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Na terça-feira, dia 10 de outubro fomos assistir a uma sessão a convite da professora, na


mesma foram ouvidas várias pessoas, que por sua vez falaram de inúmeros assuntos
interessantes.

Na primeira parte desta mesma sessão a temática em discussão foi “jornalismo e feminismos:
experiências e desafios”, acabando por abordar temas como violência sexual, relacionado a
movimentos feministas. Foram colocados temas em cima da mesa e perguntas às quais cada
interveniente na mesma foi respondendo ao longo do seu discurso, entre as quais “que
desafios enfrentam os jornalistas? O quão complicado é desenvolver tópicos feministas?
Importância da investigação jornalística?”

A primeira pessoa a falar foi a jornalista Aline Flor do público, que por sua vez abordou o facto
de o jornalismo em si ser complicado, no entanto considera que a sua experiência foi de
companheirismo. Para alem do referido, afirma ainda, que feminismo é um tema natural,
movimentos feministas são necessários.

Em relação às perguntas, esta reagiu dizendo que ninguém vai estar preparado quando
começar a haver desafios mais radicais e enraizados.

Em seguida, após Aline Flor terminar, falou Simão Freitas, este trabalhou na lusa e afirmou
vivermos num tempo muito diferente onde a diluição dos temas e das opiniões é muito
diferente de há 5,6, 7 anos. A lusa não usa fontes anónimas, logo isto dificulta o trabalho e
apresenta um caminho complexo, o que torna difícil abarcar várias coisas. Na sua opinião devia
existir uma discussão entre os vários jornais. Afirma ainda ser bastante complicado este
trabalho, pois quando erram uma simples coisa como os pronomes das pessoas, isso vai acabar
por sair em todo o lado.Após abordar este assunto tocou num tema igualmente importante e
até polemico, a lusa tem mais trabalhadoras mulheres, porém ganham menos, acabando por
dizer também que o jornalismo é muito combatido, muito desacreditado, no entanto, no que
toca á pergunta não soube responder.

Por último, mas não menos importante, para encerrar a primeira parte desta sessão falou Júlia
Garraio, investigadora do CES, universidade de Coimbra, que por sua vez abordou mais o tema
da violência sexual, falando num contexto tanto alemão como português.

Leu um estudo sobre um caso britânico, entre 2008 e 2019, e percebeu que as celebridades
estão a tornar-se os protagonistas de notícias sobre violência sexual. O que isto implica? o
aspeto positivo deste mesmo problema passa por, se não tivesse sido o tweet, não teria sido
internacional, no que diz respeito a atrizes, que permitiu dar um palco e um destaque às
vítimas. No entanto existem também aspetos negativos, ao empoderar as vítimas estamos a
reproduzir as hierarquias das sociedades.

Referiu também que nestes tipos de casos a imagem dos agressores, a maioria das vezes, passa
por ser um homem marginalizado, que por sua vez é o chefe (ou patrão) branco ocidental.
Aquilo que muitas vezes acontece é que quando as notícias são sobre celebridades são
descredibilizadas.

Disse ser difícil escrever sobre agressões sexuais pois a forma como se escreve sobre as
mesmas tem de ter mais cuidados, assim sendo conseguimos imaginar as dificuldades
acrescidas que os jornalistas têm. Para ela existem duas formas de pensar nos agressores, ou
pensam como monstros ou como possíveis inocentes.
Esta afirmou ainda que “não e preciso viver no meio do mato para ser ativista climática”, nas
notícias as vezes parece que não aprofundam os temas, as pessoas não são sempre vítimas,
“não é por ser mulher que sou a vítima”, mas ao mesmo tempo devemos ter noção que não é
fácil e que as coisas acontecem. Para finalizar o seu discurso afirmou ir tudo dar a relações de
poder.

Apos cada interveniente falar, foram postas questões as quais os mesmos responderam.

À primeira questão, “estudo a atuação de mulher negras no jornal público, sendo jornalista,
como se aproxima desses movimentos sociais com cuidado? como coloca em prática a
intersexualidade?”, responderam que nós na vida colocamos as coisas em caixinhas, quando
não temos proximidade, olhar para os temas e ver que há mais camadas do que aquelas que
achamos que existe é uma tarefa complicada. Para alem disso afirmaram que a lusa tem vários
jornalistas negros, estão todos colocados em zonas onde vive pessoal negro. Há uma atleta de
futebol feminino que é negra, ela tem condições muito específicas para falar sobre a sua
condição, muito pessoal vê só o produto final, não acompanha o processo do jornalismo, nem
sabe dos casos que o jornalista tem de tratar, como por exemplo tráfico humano no futebol.

À segunda questão, “à cerca de relações de poder e igualdade de poder, há práticas


jornalísticas que depois não são travadas, isto está sempre muito ausente, na secção de
jornalismo-ciências, falasse de ciência, mas não de jornalismo, isto é uma questão ética que
tem de vir ao de cima.”, eles concordaram completamente com o que foi dito e afirmaram que
“subscreviam” em absoluto. Estudos sobre jornalismo são notícia, há muito pouca reflexão no
jornalismo sobre como fazer jornalismo.

O jornalismo funcionava de bem publico, porem atualmente passou a ser um agregador de


conteúdos, temos menos jornalistas a manter o ritmo, os jornalistas deviam todos falar entre si
sobre ética, sobre o que podem ou não fazer, mas quando tens de pagar contas, não há espaço
para isso, há pressão para escrever e não há tempo para aprofundar, falar sobre celebridades
apela ao clique.

