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Leia o texto abaixo para responder às questões Ela foi buscar uma pílula para atenuar minha ressaca,
propostas: me fez engolir a pílula com um gole de chá e ajudou a
As formigas me despir.
[...] – Fico vigiando, pode dormir sossegada. Por enquanto
Ela ficou pensativa. Comecei a tremer de frio, peguei não apareceu nenhuma, não está na hora delas, é
uma ponta do seu cobertor. Cobri meu urso com o daqui a pouco que começa. Examinei com a lupa
lençol. debaixo da porta, sabe que não consigo descobrir de
– Você lembra, o crânio entre as omoplatas, não onde brotam?
deixei ele assim. Agora é a coluna vertebral que já Tombei na cama, acho que nem respondi. No topo da
está quase formada, uma vértebra atrás da outra, escada o anão me agarrou pelos pulsos e rodopiou
cada ossinho tomando seu lugar, alguém do ramo está comigo até o quarto, acorda, acorda! Demorei para
montando o esqueleto, mais um pouco e… Venha ver! reconhecer minha prima que me segurava pelos
– Credo, não quero ver nada. Estão colando o anão, é cotovelos. Estava lívida. E vesga.
isso? – Voltaram – ela disse.
Ficamos olhando a trilha rapidíssima, tão apertada que Apertei entre as mãos a cabeça dolorida.
nela não caberia sequer um grão de poeira. Pulei-a – Estão aí?
com o maior cuidado quando fui esquentar o chá. Uma Ela falava num tom miúdo como se uma formiguinha
formiguinha desgarrada (a mesma daquela noite?) falasse com sua voz.
sacudia a cabeça entre as mãos. Comecei a rir e tanto – Acabei dormindo em cima da mesa, estava exausta.
que se o chão não estivesse ocupado, rolaria por ali Quando acordei, a trilha já estava em plena. Então fui
de tanto rir. Dormimos juntas na minha cama. Ela ver o caixotinho, aconteceu o que eu esperava…
dormia ainda quando saí para a primeira aula. No – Que foi? Fala depressa, o que foi?
chão, nem sombra de formiga, mortas e vivas, Ela firmou o olhar oblíquo no caixotinho debaixo da
desapareciam com a luz do dia. cama.
Voltei tarde essa noite, um colega tinha se casado e – Estão mesmo montando ele. E rapidamente,
teve festa. Vim animada, com vontade de cantar, entende? O esqueleto está inteiro, só falta o fêmur. E
passei da conta. Só na escada é que me lembrei: o os ossinhos da mão esquerda, fazem isso num
anão. Minha prima arrastara a mesa para a porta e instante. Vamos embora daqui.
estudava com o bule fumegando no fogareiro. – Você está falando sério?
– Hoje não vou dormir, quero ficar de vigia – ela – Vamos embora, já arrumei as malas.
avisou. A mesa estava limpa e vazios os armários
O assoalho ainda estava limpo. Me abracei ao urso. escancarados.
– Estou com medo. – Mas sair assim, de madrugada? Podemos sair
assim?
– Imediatamente, melhor não esperar que a bruxa
acorde. Vamos, levanta.
– E para onde a gente vai? C. A Caçada e O Jardim Selvagem.
– Não interessa, depois a gente vê. Vamos, vista isto, D. Laços de família e Casa tomada.
temos que sair antes que o anão fique pronto. E. Natal na barca e Corações solitários.
Olhei de longe a trilha: nunca elas me pareceram tão
rápidas. Calcei os sapatos, descolei a gravura da QUESTÃO 25
parede, enfiei o urso no bolso da japona e fomos
arrastando as malas pelas escadas, mais intenso o A descrição final do conto nos levam a concluir que as
cheiro que vinha do quarto, deixamos a porta aberta. estudantes
Foi o gato que miou comprido ou foi um grito?
No céu, as últimas estrelas já empalideciam. Quando A. mudam-se da pensão
encarei a casa, só a janela vazada nos via, o outro B. terminam de montar o esqueleto.
olho era penumbra. C. deixam a porta do quarto aberta.
(Lygia Fagundes Telles, Histórias de Mistério, D. fogem da pensão.
companhia das Letras,2011. Trecho adaptado). E. olham para as estrelas.
QUESTÃO 21 QUESTÃO 26
QUESTÃO 29
QUESTÃO 30
Bom desempenho!