixas de comentário de no-
Para contextualizar esse tícias sobre o tema, nos de-
crescente mercado, o gru- paramos com algo similar
po Omelete em parceria aos ocorridos nas disputas
com a empresa de tecnolo- de futebol: o desrespeito e
gia MindMiners realizou em o preconceito. O que levanta
2018 uma pesquisa visando uma questão: Poderia esse
definir o perfil da comunida- nerd, um dia oprimido, passar
de. Durante a tabulação, foi a ser opressor?
agrupada aos geeks, termo
que possibilita abranger ou- Para o psicólogo, especia-
tros grupos, como os aman- lista em Psicoterapia Bre-
tes de tecnologia. ve pelo Instituto Paulista de
Psicologia e que ministra pa-
Numericamente, 58% dos lestras sobre temas da área
nerds possuem entre 16 e ligados a cultura Pop e qua-
24 anos e 23% entre 25 e drinhos, Eduardo Viana Jun-
30 anos, e o setor apresenta queira, conviver em comu-
um público maduro e finan- nidade tem se tornado cada
mpor
mento

vez mais difícil e isso pode levantados sobre como essa

ser potencializado no meio Para Thiago, que explora em discussão perante a repre-
digital. “Esse cenário apre- seus posts no Instagram a sentatividade nesse seg-
senta inúmeras alternativas importância da diversidade mento é tratada.
para a questão, uma vez que dentro do segmento, o atu-
uma pessoa pode com um al comportamento desses Adaptada usando como ma-
único clique entrar em con- membros no âmbito digi- terial fonte os quadrinhos de
tato e interagir com as mais tal tem se tornado cada vez George Peres, com uma per-
diversas opiniões, sentimen- mais tóxico. “Hoje existe uma sonalidade mais agressiva
tos, desejos, transformando ideia de apropriação dos fãs e adulta do que ficou muito
vários aspectos do relacio- por parte de seus persona- conhecida pelos desenhos
namento interpessoal”, res- gens favoritos. animados. “Anna Diop deu
salva. vida à personagem Este-
lar, no entanto o tom de sua
Ainda de acordo com ele, o pele foi um problema antes
anonimato é um fator carac- mesmo dos episódios serem
terístico das relações na In- Falar isso é muito triste, disponíveis ao público, com a
ternet e é visto como um dos preferia que fosse uma atriz sendo atacada em suas
fatores do aumento de pro- minoria (os ataques), mas redes sociais, o que fez com
pagação do assédio virtual. não é – Afro Nerd que excluísse sua conta”, le-
Contribui para a desinibição vanta Thiago.
dos agressores, gerando
uma tendência à irrespon- Algo que o psicólogo explica:
sabilidade de seus atos e A discriminação dos africa-
provocando uma sensação nos, ou afrodescendentes,
de liberdade proveniente da foi construída por sucessi-
possibilidade de suas ações Eu entendo que as pessoas vos discursos que justifica-
não serem punidas. podem se incomodar quan- vam a necessidade da escra-
do algo que elas gostam são vização nas sociedades dos
Com isso, uma das desculpas modificados”, comenta. “Po- séculos XVI e XVII. Essa ideia
utilizadas como argumen- rém, aquele personagem que até hoje, é ensinada pela ma-
to para os ataques nas re- ele tanto ama não deixou de nutenção de discursos cons-
des, como o Facebook, seja existir. Por exemplo, ter um truídos por estratégias de
para discordar das escolhas Homem-Aranha branco e controle e dominação.
de elenco, por raça ou troca outro negro não muda em
de sexo de personagens, é a nada a vida do leitor”, finaliza. No entanto, entre a con-
expressão “Isso não está fiel versa com Thiago Carneiro,
aos quadrinhos”. Mas o que Para que tudo fique mais notamos que curiosamente
isso pode significar? claro, exemplos podem ser mudar a etnia de um per-

pg. 27 |
sonagem é um problema de
grandes proporções, menos
quando eles são rosa (Blink,
nas versões cinematográfi-
ca e televisiva), verde (Mu-
tano – Titãs), azul (Vanes-
sa – Deadpool), purpura
(Killgrave – Jessica Jones)
e interpretados por atores
brancos.
Mutano – Titãs
Personagens que tiveram
suas cores modificadas e não ção das sociedades”. uma minoria, mas não é”. E
sofreram ataques nas redes Não seria irônico que para um faz um apelo, “A minha dica
sociais - Foto: Reprodução grupo que sempre utilizou para lidar com isso é sem-
Ao ser questionado, de acor- esse meio e suas narrativas pre ser tolerante, mesmo
do com o olhar da psicologia como um escape, muitas ve- com os mais ignorantes. Pois
sobre do porquê o destaque zes gerado pelo bullying, ve- atacá-los da mesma manei-
a personas de grupos mino- nha a se comportar de for- ra não vai ajudá-los a en-
ritários causa tanto incômo- ma tão excludente, como se xergar o problema ou o que
houvesse uma pirâ- estão fazendo. É uma tarefa
mide representati- muito difícil, principalmente
va de poder dentro se você é uma das pessoas
do grupo oprimi- atacadas, mas ao meu ver o
do. “Você já ouviu equilíbrio não será alcançado
aquela frase de que com confrontos agressivos e
o oprimido quando sim com conversas e cons-
ganha relevância cientizações”.
pode virar o opres-
sor – não lembro se E lembre-se, a diversida-
era realmente as- de sempre foi defendida por
sim, me desculpe, Stan Lee, um dos percurso-
mas a ideia se man- res na arte de se criar su-
tém –” cita, Thiago. per-heróis e seus universos,
“O que mais vemos dentre eles, X-Men, criado
Killgrave – Jessica Jones em grupos virtuais desse
do, o especialista diz:
segmento, são pessoas que Vanessa – Deadpool
“Conceber o outro como um se dizem nerds sendo igno-
dos nossos semelhantes rantes com outras. Vemos
está cada vez mais difícil em discursos de ódio às dife-
nossa cultura. Em pleno sé- renças e uma apropriação
culo XXI, nossos traços fí- esquisita das coisas que eles
sicos, sexualidade ou opção dizem amar, mas só porque
religioso ainda são alvos de elas estão evoluindo para re-
discriminação e preconceito, presentar mais públicos”.
principalmente quando en-
tendemos esses traços como E para qualquer dúvida so-
desqualificadores e perten- bre as informações tratadas,
centes a minorias”. Afirma Thiago exclama, “Abra qual-
ainda, “Discriminação e pre- quer rede social e busque al-
conceito não acontecem por gum tópico em algum grupo,
acaso e tampouco nasceram vai achar isso acontecendo
de forma natural na forma- facilmente. Falar isso é mui-
to triste, preferia que fosse
| pg. 28
em referência ao movimento
negro da década de sessen-
ta. É dito por ele que a diver-
sidade é viver, por isso esse
segmento é responsável por
explorar de forma lúdica as
"A Marvel foi e sempre será um refle-
diferenças sociais.
xo do nosso mundo. Ela pode mudar
e evoluir, mas algo que nunca mudará

Bônus
Dica: Super-Incel
O projeto está em pro-
dução por meio da plata-
forma de colaboração fi-
nanceira online, Catarse,
com lançamento progra-
mado para os dias da fei-
ra ComicCon Experience,
na São Paulo Expo, entre
os dias 6 e 9 de dezembro
desse ano.
é como contamos nossas histórias de
heroísmo. Essas histórias têm espaço
para todos, independente de seu gêne-
ro, cor de pele e religião. As únicas coi-
sas para que não tem espaço são ódio,
a intolerância e o preconceito. Aquele
homem ao seu lado é seu irmão. Aque-
la mulher, sua irmã. E aquela criança
passando, quem sabe, pode até ter a
força proporcional de uma aranha.
Somos partes de uma grande família, a
família humana, e todos nos reunimos
mas obras da Marvel"

Stan Lee 1922 - 2018

Entendendo o quão comportamento da comunidade nerd

nas redes sociais como degradativas, a Editora Skript reuniu
um time de artistas, no melhor estilo das revistas MAD, para
"homenagear" essa galera com As inconcebíveis aventuras
do Super-Incel e os Cabulosos Nerds Tóxicos! A ideia não é
devolver na mesma moeda o que eles têm praticado contra
mulheres, gays, negros e todas as minorias sociais, mas tra-
zer um alerta aos males que essa atitude causa. Debater e
satirizar essas posturas é retirar a força delas é m sua es-
sência.

Nota do autor: Essa matéria usa como estrutura e coluna dorsal o artigo "O novo Nerd: De excluído para
excludente", disponível no site Books Time Brasil, também escrito por mim. Não há coincidências ou plágio,
essa é uma extenção do texto opinativo que agora recebe a participação de grandes colegas.
Com carinho, Wellington Torres.
pg. 29 |
 compor
tamento
Assessora de imprensa
e cosplayer, sim!
Virgínia Kleinhappel tros anuais ligados ao tema. necessários para a caracte-
O cosplay pode ser relacio- rização do personagem. Além
Era mais um daqueles almo- nado a personagens de ani- dos investimentos em toda a
ços tradicionais de domingo mes, mangás, games, séries, vestimenta, muitos interpre-
na casa da mãe. Conversá- filmes, e personagens de tam também a personalidade
vamos sobre o lançamento quadrinhos. do personagem.
do filme “Coringa” e seu per-
sonagem icônico. Logo, veio Quando a assessora de im- Hoje existem grandes even-
a ideia de alguém usar essa prensa Beatriz Peixoto, deci- tos direcionados a esse pú-
fantasia na festa que fare- diu aos 19 anos aderir a esse blico específico, na qual pro-
mos em comemoração ao hobby, o apoio da família não movem competições para
aniversário de 60 anos da foi imediato. Hoje, com 26 , premiar o melhor cosplay.
mãe. a família entende e aceita Neles, são avaliados os que-
tranquilamente sua paixão e sitos caracterização e inter-
“Vou usar um cosplay do co- hobby que, segundo ela, faz pretação.
ringa então”, comentou meu para poder se sentir “super”
sobrinho. Pronto! A palavra por algumas horas. O primeiro cosplay de Beatriz
tão conhecida pelos jovens foi a Lady Loki, personagem
atuais, virou assunto de dis- Ao ver diversas pessoas fan- dos quadrinhos da Marvel,
cussão na mesa ocupada em tasiadas com os seus perso- aos 19 anos. Por ser seu pri-
sua maioria por pessoas da nagens preferidos, ficou en- meiro cosplay e por conta
geração dos anos 50 aos 90. cantada e em 2012 fez sua dos chifres enormes, a Lady
primeira estreia em evento Loki foi o personagem mais
A primeira reação do pai foi como cosplay. difícil que já fez. “Tirando a
colocar no Google. O celular costura do vestido, fiz ele in-
passou de mão em mão e to- Mas não pense que ser cos- teiro sozinha, inclusive as lu-
dos ficaram chocados com play é simplesmente ir à loja zes do cetro”.
as fotos, se questionando o de fantasias e
porquê de tanta produção e sair vestida do
paixão por um personagem. seu persona-
A dúvida sobre o que é real- gem favorito.
mente o cosplay atinge não O cosplayer,
só as gerações anteriores, como é cha-
mas também muitos jovens mado quem
que não fazem parte do uni- se caracteri-
verso nerd. za, é basea-
do na ideia do
O cosplay é um termo inglês, “DIY – Do It
formado pela união das pa- Yoursef”, que
lavras, costume (fantasia) e em português
roleplay (brincadeira ou in- significa “Faça
terpretação). É considerado você mesmo”.
um hobby onde as pessoas Eles produ-
se fantasiam de persona- zem sua pró-
gens da cultura pop oriental, pria fantasia,
ocidental e de diversas mí- equipamentos
dias para eventos e encon- e acessórios

| pg. 30
 r
to
Para se inspirar nas fanta-
sias, a jovem procura por
ídolos como Maul Cosplay,
Kamui Cosplay, Kelly Kirsten,
Alyson Tabbitha e as brasilei-
ras Papuko, Renatha, Vero-
nicatron. Na hora de decidir
qual será o próximo cosplay,
ela primeiro precisa se inte-
ressar pelo personagem e a
história que ele conta. “Gos-
to de fazer personagens que
me motivam a ser alguém
melhor ou que tenham algo a
ver com a minha própria per-
sonalidade”.
Embora muitos pensem que
os japoneses foram os cria-
dores do cosplay, o crédito
é dos norte-americanos. A
primeira pessoa a usar fan-
tasia de personagem da fic-
ção foi Forrest J. Ackerman,
em 1939, na Primeira Con-
venção de Ficção Científica,
em Nova Iorque.
a palavra cosplay ficou re-
lacionada como a caracte- Preconceito
rização de personagens de
desenhos orientais, por isso Apesar de ser um lugar onde
muitos pensam ser originário o objetivo é o encontro de
do Japão. jovens criativos em busca
de cultura, diversão e ne-
Mesmo que com um per- tworking, há também os que
fil mais tímido, o cosplay no não respeitam a individuali-
Brasil conquistou seu espa- dade de cada um e enxergam
ço e está crescendo muito. no cosplayer alguém precisa
O que para alguns é apenas ocupar seu tempo de forma
um hobby ou diversão, para mais produtiva.
“Todo evento uma
criança nos cha-
ma pelo nome
do personagem,
acreditando que
somos eles de
verdade, é uma
alegria enorme”.

