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Pandemia.
1 https://www.terra.com.br/diversao/entre-telas/2012-supera-estimativas-de-bilheteria-em-us-5-
milhoes,ddb884ce6888a310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
2 Dados obtidos em 05/11/2023 às 13:46 em https://covid.saude.gov.br/
3 LUKÁCS, Gyorgy. História e consciência de classe. Tradução de Rodnei Nascimento. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
4 https://legis.senado.leg.br/comissoes/comissao?codcol=2441
mas também por conta de despolíticas públicas e ações desgovernamentais que
não só foram capazes de desinformar a população contra o vírus, mas também
levou a óbito grande parte de sua própria gente.
Por conta de seu estilo de jogo, Punhos de Repúdio não apresenta uma
narrativa textual linear, apenas um prelúdio é exibido no início do jogo
contextualizando de maneira geral sua história, o restante será apresentado durante
a jogatina de forma intrínseca ao jogo, seja nas habilidades das personagens, nos
personagens não jogáveis ou na ambientação. Nesse caso, a narrativa satírica de
Punhos de Repúdio é construída muito mais através das referências imagéticas do
que naquilo que tradicionalmente buscamos, o texto escrito. Contudo, ainda existem
momentos dentro do jogo em que o texto será importante para o jogador, como por
exemplo nas situações onde personagens não jogáveis (NPC) conversam com o
jogador sobre o que está acontecendo no jogo, que sempre acaba fazendo pontes
diretas com ocasiões que aconteceram durante a pandemia de COVID-19 no Brasil.
O nome do jogo já é uma sátira feita a partir das “Notas de Repúdio” que foi o
gênero textual mais popular do Brasil durante a pandemia 5, que gerava na
população a revolta de saber que de nada adiantaria aqueles papéis pois vidas
continuariam sendo perdidas. Sendo assim, de certa forma o jogo traz à tona a
vontade que muitos jogadores já tinham, a de poder verdadeiramente repudiar os
atos grotescos que estavam sendo feitos no Brasil. Para poder finalmente colocar
para fora seus sentimentos, o jogador pode escolher entre duas dificuldades dentro
do game que é caracterizada como “tipos de Estado”. A dificuldade Bem-estar social
faz com que mais “proteção contra o vírus apareça durante a jogatina por conta de
resquícios de políticas públicas do passado” enquanto na dificuldade Mínimo o
jogador “terá sorte se encontrar álcool gel na rua. Máscara, então? Nem pensar.”
Cada uma das personagens, sendo elas Laura, Nina, Olga e Lola tem um
ataque especial que está diretamente relacionado ao nível de repúdio de cada
5 ELY, Luiz Augusto. Pandemias como acontecimento histórico-discursivo: um olhar sobre notas de repúdio
acerca do combate à COVID-19 no Brasil. Revista Porto das Letras, Vol. 07, Nº 02. 2021.
personagem. Os ataques especiais também são diferentes para cada uma delas,
sendo eles Distanciamento Social, Home Office, Doação de Máscaras e Trabalhador
Essencial. Os especiais recebem esses nomes pois são baseados em ações ou
agentes importantes na manutenção e garantia do controle da pandemia fictícia (e a
real na qual é baseada), sendo que dentro do jogo os ataques têm suas ilustrações
e mecânicas voltadas para ressaltar essas características.
Durante todo o período o qual o jogo faz alusão, muitos brasileiros se viram
tomados por um sentimento de total incapacidade. Incapazes de ter acesso a
vacinas, meios para se protegerem e, inclusive, incapazes de se defenderem de
pessoas desinformadas que acabaram auxiliando no contágio da doença. A
proposta de Punhos de Repúdio, portanto, culmina em transformar e ressignificar
esse sentimento na forma de alívio cômico, colocando o jogador-leitor no papel de
personagens comuns que, ao fazerem sua parte na prevenção da doença e na
reeducação de seus pares, salvam seu país da catástrofe total.
Bibliografia