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Trabalho de português:

No pressuposto de que ser viajante é diferente de viajar; que ser um descobridor respeitoso
de outros locais, outros povos,outros costumes, outras maneiras de ser e de viver, outros
sentidos dados à vida e ao mundo é diferente de simplesmente deslocar-se de um ponto
para o outro; então, “O Mundo, Modo de Usar”, de Nicolas Bouvier é um livro de interesse
para viajantes ou para quem o deseja fazer.
A alma e a vida de um viajante como o suíço Nicolas Bouvier (1929-1998) começou a
formar-se, ainda inexperiente, através da admiração silenciosa de mapas, da leitura de livros
que projectaram sonhos e da escuta atenta de narrativas de quem já havia colocado o pé
fora da sua zona de conforto.
Em 1953, aos 24 anos, pretendendo mais do que aquilo que a academia lhe proporcionava,
Bouvier abandona a universidade e parte ao encontro do amigo e pintor Thierry Vernet, a
quem se junta em Belgrado. Juntos dirigem-se para leste, à descoberta e à procura da
confirmação do que criaram em sonhos. Bouvier pretende alcançar o Japão. Antes de lá
chegar, num trajecto de quase quatro anos, como antecipa José Mário Silva no seu generoso
prefácio, “houve a viagem dentro da viagem. (…) À descoberta, de olhos muito abertos, sem
outra bússola que não seja a curiosidade extrema e o impulso de atravessar as grandes
extensões sonhadas”.
O trajecto inclui a passagem pela Jugoslávia, a Grécia, a Turquia, o Irão e o Afeganistão, a
um ritmo variado e num percurso muitas vezes improvisado, porque mais importante do
que a passagem foi a integração das realidades que descobriram, só delas prescindindo
quando, de alguma forma, sentiram que já faziam parte do seu ADN. Fica a convicção de
que não teria valido a pena simplesmente passar e registar: foi preciso sentir e disponibilizar
o reservatório de memória e emoção para acolher detalhes e fazer seguir a caminhada, com
uma bagagem cada vez mais completa. Mais uma vez parafraseando José Mário Silva, “eles
não se limitaram a passar pelos sítios assinalados no mapa; eles existem plenamente em
cada um deles, mesmo se apenas por uns dias ou umas horas, e só depois, seguem
caminho”.

A obra de culto de Nicolas Bouvier, autor nunca antes publicado em Portugal, é o novo título
da Colecção de Literatura de Viagens, dirigida por Carlos Vaz Marques.
Suíça - Jugoslávia - Turquia - Irão - Paquistão - Afeganistão 48 desenhos de Thierry Vernet

Sem saber o que o esperava, e com o único objectivo de responder a um desejo


incontrolável de ter mais mundo, o jovem Nicolas Bouvier, com apenas 24 anos, decidiu
pegar no seu Fiat 500 «Topolino», pôr o amigo-artista Thierry Vernet no lugar do pendura e
partir de Genebra rumo a Cabul com muito pouco dinheiro no bolso. Corria o mês de Junho
de 1953, num contexto internacional de Guerra Fria, quando se lançou, de espírito e olhos
bem abertos, numa aventura verdadeiramente iniciática que viria a revolucionar tanto a sua
vida como todo um género literário: neste percurso, que só atingiu o seu destino em
Dezembro de 1954, Bouvier apresentou ao mundo uma forma de viajar que é, sobretudo,
um convite ao descentramento e à absoluta disponibilidade para os outros e para as
realidades que desconhecemos.

Pelo caminho, construiu uma obra de culto que nos fala de destinos inesquecíveis, mas
também dos obstáculos e surpresas do caminho, de amizade e até de mecânica automóvel.

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