Na época, foram surgindo

outros conceitos, como o outros pode ser sinônimo de
costuming, fan costuming Para Beatriz, o preconceito
lucro. Muitos cosplayers se
ou masquerade. Foi em 1984, tornaram especialistas emque mais ocorre em torno
que Nobuyuki Takahashi vi- dos cosplayers é a gordofo-
criar fantasias e modelos que
sitou um evento de ficção bia. “Não sou uma mulher de
são um sucesso. Não é nada
científica, em Los Angeles e corpo padrão, mas também
barato investir nessas fan-
conheceu os masquerades, não sou considerada gorda,
tasias e nos diversos aces-
como eram chamados até sórios que elas envolvem.mesmo assim já sofri mui-
então. Takahashi voltou ao to com pessoas tentando
Japão e em seu artigo para “Eu faço meus próprios aces- me rebaixar pelo peso. Ouvi
a revista, chamou as pes- sórios, mas a parte da cos- histórias de mulheres que já
soas fantasiadas como cos- tura e confecção da roupa foram agarradas à força ou
players. Desde então, o nome eu conto com a ajuda de uma beijadas à força dentro de
pegou. costureira e da minha mãe. eventos. A segurança me-
Caso eu encontre o cosplay lhorou muito, mas ainda falta
Apesar de ter se iniciado já pronto para vender, me bom senso e respeito com os
através do evento nos Esta- ajuda muito, mas ainda assim cosplayers”.
dos Unidos, foi no Japão que quem cria os acessórios sou
essa prática ganhou noto- eu. Gosto de criar e reciclar A cosplayer conta ainda
riedade. A partir da década materiais.”, conta a assesso- que as risadas e olhares es-
de 1990, com a populariza- ra e cosplayer. tranhos são comuns, mas o
ção dos animes e mangás ja- assédio é o que realmente
poneses no mundo ocidental, incomoda. Os homens não

pg. 31 |
respeitam as cosplayers mu-
lheres e não entendem que
embaixo daquela fantasia há
um ser humano com senti-
mentos como todos.
Essas situações ruins e pre-
conceituosas que ocorrem
vez ou outra compensam
quando nos deparamos com
pessoas carinhosas e que
reconhecem o trabalho feito
em cada fantasia.
CCXP – Comic Com Experience 2019
A Comic Con Experience é
um evento brasileiro de cul-
tura pop inspirado na San
Diego Comic-Com, cujo tema
principal é videogame, his-
tórias em quadrinhos, filmes
e séries para TV. Neste ano,
a CCXP ocorre do dia 5 a 8
de dezembro, no São Paulo
Expo, em São Paulo.
O primeiro evento da CCXP
no Brasil aconteceu em 2014
e hoje é considerado o maior
evento nerd já realizado no
país e foi a terceira maior
CCXP do mundo em termos
de público em 2016.
Os eventos têm melhorado
muito nos últimos anos. A
visibilidade do grupo aumen-
tou com o crescimento deste
e outros eventos com temá-
tica nerd. Isso faz com que
os cosplayers sejam ouvi-
dos na questão de seguran-
ça e bem-estar dentro dos
eventos. “Antigamente não
se respeitava tanto o hobby,
éramos assediados pelo pú-
| pg. 32
blico e subestimados pelos ção. Cosplay é uma forma de
eventos”, conta Beatriz. homenagear personagens
que marcaram nossas vidas
Para ela, encontros como e uma maneira de divulgar
esses são momentos em que histórias que outras pessoas
os cosplayers podem se reu- ainda precisam conhecer.
nir para celebrar a cultura
pop, se sentir acolhidos den- Pode parecer exótico, dife-
tro da própria comunidade e rente, mas cosplayers são
também trocar conhecimen- pessoas comuns, iguais a
to. “Crescemos com os ou- todos e com uma qualidade
tros cosplayers, aprendemos única: eles trazem à realida-
novas técnicas de pintura e de nossos personagens pre-
costura e personalização de feridos da ficção.
perucas. É um grande en-
contro de amigos fantasia-
dos que querem se divertir
“fora da realidade” por al-
guns momentos”.
Para quem está começando
agora, Beatriz aconselha a
ter paciência e investimen-
to. Muito investimento. Mas
também há outras formas.
“Você pode economizar re-
ciclando, aproveitando peças
entre cosplays, fazendo ver-
sões mais simples ou casuais.
É difícil, nem sempre a fanta-
sia fica como queremos, mas
é feito com amor e dedica-
pg. 33 |
 O REFLEXO QUE NÃO QUEREMOS ENXERGAR

A
obra cinemato- ginado nos anos 40, o prín- desenrolar da trama, vamos
gráfica que somos cipe palhaço do crime, como acompanhando as mudanças
apresentados em é conhecido, já teve diversas gradativas no psicológico de
Coringa vai além versões de seu surgimento. Arthur, que em determinado
de meramente um filme que momento tem seu estopim.
retrata a origem de vilão, ele Em JOKER, conhecemos a
nos remete a pensar, sim, história de Arthur Fleck, um O filme além de um roteiro
pensar como estamos nos morador de Gotham City que bem amarrado e um prota-
comportando em socieda- assim como a maioria, vive gonista espetacular, conta
de, como lidamos com nos- em condições precárias jun- com uma fotografia incrível
sos problemas e escancara o to de sua Mãe, Penny. Arthur e uma trilha sonora intensa,
maior problema da sociedade sofre de um problema neu- que nos faz imergir nas lou-
atual, a falta de empatia. rológico que afeta suas emo- curas de Arthur. Não é a toa
ções e também, o fazendo rir que o filme foi vencedor do
Não é um filme feito apenas em momentos que não exis- Leão de ouro, o principal prê-
para entretenimento de fim te essa possibilidade. A atua- mio do renomado Festival de
de semana, mas sim uma pe- ção de Phoenix é fenomenal, Veneza.
lícula que segue a risca a ca- de tirar o fôlego e nos deixar
derneta do cinema. Conside- impressionados logo nas pri- Arthur nada mais é do que
rada a sétima arte, o cinema meiras cenas. uma representação de uma
surgiu com intuito de trazer maioria que vive nos subúr-
obras que façam com que o Com o desenrolar da trama, bios de todas as cidades, um
espectador sinta um mis- Arthur passa por uma série homem com problemas em
to de emoções, seja triste- de problemas que o fazem todas as áreas de sua vida e
za, alegria ou incômodo, que se questionar o porquê dis- que ainda sofre com um pro-
é exatamente o que Coringa so tudo estar acontecendo blema neurológico. A luta de
causa na mente de quem as- com ele, qual o motivo de sua classes é intensa nesse filme
siste a esse filme. mãe ser tão misteriosa com e nos faz ver como uma so-
ele, o porquê de ser tão mal- ciedade pode julgar as pes-
É fato que ao lado de Darth tratado pelos moradores de soas apenas pelo seu status
Vader, Coringa é o maior vilão Gotham e por qual razão ser social. Gotham City nesse
da história no mundo nerd, tão ridicularizado. O longa filme está doente, está com
sendo representado de di- nos coloca lado a lado desse um sistema político corrup-
versas maneiras, o vilão sem- personagem e nos faz sen- to, uma estrutura básica
pre se destaca mais que seu tir junto com ele, todas as fragilizada, a violência impera
arquirrival, o Batman. Mas emoções que são proporcio- nas ruas, pessoas sofrem e
qual a mística por trás de nadas, Arthur prende nossa não tem um mínimo de com-
um personagem tão violen- atenção do inicio ao fim do paixão e os poderosos ain-
to, sarcástico e brutal como filme, sentimos empatia pelo da caçoam dos menos afor-
o coringa? Nos quadrinhos a homem, mas isso é certo? tunados, como é o caso de
origem do vilão nunca teve Não podemos nos esquecer Thomas Wayne, pai de Bruce,
uma explicação oficial, ori- de que ele é o Coringa. Com o o Batman.

| pg. 34
O que uma sociedade
doente pode gerar?
Coringa tem a resposta

por Bruno Sanchez

pg. 35 |
| pg. 36
Aqui você confere informações relacionadas ao uni-
verso da tecnologia com enfoque na educação e
representatividade, que é o jeitinho Hype de ser.

Nessa primeira edição, você vai conhecer aplicativos

para dispositivos móveis que, por meio da informação,
educação e representatividade, podem ajudar a tor-
nar a sociedade mais inclusiva.

pg. 37 |
 TECNO
Aplicativos a favor da sociedade LOGIA
Mais do que proporcionar interação, eles também podem
ajudar a construir um mundo mais inclusivo

Alexandre Meiken

Você já parou para pensar no quanto a tec- aplicativos mais utilizados

nologia móvel pode nos auxiliar no dia a dia?
Pois é. Ela nos permite acessar dados, apren-
der coisas novas, retomar laços com pessoas
pelos usuários
que, por algum motivo, não fazem mais parte
da nossa vida e mais uma infinidade de coisas,
tudo isso a qualquer hora e sem precisar sair WHATSAPP
do lugar, graças aos aparelhos eletrônicos
Aplicativo para troca de
como celulares e tablets. mensagens. No Brasil, é
usado por aproximadamente
Todo esse conteúdo pode ser acessado por 130 milhões de pessoas.
meio de programas que rodam nos aparelhos
eletrônicos e possuem diversas funcionalida-
des para atender as necessidades dos consu-
GOOGLE
midores.
Empresa multinacional de
Segundo uma pesquisa feita pela Appfigures, serviços online e software.
empresa de análises da loja virtual da Apple, a Usada principalmente para
busca de conteúdo.
Apple Store fechou o ano de 2017 com 2,1 mi-
lhões de aplicativos. Já a Google Play, fechou o
ano com 3,6 milhões. A pesquisa ainda diz que
o Brasil é o 5º país no ranking de desenvolve- FACEBOOK
dores de aplicativos, sendo os mais populares
Rede social criada por Mark
relacionados ao setor de negócios, educação Zuckerberg. Levantamento
e música. feito pela plataforma calcu-
la que há em torno de 127
Para os brasileiros, uma pesquisa feita pela milhões de brasileiros cadas-
trados.
Mobile Time e Opinion Box indicou que os cin-
co aplicativos com maior média de sessões
por usuário são: Whatsapp, Google, Facebook,
Instagram e Google Chrome. CHROME
Navegador de internet com
Já o Ibope Conecta divulgou em 2018, que os
mais de dois bilhões de
aplicativos de redes sociais são os mais usa- usuários.
dos pelos brasileiros, representando 75%, se-
guido dos bancos, entretenimento, games e
notícias.
INSTAGRAM
Existem aplicativos que trazem uma proposta
Uma das redes sociais mais
diferenciada, que podem ajudar a transformar
populares do mundo, o Ins-
não só a vida dos usuários, mas principalmen- tagram conta com mais de
te de pessoas que precisam de um olhar mais 800 mil brasileiros.
atento da sociedade

| pg. 38
ECNO
OGIA
Ideia que TransForma
De acordo com levantamen-
to feito pelo Grupo Gay da
Bahia, 445 LGBT’s foram
mortos em crimes motiva-
dos por homofobia em 2017,
o equivalente a uma morte a
cada 19 horas. A sigla repre-
senta lésbicas, gays, bisse-
xuais, transexuais e outras
identidades de gêneros. Os
dados são baseados em in-
formações divulgadas por
veículos de comunicação, ou
seja, há possibilidade do nú-
mero ser ainda maior.
Como uma tentativa de lu-
tar contra a desinformação
em relação à diversidade se-
xual, foi criado, na cidade de
Sorocaba-SP, o aplicativo
“TransForma”. A antropólo-
ga e professora universitá-
ria Fina Tranquilin foi uma
das idealizadoras do projeto,
que inicialmente, seria ape-
nas um protótipo como tra-
balho de conclusão de curso
de um aluno do curso de De-
sign. “Ele (o aluno) passou um
ano envolvido nas questões
LGBT’s e Trans. Ele viajou, foi
pra balada, eventos ativistas
e a gente fez uma reunião na
Associação Transgêneros de
Sorocaba (ATS) para saber o
que achavam e ele fez o pro-
tótipo”, conta.
Com o “TransForma”, é pos-
sível aprender conceitos re-
lacionados à diversidade, gí-
rias usadas pela população,
ler notícias, conhecer histó-
rias de vida, identificar gru-
pos de apoio, conhecer leis
federais, estaduais, munici-
pais e também há uma opção
para acionar um número de
emergência (190) caso tenha
algum problema
Como o próprio nome, o apli-
cativo está em constante
transformação. Por ser cria-
do de forma colaborativa, há
espaço para dicas, suges- Antropóloga Fina Tranquilin
tões e revisão de conteúdo mostra seu trabalho. Se-
“Recebemos críticas, prin- gundo ela, os dados regis-
cipalmente dos conceitos, trados pelo “TransForma”
porque mudam muito e são indicam que a maior parte
muito abertos. Então a gen- dos usuários são LGBT’s e
te pede para a pessoa fazer completa: “Eu acredito mui-
e a gente avalia se pode co- to nos jovens, na tecnologia,
locar no aplicativo, porque nessa forma de transmitir
tem que ser de fácil acesso, conhecimento”
que as pessoas entendam o Foto: Alexandre Meiken
que está escrito”, acrescen-
ta Fina.
Foto: Alexandre Meiken
pg. 39 |
Educando por meio da
representatividade
Fina explica que o aplicativo foi pensado mais nas Apesar disso, ele também pode
pessoas trans como representatividade por meio funcionar como um educador
das histórias de vida. para que as pessoas que não
conhecem questões relacionadas
É o caso da estudante de Jornalismo Laura Hele- à identidade de gênero e diversi-
na Souza. A jovem conta que conheceu o aplicati- dade sexual possam compartilhar
vo na faculdade, quando foi aluna da professora o conteúdo e semear informações
Fina “Acho que ele serve para todas as pessoas. para combater o preconceito
Pra quem ainda não conhece, aprender. Eu acho
que vai muito além de um aplicativo, é como um
diário que você abre e consegue se encontrar lá
dentro”, diz.

