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UNIDADE CURRICULAR: Elites e Movimentos Sociais

CÓDIGO: 41024

DOCENTE: João Caetano

A preencher pelo estudante

NOME: Rui Sobral

N.º DE ESTUDANTE: 1300467

CURSO: Licenciatura Línguas Aplicadas

DATA DE ENTREGA: 11/06/2021

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

1)

Antigo Primeiro-ministro, antigo Presidente da República Portuguesa, co-


fundador e primeiro Secretário-Geral do Partido Socialista (PS), Mário Soares, um dos
pioneiros do exercício democrático nacional, viu o seu nome escrito – em letras
maiúsculas – nos quadros da elite política portuguesa.

Mário Soares, uma das figuras mais marcantes da política e sociedade lusa, era
descrito como uma força infindável, alguém que rejeitava limites para a liberdade e para
as liberdades. Sempre se apresentou com simpatia para os portugueses, mas nunca lhes
escondeu a sua autoridade e a defesa intrínseca dos valores como um exercício natural
da existência, aliás, em diversas situações, elevou o seu caráter humanista com o
possível prejuízo da sua integridade física e psicológica. Um lutador por natureza que
não virava as costas às batalhas pela liberdade e bem-estar de Portugal e dos
portugueses. São valores como estes supraescritos que podem justificar o seu rótulo de
elite política; para se pertencer a uma elite, neste caso à dos políticos e das políticas, é
necessário reunir um conjunto de caraterísticas – abstratas, diga-se, com rigor. Soares
reunia essas caraterísticas, que não são iguais em todos os políticos, mas que lhe
permitiram ver o seu nome e sobrenome inscrito no muro da elite política.

Considera-se importante referir que o político aqui em reflexão começou cedo


nas inquietações que o levaram a compreender que algumas soluções seriam
encontradas na política; em jovem, adolescente, começa a informar-se e a discutir
política, bem como a conspirar e a ansiar o derrube do salazarismo – objetivo em
comum com o seu pai, João Soares. Nomes como Agostinho da silva – contratado pelo
seu pai para elucidar Mário Soares –, ou Álvaro Cunhal – seu professor no Colégio
Moderno –, serão fundamentais para a formação de pensamento e atitude, e servirão
para sempre de inspiração para Mário Soares, que não os esconde como mentores. A
título de curiosidade, é na maioridade que Mário Soares se torna militante do PCP,
possivelmente por influência de Álvaro de Cunhal. Prosseguindo estudos, licencia-se
em Ciências Histórico-Filosóficas e em Direito, tornando-se, mais tarde, um nome
também importante, fazendo parte da elite da advocacia, especialmente após se tornar

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advogado de Humberto Delgado e da sua família. Desde essa data até à Revolução
Portuguesa de 1974, Mário Soares, foi um resistente do regime; desde exilado político a
sempre defensor das suas ideias e ideais, visitou estabelecimentos prisionais por uma
dúzia de vezes devido às perseguições de Salazar, inclusive, casou na cadeia. O seu
percurso, se bem que de berço protegido, não foi fácil, especialmente por defender a
democracia e as liberdades que acabou por alcançar para si mesmo, para a sua família e
para Portugal.

É indubitável que Mário Soares pertença à elite política portuguesa, sendo, aliás,
um dos maiores nomes da democracia e da descolonização – que muitos, ainda hoje,
não a consideram benéfica para Portugal; outros para os colonizados, contudo, a
liberdade é isso: entregar a quem de direito o que é seu por direito e que capacidade tem
para gerir. Carismático, impetuoso e sem curvas no seu discurso, sem reticências nem
medos, também com páginas e páginas de polémicas, Mário Soares será sempre
recordado como um ser humano único que lutou por Portugal e pelos portugueses; um
ser humano único que se tornou um dos políticos mais influentes do panorama de
Portugal.

