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Caso Escola Base

Julgamento social; Papel da imprensa;


Gerenciamento de crise
Quando tudo começou?
● A acusação: Icushiro
● Em março de 1994, Shimada e Maria
Lúcia Eiko Tanoue e Aparecida Shimada
(donos da escola)
Cléa Parente de juntamente com Paula
Carvalho entraram com Milhim Alvarenga
(professora) e o esposo
denúncia contra a dela, Maurício Monteiro
Escola de Educação Alvarenga (motorista),
teriam violentado
Infantil Base, no bairro
sexualmente os filhos
da Aclimação, em São delas. Os atos
Paulo, após notarem aconteceram, segundo
elas, na casa de um
comportamentos casal de pais, Saulo da
suspeitos de seus filhos. Costa Nunes e Mara
Cristina França.
Início das investigações
● O primeiro delegado a receber o caso foi o plantonista Antônio Primante,
responsável por encaminhar as duas crianças ao IML, onde passaram pelo
exame de corpo de delito. O resultado foi inconclusivo, mas apontou
lesões que podiam ser de atos sexuais, mas também de uma “diarreia
muito forte.

● O inquérito, no entanto, foi instaurado por Edélcio Lemos, delegado


responsável pelas investigações do caso Escola Base. Ele é atribuído como
a principal fonte da imprensa no caso.
A imprensa se envolve
● As mães das crianças, temendo um investigação que não fosse fiel aos fatos, acionaram
a imprensa, mais precisamente a Rede Globo. Uma equipe comandada por Valmir
Salaro, principal repórter de polícia do canal foi encarregada da apuração. A
reportagem, sem a versão do acusados, foi veiculada no Jornal Nacional na noite de 29
de março de 1994.

Folha de São Paulo, 30


de março de 1994.
Versão de criança
sobre violência sexual
que teria sofrido na
escola
“Entrando no jogo do delegado, que devia zelar pela presunção da inocência
dos acusados, os jornalistas acabaram cometendo um dos principais crimes
de imprensa: o pré- julgamento. Ele ocorre principalmente quando não há
separação entre polícia e jornalista”

CHRISTOFOLETTI, Rogério.
Ética no jornalismo. São
Paulo: Contexto, 2008.
Versão dos acusados
● A vontade de partilhar outra
versão dos fato surgiu dos
próprios acusados, que
concederam entrevista à um
grupo de repórteres do
veículos TV Cultura, Jovem Pan
e O Estado de São Paulo.
Depois da publicação do
relato, o delegado Edélcio
Lemos começou a ser
questionado pela imprensa
sobre a veracidade das
acusações e cobertura
jornalística e o caso tomaram
outro rumo.
O sensacionalismo e o julgamento social
● Apesar dos envolvidos terem sido absolvidos por
falta de provas, socialmente eles foram julgados
culpados e sofreram uma “Morte Social”.

● Mesmo com a imagem sendo exposta por


semanas, os acusados não receberam o mesmo
espaço para retratação.

● Segundo a ex-nora do casal Shimada, apenas a Rede


Globo pagou uma indenização. Outras emissoras
recorreram.
Gerenciamento de crise
● “A mídia alimenta-se da crise. Há uma tendência, sobretudo nos meios
audiovisuais, para que a informação dê lugar à mídia espetáculo”. Duarte, Jorge.

● Primeiro passo na crise: Assumir o controle. Apurar e divulgar uma versão


convincente à imprensa.

● “Para quem está no meio da crise, perder a iniciativa logo que ela eclode pode
significar a perda de todo o processo”, Mário Rosa.
Gerenciamento de crise
● O que não fazer:

1. Deixar o jornalista sem respostas;


2. Omitir-se quando existe uma crise instalada.
3. Caso já tenha sido publicado, dimensão e enfoque do posicionamento
devem ser bem medidos. Não maximizar efeitos da notícia.
4. Não desdenhar do autor ou partir para a retaliação;
O que ocorreu após mais de 20 anos
● Em março de 2014 a TV Brasil publicou em “Caminhos da Reportagem” uma
matéria sobre os 20 anos do caso, no qual há uma longa série de entrevistas
com personagens envolvidos : sócios proprietários , advogados, juiz,
jornalistas, entre outros. O vídeo completo está no Youtube no Kamera libre

● O senhor Icushiro Shimada, um dos proprietários da escola, faleceu em 16 de


abril de 2014, aos 70 anos, após um infarto. Segundo informações do jornal
G1 02 de maio de 2014, ele ainda aguardava pagamento de indenização pelo
erro do qual ele e seus sócios foram vítimas.Sua esposa, Maria Aparecida
Shimada, faleceu em 2007 vítima de câncer
O que ocorreu após mais de 20 anos
● Dois livros foram lançados sobre o caso: o primeiro, em 1995, de Alex
Ribeiro: “Caso Escola Base - Os abusos da Imprensa” e o segundo, de
Emilio Coutinho “ Escola Base - Onde e como estão os protagonistas do
maior crime da imprensa brasileira” publicado em 2016.
O que ocorreu após mais de 20 anos
● Em pesquisas pela Internet é possível constatar que o caso continua sendo debatido em
cursos de comunicação, direito e outras áreas. Há também trabalhos acadêmicos sobre o
assunto.

● Uma curiosidade encontrada sobre a divulgação realizada pela imprensa da época : o


“Diário Popular”, jornal paulista, não publicou nada sobre o caso. Dirigido por um
jornalista que não acreditou na versão apresentada ao público, o periódico se manteve
distante dos demais veículos de imprensa. O jornalista responsável pelo Diário Popular era
Jorge de Miranda Jordão. Matéria da Abi de 10 de fevereiro de 2020, que noticiou a morte
de Miranda Jordão mencionou “(...) a reportagem que o consagrou definitivamente foi a
que ele não escreveu. Quando dirigia o Diário Popular, em São Paulo,proibiu que jornal
entrasse no caso Escola Base”

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