Apesar de não ser parte da sigla LGBT, Laura se

interessou pelo aplicativo e perguntou se poderia
fazer parte da equipe de apoio produzindo tex-
tos. Hoje, ela atua produzindo conteúdo de forma
voluntária.

A estudante Laura Souza tem

uma tia transexual e quis es-
crever sobre a história dela. À
partir disso, passou a atuar
como voluntária na produção
de conteúdo para as redes
sociais do aplicativo, compar-
tilhando o aprendizado.
Foto: Alexandre Meiken

Acessibilidade digital
De acordo com a organiza-
ção mundial da saúde (OMS),
há mais de 360 milhões de
pessoas surdas no mundo,
sendo 9,7 milhões de brasilei-
ros, conforme o último censo
do Instituto brasileiro de ge-
ografia e estatística (IBGE –
2010). Ao todo, 80% dessas
pessoas têm dificuldade em
ler e escrever a língua escrita
pois a comunicação é visual,
dependendo exclusivamente
da língua de sinais.
Unindo a comunicação e a
tecnologia para trazer aces-
sibilidade digital, foi criado
em 2012 o aplicativo “Hand
Talk”, no estado de Alagoas,
nordeste do Brasil, em uma
competição de startups. No

| pg. 40
ano seguinte, foi premiado
pela Organização das Nações
Unidas (ONU) como o melhor
aplicativo social do mundo.
Atualmente, a startup tam-
bém disponibiliza tradutor
de sites, de modo a dar auto-
nomia aos usuários surdos,
pondo em prática a Lei bra-
sileira de inclusão em vigor
desde 2016.
O aplicativo consiste em um
intérprete virtual chamado
Hugo. O usuário precisa ape-
nas digitar a palavra ou a fra-
se a ser traduzida para que o
boneco faça os sinais. Como
forma de tornar o ensino
mais prático, a professora
universitária e intérprete de
Libras Maria Ângela Olivei-
ra recomenda o uso da fer- A professora também des-
ramenta nas aulas de Libras taca o uso em emergências
que leciona em Sorocaba-SP “é uma praticidade e ele não
ocupa muito espaço. Se os
Ela explica ainda que, por ter alunos conseguem desen-
“como o nosso cur-
so tem uma aula por
semana, eu percebi
nesse aplicativo uma
maneira dos alunos já
terem uma oportuni-
dade de se comunicar
com as pessoas sur-
das”, justifica.
“Tem açúcar?” – As relações humanas
estão mais distantes? Esse aplicativo
resgata costumes antigos por meio
do compartilhamento, estimulando
assim, a colaboração, e o senso de co-
munidade
sido criado em outra região, volver um vídeo, conseguem
alguns sinais são diferentes, ajudar uma pessoa surda.
mas mesmo assim ele é indi-
cado porque os surdos tam-
bém usam “eles sabem que
por meio do aplicativo eles
conseguem conversar com
muitas pessoas”, diz.
Além disso, a praticidade faz
com que o desenvolvimen-
to dos alunos seja mais rá-
pido “quando iniciei as aulas
de libras nas faculdades eu
trabalhava com apostila im-
pressa, eu conseguia fazer
com que os alunos apresen-
tassem uma música no final
do semestre. Hoje, em um
mês, eu consigo ver alunos
produzindo vídeos”, comenta.
A intérprete de Libras Maria
Ângela Oliveira exemplifica
a importância social com o
Nesta reportagem você
exemplo de uma estudante
conheceu dois aplicati-
de psicologia que descobriu
vos que podem ajudar a
um caso de agressão ao
mudar a sociedade por
atender uma mulher surda
meio da representativi-
com a ajuda do aplicativo
dade, educação e aces-
Foto: Alexandre Meiken
sibilidade. Mas as listas e
temáticas não param por
aí. Confira abaixo outros
tipos de aplicativos que
podem fazer a diferença outras
na vida dos usuários.
opções
“Quinto” – Rede social voltada à opinião “Tá tudo bem?” – O aplicativo auxilia na
pública e o incentivo ao debate. Nesse prevenção ao suicídio e desmistifica-
aplicativo, as pessoas podem ler sobre ção do assunto. Tem ferramentas de
vários temas e votar se concordam ou apoio e um botão de emergência que
não com o assunto, podendo debater liga ou redireciona o contato para o
com outros usuários dentro da rede. Centro de Valorização da Vida (CVV).
pg. 41 |
| pg. 42
Análises, curiosidades e muita informação para o leitor
que gosta de estar por dentro do mundo do cinema,
da televisão e hq’s. Também trazemos todos os desta-
ques da tecnologia e inovação.

pg. 43 |
 AUDIO
Depois de 25 anos de história, VISUAL
a série Friends ainda é um sucesso:
e os fãs podem provar
Esse amor que passa por gerações trouxe até réplica do cenário original para São Paulo: a
“Casa Warner By Friends”, evento promovido pela própria Warner

Isabela Fernandes rie. Monica e Chandler aca- debatiam a “barriga de alu-

bam se apaixonando em de- guel”, uma personagem da
O primeiro episódio da série terminado momento e viram série foi barriga de aluguel
Friends foi ao ar no dia 22 de um casal. do próprio irmão. Inclusive
setembro de 1994. Rachel, na questão feminista, você
Monica, Phoebe, Ross, Joey Acompanhando a série desde tem uma personagem com
e Chandler, seis jovens ami- os 14 anos, Marcela de Cam- o estereótipo de uma mu-
gos enfrentando a vida adul- pos, de 21 anos, conta sua lher “para casar” e durante
ta em Nova York – Friends paixão pela série que ainda as temporadas ela evolui e
completou 25 anos este ano é intensa. “É uma série que se torna totalmente inde-
e, com 10 temporadas e 236 qualquer pessoa pode assis- pendente e forte”, explica.
episódios, ainda marca a vida tir. Eu ainda assisto, meu pai Ao perguntar qual seria seu
(e a história) de muita gente. de quarenta e poucos anos personagem preferido, Mar-
assiste e minha irmã de 14 cela não hesitou em res-
Rachel Green, uma jovem também. É isso que eu mais ponder: Phoebe! Segundo a
que foge do próprio casa- adoro”, conta a estudante de estudante, “seria impossível
mento, acaba reencontrando farmácia, que também acre- ser infeliz ao lado dela”.
uma amiga da escola, Monica dita que o sucesso da série
Geller. Com isso, elas passam tenha sido o fato da série Mas, será que haveria uma
a morar juntas e Rachel aca- acompanhar cada aconteci- continuação? Essa dúvida já
ba fazendo parte do grupo mento com tanta tempora- passou pela cabeça de vários
de amigos de Monica – com- lidade e indo contra estere- fãs e foram muitos os rumo-
posto por seu irmão, o pa- ótipos. res de um possível retorno
leontologista Ross Geller, a ou até mesmo um episódio
massagista Phoebe Buffay especial da série – até filme
e, claro, seus dois vizinhos, já foi cogitado! Porém, nada
o ator Joey Tribbiani e o pia- “É uma série que foi confirmado até o momen-
dista - pois ninguém nunca qualquer pessoa pode to.
assistir. Eu ainda assis-
soube, de fato, o nome de sua to, meu pai de quarenta
profissão - Chandler Bing. e poucos anos assiste Para a fã da série, não seria
e minha irmã de 14 uma boa ideia dar continui-
também. É isso que eu
Todos os membros do gru- mais adoro”
dade pois talvez a mágica
po possuem personalidades deixaria de existir. “Quando
muito características. Ross algo acaba no ápice é porque
é o ‘nerd’ da turma, Rachel tinha que acabar. Acabou no
é a louca por moda, Phoebe momento certo e acho que é
parece ser meio ‘maluca’ com melhor ficar apenas na ima-
suas esquisitices. Juntos, “Eu consumo muitas séries e ginação como esses perso-
eles enfrentam as loucuras acho que Friends é um dife- nagens estão agora”.
da vida adulta – inclusive en- rencial no segmento. É uma
tre romances. Ross e Rachel série que acompanhou cada As referências icônicas tam-
vivem um relacionamento de acontecimento importante bém marcaram a vida dos
“idas e vindas” durante a sé- do “mundo real”, sabe? En- fãs e de que acompanhou a
quanto os Estados Unidos série. “Smelly Cat”, canta-

| pg. 44
DIO
UAL

da pela excêntrica Phoebe, zem um para o outro na quin- que eles estavam dando um
é uma música que é tocada ta temporada, usado para tempo.
ao longo da série e a marca “mostrar o dedo do meio sem Ah! E como falar de Joey Tri-
principal da personagem. Já mostrar o dedo do meio”, bbiani sem lembrar de seu
foi cantada por diversos ar-como explica Monica na sé- famoso bordão “How You
tistas, incluindo Taylor Swift,
rie. A frase “nós estávamos Doin’?” (traduzido: “como vai
que cantou a música em seu dando um tempo” também você?”). Estes e muito ou-
show com a própria Lisa Ku- foi repetida durante toda a tros bordões marcaram a
drow, atriz que interpreta série por Ross, pois, quando vida dos fãs durante os 25
Phoebe. Rachel descobre que Ross anos de história da série.
esteve com outra mulher em
E quem não se lembra do um período tumultuado do
gesto que Ross e Monica fa- relacionamento, ele exclama

pg. 45 |
“Casa Warner By Friends”
com ingressos esgotados,
a exposição fez sucesso entre os fãs!
A Warner anunciou no final
de agosto a segunda edi-
ção da Casa Warner em São
Paulo, que aconteceu de 18
de setembro a 6 de outu-
bro – porém, este ano, com a
edição especial “By Friends”.
Foram quatro andares de um
casarão nos Jardins e dois
deles dedicados a cenários
da série.
O sucesso foi tão
grande que os in-
gressos esgotaram
em horas, deixando
milhares de fãs en-
tristecidos. Mas nem
tudo estava perdido!
Em outubro, a pro-
dutora do evento
anunciou a abertura
de uma semana ex-
tra, fazendo a alegria
dos que não pude-
ram ir. Uhul!
Wellington Torres, 21
anos, é fã da série e contou seria o centro das atenções
que o cenário preferido foi na exposição, porém, esta-
o com o “Peru da Mônica”. vam enganados: o peru foi
um sucesso!
| pg. 46
De fato, nem os produtores
imaginavam que este seria
o cenário a fazer maior su-
cesso. “Eu amei! Fiquei mui-
to ansioso para tirar a foto e
até mesmo na fila esperando
a minha vez eu dava risada
das outras pessoas curtindo
com o peru na cabeça”, conta
o estudante, animado após a
experiência. Todos acharam
que o famoso sofá laranja
Muitos fãs admitiram sur-
presa pelo tamanho peque-
no do local – o prédio, mes-
mo com quatro andares, não
acomodou tão bem assim o
público. “Acredito que a úni-
ca coisa que me decepcio-
nou foi o espaço apertado.
Esperava que os cenários
fossem maior. Na verdade, o
local poderia ter sido melhor
aproveitado. É uma pena!”,
lamenta o Wellington que, ao
ser perguntado se iria no-
vamente,
não he-
sitou em
respon-
der: “Cla-
ro! Que-
ria até comprar mais um dia e
os ingressos já esgotaram!”.
É muito amor por uma série!
A exposição contou com inú-
meras atrações, até enquete
para saber que per-
sonagem você se-
ria. E é claro, muito
cenário para fazer
várias selfies. Cada
participante recebeu
uma chave que, ao
entrar, poderia ser
utilizada para “des-
bloquear” frases e
bordões ditos pelos
personagens.
Haviam também es-
paços dedicados
para outras séries
de sucesso do canal, como
Supergirl, The Flash, Young
Sheldon e Riverdale. Os fãs
de Harry Potter também ga-
nharam um espaço especial:
um cenário
da passa-
gem da Pla-
taforma 9¾
com direito a
figurino para
se caracteri-
zar como es-
tudantes de
Hogwarts.
pg. 47 |
 AUDIO
VISUAL
Remakes de animes agradam?
Até que ponto novas ideias são aceitas com o aprimoramento da tecnologia?