Por último, a questão colocada foi “enquanto investigador, qual é que tem sido a tua
experiência no contacto com jornalistas?”, à qual a resposta foi que neste ramo eles acabam
por entrevistar vários jornalistas, porem são entrevistados por vários jornalistas também. Uma
grande dificuldade que enfrentam é a autocrítica, têm pouco tempo para pensar nos assuntos,
no produto final muitas coisas são encobertas, pois não dão destaque, o que parecia radical, já
não é, já tudo é “fazível”.

Após acabarem de responder a esta pergunta fez-se um pequeno coffee break, porem após o
mesmo foram ouvidos novos intervenientes, nesta parte da sessão a temática em discussão foi
então “estratégias de comunicação dos movimentos ativistas”

A primeira pessoa a falar nesta segunda parte da sessão foi Liliana rodrigues, esta começou por
afirmar que ser feminista não é apenas ser “anti-racista”, a luta deve ser intencional, anti
racista, anti capacitista, etc. O feminismo não é só para mulheres brancas, ser feminista é
reconhecer os direitos dos trabalhadores sexuais, saber qual é a luta, qual é o termo, como
podemos construir uma comunidade mais justa. As mulheres negras diziam que os homens
negros eram os seus aliados e não as mulheres brancas, isto tem de ser combatido.

Após Liliana terminar o seu discurso Silvia Carreira, do climáximo, pegou no seguimento do
discurso e contou uma história que viveu que retrata aquilo que ela tem ouvido e visto.
Há uns anos, foi ver um espetáculo, eram convidados a entrar numa sala, estava toda decorada
com desenhos cor-de-rosa, cavaleiros, princesa, borboletas, conto de fadas, etc, e lentamente
tinham a sensação de que a parede ia subindo, que por baixo de um conto de fadas existe um
horror, existe dor e sofrimento. Essa sensação está sempre presente, ver verde à volta e há
sempre, por baixo disso, pessoas a morrer, guerras, etc, existe um grande sofrimento. Ativista
pela justiça climática, justiça racial, identidade de género, tem sido esquecido, pensam nas
pequenas partes e não no todo, tentamos integrar todas as lutas, todas são as nossas lutas
enquanto coletivo, por mais que os homens digam que não são machistas, a sociedades
moldo-os dessa forma. Noutros locais no mundo há inundações, fogos, estamos num mau
caminho, não vai ser possível viver neste mundo.

A terceira pessoa que falou foi Cristian, começando por fazer uma pergunta e critica ao
publico,” que tipo de ativista somos? ai sou ativista e tal, e depois? vais para casa jantar e
segues a vida normal, já houve a manifestação? boa, já fiz a minha presença. ” Sem abrigos na
rua, mulheres na rua, mulheres são obrigadas a ter relações com homens para serem
protegidas, querem acabar com o ódio, preconceitos, discriminação, mas ainda olham e dizem
ele é cigano e romeno, ele foi drogado. Tens de ter preparação para ser ativista, há falta de
informação mesmo com o acesso a toda a informação, podemos mudar tudo, mas falta mudar
a mentalidade. Ativismo não é só ir para rua e gritar seja o que for, é muito mais do que isso.

Por último e para terminar os discursos desta segunda metade da sessão falou Joana Cabral,
psicóloga e professora universitária, membro da associação SOS racismo, começando então por
dizer que realmente um dos motivos pelos quais ela se mantém no SOS (e esta é a associação
que até agora a tem mantido fiel), é porque realmente encontrou um movimento e uma
associação interseccional. Se nós pensarmos, quem é anti-racista, não pode ser sem considerar
que a origem capitalista, é uma origem extrativista, esse projeto que é internacional nas
opções que cria e também tem de ser interseccional a forma como lutamos contra ele. Antes
de ser anti racista é preciso ser anti capitalista, anti extrativista, por mais que nos queiram
dividir, o nosso trabalho tem de ser precisamente o contrário.

Apos Joana Cabral terminar de falar, tal como na primeira parte os intervenientes responderam
à pergunta, “temos uma audiência, que mensagem querem transmitir a pessoas que
futuramente vão ter responsabilidades de qualquer coisa mediática?” à qual as respostas
foram que há necessidade de ser mais do que mediática, querer sangue, já fui vítima de
entrevista que queriam tirar sangue, não tentem sacar sangue quando as pessoas estão a
transmitir a sua mensagem de forma clara e objetiva, por mais que tentem ignorar estas
pessoas vai ser impossível porque estão sempre na rua, a vida delas também está em jogo, não
é uma birra. Convém pensar que jornalismo queremos, há diferentes lógicas de poder,
responsabilizo mais eu sendo mulher branca do que uma mulher negra no combate ao
racismo, é importante nos conhecermos e saber com quem estamos. Pensar em conhecimento
científico e pensar nas pessoas e nos seus problemas que vamos conhecer não como objeto de
estudo e sim integrante, é importante, nós futuros jornalistas, destabilizar o sistema. A
solidariedade e a afetividade são muito importantes, falta humildade perante a câmara e um
microfone, isso é o que falta, querem sangue, pessoas em frente a pessoa é importante desviar
qualquer assunto que desencadeie sangue. A vida está difícil, trabalhar na comunicação
também, o ativismo é uma coisa de todos os dias, a comunicação é um sistema de poder e
nessa posição são cúmplices ou protagonistas da novela.

Após responderem a esta pergunta deram por concluída esta sessão.

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