2)

Simon Nkoli foi ativista e fundador do movimento social Gay and Lesbian
Organization of the Witwatersrand (GLOW). É hoje reconhecido como um dos
precursores da luta pela liberdade dos LBGT+ em África do Sul e, consequentemente,
no mundo.

Ativista dos direitos dos homossexuais, anti-apartheid, e das comunidades


desfavorecidas em África do Sul, Simon Nkoli, lutou com todas as armas que tinha à
sua disposição – poder de comunicação, resiliência, coragem –, debateu-se contra
poderes políticos, enfrentou penas de prisão e, inclusivamente, pena de morte, no correr
do Julgamento Delmas. Assumiu-se homossexual quando estava a cumprir pena de
prisão, o que levou a uma reflexão da sociedade e a uma nova postura relativamente à
comunidade homossexual em África do Sul. Visto como um ato de coragem, mas
também como uma atitude refletida, Simon conquistou a atenção dos líderes em África

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e no Mundo, alertando para a homossexualidade como uma condição e não uma simples
escolha.

Mais tarde, absolvido e libertado, Simon Nkoli, funde o Gay and Lesbian
Organization of the Witwatersrand – movimento social de defesa e luta pela proteção
pela homossexualidade, ganha um leque considerável de prémios pelo seu esforço na
causa homossexual e organiza a primeira parada gay em África do Sul. No seu encontro
com Nelson Mandela, em 1994, Simon tem um papel ativo na construção da Declaração
de Direitos da Constituição de África do Sul, com destaque para a inclusão e proteção
contra a discriminização em quaisquer campos, o que indicia, uma vez mais, o poder
que Simon Nkoli tinha em África do Sul e no Mundo da comunidade homossexual, mas
fundamentalmente, o novo papel que a homossexualidade tinha em África do Sul.

Simon lutou com bravura, defendendo os seus ideais e defendendo quem nem
sequer atacou, fazendo-se ouvir onde quer que fosse e para quem pudesse ouvir,
independentemente das consequências. O sucesso do movimento social que fundou não
deixa margem para dúvidas, aliás, hoje, a homossexualidade é vivida de uma forma
mais livre graças ao trabalho e determinação de Simon Nkoli e do seu movimento
social. Pessoas assim merecem defender grandes causas, e quando os resultamos
chegam – e mesmo que não chegassem –, merecem ser recordados.

3)

Nos últimos anos, seja na televisão, na rádio, em outros formatos de


comunicação social, em conversa de café, em qualquer lado tem-se ouvido o termo Me
Too com frequência, é até uma tendência, não fossem as causas tão urgentes, graves e
importantes. O movimento Me Too é, de fato, um movimento social, até porque existe
uma causa social, neste caso, mais do que uma, por exemplo a proteção contra a
agressão sexual e também o assédio sexual.

Trata-se de um novo movimento social, com ideologias fortes, debatidos em


espaço global – neste caso, o movimento Me Too, tem uma forte atuação na
comunicação social, alcançando um público alargado de pessoas que o defendem, desde
as redes sociais aos espaços televisivos de informação, tem sido esse o condutor das

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denúncias que visam a um julgamento público, até porque se trata, geralmente, de
pessoas consideravelmente conhecidas do meio do espetáculo, a que todas as classes de
pessoas têm acesso.

A iniciativa, que se considera original e de caráter necessário, tem provocado


dissabores em alguns meios, nomeadamente no do cinema, até porque em pouco anos,
este movimento em estudo, conseguiu que se mudassem comportamentos públicos e que
se denunciassem alegados agressores, outros comprovados agressores, mas também que
se abordasse o tema do abuso e do assédio de uma forma destemida e, acima de tudo,
que ajudasse cada vítima a compreender que não está sozinha, até porque a hashtag
#metoo foi escrita milhares de vezes nas redes sociais. Eu também fui vítima foi escrito
milhares de vezes; milhares de pessoas reconhecem a causa na primeira pessoa e lutam,
nem que seja pela simples ação (que é um ato de coragem, e não tão simples assim) de
escrever #metoo.

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