Gabriele Ungaro ções em 3D. Essas evoluções a mesma coisa, com apenas
tecnológicas acabaram pro- mudanças tecnológicas ou
Novos conceitos, novas vocando justificativas para continuação da história pas-
ideias, mudanças, coisas ine- uma onda de remakes, com sada. Eles prometem cores
vitáveis com o passar dos antigas técnicas de anima- vivas, cenários mais realís-
anos. Como poderia ser di- ção substituídas por uma ticos e uma animação mais
ferente com a tecnologia e computação gráfica mais re- fluída com o 3D.
seus avanços? Sempre fo- alista.
ram usados vários instru-
mentos que ajudavam a arte A partir de 2000, os animes
Mas, será que isso
e o potencial criativo, fosse não pararam mais de evoluir. agradou os anti-
papel e pincel ou um traba- Histórias mais trabalhadas, gos fãs? O remake
lhado software de computa- traços em 2D ficando para
dor. No entanto, no ponto de trás, efeitos especiais com perde a essência
vista comercial, um software formas geométricas e pou- antiga?
especializado e desenvolvido, cas variações de cores co-
nunca se mostrou tão es- meçando a mudar. A antiga A ilustradora Vitória Berga-
sencial como nas últimas dé- vida, com tudo feito e refeito mo, de 21 anos, mangaká –
cadas. à mão, foi superada pelo tra- termo usado para um rotei-
balho feito por computado- rista ou quadrinista – de ‘O
Por volta da década de 1990, res. mundo de Vitória’, conta que
criadores de animações pu- as adaptações para as telas
deram começar a fugir das Agora, em 2019, há uma onda dos computadores, realmen-
limitações impostas pela re- de remakes dos antigos ani- te já trazem algumas modifi-
alidade. Começaram assim mes sendo divulgada. Um re- cações. “O computador traz
as técnicas para as anima- make é uma nova produção uma facilidade enorme para
ou refilmagem de animes, pintura, porém os traços re-
filmes, telenovelas, entre ou- almente se modificam. Mes-
NOVAS VERSÕES tros. Pode ser exatamente mo com canetas de pressão
ANTIGAS VERSÕES

Expressões faciais Expressões faciais Traços padrões de Mais realismo nos

marcadas não tão marcadas anime detalhes

Olhos grandes Aspecto mais realis- Poucas cores Boca e olhos padrão
ta e 3D anime
Boca pequena Pouca movimentação
Olhos menoreS nos detalhes Paleta de cores mais
Não muito tridimen- variada
sional Mais detalhes nos Não muito tridimen-
traços sional Mais 3D
| pg. 48
AUDIO
VISUAL
“A animação pode de vá-
rias maneiras imitar a re-
alidade e deixar ela mais
animada”, Vitória Bergamo
próprias para o desenho, a
mão não fica tão firme quan-
to no papel”, conta Vitória.
Vitória conta que o traço é
algo extremamente amplo e
personalizável, cada ilustra-
dor tem a sua maneira de fa-
zer uma reta ou um círculo.
“Dessa forma, um anime ja-
mais ficará 100% fiel ao man-
gá nos traços. Por isso, um
remake, tem menores chan-
ces de aproximação, pois en-
volve outros desenhistas e
roteirista que se ‘baseiam’
no antigo”, explica.
atuais. “O anime Cardcaptor
Sakura Clear Card Hen está
impecável (tanto o anime
quanto o mangá). A animação
está belíssima, e até o mo-
mento, seguiu muito bem o
mangá, adicionando algumas
coisas inclusive”, conta Aline.
Diferentemente, do remake
de Cardcaptor, o novo Cava-
leiros do Zodíaco, produzido
pela Netflix não agradou em
nada a fã, “ eles mudaram
o gênero do Shun de An-
drômeda, e decepcionaram
muitos fãs que estavam an-
siosos para assistir. O anime
possui muitas personagens
mulheres fortes, que
poderiam ser melhor
exploradas, ao invés
de mudar o gênero
do único personagem
homem sensível, que
se afasta da ideia de
masculinidade tóxica”,
relata.
mostra o ranking. A tecnolo-
gia influencia, e muito, a pro-
dução dos remakes, contudo,
os fãs mais fiéis preferem
que a essência não seja per-
dida, que as novas produções
não percam a ligação com a
antiga história ou persona-
gens. Dos quatros remakes
listados no ranking, três, são
remakes dos animes antigos
mais assistidos. Remakes,
elogiados por não abusarem
de efeitos 3D, não esquece-
rem a história anterior ou
abandonar os fãs mais nos-
tálgicos.

Para um anime ganhar um Aline no evento sobre

remake, significa que, em al- o grupo de Mangakás
gum momento, ele foi uma CLAMP, sobre seu re-
‘febre’ com sua história, tri- make favorito - Foto:
lha sonora e efeitos espe- Lucas de Souza
ciais. Porém, um remake é Ao ser questionada
feito após muitos anos do sobre a essência que
anime antigo, fazendo com animes podem perder
que os produtores busquem com a tecnologia, Aline
um novo público-alvo. Vitó- afirma que o uso ex-
ria não apoia, “adaptar e re- cessivo da tecnologia
novar os traços com a nova 3D, pode acabar es-
geração, pode não ser fácil, tragando alguns mo-
mas acabam esquecendo do mentos. “Por exemplo,
público antigo e isso não é as lutas em Dragon
agradável”, explica. Ball, e as transforma-
ções em Sailor Moon Crystal.
Aline Kluppel, de 24 anos, co- Em outros casos, em que não “Se uma animação não for
meçou a assistir animes ain- há esse abuso de 3D mal fei- de boa qualidade, pode
da criança. Atualmente, pos- to, os remakes tiveram mais afastar potenciais telespec-
sui uma vasta coleção deles sucesso e foram de melhor tadores”,
Aline Kluppel
em seu quarto. Esse amor qualidade”, afirma Aline.
fez com que ela assistisse
antigas versões e remakes É notável o resultado, como

pg. 49 |

O futuro do audiovisual
Serviço sob demanda caiu no gosto do Brasileiro que procura
praticidade e preços acessíveis em busca de entretenimento
Edilson Junior
O advento da comunicação
instantânea por aplicativos
de mensagem, redes sociais
e transmissões online, trouxe
ao nosso cotidiano agilidade
para disseminar informações
e abordar qualquer assunto
relevante. Hoje, podemos co-
nhecer pessoas de diversas
localidades do Brasil e
do mundo através dos
aplicativos e ter acesso
fácil a serviços de stre-
aming, é possível acom-
panhar os lançamentos
de filmes, séries, músi-
cas, livros, entre outros.
O streaming audiovi-
sual representa uma
revolução na forma
como acompanhamos
os grandes lançamen-
tos e ganha cada vez
mais popularidade pelo
seu custo benefício. O
preço é relativamen-
te baixo e o catálogo
de atrações é grande
e variado, podendo ser
acessado a qualquer hora e
lugar por dispositivos móveis
conectados à internet. Na
era pré-streaming, a indús-
tria audiovisual foi uma das
mais afetadas pela pirataria
de conteúdo. Em meados da
década de 2000, houve uma
queda de espectadores nos
cinemas, além de baixa nas
vendas de CDs, DVDs e livros.
A facilidade para comparti-
lhar arquivos de mídia, soma-
da às vendas piratas de CDs
e DVDs em mercados para-
| pg. 50
AUDIO
VISUAL
lelos, ocasionaram perdas na formação, Alan Domingues
ordem US$ 120 milhões na Garcia, os serviços de strea-
década de 2000, de acordo ming ainda não ofertam tudo
com dados da Associação de o que têm capacidade. Ele
Defesa da Propriedade Inte- ressalta que a segmentação
lectual. Atualmente, houve de conteúdo está crescendo
retração no prejuízo devi- anualmente. “Não considero
do à mudança de estratégia que o serviço de streaming
dos produtores de conteúdo esteja no auge, acho que está
que apostam na exibição dos apenas no começo. O mer-
cado de streaming cresce
anualmente e está cada
vez mais diversificado,
disponibilizando filmes,
séries, desenhos, es-
portes, músicas, entre
outros”.
Ainda de acordo com
Alan, não há um perfil
específico de clientes
em potencial para os
serviços de streaming.
“Convivo com pesso-
as de variadas idades e
classes sociais que uti-
lizam Netflix, Deezer,
Spotify, Amazon Vídeo
e GloboPlay. Se a pes-
soa gosta de entrete-
nimento audiovisual e
possui uma boa cone-
lançamentos televisivos de xão de internet, este será um
forma simultânea para todo cliente em potencial".
o mundo. Seriados de suces-
so, como “Game of Thrones” O profissional de T.I acredita
(HBO) e “The Walking Dead” que a facilidade no consumo
(FOX), são exibidos simulta- da plataforma de streaming
neamente em todo o planeta. é fundamental no combate à
Após à exibição do episódio pirataria audiovisual. “Acre-
na TV, o mesmo fica imedia- dito que devido ao surgimen-
tamente disponível no servi- to dos serviços de streaming,
ço de streaming de ambos os o índice de pirataria vem di-
canais. minuindo em alguns países.
Isso é resultado da facilidade
Para o gerente de projetos que estes serviços trazem
na área de Tecnologia da In- ao nosso dia a dia", observa.
DIO
UAL
Já o gerente de economia
da Fecomércio/RJ, Christian
Travassos, acredita existir
uma tendência de queda no
consumo da pirataria audio-
visual. Em entrevista à Agên-
cia Brasil, o gerente afirma
que o consumidor tem com-
prado menos produtos pira-
tas. “A população tem con-
sumido com frequência os
produtos através da TV por
assinatura ou por aquisição
em serviços digitais. Pagam
relativamente menos por
esses produtos e não têm
a necessidade de consumir
produtos físicos. Esse é um
dado positivo da formaliza-
ção”, analisa.
O Fenômeno Netflix e
os seus concorrentes
O Netflix é um dos maiores
exemplos de que é possível
disponibilizar entretenimen-
to por um preço justo. A par-
tir de R$ 19,90 o assinante
tem disponível milhares de
produções próprias e for-
necidas por distribuidores e
estúdios. Por consequência,
a plataforma vê o número de
assinantes e lucro cresce-
rem substancialmente. Se-
gundo dados atualizados no
final de 2018 e divulgados
pela Folha de S. Paulo, a Ne-
tflix possui cerca de 8,8 mi-
lhões de assinantes no Brasil,
enquanto no cenário global o
número de assinantes bateu
a casa dos 139 milhões, com
receita de US$ 4,19 bilhões
e lucro de US$ 134 milhões,
conforme dados do último
trimestre de 2018. Após o
crescimento significativo do
Netflix, surgiram no Brasil
outras plataformas, como o
Amazon Prime Video, HBO
GO, Play Plus e Crunchyroll,
sendo que este último atua
exclusivamente com a exi-
bição de conteúdo orien-
tal. Todos os concorrentes
têm em comum o objetivo de
conquistar novos assinantes
e fazer frente à supremacia
da Netflix.
A estudante de psicologia,
Viviane Cristina Dias, 21, de
Votorantim, é assinante da
Netflix e acompanha as pro-
duções do catálogo em meio
aos seus compromissos diá-
rios. “Em dia de semana, por
causa do trabalho e faculda-
de, costumo ver uma ou duas
horas por dia, porém, aos fi-
nais de semana, assisto o dia
todo”. A estudante conta que
acompanha algumas produ-
ções, como os seriados “Lu-
cifer” e “Bojack Horseman”,
filmes como “Babadook”,
além de documentários
como as biografias de Kurt
Cobain e Whitney Houston.
De acordo com Viviane, eles
contribuem para o seu es-
tudo. “Estes documentários
ajudam numa melhor com-
preensão da psicologia, por
tratar-se de personalidades
que acabaram cometendo
suicídio devido à depressão”,
conta.
"Em dia de semana, por causa
do trabalho e faculdade, cos-
tumo ver uma ou duas horas
por dia, porém, aos finais de
semana, assisto o dia todo”,
Viviane Cristina Dias
A música por Streaming,
onde e quando quiser
Outro segmento com grande
adesão no Brasil é o strea-
ming musical, tendo o Spo-
tify Premium e o Deezer
como as plataformas mais
populares. Ambos disponi-
bilizam um grande catálogo
de músicas aos assinantes,
que variam das clássicas até
grandes lançamentos, tendo
a possibilidade de efetuar o
download para ouvir sem a
necessidade de conexão com
a internet.
O Spotify também disponibi-
liza uma alternativa gratuita
aos seus usuários, denomi-
nado “Spotify Rádio”. Nesta
opção, o ouvinte tem acesso
a playlists musicais com pro-
pagandas e só conseguirá
mudar a música seis vezes
por hora, além de ouvi-las
entre intervalos comerciais.
A estudante Natália Farias,
21, de Sorocaba, assina o
serviço Premium do Spoti-
fy e considera-se ouvinte
assídua. “Eu ouço todos os
dias. Seja na academia, es-
pg. 51 |
tudando, para ir e voltar da seus programas e das trans- que o serviço pago não tem”,
faculdade e até na hora de missões esportivas. diz a estudante. Atualmente,
dormir”. Natália afirma que o serviço custa R$ 13,90 por
utiliza o aplicativo ao menos Canal extinto em agosto de mês.
três horas por dia. A pratici-2018, o “Esporte Interativo”,
dade de ouvir o acervo mu- trabalha atualmente com a “Não gosto de ver jogos por
sical a qualquer hora do dia plataforma digital “Esporte links de sites piratas. As
e sem necessidade de baixar Interativo Plus”. O portfólio transmissões são de baixa
e transferir para o celular, édo “Esporte Interativo Plus” qualidade, possuem delay e
fator determinante para ela atualmente conta com cam- quedas no sinal. São dores de
optar pela assinatura “Não peonatos como o Brasileirão cabeça que o serviço pago
tenho paciência para baixar e a “UEFA Champions Lea- não tem”. – Mayara Andrade
músicas, e o Spotify tem to- gue”, o maior campeonato
das as musicas que você qui- interclubes do mundo, onde Recentemente o Esporte In-
ser. É só dar o play, não tem são exibidas diversas par- terativo Plus ganhou a con-
que baixar”. tidas simultaneamente. De corrência do DAZN, empresa
As transmissões espor- acordo com dados do Google, alemã que transmite diversas
tivas por Streaming o aplicativo “Esporte Intera- modalidades por streaming
tivo Plus” conta com narração em português,
atualmente com sendo os Campeonatos In-
mais de 25 mil glês, Italiano, Francês e a
downloads na Copa Sulamericana os seus
PlayStore, loja principais destaques. A em-
de aplicativos presa também produz con-
dos celulares teúdos originais, como do-
Android. O apli- cumentários e reportagens
cativo também esportivas. O preço, porém,
está disponível ainda é salgado. A assinatura
para download custa R$ 37,90 por mês.
na Apple Store,
Windows Store
e dispõe de apli-
cativo já insta-
lado em apare-
lhos “Smart TV”
de marcas como
LG, Sony e Phi-
lips.
As transmissões esportivas
também possuem deman- A estudante Mayara Andra-
da na internet e um público de, 22, de São Paulo, é assi-
ávido por conteúdo ao vivo e nante do “Esporte Interativo
exclusivo. Canais de TV por Plus” e através do dispositivo
assinatura como o “Sportv”, acompanha a sua equipe do
“ESPN Brasil” e “Fox Sports”, coração pela Liga dos Cam-
oferecem aos seus assinan- peões “Assinei o serviço para
tes plataformas online para acompanhar o Liverpool FC
quem não pode assistir a na Champions League. Não
transmissão pelo canal de gosto de ver jogos por links
TV. Além do conteúdo ao vivo de sites piratas. As transmis-
dos canais, também disponi- sões são de baixa qualidade,
bilizam vídeos completos dos possuem delay e quedas no
sinal. São dores de cabeça

| pg. 52
 dicas hype para
fi lmes em 2020
que nerd nenhum pode perder

atenção aqui!
Tudo bem humano? A gente não pode colocar todos
os filmes que estamos roendo as unhas para ver no
próximo ano aqui, porém aompanhe tudo em nosso
Sonic - O Filme site e em nossas redes sociais.
Sonic, o porco-espinho azul
mais famoso do mundo, se
junta com os seus amigos
para derrotar o terrível Dou-
tor Eggman, um cientista
louco que planeja dominar o Aves de Rapina
mundo, e o Doutor Robotnik, Arlequina, Canário Negro,
responsável por aprisionar Caçadora, Cassandra Cain e
animais inocentes em robôs. a policial Renée Montoya for-
mam um grupo inusitado de
heroínas. Quando um perigo-
so criminoso começa a causar
destruição em Gotham, as
cinco mulheres precisam se
unir para defender a cidade.
Mulher-Maravilha 1984
Wonder Woman Será a se-
quência de Wonder Woman
de 2017, e o nono filme do
Universo Estendido da DC. O
filme será dirigido por Patty
Jenkins, com roteiro de Dave Os Eternos
Callaham.
Originários dos primeiros
seres a terem habitado a
Terra, Os Eternos fazem par-
te de uma raça modificada
geneticamente pelos deuses
espaciais conhecidos como
Celestiais. São frutos de ex-
periências fracassadas de
seus próprios criadores.

OS NOVOS MUTANTES
Cinco jovens mutantes descobrem o
alcance de seus poderes e lidam com
traumas do passado enquanto são
mantidos presos contra a vontade
num sinistro hospital.

pg. 53 |
| pg. 54
Nesta parte iremos abordar tudo o que
está nos papeis da vida, desde quadri-
nhos até o mais lindo romance. Abor-
dando as escritas de toda a cultura pop,
incluindo análises e dicas. Vamos ler tudo
para você ler mais ainda.

pg. 55 |
 LITERA
TURA

Quadrinhos
Quadrinhos e
e suas
suas

A vida de um ilustrador não é fácil, principalmente quando possui mais de 2000 mil HQs.

Matheus Gonçalves
influenciador de seu gosto herói por ele ser um adoles-
O entrevistado se chama Eric foi seu pai, e que desde pe- cente, que está no colegial,
Blaz dos Santos, 25 anos, queno já convivia com os he- passando por diversas situ-
trabalha como Designer Grá- ações e problemas que toda
fico, é natural da cidade de pessoa passa quando tem
Sorocaba. 16 anos, e ainda ter que lu-
tar com vilões que não es-
Além de seu trabalho Eric tão nem aí para a cidade e só
também é ilustrador nas ho- querem o caos e a destrui-
ras vagas. Ele tem um proje- ção.
to paralelo, uma revista em
quadrinhos chamada Rag-
narok, que conta a respeito Projeto Ragnarok
do apocalipse nórdico e suas
consequências, e em seu
tempo livre se dedica a co- A respeito de seu projeto de
lecionar histórias em quadri- quadrinhos intitulado Rag-
nhos (HQs) e trabalhar com a narok Eric disse que a ideia
confecção de fantasias. surgiu de uma parceria com
um colega e que estão espe-
Como todo colecionador Eric rando uma aprovação da lei
tem um grande acervo de re- róis dos quadrinhos. Por seu Rouanet para que as histó-
vistas. Pelas suas contas ele pai ser um fã que comprava rias saiam do computador e
tem cerca de 2000 exempla- muitos exemplares começou possam ser publicadas.
res, além de diversas figuras a trilhar o mesmo caminho.
de ação, que seriam miniatu- A inspiração surgiu de as-
ras de personagens, e de he- Em meio a todo o conheci- sistir aos filmes do Thor, e
róis. mento que adquiriu ao lon- gostar da cultura nórdica,
go dos anos e as incontáveis algo que para ele precisa ser
Em entrevista para a revista horas que dedicou a filmes, ilustrado. Ainda não se sabe
HYPE, Eric nos recebeu em séries, e a cultura pop. Seu a data que será lançada a
seu apartamento e nos con- personagem favorito é o Ho- primeira revista, porém Eric
tou um pouco de sua paixão mem Aranha, fato confirma- acredita que o projeto dará
pelo mundo dos quadrinhos e do em todos os cômodos da certo no futuro, com a apro-
como tudo isso começou. casa com objetos que lem- vação pela lei Rouanet e a
Eric nos disse que o principal bram o herói. obtenção do recurso.
Eric disse que gosta desse
| pg. 56
 ERA
URA temporadas e 39 episódios.
Perguntado sobre as dificul- Nesta série um homem
dades de um ilustrador Eric cego, chamado Matt
disse que atualmente é mui- Murdoch, é um ad-
to difícil um ilustrador viver vogado durante o
“Já fui e ainda vou a muitos eventos
da profissão e principalmen- de quadrinhos e cultura pop fantasiado dia e à noite é um
te trabalhar para um grande de homem aranha, mas também me justiceiro que luta
estúdio como a Marvel e a con-
fantasio de Thor por ter o cabelo comprido tra a criminalidade
DC Comics pela concorrência e ter confeccionado a e o mundo das drogas
ser muito acirrada e existi- fantasia e as armas do herói”.
na ci- dade de Nova York.
rem poucas vagas, mas que
está muito feliz no local onde
trabalha.
de ho-
mem aranha.
Questão de existência? Ele brinca com a
situação e gosta que
Eric não acredita que as HQs o achem legal.
deixarão de existir mesmo
com à crescente da tecno- Sobre filmes e séries, Eric
logia e a diminuição de re- é um tanto crítico,
vistas em papel, ele acredita afinal é um gran-
que continuarão sendo pu- de fã. Ele
blicadas pois o fã de verdade disse
gosta de pegar uma HQ e ler,
guardar, ter aquilo sempre
perto, de modo que possa
voltar e ter a mesma sensa-
ção que teve na primeira vez
que leu aquela história, essa
é uma sensação que somen-
te quem realmente ama qua-
drinhos pode sentir. que existem séries
que não fazem jus
Para Eric o melhor criador aos personagens e
de histórias sem duvidas os deixam parecendo
foi Stan Lee, “ele foi o maior ridículos, como em um
criador de histórias e de per- dos filmes do quarteto
sonagens que já existiu, ele fantástico onde o Doutor
infelizmente morreu”. Estranho, aparece como
um vilão muito mais fraco e
Ele mostrou muitas histórias fácil de ser derrotado.
que fizeram parte de mo-
mentos importantes de sua Em séries acredita que mui-
vida, como a infância, a ado- tas das cenas de luta pode-
lescência, o que ele queria riam ser melhores e deveriam
ser como pessoa e qual pro- ter mais efeitos especiais
fissão seguiria. Não liga de para que se tornassem epi-
ser chamado de nerd e nem sódios melhores.
que as pessoas o achem di-
ferente, no prédio onde mora Para Eric a melhor série de
tem diversos vizinhos que herói que já foi feita é De-
são crianças e o chamam molidor, que conta com três
pg. 57 |
 LITERA
TURA
HQs independentes caem
nas graças dos leitores
Traços diferenciados, narrativas inovadoras, temas
diversificados e artistas de qualidade tiram os lei-
tores da mesmice
Maiara Moreira
A
o falarmos em his-
tórias em quadri-
nhos, as primeiras
referências que
nos vêm à memória são os
poderosos super-heróis da
Marvel e DC ou as inesque-
cíveis aventuras da Turma
da Mônica. Entre altos e bai-
xos, o mercado das HQs vol-
tou a aquecer em meados
de 2008, porém, nos últimos
anos houve uma mudança de
público, formatos, temas e
formas de divulgação.
Assim que os personagens
heroicos ganharam as telo-
nas de cinema, garantindo
bilheterias milionárias e uma
popularidade estratosférica,
os novos fãs dos persona-
gens passaram a consumir
as HQs, a origem de tudo. E
desta forma foi aberta no-
vamente a porta para este
universo, que eclodiu com
inúmeras publicações, feiras,
editoras, escritores e ilus-
tradores. Mas enquanto boa
parte dos consumidores são
pautados por mangás e qua-
drinhos de aventura ou ação,
o mercado independente
vem ganhando destaque.
De acordo com a Câmara
Brasileira do Livro- CBL o
crescimento da visibilida-
de dos quadrinhos brasilei-
| pg. 58
ros, tanto no país
quanto no exterior,
é motivo de come-
moração. A gerente
de relações inter-
nacionais da CBL,
Fernanda Dantas,
relaciona o cresci-
mento do mercado
nacional de qua-
drinhos à internet. nhando destaque no mer-
Avalia também que a quali- cado. Nascido no Rio de
dade dos artistas brasileiros Janeiro, atualmente mora
chama atenção em mercados em Sorocaba e movimenta
tradicionais de quadrinhos, o nicho artístico das HQs na
por conta da sua diversida- região, realizando encontros
de e riqueza dos desenhos, mensais entre artistas e lei-
traços e os roteiros do co- tores. Pós-graduado em Ar-
tidiano, os quais prezam por tes Visuais, Cultura e Criação
narrativas mais densas e in- foi professor por muito tem-
timistas. po, até que em 2016 estreou
no mundo das HQs de terror
Para o quadrinista e ilustra- e os projetos não pararam
dor Marcel Bartholo, os ar- mais.
tistas brasileiros possuem
uma influência muito gran- No atual período turbulento
de da charge e da carica- do mercado editorial, no qual
tura, que foram o ponto de boa parte das livrarias estão
partida dos quadrinistas no em decadência e o modelo de
país. Portanto, tudo come- streaming está dominante,
çou com um traço muito livre disponibilizar os trabalhos na
e solto. “Depois da charge e internet é uma boa estraté-
da caricatura teve a explo- gia para arrecadar fundos.
são dos mangás, dos super-
-heróis, mas nós brasileiros Plataformas de financiamen-
temos o dom da antropofa- to coletivo, como o Catarse,
gia, pegamos as referências têm permitido que muitos
e transformamos do jeitinho quadrinistas publiquem seus
brasileiro”, comenta. trabalhos, não só os artistas
independentes, mas editoras
Marcel é um desses artis- também. Como foi o caso da
tas independes que vêm ga- Skript , editora que publicou
 Mas a venda pre-
sencial é parte im-
portante na fideli-
zação dos leitores,
segundo Bartholo,
a internet possibi-
lita testar os leito-
res, criar um público
para o seu traba-
lho, ter um feedba-
ck antes do gasto
da impressão, mas
é nas feiras que a
magia acontece. Os
eventos voltados
para as HQs e cul-
tura nerd, geram a
economia e a troca
entre os artistas e
o público. Alcançar
uma pessoa fora da
Marcel Bartholo, estreou no mundo das
bolha, ou seja, fora
HQs de terror em 2016.Foto- Ilustradoria
do nicho dos super-heróis, é
um ganho. Atingir outras es-
a Necromante, HQ de auto- feras é próspero para o mer-
ria do Marcel, o quadrinho foi cado da HQ e para a cultura
disponibilizado na plataforma do país, já que a dissemina-
como pré-venda e o dinheiro ção da arte brasileira é uma
arrecadado financiou parte coisa muito complexa.
da impressão.
Em seus quadrinhos de ter-
ror, Marcel, busca frisar
sempre a identidade do Bra-
sil, utilizando de elementos
do folclore e histórias popu-
lar. O artista conta que seu
foco não é a exportação, e
aí sim conseguir fazer com
que a história atinja o leitor
de forma universal. “Quan-
do você conta uma história
dentro da sua realidade, as
chances de isso funcionar
universalmente são maio-
res.”, frisa o artista.
O processo de criação de-
pende de cada artista den-
tro de seu estilo, mas as HQs
de Marcel foram criadas de
forma colaborativa. Partici-
Foto: Divulgação pando um roteirista e o ilus-
trador, este último participa
da criação do roteiro mar-
cando página a página e nes-
te processo de construção
de imagem e texto uma coisa
interfere na outra. A ilustra-
ção em si é um processo soli-
tário, no qual o artista acaba
ficando recluso e imerso no
mundo da história.
Apesar do salto no mercado
econômico das histórias em
quadrinhos, Bartholo afirma
que não consegue se man-
ter apenas com seus quadri-
nhos. Porém, diz que é pos-
sível, depende da dedicação
e disponibilidade de cada ar-
tista para participar dos cir-
cuitos de eventos e feiras ao
longo do ano.
As HQs possibilitam também
outros trabalhos, por meio
do reconhecimento de seus
quadrinhos o artista foi con-
vidado para outros projetos.
“Eu estimulo meus alunos
a partirem para este ramo,
mas alerto, não faça pensan-
do no dinheiro que a HQ vai
te dar, é uma mídia que ain-
da precisa crescer no país
como mercado próprio, mas
ela abre portas para outras
coisas.”, diz.
Da internet para as feiras
Os leitores usam a internet
como vitrine para saber o
que irão consumir nos even-
tos de quadrinhos, este é o
caso do Fernando Araújo de
23 anos.
O jovem conta que consome
muito HQ independente, por
conta da temática diversifi-
cada e o fácil relacionamen-
pg. 59 |
Fernando Araújo, frequentador do Ilustradoria, evento mensal realizado na cidade de Sorocaba. Foto- Ilustradoria
to que é possível ter com os
artistas independentes, por
meio do Instagram e demais
redes sociais.
Além das redes sociais, os
leitores usam plataformas
como o Tapas, para conhecer
novos quadrinhos. É a partir
da internet que eles delimi-
tam onde, como e quais ar-
tistas irão consumir.
Aqui entra um importante
respaldo oferecido pela fei-
ras, como a FIQ- Festival In-
ternacional de Quadrinhos e
CCXP- Comic Con Experien-
ce, grandes eventos que al-
cançaram o recorde de pú-
blico.
Em 2017, a CCXP reuniu mais
de 227 mil pessoas em São
Paulo. Mas é preciso se es-
forçar um pouco para con-
seguir um espaço nessas fei-
ras, já que muitas possuem
um espaço limitado para as
mesas e, por isso, realizam
uma seleção de quem entra
| pg. 60
ou não. Portanto, sem uma
produção constante e uma
boa presença online, fica
mais difícil para um artista
independente ser seleciona-
do.
“Já comprei várias HQs
de autores indepen-
dentes, que atualmente
estão famosos e eu olho
para as minhas HQs e
fico, meu Deus, eu com-
prei no começo quando
ninguém conhecia. É
uma experiência única!”,
comenta.
Segundo Fernando, ele con-
some as HQs que ele mais
gostou de ler online, ele apro-
veita esses eventos para
comprar as revistas, pegar
autógrafos e conhecer pes-
soalmente os artistas.
Bartholo reforça que, com a
declínio das editoras, os pró-
prios artistas reconhecem
a importância da divulgação
na internet, mas a organi-
zação de eventos também,
pois, antes era papel exclu-
sivo das editoras realizar a
distribuição dos livros em
feiras universitárias, livra-
rias, aproximavam o produto
dos consumidores. Agora o
próprio artista tem a possi-
bilidade de fazer isto ao par-
ticipar e organizar feiras e
eventos.
Está cada vez mais comum
encontrar eventos pequenos
por todo o interior do país,
que culminam nas grandes
feiras realizadas uma vez por
ano.
Em Sorocaba, o artista reali-
za a Ilustradoria, evento que
conta com o apoio do SESC
e demais artistas regionais,
este encontro acontece uma
vez por mês.
 Outro evento realizado na
cidade, é o Ilustra Comic Fest
Um evento anual, que conta com vários artistas indepen-
dentes de Sorocaba e região,

Misturando artistas experientes e iniciantes, que trazem

seus trabalhos, além de oferecerem vários workshops, ofi-
cinas, palestras e bate papos. A edição deste ano aconte-
ceu nos dias 2 e 3 de novembro no SESC Sorocaba. Nesta
edição o quadrinista, escritor, ator e dramaturgo, Lourenço
Mutarelli, que ministrou recentemente um curso de criação
de quadrinhos, também no SESC Sorocaba, esteve presente
batendo um papo com os presentes e avaliando portfólios.

3 Dicas Matadoras
Para Você Fazer
Quadrinhos!
Temos que ter em mente que o principal é ter as
páginas prontas, e concentrar o foco nesse ob-
jetivo.

Para ajudar você nessa empreitada, eu preparei

com muito cuidado 3 DICAS DE OURO para fazer
quadrinhos! São elas:

1 - Aprenda fazendo: Aqui você vai entender a importância do aprendizado seletivo, e

como desenvolver as suas habilidades de forma otimizada a partir das suas escolhas
artísticas.

2 - Simplifique: Aqui você vai aprender como fazer o menos ser mais, através da cla-
reza da comunicação. Vai aprender como aumentar progressivamente o nível dos seus
desafios técnicos a cada arco de aprendizado.

3 - Se comprometa: Nesta terceira dica, eu vou falar sobre o poder do compromisso e

como fazer questionamentos-chave, que vão esclarecer sua visão sobre o papel dos
quadrinhos na sua vida, levando a uma motivação consciente e transformadora.

pg. 61 |
 LITERA
TURA
Como a literatura infanto-
juvenil influenciou os jovens na política

D
ois dos maiores fe- Quando se confronta com muito, e muitos têm pouco.
nômenos literários a realidade fictícia e o mun-
conhecidos em todo do real, se percebe que não "O mundo muda através de
o mundo, talvez se- é tão diferente do que se uma página, é por isso que li-
jam Harry Potter e Jogos Vo- imagina. Seja em Hogwarts, vros são tão perigosos."
razes. O primeiro publicado Londres, Panem ou no Brasil,
entre 1997 e 2007, ganhou o todos enfrentamos o mes- Os livros despertam muitas
mundo e se tornou a saga li- mo problema: um mundo que sensações e vontades nos lei-
terária mais rentável, sendo não é perfeito. tores, o que não se é de ne-
colocada ao lado da Bíblia na gar é que também desperta
seção dos mais vendidos. E Muitas crianças conheceram a vontade de lutar, seja con-
Jogos Vorazes, publicado em através de Harry Potter, Her- tra o vilão dos livros ou aque-
2008, ga- le vilão que
nhou o mun- existe no
do trazendo mundo real.
uma trama
política ex- Existe cada
tensa aos vez mais jo-
olhos dos jo- vens enga-
vens. jados com
política,
O que es- cada vez
ses dois li- mais gen-
vros têm te lutando
em comum? contra pre-
Além, é cla- co n ceitos ,
ro, de des- contra in-
per tarem justiças e
nos mais novos durante os mione Granger e Rony Weas- a desigualdade social, e não
anos 2000 a sensibilidade a ley como lutar contra aqueles podemos dizer que a litera-
leitura? Harry Potter e Jogosque achavam que o mundo tura fantástica foi o estopim,
Vorazes são dois livros conhe-
era dividido entre sangues mas que fomentou nos ado-
cidos por darem às crianças puros e sangues ruins. O livro lescentes a vontade de se le-
a vontade de vencer o mal e retrata de maneira abstra- vantar para colocar sua voz
criar um mundo melhor. Mas ta como o preconceito afeta em jogo? Isso aconteceu.
será que isso é apenas fan- a vida de muitas pessoas, e
tasioso? como lutar contra isso. Livros sempre foram uma
forma de entender o mundo,
Harry Potter, o menino que Katniss Everdeen, então, uma de aprender e se posicionar.
sobreviveu ao vilão Volde- garota que precisa sustentar Livros novos têm surgido e
mort, e Katniss Everdeen e o sua família, e jogar num jogo cada vez mais se tratando de
tirano Presidente Snow, tra- de vida ou morte para en- inclusão e política, sobre dis-
zem à tona temas como o treter a burguesia, explora o topias e de fantasia. O mundo
preconceito, desigualdade e sentido político da desigual- muda através de uma página,
ética. dade, como chegaram àquilo, é por isso que livros são tão
o que fazer para acabar com perigosos.
um mundo onde poucos têm
| pg. 62
A

Livros e HQs
para ler nas férias

Segura
s dicas
essa Batman: a piada mortal
ESCRITO POR ALAN
MOORE E DESENHADO
POR BRIAN BOLLAND,
A Piada Mortal conta
uma nova versão para
o nascimento de Co-
Mulheres que correm ringa. O vilão que nes-
com os lobos ta HQ fugiu mais uma vez do Asilo
Traz um relato so- Arkham, vai atrás do Comissário
bre como a mulher Gordon, querendo provar que até
é vista na socieda- um homem comum pode se tornar
de. A autora apre- um louco.
senta 19 contos
e mitos, mostrando O Quarto Dia
que a mulher pode se conec-
tar com sua psique e voltar DE SARAH LOTZ, o
a ser o que sempre foi: uma suspense conta a
loba poderosa. história de um na-
vio que depois de 5
dias desaparecido,
surge no México.
Admirável mundo novo Nenhum passagei-
O livro conta a histó- ro está vivo, pelo contrário, to-
ria de uma sociedade dos estão sumidos, assim como
focada no consumo a tripulação. O que todos acre-
científico e que glori- ditavam ser um vírus, pode ser
fica o avanço da tec- algo pior.
nologia, um mundo
sem doenças e envelhecimento.
A história do cinema
Uma sociedade criada em um
laboratório para seguir castas para quem tem pressa
definidas ao nascimento. CELSO SABADIN,
conta sobre o úl-
timo século, e o
X-Men: Deus ama, o começo do atual.
homem mata Em A História do
Cinema para quem
Os x-men e Mag- tem pressa, o li-
neto precisam se vro traça uma linha temporal
juntar mais uma desde o começo do cinema
vez para comba- até os dias de hoje. O autor
ter a intolerância, explica desde fatos como as
e dessa vez ela é guerras alteraram o cinema,
religiosa. Um pastor enlou- até como a chegada da tele-
quecido está decidido acabar visão mudou tudo.
com a raça mutante. A Cruza-
da Stryker desejam purificar a
Terra, sem se importar com o
quanto de sangue será derra-
mado.

pg. 63 |
 LITERA
TURA
Aplicativos de leitura vêm fazendo
sucesso entre autores e leitores
Kindle e Wattpad conquistam a internet e ganham os
corações dos jovens brasileiros.
Giovanna Lupianes Pião
H
á aqueles que di-
zem que os livros
vão deixar de existir
da maneira como a
gente conhece, que um dia
será impossível encontrar
livros físicos para ler. Mas,
espera aí, não foram esses
mesmos livros que já sobre-
viveram aos mais diversos
tipos de atrocidades que a
humanidade os submeteu?
Quem não recorda das gran-
des queimadas de livros pela
igreja católica, ou como Hitler
queimou o que não achava
de direito dos outros lerem?
A verdade é que a história já
nos mostrou que não é fácil
destruir a vida que pulsa por
| pg. 64
esse material tão frágil, mas encontrados para leitura
ainda assim tão resistente. em e-book. A literatura per-
manece a mesma, apenas o
É claro, que mudamos o modo de ler que mudou, mas
modo de ver o mundo, e com os livros, eles não deixam de
isso não corremos mais para existir, apenas se transfor-
as bibliotecas para pesqui- mam.
sar algo, porém quando o
calo aperta, ainda é pra lá E por isso, lojas como Saraiva
que vamos. Nosso tempo fi- e Livraria Cultura, que antes
cou mais curto, mas a nossa tinham o domínio de vendas
vontade de ler e descobrir de livros em suas mãos não
mundos novos ainda existe, são mais os grandes nomes,
e se adapta, ao ônibus, quan- plataformas de venda online
do lemos indo para o serviço, e para leitura foram nascen-
escola ou faculdade. Gran- do, e a crise editorial se tor-
des nomes do cenário lite- nando tão grande. Deixando
rário estão se convertendo, assim, não apenas os leitores
quem não ouviu falar sobre a na mão como grandes pro-
Turma da Mônica, que agora dutores e os autores que de-
disponibilizou seus quadri- pendem dos grandes merca-
nhos em versão digital, ou dos para poder vender o que
os clássicos, que agora são produzem.
Segundo o jornal O Estado
de S. Paulo, a Livraria Sarai-
va, que existe desde 1914,
apenas em 2018 fechou 19
lojas por causa de diversos
atrasos de pagamento a edi-
toras brasileiras. E a Livraria
Cultura entrou com um pe-
dido de recuperação judicial.
Com duas das maiores livra-
rias do país entrando em mo-
mentos tão difíceis, pode-se
imaginar o que está aconte-
cendo com as pequenas: vêm
tentando se ajustar ao novo
mercado ou apenas fechan-
do.
Além de nem sempre o preço
em uma livraria física con-
seguir cobrir o preço de um
livro em sites, as lojas têm
passado a dividir seu espaço
com outros produtos, como
itens de papelaria, e cafe-
terias. Assim como DVDs e
CDs têm dado lugar a outros
meios de reprodução como
Netflix, Globo Play, Spotify,
entre outros, com os livros
vêm acontecendo o mesmo,
hoje existem diversas plata-
formas para leitura, como o
Kindle Unlimited que se dis-
seminou bem pelo Brasil, e o
Wattpad.
Wattpad
Criado em 2006, o site Wat-
tudo seus livros publicados
tpad que depois começou a no Wattpad, onde não ape-
ser usado como aplicativo de nas conquistam público, mas
leitura para celulares, é onde leitores fiéis que as acompa-
se concentra hoje uma gran- nham onde forem.
de quantidade de histórias
originais e fanfics (histórias A autora Isa Feijó, que tem
criadas por fãs com perso- 3 livros e mais alguns con-
nagens ou atores conheci- tos publicados no Wattpad,
dos). Disponibilizando toda descobriu o site através de
e qualquer leitura de graça uma amiga, e após alguns
para leitores de todo o mun- anos decidiu publicar suas
do e em diversas línguas. próprias histórias. “Publiquei
no próprio Wattpad, testan-
Do Canadá para o mundo, o do as minhas histórias, e a
dispositivo é bastante usa- repercussão acabou sendo
do por americanos, e de onde maior do que eu esperava,
saíram grandes histórias que porque no site há essa in-
se tornaram filmes, como A teração direta entre autor e
Barraca do Beijo, que após leitor, o que eu acho maravi-
ganhar livro, ganhou uma lhoso”, completa.
adaptação pela Netflix, e
que foi muito bem recebida O design do site facilita na
por jovens de todo o mundo. hora de encontrar histórias,
Outra grande produção foi a e autores. Além de uma ma-
série de livros After, fanfic da neira fácil de armazenar os
banda One Direction, tão co- livros que estão sendo lidos,
nhecida que atraiu editoras, com a biblioteca própria para
e no início deste ano se tor- cada leitor, além de possibili-
nou um filme, e já foi confir- tar o arquivamento de livros
mada a sequência. que já não estão mais lendo.
O Brasil não fica muito dis- A leitora Gardênia Perei-
tante desse novo caminho ra, 27, conheceu o aplicativo
para publicação de obras através de uma amiga que
autorais. Grandes autoras publicava seus livros na pla-
conhecidas do público, como taforma, e disse que poderia
Anne Marck e Mônica Cristi- encontrar outras histórias
na hoje com livros publicados para ler. “É uma facilidade
no Kindle, tiveram antes de poder levar a história comi-
go, através de um aparelho
prático como é o celular, ta-
blet ou kindle.”, além de leito-
ra do Wattpad, ela também
consome o Kindle, e diz que
além da economia do Kindle,
por não ter que adquirir um
livro físico, o Wattpad traz a
comodidade de uma plata-
forma gratuita.
Entretanto, a maioria dos
autores não param aí, apesar
Foto: Reprodução
pg. 65 |
de ser uma boa plataforma
não apenas para quem está
começando, mas para quem
tem um público já consolida-
do, o Wattpad não dá um re-
torno financeiro, o que faz os
autores procurarem outras
maneiras de receber por seu
trabalho.
Kindle
A Amazon, fundada em 1994
e conhecida por ser um gran-
de site de varejo, ganhou
o Brasil em 2012 com sua
grande opção de compra, só
cresceu desde lá, e hoje, com
seu preço baixo e promo-
ções, das mais diversas, con-
quista cada vez mais público.
E não só, conhecida por suas
grandes quantidades de pro-
dutos, a Amazon começou a
desenvolver novas maneiras
de ler.
| pg. 66
O Kindle Direct Publishing e não há limitações de cópias
(KDP) é a ferramenta de au- ou preocupações com entre-
topublicação da Amazon, o ga.”, finaliza.
que facilita para o autor que
já está acostumado a andar O Kindle é visto como um in-
com suas próprias pernas no vestimento, já que você pre-
meio de publicação, e faz seu cisa pagar um valor fixo de
trabalho de maneira inde- 20 reais, a Amazon também
pendente. disponibiliza algumas promo-
ções, que deixam o valor bem
O dispositivo, de onde sur- acessível. “Essas platafor-
ge também o Kindle Unlimi- mas ajudam a democratizar a
ted que permite a leitura de leitura, tornar mais acessível,
diversos livros por 20 reais o Wattpad por ser de graça
por mês, e acaba ajudando e ter um acervo imenso, e o
autores que precisam de um Kindle com um preço baca-
retorno. Seus livros, então, na e livros famosos que vão
ficam de graça para os leito- de Crepúsculo ao Drácula de
res do Unlimited, mas tam- Bram Strocker.”, diz a autora
bém podem ser comprados. Isa Feijó.
O KDP tem grandes nomes
da publicação nacional, como
Nana Pavoulih, Mario Sérgio
Cortella, FML Pepper, entre
outros, já que você pode en-
contrar livros que vão de fic-
ção, e tudo que ela engloba,
aos livros de não ficção, e até
livros em outras línguas. “O Kindle é bem
acessível, o preço
Isa Feijó conta que a transi- não é absurdo, e você
ção do Wattpad para o Kin- não precisa ter o dis-
dle foi feita de forma natural, positivo do Kindle,
que o Wattpad é totalmente pode usar o próprio
gratuito, e autores também celular, e tem várias
precisam pagar contas, e por promoções, e vários
isso o Kindle é a melhor es- livros são disponibi-
colha. “Na Amazon fazemos lizados de graça.”
tudo sozinhos, não precisa- Diz a leitora Alessandra Tu-
mos de um intermediário, o disco, que conheceu o apli-
que é excelente para autores cativo e descobriu muitos
independentes.”. A autora livros nacionais, e LGBTQ+
que também têm livros pu- que antes não tinha acesso.
blicados em formato físico, Para ela, o Kindle é um ótimo
diz que o e-book dá dinhei- meio de leitura que qualquer
ro, enquanto o livro físico, dá um pode ter.
status ao escritor. “É muito
bom você segurar um livro
que escreveu, ter lançamen-
to e autografá-lo, mas é tan-
ta burocracia e imposto que
seu livro é pequeno. Já com o
e-book o lucro é bem maior
pg. 67 |
| pg. 68
A editoria da representatividade tem como
objetivo dar espaço e enfatizar a importância
de determinado grupo de heróis e persona-
gens da cultura pop.

pg. 69 |

O poder da representatividade
Como as histórias em quadrinhos deram voz às minorias
Bruno Sanches
J
á sentiu aquele desejo ou até mesmo
a sensação, através de sonhos, de ter
um superpoder? Sonhos esses que
nos possibilitam alcançar patamares
inatingíveis, como por exemplo, se jogar do
topo de um prédio e sair voando, realizar
atos de quem possui uma força descomunal,
super velocidade e por aí vai. Quem já viven-
ciou essa situação, acorda com aquele dese-
jo de tornar a dormir, afinal essa experiência
é sensacional.
MARVEL E DC COMICS
Ambas as empresas surgiram na década de 30
e foram responsáveis por popularizar esse gê-
nero. E também proporcionaram diversos mo-
mentos de quebras de tabus com seus super
heróis.
São situações como essas que criam em nosso
coração o desejo de nos tornarmos super-he-
róis, mesmo sabendo que isso é praticamente
impossível. Então, a partir disso, a chamada In-
dústria Cultural cria maneiras de suprir essa
nossa necessidade e saciar o desejo de sermos
super, mas é claro que não saímos voando por
aí.
Temos à nossa disposição milhares de jogos,
filmes, histórias em quadrinhos, livros e até ex-
periências de realidades aumentadas, tudo isso
com a intenção de nos possibilitar uma melhor
experiência. Baseando-se nessa situação, essa
reportagem tem como objetivo expor e ao mes-
mo tempo explorar esse fantástico mundo fan-
tasioso que age tão forte em nosso imaginário,
e explicar o motivo de existirem tantos produ-
tos do mesmo gênero e apontar a fórmula para
o sucesso na obtenção de público.
| pg. 70
REPRESEN
TATIVIDADE
“Quadrinhos nada mais são que a re-
presentação da nossa sociedade. Ela
espelha o momento político e social
que o mundo vive. O que me marca é
que muitas pessoas não percebem
isso e acham que os personagens e
as histórias são meros produtos de
ficção da cultura pop”. Jorge Freire,
Youtuber.
Mas qual o impacto que essas ações de repre-
sentatividade através dos heróis gerou? Qual
foi a sua importância nesse universo e, isso
afetou o mercado de alguma maneira? Para
isso trazemos para você a opinião de dois co-
lecionadores e especialistas no assunto e um
comerciante que também tem sua paixão por
esse segmento.
Fabiano de Oliveira Santos, professor e atual-
mente está com 38 anos. Para começarmos a
entrevista é bom saber desde quando ele é um
apaixonado pelos quadrinhos, afinal estamos
falando com alguém que entende do assunto.
Fabiano diz que seu primeiro contato com uma
HQ ocorreu por volta de seus sete anos de ida-
de, começando com as revistinhas da Disney
e da Turma da Mônica, que na época faziam
grande sucesso com seus clássicos. Logo após
em uma de suas visitas aos conhecidos “sebos
literários” da cidade de São Paulo, encontrou o
seu novo “amor”, as HQs dos Transformers e do
Comandos em ação, que na época eram distri-
buídas pela editora Marvel Comics.
ESEN
DADE
Vale a Dica!
Fabiano recomenda a
saga do Capitão América
de San Wilson, escrita por
Nick Spencer, que abor-
da temas atuais. Para ele,
seu personagem favorito
é o Capitão América, mas
ai entra um detalhe inte-
ressante, não é o já con-
sagrado Steeve Rogers, o
símbolo do “American Way
of life”, mas sim o novo Ca-
pitão, o personagem San
Wilson, jovem negro que é
visto como uma voz de es-
perança a toda a comuni-
dade que ele representa.
Essa surpresa já faz um link
com a revista em quadrinhos
favorita de Fabiano, que co-
loca o novo Capitão Améri-
ca como vítima de uma dis-
seminação de Fake News a
respeito de seu posiciona-
mento político, gerando di-
versos ataques através da
plataforma do twitter, ofen-
sas, calúnia e principalmente
injúria racial. O foco principal
dessa HQ é demonstrar a in-
tolerância do povo com um
novo super herói, e como a
mudança causa revolta nos
mais conservadores e, ao
mesmo tempo mostrar a si-
tuação precária do sistema
político mundial.
Quando perguntado se lem-
bra sobre algum herói que
nasceu para ter forte re-
presentatividade social, Fa-
biano aponta não somente
um, mas um grupo todo, os
X-mens. Esse grupo de he-
róis surgiu com o objetivo
de demonstrar que as dife-
renças causam estranheza
e geram desprezo em nossa
sociedade, fazendo uma me-
táfora com a diferença social
que vivemos em nosso mun-
do real.Fabiano cita o caso do
super herói Luke Cage, que
atualmente conta com uma
série na Netflix, que vem com
a ideia de afrontar um siste-
ma extremamente racista.
Jorge Freire, 40, é Youtuber e
Administrador do blog “Nerd
Pai”. O entrevistado explica o
motivo do nome do seu canal
e blog, ele diz que sempre foi
um amante de tecnologia e
cultura Pop.
Jorge, assim como Fabiano
teve seu primeiro contato
com histórias em quadri-
nhos a partir da Turma da
Mônica anos 70. Ele lembra
que passou a ter contato
com histórias de super he-
róis posteriormente, devido
à influência de seu pai, que
sempre foi um grande fã do
Batman.
Ao descobrir que seria pai, em
2009, resolvi criar o Nerd Pai
– O Blog do Pai Nerd para ex-
por meus sentimentos nessa
nova aventura que eu estava
entrando: Ser um pai.
Jorge deu uma aula de como
os quadrinhos servem para
dar voz a minoria: “X-Men é
uma metáfora ao preconcei-
to e, infelizmente, continua
atual”.
Em 1954 a Suprema Corte
do EUA declarou inconstitu-
cional a separação entre ne-
gros e brancos em institui-
ções de ensino. Mas uma boa
parte da população branca
não ligou muito e continuava
a segregar nos restauran-
tes, nos ônibus e em prati-
camente todos os espaços
públicos.
A bomba estourou quando
no dia primeiro de dezem-
bro de 1955 a Rosa Parks,
afro-americana, se recusou
a ceder seu assento em um
ônibus para um branco e
acabou sendo presa. Era um
costume nos Estados do sul
os negros cederem seus lu-
gares aos brancos, mesmo
com a Suprema Corte dos
EUA declarando essa atitu-
de ilegal.
Os brancos não aceitavam
a declaração da Suprema
Corte. Só para você ter uma
ideia, o presidente John F.
Kennedy precisou enviar
cinco mil membros da Guar-
da Nacional para garantir a
matrícula de um aluno negro
na Universidade do Missis-
sippi. E no começo dos anos
60 iniciou-se o Movimento
dos direitos civis dos negros
nos Estados Unidos lidera-
dos pelo Martin Luther King
Jr e Malcon X.
pg. 71 |
E o mercado,
como reagiu?
Toda essa onda de novos heróis refletiu no merca-
do? Aquela banca de revista amarela do seu bairro
teve alguma mudança nos produtos e nas vendas?
Vamos tentar descobrir isso agora!
Edson Sanches, 54, comerciante por 20 anos e
apaixonado por histórias em quadrinhos. Ele con-
ta que em sua infância, final dos anos 70 até início
dos anos 80, lia HQs de Super Heróis como os do
Homem de Ferro, Capitão América, Homem Ara-
nha, Demolidor, Quarteto Fantástico e revistas em
quadrinhos de faroeste, esse último, influenciado
pelos filmes de bang-bang na TV, que viviam seus
últimos anos de ouro.
Edson Sanches (a direita) cita a importância dos quadrinhos
para seu negócio
Quando começou a trabalhar com publicações,
já no ano 2000, as HQs de heróis vendiam bem,
mas perdiam de longe para os mangás japoneses.
O comerciante destaca que os mangás foram os
responsáveis por atrair a atenção do público com
personagens marcantes. Títulos como Dragon Ball,
Samurai X e muitos outros apresentavam perso-
nagens gays, e esses eram muito procurados pelos
leitores.
| pg. 72
Vale a dica!
“X-Men: O Confronto Final – 2006”
Para finalizar, Jorge deixa um recado
pra você leitor: “Então pais, mães,
nerds e geeks, vamos cada um cui-
dar da sua vida. Se você não concor-
da com algo, não o faça e deixe as
pessoas serem felizes! Não vamos
desrespeitar as pessoas só porque
são diferentes de vocês. Claro, po-
demos discutir um tema com edu-
cação e respeito, até porque sem
discussão ninguém evolui. Mas te-
nham humildade em mudar de opi-
nião. Até porque só muda quem um
dia teve uma.
O que podemos con-
cluir com tudo isso?
É fundamental saber nossas diferen-
ças para esses personagens fictí-
cios. É claro que todos gostariam de
poder contar com super habilidades
que facilitassem o cotidiano, não po-
demos contar com tais regalias, mas
devemos ter em mente que podemos
sim ser super, ser super-humanos.
Afinal ser super-humanos é o que
nos torna especiais e símbolo de
esperança para o próximo. Um ver-
dadeiro herói é aquele que além de
tudo, de todos os problemas encon-
trados nesse mundo caótico e sem
amor, ainda respeita o próximo, tenta
ao máximo alegrar as pessoas, com-
partilhar suas experiências e conhe-
cimentos e o mais importante, sabe
amar e valorizar cada um e cada mo-
mento mais simples da vida.
Aprendendo a respeitar todos e fa-
zer o possível para ser uma boa pes-
soa, passamos a desenvolver duas
habilidades que irão mudar nossas
vidas para sempre, o amor e a felici-
dade. Ame, respeite, valorize e cuide,
seja um herói, seja super.
 Eu entendi a referência!
006”
Além dos personagens, muitas cenas de grandes fil-
mes são recriadas dos quadrinhos. Além de agregar
ecado
coma fidelidade do personagem com o quadrinho,
mães,
isso pode tornar a história ainda mais interessante
m cui-
ncor-
xe as
Não é novidade para ninguém que a maioria dos fil-
amos
mes de super-heróis que são produzidos nos cinemas
orque
teve suas origens nos quadrinhos. Mas o que talvez
o, po-
muita gente não saiba é que muitas cenas produzi-
edu-
das também têm seu contexto originado dentro das
sem
HQ’s, o que deixa quem está assistindo esteja mui-
s te-
to atento para perceber, o que faz com que muitas
e opi-
pessoas interpretem isto como Easter Eggs, mas na
m um
verdade é apenas algumas cenas recriadas para dar
mais fidelidade a origem do personagem.

Trouxemos uma sequencia dessas recriações, que

vai fazer os fãs de quadrinhos ficarem ainda mais
atentos a estas referencias nos próximos filmes.

Chegada Imponente
A cena em que o Homem de Ferro chega à frente de uma plateia
“socando” o chão em seu segundo filme, também é referência de
uma das capas mais icônicas dos quadrinhos de Tony Stark. A capa
em questão é a revista “Iron Man #76” com a pose imponente do
Homem de Ferro.

Retorno no estilo
O filme Batman: O Cavalheiro das Trevas (2012) é baseado na
série de quadrinhos “The Dark Knight Returns” (1986) Logica-
mente que sua capa também foi replicada durante o filme. Na
cena em questão, o homem morcego volta à ativa voando em
uma tempestade com raios, para enfrentar os vilões que já do-
minam a cidade por conta de sua ausência.

“Avengers... ASSEMBLE!”
A frase do Capitão América que inicia a grande batalha final de “Vingadores:
Ultimato” (2019), pôde não ter muito sentido para aqueles que não acom-
panham os quadrinhos, mas aos que conhecem bem o herói sabem que
essa frase já foi dita em outras várias vezes e também era muito esperada.
A cena usa como referência a capa da revista “The Avengers #16”, na qual
a capa reproduz o herói dizendo a icônica frase pela primeira vez. De lá pra
cá, 54 anos se passaram, para ser ouvida pela primeira vez nas telonas.

pg. 73 |
 REPRESEN
TATIVIDADE
Itapetininganas exibem opiniões sobre os
papeis direcionados às mulheres no cinema
As meninas também aproveitaram o tema, para citar suas heroínas
favoritas de todos os tempos
grande receio dos estúdios
nos lançamentos e a grande
Ana Guedes em muitas vezes, o exagero demora de investirem nas

E
da sexualização de algumas mulheres e no protagonismo
xplorar a história do delas, se da pelo fato de vi- delas” diz.
cinema para encon- vermos em uma sociedade
trar todas as per- regida pela estrutura pa- Além da demora dos estú-
sonagens femininas triarcal. Fazendo então, com dios na produção e no lan-
que foram de fato inesque- que em muitos âmbitos, so- çamento desses filmes, a
cíveis nessa infinita linha do bretudo nos estúdios cine- militante Laís, ressaltou seu
tempo cinematográfica, é matográficos de Hollywood, ponto de vista em relação à
uma tarefa um tanto quanto os diretores, roteiristas e representação feminina nos
complicada. Citar somente produtores, sejam majorita- filmes de heróis e os possí-
as super-heroínas dos tra- riamente do sexo masculino. veis motivos das mulheres
dicionais universos, Marvel O resultado disso, é sempre serem inseridas de forma
e DC, seria talvez, um tanto vermos nos roteiros e na tão rasa, romântica (muitas
superficial. Pensando nisso, produção, o ponto de vista vezes), sexualizadas e frágeis
entrevistei algumas meninas pessoal dos homens no de- nessas tramas, que curiosa-
de Itapetininga – SP, com o senrolar de alguma persona- mente, tem um público fiel
intuito de esclarecer os mo- gem feminina. e bastante extenso de mu-
tivos mais pertinentes de lheres ao redor do mundo.
boa parte das personagens Para Isadora, a demora de “Nos filmes de heróis, a mu-
do sexo feminino serem tão grandes estúdios em investir lher assim como na vida real,
pouco aprofundadas nos fil- capital e tempo nos filmes de é considerada por muitos,
mes. protagonismo feminino, se como o “sexo frágil”. Devido à
deu por esses mesmos estú- isso, não é colocada em vá-
As jovens Isadora e Laís de dios terem por trás deles vo- rios filmes, de inúmeros es-
24 anos e a jovem Larissa de zes masculinas nas decisões túdios, representando uma
22, expuseram seus pontos mais importantes. “A falta imagem de poder, força e
de vistas de acordo com os de credibilidade de muitos independência. É vista mui-
papéis dados às mulheres em homens e consequentemen- tas vezes, somente como o
filmes e até mesmo em jogos, te, de muitos estúdios nes- par romântico de alguém, em
que são muitas vezes criados se tipo de filme, ocorreu por que no final da trama precisa
para satisfazer um público pensarem que as heroínas, ser salva, pelo protagonista,
masculino, excluindo o fato, não seriam tão rentáveis o “verdadeiro super-herói”
de que as mulheres também quantos os super-heróis. afirma.
são grande parte da parcela Claramente Mulher Maravi-
que consome esses produ- lha e Capitã Marvel, quebra-
Ainda para Laís, filmes como
tos. ram esse achismo. A Mulher Maravilha e Capitã
Marvel incentivam meninas
Segundo a estudante de Au- Antes só existiam homens a serem o que elas quise-
diovisual, Isadora Menk e a produzindo esses tipos de rem. “Acho importante essa
membra ativa do Coletivo filmes e eles não acredita- representatividade, porque
Feminista Rosa Lilás, Laís vam que protagonistas fe- crescemos vendo homens
Brasil, esse pouco aprofun- mininas poderiam gerar di- salvando o mundo, com seus
damento das personagens e nheiro e sucesso, por isso o poderes, sendo representa-

| pg. 74
EPRESEN
TIVIDADE dos com papéis relevantes
na sociedade. Enquanto nós
mulheres éramos limitadas
aos papéis de princesas e
donzelas em perigo, que ti-
nham como principal intuito,
terminar o filme, com seu tão
aguardado ‘príncipe encan-
tado’ ” conclui.
De acordo com a autônoma e
amante de jogos Larissa Ko-
bilas de 22 anos, assim como
Laís, ela acredita que essa
mega sexualização aconte-
ce, não só nos filmes e jogos,
mas em todas as mídias, de-
vido a uma necessidade ab-
surda de chamar atenção
dos homens. “Isso acontece,
por conta dessa incessá-
vel necessidade de satisfa-
zer e atrair os homens para
as tramas. Simplesmente
não entendem que o mundo
não funciona mais assim faz
tempo. Mulheres são fortes
e independentes. Não acho
nenhum pouco legal a visão
que tentam passar de nós”
afirmou.
Ao final da entrevista per-
guntei às meninas, qual foi o
filme (não necessariamente
de herói), que mais surpre-
endeu cada uma delas nos
últimos anos. Para Isadora,
o filme Pantera Negra, foi o
que mais chamou sua aten-
ção desde o lançamento., Já Larissa, citou um filme di-
mesmo que a história não rigido por Susanne Bier, que
seja diretamente sobre pro- causou desde sua estreia em
tagonismo feminino.
“Devido à direção de arte e
os figurinos impecáveis e a
excelente e necessária re-
presentatividade com um
elenco negro, (tendo em vis-
ta que os estúdios hollywoo-
dianos são muito racistas),
me surpreendeu muito. As
mensagens que o filme pas- 2018 na Netflix, uma grande
sa e as grandes pessoas que repercussão mundial. “O fil-
estiveram por trás de toda me que mais me surpreendeu
a produção, me fascinaram. recentemente foi Bird Box,
O Pantera Negra não foi um pois a protagonista além de
filme que representou as ser uma mulher, é uma mu-
pessoas somente na história lher forte e destemida. Com
e no enredo para as telas de uma trama muito interes-
cinema, esse filme, teve uma sante, que mostra, além de
equipe nos bastidores for- tudo, que sim, uma mulher
mada por pessoas negras e
isso conquista aqueles que
entendem a importância da
representatividade. Não é só
importante mostrar a repre-
sentatividade no filme, é im-
portante possuir represen-
tatividade (assim como eles
fizeram), em todos os âmbi-
tos da produção”.
Para Laís, Malévola foi o filme
que mais cativou sua aten-
ção, devido à singularidade
da trama e das personagens.
“Eu escolhi Malévola porque
é um filme que foge dos pa-
drões impostos. É a história
de uma mulher forte, inde-
pendente e empoderada, que
apesar do sofrimento vivido
por ela, se manteve firme,
sem precisar da presença de
um homem. O filme mostra,
inclusive, que diferente do
que é retratado nos contos
de fadas, não é necessário o
amor de um homem para se
salvar”.
pg. 75 |
consegue chegar em seus sa e General da grande saga 2020.
objetivos se ela quiser”. da cultura pop Star Wars. A
personagem passou por um Valquíria, personagem inspi-
Além desses filmes, as jo- surpreendente processo de rada em uma figura que li-
vens selecionaram as heroí- amadurecimento durante os derava as deusas guerreiras
nas que mais marcaram suas filmes originais e reapare- responsáveis por levar as al-
vidas. Isadora Menk citou as ceu na retomada da franquia mas dos guerreiros mortos
personagens, Zula do filme como uma forte general que nas batalhas. Uma persona-
Guerra Fria, Jennifer Fox do reforça a luta contra a Pri- gem literalmente divina que
longa The Tale e Elizabeth meira Ordem, do vilão Kylo trouxe em sua personalidade
Bennet do clássico Orgulho Ren. o perfil de uma mulher forte,
e Preconceito, como as “he- ágil, leal, determinada e im-
roínas” mais marcantes da Além dessas, é necessário pulsiva.
vida dela. Já Laís e Larissa, citar as mais famosas e im-
escolheram as personagens, portantes super-heroínas
Hermione da saga Harry da Marvel e da DC, que a Algumas das principais
Potter, por ser uma menina cada filme lançado passam super-heroínas da DC
inteligente, forte e corajosa uma lição que inspira cada
e Katniss Everdeen da tri- vez mais, um número maior A extraordinária Tempes-
logia de Jogos Vorazes, que de meninas e mulheres ao tade, foi rainha de Wakanda
mostrou nos filmes, que as redor de todo o mundo. juntamente do Pantera Ne-
mulheres são capazes de en- gra, tornando-se posterior-
frentarem quaisquer situa- mente, diretora da escola do
ções. Algumas das principais su- professor Xavier, líder dos
per-heroínas da Marvel X-Men. Com incríveis pode-
Outras heroínas fundamen- res de controlar os aspectos
tais para o cinema A Capitã Marvel, é simples- do tempo, ela é uma excelen-
A primeira personagem pen- mente uma das personagens te aliada em qualquer equipe
sada foi a irreverente Sarah mais importantes do univer- que esteja. Dedica sua vida
Connor de O Exterminador so Marvel, sendo ela, a pri- em defender a convivência
do Futuro. Uma personagem meira heroína a conquistar o pacífica entre humanos e
forte, determinada e deste- próprio filme após 10 anos de mutantes.
mida. Sendo a principal res- produções cinematográficas
ponsável pelas cenas de clí- do estúdio. Com caracterís- A Mulher Invisível, uma das
max dos filmes. ticas fortes, a heroína pode primeiras super-heroínas,
ser também considerada um é a base fundamental do
A incrível Helen Parr (Mulher grande exemplo de determi- Quarteto Fantástico, poden-
Elástico) do filme Os Incrí- nação, o que a torna um íco- do manipular os campos de
veis, além de ser esposa do ne do feminismo atual. força que são invisíveis, de
Sr. Incrível e mãe, a persona- acordo com sua concentra-
gem também é uma caixinha Natasha Romanova, mais co- ção.
de surpresas! Possuindo o nhecida como a Viúva Negra,
melhor e o pior das duas vi- é uma espiã russa que se Por fim, a mais querida do
das que leva, hora salvan- torna agente da S.H.I.E.L.D. público nos últimos anos
do o mundo com a família, e depois entra para a equipe desde o lançamento em
hora trabalhando duro para dos Vingadores. Uma per- 2017, está a Mulher Mara-
manter a família em perfeita sonagem definida por muita vilha. Uma super-heroína de
união. inteligência de estratégia e origem greco-romana, uma
responsável por ótimas ce- forte princesa Amazona,
Fugindo dos estereótipos nas de luta nos filmes dos chamada Diana Prince. Sem
das heroínas, Princesa Leia é Vingadores, Homem de Fer- dúvidas, uma das maiores e
uma das mais famosas per- ro e Capitão América. O filme mais completas heroínas.
sonagens do cinema. Prince- solo da personagem sairá em

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desperte o herói
que há em você.
Pequenas atitudes no seu dia, mudam quem você é.

Campanha HYPE de incentivo à empatia.

pg. 77 |
Trazemos informações para os fãs
de cultura pop com a intenção de
agregar novos entusiastas, levando
ao leitor uma linguagem diferenciada
e intuitiva, com toda a praticidade da
internet

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